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O XVII CONGRESSO - LADO HUMANO E D I T O R I A L Não podemos iniciar este editorial sem dedicar algumas linhas, prestando homenagem póstuma, ao Dr. Luis Galaggi, amigo e colega profissional que nos deixou recentemente. Químico Têxtil da década de 1940, foi sempre um grande exemplo e paradigma de profissional competente. Dedicado exclusivamente à química têxtil de alta performance, nunca deixou de prestar atenção ao lado humano, no cumprimento de suas metas, encontrando sempre palavras encorajadoras nos momentos difíceis. Vinha ocupando, há mais de três décadas, a direção técnica da Estamparia e Tinturaria Salete, empresa do grupo Rosset. Para o amigo que se foi, as nossas preces. Exportação e qualidade são os temas do momento para a nossa indústria têxtil. Neste mundo cada vez mais competitivo, a cada dia aparecem novas ferramentas para fazer mais, melhor ou novo, em qualquer ramo. É, portanto, o momento mais do que oportuno para ressaltar a importância do lado humano da qualidade, pois, por mais moderna que seja uma planta fabril, a conformidade dos produtos depende da performance individual de muitas pessoas. Refletindo um pouco, veremos que um produto, desde o início (seja no fio, no monômero ou molécula de um produto químico ou têxtil) até a expedição, passa por muitas intervenções humanas, onde a qualidade final será a soma de acertos e erros no desempenho de cada indivíduo envolvido no processo. Porque esta referência? Simplesmente para dar sentido a tudo que nós, da ABQCT e FLAQT, temos feito por este Congresso que se aproxima. São muitas horas de trabalho, de muitos que aderiram a essa empreitada de responsabi- lidade de nossa Associação. Tem este trabalho em fase de conclusão, desde o início, uma única preocupação: O alto conteúdo científico e tecnológico, para transformar-se em real oportunidade de valorização do lado humano da qualidade. Está ai o grande sentido deste Congresso: criar oportunidades para pessoas que querem e precisam se valorizar, agregando conhecimentos aos já existentes, a custo baixo se comparado a outros eventos similares, graças às empresas e pessoas que, movidas pelos mesmos ideais, já se engajaram ou ainda estão se engajando neste evento. Gratificante está sendo trabalhar com uma equipe coesa e aguerrida, tanto nas reuniões como nas atividades resultantes delas. As Diretorias da ABQCT, da FLAQT e Comissão Organizadora, juntas, procuram dar o melhor de cada uma, e, consagrando a sinergia reinante entre a Federação e a Associação Brasileira, excepcionalmente este editorial leva dupla assinatura. Bom Congresso para todos. Gastão Leônidas de Camargo Antonio Ajudarte Lopes Filho Presidente da FLAQT Presidente da ABQCT

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Page 1: O XVII CONGRESSO - LADO HUMANO · 2019. 5. 27. · O XVII CONGRESSO - LADO HUMANO EDIT ORIAL Não podemos iniciar este editorial sem dedicar algumas linhas, prestando homenagem póstuma,

O XVII CONGRESSO - LADO HUMANO

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L

Não podemos iniciar este editorial sem dedicar algumas linhas, prestando homenagempóstuma, ao Dr. Luis Galaggi, amigo e colega profissional que nos deixou recentemente.

Químico Têxtil da década de 1940, foi sempre um grande exemplo e paradigma deprofissional competente. Dedicado exclusivamente à química têxtil de alta performance, nuncadeixou de prestar atenção ao lado humano, no cumprimento de suas metas, encontrandosempre palavras encorajadoras nos momentos difíceis. Vinha ocupando, há mais de trêsdécadas, a direção técnica da Estamparia e Tinturaria Salete, empresa do grupo Rosset.

Para o amigo que se foi, as nossas preces.Exportação e qualidade são os temas do momento para a nossa indústria têxtil. Neste

mundo cada vez mais competitivo, a cada dia aparecem novas ferramentas para fazer mais,melhor ou novo, em qualquer ramo. É, portanto, o momento mais do que oportuno pararessaltar a importância do lado humano da qualidade, pois, por mais moderna que seja umaplanta fabril, a conformidade dos produtos depende da performance individual de muitaspessoas.

Refletindo um pouco, veremos que um produto, desde o início (seja no fio, no monômero oumolécula de um produto químico ou têxtil) até a expedição, passa por muitas intervençõeshumanas, onde a qualidade final será a soma de acertos e erros no desempenho de cadaindivíduo envolvido no processo.

Porque esta referência? Simplesmente para dar sentido a tudo que nós, da ABQCT eFLAQT, temos feito por este Congresso que se aproxima.

São muitas horas de trabalho, de muitos que aderiram a essa empreitada de responsabi-lidade de nossa Associação.

Tem este trabalho em fase de conclusão, desde o início, uma única preocupação: O altoconteúdo científico e tecnológico, para transformar-se em real oportunidade de valorização dolado humano da qualidade.

Está ai o grande sentido deste Congresso: criar oportunidades para pessoas que quereme precisam se valorizar, agregando conhecimentos aos já existentes, a custo baixo secomparado a outros eventos similares, graças às empresas e pessoas que, movidas pelosmesmos ideais, já se engajaram ou ainda estão se engajando neste evento.

Gratificante está sendo trabalhar com uma equipe coesa e aguerrida, tanto nas reuniõescomo nas atividades resultantes delas.

As Diretorias da ABQCT, da FLAQT e Comissão Organizadora, juntas, procuram dar omelhor de cada uma, e, consagrando a sinergia reinante entre a Federação e a AssociaçãoBrasileira, excepcionalmente este editorial leva dupla assinatura.

Bom Congresso para todos.

Gastão Leônidas de Camargo Antonio Ajudarte Lopes FilhoPresidente da FLAQT Presidente da ABQCT

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOSE COLORISTAS TÊXTEIS

Membro titular FLAQT

AATCC Corporate Member

site: www.abqct.com.br

DIRETORIA NACIONAL

Presidente : Antônio Ajudarte Lopes FilhoVice-Presidente : José Clarindo de Macedo1º Secretário : Calil Hafez Neto2º Secretário : Haroldo Castanho Pedro1º Tesoureiro : Agostinho de Souza Pacheco2º Tesoureiro : Tiago J. FonsecaDiretor Técnico : Frits V. Herbold

Núcleo Santa Catarina

Coordenador Geral : Carlos Eduardo E. Ferreira AmaralVice-Coordenador : Clovis RiffelSecretário: Wilson França de Oliveira FilhoTesoureiro : Gilmar Jadir BressaniniSuplente : Lourival Schütz Junior

Núcleo Rio de Janeiro

Coordenador Geral : Francisco José FontesVice-Coordenador : Francisco Romano PereiraSecretário : Ricardo Gomes FernandesTesoureiro : Emanuel de Andrade SantanaSuplente : Antonio Wilson Coelho

Núcleo Rio Grande do Sul

Coordenador Geral : Clóvis Franco EliVice-Coordenador : Eugênio José WitriwSecretária : Maria Julieta E. BiermannTesoureiro : José Ariberto JaegerSuplente : João Alfredo Bloedow

CORPO REVISOR

A revista Química Têxtil conta com uma equipe técnicapara revisar os artigos que são publicados. Os autoresdevem enviar seus artigos para publicação com pelomenos 3 meses de antecedência. A equipe é formadapelos seguintes profissionais:

Abrão Jorge Abrahão IPT Antônio Ajudarte Lopes Filho Rosset Ivonete Oliveira Barcellos FURB Luiz Cláudio R. de Almeida SENAI/CETIQT Úrsula Axt Martinelli FURB Vidal Salem VS Consultoria

EXPEDIENTE

Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasilei-ra de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aquipublicados são de inteira responsabilidade dos autores.Periodicidade : Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.)

e-mail: [email protected]

ISSN 0102-8235

Distribuição : mala-direta: associados da ABQCT, indústri-as têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC.

Circulação : São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.

Jornalista Responsável :Solange Menezes (MTb 14.382)e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727

Produção Editorial : Evolução ComunicaçõesImpressão : Ipsis Gráfica

Administração e Depto. Comercial: ABQCTC.G.C. 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est. isentoPraça Flor de Linho, 44 - Alphaville06453-000 Barueri SP - Tel. (11) 4195.4931Fax (11)4191.9774 - e-mail: [email protected]

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CORRESPONDÊNCIA

Por gentileza vossa, recebo a vossa revista em casa desde o nº70 econtinuo a achar que é a melhor publicação técnica da área têxtil emportuguês; em Portugal não temos nada que se compare. Atualmente trabalhonuma empresa em que sou o responsável técnico das seções de tinturaria eacabamentos e como tal tenho imenso interesse na vossa revista

Estou atualmente a iniciar um trabalho (em produção) sobre preparaçãoenzimática ( "bioscouring" e desencolagem ) de telas e malhas em jiggers, emjet e por pad-batch. Por isso, gostaria que me enviassem (se possível) tudo oque tiverem sobre este tipo de processo. Tenho também interesse em outrosprocessos têxteis enzimáticos ( a utilização de amilases, catalases e celulasesjá são relativamente comuns entre nós ).

Eduardo BrancaEstamparia Têxtil Adalberto Pinto Silva, [email protected]

Sr. Eduardo,o material solicitado já foi enviado por e-mail.

SUMÁRIO

Editorial .............................................................................................. 3

QT entrevista sr. Gastão L. Camargo sobre o Congresso ................... 5

Indústria têxtil perde um grande colaborador ..................................... 8

Tendência ecológica - o pacote de baixo impacto ecológico ambiental(Agrício de Castro) ........................................................................................... 9

Tolerância de cor na indústria têxtil(David M. Jordam) ..............................................................................................16

Maiô - 100 anos de praia ........................................................................... 30

Os defeitos do tingimento - uma visão geral(Javier Sánchez e Luis Sánchez Martin) ......................................................... 32

Modificação da estrutura fina do poliéster no tingimento em altatemperatura(J. Gacén, D. Cayuela, J. Maillo e I. Gacén) ..................................................... 44

Seleção natural(Gordon Mackie) ....................................................................................... 54

Descrude do algodão com pectinasas, proteasas e lipasas(Johanna Buchert e outros) ............................................................................ 62

Acabamento têxtil como fator de diferenciação .............................. 72

Produtos & Serviços ...................................................................... 76

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A revista Química Têxtil entrevistou o sr. Gastão

Leônidas de Camargo, Presidente da FLAQT, para falar

sobre o XVII Congresso Latino Americano de Química

Têxtil, que acontece em São Paulo de 4 a 7 de agosto. A

seguir transcrevemos na integra a entrevista concedida:

QT: Estamos nos aproximando da realização desse

grande evento. O senhor poderia nos falar alguma coisa

sobre as emoções que isso lhe desperta?

Gastão: São muitas e variadas: Ansiedade para que tudo

saia próximo da perfeição, expectativa de rever tantos

amigos, satisfação de estar tentando contribuir para o

aprimoramento técnico dos químicos têxteis Latino-ame-

ricanos e é claro um certo nervosismo, pois o dia D se

aproxima, cada vez, com maior velocidade.

QT: O que o senhor nos diz sobre o conteúdo do Con-

gresso?

Gastão: Esse será sem dúvida o ponto alto, e disso

estamos bastante orgulhosos. A equipe liderada pelo Frits

– Diretor Técnico da ABQCT e do Congresso, e todos

nós, mesmo que em menor escala, não medimos esforços

para trazer o que poderíamos encontrar de melhor do ponto

técnico e cientifico. Para se ter uma idéia, para 36 Confe-

rências previstas tivemos 86 propostas de participação.

A escolha final está sendo difícil, porém, com resultados

que, estou seguro, agradarão a todos os participantes.

QT: Que me diz da participação que se espera?

Gastão: Nesse ponto estamos bastante otimistas. A

ABQCT, organizadora do Congresso, através do Presi-

dente Sr. Antonio Ajudarte Lopes Filho e de toda a Di-

retoria, somando ao trabalho da Comissão Organizadora,

está trabalhando intensamente em todos os sentidos com

afinco. Os mais de dois mil associados da ABQCT es-

tão sendo incentivados para fazer logo suas inscrições.

Os industriais têxteis, tanto no Brasil como nos paí-

ses filiados à FLAQT, têm mostrado boa vontade não

só de inscrever seus técnicos como o de facilitar a vinda

deles para São Paulo, em agosto próximo.

As Associações, tanto patronais como as filiadas à

FLAQT, têm se empenhado na divulgação e incentivo.

Nosso patrono Dr. Paulo Skaf – Presidente da ABIT,

com seu alto tino de organização empresarial, não tem

medido esforços no sentido de propiciar facilidades para

o nosso trabalho. Estará inclusive promovendo em pa-

ralelo um encontro das “ABITS” Latino-Americanas

para tratar de interesses comuns.

No Chile e na Argentina, que visitamos há poucos

dias, encontramos empenho e entusiasmo para que as

Delegações daqueles países irmãos sejam numerosas e

bem representativas. Dentro de poucos dias estaremos

visitando as Associações dos outros países filiados à

FLAQT, com o objetivo de divulgar, explanar e também

ouvir sobre o nosso Congresso.

QT: O senhor me falava sobre algo no sentido pedagó-

gico. O que seria?

CongressoQuímica Têxtiln° 75/jun.04

Química Têxtil entrevista

sr. Gastão Leônidas de Camargo

sobre o Congresso

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Gastão: Verdade. Veja, para quem é feito o Congresso?

Claro que para todos os técnicos e pessoas ligadas à

Química Têxtil. O apetite maior, porém, creio que será

dos jovens técnicos que, pouco a pouco, irão substituir

a nós, veteranos, nos postos chave das empresas. Estes

jovens naturalmente estarão ainda mais ávidos no afã

de ampliar seus conhecimentos. Assim, em reuniões pa-

ralelas às Conferências, teremos troca de idéias entre

mentores de Universidades e Escolas Técnicas, para o

aprimoramento dos cursos ministrados.

Também com subvenção conseguida, a FLAQT estará

patrocinando anualmente a um técnico de cada país filiado,

cursos de aperfeiçoamento na Universidade de Catalunha

na Espanha. As regras para a escolha do agraciado de cada

país, estarão sendo discutidas e definidas pala Comissão

de Estatutos e Regulamento durante o Congresso.

QT: Não queremos tomar muito o seu tempo; para fi-

nalizar, o senhor me dizia alguma coisa sobre coinci-

dências felizes de datas?

Gastão: Realmente, se não tivéssemos nada a comemo-

rar, e temos muito pela excelência do Congresso, come-

moraríamos coincidências interessantes e felizes:

· Em 1954: Fundação da AAQCT – Associação Ar-

gentina;

· Em 1964: Fundação da FLAQT;

· Em 1974: Fundação da ABQCT – Associação Brasileira.

A cada década, portanto, acontecimentos importan-

tes para Brasil, Argentina e toda América Latina. Ainda

na década de 60, praticamente todas as Associações La-

tino-Americanas se formaram.

Num ponto de vista estritamente pessoal, é com orgu-

lho que pela segunda vez tenho a honra de presidir a

FLAQT. É fato inédito e de difícil possibilidade de ocor-

rer porque, com o número que esperamos ver crescer de

Associados à FLAQT, a repetição de país e conseqüente-

mente de Presidência levará muitos anos para acontecer.

O meu forte desejo e augúrio, no entanto é que isso

se torne novamente realidade, pois representará o se-

guinte: Um jovem técnico com boa formação, coragem,

e amor à profissão, tendo assumido tal função, muitos

anos mais tarde, ainda com a mesma dedicação, poderá

somar, às qualidades iniciais, a experiência e a vivência

adquiridas no caminho profissional.

Química Têxtil: Obrigado.

A ABQCT DÁ AS BOAS VINDASAOS NOVOS SÓCIOS

Antonio Gustavo Nascimento Santos Olinda PE Dirceu Ferreira Brito São Paulo SP Fernanda Pires Bacelli Guarulhos SP Frederico H.H. de Vasconcelos São Paulo SP Germano Maragno Turvo SC João Espindola Tubarão SC José Scharf Júnior Brusque SC Lícia Gomes Viegas Bayeux PB Maria Aparecida Gomes São Paulo SP Nicola Ruachioni Neto São Paulo SP Wilson José Ferreira São Gonçalo RJ

Estamos orgulhosos de tê-los conosco, pois o apoio e a participação dos associados são de suma impor-tância para o fortalecimento da Associação e para o aprimoramento técnico do setor têxtil brasileiro.Nós da ABQCT procuramos sempre fornecer informações atualizadas através da revista Química Têxtil eabrir canais de comunicação entre os profissionais através de cursos, palestras e outros eventos de integração.

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A indústria têxtil brasileira perdeu um grande téc-

nico, que dedicou toda sua vida profissional ao aper-

feiçoamento das técnicas de tinturaria e estamparia.

No dia 7 de março, aos 87 anos, faleceu o químico

Luiz Afonso Galaggi.

Dotado de um carisma, simplicidade e simpatia sin-

gulares, Luiz Galaggi deixou saudades nos amigos,

parentes e funcionários da Tinturaria e Estamparia

Salete Ltda., empresa que adquiriu nos anos 50 e para

a qual dedicou a maior parte de sua vida profissional.

“Além de sua dedicação profissional, o sr. Luiz tinha

um carinho muito grande pelos funcionários”, lem-

bra Valdir Siani Medeiros, diretor técnico da Tintura-

ria Salete e sobrinho de Galaggi. “Ele sempre teve

uma palavra amiga para os funcionários e nunca ne-

gou ajuda a quem o procurava. Mesmo depois que

vendeu a empresa, ele continuou dedicando a mesma

atenção ao pessoal e sempre teve o carinho, admira-

ção e respeito de todos”.

Luiz Galaggi teve uma rápida ascensão profissio-

nal, embora não tenha trabalhado em muitas empre-

sas. Em 1940 ele se formou em Química no Mackenzie

e logo começou a trabalhar em sua área de atuação.

Seu primeiro emprego foi na indústria Crespi, no bair-

ro da Moóca, em São Paulo, onde ficou por alguns

anos. Na seqüência, se transferiu para as Indústrias

Matarazzo e, em 1950, foi trabalhar na Tinturaria e

Estamparia Salete Ltda., empresa que mais tarde se

tornaria sua. Em 1975 ele vendeu a Salete para o Gru-

po Rosset, mas continuou na empresa como colabo-

rador até janeiro deste ano. “Ele só teve esses empre-

gos, mas em to-

dos eles atuou

com intensa de-

dicação”, lembra

Valdir, salientan-

do que Luiz

Galaggi foi uma

pessoa que sem-

pre estudou mui-

to. “Nos fins de

semana, enquan-

to todos se diver-

tiam, ele aprovei-

tava para se intei-

rar mais sobre sua profissão. Ele tinha um apego, um

amor a essa empresa que era impressionante. Dedi-

cava integralmente o tempo dele ao trabalho. Acredi-

to seguramente que ele estava entre os maiores técni-

cos do Brasil”.

Além de sua dedicação à empresa, Luiz Galaggi

também foi um grande incentivador da fundação da

ABQCT - Associação Brasileira de Químicos e

Coloristas Têxteis, onde era o sócio número 76. “Ele

ajudou muito na criação da associação”, lembra Agos-

tinho Pacheco, tesoureiro da entidade.

Além dos amigos que fez ao longo da vida, Luiz

Galaggi deixou a esposa, dona Leonor; duas filhas,

Marli e Marisa, e seis netos. Com certeza, seu exem-

plo de amor, dedicação, perseverança e simplicidade

será sempre lembrado por todos como uma dádiva

que Deus concede apenas a pessoas especiais.

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Falecimento Química Têxtiln° 75/jun.04

Indústria têxtil perde um grande colaborador

Solange Menezes

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Sulphur Black

A atual conscientização em nível mundial pelos proble-

mas ligados ao meio ambiente tem nos levados a buscar

alternativas que sejam renováveis e a desenvolver produ-

tos que possuam características de baixo impacto am-

biental, compatível com tratamento biológico de efluentes.

O Preto Cassasulphur BRA Eco (Sulphur Black) é consti-

tuído de corante especialmente pré-reduzido e estabiliza-

do, não contendo sulfeto na sua pré-redução e estabiliza-

ção que, em comparação aos corantes sulphur convencio-

nais, permite um tingimento ecológico mais favorável.

O agente redutor é à base de carboidratos biodegra-

dáveis de efeito inibidor sobre o processo de purifica-

ção ecológica. Os agentes oxidantes são sais halogênios,

estabilizados biodegradáveis, isento de metais pesados

não cancerígenos.

Vantagens do Preto Cassasulphur BRA Eco

Menor contaminação das águas residuais e ausência

de odores durante o tingimento e nas estações de trata-

mento de efluentes.

Maior facilidade na remoção de agentes redutores.

Baixo índice de sujidade e contaminação nos equipa-

mentos.

Melhor estabilidade ao frio e ao calor.

A grande utilização de Preto Cassasulphur BRA Eco e

outros corantes sulphur está associada à relação custo

benefício nos tingimentos de fibra celulósicas e suas

misturas com boas propriedades de solidez. Além de

sua utilização em processo tradicional e sua versatilida-

de, permite aplicação também em máquinas contínuas,

máquinas de índigo, tingimentos desbotáveis tipo canvas

e Grament dyeing.

Estudo do tratamento de efluentes

Tecnologia EcologiaQuímica Têxtiln° 75/jun.04

Tendência ecológicaO pacote de baixo impacto ecológico ambiental

Agrício de CastroCassema Corantes

O efluente equalizado não teve o pH corrigido e seu

aspecto era preto, sem transparência e sem odor. A uni-

dade de flotação foi operada dentro dos seguintes

parâmetros:

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pH do efluente equalizado 7,5.

