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ISSN 1806-3713 © 2016 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000280 Implante tumoral por agulha após biópsia pulmonar percutânea Leonardo Guedes Moreira Valle 1 , Rafael Dahmer Rocha 1 , Guilherme Falleiros Mendes 1 , José Ernesto Succi 2 , Juliano Ribeiro de Andrade 1 1. Departamento de Radiologia Intervencionista, Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP) Brasil. 2. Departamento de Cirurgia Torácica, Hospital Israelita Albert Einstein, Albert Einstein, São Paulo (SP) Brasil. Um paciente de 56 anos de idade foi submetido a biópsia percutânea de um nódulo em ápice pulmonar direito (Figura 1A). A ponta de uma agulha coaxial de 19 gauge foi posicionada na parede torácica posterior (Figura 1B), e seis amostras da lesão foram obtidas com uma agulha coaxial de 20 gauge. A análise patológica revelou carcinoma de células escamosas. Utilizando uma abordagem anterior, realizamos lobectomia superior direita com margens livres de tumor. Aos 6 meses de acompanhamento, a tomografia por emissão de pósitrons de tórax mostrou uma massa em partes moles ávida por 18 F fluordesoxiglicose (Figura 1C) no espaço intercostal T3-T4, no trajeto da biópsia, assim como erosão óssea em região posterior do terceiro arco costal (Figura 1D), sugerindo implante tumoral. Posteriormente, a TC de tórax, realizada dois meses depois, confirmou a progressão da doença local. Foi realizada então uma ressecção em bloco com margens pleurais livres de doença, e a análise patológica confirmou implante tumoral em trajeto de biópsia. O implante tumoral em trajeto de biópsia é extre- mamente raro. Certos fatores, como a utilização de agulhas de corte de grosso calibre e tumor do tipo adenocarcinoma, aumentam o risco dessa disseminação de células tumorais. LEITURA RECOMENDADA Kim JH, Kim YT, Lim HK, Kim YH, Sung SW. Management for chest wall implantation of non-small cell lung cancer after fine-needle aspiration biopsy; Eur J Cardiothorac Surg. 2003;23(5):828-32. http://dx.doi.org/10.1016/S1010-7940(03)00095-2 Figura 1. Nódulo em ápice pulmonar direito e biópsia percutânea do mesmo: em A, tomografia por emissão de pósitrons (PET, do inglês positron emission tomography) com TC (PET-TC) mostrando o nódulo (seta); em B, TC mostrando o ponto de inserção da agulha coaxial (seta); em C, PET-TC após 6 meses de acompanhamento, mostrando massa em partes moles ávida por 18 F fluordesoxiglicose; e em D; TC após 6 meses de acompanhamento, mostrando erosão óssea em região posterior do terceiro arco costal (seta). A C B D J Bras Pneumol. 2016;42(1):71-71 71 IMAGENS EM PNEUMOLOGIA

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Page 1: httddoior11S1212 I I Implante tumoral por agulha após …...ocieae rasileira e neumologia e isiologia I httddoior11S1212 Implante tumoral por agulha após biópsia pulmonar percutânea

ISSN 1806-3713© 2016 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000280

Implante tumoral por agulha após biópsia pulmonar percutâneaLeonardo Guedes Moreira Valle1, Rafael Dahmer Rocha1, Guilherme Falleiros Mendes1, José Ernesto Succi2, Juliano Ribeiro de Andrade1

1. Departamento de Radiologia Intervencionista, Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP) Brasil.2. Departamento de Cirurgia Torácica, Hospital Israelita Albert Einstein, Albert Einstein, São Paulo (SP) Brasil.

Um paciente de 56 anos de idade foi submetido a biópsia percutânea de um nódulo em ápice pulmonar direito (Figura 1A). A ponta de uma agulha coaxial de 19 gauge foi posicionada na parede torácica posterior (Figura 1B), e seis amostras da lesão foram obtidas com uma agulha coaxial de 20 gauge. A análise patológica revelou carcinoma de células escamosas. Utilizando uma abordagem anterior, realizamos lobectomia superior direita com margens livres de tumor. Aos 6 meses de acompanhamento, a tomografia por emissão de pósitrons de tórax mostrou uma massa em partes moles ávida por 18F fluordesoxiglicose (Figura 1C) no espaço intercostal T3-T4, no trajeto da biópsia, assim como erosão óssea em região posterior do terceiro arco costal (Figura 1D), sugerindo implante tumoral. Posteriormente, a TC de

tórax, realizada dois meses depois, confirmou a progressão da doença local. Foi realizada então uma ressecção em bloco com margens pleurais livres de doença, e a análise patológica confirmou implante tumoral em trajeto de biópsia.

O implante tumoral em trajeto de biópsia é extre-mamente raro. Certos fatores, como a utilização de agulhas de corte de grosso calibre e tumor do tipo adenocarcinoma, aumentam o risco dessa disseminação de células tumorais.

LEITURA RECOMENDADAKim JH, Kim YT, Lim HK, Kim YH, Sung SW. Management for chest wall implantation of non-small cell lung cancer after fine-needle aspiration biopsy; Eur J Cardiothorac Surg. 2003;23(5):828-32. http://dx.doi.org/10.1016/S1010-7940(03)00095-2

Figura 1. Nódulo em ápice pulmonar direito e biópsia percutânea do mesmo: em A, tomografia por emissão de pósitrons (PET, do inglês positron emission tomography) com TC (PET-TC) mostrando o nódulo (seta); em B, TC mostrando o ponto de inserção da agulha coaxial (seta); em C, PET-TC após 6 meses de acompanhamento, mostrando massa em partes moles ávida por 18F fluordesoxiglicose; e em D; TC após 6 meses de acompanhamento, mostrando erosão óssea em região posterior do terceiro arco costal (seta).

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J Bras Pneumol. 2016;42(1):71-71

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