bastardia sec xvii

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Bastardia e Ilegitimidade....doc 1 Bastardia e ilegitimidade: murmúrios dos testemunhos paroquiais durante os séculos XVIII e XIX (Nota Prévia) Rafael Ribas Galvão Curso de História, UFPR * Sergio Odilon Nadalin DEHIS / UFPr ** 1 A investigação que aqui está sendo anunciada provém de questões teóricas mais amplas que extrapolam o próprio tema. As séries que são construídas a partir da documentação paroquial só têm validade na medida em que são comparáveis no tempo. Ainda mais, seria desejável que fosse possível confrontá-las também em espaços culturais e socioeconomicamente diferenciados. De tal modo, por exemplo, que o rótulo “ilegítimo” fosse igualmente aplicado nos séculos XVIII e XIX, tanto para Salvador, São Paulo, Curitiba e Rio Grande. Seria, mesmo, interessante se pudéssemos comparar as conotações comportamentais obtidas da leitura dos registros de catolicidade entre a(s) Colônia(s) e a Metrópole, Brasil e Europa, e assim por diante. Sem dúvida, parece-nos que, ao propiciar estudos na longue-durée, as séries de batismos (que estamos priorizando nos nossos exemplos) têm permitido a percepção das mudanças históricas. 1 Mas, em que medida são conhecidas as mutações, pensando * Bolsista do PIBIC/UFPR-CNPq ** Bolsista do CNPq (Produtividade em Pesquisa). Membro do CEDOPE, CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA – PARANÁ, SÉCULO XVIII (DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, UFPR). 1 Citamos quem nos inspira: “Por natureza, a série comporta unidades identicamente constituídas a fim de serem comparáveis: a variação temporal a longo prazo dessas unidades, quando indica ciclos, remete ao que poderia ser chamado de mudança na estabilidade, e, portanto, a uma análise em termos de equilíbrio. Mas quando a variação temporal de uma ou diversas séries indica um trend de crescimento indefinido, ou seja, cumulativo, a decomposição deste trend em unidades relativamente pequenas (anuais ou decenais, por exemplo), obscurece a definição do princípio a partir do qual há a transformação da estrutura da temporalidade e dos ritmos da mudança: daí, tremendos problemas de datas e periodização. Além do mais, a mutação histórica decisiva pode não estar inscrita em nenhuma série endógena a um sistema dado, mas resultar seja de uma inovação da qual nenhuma

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  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 1

    Bastardia e ilegitimidade: murmrios dos testemunhos paroquiais durante os sculos XVIII e XIX

    (Nota Prvia)

    Rafael Ribas Galvo Curso de Histria, UFPR*

    Sergio Odilon Nadalin DEHIS / UFPr**

    1

    A investigao que aqui est sendo anunciada provm de questes tericas mais amplas que extrapolam o prprio tema. As sries que so construdas a partir da documentao paroquial s tm validade na medida em que so comparveis no tempo. Ainda mais, seria desejvel que fosse possvel confront-las tambm em espaos culturais e socioeconomicamente diferenciados. De tal modo, por exemplo, que o rtulo ilegtimo fosse igualmente aplicado nos sculos XVIII e XIX, tanto para Salvador, So Paulo, Curitiba e Rio Grande. Seria, mesmo, interessante se pudssemos comparar as conotaes comportamentais obtidas da leitura dos registros de catolicidade entre a(s) Colnia(s) e a Metrpole, Brasil e Europa, e assim por diante. Sem dvida, parece-nos que, ao propiciar estudos na longue-dure, as sries de batismos (que estamos priorizando nos nossos exemplos) tm permitido a percepo das mudanas histricas.1 Mas, em que medida so conhecidas as mutaes, pensando

    *

    Bolsista do PIBIC/UFPR-CNPq **

    Bolsista do CNPq (Produtividade em Pesquisa). Membro do CEDOPE, CENTRO DE DOCUMENTAO E PESQUISA PARAN, SCULO XVIII (DEPARTAMENTO DE HISTRIA, UFPR). 1 Citamos quem nos inspira: Por natureza, a srie comporta unidades identicamente

    constitudas a fim de serem comparveis: a variao temporal a longo prazo dessas unidades, quando indica ciclos, remete ao que poderia ser chamado de mudana na estabilidade, e, portanto, a uma anlise em termos de equilbrio. Mas quando a variao temporal de uma ou diversas sries indica um trend de crescimento indefinido, ou seja, cumulativo, a decomposio deste trend em unidades relativamente pequenas (anuais ou decenais, por exemplo), obscurece a definio do princpio a partir do qual h a transformao da estrutura da temporalidade e dos ritmos da mudana: da, tremendos problemas de datas e periodizao. Alm do mais, a mutao histrica decisiva pode no estar inscrita em nenhuma srie endgena a um sistema dado, mas resultar seja de uma inovao da qual nenhuma

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 2

    precisamente no sentido gentico da palavra? At que ponto os diversos vigrios de parquias, tendo sua frente as instrues normativas das Constituies do Arcebispado da Bahia, liam ou tinham interesse em l-las da mesma forma seu contedo e executavam da mesma maneira suas ordenaes? De que forma estigmatizavam uma famlia com o epteto de bastardo a uma criana concebida fora do casamento eles, curas do interior, que vivenciavam e compreendiam as condies cotidianas de seus paroquianos? Eles que, muitas vezes, tinham de modo igual seus prprios filhos? At que ponto os vigrios, de maneira mais ou menos sutil, ou mais ou menos inconscientemente, estabeleciam diferenas ao elaborar a ata de batismo de uma criana nascida de uma unio consensual estvel, daquela criana que frutificou de uma escapadela amorosa, de uma concepo pr-nupcial ou resultado de uma ligao concubina e adltera?2 Uma criana filha de um escravo, de um vadio qualquer, de um homem-bom da freguesia, de um militar? Ou, mesmo, dos filhos dados luz por mulheres miserveis que, variadas vezes, vendiam seu corpo para completar a renda, sem falar nas meretrizes profissionais? Ou de escravas que no tinham outra possibilidade, a no ser dar-se aos desejos do seu senhor?