Pressão de dissolução do ar: 1,5 Kg/cm².

Dosagem de sulfato de alumínio de 400 mg/h (solução

% vazão 2000Lt/h ).

Aspecto após flotação: colorido levemente esverdeado.

Tansparente sem odor.

A unidade biológica foi operada dentro das condi-

ções normais de um tratamento biológico por todas as

atividades. O tratamento foi ativado com lodo de cura

estação de tratamento de águas sanitárias.

Em todas as etapas, tingimento, coleta, estocagem e

tratamento, não houve formação de H2S que provocas-

se maus odores. A redução da cor foi de 98%, isso indi-

ca um efluente perfeitamente clarificado, não alterando

o corpo receptor. O efluente final lançado no corpo re-

ceptor encontra-se dentro dos parâmetros ambientais da

legislação brasileira.

Efeito tendering

Ocorrência

O efeito tendenrig pode ser entendido como o fenô-

meno físico-químico de degradação de fibras celulósicas

tintas, causado por ácido, à cadeia molecular da celulo-

se. Essa degradação pode ser bastante acentuada, in-

clusive chegando ao apodrecimento total.

O efeito tendering em preto

O efeito tendering com preto enxofre é causado por

uma oxidação mal conduzida após a operação de

tingimento. Normalmente, esse efeito é evidenciado

quando o material tinto é armazenado em condições des-

favoráveis de temperatura e umidade. Para melhorar o

entendimento desse fenômeno, são imprescindíveis al-

gumas noções básicas da estrutura desse corante e de

seu processo de oxidação.

Estrutura do preto

Os corantes ao enxofre são aquelas substâncias

corantes cujo produto de redução originam derivados

aromáticos possuidores de grupamento ativos (s-h+). Esse

tipo derivado ou corante na forma leuco são as substân-

cias que apresentam afinidade pela fibra celulósica, sen-

do conhecidos como corantes.

O preto ao enxofre é um dos mais importantes com-

ponentes da linha do mercado corante e dentro de toda

a gama de diversas linhas de corantes para tingimento

de fibras celulósicas. É um dos mais usados mundial-

mente, devido ao seu baixo custo, aliado a uma superior

qualidade, como a ser atestado por seus índices gerais

de solidez de cor.

Processo oxidante do preto

O tratamento oxidativo nada mais é do que o veículo

para a obtenção de forma insolúvel do mercado corante.

A oxidação do preto ao enxofre, de uma forma bem

conduzida, deve levar sua forma mercado à forma

sulfoxida, passando antes por um estado intermediário

sob a forma disulfídica.

É de suma importância notar que sempre durante a

oxidação de forma mercado do preto há a formação de

tiosulfato de sódio. Esse tiosulfato, que é inerte em

meio alcalino, em meio ácido, por um processo suces-

sivo de oxidação, dá origem ao ácido sulfúrico. Sem-

pre que houver má oxidação em pH fortemente ácido,

o tiosulfato poderá fornecer de imediato ácido sulfúri-

co ao meio que, não neutralizado, levará a fibra

celulósica a um processo de degradação.

Causas do efeito tendering

Conforme já citado anteriormente, o efeito tendering

não é causado pelo corante e sim por uma oxidação mal

conduzida em pH ácido, gerando tiosulfato de sódio que

se degrada, produzindo enxofres livres e ácido sulfúrico.

A oxidação do preto sendo conduzida unicamente até a

forma sulfoxida em meio alcalino não tem condições de

provocar o apodrecimento das fibras celulósica, mesmo

sob a ação de luz, umidade e calor.

Os desvios na oxidação correta são fundamentalmen-

te: a oxidação parcial e a superoxidação.

Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04

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oxidação parcial - o agente oxidante insuficiente não

dará forma sulfoxida e sim a forma disulfídica que po-

derá se decompor em ácido sulfúrico.

superoxidação - durante o processo oxidativo, o

oxidante em excesso leva o derivado sulfóxido às for-

mas mais ricas em oxigênio. A formação desse deriva-

do em condição de superoxidação está condicionada pelo

valor do pH do meio oxidativo.

Como evitar o efeito tendering

Ficou evidenciado, como fator de mai-

or importância, o valor de pH, que quan-

do situado do lado ácido, no mínimo acar-

retará o aparecimento do efeito tendering,

em virtude da decomposição do tiosulfato

de sódio presente no processo.

É importante notar que a presença na

fibra de formas polisulfídicas, tiosulfídicas

ou mesmo de tiosulfato de sódio não são

eliminadas pela lavagem e em condições

de temperatura ambiente mais altas ace-

lerará a decomposição da mesma. É o caso típico do

tendering que se manifesta durante a estocagem, princi-

palmente no verão e em locais úmidos.

Acabamento

Os amaciantes catiônicos são os mais desfavoráveis

para uso por motivo básico, ambos indesejáveis sob o

ponto de vista tendering. Para uma melhor performance

um pH ácido é utilizado.

Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04

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Tingimento sobre tecido de malha de algodão

Tingimento de fio de algodão processo ECO

Tecnologia EcologiaQuímica Têxtil - n° 75/jun.04

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Efeito Canvas (desbotável)

É um aplicativo simples, rápido e oferece custo/be-

nefício maior que a utilização de pigmentos. Os corantes

sulfurosos Linha ECO oferecem um melhor toque e

melhor solidez ao tecido, com controle de desbote.

Máquina de Índigo

Os corantes sulfurosos da linha ECO são corantes

de oxidação e de comportamento físico-químico similar

ao Índigo.

Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04

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A maior parte da fabricação têxtil é de tecidos colo-

ridos, dos quais se exige que a cor das sucessivas pro-

duções coincida com a cor original. Sem dúvida, não é

tão fácil que isso ocorra porque a fabricação de têxteis

coloridos depende de muitas variáveis, portanto, é im-

prescindível fixar tolerâncias de cor. Essas tolerâncias

podem ser fixadas em termos visuais ou instrumentais.

Como se pode fixar tolerância? Quais seriam as

tolerância de cor razoáveis?

As respostas a estas perguntas são temas de consi-

derável interesse, tanto para os fabricantes de materi-

ais têxteis coloridos como para seus clientes.

Este artigo descreve a maioria dos fatores que de-

vem ser considerados ao fixarem-se as tolerâncias.

No mundo real

Processos e variabilidade

Sempre que se trabalha com sistemas de medição

e com processos, estes terão algum grau de variação.

Por exemplo, desejamos determinar a dimensão de

um salão, teremos que usar uma trena e medi-lo e se

outra pessoa repetir o processo, é possível que en-

contre uma medida ligeiramente diferente. Quais se-

riam as medidas corretas? As duas medições estari-

am corretas ou incorretas? Na realidade, podemos

conhecer a verdadeira medida, mas a precisão neces-

sária e a variação permitida devem ser conhecidas

antes de realizarmos as medições.

Tomemos um exemplo da indústria têxtil, supondo

que estamos em uma tinturaria de peças que usa proces-

sos Batch. Estamos tingindo tecidos de malha, 100%

algodão, com corantes reativos. A tinturaria mantém

tecnologia atualizada nos equipamentos de tingimento e

acabamento, mas mesmo realizando um efetivo contro-

le computadorizado para minimizar a variação dos pro-

cessos, essa variabilidade não pode ser eliminada total-

mente porque, mesmo que uma determinada cor seja

processada da mesma forma, serão usadas diferentes

partidas de fibras têxteis e/ou diferentes partidas de

corantes e/ou auxiliares, diferentes máquinas e/ou dife-

rentes operários, água diferente etc..

Vemos que se torna impossível repetir o processo

da mesma forma e portanto não pode ser surpresa que

existam variações em nossa produção. A chave, então,

será minimizar as variações em todas as etapas do pro-

cesso de produção, conservando a eficiência nos custos.

Essa tarefa é muito importante e deve ser de interesse

para ambos: produtor e comprador. Quando avaliamos as

características de cor de um produto final, por exemplo

peças acabadas de tecidos coloridos, consideramos as

variações acumuladas dos processos de tingimento e aca-

bamento, além da variação do próprio processo de medi-

ção. Se essa variação é maior do que os limites de tole-

rância estabelecidos, estaremos fabricando lotes de "se-

gunda qualidade ou produto não conforme", que terá um

custo adicional por reprocesso. Portanto, para poder rea-

lizar melhoras contábeis nos processos, devemos estar

Tecnologia Qualidade Química Têxtiln° 75/jun.04

Tolerância de cor na indústria têxtil

David M. Jordam - DyStar L.P. Charlote, N.C.Artigo publicado em "Book of Papers" da AATCC

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

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seguros de que podemos fazer medições precisas das

variáveis dos processos em questão.

Estatísticas: uma ferramenta útil

A estatística é uma ferramenta que pode ser empre-

gada na produção para melhorar a precisão e a reprodu-

tibilidade.

Mencionamos anteriormente que devemos ser ca-

pazes de efetuar medições precisas que assegurem a

conformidade do produto com as especificações estabe-

lecidas. Um método possível seria fazer um número

infinito de medições sobre todos os lotes produzidos e

em seguida estabelecer um valor médio para se obter o

valor que seria considerado "verdadeiro". Esse méto-

do funcionaria, mas o seu custo seria excessivo. Ne-

cessitamos encontrar outra forma de obter dados váli-

dos sem incrementar os custos de mão-de-obra a ní-

veis excessivos. Aplicando técnicas básicas de esta-

tística, calculando valores médios, desvios padrão, co-

eficientes de variação e intervalos de confiança, pode-

mos começar a definir as incertezas do nosso processo

de medição e estabelecer dados válidos.

Poderíamos dizer muito mais sobre métodos estatísti-

cos, mas esse não é o propósito deste artigo. Para maiores

informações, verificar a lista de referências nos itens 1 e 2.

Estabelecendo tolerâncias

Em um mundo ideal as tolerâncias seriam zero ou

um valor menor do que o limite detectável. Se quere-

mos oferecer ao mercado o melhor produto possível,

poderíamos estabelecer níveis muito baixos de tolerân-

cias, mas estaríamos incrementando a produção de mer-

cadorias de qualidade "não conforme" e como conseqü-

ência o custo do produto. Fixar tolerâncias sempre re-

presenta um compromisso econômico.

Os exemplos extremos são bem conhecidos: no se-

tor de maternidade de um hospital a tolerância para que

as enfermeiras deixem cair os recém nascidos é zero;

mas, ao contrário, quando compramos pedras para cons-

truir uma parede, exceto pela aparência geral, a tolerân-

cia para selecionar as pedras é muito ampla.

No mundo comercial as tolerâncias estão relaciona-

das com a satisfação do cliente em termos de valor re-

cebido por preço pago. Para sermos competitivos, os

processos de fabricação precisam ser elaborados de tal

forma que o custo seja o mínimo possível.

As tolerâncias representam o compromisso entre a

satisfação do cliente, em termos de aparência visual e

utilidade funcional, e o custo da mercadoria comprada.

Como sabemos, as tolerâncias de fabricação para têx-

teis são fixadas principalmente em valores de diferen-

ças de cor. Para estabelecer tolerâncias que sejam úteis

na prática é necessário que na discussão participem pelo

menos duas das partes interessadas: o comprador e o

vendedor/produtor. Esse processo será proveitoso quan-

do cada uma das partes tenha a vontade de entender as

possibilidades e as limitações da outra. Se cada uma

delas tiver expectativas irreais quanto a outra, as duas

perderão inevitavelmente.

Quando se estabelecem tolerâncias de cor, poderia

parecer mais fácil avaliar visualmente, mas se deve ter

em conta que seriam avaliações subjetivas. O vendedor

controlará o lote de produção contra o padrão do com-

prador. Considerará que é "aceitável" e o enviará ao

comprador. Pode ocorrer que o comprador o rejeite, já

que o que é aceitável para uma pessoa pode não o ser

para outra. Deverá então ser desenvolvido algum méto-

do objetivo de arbitragem para avaliar o produto.

Problemas a resolver

Objetivo versus Subjetivo

Quando observamos cores, os observadores indivi-

duais variam significativamente na percepção de dife-

renças de cor. Mesmo quando estabelecemos instruções

para as condições de observação, tais como a fonte de

luz, o ângulo de observação e a superfície circundante,

ainda assim não poderemos padronizar a percepção das

diferenças de cor. Devemos levar em consideração, além

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disso, muitas características físicas que são específicas

de cada indivíduo.

A capacidade de um indivíduo para comparar e ava-

liar cor é influenciada por fatores como a idade, o esta-

do geral de saúde e inclusive por seu estado de ânimo.

Para estabelecer uma observação média das diferenças

de cor de um par de amostras, devem ser considerados

pelo menos 35 observadores. Do ponto de vista estatís-

tico, o coeficiente de variação para avaliações individu-

ais é de 20%. Isto é, se temos um valor médio de 1,0, a

variação será de 0,6 a 1,4 unidades.

O efeito de metamerismo

Sempre que se recebe uma amostra de cor do com-

prador para ser imitada e fabricada no estabelecimento

do vendedor entra em jogo uma ampla gama de variá-

veis. A amostra pode ser um pedaço de tecido, um car-

tão pintado, um plástico colorido ou qualquer outro ob-

jeto. A tarefa do vendedor é reproduzir as característi-

cas dessa cor sobre um pedaço de tecido. As possibili-

dades de reproduzir exatamente essa tonalidade são

poucas, para não dizer nenhuma.

Dizemos que existe "metamerismo" quando a amos-

tra padrão e sua imitação não são iguais em cor, quando

comparadas sob todas as fontes de luz. O que ocorre

realmente é que não coincidem as curvas de reflectância

dos dois objetos (padrão e imitação). Isso acontece quan-

do os corantes usados para tingir o padrão são diferen-

tes dos usados para tingir a amostra. Mesmo quando se

tem capacidade de produzir uma amostra tinta dentro

de tolerâncias instrumentais aceitáveis, pode ser que esta

seja rejeitada porque o comprador a avalia visualmente.

Neste caso, se torna evidente a vantagem de utilizar um

método de avaliação "objetivo/instrumental".

Se tivermos discordância por imitações metaméricas

(e mesmo que não sejam) entre diferentes observadores

sobre a qualidade da imitação, em geral isso é comple-

tamente honesto. Os dois observadores estão corretos,

porque os dois informam o que estão vendo, com seu

aparelho de visão pessoal. Quando não existe concor-

dância no que diz respeito a "aceitabilidade versus tole-

rância", como podemos arbitrar sem levar em conside-

ração unicamente os dados instrumentais?

Se, como comprador, enviamos uma cor para imitar

em diferentes produtores potenciais, teremos grandes pos-

sibilidades de metamerismo. Esse efeito pode ser mini-

mizado desenvolvendo a cor em um produtor e em segui-

da ter outros produtores que usem a mesma fórmula de

cor. Uma vez que a cor tenha sido definida, uma amostra

das primeiras produções deve ser selecionada para arqui-

vo como padrão para essa cor específica. Isso vai asse-

gurar que as sucessivas produções não sejam metaméricas,

a menos que o produtor substitua os corantes usados.

Fórmulas de diferença de cor e seus erros

O objetivo das fórmulas de diferenças de cor é defi-

nir precisa e objetivamente uma diferença de cor de modo

que coincida com a média das avaliações visuais de cor.

Estatisticamente, o coeficiente de variação da fórmula

CIELAB é aproximadamente 30%. Isso significa que a

diferença de cor vista pelo observador médio como uma

unidade pode variar de 0,4 a 1,6 unidades.

Novas fórmulas têm maior coincidência com o obser-

vador médio do que a fórmula CIELAB. Atualmente as

fórmulas CMC (2;1), BFD ou CIE 94 são uma escolha

melhor. É difícil dizer qual delas é a melhor, pois todas

são boas. O coeficiente de variação dessas fórmulas é de

aproximadamente 20% ou quase tão bom quanto a avali-

ação de um só observador. A vantagem dessas fórmulas

está baseada no fato de que se ajustam para uma superfí-

cie circundante cinza claro e a fórmula CIELAB não.

Continuam as investigações para melhorar as fórmu-

las de diferenças de cor, mas ainda não é previsível ob-

servar grandes progressos.

Medição de cor e sua variabilidade

Como já vimos, o equipamento também está sujeito

a variabilidade. Para medição de cor, essa variabilidade

tem três componentes:

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- o instrumento e sua geometria de medição;

- o tamanho e a espessura das amostras;

- a estrutura superficial das amostras.

Os espectrofotômetros modernos são famosos por

sua estabilidade. Os avanços em microeletrônica, fon-

tes de luz muito estáveis etc. tornaram possível uma nova

geração de instrumentos de menor tamanho e menos

sensíveis ao meio ambiente.

Usando peças de cerâmica como amostras foram

obtidas repetibilidades menores do que 0,01 unidades

de diferença CIELAB. A reprodutibilidade é também

excelente, 0,10 unidades de diferença CIELAB.

Devemos ser cuidadosos no que diz respeito a geo-

metria dos instrumentos. Os espectrofotômetros são

compostos por três elementos principais: uma fonte de

luz que fornece a iluminação das amostras, o

monocromador que decompõe a luz em seus compo-

nentes individuais a cada longitude de onda e um siste-

ma detetor que quantifica a quantidade de luz a cada

longitude de onda. A geometria implica o modo como

se ilumina e também como se observa a amostra.

Os instrumentos atuais podem usar iluminação

direcional, circunferencial ou difusa. Nos instrumentos com

iluminação direcional tais como 0/45 ou 45/0 a luz chega à

amostra com um ângulo diferido enquanto que no caso de

iluminação difusa, a luz se difunde em uma esfera.

Isso faz com que os instrumentos de iluminação difusa

sejam menos sensíveis à estrutura superficial da amos-

tra, portanto, permitem medir as amostras têxteis de cor

sem dar muita importância à sua estrutura superficial.

Por exemplo, se tomamos um pedaço de tecido plano

de algodão mercerizado que tem uma textura muito su-

ave e medimos com um instrumento direcional, quando

comparamos com a medição feita por um instrumento

de geometria difusa, veremos a influência da estrutura

que foi detectada pelo instrumento direcional (tabela 1).

Apesar de as diferenças observadas parecerem peque-

nas, a medida que a textura for maior, essas diferenças

podem ser aumentadas. Esse fato não exclui o uso de ins-

trumentos direcionais na medição de cor. Podem ser usa-

dos com êxito em controle de qualidade quando o padrão e

a amostra tenham a mesma textura e as medições sejam

realizadas de forma comparativa. Sem dúvida, no trabalho

de desenvolvimento de cores, onde se pode ter uma amos-

tra de cor em tecido plano 100% algodão mercerizado,

que deve ser imitada em tecido de malha 50/50 poliéster-

algodão; a geometria difusa é a melhor escolha porque é

menos afetada pela textura da superfície.

A apresentação da amostra também é importante para

se obter uma medição precisa. De uma forma ideal, a

amostra deverá ser suficientemente grande para permi-

tir o requisito de múltiplas camadas quando necessário,

mas pequena o suficiente para ser manipulada facilmente

durante o procedimento de medição. Deverá ser

colocada na área de medição na forma mais pla-

na possível. Muitos espectro-fotômetros ofere-

cem diferentes tamanhos de área de medição. Na

prática, é melhor medir com a maior área possí-

vel; dessa forma se permitirá que maior energia

luminosa chegue tanto à amostra como ao detetor,

o que aumentará a precisão da medição.

A amostra deve ser opaca e não permitir que

a luz seja refletida. Se a opacidade das amostras

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varia, se acrescenta uma variação adicional ao processo

de medição. Como se pode ver no exemplo da tabela 2,

quando uma amostra não é opaca, isso deve ser com-

pensado dobrando-a em várias camadas até torna-la

opaca a ponto de reduzir a variabilidade.

A amostra de tecido de malha da tabela 2 não mostra

a mesma variabilidade do que o poliéster porque é mui-

to mais opaca em uma só camada de tecido.

Também devem ser tomadas precauções para que to-

das as partes que avaliam as amostras contra o padrão usem

sistema e condições de medição similares. Muitas vezes

acabam sendo comparadas maçãs com laranjas. Precisa-

mos estar seguros de que o instrumento, a apresentação da

amostra etc. sejam o mais similares possíveis.

Podemos verificar na tabela 4 que, mesmo quando

se avalia o mesmo par de amostras, diferentes condi-

ções de medição nos laboratórios apresentam elevados

graus de variabilidade.

Tingimento e sua variabilidade

Existe um grande número de fatores que influem na

variabilidade do processo de tingimento. Desde a pre-

paração do tecido até o processo de acabamento, deve-

mos dedicar todo o nosso esforço para minimizar a va-

riabilidade de cada etapa.

Os efeitos do tipo de corante, padronização do

corante, qualidade da fibra, variáveis dos processos de

tingimento e acabamento contribuem para a variabilida-

de total do processo. Como a produção têxtil inclui

muitos tipos de fibras e misturas, é necessário usar uma

ampla faixa de classes de corantes para satisfazer todas

as necessidades. A repetibilidade de tingimento varia

segundo a classe de corante utilizada. Isso se deve em

parte à complexidade do processo de tingimento e tam-

bém ao mecanismo de tintura de cada corante. A tabela

5 mostra a variabilidade das diferentes classes de

corantes em termos do coeficiente de variação (CV) tal

como foi definido por Kuehni, que descreve esse resul-

A uniformidade da "amostra de cor padrão" é de gran-

de importância para o comprador. Quando o comprador

recebe a cartela de cores selecionadas pelo estilista para

um determinado produto, esta se apresenta como sendo

uma "coleção" de pequenos pedaços de tecido. Estes po-

dem ser de diferentes origens ou adquiridos comercialmente

de cartelas de cores disponíveis em diferentes substratos:

têxteis, papéis, cartões, plásticos etc. Em muitos casos, por

razões de custos e prazos de entrega, o comprador envia

as tonalidades a serem imitadas para vários produtores.

Nesse caso, é necessário o cuidado de enviar a mesma

amostra para todos os possíveis fornecedores.

Mesmo no caso de utilizar como padrão de cores

amostras de cartelas comerciais (ex: Color Index) exis-

tem variações que se observam de uma edição para ou-

tra, tal como está demonstrado na tabela 3.

Usando como padrão uma amostra suficientemente

grande e uniforme que possa ser dividida em pedaços

menores e entregue a cada produtor, começamos a re-

duzir essa variabilidade. O pedaço de amostra entregue

ao produtor como padrão deve ser grande o suficiente

para permitir realizar uma adequada medição e avalia-

ção. A diferença de cor entre os diferentes pedaços en-

tregues aos produtores deve ser menor ou igual a 0,2

DE MEC unidades.

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tado como "o que se pode esperar de um laboratório

bem controlado e com pessoal experiente".

Os valores da tabela confirmam nossas afirmações pré-

vias sobre o fato de que a complexidade dos processos e

os mecanismos de tingimento das diferentes classes de

corantes afetam a variabilidade. Vemos que os corantes

reativos têm um coeficiente CV maior do que os corantes

ácidos, básicos ou dispersos. O mecanismo de reação mais

complexo, o gradiente de temperatura, a concentração de

eletrólito e a de álcali são fatores que contribuem para

aumentar o coeficiente CV do processo de tingimento de

reativos. Se observa uma variabilidade significativa nos

processos de tingimento, mesmo quando estes são reali-

zados em laboratórios competentes. A fabricação e

padronização de um têxtil são também afetadas

pelas variações no tingimento e nos processos de

medição de cor. Atualmente, empregando técnicas

e equipamentos adequados são tolerâncias típicas:

Concentração +/- 2%

Diferença de cor residual = 0,5 DE CMC (2:1)

ó +/- 0,3 DC, DH, DL (CMC 2:1)

Todavia, essas diferenças só podem ser obti-

das utilizando múltiplos tingimentos e múltiplas

medições. Melhorar significativamente essas to-

lerâncias requer uma maior inversão em equipa-

mentos e em recursos humanos, "acreditamos

que a padronização de corantes em +/- 2% de

concentração é um compromisso viável entre

as necessidades do tintureiro e os custos de

produção".

Como essas tolerâncias afetariam a

reprodutibilidade no processo de tingimento

na produção?

Normalmente, o processo de tingimento de tecidos

em laboratório é minimamente afetado porque é usada

amostra padrão de corante para tingir. Sem dúvida, esse

não é o caso na Área Produtiva. As diferentes partidas

de corantes usadas podem variar sua concentração em

relação ao padrão e se apresentar tanto 2% mais fracas

como 2% mais fortes. Como essa variação afeta uma cor

tinta com uma combinação de três corantes diferentes,

dependerá da cor, ou seja, se ela for brilhante ou opaca,

fraca ou intensa. A tabela 6 mostra o efeito sobre o banho

de tingimento das diferenças de concentrações de corantes

no banho em três exemplos de cor/formulação.

A fórmula 1 foi composta por três corantes opacos (baixo

Croma), enquanto que as fórmulas 2 e 3 utilizam três

corantes brilhantes (alto Croma). A fórmula 3 é aproxima-

damente duas vezes mais intensa do que a fórmula 2, para

mostrar o efeito da intensidade no tingimento. As três fór-

mulas representam cores da faixa mais neutra, (exemplo

beje, marrom e cinza) que são as mais afetadas. Depen-

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dendo da situação, as diferenças residuais de cores podem

ser somadas ou compensadas. Na tabela anterior, vemos

que a combinação de diferenças de concentração e de to-

nalidade para um tingimento com três corantes dentro de

tolerâncias pode resultar em diferenças entre o padrão e a

amostra de aproximadamente 1,0 DE CMC (2:1) unida-

des. Seria de grande ajuda corrigir na cozinha de cores da

tinturaria a quantidade de corante a ser pesada, usando os

dados de concentração da partida de corante, informada

pelo fabricante no certificado de análise.

A qualidade da fibra é outro fator importante no pro-

cesso de tingimento. O fabricante têxtil de hoje se en-

contra com muitas fibras diferentes, assim como com

muitas misturas e tipos de tecido, sejam de fibras natu-

rais ou manufaturadas.

O algodão, sendo uma fibra natural, apresenta mui-

tas características que afetam a variabilidade do pro-

cesso de tingimento. O processo de crescimento do al-

godão pode afetar o rendimento da cor, por exemplo:

trata-se de um algodão que cresceu naturalmente irriga-

do pela chuva ou por irrigação artificial. A maturação

do algodão pode também afetar o rendimento colorístico;

quanto mais imaturo maior é a superfície de dispersão e

menor o rendimento colorístico. Outro fator é o grau de

brancura. Nos processos de alvejamento é difícil con-

trolar o grau de brancura obtido, isso afeta principal-

mente os tingimentos claros e médios.

Os processos de mercerização do algodão também

afetam o rendimento colorístico e o rendimento aparente

da cor, já que reduzem a dispersão da luz. Todos esses

fatores também contribuem para a variabilidade do pro-

cesso e afetam diretamente a possibilidade de obter a cor

correta na produção sem necessidade de correções.

A variabilidade de corantes e de fibras não é o único

problema no processo de tingimento; também temos que

levar em consideração a variabilidade do processo em

si mesmo. Existem muitas variáveis no processo de

tingimento que devem ser controladas para produzir um

tingimento uniforme e assegurar a reprodutibilidade. Por

exemplo, quando usamos corantes reativos em algodão,

seriam parâmetros críticos os seguintes:

- relação de banho e qualidade da água;

- concentrações de álcali e eletrólito;

- tempo e temperatura;

- movimento relativo do banho e do substrato.

Dado que o tingimento de algodão com corantes reativos

é uma reação química, isso se torna particularmente sensí-

vel a variações de qualquer um desses parâmetros. As va-

riáveis de processo podem facilmente resultar em varia-

ções de DE em 3-5 CMC (2:1) unidades. Isso faz com que

o processo de tingimento e o controle de seus parâmetros

sejam uma parte crítica na variabilidade do resultado final

do tingimento. Uma adequada seleção dos corantes em-

pregados reduz o impacto das variações nos parâmetros.

Variabilidade causada por acabamento

Nos processos de tingimento em "batch", uma das

etapas mais difíceis é a avaliação da aparência depois

do acabamento. Normalmente, a cor é controlada no fi-

nal do processo de tingimento para determinar se está

na tonalidade desejada em comparação com o padrão.

Se não estiver, o processo de tingimento continuará agre-

gando um corante adicional para ajustar a tonalidade ou

reprocessando a partida.

Como o processo de acabamento afetará a tonalida-

de final, será difícil predizer o resultado devido aos efei-

tos mecânicos e aos processos que podem causar alte-

rações significativas na cor do material têxtil tinto. Esse

efeito ótico dependerá da cor e da estrutura do material

e não pode ser previsto quantitativamente. É comum em

lotes tintos, observarmos diferenças médias de 1,0 uni-

dade DE CMC (2:1), antes e depois do acabamento.

Fica a critério da experiência do tintureiro conhecer qual

deve ser o ajuste para compensar a alteração de tonali-

dade que possa ocorrer no processo de acabamento.

Variabilidade peça a peça

As variações peça a peça são muito comuns dada a

complexidade do processo de tingimento de tecido e

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não seria realista esperar uma completa uniformidade.

Quando se está trabalhando com mercadoria fabricada

em processos de tingimento por repouso, devemos usar

métodos "shade sorting" (seleção e agrupamento de lo-

tes de uma mesma tonalidade de acordo com sua nuance)

para minimizar as diferenças entre lotes. Sem dúvida,

"shade sorting" pode não ser prática quando se trabalha

com fabricação "just in time".

Uma quantidade limitada de dados derivados de lotes

tintos na planta de produção sobre tecidos de malha 100%

algodão com corantes reativos apresenta como resultado

uma diferença média de cor igual a 0,4 DE CMC (2:1)

com um desvio padrão de 0,2, que indica que existe 95%

de probabilidade de que o resultado real de diferença de

cor se encontre em uma faixa de 0 a 0,8 unidades.

Variações dentro do lote

Como afetam o corte na confecção

A avaliação dessas diferenças de cor entre partes de

uma prenda é um dos mais severos testes de aceita-

bilidade. O contraste de cor é mais intenso se o pedaço

é grande e se a superfície vizinha ou adjacente é muito

similar à cor padrão. As diferenças entre zonas vizinhas

de um pedaço de tecido ou entre os bolsos e o tecido

base de uma camisa são notadas até 3 vezes mais distin-

tas do que quando se observa uma amostra de 5 centí-

metros quadrados contra um fundo cinza claro. Portan-

to, é crítico selecionar as peças que serão utilizadas para

cortar prendas. Como foi visto, cada etapa do processo

tem uma variabilidade que se soma à variação total. As

variações nunca são desejáveis mas, em alguns casos,

elas se compensam umas as outras.

Recomendações

Nesse processo, comprador e produtor têm um objeti-

vo em comum: produzir um produto de boa qualidade e

obter benefícios. O negócio das duas partes depende de

que venham a atingir essa meta tão eficientemente quanto

seja possível e para obter sucesso deve ser estabelecida

uma ponte de comunicação entre produtor e comprador. O

comprador tem expectativas que o produtor deve enten-

der. O produtor tem possibilidades e limitações que o com-

prador deve entender. Estabelecendo clara e abertamente

expectativas e capacidades em uma atmosfera de mútua

sinceridade será facilitado o sucesso do resultado final.

A seguir, vamos citar algumas recomendações ge-

rais que podem ser úteis na discussão entre comprador

e produtor sobre "tolerâncias".

Para o comprador

Durante a fase inicial de imitação de cor:

- entregar ao produtor um padrão que não tenha uma

diferença maior do que 0,2 DE CMC (2:1) unidades em

comparação ao padrão do comprador. Variações maio-

res podem ser a causa de devoluções desnecessárias de

mercadorias entregues;

- estar seguro de que o tamanho da amostra padrão é

suficientemente grande para que o produtor possa reali-

zar medições precisas. Recordar que a precisão será me-

lhor quanto maiores forem o tamanho da amostra e a

área de medição do instrumento. Amostras pequenas que

não são oticamente opacas podem introduzir erros adi-

cionais à medição;

- o instrumento de medição é o melhor arbitro. O produtor

deve medir a cor em todas as etapas, desde o laboratório;

- quando se rejeita uma imitação, a resposta não deve

ser uma avaliação visual, mas sim deverá incluir dados

DE CMC e outras informações sobre os componentes

da diferença (DL, DC e DH);

- quando o padrão da produção é estabelecido para uma

cor, o comprador deve estar seguro de que todos os ou-

tros produtores receberão amostras desse mesmo padrão.

Quando se avaliam imitações de laboratório:

- repartir a mesma amostra para diferentes produtores;

- preservar a integridade do padrão, assegurando que a

amostra aprovada e o padrão não tenham diferença maior

do que 0,2 DE CMC unidades da medição original;

- manter sempre ótimas condições de medição quando se

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avalia as amostras contra a amostra padrão. As amostras

devem ser oticamente opacas, medidas em grandes áreas,

com luz difusa e pelo menos que a leitura considerada de-

finitiva seja a média de 3 leituras repetidas por amostra;

- a avaliação visual pode ser usada, mas somente como

confirmação da avaliação instrumental.

Avaliação de diferentes tipos de componentes:

- quando temos que fazer imitações sobre diferentes

materiais que são usados em uma prenda (ex: uma pren-

da de algodão com um adorno de poliéster) devemos

avaliar visualmente a cor de todos os materiais para ver

o efeito conjunto. Uma vez que isso foi feito, devemos

medir cada um dos materiais componentes (amostra

opaca, luz difusa, grande área, leitura média) para fixar

as tolerâncias de trabalho para cada material no contro-

le dos lotes de produção. Devido as diferenças de bri-

lho, estruturas etc., os valores L*, a*, b* para o padrão

de cada material serão diferentes.

Para o produtor:

- medir sempre as amostras de laboratório e lotes de

produção antes de enviar ao comprador e incluir os da-

dos de medição correspondentes;

- usar metodologia estatística de controle de processo,

tomando as medições de cor para controlar o desempe-

nho da produção;

- considerar o uso de um processo de melhoria contínua

para reduzir a variabilidade nas áreas de laboratório,

produção e medição de cor;

- empregar sempre boas práticas de medição. Assegu-

rar-se de que a amostra é oticamente opaca, usar a mai-

or área de medição possível que o instrumento permitir

e tomar a média de várias medições repetidas;

- praticar um rígido controle do padrão;

- quando forem feitas avaliações visuais, estar seguro

de que estejam disponíveis lâmpadas apropriadas e con-

dições acertadas com o comprador;

- comunicar abertamente ao comprador as possibilida-

des e as limitações.

Conclusões

Temos visto que fixar tolerâncias não é uma proposi-

ção confortável. Para estabelecer um sistema de tolerân-

cias prático é necessário conhecimento dos processos e

do equipamento envolvido, além de uma boa comunica-

ção entre as partes. Devemos lembrar que o processo de

tingimento, composto por muitos subprocessos e variá-

veis, é o elemento com o qual estamos tratando de en-

contrar um ponto de referência no espaço tridimensional

de cor estabelecido ao redor do padrão. Como já vimos,

muitas variáveis influem na decisão sobre a aceitação ou

não de um tingimento, mas devemos sempre tomar essa

decisão de acordo com as tolerâncias estabelecidas.

O produtor deve fazer todas as tentativas possíveis

para reduzir as variações, lembrando que as melhoras

serão obtidas dentro de um compromisso econômico. É

fundamental que ambos, comprador e produtor, tratem

de estabelecer as tolerâncias de cor de forma conjunta e

de modo que ambos se sintam beneficiados.

Nota do autor: os dados usados no desenvolvimento

deste artigo foram extraídos de um número relativa-

mente pequeno de amostras e os resultados dever ser

usados somente como orientação. Para estabelecer

parâmetros precisos e para casos concretos devem ser

avaliados os dados reais do usuário, usando um núme-

ro significativo de amostras para obter o melhor resul-

tado estatisticamente válido.

Bibliografia

Brossmann, R. et.al., Dyes and Pigments, vol. 41, 1999,

p.111-126.

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Tecnologia Qualidade Química Têxtil - n° 75/jun.04

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Pode não parecer, mas do traje que cobria o corpodo pescoço até o joelho para ir à praia, até o macacãoque vai do tornozelo à cabeça usado para nadar, muitacoisa mudou. Se nos anos 20 a quantidade de pano so-bre o corpo era proporcional ao recato exigido para darum mergulho no mar, hoje a roupa que esconde o corpo(mas é tão colada que revela as formas) é usada poratletas de alta performance para quebrar recordes. Maiôé sinônimo de tecnologia e pode fazer a diferença entreganhar ou não uma medalha.

A exposição "Maiô - 100 anos de história", realiza-da pela Speedo em dezembro/2003, em São Paulo, mos-trou a evolução do traje de banho, tanto para lazer quantopara esporte, desde as roupas de natação usadas nosanos 20 até os atuais maiôs de competição "fast skin".

Acompanhe resumidamente essa evolução:Anos 20 e 30: a roupa de natação padrão, tanto de

homens quanto de mulheres, era uma peça única, emalgodão, que vestia as pessoas do pescoço aos joelhos.No início da década de 30 a Speedo lançou o "RacerBack", peça alta e estreita que permitia liberdade de mo-vimentos para os ombros e músculos das costas. As rou-pas de natação eram de seda pura e as de treinamentoainda usavam algodão.

Anos 40: os maiôs começaram a ter seus tamanhosreduzidos. Em 3 de junho de 1946, Louis Reard apre-sentou ao mundo o biquini. A seda, por sua resistência,leveza, elasticidade e toque, era usada nas roupas denatação para os competidores de ponta.

Anos 50: nas Olimpíadas de Melbourne, em 1956,os maiôs de seda com algodão estiveram em evidência,mas a década ficou marcada pela introdução do nylon.A adequação dessa matéria-prima para as roupas de na-tação era ainda realçada pela repelência à água, garan-tindo uma secagem rápida.

Anos 60: reconhecendo as boas propriedades detingimento e estamparia do nylon, a Speedo introduziuà moda as listras em roupas de banho de competição.Nessa época, as misses continuavam de maiô, mas asgarotas de praia já ousavam mostrar os umbigos. NoBrasil, a garota de Ipanema foi um ícone dessa época.

Anos 70: os jogos Olímpicos de Munique, em 1972,foram o trampolim para que a Lycra (da DuPont) se tor-nasse um tecido muito utilizado em roupas de natação.A Speedo foi a primeira empresa a utilizar o fio nasroupas para o esporte.

Anos 80: essa década exigia corpos perfeitos, mode-lados em academias de ginástica e exibidos nas praiasno verão. A Lycra era usada tanto nas vestimentas deacademia como nos biquínis e maiôs. Os surfistas usa-vam calções longos e coloridos, enquanto as mulhereschegavam ao auge da nudez. O biquíni asa delta erareduzido ao fio dental.

Anos 90: em 1992, a Speedo lançou o maiô deperformance S2000, com microfilamento de poliéster efibra elastômera, que evitava a formação de bolhas de ar- pois tinha uma porcentagem maior de elastano - e tinhaum processo de secagem mais eficiente do que a Lycra,além do coeficiente hidrodinâmico ser 15% maior. Em1996, nas Olimpíadas de Atlanta, a grife apresentou oAquablade. Usando maiôs feitos com esse produto, atle-tas conquistaram 77% de todas as medalhas na natação.

Novo Milênio: nas Olimpíadas de Sidney (Austrá-lia), em 2000, foi apresentada a mais revolucionáriatecnologia para maiôs de competição, o Fast Skin, fei-to de microfilamentos de poliéster (75%) e fios deelastano (25%), um tecido que imita a pele do tubarãoe se molda ao desenho dos músculos. Resultado: 126das 153 medalhas em disputa ficaram com atletas queusavam o Fast Skin.

Eventos Química Têxtiln° 75/jun.04

Maiô, 100 anos de praia

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Apesar do muito que se tenha avançado em matéria

de controle dos defeitos no tingimento de materiais têx-

teis, são ainda muitas as causas que podem conduzir a

cometê-los. Neste artigo, abordamos de forma sis-

tematizada o estudo dos defeitos mais correntes, assim

como suas procedências e, em muitos casos, a forma

de evita-los. Colocamos especial insistência no erro

humano que, não nos esqueçamos, está presente em

uma alta porcentagem dos problemas que conduzem a

defeitos de tinturaria.

1. Introdução

As modernas tinturarias trabalham cada vez mais com

maior confiabilidade, tanto no que se refere a reprodução

de cores como a sua igualização. Para isso, tem contribuí-

do decisivamente a maior implantação das cozinhas de cores

e o aperfeiçoamento dos aparelhos de tingimento, com pro-

gramadores informatizados e dosificadores automáticos.

O tintureiro dispõe da ajuda inestimável do colorí-

metro para a obtenção de novas receitas, a correção das

mesmas e a comparação objetiva de amostras, além de

outros serviços como a determinação de graus de bran-

co, metamerias etc. Os produtos auxiliares são cada vez

melhores e os corantes dão resultados mais uniformes.

Mesmo assim, a informação técnica sobre eles é também

muito completa e fácil de ser consultada e entendida.

Colocando as coisas assim, pode parecer que o

tintureiro não vai encontrar dificuldades técnicas na re-

alização de suas tarefas e que a possibilidade de obter

um tingimento falho será uma simples exceção. Sem

dúvida, nada mais distante da realidade, posto que, como

veremos mais adiante, os problemas que podemos en-

contrar são múltiplos e suas soluções nem sempre são

simples, o que em muitas ocasiões, nos obrigará a re-

correr ao reprocesso da mercadoria.

Neste primeiro artigo, pretendemos abordar o tema

dos defeitos no tingimento de uma forma geral, para que

em trabalho posterior se possa estudar com mais deta-

lhe os problemas e defeitos mais correntes do ponto de

vista dos corantes empregados e da fibra a ser tinta.

2. As causas dos defeitos: sua classificação

Como as etapas do processo de enobrecimento têxtil

são a preparação, o tingimento e o acabamento, os de-

feitos poderão ser produzidos em qualquer dessas eta-

pas. Também, em alguns casos, o tecido tinto manifes-

tará defeitos que procedem de operações anteriores,

como a fiação ou a tecelagem.

A classificação dos defeitos pode ser abordada de

diferentes perspectivas e a descrição de cada um deles

poderia ser muito extensa. Por isso, e com o objetivo de

sintetizar, foi realizada uma divisão em grupos de defei-

tos (quadro 1) que, sem ser exaustiva, pretende enume-

rar e explicar as causas dos mais correntes.

2.1. Defeitos devidos ao material têxtil

Quando se utilizam fibras de algodão que contêm al-

godão morto ou imaturo serão produzidos pontos claros

Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 75/jun.04

Os defeitos do tingimentouma visão geral

Javier Sánchez e Luis Sánchez Martín

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no tingimento, pois nem todos os corantes compensam

as diferenças que existem entre as fibras. Algo parecido

ocorre com as lãs que contêm fibras mortas que não

absorvem o corante.