    Independente do tipo de anlises que essas perguntas ensejariam, pesquisadores tm produzido e explorado sries de ilegitimidade em vrios locais, para diversas pocas, realizando comparaes nem sempre apropriadas e ou pertinentes. Costumam, muitas vezes, denominar e caracterizar ao problematizar o tema da ilegitimidade e das relaes sexuais ilcitas a poca colonial num s flego de longa durao, esquecendo, por exemplo, que as estruturas coloniais comeam lentamente a se desfazer na primeira metade do sculo XIX. Dado o crescimento dos nascimentos ilegtimos a partir dessa poca, como fcil verificar pelas estatsticas existentes, as profundas mudanas decorrentes no significam necessariamente uma sociedade mais moralizada.3

    contabilidade anterior tenha deixado marca, seja de um fator exgeno que vem subverter o equilbrio plurisecular do sistema (...) [FURET, 1988:52]. 2 Ns teramos a observar, no entanto, que as condies da poca permitiriam perfeitamente

    que um determinado casal escondesse sua ilegtima situao, ocultando o fato. 3 Alis, tambm sobre essa questo cabe uma observao. Valho-me das palavras de Maria

    Luiza MARCLIO: As elevadas taxas de ilegitimidade encontradas, para o Brasil tradicional, foram muitas vezes interpretadas apressadamente, por vrios autores, como sendo parte de uma sociedade permissiva, de moral fluida, prejulgando uma poca, pelos padres de outra (...). Creio que estas associaes devem todas ser revistas e analisadas empiricamente, em mltiplas comunidades e em diferentes segmentos de nossa populao do passado, antes de se aceitarem estas concluses. importante o conhecimento da posio e da condio da Mulher e da me solteira e das atitudes ante os filhos ilegtimos. Convm ainda ser melhor

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 3

    Ao quantificar, afugentamos o indivduo para o meio incgnito das massas documentais, muitas vezes, portanto, consumida em srie. Esta comunicao pretende chamar a ateno, em decorrncia, para as possibilidades apresentadas pela anlise micro da fonte, e pelo pressuposto lgico de que forma e contedo mudam de significado na longa durao, em funo das mudanas histricas. A metodologia proposta, por conseguinte, fundamenta-se na necessidade de uma observao microscpica dos dados, articulada sempre desejvel anlise quantitativa.

    2 Voltamos, desta maneira, a algumas testemunhas-chave que foram interrogadas

    h algum tempo para problematizar o mundo colonial brasileiro e suas fontes de dados, em especial os registros paroquiais e as listas nominativas de habitantes.4 O inquisidor tem sua frente Gregrio Gonalves (s vezes tambm conhecido por Gregrio Gonalves Fernandez) e sua mulher Ana Maria Lima, que residiram na freguesia da Vila de Curitiba, l por volta da segunda metade do sculo XVIII. Eram filhos de Clemente Gonalves de Castro e de sua mulher Joanna Cardoza, e Antonio de Lima e Cypriana Rodriguez Seixas, respectivamente. Casaram-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz em 09 de setembro de 1772, ela com mais ou menos 20 anos, ele, talvez um ano, talvez dois, mais velho. At 1786, o domiclio do casal localizava-se no bairro de Botiatuva e de 1787 at pelo menos 1797 no bairro de Itaperuu5. Entre 1775 e 1793 tiveram pelo menos 9 filhos: Felizberto, Bento, Maria, Jos, Roza, Maria (de novo), Izabel, Felizardo e Anna. H, ainda, uma indicao de que, no perodo, foi agregada ao domiclio uma criana.6

    Melhor dizendo, o inquisidor tem sua frente vestgios da presena dessa famlia em Curitiba, que apenas murmuram, quase inaudivelmente, respostas. Respostas fornecidas por via indireta, pelos documentos. Gregrio, sua mulher e filhos, tendo participado na Igreja, deixaram traos nos livros paroquiais de alguns ritos de passagem

    conhecida a atitude ante o casamento e ante as numerosas famlias conjugais, cuja unio no foi sacramentalizada [MARCLIO, 1986:209]. 4 NADALIN, 1994.

    5 Taperuu, Uranquera, ou Tindiquera. Como para toda a regio de Curitiba, o povoamento

    dessa regio efetuou-se a partir do final do sculo XVII. Durante todo o sculo XVIII a Capela situada neste bairro pertenceu Parquia Nossa Senhora da Luz dos Pinhais [BURMESTER, 1981:18]. 6 Na lista de 1789 consta como agregada ao domiclio de Gregrio Gonalves a menina Maria

    Antonia, com 2 anos de idade.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 4

    pela vida: o batismo,7 o casamento e, com a morte, o ltimo sacramento. Enfim, respostas tambm fornecidas pelo assentamento feito por ocasio dos censos anuais, realizados por ordem de Luiz Antonio de Souza Botelho Mouro, governador da Capitania de So Paulo.

    Primeiramente, algumas informaes demogrficas. Para dar conta da fecundidade do casal, basta contar: tiveram 9 filhos, fato coerente com o perodo pr-malthusiano em que viveram. O que extraordinrio a longevidade de ambos os cnjuges. Embora se possa criticar as informaes contidas nos registros de bitos, consta que Anna Maria teria morrido com 80 anos, em 15 de setembro de 1825. Seu marido a sepultou, e uma ata datada em 29 de abril de 1844 registra sua morte: teria falecido com 100 anos de idade. Em todo o caso, a consistncia das informaes pode ser avaliada confrontando as diversas fontes, tal como no quadro 1, a seguir. evidente, portanto, que a idade do bito dos dois foi superestimada em alguns anos.

    O ciclo de vida do casal, registrado pelas diversas listas nominativas da segunda metade do sculo XVIII e (provavelmente) incio do sculo XIX, 8 percorre uma poca caracterizada pela mediocridade da vida da comunidade paranaense.9 Grande parte da populao vivia nos arredores da vila propriamente dita, em stios e fazendas. Porque no teriam para quem vender qualquer excedente de suas lavouras dada a organizao social e econmica em grandes fazendas autrquicas de criao de gado vacum e cavalar tinham por costume de plantarem to somente quanto baste para o sustento de suas famlias.10

    Mas havia outros, ainda, que moram a beira do campo e terras menos aptas para a lavoura, nem para o preciso se empenham nela, porque fazem vida a conduzir congonhas para Paranagu, onde as permutam pelo sal, algodo e farinha, sem sarem desta misria desde seus tataravs. 11

    7 Somente no sculo XX arrolam-se livros de crismas.

    8 Pertenciam Segunda Companhia de Ordenanas, concernente Vila de Curitiba que, no

    sculo XVIII, estava organizada em cinco companhias de ordenana, abrangendo amplo territrio: Primeira e Segunda Companhias da Vila de Curitiba, Terceira Companhia da Freguezia do Patrocnio de So Jos (dos Pinhais), Quarta Companhia da Freguezia de Santo Antnio da Lapa e Quinta Companhia da Freguezia de SantAnna de Castro. Infelizmente, ainda no pudemos constatar nas cpias das listas que fazem parte do acervo do Departamento de Histria a presena de Gregrio, Anna Maria e seus descendentes. 9 BALHANA et al., 1969:74.

    10 Boletim do Arquivo Municipal de Curitiba, 31:14. Apud BALHANA et al., 1969:74.

    11 Ibid.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 5

    Quadro 1 Consistncia das Informaes obtidas a partir dos Registros Paroquiais e das Listas Nominativas de Habitantes.