Do mesmo modo, quando se misturam algodões

de diferentes origens ou grau de maturidade, vamos

obter tingimentos picados, o que também poderia su-

ceder misturando partidas de lã de diferentes proce-

dências, ou de ovelhas de diferentes raças, ou lãs de

diferentes qualidades.

Quanto a mistura de fibras químicas do mesmo tipo,

porém de diferentes partidas, poderiam originar desi-

gualdades no tingimento, como sucede por exemplo no

caso de poliamidas com diferentes graus de estiragem e

suas mudanças de afinidade pelos corantes em função

dessa variável.

As fibras regeneradas merecem menção a parte, pois

suas origens são muito diferentes e podem variar desde

os desperdícios de lavagem, das cardas, fiações, teares,

até os tecidos já usados, que são triturados e suas fibras

voltam a ser fiadas. A diversidade de matérias e seu

grau de deterioração vão originar múltiplos problemas

na tinturaria, especialmente um rendimento mais baixo

do que as fibras de qualidade, tendo, além disso, o in-

conveniente de sua baixa resistência, pelo que a possi-

bilidade de reprocesso, nesse caso, é mínima.

2.2. Defeitos devidos a uma preparação incorreta

Uma desengomagem, descrude, lavagem ou alveja-

mento incompletos ou mal realizados podem influir no-

tavelmente no resultado do tingimento.

As gomas devem ser eliminadas totalmente, pois seus

restos diminuem a hidrofilidade e, se forem eliminadas

desigualmente, produzem tingimentos manchados, com

zonas mais claras e outras mais escuras.

Um descrude deficiente pode deixar sem destruir par-

te das impurezas naturais que tem o algodão, com especi-

al incidência na capacidade de absorção do material,

podendo originar uma igualização precária no tingimento

posterior. Os problemas de tingimento podem também

vir de uma neutralização incompleta do álcali.

No alvejamento do algodão são eliminadas, em meio

oxidante, as cascas que ainda podem estar nas fibras, as-

sim como os pigmentos, além de se conseguir uma base

limpa para o tingimento de cores claras ou para outras co-

res cuja pureza de tonalidade a necessitem. A acidulação

posterior deve eliminar os restos de água oxigenada não

consumida no alvejamento, pois existem corantes que não

são estáveis em presença da mesma. Se o alvejamento for

excessivo, pode provocar uma perda de resistência do te-

cido por oxidação de boa parte da celulose a oxicelulose,

além de produzir tonalidades mais claras no tingimento.

2.3. Defeitos devidos a água e vapor utilizados

Entre os numerosos defeitos que podem ser produzidos

no processo de tingimento, merecem ser citados de forma

especial os que têm sua origem na qualidade da água em-

pregada, que precisa ser a mais depurada possível. Para

isso, necessitamos considerar os seguintes fatores.

Em primeiro lugar, temos que observar sua turbidez,

que pode ser devida a presença de partículas em sus-

pensão, seja de natureza inorgânica, tal como a terra, ou

orgânica, como matéria vegetal, microorganismos, óle-

os etc. Essas partículas deixam as cores opacas e po-

dem produzir manchas nos tecidos, pelo que uma pre-

caução elementar será filtrar inicialmente a água.

Em segundo lugar, sua alcalinidade e seu grau de

salinidade. A alcalinidade provém dos hidróxidos, bicar-

bonatos ou carbonatos de metais alcalinos ou alcalinos

terrosos que contêm e que podem modificar o pH inicial

de tingimento, pelo que sempre é conveniente comprovar

esse detalhe para evitar esgotamentos inadequados,

tingimento desiguais ou até prejuízo para as fibras. A sali-

Quadro 1. Classes de defeitos

- Devidos ao material têxtil.- Devidos a uma preparação incorreta.- Devidos a água e ao vapor utilizados.- Devidos ao equipamento.- Derivados à má seleção ou má aplicação dos corantes.- Devidos a erros humanos.

Tecnologia TingimentoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04

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nidade prejudica especialmente o tingimento em tonali-

dades claras de fibras de celulose com corantes diretos.

Em terceiro lugar, a dureza da água devida a presença

de sais de cálcio e magnésio que, em alguns casos, pro-

duzem compostos insolúveis que precipitam sobre as fi-

bras de forma irregular, produzindo manchas no tingi-

mento. Assim, no caso da lã, uma excessiva dureza da água

fará com que depois de tingir e secar fique uma quantidade

de cal depositada sobre a mesma, de forma que, segundo

determinadas cores, apagará sua vivacidade. O problema

da dureza é maior quando a água procede de poços.

Em quarto lugar, o conteúdo de determinados me-

tais, especialmente o ferro. O ferro pode estar contido

na água devido a sua origem, especialmente quando pro-

cede de mananciais ferruginosos, ou ainda devido a cor-

rosão de tubulações ou depósitos. Inclusive, está com-

provado que pequenas quantidades de ferro tornam a

água inadequada para a obtenção de tonalidades vivas.

Por outro lado, os sais que formam esses metais

“amarelam ou acastanham” as fibras têxteis, atuando como

agentes catalíticos nos processos de alvejamento e dani-

ficando seriamente as propriedades das fibras. No tingi-

mento, produzem precipitações dos corantes, alterando

sua tonalidade, a intensidade e inclusive as solidezes.

Quanto ao vapor, é conveniente conhecer as impure-

zas que arrasta, especialmente quando se trabalha com

aquecimento por vapor direto. De todos os modos, o maior

problema que produz o vapor direto é a corrosão quando

as tubulações são de ferro, arrastando partículas desse

metal e produzindo os problemas citados no caso da água.

Também temos que estar atentos aos descal-

cificadores de água por que, as vezes, por avaria ou mal

funcionamento do descalcificador ou de alguma válvula

“by pass”, entra água dura no sistema de água branda,

com os conseqüentes problemas.

2.4. Defeitos devidos ao equipamento

Quanto ao equipamento de tingimento, este poderá

ocasionar problemas por três causas principais:

- Construção inadequada: uma construção defeituosa que

tenha como conseqüência uma deterioração parcial ou

geral do aparelho, com o tempo pode originar defeitos

de todos os tipos. Acontece que, algumas vezes se aponta

um defeito de construção, o que na realidade não é mais

do que um problema de manutenção inadequada ou de

ter sido superado o ciclo de vida útil do equipamento.

- Deterioração por uso ou por imperfeições devidos a

uma manutenção inadequada. Uma máquina que está

funcionando com freqüência e que não recebe a manu-

tenção adequada terminará dando problemas. É por isso

que as vezes se produzem alterações nas características

físicas dos tecidos, ocasionadas por tensões imprópri-

as, ou aparecem de forma inexplicável partes raspadas

e marcadas no tecido, ou se produzem tingimentos desi-

guais, ou que restos de corante depositados em algum

ponto escondido venham a gotejar no momento mais

inoportuno, manchando o tecido.

- Utilização incorreta: quando se usa para aplicações

não previstas pelo fabricante, ou quando são forçadas

as condições de trabalho, seja por excesso ou defeito da

carga, ou por velocidades inadequadas etc.

2.5. Defeitos derivados de má seleção ou má

aplicação dos corantes

Uma seleção incorreta dos corantes pode ser conse-

qüência de incompatibilidade entre eles ou de que suas

solidezes não sejam suficientes e pode conduzir a um

tingimento não reprodutível ou desuniforme. No quadro

2 estão representados alguns dos fatores mais impor-

tantes para uma boa seleção de corantes.

Em primeiro lugar, e ainda que pareça óbvio, deve-

rão ser selecionados os mais adequados para cada tona-

lidade desejada, visto que, se partirmos de cores croma-

Quadro 2. Para a correta seleção de corantes

- Selecionar os indicados para a tonalidade desejada.- Boa compatibilidade entre eles (tricromia).- Que possam obter cores uniformes.- Que os tingimentos tenham reprodutibilidade.- Solidezes adequadas à aplicação prevista para a finali-

dade do produto têxtil.

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ticamente pouco adequadas o esforço e o gasto

despendidos serão muito maiores.

A compatibilidade entre os corantes é necessária,

visto que a maior parte dos tingimentos é feita com três

ou mais corantes e, portanto, devem poder combinar

entre si sem interferências negativas, além de ter veloci-

dades de tingimento similares e solidezes parecidas.

Também as solidezes das cores devem ser suficientes

para as aplicações as quais os tecidos acabados são des-

tinados e de acordo com as exigências do cliente.

A reprodutibilidade dos corantes garante que quan-

do se repete um tingimento nas mesmas condições se-

jam obtidos os mesmos resultados. A uniformidade do

tingimento determina que o poder de igualização da

mistura de corantes seja suficiente para que ao se depo-

sitar e se fixar no têxtil, o faça de modo regular.

Quanto a aplicação dos corantes, em primeiro lugar

devemos ter em conta que uma dissolução imperfeita

dos mesmos pode ocasionar irregularidades no tingimen-

to. Os outros fatores que intervêm e que temos que con-

trolar muito bem são: a temperatura, o pH, os momen-

tos de adição de cada um dos produtos auxiliares da

receita, o tempo etc. Como foi dito no início deste tra-

balho, serão objetos de outro trabalho posterior os pro-

blemas concretos que podem acontecer no tingimento

com diferentes tipos de corantes.

2.6. O erro humano

O erro humano está presente as vezes de forma clara

e outras nem tanto, em muitos dos problemas que aca-

bam produzindo um defeito. Por isso, é conveniente

agrupar esses erros segundo os especialistas que nor-

malmente intervêm na operação de tingimento, que são:

o técnico de tinturaria, o auxiliar de laboratório e os

operários (quadro 3).

2.6.1. Do técnico de tinturaria

- Escolher erradamente as operações de preparação apli-

cadas no material têxtil. A experiência do tintureiro,

auxiliado sempre pelas provas de laboratório, deve ser

suficiente para evitar esse problema.

- Escolha de uma receita problemática. Dificilmente se

obtém a tonalidade desejada. Os corantes não foram bem

escolhidos porque não atingem as solidezes exigidas ou

por outra causa (metameria, incompatibilidade etc.)

- Os produtos auxiliares usados não são os mais idône-

os ou suas quantidades estão erradas.

- O processo de tingimento está mal elaborado ou errado.

- Não programar um número suficiente de enxágües pré-

vios e posteriores ao tingimento, porém, tendo sempre

em conta a racionalização no consumo de água.

- Confusão no cálculo ou na transcrição da receita, tan-

to no nome do produto quanto nas quantidades corres-

pondentes. Parece difícil, mas as vezes ocorre.

- Confusão no número ou indicação dos processos.

- Adições incorretas.

- Falha ou falta de precisão no julgamento da qualidade

(passa - não passa).

- Não programar o equipamento adequado para o artigo

a tratar, ou porque não está disponível ou por qualquer

outra razão ou equivoco. Quando se utiliza o equipa-

mento adequado para o artigo pode acontecer que a car-

ga, a velocidade ou a relação de banho seja imprópria

em relação às cores ou para o processo realizado.

2.6.2. Do auxiliar de laboratório

- Erro na preparação das dissoluções dos corantes.

- Erro nas dosagens pipetadas.

- Utilizar produtos diferentes dos que serão consumidos

na produção.

- Não empregar artigo representativo como prova de

laboratório.

- Não usar no laboratório processo equivalente à produ-

ção (alteração dos parâmetros).

Quadro 3. O erro humano

Do técnico de tinturariaDo auxiliar de laboratório

Do operário

Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 75/jun.04

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2.6.3. Dos operários

- Pesagem errada de corantes ou de produtos auxiliares.

Troca de produtos.

- Dissolução incorreta dos produtos.

- Adição de produtos em momento inadequado.

- Condução errônea de programas ou interpretação de-

ficiente destes, especialmente quando se trabalha de for-

ma manual.

- Carga irregular da mercadoria.

- Limpeza deficiente do equipamento quando da troca

de cores, especialmente de escuras para as mais claras.

- Se a máquina não dispõe de certos mecanismos de

segurança, como o dispositivo de controle de parada,

falta de atenção para detectar qualquer anomalia que

possa afetar a qualidade do tingimento.

- Atenção geral: não obstante o que foi dito, a tinturaria é

uma fábrica onde trabalham muitas pessoas e, portanto, os

erros humanos produzidos no primeiro escalão podem ser

detectados e corrigidos no segundo ou terceiro escalão.

3. Um exemplo: defeitos mais correntes no tingimento

por esgotamento de tecidos em corda

Dado o amplo leque de formas de apresentação da

mercadoria a tingir, nos concentramos como exemplo

no tingimento de tecidos em peça por esgotamento, em

corda. Os aparelhos utilizados para esse tipo de

tingimento são normalmente as barcas de torniquete e

os Jets. Nesse caso concreto, e sem pretender ser exaus-

tivo, poderíamos encontrar um ou mais dos defeitos enu-

merados a seguir, a maioria deles válidos para qualquer

tipo de fibra, se bem que outros se referem somente ao

caso de fibras celulósicas.

- Falta de uniformidade centro-orelas e entre as orelas.

- Faixas de cor mais intensa no urdume/trama, por mis-

tura de fios de diferentes partidas.

- Alteração de tonalidade entre as peças, no mesmo ba-

nho de tingimento, por utilização de diferentes partidas

de fios ou por mistura de peças de diferentes partidas.

- Manchas produzidas por diferenças de afinidade no teci-

do devido a deficiência na desengomagem ou no descrude.

- Manchas intensas produzidas por precipitação do corante

devido a dureza da água ou a presença de sais metálicos.

- Manchas locais nas cores verdes e turquesas tintas com

corantes reativos, devido a precipitação do corante.

- “Bronzeados” em algumas zonas do tecido no tingi-

mento com corantes diretos do tipo “B”, por dosificação

deficiente do eletrólito neutro.

- Manchas brancas regulares produzidas por ataque da

umidade à fibra ou tecido durante armazenamento em cru.

- Salpicado de manchas brancas por ataque local de al-

gum produto químico.

- Manchas brancas de amaciante por reação com restos

de produtos do tingimento.

- Manchas de cal em cores escuras por tratar o tecido

com água dura.

- Marcas de rugas com rajadas mais escuras por exces-

so de carga no aparelho ou nos tecidos muito grossos,

como os felpudos.

4. O reprocesso

O reprocesso do material tinto consiste em todas as

operações que seriam necessárias realizar para corri-

gir um resultado inadequado. Essas operações (qua-

dro 4) nas quais se atua sobre os defeitos detectados e

que só se efetua quando não existe outro remédio, con-

some tempo e dinheiro, atrasa o serviço com o conse-

guinte aborrecimento do cliente e diminui a qualidade

do artigo pelos sucessivos tratamentos, em alguns ca-

sos muito agressivos e que o deterioram por ataques

tanto físicos como químicos, levando, em ocasiões

extremas, à perda do mesmo.

Quadro 4. Inconvenientes do reprocesso

- Aumenta o tempo de tratamento com a conseguinte di-minuição da produção.- Supõe um custo econômico importante.- Diminui a qualidade do artigo, podendo inclusivedeteriorá-lo gravemente.- Atrasa o serviço, gerando aborrecimento do cliente.- Prejudica sempre a imagem da empresa.

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O reprocesso faz com que diminua significativamen-

te a produção, especialmente no caso de tingimentos

defeituosos nos quais se toma necessário desmontar a

cor, o que daria lugar às seguintes etapas:

- Retirada do acabamento (se já foi atingido tal ponto).

- Desmontagem da cor (na maioria das ocasiões são

várias desmontagens, posto que ao se tentar fazer de

uma só vez, a concentração de produtos usados para

isso poderia danificar seriamente o produto).

- Comprovar que a desmontagem foi corretamente efe-

tuada e que teremos uma base uniforme e de intensida-

de inferior a cor requerida.

- Se após a desmontagem o tecido não ficar branco, de-

vemos realizar provas no laboratório, pois normalmente

esse tratamento abaixa o rendimento do corante.

- Voltar a tingir.

- Se o novo tingimento for perfeito, voltar a realizar o

acabamento.

Em ocasiões, e a juízo do técnico, se o tingimento

apresenta defeitos locais e que não se repetem com fre-

qüência, podem ser considerados como passíveis de des-

contos e, nesse caso, chegar a um acordo com o cliente

para abonar o prejuízo econômico parcial e com isso

salvar o tecido. De todos os modos, essa solução, que é

vantajosa para a tinturaria (pois diminui os reprocessos),

sem duvida prejudica a imagem da empresa.

5. A prevenção de defeitos

Para prevenir a existência dos defeitos, isto é, para

que um tingimento se apresente igualizado e que se possa

obter um rendimento adequado da produção da tintura-

ria, devemos ter principalmente em consideração os se-

guintes fatores:

- Que os fios utilizados sejam da mesma procedência e, na

medida do possível, da mesma partida de matéria-prima.

- Tecido perfeitamente limpo de impurezas naturais, as-

sim como de gomas e demais produtos utilizados nas

operações preliminares. Isso fará com que se apresente

com uma boa hidrofilidade.

- Equipamentos apropriados para os artigos que vamos

tingir, com cargas e velocidades adequadas às suas ca-

racterísticas.

- Água livre de impurezas que possam produzir reações

indesejadas e precipitações (ferro, cálcio, magnésio etc.).

- Seleção de corantes com propriedades e curvas de

tingimento similares. Teremos em conta, além da ob-

tenção da tonalidade, os requerimentos necessários,

como o nível de solidezes e outros.

- Seleção de produtos auxiliares de acordo com o pro-

cesso selecionado, os tipos de corantes e as proporções

dos mesmos.

- Seleção do processo de tingimento em relação a famí-

lia de corantes e a quantidade dos mesmos segundo a

intensidade da tonalidade.

Por último, e para concluir, não convém esquecer que

a melhor forma de evitar os problemas é preveni-los. Para

isso, o melhor é contar com pessoal que tenha uma for-

mação técnica adequada e que disponha de boa informa-

ção sobre os diversos aspectos do trabalho que realiza.

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ANUNCIE NA REVISTA

QUÍMICA TÊXTILTel. (11) 4195.4931

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ABQCT e ABTTABQCT e ABTTnesta parceria quem ganha é você

A ABQCT - Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis e a ABTT - Associa-

ção Brasileira de Técnicos Têxteis firmaram uma parceria que beneficiará os associados

das duas entidades. De agora em diante, os associados da ABQCT e da ABTT terão os

mesmos descontos nos eventos promovidos pelas duas associações. Ou seja, os associados

da ABQCT pagarão os mesmos valores dos associados da ABTT nos cursos, congressos,

palestras e outros eventos da associação e os associados da ABTT terão as mesmas vanta-

gens nos eventos promovidos pela ABQCT.

Em agosto, durante o XVII CONGRESSO LATINO AMERICANO DE QUÍMICA TÊXTIL ,

promovido pela ABQCT, os associados da ABTT terão direito aos descontos oferecidos aos

associados da ABQCT. O Congresso acontece de 4 a 7 de agosto de 2004, no Gran Meliá WTC,

em São Paulo SP.

Os associados da ABQCT também terão os mesmos descontos dos associados da ABTT

durante o XXI CONGRESSO NACIONAL DOS TÉCNICOS TÊXTEIS , promovido

pela ABTT. Este evento acontece de 7 a 11 de setembro de 2004, em Natal - RN. Simulta-

neamente serão realizados a VII FENATÊXTIL - Feira Nacional Têxtil e Confecções e o II

SIENTEX - Simpósio Internacional de Engenharia Têxtil.

Maiores informações sobre os eventos da ABQCT e da ABTT

você encontra nos sites das associações:

ABTT: www.abtt.org.br

ABQCT: www.abqct.com.br

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Introdução

Em um trabalho anterior (publicado na edição n° 74,

Março/2004 da revista Química Têxtil) foi estudada a

modificação da estrutura fina da fibra de poliéster (PET)

que se produz no tratamento térmico próprio do

tingimento em alta temperatura ou do tingimento em

presença de um carrier(1). Para isso foram tomados como

ponto de partida substratos estabilizados em diferentes

temperaturas (180-220ºC) em planta de produção. Os

ensaios foram realizados com ausência de corantes.

Este novo estudo se refere à modificação que o

tingimento em alta temperatura produz em um fio contí-

nuo, texturizado (fricção/torção/estiramento) de PET.

Para isso, foram efetuados tingimentos com dois corantes

de diferente tamanho molecular e ao correspondente tra-

tamento cego. A caracterização da estrutura fina foi ba-

seada em medidas da cristalinidade/densidade e em en-

saios físicos/químicos (tempo crítico de dissolução, so-

lubilidade diferencial e absorção de iodo). Trata-se de

um trabalho que antecede outro, no qual estamos estu-

dando a modificação que o tingimento em alta tempera-

tura produz em substratos de PET termofixados a diver-

sas temperaturas (160-220ºC).

A variação da estrutura fina da fibra de poliéster em

tingimento com corantes dispersos foi estudada por Lipp-

Symonowicz(2, 3, 4). A autora ensaiou o tingimento de poli-

éster, em presença de carrier, a alta temperatura e segundo

o processo termosol, com quatro corantes que diferiam em

seu tamanho molecular, linearidade e polaridade. Também

aplicou os correspondentes tratamentos com ausência de

corante. Os substratos tintos e os submetidos a tratamento

cego foram caracterizados no que se refere a sua estrutura

fina, recorrendo a técnicas de difusão de raios X e de

calorimetria diferencial, assim como a medidas de

birrefringência e de densidade. Deste modo Lipp-Symono-

wicz avaliou sua anisotropia ótica ou birrefringência, a

orientação dos agregados cristalinos e das regiões amorfas,

a cristalinidade (raios X, densidade, calorimetria diferen-

cial) e o tamanho médio das regiões cristalinas.