    Curitiba, sculo XVIII.

    ano de nascimento, calculados a partir das listas nominativas

    Famlia

    Gonalves

    1782 1786 1787

    1789 1791 1792 1793 1795 1796 1797 do

    bito

    Ano do

    batismo

    Nome do cnjuge

    Gregrio 1752 1752 1745 1745 - 1747 1749 - - 1751 1744 -

    Anna Maria 1755 1755 1760 - - 1752 1753 - - 1761 1745 1752

    Felizberto 1775 1775 1780 - - 1772 1769 1771 1775 Joana R. de Andrade

    Bento 1777 1777 1782 - - 1776 1774 - - 1777 - 1777 Maria

    Domingues Maria (I) - - 1779 - - 1774 1779 - - 1779

    1778 Policarpo de Andrade

    Jos/Joo 1780 1780 1785 - - 1778 1780 - - 1783 1781

    Roza - 1783 - - 1784 1783 - - 1785 1784 Antonio de

    Oliveira Maria (II) - 1785 1787 - 1786 1787 - - 1787

    1786

    Izabel 1788 1788 - - 1789 1788 Jos Maria

    (?) Felizardo 1790 1789 1790

    1790

    Maria (III) 1791 1791 -

    Anna 1792 - 1792 1793

    Do que se depreende da leitura dos registros vitais dos membros da famlia Gonalves e pelo que indicam as listas nominativas consultadas, viviam do que plantavam.12 Tudo parece indicar, tambm, a extrema pobreza desta e muitas outras famlias que viveram na regio.

    Entretanto, o referido interrogatrio das fontes levou a outro problema, bastante instigante. Com efeito, ao pesquisar as Atas de Casamento e de Batismo relacionadas ao casal Gregrio, Anna Maria e seus filhos, verificou-se que o primognito foi registrado no livro 6,13 destinado, como informa seu termo de abertura, a servir na Matriz de

    12 Faziam parte daqueles 21% de domiclios que, em 1798, no tinham escravos. Alis, a

    prpria Ana Maria era mulata, e forra. evidente que, morando em Tindiquera, no eram artesos na Vila, nem trabalhadores assalariados, que comeam a abundar com o crescimento urbano. Porm, o fato de terem sido detectados em vrias listas poderia evidenciar que no se tratava daqueles desenraizados como os condutores de tropas, a servio dos tropeiros [BURMESTER, 1981:11]. 13

    1764/1778 ver Quadro 2.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 6

    Nossa Senhora da Luz da Villa de Corytyba pa Nelle se fazerem os assentos dos bautizados escravos e bastardos.14 Entretanto, a unio dos pais era legtima, e suas npcias foram devidamente registradas em livro prprio destinado populao livre da Vila de Curitiba.15 Por conseguinte, o filho do casal

    no era nem escravo e nem era o que hoje

    compreenderamos como bastardo. Mas, era filho de uma mulher mulata; e, ainda

    mais, forra.

    Assim, se, por um lado, existem referncias de que os textos eclesisticos evitariam a expresso bastardo,16 de outro, tudo leva a crer que os mestios podiam ser assim denominados na poca colonial. Esse significado da bastardia permaneceu como uma vertente depreciativa na nossa linguagem.17 De modo semelhante a BURMESTER,18 foi desenvolvida uma hiptese nesse sentido, a partir de uma inferncia fundada em verbete concernente, extrado de um dicionrio de poca.19

    Ocorre que, no nosso passado colonial, mais do que resultado de uma mistura de raas, o mestio era uma categoria social de baixa estirpe. Assim, entre bastardos num sentido e bastardos, noutro, poderia haver distncias sociais considerveis, o que as colees de livros paroquiais indicariam ou, pelo menos, poderiam assinalar ou fornecer pistas. De modo que nos motiva a exigncia de estudos mais exaustivos para entender o sentido que aquela sociedade emprestava s diversas denominaes registradas nos assentos paroquiais.

    3

    14 ibid.:18 sem grifo no original.

    15 ibid.:17-8.

    16 Palavra considerada como pejorativa, por ser derivada do grego bastaris e significar mulher

    depravada [VENNCIO, (s/d:)34]. 17

    Ainda segundo o dicionrio, o termo ainda hoje tambm pode traduzir degenerado da espcie a que pertence. Assim, por exemplo, abastardar significaria fazer perder a genuinidade; alterar: corromper; fazer degenerar. Num exemplo extrado do livro 4 [1755-1763(78)], reservado para batizados de brancos, contraditoriamente ao padro esperado, o registro assinala um batismo legtimo, cujos pais eram casados, mas ambos bastardos [BURMESTER, 1974:26]. 18

    1981:26. 19

    NADALIN, 1994:23. Estamos nos referindo ao Dicionrio de Antonio de MORAES SILVA [1813]: BASTARDO, adj, Filho Illegitimo, cujo pai as Leis no reconhecem ou incerto [...]; fig. Dos animaes gerados por pais com alguma diferena na casta [1922:268-9]. Em contato por correspondncia, Renato Pinto Venncio me informa que a palavra bastardo utilizada para designar amlgamas, como por exemplo n-bastardo e escada-bastarda. Nesse sentido, sugere a consulta ao dicionrio BLUTEAU.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 7

    Uma pequena monografia auscultou o que poderiam traduzir as variadas faces da ilegimidade da sociedade curitibana.20 O objetivo da pesquisa era verificar at que ponto seria possvel discernir categorias diferentes de ilegitimidade no Brasil, a partir da anlise dos padres de registros de crianas ilegtimas na Curitiba dos sculos XVIII e XIX.21 O trabalho que relata a investigao mostrou as possibilidades do tema, sua complexidade e, no fundo, a certeza de que o problema geral colocado mereceria um aprofundamento. Porque, se comprovadas as indicaes, teremos de considerar a necessidade, no mnimo, de delimitar subperodos para a quantificao das sries paroquiais. E no s isso: teremos de encarar a necessidade de mudar nossos critrios de comparao entre uma regio e outra da colnia e do imprio no que concerne s informaes propiciadas pelos registros de catolicidade.

    Em outros termos, e voltando ao caso dos batismos e dos padres desiguais de registros, tentaramos articular o que dispunha as Constituies Primeiras do Arcebispado da Bahia 22 , com formas e contedos dos termos de abertura dos respectivos livros paroquiais: o resultado deste confronto poderia denunciar, nas entrelinhas, categorias diferentes de ilegitimidade. Tais categorias revelariam ou indicariam algumas tramas do complexo tecido social no passado brasileiro. Assim, por exemplo, os indcios apontam para a confirmao de algumas hipteses que marcam de forma estigmtica os grupos pardos e pobres da sociedade, independente da condio jurdica (livres ou escravos).23 Essa seria a condio de bastardia encontrada

    Quadro 2 Relao dos Livros de Batismos, cobrindo o perodo 1684 a 1857

    No do Livro Perodo Finalidade Pginas 1 1684-1737[1745] Servos e cativos e Comesaras* - 2 1731[1728]-1756[1772]** - - 3 1737-1764 Servos 187 4 1734-1755 Brancos 195 5 1755-63[1778] Brancos 195 6 1774[1764]-78 Escravos e bastardos 14

    20 ABREU, 1997:25.

    21 ibid, 15 sem grifo no original.

    22 No Brasil, o marco do esforo colonial para se enquadrar nas determinaes tridentinas

    constitudo pela publicao, em 1719, do compndio legislativo intitulado Constituies Primeiras do Arcebispado da Bahia o qual vigorou inalterado at 1822. [GOLDSCHMIDT, 1998:17] 23

    NADALIN,1994:23.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 8

    7 1778-88[1809] Escravos e bastardos 146 8 1788[1789]-96[1824] Escravos, administrados,*** bastardos 145 9 1779-00[1818] Brancos 203 10 1796-01[1817] Bastardos, administrados e escravos 146 11 1801-1807 Bastardos e pretos 195 12 1800-20[1824] Brancos 164 13

    1807-12 Pessoas pardas e escravos forros e administrados

    140

    14 1812-18[1825] Brancos e libertos - 15 1818[1814]-23[1825] Pessoas brancas - 16 1823-27 Brancos, bastardos e escravos - 17 1827-29 (est no livro de bitos 2) - 18 1829-34 Brancos, bastardos e escravos - 19 1834-40 Brancos e libertos - 20 1840[1838]-48 (todos) -

    21

    1848-52

    (todos) -

    22 1852[1819]-1855 (todos) - 23 1855[1822]-57 (todos) -

    Fonte: COSTA, 1968:88-89; BURMESTER, 1974:25; KUBO, 1974 :19-20. Observaes: * Assento feito no interior do Livro I.24 ** Este livro refere-se a batizados realizados em So Jos. ***A denominao jurdica de administrados traduzia-se, muitas vezes, como carijs e seus descendentes.25

    para o antes mencionado filho de pais mulatos, que nascera no interior de um lar legitimamente reconhecido pela Igreja (e pelo Estado).

    Essa seria tambm a razo da existncia em Curitiba de livros separados para bastardos, administrados e escravos.26 Em razo disso, foi possvel distinguir nitidamente dois perodos, como mostra o quadro 2. Um, de 1684 a 1812, abrangendo os livros de 1 a 13;27 outro, de 1840 para o presente, quando no se faz mais distino

    24 Trata-se de um resto de livro destinado para assentamentos de batizados de filhos de

    casados, bastardos, e de casamentos (sic), de 1684 a 1714, mandado reunir a dois outros livros antigos de batizados, de 1714 a 1737 (...). COSTA, 1968:88. 25

    BALHANA et al., 1969:42. 26

    E, no caso do livro 11 [1801-1807], para bastardos e pretos. 27

    O livro 3, destinado aos batizados de 1737 a 1763, registra como abertura: Este livro rubricado por mim Vigro da Vra (...) de servir pa os assentos dos bautizados de Servos nesta freguesia da Sra da Lux em Curitiba. 1de Janro de 1736. (ass.) Cristovo da Costa Oliveyra. Para a mesma poca (1734 a 1755), o livro 4 introduzido com a seguinte anotao: Este Livro rubricado por mim Vigro da Va, e numerado, he goa os assentos dos bantizados dos brancos nesta frequesia da Sra da Lux de Curitiba, hoje 30 de Dezro de 1734. (ass.) Cristovo da Costa Oliveyra. 27 Por exemplo, o livro 21: Este livro hade servir para nelle se lanarem os assentos dos baptizados que se fizerem nesta matriz da Senhora da Lus de Coritiba, (...) e no fim leva termo de encerramento, sem ter duvida alguma que faa; e para constar fao este Termo. Fa de Cora, 23 de Agosto de 1848. (ass.) Joaquim de S Sottomaior.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 9

    entre a natureza jurdica e social dos batizandos (livros 20 em diante).28 Assinalamos no referido quadro uma zona sombreada, visando mostrar um perodo de transio. Nesses anos, os termos de abertura, se algumas vezes j mostram o carter nico do livro de Batismos, por outro ainda deixam claro a distino existente entre uns e outros batizandos. Ou seja, entre 1812 e 1840 os termos de abertura ainda esto marcados por uma certa ambigidade, destinando o livro de batismo para esta ou aquela categoria social em conjunto (livros 14 a 19, de 1812 a 1840).29

    Da mesma forma, os dois perodos esto assinalados no quadro montado para sintetizar as informaes arroladas por Ftima Regina ABREU30 (anexo quadro 5), contendo 42 informaes coletadas em anos redondos dos registros de batismos do acervo da Catedral em Curitiba, de 1750 a 1910. A partir de um determinado momento, a ausncia das distines assinalaria simplesmente mudanas de carter institucional ou estaria a reboque de alteraes mais profundas na sociedade? Afinal, como foi observado em nota anterior, a freqncia de batismos de ilegtimos cresce justamente a partir do sculo XIX em Curitiba. At que ponto as alteraes so simplesmente coincidncia se que existem coincidncias na Histria? Em que medida trata-se de mudanas na mentalidade dos curas paroquiais, o que se espelharia nas transformaes dos padres das atas, incluindo ou excluindo termos, expresses, que poderiam traduzir uma questo a ser resolvida? Por exemplo, a expresso filho natural usada pela primeira vez, na nossa amostra, em 1763. At ento, bastava a meno pai incgnito.

    muito tentador postular a hiptese de que as alteraes, idas e vindas, indecises enfim, evidenciadas nos termos de abertura para esse perodo marcariam uma fase de transio no interior da sociedade colonial. Justamente s vsperas das alteraes estruturais e institucionais que marcam a segunda metade do sculo XIX, incio do XX. O problema que, ao que tudo indica, a distino de livros destinadas a

    28 Livro 18, 1829-1834: Este livro hade servir para nelle lanarem os assentos de

    baptizados dos brancos, bastardos e escravos desta Villa de Nossa Senhora da Lus de Coritiba (...) Villa de Coritiba, 22 de (agosto) de 1829. (ass.) Antonio Teixeira Camello, Vigrio da Vara. A dificuldade de uma periodizao nesse sentido reside no prprio balizamento dos livros paroquiais. As atas de batismo teriam de ser examinadas microscopicamente para podermos explicar as redundncias temporais evidentes, por exemplo, nos livros 14 e 15, e o fato de que, aparentemente, no existem registros de batismos de escravos para 1834-1840 ou 1838. Por outro lado, os bastardos entre a populao livre no parecem no ser mais distinguidos depois de 1834.