Dos resultados obtidos pela autora cabe destacar que

o tratamento cego ocasiona sempre uma diminuição da

birrefringência, assim como do índice de orientação dos

agregados cristalinos e do fator de orientação das zonas

não cristalinas. Quando estudou os tratamentos cegos a

alta temperatura e segundo o processo termosol,

Symonowicz detectou um aumento importante da

cristalinidade do substrato original, ao passo que o

tingimento cego com carrier produzia um decréscimo

apreciável desse parâmetro da estrutura fina. A influen-

cia dos diferentes corantes na estrutura fina do poliéster

tinto não pode ser avaliada com clareza, já que os valo-

res dos diferentes parâmetros eram dificilmente

interpretáveis, em alguns casos pela escassa diferença

entre eles e também com os substratos tratados com

ausência de corante. Em outros casos, as diferenças fo-

ram tão altas (5 ou 13 unidades percentuais de

cristalinidade) que dificilmente podem ser atribuídas ao

efeito produzido por um determinado corante(2).

Tecnologia Fibras Química Têxtiln° 75/jun.04

Modificação da estrutura fina do poliésterno tingimento em alta temperatura

J. Gacén, D. Cayuela, J. Maillo e I. GacénUniversidade Politécnica da Catalunha - Espanha

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

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Posteriormente(3), a mesma autora deduziu que o

tratamento térmico próprio do tingimento a 130ºC pro-

duz, sobretudo, uma desorientação das regiões cris-

talinas e, ocasionalmente, uma recristalização. A in-

tensidade da modificação depende do tipo de corante

(polaridade, linearidade e tamanho de sua molécula).

Segundo essa autora, os corantes de maior polarida-

de produzem um aumento da desorientação que afeta

unicamente as zonas amorfas. Por outro lado, os de

baixa polaridade e de forma geométrica linear neu-

tralizam em boa parte os efeitos produzidos pelo tra-

tamento térmico. Disso se deriva uma inibição da de-

sorientação nas zonas amorfas e uma destruição par-

cial das zonas cristalinas da fibra. Os efeitos

destrutivos são conseqüência da inclusão ou penetra-

ção das moléculas de corante nas regiões cristalinas

menos perfeitas. Esses efeitos estão também relacio-

nados com a estrutura fina inicial da fibra e com a

intensidade do tratamento térmico associado ao pro-

cesso de tingimento.

Parte experimental

Material

- Tecido de poliéster, massa laminar de 160 g/m².

- Trama: poliéster semimate texturizado, título nominal,

167 dtex/30f.

- Urdume: fio paralelo de poliéster brilhante

(multilobulado), título nominal 120 dtex/46fil.

Tratamentos

Descrude

O tecido foi primeiramente lavado para eliminar a

engomagem. Em seguida, foi descrudado a 80ºC duran-

te 30 minutos em uma solução que continha 0,2%

(s.p.m.) de Detergente PS (mistura de tensoativos

aniônicos e não-iônicos) e 0,2% de Detergente 124 (mis-

tura de tensoativos e dissolventes). Finalmente, se pro-

cedeu primeiro a uma lavagem com água morna e por

último uma lavagem com água fria.

Tingimento

Os tingimentos foram realizados em um equipamen-

to piloto industrial, com os corantes Vermelho Brilhante

Foron E-2BL (Clariant) de molécula pequena e Azul

Marinho Serilene GR-LS (Yorkshire) de molécula gran-

de, com pesos moleculares de 331 e 621 respectiva-

mente. Também foram efetuados os tratamentos com

ausência de corantes (tingimento cego).

As condições de tingimento foram as seguintes:

A relação tempo/temperatura do processo foi a seguin-

te: o material (pedaços de tecido de 200 gramas) foi in-

troduzido em um banho de tingimento a 40ºC e em um

tempo de 30/35 minutos se alcançou a temperatura de

130ºC. Essa temperatura foi mantida durante 30 minutos

e em seguida o banho foi resfriado até 90ºC. A seguir, os

substratos foram submetidos aos seguintes tratamentos:

1. água a 60ºC durante 10 minutos;

2. banho redutor, com uma concentração de 2 g/l de

hidrossulfito sódico e 2 g/l de NaOH 18M, a 70ºC, du-

rante 15 minutos;

3. água na temperatura ambiente durante 10 minutos;

4. solução de 50 ml de ácido acético 70% em 50 l de

água, durante 10 minutos;

5. água na temperatura ambiente durante 10 minutos.

Caracterização da estrutura fina

A caracterização da estrutura fina, segundo as técni-

cas que serão descritas, foi realizada sobre a trama do

tecido utilizado após seu tingimento nas condições assi-

naladas.

Calorimetria diferencial de varredura

Se considera como temperatura efetiva de termofi-

xação a correspondente ao pico da "endoterma" prévia

Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04

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à fusão principal (PEP, premelting endothermic peak),

que corresponde à fusão dos pequenos cristais que se

formam na cristalização secundária do poliéster que tem

lugar na termofixação.

Para determinar a endoterma foi utilizado um equi-

pamento Perkin Elmer DSC-7 nas seguintes condições:

temperatura inicial: 50ºC, temperatura final: 300ºC, ve-

locidade de aquecimento: 20ºC/minuto, fluxo de gás iner-

te (nitrogênio) 2 kg/cm².

A cristalinidade foi calculada a partir da expressão:

onde ∆H é a entalpia em J/g obtida mediante DSC e 117,5

J/g é a entalpia de fusão de um cristal de poliéster.

Cristalinidade

Foi calculada a partir da densidade obtida fazendo

uso de uma coluna de gradiente de densidades

(Davenport), aplicando a equação de Dauber, Bunn e

Braun(5).

onde: α é a fração cristalina do substrato,

1,455 é a densidade do PET totalmente cristalino,

1,355 é a densidade do PET totalmente amorfo.

Tempo crítico de dissolução (TCD)

Esse parâmetro da estrutura fina da fibra de poliéster

constitui uma medida global da coesão intermolecular das

fibras de poliéster. Quanto maior é a cristalinidade da fibra

mais alto é o valor do TCD. Gacén e Canal descreveram

com detalhes essa técnica em publicações anteriores(6).

O ensaio foi realizado em várias temperaturas, com

uma mistura de fenol/tetracloroetano (Ph/TCE) 50/50.

Solubilidade diferencial

A solubilidade diferencial das fibras de poliéster se

define como a porcentagem de fibra dissolvida depois

de permanecer 30 minutos em contato com uma mistura

(Ph/TCE) a uma temperatura determinada. Quanto mai-

or é a cristalinidade da fibra menor é sua solubilidade

diferencial(7, 8). O ensaio foi realizado a várias tempera-

turas empregando uma mistura 30/70 (Ph/TCE).

Absorção de iodo

É a quantidade de iodo (em miligramas) absorvida

por uma grama de fibra de poliéster depois de permane-

cer em contato durante 20 minutos a uma determinada

temperatura com uma solução 0,5M de iodo em água

que contenha fenol como agente de inchação. A solu-

ção utilizada continha 350 ml/l de fenol(9, 10).

Quanto maior é a cristalinidade e/ou a orientação

menor é a absorção de iodo. As misturas Ph/TCE utili-

zadas nos ensaios do TCD e da solubilidade diferencial

foram as mesmas usadas na ocasião da caracterização

da estrutura fina dos substratos termofixados em dife-

rentes temperaturas(11). Isso significa o emprego de mis-

turas muito mais ricas em fenol do que quando se trata

de material não termofixado. Pela mesma razão, tam-

bém a concentração de fenol no ensaio de absorção de

iodo foi maior do que a habitual.

Resultados e discussão

Como já foi assinalado, todos os resultados se refe-

rem ao componente trama do tecido utilizado. Com a

finalidade de comparação, foram incluídos os valores

da densidade, TCD, solubilidade diferencial e absorção

de iodo do mesmo substrato original, termofixado em

uma planta industrial em temperatura nominal de 160ºC

(temperatura efetiva 165ºC), a mais baixa do intervalo

160-220 ao qual se tenha feito referência.

A tabela 1 contém os valores da densidade, assim

como os da cristalinidade calculada a partir dela. Como

se pode apreciar, o tratamento de descrude produz no

substrato cru um aumento da densidade/cristalinidade

superior ao que tem lugar no tingimento cego do

substrato descrudado. Também se observa que os

substratos tintos apresentam a mesma densidade, inde-

pendentemente do corante utilizado.

Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04

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Por outro lado, a cristalinidade dos substratos tintos

é aparentemente algo superior (0,5 unidades percentuais)

àquela dos substratos tratados com ausência de corante.

Em relação ao substrato original, o tingimento cego pro-

duz um aumento da cristalinidade da ordem de 2 unida-

des percentuais.

O aumento da densidade que tem lugar na operação

de tingimento pode ser atribuído a uma cristalização

secundária, segundo podemos deduzir da endoterma

prévia à fusão principal que aparece nos corresponden-

tes termogramas. A maior densidade dos substratos tin-

tos com respeito ao tratado em ausência de corante po-

deria ser atribuída a ocupação, pelo corante, de ocos ou

poros presentes na estrutura fina da fibra. Por essa ra-

zão, é muito provável que à sua maior densidade não

corresponda uma maior cristalinidade. Por último, cabe

assinalar que a cristalinidade do substrato tratado em

ausência de corante difere em somente 1,4 unidades

percentuais daquele que foi termofixado a 160ºC.

uma cristalização secundária. Isso não é estranho, já que

a temperatura se situa acima da transição vítrea (67ºC)

e o tempo foi suficientemente prolongado.

Os tratamentos de tingimento nas condições descri-

tas provocam um aumento da temperatura efetiva, de

modo que esta passa a 157-157,2ºC, sem que nesse va-

lor influa a presença ou o tipo de corante utilizado. Nem

o valor da entalpia de fusão nem o da cristalinidade a

partir dela deduzido depende da presença ou ausência

de corante no banho de tratamento.

Como resumo, pode-se assinalar que a temperatura

efetiva do substrato descrudado é de 147ºC e que passa

para 157ºC ao ser submetido a operação de tingimento

em alta temperatura (130ºC), independentemente da pre-

sença ou ausência de corante no banho. Assim, as varia-

ções que se produzem na estrutura fina do substrato, detec-

táveis por DSC, devem ser atribuídas exclusivamente ao

tratamento e não são induzidas pela presença de corante.

A tabela 2 mostra os valores do TCD dos substratos

original, descrudado e tintos, assim como o do substrato

termofixado normalmente a 160ºC. Nesta tabela pode-

se apreciar que o descrudado aumenta a compactação

da fibra, segundo se deduz do importante aumento do

TCD. O tingimento em alta temperatura produz,

logicamente, um aumento do TCD, sem que se obser-

vem diferenças entre os substratos tintos e os tratados

com ausência de corantes.

Os substratos tintos com os corantes vermelho e azul

apresentam TCD apenas diferentes, se bem que parece

que o tecido tinto com o corante vermelho apresenta

valores ligeiramente superiores. No que se refere ao

substrato termofixado a 160ºC, os valores do TCD são

Analisando os valores dos picos das endotermas prévia

e principal, assim como a entalpia de fusão e a cristalinidade

dos substratos referenciados, percebe-se que o termograma

do substrato descrudado apresenta uma pequena endoterma

prévia à fusão princi-

pal com um pico lo-

calizado a 146,9ºC.

A presença dessa

endoterma significa

que o tratamento de

descrude (80ºC, 30

minutos) produziu

Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04

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praticamente iguais aos dos substratos tintos. Dessa for-

ma, podemos acreditar que o tratamento térmico pró-

prio do tingimento em alta temperatura produz sobre a

estrutura da fibra efeitos muito similares aos produzi-

dos pela termofixação a 160ºC, pelo menos no que essa

técnica de caracterização se refere.

Na tabela 2 também estão contidos os valores da ener-

gia de ativação aparente (Ea) do processo de desmoro-

namento do edifício macromolecular, que tem lugar no

ensaio do TCD. Pode ser observado que aumenta ligei-

ramente ao aumentar a intensidade dos tratamentos tér-

micos experimentados pelo substrato. Também sucede

que todos os substratos tratados, com ou sem corante, e

o termofixado a 160ºC apresentam o mesmo resultado.

O valor das correspondentes energias de ativação foi

calculado representando o In (1/TCD) em função do

inverso da temperatura absoluta já que Ea é proporcio-

nal à pendente da linha reta que os relaciona(12).

A tabela 3 contém a resposta do ensaio de solubili-

dade diferencial aos tratamentos térmicos aplicados ao

substrato. Também contém os valores da temperatura

de média solubilidade (T1/2s

), entendendo-se como tal

aquela na qual teoricamente se dissolveria 50% do

substrato. O tratamento de descrudado diminui muito a

solubilidade diferencial do substrato inicial, o que fica

refletido no fato de que a temperatura de média solubi-

lidade do descrudado é 7ºC superior à do cru. A aplica-

ção de um tratamento de tingimento cego ao substrato

descrudado significa também uma diminuição da solu-

bilidade, que se traduz em um aumento de 4ºC na tem-

peratura de média solubilidade. Por sua parte, o

tingimento em presença de qualquer um dos dois corantes

parece que conduz a solubilidades inferiores àquela que

se produz em um tingimento cego, o que também se

reflete em um ligeiro aumento da temperatura de média

solubilidade. De tudo isso se conclui que os substratos

tintos possuem uma estrutura fina mais compacta ou

menos acessível à mistura Ph/TCE do que o submetido

a um tingimento cego.

Por último, cabe indicar que o substrato termofixado

a 160ºC apresenta solubilidades claramente inferiores a

dos tintos em qualquer condição.

A partir destes dados, percebe-se que o ensaio de

solubilidade é mais sensível do que o de TCD para ma-

nifestar diferenças de estrutura fina entre substratos tra-

tados com ou sem corante, assim como entre os tintos e

o termofixado a temperatura nominal de 160ºC.

Os valores de absorção de iodo dos substratos estuda-

dos estão contidos na tabela 4. Nela se pode apreciar que

o tratamento de descrude ocasiona uma notável diminui-

ção da absorção de iodo comparado com o substrato cru

e também que o tingimento cego produz uma importante

diminuição da absorção de iodo em relação ao descrudado.

Tudo isso ocasiona o deslocamento das correspondentes

curvas de absorção, de modo que, como é bem conheci-

do(11), a medida em que aumenta a intensidade do trata-

mento térmico é maior a temperatura na qual se atinge a

absorção máxima e diminui o valor desta. A tabela tam-

bém apresenta o valor da temperatura na qual, teorica-

mente, um determinado substrato apresentaria uma ab-

sorção igual a metade da absorção máxima.

Por outro lado, pode-se observar também que a pre-

sença de qualquer um dos dois corantes no banho de

tingimento modifica pouco o comportamento do

substrato quanto a absorção de iodo comparado com a

absorção do substrato tratado sem a presença de

corante. Por último, ao comparar a absorção dos

substratos tintos com a do termofixado a 160ºC, pode-

mos dizer que, apesar das diferenças de absorção a 40

e 45ºC, os valores dos quatro resultados apresentam

uma curva de absorção comum.

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Salientamos nesta apreciação da tabela 4 que pode-

mos observar que o substrato tinto com o corante de

molécula pequena apresenta em quase todos os interva-

los de temperaturas absorções menores do que o tinto

com o corante de molécula grande.

Conclusões

Nas condições experimentais próprias deste estudo,

podemos concluir que:

1. O tratamento de descrude ocasiona uma variação da

estrutura fina do substrato cru superior a que produz o

tingimento posterior no substrato descrudado.

2. O valor do TCD do substrato correspondente ao

tingimento cego e o correspondente aos tingimentos com

os corantes de molécula pequena (vermelho) e grande

(azul) é praticamente o mesmo, qualquer que seja a tem-

peratura do ensaio. O substrato termofixado a 160ºC

também apresenta um valor muito similar.

3. A solubilidade diferencial dos substratos tintos é cla-

ramente inferior a do substrato tratado com ausência de

corante.

4. Foram constatadas diferenças na absorção de iodo

dos substratos tratados em ausência ou presença de qual-

quer um dos dois corantes. Não obstante, parece que no

tingimento com o corante de molécula pequena a absor-

ção é algo menor do que no tingimento com o corante

de molécula grande.

5. O substrato descrudado e depois de termofixado a 160ºC

apresenta valores de TCD e de absorção de iodo similares

aos dos substratos tratados em tingimento cego ou com

qualquer um dos dois corantes. Ao contrário, a solubilida-

de diferencial do substrato termofixado a essa temperatura

é apreciavelmente inferior a dos substratos tintos, e, sobre-

tudo, a do substrato tratado em ausência de corante.

Agradecimento

Este estudo faz parte do Projeto MAT-97-1186 fi-

nanciado pela Comissão Interministerial de Ciência e

Tecnologia (CICYT) dentro do programa de Materiais.

Os autores desejam expressar seu agradecimento à em-

presa Tints i Aprestos Valls e a seu administrador Sr.

Valls Palou (Conrado), pelo uso de suas instalações e

pelo oferecimento de sua valiosa experiência na planifi-

cação do mencionado Projeto.

Bibliografia

1. J. Gacén, J. Maillo e I. Gacén; Color. Technol. nº

117, 2001, p.24.

2. B.Lipp-Symonowicz e G.W. Urbanczyk; Melliand

Textilberichte, Enero 1974, p.59.

3. B.Lipp-Symonowicz; Melliand Textilberichte, Junio

1979, p.506.

4. B.Lipp-Symonowicz e G. Urbanczyk; Melliand

Textilberichte, Febrero 1985, p.123.

5. R.P. Daubeny, C.W. Bunn e J. Brown, Proc. Roy.

Soc. 1954, A 226.

6. J. Gacén e J.M. Canal; Bull. Scient. I.T.F., vol. 17,

Febrero 1976, p.17.

7. J. Gacén, J. Maillo e J.J. Baixauli; Melliand

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8. J. Gacén e J. Maillo; J. Textile Institute, vol. 86, 1995,

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9. V. Lacko e Galanski; Textilia, Noviembre 1972, p.47.

10. J. Gacén, J. Maillo e F. Bernal; Melliand

Textilberichte, Octubre

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11. J. Gacén, D. Cayuela,

J. maillo e I. Gacén;

Tinctoria, 5/2000, p.28.

12. J. Gacén e J.M. Canal;

Bull. Scient. I.T.F., nº 28,

Noviembre 1978, p.427.

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Tecnologia FibrasQuímica Têxtil - n° 75/jun.04

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Neste artigo Gordon Mackie, vice-presidente exe-

cutivo da Geerdes International, revisa o desenvolvi-

mento das fibras naturais no século XX e as perspecti-

vas para o novo milênio.

Introdução

Em 1900, as fibras manufaturadas acabavam de se tornar

uma proposição comercial. O filamento de viscose, promovi-

do por Samuel Courtauld, desafiou a seda natural no segmen-

to de mercado de forros de ataúdes e resultou no primeiro

exemplo de um têxtil fabricado com um propósito

"descartável". A seda não desapareceu como alguns pensa-

ram e sim triplicou seu volume de produção no final do século.

O algodão foi a estrela na maior parte do século XX.

Em 1900, constituiu 50% de todas as fibras naturais e

no ano 2000 subiu para 75%. Todas as outras fibras

naturais cresceram em volume no princípio e logo de-

pois declinaram a medida em que ondas de filamentos

manufaturados penetraram, uma a uma, em seus mer-

cados. Este artigo tenta lançar alguma luz sobre

quando e como ocorreram essas mudanças e quais

são as projeções prováveis para cada uma das fi-

bras naturais para as próximas duas décadas.

A figura 1 ilustra como o algodão consolidou sua

posição. As outras fibras naturais estavam, em gran-

de parte, concentradas em têxteis industriais e foram

superadas tecnicamente pelos sintéticos. Em segui-

da, como a tecnologia melhorou e a economia da pro-

dução se estendeu em larga escala, os sintéticos se

tornaram imprescindíveis.

Apesar da probabilidade de os preços da energia serem

relativamente mais altos durante a primeira metade do século

XXI, as fibras manufaturadas capturaram todo o crescimento

disponível no mercado têxtil. A figura 2 mostra as projeções a

longo prazo para as fibras naturais comparadas com as ma-

nufaturadas, enquanto que a figura 3 ilustra os mesmos dados

em termos de consumo per capita. Esse formato ressalta

ainda mais o mercado declinante das fibras naturais.

Tecnologia Fibras Química Têxtiln° 75/jun.04

Seleção natural

Gordon Mackie - Geerdes International (USA)Artigo publicado na Revista Galaxia - Argentina

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

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Algodão

O Poliéster é a nova "rainha" em um matrimônio arran-

jado com o "rei" Algodão. Essa rainha se mistura com seu

rei, mas se reserva o direito de ir sozinha na forma de

filamento contínuo de poliéster.

Antes dos anos 80, os preços do algodão fixavam os

valores das fibras cortadas, mas durante os anos 90 o poli-

éster finalmente ganhou a batalha e não parece que vá

perder o controle. A Austrália é o produtor mais barato de

algodão no mundo, mas mesmo ali não é rentável cultivar

algodão de qualidade mediana para vender a menos de US$

1300/tonelada. Nos Estados Unidos e na maioria dos ou-

tros países que subsidiam seus produtores de algodão, o

custo real para cobrir os gastos da produção de algodão é

de aproximadamente US$ 1500/tonelada.