    30 1997.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 10

    categorias diferenciadas pode ser parte de uma originalidade local. Iraci COSTA, ao apresentar a relao das fontes manuscritas na sua tese de doutorado, mostra que, em Minas, ou pelo menos em Vila Rica (1719-1826), no se costumava reservar livros especiais para os escravos-administrados-forros-bastardos.31 No que concerne ao estudo realizado a respeito do povoamento de So Paulo (1750-1850), no existem referncias a respeito no texto em que so descritos as fontes paroquiais; de modo igual, para o litoral de Ubatuba.32 Da mesma forma, tambm no para o porto do Rio Grande, l no extremo sul (1737-1850).33 Mesmo para a Lapa, no muito longe de Curitiba, no perodo de 1769 a 1818 no foi levantado nenhum livro especfico para os escravos e ou bastardos.34

    Por outro lado, sabemos que as chamadas Constituies, antes referidas,

    formalizadas no incio do sculo XVIII e subsistindo at o sculo XIX, regravam os registros de crianas batizadas na Igreja.35 E, de acordo com este compndio legislativo, sabe-se que a prtica levava proibio em nominar pais de crianas ilegtimas, quando houvesse escndalo, ou perigo de o haver.36 Ora, o que parece se verificar, que essas regras podem ter sido relativamente adaptadas pelos vigrios. So ainda muito tnues as evidncias, mas ns comearamos

    31 [COSTA, 1979:58].

    32 Em So Paulo, raros so os casos de filhos ilegtimos em que se menciona unicamente o

    pai solteiro, sem que aparea o nome da me. Encontramos tambm crianas ditas ilegtimas com o nome dos pais; so seguramente bastardos, filhos de pai branco pertencentes a certa categoria social e de me liberta ou escrava. Esta ltima reconhecida pela ausncia de nome de famlia [MARCLIO, 1973:66]. Os filhos dos casais unidos consensualmente em Ubatuba (1786-1830) ao serem batizados na Igreja, eram registrados como ilegtimos ou naturais (...) [1986:126; a respeito da ilegitimidade, ver tambm. 207-211]. 33

    QUEIROZ, 1992:33-4;51. Nem para Cuiab, na fronteira oeste [PERARO, 1997:114-5] embora, nesse ltimo caso, o perodo estudado (1853-1890) ultrapasse o perodo de diferenciao verificado para Curitiba 34

    VALLE, 1976:16. 35

    Tal frmula deveria ser utilizada em livro prprio, existente em cada Igreja, o qual ser numerado e asignado no alto de cada folha por nosso Provisor, Vigario Geral, ou Visitadores, e na primeira folha se declarar a igreja donde , e para o que h de servir; e na ultima se far termo por quem o numerar, em que se declare as folhas que tem, e estar sempre fechado na arca, ou caixes da Igreja debaixo de chave, e os assentos dos baptisados se escrevero na forma seguinte: Aos tantos de tal mez, e de tal anno baptizei, ou baptizou de minha licena o Padre N. neste, ou em tal Igreja, A N. filho de N. e de sua mulher N. e lhe puz os Santos Oleos: foram padrinhos N. e N. casados, viuvos, ou solteiros, freguezes de tal Igreja, e moradores em tal parte [CONSTITUIES Primeiras, Ttulo XX, 1853:28-9]. 36

    E quando o baptizado no for havido de legitimo matrimonio, tambem se declarar no mesmo assento do livro o nome de seus pais, se for cousa notoria, e sabida, e no houver escandalo; porm havendo escandalo em se declarar o nome do pai, s se declarar o nome da mi, se tambm no houver escandalo, nem perigo de o haver. E havendo algum engeitado, que se haja de baptizar, a que se no saiba pai, ou mi, tambem se far no assento a dita declarao, e do lugar, e dia, e por quem foi achado [idem:30 sem grifo no original].

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 11

    pela utilizao quase geral nas atas de batismo da expresso pater incgnitus.37

    Fundamentamo-nos no fato de que, pelas regras formais, somente quando havia o perigo de escndalo deixar-se-ia de nominar o pai; e at a me. Numa sociedade em que tudo indica a banalidade das unies consensuais, parece-nos um despropsito ignorar o nome do pai de uma criana no caso de um nascimento de uma famlia estvel onde era notria a concubinagem portas adentro, na expresso utilizada por Lodoo.38 O fato era notrio, no havendo porque o alerta das Constituies. Para a totalidade dos batismos de crianas ilegtimas, na segunda metade do sculo XVIII em Curitiba, Ana Maria BURMESTER calculou que 80,7% delas, na populao livre, no tiveram informada a paternidade por ocasio do batismo. Quando no havia perigo, naturalmente os nomes maternos registravam-se de maneira completa, variavelmente includa a filiao.39 Outras vezes, depara-se com prenomes completados com alcunhas oriundas, ao que tudo indica, de devoes religiosas.40 Estaramos tratando, nesse caso, de mes bastardas ou enjeitadas, que se somariam quelas das quais se diz praticamente nada?41

    Entre os 19,3% de batismos restantes, detectam-se algumas vezes registros mais completos, inclusive com os nomes de ambos os pais.42 Enfim, tudo indica que existe a possibilidade de uma correlao entre a preocupao pela identidade no sentido mais amplo do termo tanto da criana legtima como da ilegtima e sua condio social; seja no sentido de escond-la por meio do laconismo de uma ata de batismo, seja

    37 Ou pater incogniti, como uma vez ou outra encontramos. Ou, ainda, o equivalente em

    portugus, alternado principalmente no incio do perodo. 38

    Apud PERARO, 1997:196. 39

    Ao primeiro dia do mez de fevereiro do anno de mil settecentos e noventa, nesta Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux da Villa de Corytiba, baptisei e pus os santos oleos a Anna, innocente, filha de pai incognito e de Appolonia Cardoza, solteira, filha de Antonio da Costa Quaresma [...]. [ABREU, 1997:81]. 40

    Aos nove dias do mez de janeiro de mil oitocentos e setenta, nesta Matris da Cidade de Curitiba, o Reverendo Coadjutor Jose Jacintho de Linhares baptizou e pos os santos oleos a innocente Porcina, de idade de dois dias, filha de Maria do Cu e de pay incognito. [...] [ABREU, 1997:95]. Com base nessas evidncias, Maria Adenir PERARO reservou todo um captulo de sua tese de doutorado para estudar as Marias de Jesus (Anacleta Maria de Jesus, Ana Rosa de Jesus, Maria Benedicta de Jesus etc.). Sem dvida, parcela talvez importante dessas mulheres eram bastardas, no seu duplo sentido, e 60% delas tiveram pelo menos um filhos ilegtimo. Seguem alguns exemplos de nomes dessa categoria arrolados pela pesquisadora: Maria do Sacramento, ... da Conceio, da Purificao, da Cruz, da Paixo, da Guia, do Esprito Santo, do Nascimento, de Deus, da Ressurreio, das Dores, dos Anjos, da Luz, de SantAnna, do Bom Despacho, das Mercs, dos Reis, da Boa Morte, da Encarnao etc. [1997:235-6]. 41