Os custos do poliéster, seja ele produzido na Ásia ou em

outro lugar, dependem muito dos custos iniciais do ácido

tereftálico e do etileno glicol. Sempre e quando esses ingre-

dientes permaneçam ao redor de US$ 600 e US$ 400 por

tonelada, respectivamente, a fibra cortada de poliéster

pode ser produzida e vendida rentavelmente a US$ 1150

por tonelada. As conseqüências comerciais foram que

o algodão teve que incrementar o mercado e improvi-

sar com uma declinante porção do mesmo. Na figura 4

é demonstrada uma comparação de preços (com valo-

res constantes de 1990) de algodão e poliéster cortado.

Nas duas décadas seguintes, a produção de algo-

dão poderia ainda crescer cerca de 10%, permane-

cer estancada ou ficar logo abaixo do atual pico de

produção que se situa ao redor de 19 milhões de toneladas.

O uso da terra para o algodão permaneceu, nos últimos 50

anos, em 33 milhões de hectares + 5% em todo o mundo e

um incremento maior do rendimento por hectare não alte-

rará a economia básica do cultivo do algodão.

A nova biotecnologia pode certamente ajudar a reduzir

a aplicação de pesticidas tóxicos e melhorar os rendimen-

tos, mas o resultado bruto não dará ao algodão muito alívio

da pressão competitiva do poliéster, especialmente devido

a crescente hesitação dos governos em promover o cultivo

do algodão com subsídios aos produtores, ou com custos

menores de fornecimento de água para irrigação.

A produção de algodão pode estar sob ataque, mas per-

manece como escolha de uso confortável para aqueles que

podem pagar seu preço. As expectativas de vendas nos

Estados Unidos de 14 quilos de algodão per capita no ano

2000 somam cerca de 40% do consumo têxtil de todo o

país. Em contraste, na China o consumo do algodão estará

logo abaixo de 3 quilos per capita (37% do consumo total

da população), enquanto que o poliéster sobe para li-

derar o consumo com 39% do mercado.

A pergunta é: quanto o poliéster pode simular o fa-

tor conforto do algodão e, por sua vez, quanto pode o

algodão imitar o fácil cuidado do poliéster? Acredita-

mos que estão sendo feitos progressos em ambas as

direções mas, sem um claro vencedor em perspectiva.

Fibra de lã

Desde 1990, a lã tem experimentado um dramático

revés sobre os volumes crescentes obtidos no início do

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século. Hoje, as lãs híbridas permanecem com maior oferta

do que procura e as lãs merino lutam para obter preços rentá-

veis. Não existe uma explicação simples para essa desordem.

A "Nova Lã Pura" permanece como um produto de prestígio

garantido pela etiqueta Woolmark, embora muitos consumi-

dores tenham decididamente mudado os seus trajes para rou-

pas menos formais. As fibras acrílicas são baratas e funcio-

nais e dominam o mercado massivo dos tecidos. Os tapetes,

um uso tradicional da lã, perderam mercado com os revesti-

mentos celulósicos nos mercados, e também sofreram por

décadas uma incessante concorrência do nylon e das olefinas.

Finalmente, o evento chave que fez com que a lã perdesse

sua maior porção do mercado foi o colapso do consumo têxtil

e de lã na anterior União Soviética e em grande parte da Eu-

ropa do Leste. Nesses países (com uma população combina-

da de 400 milhões de habitantes), o consumo de lã para o ano

2000 era de 180.000 toneladas menos do que durante a déca-

da de 90. Em geral, se esperava que os volumes de lã mudas-

sem um pouco menos, como se mostra na figura 5.

As ovelhas estão sendo criadas mais para os matadou-

ros e exploração da carne do que para a utilização da lã,

por isso talvez se deva fazer maiores esforços para criar

animais com duplos e melhores propósitos.

Na Europa, a Itália mantém a liderança do mercado da lã

em indumentárias, mas não obstante (parece que os produ-

tores australianos e neozelandeses ganharam) tem que in-

vestir grande quantidade de dinheiro no marketing da lã e

agredir o mercado para manter os atuais volumes e preços.

Linho

O linho esteve em declínio na maior parte do Século

XX, mas ainda estará entre nós durante o Século XXI. É

agora um simples nicho têxtil, tendo sido forçado a deixar

seus mercados tradicionais nas indústrias têxteis.

A antiga União Soviética foi a grande líder no volume

de produção de linho. Quando sua indústria têxtil entrou

em colapso, seguindo os eventos de 1990, a saída de mer-

cadorias de linho foi reduzida em 20% sobre os níveis an-

teriores. A indústria do linho na Rússia provavelmente che-

gou a um ponto mínimo e qualquer recuperação será dolo-

rosamente lenta porque o capital para tecnologia moderna

ou inversão é praticamente inexistente.

A figura 6 mostra o perfil da produção de linho e seu

consumo durante o último século e antecipa uma maior con-

tração sobre as próximas duas décadas devido aos subsídios

agrícolas que foram bastante cortados na Europa em geral e

praticamente eliminados na Europa Oriental e Rússia.

Os anos 40 mostraram uma dramática queda quando a

Segunda Guerra Mundial prejudicou a produção de linho

na Rússia. O abrupto declínio, logo após 1990, foi causado

pela atual desordem econômica na Rússia e Ucrânia. Ape-

sar desses reveses, o linho captou a atenção e estima dos

lançadores de moda, os quais o incluem em suas coleções

de verão ano após ano. As recentes melhorias no acaba-

mento de tecidos mantém a promessa de artigos de linho

de cuidado fácil, que terão melhor aparência.

Quando o linho for direcionado para um círculo de de-

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manda de moda (em aproximadamente 2 a 5 anos), os fabri-

cantes de fios de algodão usarão um linho "algodonizado" ou

de fibra curta (em misturas com algodão ou viscose) para

aproveitar a oportunidade do mercado. Alguns desses arti-

gos mistos são marcadamente parecidos com o linho e esta-

rão disponíveis pela metade do preço dos clássicos produtos

de linho puro. Não eliminemos o linho no Século XXI, pois

existe um grande número de possibilidades para essa fibra,

posto que é magnificamente fresca e confortável para o uso.

Rami

A maioria das pessoas nunca ouviu falar em rami e se

ouviu freqüentemente o confundiu com o linho. O rami é uma

longa fibra cortada, principalmente cultivada e processada na

China. Permaneceu pouco conhecida fora da Ásia e Brasil

(onde foi introduzida por imigrantes japoneses) até que no fi-

nal dos anos 70 os chineses descobriram que não estava co-

berta por cotas de importação de têxteis nos Estados Unidos.

Como se pode notar na figura 6, a produção do rami foi

duplicada, partindo de uma base pequena nos anos 70, até que

se estabeleceu a cota de importação no final dos anos 80.

Agora, a produção está se revertendo ao seu volume "nor-

mal" de mercado, que é inferior a 100.000 toneladas por ano.

O rami é uma fibra de alto rendimento de cultivo que custa

menos do que o linho, mas requer um tratamento extenso de

desengomagem prévia à fiação e acaba custando mais do que

o algodão. Os acessórios do lar feitos de rami têm um merca-

do tradicional na Ásia, mas sua utilização mais ampla em pren-

das (concorrendo com o linho) não é provável devido a um

toque mais áspero e menor conforto no uso, comparado ao

linho. Mesmo tendo tanto ou mais a oferecer no uso têxtil do

que o cânhamo, o rami parece tender a permanecer como

uma estrela não apreciada entre as fibras naturais.

Juta

Entre as fibras naturais a juta é a segunda colocada,

vindo logo após o algodão. Mas está muito longe dele, com

somente 3 milhões de toneladas de cultivo. A figura 5 mos-

tra como a juta esteve em declínio desde 1980. A indústria

de processamento da juta (mundial) foi empurrada para

seu próprio território, o subcontinente hindú, não obstante

algumas poucas fábricas permanecerem ativas na China,

África, Brasil e Tailândia.

A juta foi alvo de depreciações desde a chegada da

manipulação em massa e especialmente desde a criação

dos plásticos, em forma de filme de polipropileno, em for-

ma de fitas e bases de tapetes. Em 2000, o consumo mun-

dial de sacolas de juta foi de mais ou menos 3 bilhões, mas

as sacolas de polipropileno somaram mais de 20 bilhões,

uma assombrosa mudança em apenas 30 anos.

A juta está sustentando precariamente seu mercado de

sacolas na Índia, onde são utilizadas 1 bilhão delas cada

ano, por aproximadamente 1 bilhão de pessoas. A China

tem um consumo estimado de 3 bilhões de sacolas no mo-

mento, mas somente 1 em 5 é fabricada com juta e o resto

é de polipropileno. Bangladesh ainda é o maior fornecedor

de juta e sacolas para exportação. As fábricas de juta do

país, muitas em mãos do governo, têm séria sobreca-

pacidade e também estão mal gerenciadas. Agregado a

isso, as fábricas devem aos bancos um equivalente a 1

bilhão de dólares e não têm capacidade de pagar. Isso deve

ser algum tipo de recorde mundial para a indústria têxtil.

As exportações de fibra fiada e retorcida constituem

um espaço brilhante para a juta, com 250.000 toneladas

destinadas ao subcontinente hindú, para as tecelagens de

tapetes e outros usuários, mas mesmo nesse setor existe

um excesso de capacidade de produção e a ameaça da

substituição por sintéticos espreita em segundo termo, po-

dendo baixar os preços da juta sem processamento ou da

fibra fora de linha. Um maior declínio parece inevitável.

Os produtores de juta podem ao menos mudar para outros

cultivos, mas a perspectiva para as 500.000 pessoas que

trabalham na indústria da juta é desoladora, os números

possivelmente se reduzam pela metade para o ano 2020.

Fibras duras (sisal)

Antigamente, as cordas eram feitas de uma ampla varie-

dade de fibras, incluindo o cânhamo suave, linho, sisal, cânha-

mo de Manila, Ixtle do México e várias outras. Gradualmente,

o sisal dominou, mas por sua vez foi substituído pelo polipropileno

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e outros sintéticos. Hoje, 80% do cultivo de sisal é produzido e

manufaturado na África, Brasil, México e América Central.

A figura 7 mostra como a produção de sisal aumentou rapida-

mente para cobrir a demanda de cordas e cordões logo após o

fim da Segunda Guerra Mundial. A chegada de fibras corta-

das de filme de polipropileno baratas, porém mais fortes, du-

rante a década de 60 foi um ponto de mudança na indústria e

terminou com o domínio do sisal no mercado de cordas.

O mercado total de cordas e cordões tem crescido enor-

memente nos últimos cem anos e alcançou ao redor de 2 mi-

lhões de toneladas ao ano. As fibras naturais, incluindo o sisal,

e outras contribuem agora (no máximo) com cerca de 20%

da demanda, enquanto os sintéticos cobrem os outros 80%.

O mercado de sisal em fardo retorcido está em si mesmo

ameaçado, posto que foram estabelecidos novos filmes plásti-

cos para envoltórios. Isso deixará o sisal com uma posição

menor como especialidade utilizada em esteiras ou tapetes,

junto com a fatia de mercado que sobre a medida em que as

velhas máquinas de fardos gradualmente forem desaparecendo.

A maioria das pessoas não sabe que existe a fibra de coco,

que é extraída da casca da fruta, deixando de lado o fato de

que é um significativo recurso como fibra natural. Como mai-

or exemplo de sua utilização, citamos os tapetes felpudos usa-

dos nas portas de entrada das residências. Quase toda fibra

de coco comercial é extraída, fiada e tecida a mão no sul da

Índia e Sri Lanka. A fibra de coco provou ser quase impossí-

vel de mecanizar sua produção, de maneira que é uma fonte

principal de emprego local. Uma parte da fibra de coco é

consumida em cordas, mas o grosso destina-se a esteiras e

tapetes. A maioria é exportada para os Estados Unidos e mer-

cados europeus e o resto é utilizado na Índia como cordoaria.

Em muitas outras partes do mundo onde cresce o coco,

simplesmente não é econômico extrair a fibra da casca de

maneira que tudo é desperdiçado. Os plásticos moldados tive-

ram um impacto pequeno no mercado dos felpudos, assim, as

perspectivas para a fibra de coco são razoavelmente brilhan-

tes. Não obstante, é uma atividade de trabalho muito intensiva

e a quantidade de cocos disponíveis no sul da Índia é limitada.

Por essas razões é pouco provável que a indústria mantenha o

significativo crescimento que teve até o ano 2000. As tendên-

cias passadas e futuras estão demonstradas na figura 7.

Cânhamo

O linho e o cânhamo costumavam dividir o mercado de

fibras industriais. O cânhamo era dominante nas cordas e

o linho em lonas e velas marítimas. Na primeira metade do

século, ambas fibras foram cultivadas em volumes simila-

res, mas os volumes do cânhamo declinaram como o sisal

e os sintéticos os tiraram do mercado.

É irônico que o uso do cânhamo como uma fonte de THQ

(a droga ativa da Cannabis) levou a extinção do cultivo do

cânhamo na maioria dos países e acelerou seu declíneo como

fibra têxtil. O manufaturado que contenha a fibra de cânhamo

dificilmente terá algo de THQ, que está concentrado nas flo-

res e sementes da planta. Hoje, a maior parte da fibra de

cânhamo é cultivada na China, junto com alguns poucos luga-

res de produção na Europa. Uma grande quantidade de câ-

nhamo sem fibra é cultivada para extração de THQ na Índia

e em menores quantidades na América e Norte da África.

O "lobby" Eco tem uma grande fé no cânhamo como

um cultivo ambientalmente benéfico e desde o advento de

variedades de baixo conteúdo de THQ obtidas na França,

se prognostica uma reativação do cultivo em todo o mun-

do. A figura 6 sugere que pode ocorrer uma pequena recu-

peração para o ano 2020, mas se deve notar que o grosso

dos cultivos será utilizado para a indústria do papel e outras

aplicações industriais, deixando pouco para os têxteis. As

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fábricas chinesas reconheceram a demanda ecológica dos

têxteis de cânhamo nos Estados Unidos e Europa e hoje

são as principais fornecedoras de materiais de cânhamo.

Seda

Longe de ser substituída pela viscose, a produção de

seda sobreviveu e ainda prosperou especialmente na Chi-

na e Índia. Comparada com outras fibras, os volumes de

venda são pequenos, mas ao preço de 20 ou 30 dólares por

quilo a seda mantém um lugar significativo em termos de

mercado. A figura 5 mostra que os volumes de fabricação

da seda são pequenos em comparação com outras fibras

naturais, mas que tem subido gradualmente e a projeção a

longo prazo para a seda natural é de um crescimento lento

mas seguro. Apesar do fato de os tecidos de filamentos de

microdenier de poliéster (desenvolvidos no Japão, um usu-

ário tradicional de seda) serem quase idênticos aos de seda

natural, a cada ano existem mais consumidores ao redor

do mundo que demandam seda real e podem pagar por ela.

A seda tem um nome maravilhoso e reputação como arti-

go de luxo o que assegura seu futuro, a longo prazo, como um

"têxtil posicional", ou seja, um item de luxo adquirido em parte

para mostrar o bem estar e estatus social do proprietário.

Existem desenvolvimentos da verdadeira "seda artificial",

mas isso ainda está no rascunho, posto que a biologia do bicho

da seda que produz um fio de alta tenacidade está sob intensi-

va investigação. Poderá levar alguns anos, mas alguns de nós

viveremos para ver que os têxteis produzidos biologicamente

substituirão alguns dos atuais têxteis químicos.

Conclusão

Tendo recorrido toda a família das fibras naturais é

aparente que elas, apesar de terem perdido mercado com-

paradas com as fibras manufaturadas (algumas muito sig-

nificativamente), ainda estão conosco e se consolidaram

em nichos de produtos.

O marketing verde ou ambientalmente dirigido não ate-

nuou seu declínio. Tais táticas de marketing são questionáveis

de todos os modos, posto que o cultivo de algodão parece

ser muito menos ambiental do que poderia ser. Os cultivos

industriais não são necessariamente "verdes" em termos

ambientais ou políticos. O cultivo de linho, juta, cânhamo,

sisal ou fibra de coco tem um impacto ambiental muito

menor do que o do algodão. Por sua vez, todas as fibras

naturais, incluindo o algodão, têm demandas de energia fóssil

muito mais baixa do que as fabricadas pelo homem.

Apesar de toda a hipérbole do mercado a favor dos produ-

tos naturais, é difícil perceber se as fibras naturais têm real-

mente tirado proveito e, por outro lado, é claro notar que as

dificuldades na concorrência com as fibras manufaturadas e

sintéticas têm causado severas penas. Não está claro se as

produções de fibras naturais se estabilizarão nos volumes atu-

ais (como sugere a figura 1) ou começará a decair a medida

que diminuam as terras de cultivo de fibras em direção da

produção alimentícia. A figura 8 mostra o uso total mundial de

terra para a produção de fibras (excluindo lã). Mostra tam-

bém uma estimativa otimista do emprego de mão-de-obra e o

uso comercial de energia na produção de fibras naturais.

O emprego de mão-de-obra obviamente cairá a medida

que se desenvolva a mecanização do cultivo e da colheita.

Por outro lado, o uso de energia em forma de fertilizantes e

combustível continuará crescendo como tem sido na maior

parte do Século XX. Na análise final, a produtividade hu-

mana é o fator decisivo. É impossível ignorar o fato de que

na média anual uma pessoa pode escassamente produzir 2

toneladas de fibras naturais, comparada com as 22 tonela-

das ou mais de fibras manufaturadas.

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Foram utilizados diferentes tipos de pectinasas,

proteasas e lipasas para tratar as fibras de algodão e

artigos de malha. O efeito da ação enzimática foi ana-

lisado usando HPLC e ESCA e foram determinadas

as propriedades técnicas dos artigos tratados. As im-

purezas do algodão puderam ser removidas com

enzimas específicas, porém, a escolha da enzima teve

um grande impacto sobre o efeito da mesma.

Introdução

O algodão contém impurezas tais como ceras,

pectinas, ácidos orgânicos, proteínas, polisacárideos não

celulósicos e cinzas, como também uma certa propor-

ção de substâncias lignificadas. A quantidade total de

impurezas depende da origem do algodão e da maturi-

dade das fibras. Muitas dessas impurezas estão locali-

zadas na superfície externa das fibras(1, 2).

As ceras que constituem aproximadamente 0,4 a 1,2%

do peso do algodão são as mais difíceis de serem elimi-

nadas. Essas ceras são substâncias muito complexas,

compostas por um ou mais álcool de alto peso molecular

e ácidos graxos livres ou esterificados. Também acredi-

ta-se que estes estejam ligados quimicamente à celulo-

se ou pectina, ou alternativamente a proteínas residuais.

As proteínas do algodão, por sua vez, são resíduos

protoplasmáticos e, segundo se acredita, causam a co-

loração do algodão(1).

A remoção das impurezas durante o descrude é neces-

sária para obter uma boa umectação do material para o

posterior alvejamento ou tingimento. O maior obstáculo

para a umectação são as ceras, apesar de não ter sido en-

contrado correlação entre a absorção aquosa da fibra de

algodão e seu conteúdo natural de ceras. A distribuição da

cera residual determina a absorção aquosa(1). Tradicional-

mente, o processo de descrude era realizado mediante ebu-

lição com hidróxido de sódio, utilizando grandes quantida-

des de água e energia, as quais criam problemas ambientais.

O efluente alcalino requeria tratamento especial.

Devido a especificidade e as condições moderadas

de reação, as enzimas são ferramentas potenciais para

remover as impurezas do algodão. Foram testadas dife-

rentes enzimas para o biodescrude(3, 5). Tanto as celulasas

como as pectinasas melhoraram a umectação do algo-

dão. Efetuando um pré-tratamento dos materiais a 100ºC

ficou claro que se realça ainda mais o efeito das

pectinasas e das celulasas(6). Nos tratamentos com lipasas

ou proteasas não se percebeu melhoras na umectação

ou nos valores de retenção aquosa e nem em outras pro-

priedades técnicas do algodão(6).

Neste trabalho foram utilizados diferentes tipos de

pectinasas, proteasas e lipasas para o tratamento de fi-

bras e artigos de malha de algodão. O efeito da ação

enzimática foi analisado utilizando cromatografia líqui-

da de alta pressão (HPLC) e espectroscopia de elétron

para análise química (ESCA). Também foram determi-

nadas as propriedades técnicas dos artigos tratados.

Tecnologia Preparação Química Têxtiln° 75/jun.04

Descrude do algodãocom pectinasas, proteasas e lipasas

Johanna Buchert e Jaakko Pere - VTT Biotecnologia, Espoo, FinlândiaArja Puolakka e Pertti Nousiainen - Universidade Tampere de Tecnologia, Finlândia

Artigo publicado na Revista TCC & ADR - USATradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

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Materiais e métodos

Algodão

Foi utilizado algodão cru de origem russa, de uma

fiação local (Finlayson Ltd., Kajaani). As fibras foram

abertas em laboratório com um abridor em escala

(Schirp) e foram cardadas utilizando uma carda indus-

trial em escala (Ingolstadt). As cintas foram estiradas

duas vezes em equipamento próprio (Ingolstadt) antes

da fiação, que foi efetuada em um equipamento de rotor

(Suessen). O fio obtido foi tecido em um tear de labora-

tório (Mellory Bromley). O título do fio era de 40 tex e

o peso do tecido interlock, de 320 g/m².