    Aos tres de abril de mil oitocentos e des bat a Balduina fa de Gertrudes Ma e de pai incgnito. Foram padrinhos... [ABREU, 85]. 42

    O contato com Venncio permite-nos aventar a hiptese de, estando presentes ambos os pais, tratar-se de um caso de perfilhao. De modo igual, de pais que, concebendo um filho ilegitimamente, pretendem se casar.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 12

    pela loquacidade de um determinado registro.43 Identidade definida no ambiente de uma sociedade hierarquizada, com procedimentos duplos e ambgos, trafegando da moral institucionalmente imposta a uma moral popular, que nos permitiria pelo menos

    equacionar o problema proposto.44

    Enfim, diz-se bastante sobre a banalidade das unies consensuais no Brasil Colonial. Na medida em que, seguramente, unies deste tipo no deveriam causar escndalo ao produzirem sua prole, o que impediria o vigrio de mencionar o nome dos pais solteiros num registro de batismo de um bastardo? Entretanto, a maioria dos registros de ilegtimos contabilizados como tais referem-se a pais desconhecidos, incgnitos. E mais: existem indicaes verdade que muito poucas, ainda de que justamente entre as famlias onde haveria maior perigo de escndalo, pela sua aparente situao social, que os registros mostram-se mais prolixos. Esse um mistrio que, ao

    nosso ver, precisa comear a ser esclarecido, se que isso possvel.

    4 Tendo em vista o carter desta comunicao, traduzida como uma nota prvia de

    pesquisa, guisa de finalizao, aproveitaramos para destacar alguns padres diferenciados de registros paroquiais, relativos ilegitimidade em Curitiba.

    A investigao pretende fazer um mapeamento de possibilidades no mais amplo perodo possvel. Desta forma, sorteamos um ano em cada dez, a partir da dcada de 1690,45 at as primeiras dcadas deste sculo XX. Cabe-nos, agora, transcrever registros de crianas oriundas de pais solteiros ou, pelo menos, de me solteira. Isso j foi

    43 O exemplo que segue extraordinrio pela quantidade de dados: ... baptizei e pus os

    santos oleos a Duarte innocente filho de Maria Fernandez, solteira, e de Vitto Antonio, a quem dero por pay; netto pela parte paterna de Jose luis de Mattoz natural da Villa de Ytu desse bispado e de sua molher Antonia Lui Marins; e pela materna de Salvador Fernandez, defundo, e de Maria das Neves. Foram padrinhos ... [ABREU, 83]. Ana Maria Burmester comenta, seguido de Marilia Souza do Valle, que o padro de registros de batismos traduzido pela riqueza de detalhes deve se referir famlias da elite paranaense e lapiana. Sem dvida, o fato de que existem registros de batismos de ilegtimos em que constam o completo da me, juntamente com o seu pais, ou, de maneira diversa, de ambos os pais, solteiros, dificilmente nos leva a pensar que tal atitude causaria escndalo na sociedade local, como previa as Constituies. 44

    Na mesma correspondncia j mencionada, VENNCIO manifesta-se pela dificuldade em descobrir, via registro paroquial, uma especificidade do ilegtimo curitibano, pois as regras de registro eram padronizadas. Assim, ele nunca teria percebido e nos d isto como exemplo diferenas entre as atas mineiras, paulistas e cariocas. 45

    Como possvel constatar no quadro 02, os registros de batismos da parquia em referncia iniciam-se justamente no ano sorteado para amostragem, 1684. Como para este ano no foram encontras atas concernentes a crianas ilegtimas, deixamos de incluir pelo menos provisoriamente a da dcada de 1680.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 13

    realizado para as dcadas de 1690, de 1700, 1720, 1740, 1760 e 1780, e o trabalho torna-se cada vez mais penoso, no s porque a freqncia de crianas ilegtimas aumenta medida que chegamos no sculo XIX, mas tambm porque, crescendo a vila, cresce o nmero de Batismos.

    Cada Ata de Batismo ser confrontada com um pequeno modelo que construmos, fundamentado em algumas hipteses e numa certa experincia com os dados. Algumas correes de rumo j foram feitas, com base no trabalho inicial mencionado.46 Distines sero consideradas nos padres de registros, fundamentado numa caracterizao inicial:

    I. para a populao escrava;

    I.a populao administrada; I.b populao de origem africana;47

    II. para a populao livre em geral .

    Em seguida, para a categoria I e II, os registros sero arrolados considerando as seguintes definies:

    [ A ] a me no tem absolutamente nenhuma identificao; [ B ] a me possui um segundo prenome quase um sobrenome de

    natureza devocional;

    [ C ] a me identificada, seja com um sobrenome de famlia, seja pelo registro em ata do nome do pai, seja pelo proprietrio, quando escrava ou administrada;

    [ D ] a me e o pai so, ambos, identificados.

    Para tornar mais evidente o que procuramos com as categorias definidas acima, seguem alguns exemplos, a partir das atas j transcritas:48

    46 ABREU, 1997.

    47 Evidentemente, referimo-nos aos cativos que nasceram na frica e seus descendentes,

    tambm escravos.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 14

    Quadro 3 Exemplos de Atas de Batismos de crianas ilegtimas, segundo categorias.

    Parquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Sculo XVIII.

    Categ dcada ATA Observaes

    I.a.A - (Pela premissa adotada para a definio das categorias, dificilmente encontraremos o caso de uma administrada que no seja identificada pelo nome do proprietrio.)

    entendemos servo(a) e a servio de como administrado(a).

    I.a.B -

    I.a.C 1690 Aos quinze dias do ms de Abril de mil seis centos e noventa e oito annos Baptizei Lazaro, pater incognitus , filho de Serafina servio de Matheus Leme. Deste foro padrinhos (...) e Antonio de Alvarenga.

    Antonio de Alvarenga

    01.1690

    1700 Em vinte de Novembro de mil sete centos e cinco baptizei e pus os santos olleos a innocente Franca filha de Catarina solteyra serva de Manoel Alves Pedroso, foro padrinhos Antonio de Campos e Sianna (sic).

    Sebam Alvez de Abreu

    02.1705

    I.a.D 1700 Em dezenove de Abril de mil sete centos sinco baptizei e pus os santos olleos ao innocente Phelippe filho de Pirina dero por pay a Pulinario servo de Franco Velozo, foro padrinhos o Capito Gaspar (...) e Anna da Silva.

    Sebam Alvez de Abreu.