Enzimas

Para remover as impurezas foram utilizadas enzimas

comerciais. Neste estudo, as enzimas de pectinas são

identificadas como pectinasa A, B e C; as proteasas como

proteasa A e B; e as lipasas como lipasa A e B. As

atividades das celulasas (HEC), proteasas, lipasas,

pectinasas, xilanasas e mananasas nas preparações fo-

ram analisadas de acordo com os métodos descritos nas

referências 7 - 12 respectivamente (tabela 1).

Tratamentos enzimáticos

Fibras de algodão

Os tratamentos enzimáticos das fibras de algodão fo-

ram feitos em buffers adequados para cada enzima: buffer

de acetato de sódio 50mM, pH 5 (pectinasas), buffer de

fosfato 50mM, pH 7 (proteasa S, lipasa A, e lipasa B); e

Tris HCL 100 mM, pH 9 (proteasa B). O tempo de trata-

mento foi de duas horas a 45ºC. A consistência da fibra

foi 2-10%. Os tratamentos de referência foram feitos de

forma similar, sem a adição de enzima. Em alguns casos

foi adicionado 2% de Berol aos tratamentos. Após o tra-

tamento, as fibras foram separadas e lavadas com água

destilada. Nos filtrados foi feita a análise da presença de

proteína, hidrolisados de pectina e ácidos graxos.

Tecidos de algodão

Os tecidos de algodão foram tratados em uma má-

quina Linitest por duas horas a 40ºC, utilizando ao re-

dor de 10 gramas de material, em um buffer de acetato

de sódio 50 mM (pH 5) ou em um buffer de fosfato 50

mM (pH 7). A relação de banho foi de 1:10. A agitação

mecânica foi ajudada pela colocação de cinco discos de

aço inoxidável em cada caneca do Linitest. Após os tra-

tamentos, as enzimas foram desativadas mediante ebu-

lição por 5 minutos e os tecidos lavados posteriormente

com água normal. Nos filtrados foi procedida a análise

da presença de pectinas, hidrolisados de proteínas e áci-

dos graxos. Foi realizada uma lavagem alcalina dos te-

cidos de algodão tratados enzimaticamente com 0,01 M

de hidróxido de sódio a 80ºC durante 30 minutos.

Análises químicas

O conteúdo de

pectina nas fibras

foi analisado por

metanólise ácida(13).

As proteínas foram

analisadas multipli-

cando o nitrogênio

total obtido pelo

método Kjehdhal

por 6.25(14). As ce-

ras foram analisa-

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das gravimetricamente após uma extração com CO2

supercrítico. O conteúdo de cinzas foi analisado por inci-

neração (550ºC) e o conteúdo de metal por AAS (absor-

ção atômica). A análise ESCA das fibras secas foram fei-

tas segundo descreve Laine (1994)(15). O tratamento alcali-

no das fibras de algodão, anterior à análise ESCA, foi feito

a 80ºC durante 30 minutos, utilizando NaOH 0,05M.

Após os tratamentos enzimáticos, a composição dos

carboidratos nos filtrados foi analisada com Dionex,

depois de uma hidrólise enzimática secundária a

monosacarídeos(16 - 17). Os hidrolisados de proteínas fo-

ram analisados pelo método Lowry(18). Os ácidos graxos

liberados no tratamento com lipasas foram analisados

com um kit de análise Boehringer.

Ensaio de tecidos

A resistência a tração dos tecidos foi medida por rup-

tura de uma carga de fios, segundo SFS 2810 (determi-

nação da carga de ruptura e alongamento na carga de

ruptura dos fios). O desvio padrão das medições foi de

10%. A absorção de água foi medida segundo a norma

DIN 53 924 (velocidade de umectação em água de teci-

dos têxteis, método para a determinação da altura de

subida). As medições de cor (L* a* b*) foram tomadas

com um Minolta Chroma meter CR-100.

Resultados e discussão

Impurezas nas fibras de algodão

As impurezas presentes no algodão cru foram de 1,3%

de pectinas, 1,2% de proteínas, 1,0% de ceras, 0,2% de

metais e 1,7% de

cinzas, com um to-

tal de conteúdo de

impurezas de

5,4%, todas calcu-

ladas sobre o peso

seco. Portanto, as

pectinas e proteí-

nas constituíram a

maior quantidade de impurezas orgânicas. Esses resul-

tados são consistentes com informes prévios.

Tratamento enzimático de fibras de algodão

Foram selecionadas enzimas comerciais com ativi-

dade sobre pectinas, proteínas ou ceras para os trata-

mentos (tabela 2). As enzimas tinham diferentes perfis

de atividade e pH ótimo. Das pectinasas, a pectinasa B

continha o mais baixo conteúdo relativo de atividade de

celulasa, enquanto que a atividade mais alta de celulasa

era a do preparado da pectinasa C.

As atividades das mananasas estiveram em uma fai-

xa similar a de todas as pectinasas, considerando que a

pectinasa A tinha uma atividade relativa de xilanasa li-

geiramente menor. As proteasas e lipasas foram relati-

vamente puras e não continham atividades de celulasas.

Pectinasas

As pectinasas foram dosificadas de acordo com a ati-

vidade de poligalaturonasa com dois diferentes níveis de

dosagem; isto é, 200 nkat/g e 2000 nkat/g de fibra a 10%

de consistência, pH 5 e 45ºC. Com a dosagem mais alta,

as pectinasas A e C liberaram praticamente as mesmas

quantidades de pectina do algodão medidas como ácido

galacturônico nos filtrados por HPLC, removendo por-

tanto 28% e 25% das pectinas iniciais, respectivamente.

A pectinasa B, por outro lado, não foi tão eficiente na

remoção de pectinas (4%). No caso das pectinasas A e C

também foram detectadas quantidades substanciais de

glucosa nos hidrolisados, como resultado da atividade da

celulasa presente nos preparados de enzimas (figura 1).

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Como podia ser esperado dos perfis de atividade, a

solubilização da celulose foi mais alta no tratamento com

a pectinasa C. Parece que a atividade da celulasa aumen-

ta a hidrólise da pectina, posto que a pectinasa B teve o

conteúdo menor de atividade de endoglucanasa (HEC)

comparada com as pectinasas A e C. De acordo com

Lange(19), a remoção de pectinas pode ser obtida com uma

pectinasa clonada sem atividade presente de celulasa.

Xilo- e mano-oligosacarídeos também se liberaram nos

tratamentos com pectinasa A e C, indicando a presença

de xilano e manano nas fibras de algodão.

ceras foram hidrolisadas a ácidos graxos, indicando uma

baixa acessibilidade das ceras nas fibras ou, alternativa-

mente, um baixo conteúdo de triglicéridos nas ceras (ta-

bela 3). De forma similar, a ineficiência da lipasa

Pseudomona mendocina sobre as ceras do algodão já

havia sido reportada previamente(6). A aptidão de outras

lipasas ou enzimas completamente diferentes, que atuem

sobre as ceras do algodão, ainda necessita ser investigada.

Propriedades da superfície

O efeito da pectinasa A, proteasa A e lipasa A na

química da superfície das fibras de algodão foi analisa-

do posteriormente por ESCA. O método ESCA havia

sido utilizado previamente para a análise das superfíci-

es de polpa de fibras(15). Com o ESCA se pode determi-

nar o conteúdo relativo de carbono, oxigênio ou outros

átomos com uma profundidade de análise de 0-10nm.

Mais ainda, as alterações químicas do carbono podem

ser classificadas posteriormente em quatro categorias,

dependendo da quantidade de ligações com o oxigênio,

como foi visto por Laine(15). Por isso, os dados quantita-

tivos na superfície química podem ser obtidos princi-

palmente da relação oxigênio/carbono. Em substratos

celulósicos, o carbono sem oxidar (C-C) corresponde a

lignina ou seus extratos, dependendo do tipo de fibra.

Surpreendentemente, as fibras de algodão continham

altas quantidades de carbono sem oxidar, isto é, 78,2

mol%, portanto, o quociente O/C foi 0,18 (tabela 4). O

valor teórico de O/C na celulose é significativamente mais

alto: 0,83 e o valor O/C na polpa de papel alvejada se

apresenta com 0,8(15). A lignina e seus extratos, por sua

Proteasas

As fibras também foram tratadas com duas proteasas

diferentes utilizando duas dosagens, isto é, 0,5 mg/g e

5,0 mg/g sobre a fibra de algodão. Devido aos diferen-

tes pH ótimos das enzimas, os tratamentos foram feitos

com dois valores de pH diferentes: pH 7 e 9. Com a

dosagem mais alta, a proteasa A foi mais eficiente na

remoção de proteínas do algodão, resultando em 50%

de solubilização da proteína inicial, sem nenhuma ação

notável sobre os carboidratos do algodão (tabela 2). A

proteasa B foi significativamente menos eficiente,

hidrolisando somente 17% da proteína inicial.

Lipasas

Para a remoção de ceras, foram testadas as lipasas A

e B. Como resultado do tratamento, somente 1% das

Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04

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vez, têm um quociente O/C de 0,32 e 0,11 respectiva-

mente(1, 2). O baixo valor O/C no algodão cru indica uma

concentração muito alta de extratos na superfície das fi-

bras. Pode ser afirmado que a cobertura superficial de

extratos é ao redor de 90%, de acordo aos cálculos apre-

sentados por Laine(15). A lavagem alcalina incrementou o

quociente O/C somente em 0,20, indicando que as condi-

ções de reação utilizadas não foram suficientemente se-

veras para remover completamente as ceras (tabela 4).

Tratamento enzimático de tecidos de algodão

Foi ensaiado posteriormente o efeito da pectinasa A

e da proteasa A sobre as propriedades técnicas de ma-

teriais tecidos. As propriedades técnicas dos tecidos

foram medidas diretamente após o tratamento enzimático

e também após uma ligeira lavagem alcalina. O trata-

mento com pectinasa A resultou na solubilização de 0,9%

de carboidratos do algodão, enquanto que com a proteasa

A a remoção de proteína foi de 1%. Tendo em conta a

solubilização do algodão nos tratamentos de referência,

a solubilização real dos carboidratos durante o trata-

mento com a pectinasa A foi de 0,3% e a das proteínas

de 0,5% sobre o peso do material (figura 2).

De acordo com as análises de HPLC, cerca de 30% da

pectina foi removida durante o tratamento com a pectinasa

A. A perda de peso causada pelo tratamento com a pectinasa

foi 1,1%, enquanto que o tratamento com a proteasa so-

mente causou uma perda muito limitada de peso (figura 3).

A lavagem alcalina aumentou significativamente

a perda de peso obtida com a pectinasa A, apa-

rentemente devido a solubilização de

oligosacarídeos de cadeias carbonadas mais lon-

gas do material em condições alcalinas.

Os tratamentos enzimáticos não tiveram efei-

to sobre a resistência a tensão sem nenhum trata-

mento alcalino (fig.4). No caso do tratamento com

a pectinasa A, foi observada uma ligeira redução

da resistência à tensão após a lavagem alcalina,

aparentemente devido a presença de celulasas no

preparado da pectinasa. Como se esperava, o tratamento

com a proteasa A não afetou a resistência do material.

Também foi medido o efeito dos tratamentos

enzimáticos sobre a luminosidade (L*) e a absorção

aquosa. A proteasa A melhorou a luminosidade dos

Tecnologia PreparaçãoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04

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materiais, ajudando a proteína na coloração do algodão.

Aparentemente a eficiência das proteasas sobre a prote-

ína no algodão varia significativamente, como foi men-

cionado em estudo sobre a proteasa Bacillus Sublitis,

que não tem efeito sobre o valor de luminosidade(6).

O tratamento com pectinasa A, por outro lado, não

tem efeito sobre o valor de luminosidade, apesar da lava-

gem alcalina (figura 5). Não obstante, a absorção aquosa

melhorou no tratamento com pectinasa A (figura 6). Isso

confere com os resultados do ESCA (tabela 4) e apóia a

hipótese de uma união química entre as pectinasas e as

ceras(1). Resultados similares foram obtidos por Lange(19).

Surpreendentemente, a remoção de proteína do material

de algodão prejudicou a absorção aquosa do mesmo.

Conclusões

As impurezas do algodão podem ser removidas com

enzimas específicas. Cerca de 30% das pectinas e 50%

das proteínas podem ser eliminadas das fibras nos

tratamentos enzimáticos, onde as ceras são menos

suscetíveis à ação enzimática. A remoção de

pectinas resulta em menores quantidades de ceras

na superfície do algodão e, conseqüentemente, em

uma melhora da absorção aquosa do material. A

remoção das proteínas melhora a cor do material.

Neste trabalho as pectinasas, lipasas e proteasas

foram utilizadas separadamente, não obstante, com

o uso simultâneo se espera obter mais benefícios

adicionais e potenciais das enzimas.

Bibliografia1. Freytag, R. e J.J.Donzé, Handbook of Fiber Science and Technology, vol. 1,Chemical Processing of Fibres and Fabrics, Fundamentals and Preparation, Part A,edited by M. Lewin and S.B. Sello, Marcel Dekker Inc., New York, N.Y., 1983.2. Hardin, I.R., Y. Li, e D. Akin, Enzyme Applications for Fiber Processing, ACSSymposium Series ACS, Washington, D.C., 1998, pp 190-203.3. Rössner, U., Melliand Textilberischte, vol. 74, nº 2, Febrero 1993, pp 144-148.4. Li, Y. e I.R. Hardin, Textile Chemist and Colorist, vol. 29, nº 8, Agosto 1997, pag.71-76.5. Hartzell, M.M. e Y.L. Hsieh, Enzyme Applications for Fiber Processing ACSSymposium Series ACS, Washington D.C., 1998, pp 212-227.6. Hartzell, M.M. e Y.L. Hsieh, Textile Research Journal, vol. 68, nº 4, 1998, pp233-241.7. International Union of Pure and Applied chemistry (IUPAC), Pure and Appliedchemistry, vol. 59, nº 2, Febrero 1987, pp 257-268.8. Matsubara, H., et. al., Journal of Biochemistry, vol. 45, nº 4, 1958, pp 251-258.9. Mustranta, A., P. Forssell, e K. Poutanen, Enzyme Microbial Technology, vol. 15,nº 2, 1993, pp 133-139.10. Bailey, M.J. e E. Pessa, Enzyme Microbial Technology, vol. 12, nº 2, 1990, pp266-271.11. Tenkanen, M., J. Puls, e K. Poutanen, Enzyme Microbial Technology, vol. 14, nº7, 1992, pp 566-574.12. Stalbrand, H., et al., Journal of Biotechnology, vol. 29, nº 3, Junio 1993, pp 229-242.13. Sundberg, A., et.al., Nordic Pulp and Paper Research Journal, vol. 11, nº 4, Abril1996, pp 216-219.14. Analytica-EBC, Verlag Hans Carl Getränke-Fachverlag, Nürnberg 1998, 4.3.1,Totalnitrogen of malt: Kjeldahl Method (RM), 1998.15. Laine, J., et al., Cellulose, vol. 1, nº 2, 1994, pp 145-160.16. Tenkanen, M., et al., Journal of Pulp and Paper Science, vol. 25, nº 9, 1999, pp306-311.17. Buchert, J., et al., Biotechnology Techniques, vol. 7, nº 11, Noviembre 1993, pp785-790.18. Lowry, O.H., et al., Journal of Biological Chemistry, vol. 193, 1951, pp 265-275.19. Lange, N.K., et al., Book of Papers, AATCC International Conference& Exhibition, Philaderphia, 1998, pp 463-471.

Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04

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Fator determinante para a aquisição de artigos têx-

teis, o toque de tecidos é conseqüência, nos processos

pós-tecelagem, de:

- Remoção de óleos de ensimagem e engomagem de

urdumes de tecidos planos.

- Remoção de óleos de ensimagem e lubrificantes de

malhas.

- Correta aplicação de produtos auxiliares de acabamento.

Para execução dos dois primeiros itens são necessá-

rios produtos auxiliares de preparação com as seguintes

características:

- Surfactantes que proporcionem umectação rápida (prin-

cipalmente para fios de open end), detergência, disper-

são/emulsificação, reumectação, além de baixa forma-

ção de espuma.

Inpalene XP 9 - Composição de surfactantes etoxilados

e etoxilados carboxilados de baixa espuma, com alto

poder umectante e emulsionante.

Solvitex TER - Composição de surfactantes etoxilados,

etoxilados carboxilados, derivados graxos e solventes

naturais. Detergente com poder emulsionante de óleos

minerais e de silicone.

Inpalem P - Composição de álcoois etoxilados e deriva-

dos graxos. Emulsionador de óleos e parafinas.

- Enzimas amilolíticas para degradação e conseqüente

solubilização de amidos naturais utilizados na engomagem.

Alfamil A 10.000 - alfa amilase com 1.000 BAUS de

potência.

Alfamil A 2.000 - alfa amilase com 200 BAUS de po-

tência.

- Seqüestrantes/dispersantes de metais pesados e alcali-

nos terrosos.

Inpalquest HE - Composição de fosfonatos com ação

seqüestrante/dispersante de metais pesados e alcalino

terrosos, indicado para estabilização de peróxidos em

desengomagens oxidativas (não indicado para uso em

tingimentos).

Tanestab OR conc - Composto orgânico polihidroxi-lado

com excelente poder seqüestrante de metais pesados em

meios fortemente alcalinos.

Inpalclean A 30 - Poliacrilato com ação seqüestrante/

dispersante de sais de cálcio e magnésio.

Inpalclean OPT - Composição de fosfatos inorgânicos

para complexação de cálcio e magnésio principalmente

em alvejamento ótico.

Os auxiliares utilizados para a remoção de produtos de

engomagem e óleos de ensimagem dos substratos têxteis,

além dos processos de tinturaria e/ou estamparia, também

removem as matérias graxas e cerosas que proporcionam

às fibras naturais uma lubrificação e maciez natural. Com

isso, os substratos ficam desagradáveis ao tato e necessi-

tam de processos químicos e mecânicos para torná-los mais

agradáveis ao contato com as mãos e a pele.

O termo acabamento é usado para designar o trata-

mento químico e/ou físico que é aplicado ao substrato

têxtil, visando modificar suas características sensoriais,

destacando-se o toque (maciez, lisura, corpo e

resiliência) e o visual (caimento, brilho etc.).

Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 75/jun.04

Acabamento têxtil como fator de diferenciação

Artigo apresentado no XIX Congresso Nacional de Técnicos Têxteis,em setembro de 2000 - Fortaleza CE

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Modificadores de toque: amaciantes, encorpantes e re-

sinas.

Características de toque:

Maciez - exprime o quanto o artigo avaliado é flexível, não

rígido, sem apresentar resistência ao ato de ser amassado.

Lisura - exprime a sensação de toque superficial sem

aspereza, com baixo coeficiente de atrito.

Corpo - idéia de consistência do tecido, caracterizando

tecido mais pesado.

Resiliência - caracteriza uma resistência ao

amarrotamento.

Amaciantes:

- Não-iônicos: de baixa afinidade pelas fibras, devem

ser aplicados preferencialmente por impregnação em

foulard para proporcionar melhor igualização na distri-

buição dos produtos. Não afetam as tonalidades de arti-

gos tintos nem brancos.

- Derivados de ácidos graxos:

Inpalsoft G 200 - etanolamidas graxas

Inpalsoft G 20 - etanolamidas graxas

Inpalsoft G 100 - esteres graxos

Inpalsoft LAV - esteres graxos

Inpalsoft APG - esteres graxos polietoxilados e

polietileno.

- Emulsões de polietileno: proporcionam principalmen-

te efeito lubrificante, facilitando processos mecânicos

posteriores.

Permalene VN - emulsão de polietileno de alto peso

molecular.

Permalene 4210 - emulsão de polietileno e parafina.

- Emulsões de silicone aminofuncional: responsáveis

pelos efeitos de lisura, maciez e resiliência.

Inpalsil conc, Inpalsil FIT, Inpalsoft ARX, Inpalsil MI e

Inpalsil JS.

Diferenciam-se pelas diferentes concentrações de

silicone sendo que o Inpalsil conc caracteriza-se ainda

por não afetar a hidrofilidade dos substratos têxteis.

- Graxos siliconados:

Inpalsoft G20SI- esteres graxos e micro emulsão de

silicone.

Inpalsoft HSI - esteres graxos polietoxilados, emulsão

de polietileno e micro emulsão de silicone.

Amaciantes catiônicos: são os amaciantes que conferem

o maior grau de maciez aos substratos, apresentando con-

tudo inconvenientes como afetar a tonalidade de artigos

brancos e, em alguns casos, a hidrofilidade dos substratos.

Celolub QUAT - sais quaternários de amônio.

Inpalsoft QUAT - sais quaternários e sais de amino

amidas.

Inpalsoft K - sais de amino amidas siliconados.

Inpalsil QUAT - sais quaternários e micro emulsão de

silicone.

Ainda como amaciantes podemos considerar os au-

xiliares de sanforização, embora estes apresentem uma

ação lubrificante superior à do amaciante.

Inpalsoft CPS - emulsão de polietileno e graxos

polietoxilados.

Inpalsanfor F 79 - graxos sulfonados, polietileno e óle-

os lubrificantes.

Inpalsanfor P 50 - lubrificantes graxos polietoxilados e

emulsão de polietileno.

Encorpantes: alguns tecidos, devido a sua construção

e tipo de fibra utilizada, apresentam excessiva maciez

que prejudica seu desempenho nas etapas posteriores

de processamento ou mesmo no uso final, havendo ne-

cessidade de aplicação de produtos que proporcionem

um toque mais firme e cheio, aparentando mais peso.

São usualmente polímeros naturais ou sintéticos e os de

nossa fabricação destacamos:

Inpalpret ST - dispersão em amidos quimicamente mo-

dificados.

Inpalpret PA - solução de álcool polivinílico com alto

grau de hidrólise.

Esses dois encorpantes proporcionam toque rígido

"empapelado" e podem ser removidos por lavagem a

fervura. No caso de se desejar acabamentos com maior

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Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 75/jun.04

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solidez a lavagem, estes podem ser insolubilizados so-

bre os tecidos através da reticulação com resinas do tipo

N-metilol.

Permaflex conc - látex com alta temperatura de transição

vítrea proporcionando toques encorpados sem rigidez.

Resinas

Nos acabamentos que possibilitam às fibras naturais

(principalmente algodão) apresentarem características

de não-amarrotamento e estabilidade contra o encolhi-

mento progressivo durante as lavagens, as mais indicadas

são as DMDHEU (dimetilol dihidroxi etileno ureias) com

destaque para o Permatron 248, que apresenta excelen-

te estabilidade durante o processo de polimerização,

apresentando baixos teores de formol livre.

Para o caso de encorpamento de artigos de fibras

sintéticas (poliéster e poliamida) bem como reticulação

de encorpantes como dispersões de amido ou álcool

polivinílico, a mais recomendada é a Isapret 50 que tam-

bém apresenta baixos teores de formol livre.

Na última década, observou-se um crescimento mui-

to grande de tecidos planos para serem confeccionados

e posteriormente tingidos e acabados. Tais artigos de-

nominados "PT" (prontos para tingir) são pré-alvejados

quimicamente e os acabamentos devem apenas propor-

cionar boas condições de pré-encolhimento e

costurabilidade, além de não interferirem nos processos

de tingimento.

Para o acabamento das peças confeccionadas, os pro-

dutos devem apresentar afinidade com as fibras, sendo

mais recomendado o emprego de produtos catiônicos

que não afetem os aviamentos e acessórios utilizados.

Para melhor orientação, recomendamos entrar em con-

tato com os técnicos do fabricante que certamente indi-

carão os produtos mais recomendados para atender suas

necessidades.

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Tecnologia AcabamentoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04

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Tingimento Space Dyeing

A Studio Tessile assinou contrato de representação

com a empresa S.W.A. da Itália, especializada no tingi-

mento Space Dyeing. A S.W.A. produz máquinas que

permitem o tingimento de fios em bobinas e meados

com desenhos pré-definidos e máquinas para executar o

mesmo efeito em tecidos e peças confeccionadas.

Site: www.studiotessile.com.br.

Cassema Corantes completa 15 anoscom certificação da ISO 9001:2000

No ano em que completa 15 anos de empresa, a

Cassema Corantes vive um momento muito especial de

grande prosperidade e sucesso. Além de seu aniversário,

comemora também a obtenção do certificado de aprova-

ção da ISO 9001:2000, que veio

somente para comprovar a excelên-

cia em qualidade de sua dedicação

e esforço contínuos para o melhor

desempenho possível e satisfação

máxima de seus clientes.

Aquele diferencial de atendimento e osuporte ao cli-

ente, que sempre foram sua marca registrada, ganham

ainda mais força e credibilidade, pois as recentes via-

gens da diretoria ao exterior (participação na Tex-Styles

Índia - New Délhi - 2004 Fair e na Feira de Corantes e

Pigmentos de Shangai - China) culminaram em uma série

de novidades, como a parceria com uma das maiores

fábricas de corantes do mundo (produtora de 6 milhões

de quilos de corantes por mês) e a criação da Cassema-

China, além de colocar à disposição de seus clientes as

mais variadas e recentes novidades do mercado têxtil

mundial, em se tratando de produtos, técnicas e moda.

Todos esses fatores vêm apenas para consolidar a

Cassema Corantes como uma das empresas que mais

vêm crescendo e se destacando no mercado têxtil.

Makeni recebe certificado Prodir

A Makeni Chemicals é a primeira empresa do setor

de distribuição de produtos químicos do Brasil a rece-

ber o certificado Prodir, durante a realização do

EBDQUIM 2004 - 2º Encontro Brasileiro de Distribui-

dores de Produtos Químicos e Petroquímicos. O Prodir

– Programa de Distribuição Responsável consiste numa

série de códigos e práticas aplicadas ao transporte e

manuseio de produtos químicos, estabelecida em 2001

pela Associquim - Associação Brasileira do Comércio

de Produtos, com base no RDP, certificação atribuída

pela NACD – National Association of Chemical

Distributors, dos Estados Unidos desde 1992.

O PRODIR consiste em nove códigos e 34 práti-

cas gerenciais. Os códigos a serem adotados pelas em-

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presas que desejam receber a certificação são:

gerencia-mento de riscos; atendimento a legislação e

normas; seleção de transportadores; manuseio e ar-

mazenagem; gerenciamento de resíduos; atendimen-

to a emergências e preparação da comunidade;

integração da comunidade e gerenciamento do pro-

duto. Assim que os procedimentos foram implanta-

dos, a Makeni entrou em contato com a certificadora

inglesa BSI – British Standards Institution, uma das

mais importantes do mundo, com mais de 100 anos

de experiência. Além do Prodir, a BSI também con-

cede certificações ISO.

A Makeni Chemicals atua no mercado desde 1981,

comercializando produtos químicos para os mais diver-

sos segmentos de mercado. A empresa possui a

certificação da ISO 9000 – 2000, o PRODIR – Processo

de Distribuição Responsável, Padrão Normativo: ISO

9001:2000 – Certificado FS 66070 e Certificadora: BSI

– British Standards Instituion.

Henkel apresenta relatório deSustentabilidade 2003

O prof. dr. Ulrich Lehner e o dr. Wolfgang Gawrisch,

chefe de Tecnologia (CTO) de Pesquisa/Tecnologia e

presidente do Conselho de Sustentabilidade da Henkel

apresentaram o Relatório de Sustentabilidade 2003. O

desempenho do Grupo Henkel em sustentabilidade de

1999 a 2003 publicado nesse relatório confirma o alto

nível de proteção ambiental e segurança ocupacional.

As vendas subiram em 20% e o lucro operacional (EBIT)

em 17% nesse mesmo período. Como exemplo, as emis-

sões de dióxido de carbono por tonelada métrica de sa-

ída diminuíram em 14% nos últimos cinco anos. A ten-

dência em segurança ocupacional é também positiva.

Desde 1999, a taxa de incidência de acidentes caiu em

40%. O objetivo de longo prazo da Henkel permanece

em zero acidente ocupacional.

“Estou grato em anunciar que nós realizamos pro-

gressos em práticas de negócios sustentáveis novamen-

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te em 2003”, disse Lehner. “Num verdadeiro espírito de

parceria com nossos fornecedores, clientes e todos os

grupos sociais, nós trabalhamos para atingir nossa vi-

são: fazer a vida das pessoas mais fácil, melhor e mais

bonita com as marcas e tecnologias da Henkel”.

O Relatório de Sustentabilidade 2003 mostra como a

Henkel transfere conhecimento em colaboração com

seus parceiros. Em 2000, a Henkel adquiriu a participa-

ção majoritária na indústria de detergentes estatal da

Argélia. Esse é o mais importante projeto de privatização

no país. A Henkel comprometeu-se a investir conside-

ráveis somas na modernização da fábrica e treinamento

dos funcionários argelinos. “A introdução de processos

de produção de detergentes livres do desperdício de água

nas duas fábricas, em Ain Temouchent e Chelghoum

Laid, tornou possível o corte de 300.000 metros cúbi-

cos no consumo de água e economizar o equivalente a

mais de 200.000 euros nos custos operacionais por ano”,

explicou Jürgen Seidler, responsável da divisão alemã e

internacional de detergentes para lavanderia na Henkel.

Além disso, junto com a Sociedade Alemã de Coopera-

ção Técnica, a Henkel lançou um projeto de qualifica-

ção para integração de segurança, saúde e gerenciamento

ambiental. Os participantes nesse projeto incluem não

somente os responsáveis da empresas mas também os

fornecedores, agências ambientais e universidades.

No Brasil, o sucesso da Henkel se baseia na tecnologia

avançada, com qualidade assegurada pelos certificados

ISO/QS 9000, ISO/TS16949, ISO 14001 e OHSAS

18001, permitindo o oferecimento ao mercado de produ-

tos sempre inovadores. A empresa atua no país em três

segmentos: adesivos destinados ao consumidor final, co-

loração e tratamento capilar e Henkel Technologies, com

adesivos industriais e de engenharia.

Cursos de extensão na área de Química Têxtil

O curso Físico -Químico do Processamento Químico

Têxtil visa dar ao aluno uma compreensão abrangente

dos princípios físicos químicos relevantes para o

processamento químico têxtil que lhes permita a

otimização e controle eficiente dos processos utilizados

na química têxtil, bem como viabilizar o desenvolvi-

mento e domínio de novos processos.

Pré-requisito: Nível médio. Dirigido para alunos com

curso superior ou significativa experiência industrial.

Período: 13/07 a 26/08 / 2004. Carga horária: 45 horas.

As inscrições devem ser feitas até 15 de junho de 2004.

O valor do curso é de R$ 525,00 para pagamento à vista,

feito até 29 de junho, ou duas parcelas de R$ 270,00.

Professor responsável: Dr Edison Bittencourt.

O curso Corantes e Colorimetria visa o estudo da

estrutura molecular dos corantes e do mecanismo de

tingimento - pigmentos e sua aplicação é de fundamen-

tal importância para o controle e otimização do seu em-

prego industrial. Este estudo viabiliza a redução dos

custos, minimizando danos ao meio ambiente

objetivando a durabilidade da cor e resistência ao uso.

Pré-requisito: Nível médio/superior.

Período: 09/09 a 09/11 / 2004. Carga horária: 45 horas.

Inscrições devem ser efetuadas até 12 de agosto. O

valor do curso é de R$ 480,00 para pagamento à vista

ou duas parcelas de R$ 247,00.

Professor responsável: Dr Edison Bittencourt.

Contatos: [email protected]

[email protected] - tel.: (19) 3788-3907.

Camuflagem antifogo de alta tecnologia

A empresa Kermel, que lidera o mercado europeu de

fibras metaramídeas para roupas de proteção contra o

calor e as chamas, e a DyStar, líder mundial em corantes

têxteis e preparações pigmentares, desenvolveram uma

tecnologia excepcional que permite obter tecidos estam-

pados não inflamáveis. Esses tecidos atendem às exi-

gências atuais particularmente severas em matéria de

detecção visual e por visor infravermelho dos bombei-

ros. Essa propriedade vem complementar com conforto

as características antifogo oferecidas pela mescla

Kermel®/Viscose FR, garantindo a manutenção das co-

res em relação à luz e ao desgaste com as lavagens.

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Kermel® é uma fibra aramídea destinada principalmen-

te à confecção de roupas de proteção contra o calor e as

chamas. Ela é usada nos trajes de intervenção e de trabalho

permanente dos bombeiros, nos trajes especiais de vôo e

de tripulações blindadas dos militares, nos trajes de manu-

tenção da ordem das forças de polícia, bem como nas rou-

pas de trabalho nas indústrias de risco. Esse tecido man-

tém o aspecto impecável das vestimentas, garantindo que

conservem os parâmetros de reflexos infravermelhos du-

rante o seu tempo de duração. A linha de tecidos camufla-

dos está em conformidade com a norma EN 531 (roupas

de proteção contra o calor e as chamas). Site:

www.kermel.com E-mail: [email protected].

ABQTIC lança guia durante a Fimec

A ABQTIC - Associação Brasileira dos Químicos e

Técnicos da Indústria do Couro lançou o Guia Brasilei-

ro do Couro 2004 durante a Fimec, evento que reúne

equipamentos, matérias-primas e componentes usados

em curtumes. O Guia, editado em português e inglês, é

um cadastro completo de informações sobre 500 em-

presas do setor de couros, entre curtumes, fornecedores

de químicos, máquinas, serviços e entidades.

Em setembro deste ano, a Revista do Couro estará

completando 30 anos de existência. Para marcar a data,

desde janeiro a ABQTIC vem publicando reportagens

sobre fatos relevantes para o setor de couros, como o

início da Escola de Curtimento, fundação da entidade e

criação da revista. "É um louvável trabalho iniciado

pela nova diretoria de publicações, que torna a revista

cada vez mais atraente, confirmando-a como o princi-

pal elo de ligação do associado com sua entidade" diz o

presidente da ABQTIC, Carlos Guilherme Kiefer.

ABQTIC: tel.: 561-3400

Novo membro da AATCC

Pedro José Ferraz Jr, gerente da Santista Textil S/A,

de Tatuí - SP, é o novo membro brasileiro da AATCC -

American Association of Textile Chemists and Colorists.

Sua adesão foi publicada na edição de dezembro/03 (pá-

gina 43) da AATCC Review.

TIQ Brasil r ecebe homenagem em Taubaté

Aconteceu no mês de março a 1ª Reunião Plenária

do CIESP - Taubaté e a TIQ Brasil foi um dos desta-

ques do evento pela sua escolha como a "Empresa do

Mês". A Engª Maria Aparecida Cabral, encarregada da

Engª Maria Aparecida Cabral, durante o evento.

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supervisão do Controle de Qualidade da empresa, ex-

planou detalhadamente sobre a introdução, manutenção

e repercussão das Certificações ISO 9001:2000 - Ges-

tão da Qualidade e a ISO 14001 - Gestão Ambiental. O

evento reuniu uma platéia de mais de 150 empresário

da região, ávidos por informações sobre qualidade total

e preservação ambiental.

Sintequímica faz 50 anos

Em um estado com reduzido número de fábricas vol-

tadas para o setor químico, a Sintequímica do Brasil Ltda

completa este ano, 50 anos de atividade ininterrupta.

Fundada em 4 de fevereiro de 1954 pelos irmãos Hilton

e Aécio Duarte Ribeiro, a indústria teve sua primeira

unidade em Peixinhos (Olinda), onde permanece até

hoje. Em 1965, fundou uma filial em São Paulo, que

funcionava inicialmente como ponto de distribuição.

Desde sua fundação, a Sintequímica especializou-se

em fabricar produtos para a preparação de tecidos bru-

tos e dispersão de pigmentos para estamparia têxtil com

a marca Sinterdye, tornando-se a pioneira em dispersar

pigmentos no Brasil. No decorrer dos anos, o leque de

produtos da fábrica foi se expandindo para outros seto-

res industriais. Atualmente, além de dispersão para uso

têxtil, suas dispersões coloridas são empregadas em

borracha, plásticos, tintas industriais e imobiliárias, grá-

ficas, espumas e domissanitários. A Sintequímica tam-

bém distribui os produtos da Scott Bader (Inglaterra)

para o setor têxtil e da Rohm and Haas Química Ltda

para o setor têxtil e tintas gráficas.

A empresa possui certificação do sistema de gestão de

qualidade segundo as normas ISO 9001:2000 e em breve

espera obter a certificação do sistema de gestão ambiental

segundo as normas ISO 14001 em sua matriz.

Hoje, a empresa é administrada pelos srs. Silvino

Pedro da Silva e José Clarindo de Macedo. Além da

unidade de Olinda/PE, a empresa possui também a uni-

dade de Caieiras/SP, que está iniciando sua produção.

A Sintequímica entrou para o mercado de exporta-

ção em 2000, expandindo seus negócios para empresas

na América do Sul e países do Caribe como Porto Rico,

El Salvador e agora também para os Estados Unidos.

A empresa iniciou-se pequena e regional e hoje é a

maior fabricante de capital 100% nacional de disper-

sões pigmentárias, sempre com a mesma marca

Sinterdye, e sem nenhuma interrupção ou troca da ra-

zão social nestes 50 anos. Esse crescimento indica que

a Sintequímica ainda poderá trilhar muitos caminhos,

todos levando ao desenvolvimento maior de nosso país.

Döhler monta show-room em Nova York

Uma das líderes brasileiras na fabricação de artigos

para cama, mesa, banho e decoração, a catarinense

Döhler S.A. está investindo no mercado norte-america-

no. Em março de 2004, inaugurou show-room na 5a Ave-

nida, epicentro comercial de Nova York. Para tanto, a

empresa constituiu uma subsidiária, denominada Döhler

USA Inc. Os Estados Unidos recebem, hoje, a principal

fatia das vendas internacionais da Döhler, que exporta

40% da sua produção. ''Com o escritório, teremos uma

referência local para participar das market-weeks, gran-

des eventos de negócios que se realizam quatro vezes

por ano em Nova York'', afirma o presidente Udo Döhler.

A estilista Elizabeth Sharp, que atua no novo escritório,

é bacharel pela Cooper School of Art (Cleveland, Ohio) e

cursou Ilustração Gráfica/Desenho Gráfico na Parsons

School of Design (Los Angeles, Califórnia). Na Döhler,

ela vai elaborar designs para coleções de cama, mesa e

banho voltadas aos mercados norte-americano e europeu,

criando padrões específicos para os clientes internacionais.

GB recebe prêmio de Qualidade no Trabalho

A GB lavanderia e Tinturaria, de Colatina ES, rece-

beu o prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho na cate-

goria empresa de pequeno porte, por ações na melhoria

de qualidade no trabalho e relações interpessoais. Esse

prêmio é um incentivo às empresas que adotam políti-

cas que assegurem o bom relacionamento entre em-

pregadores e funcionários e estimulem a produtivida-

de e a competitividade.

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Solvay forma primeira turmade técnicos em química

As empresas Solvay Indupa e Solvay Polietileno,

pertencentes ao do Grupo Solvay, realizam no dia 27 de

maio a formatura de 40 funcionários que durante dois

anos freqüentaram o Curso Técnico em Química, mi-

nistrado pelo Senai Mário Amato, no complexo indus-

trial do Grupo, em Santo André. Essa foi a primeira ex-

periência do tipo na empresa, que espera colher frutos

dentro de três meses, prazo estipulado para começar a

medir resultados.

A iniciativa partiu dos próprios funcionários que ga-

nharam apoio total do departamento de Recursos Hu-

manos. "Depois que decidimos montar o curso na fábri-

ca, fomos buscar as escolas que poderiam nos atender e

o Senai foi o que apresentou a melhor proposta", afirma

Marc Demoustiez, diretor de RH da Solvay Indupa

Mercosul, que coordenou o projeto.

Segundo Demoustiez, o curso freqüentado pelos fun-

cionários da Solvay foi idêntico ao ministrado nas de-

pendências do Senai Mario Amato, em São Bernardo

do Campo. "As aulas, os professores e a matérias estu-

dadas eram as mesmas, com exceção das aulas em labo-

ratórios, que eram dadas no próprio Senai", diz. Minis-

trado em três turnos (manhã, tarde e noite), o curso aten-

deu todas as expectativas dos funcionários, que podiam

escolher o melhor horário para estudar, e também da

empresa, que ganhou mão-de-obra qualificada.

Rhodia anuncia novos desinvestimentos

A Rhodia anunciou em abril vários desdobramentos

de seu programa de desinvestimento. Entre eles está:

• A venda de sua participação acionária de 50% na em-

presa chilena Extractos Naturales Gelymar SA para a

Sintex SA e a Algina Inversion SA. Atualmente, a Sintex

SA e a Algina Inversion SA detêm 50% da Gelymar.

• A assinatura de um contrato de exclusividade com a

Thermphos, envolvendo a negociação da unidade euro-

péia de especialidades de fosfatos da Rhodia.

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• A assinatura de uma carta de intenção para a venda de

sua propriedade Rhodia Research, localizada em

Aubervilliers, para à Compagnie des Entrepôts et

Magasins Généraux de la Ville de Paris (EMGP).

Os desinvestimentos da unidade de especialidades

de fosfatos e da propriedade Rhodia Research devem

ficar concluídos, no segundo trimestre de 2004. Com

essas três novas operações, juntamente com a venda de

sua unidade de ingredientes alimentícios para a Danisco

e com a venda de sua participação na Baïkowski Chimie,

a Rhodia arrecadará a soma aproximada de 400 milhões

de euros no primeiro semestre de 2004.

Congresso de Engenharia de Incêndio

De 25 a 27 de agosto de 2004 acontece o XIII

COBENI - Congresso Brasileiro de Engenharia de In-

cêndio, maior evento do setor na América Latina. No

evento serão apresentadas as últimas novidades em ser-

viços e equipamentos usados no combate ao fogo, a aná-

lise de incêndios recentes ocorridos no Brasil, palestras

ministradas por especialistas na área.

O encontro é destinado a profissionais como bom-

beiros civis e militares, administradores de áreas indus-

triais, shopping centers, hospitais e hotéis, engenheiros

e técnicos em segurança e estudiosos do assunto. O

Cobeni será realizado simultaneamente à Fire Show –

Feira Internacional de Prevenção e Combate a Incêndi-

os. Informações pelos tels.: (11) 5589.1489 / 5585.4353;

[email protected] / www.pacin.com.br.

Ciba promove conferência sobre estampariapor jato de tinta nos Estados Unidos

A Ciba Specialty Chemicals promoverá a conferên-

cia “Ink jet printing for textiles in USA”, dias 7 e 8 de

junho, em Nova Iorque. Após o sucesso da conferência

européia no ano passado, a Ciba pretende mostrar o po-

tencial da estamparia por jato de tinta na indústria têxtil

Informações e inscrição:www.cibasc.com/textileconferencing oue-mail: [email protected].