    01.1705

    I.b.A (Pela premissa adotada para a definio das categorias, dificilmente encontraremos o caso de uma escrava que no seja identificada pelo nome do proprietrio)

    I.b.B -

    I.b.C 1720 Aos oito dias do ms de Jano de mil e sete centos e vinte e coatro annos em esta matris de N. Sra da Luz. Bantizei e pus os Santos Oleos Estevo innocente filho de Gracia mulata solteira escrava do Cap.am Antonio Luis Tigre nasceo 26 de dezembro foro padrinhos Guilherme (...) Passos e Luzia do gentio da terra da administraso do mesmo Cap.am asima L

    01.1724

    48 Procuramos utilizar o primeiro exemplo encontrado.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 15

    O Vigro Gro Mendes Bermuda

    1780 Aos oito dias do mes de Junho do anno de mil setecentos e oitenta e tres na capela de Nossa Senhora da Conceio de Tamandua de minha licena baptizou e pos os santos oleos o Reverendo Frei Jos dos Santos Pinheiro a Maximiana innocente filha de Gertrudes escrava solteira da capela de Nossa Senhora das Neves e de pay incognito. Foro padrinhos Ignacio Cordeiro (sic) e Ana da Costa sua mulher, todos moradores desta villa de Coritiba. E para constar fis este assento pela certido chera uz supra.

    26.1783

    Presumimos que capela N.S. das Neves identifica a escrava. (deve ser o mesmo que fazenda N.S. das Neves)

    I.b.D -

    II.A 1780 Aos doze dias do mes de Maro do anno de mil setecentos e oitenta e tres nesta Igreja Matris de Nossa Senhora da Lus da Villa de Coritiba. Baptizou e pos os santos oleos o Reverendo coadjutor Francisco das Chagas Lima a Bartolomeu innocente filho de Escolastica Maria Solteira e de pay incognito. Foro padrinhos Manoel solteiro filho de Pedro de Lima e Luzia Barbosa mulher de Antonio Dias, todos moradores desta mesma villa. E para constar fis este assento no mesmo dia chera uz supra.

    11.1783

    1780 Aos vinte e oito dias do ms de Maro do anno de mil setecentos e oitenta e tres nesta Igreja Matris de Nossa Senhora da Lus da Villa de Coritiba. Baptizou e pos os santos oleos o Reverendo coadjutor Francisco das Chagas Lima a Manoel innocente filho de Anna Luiza e de pay incognito. Foro padrinhos Jos e Maria solteiros escravos da mesma fazenda (sic), todos moradores desta msma villa. E para constar fis este assento no mesmo dia chera uz supra.

    13.1783 Este segundo exemplo parece se referir a uma forra, mencionando-se como padrinhos escravos da mesma fazenda

    II.B 1780 Aos quinze dias do mes de Agosto do anno de mil setecentos e oitenta e tres nesta Igreja Matris de Nossa Senhora da Lus da Villa de Coritiba. Baptizei e pus os santos oleos a Ignacia innocente filha de Anna Maria do Esprito Santo solteira e de pay incognito. Foro padrinhos Antonio solteiro filho de Manoel Rodrigues Seixas e Isabel Martins sua may, todos moradores desta mesma villa. E para constar fis este assento no mesmo dia, chera uz supra.

    30.1783

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 16

    II.C 1760 Aos nove dias do ms de Outubro de mil e sete centos e sessenta e tres annos na capela do Pitanguy de licena do senhor bispo baptizou e pos os santos oleos o Rdo Padre Comillario (sic) Frei Jos de Santa (...) de minha licena a Bento innocente, Pater incognitus, filho de Maria Rodrigues, bastarda forra solteyra; foram padrinhos Bento de Magalhes Peixoto e sua mulher Micaella Josefa todos moradores desta freguezia, e para constar fis este assento q. assignei quando cheguei de viagem a q. fui mandado pelo Juiz Superior.

    09.1763

    1780 Aos quinze dias do mes de Junho do anno de mil setecentos e oitenta e tres nesta Igreja Matris de Nossa Senhora da Lus da Villa de Coritiba. Baptizou e pos os santos oleos o Reverendo Coadjutor Francisco Chagas Lima a Florianna inocente filha de Maria Pereira casada e de pay incognito. Foro padrinhos Floriano solteiro filho de Antonio Francisco Guimarese Joanna Pereira mulher de Antonio Martins, todos moradores desta mesma vila e para constar fis este assento no mesmo dia chera uz supra.

    9.1983

    II.D 1720 Em pro de Junho de mil e sete centos e vinte e coatro nanos em esta Igreja de N. Sr.a da Lux dos Pinhais bantizei e pus os Santos Oleos Pedro inocente filho de Caterina da Costa Soltra bastarda dero por pai ao L Gaspar Teixr homem solteiro todos moradores desta frequezia do Ser Bom Jesus do Perdo e por falta de Paroco desta, se recorrem. Foro padrinhos Domingos da Pas; madrinha Maria Rois.

    07.1724

    1760 Aos sete dias do ms de Maro de mil e sete centos e sessenta e tres annos nesta Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux da Villa de Corytyba baptizei e pus os santos oleos a Antonia innocente filha natural de Jos Alves, e de Joanna Pereira, viuva, ambos bastardos e naturais desta freguezia: nasceo aos vinte e sete de Fevereiro do ditto anno, e para constar fis este assento no mesmo dia, chera uz supra.

    03.1763

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 17

    O trabalho realizado tambm permite quantificao, embora s tenhamos em mos 85 registros arrolados:

    Quadro 4 Freqncia de Batismos de Crianas Ilegtimas, segundo categorias, em funo de anos selecionados por amostra. Nmeros absolutos.

    Parquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Sculo XVIII.

    Categorias Anos selecionados

    IaA IaB IaC IaD IbA IbB IbC IbD II.A II.B II.C II.D

    Total

    1698 - - 3 - - - - - - - - - 3

    1705 - - 1 2 - - - - - - - - 3

    1724 - - 8 - - - 2 - 2 - - 1 13

    1744 - - 3 - - - 3 - - - 1 - 7

    1763 - - 3 - - - 8 - - - 1 1 13

    1783 - - 1 - - - 22 - 7 3 11 2 46

    Total - - 19 2 - - 35 - 9 3 13 4 85

    No o caso ainda, tendo em vista a preliminaridade deste texto, pensar em algum tipo de anlise a respeito. Muito menos, repensarmos as hipteses que levaram ao estabelecimento das categorias acima existe ainda muito trabalho frente, principalmente no que concerne ao sculo XIX. Frisamos, apenas, que, na quantificao

    acima, inclumos algumas informaes um tanto dbias, como, por exemplo, os casos de (1) Domingas, bastarda q. foi administrada de Gonalves Soares Rois [09.1744], (2) Maria (...), q. assiste em casa de Jos Dias Cortes [02.1763] e (3) Ursula bastarda da casa de Jos Palhano [12.1763], includos provisoriamente nas categorias II.C, IaC e IbC.

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 18

    Referncias Bibliogrficas

    ABREU, Ftima Regina Tortato Alcntara. Aspectos da sociedade curitibana: os

    nascimentos ilegtimos na Parquia da Vila de Nossa Senhora da Luz. 1750-1910. Curitiba, 1997. Monografia, Licenciatura em Histria. Universidade Federal do Paran.

    BURMESTER, Ana Maria. A populao de Curitiba no sculo XVIII: 1751-1800, segundo os registros paroquiais. Curitiba, 1974. Dissertao, Mestrado. Universidade Federal do Paran.

    _____. Population de Curitiba au XVIIIe sicle. Montreal, 1981. Tese, Doutorado, Universidade de Montreal.

    COSTA, Iraci del Nero da. Vila Rica: populao (1719-1826). So Paulo: FIPE/USP, 1979.

    COSTA, Odah Regina Guimares. As fontes primrias existentes no Arquivo da S Metropolitana e Parquia de Nossa Senhora da Luz de Curitiba. Boletim da Universidade Federal do Paran. Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras, Departamento de Histria. 6:49-99, 1968.

    DUPQUIER, Jacques. Pour la dmographie historique. Paris:PUF, 1984. FLEURY, Michel & HENRY, Louis. Nouveau manuel de dpouillement et

    dexploitation de ltat civil ancin. 3e ed. Paris: INED, 1985. FURET, Franois. O quantitativo em histria. In: LE GOFF, Jacques & NORA, Pierre

    (org). Histria: novos problemas (3 ed.). Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. Pp. 49-63.

    GOLDSCHMIDT, Eliana Maria Rea. Convivendo com o pecado na sociedade colonial paulista (1719-1822). So Paulo: Annablume, 1998.

    KUBO, Elvira Mari. Aspectos demogrficos de Curitiba: 1801-1850. Curitiba, 1974. Dissertao, Mestrado. Universidade Federal do Paran.

    MARCLIO, Maria Luiza. A cidade de So Paulo; povoamento e populao. 1750-1850. So Paulo: Pioneira/USP, 1973.

    MIRANDA, Beatriz Teixeira de Melo. Aspectos demogrficos de uma cidade paranaense do sculo XIX: Curitiba, 1851-1880. Curitiba, 1978. Dissertao, Mestrado. Universidade Federal do Paran.

    NADALIN, Sergio Odilon. Casamento, sexualidade e reproduo. Revista Brasileira de Estudos de Populao, 5(2):63-91, jul-dez, 1988. (Tambm publicado numa antologia preparada pelo Comit Editorial da ABEP: Sexuality, marriage and reproduction. Brazilian Journal of Population Studies. 1:207-228, 1997-1998.)

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 19

    _____. Sociedade, populao e demografia (Para uma compreenso da histria das populaes). Paper (6) apresentado em Seminrio da Linha de Pesquisa em Histria as Populaes do Departamento de Histria da Universidade Federal do Paran. Curitiba, abril de 1996.

    _____. A demografia numa perspectiva histrica. Belo Horizonte: ABEP, 1994. PERARO, Maria Adenir. Fardas, saias e batina: a ilegitimidade na Parquia Senhor

    Bom Jesus de Cuiab, 1853-1890. Curitiba,1998. Tese, Doutorado. Universidade Federal do Paran.

    QUEIROZ, Maria Luiza Bertulini. Parquia de So Pedro do Rio Grande; estudo de histria demogrfica. 1737-1850. Curitiba, 1992. Tese, Doutorado. Universidade Federal do Paran.

    SILVA, Antonio de Moraes. Diccionario da lingua portugueza, recopilado dos vocabularios impressos at agora, e nesta segunda edio novamente emendado, e muito acrescentado. (Tomo primeiro, AE). Lisboa: Typographia Lacrdina, 1813. Edio fac-similada photografada no Rio de Janeiro: Revista de Lingua Portuguesa, 1922.

    _____. Idem (Tomo segundo, FZ). VALLE, Marilia Souza do. Movimento populacional da Lapa: 1769-1818. Curitiba,

    1976. Dissertao, Mestrado. Universidade Federal do Paran. _____. Nupcialidade e fecundidade das famlias da Lapa; 1770-1829. So Paulo,

    1983. Tese, Doutorado. Universidade de So Paulo. VENNCIO, Renato Pinto. Infncia sem destino: a vida familiar da criana pobre no

    Rio de Janeiro colonial. (Livro em preparo).

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 20

    Anexo Quadro 5 Parquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba.

    Algumas notas a propsito de um trabalho de pesquisa.

    Ordem Ano Livro Termo de abertura

    Assentamento de batizado

    Observaes

    1 1750 2 (No tem folha de abertura, mas pelo contedo deve referir-se populao escrava e bastardos)

    Ritta, innocente pater incognitus, filha de Domingas, escrava de ...

    2 1750 2 (idem) Francisco innocente, pater incognitus, filho de Appolonia, solteyra carij administrada de ...

    3 1750 2 (idem) Francisco innocente, filho de Antonio de Lima solteyro, e de Cipriana tambm solteira, filha de Joam, mulato forro ...

    filha de Joam, mulato forro

    4 1750 3 Bautizados servos

    Escolstica, innocente pater incognitus, filha de Izabel Carvalho administrada de...

    ? administrada com esse nome?

    5 1750 4 Bautizados dos brancos

    Maria, engeitada, pater incogniti, a qual se cria em caza de...

    6 1770 5 Bautizados de gente branca

    Joam, innocente, patre incogniti, engeitado que se achou na porta de Joam do Couto em cuja caza se cria...

    7 1770 6 Bautizados escravos e bastardos

    Ritta, innocente, pater incognitus, filha de Luzia, solteyra, escrava de....

    8 1770 6 Francisca, innocente, pater incognitus, filha de Joanna Pereyra, viva bastarda ...

    Viva bastarda?

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 21

    Ordem Ano Livro Termo de abertura

    Assento de batizado

    Observaes

    9 1770 6 Joanna, innocente, filha natural de Salvador, solteyro, filho de Joam Peres, e de Antonia, solteyra, filha de Ignacio Pereyra Maciel, todos bastardos, ...

    Filha natural

    10 1790 07 Bautizados brancos

    Duarte innocente filho de Maria Fernandez, solteira, e de Vitto Antonio, quem dero por pay; netto pela parte paterna de Jose Luis de Mattoz natural da Villa de Ytu desse bispado e de sua molher Antonia Lui Marins; e pela parte materna de Salvador Fernandes, defunto e de Maria das Nevez...

    Ficha completa, de uma criana ilegtima mas registrado no livro dos brancos

    11 1790 08 Baptismos de escravos,

    administrados e bastardos

    Claro, innocente, filho de pai incognito e de Maria, escrava de ...

    12 1790 08 Anna, innocente filha de pai incognito e de Appolonia Cardoza, solteira, filha de Antonio da Costa Quaresma ...

    13 1790 08 Francisco, innocente, filho de pais incognitos, exposto sem cedula em casa de ...

    14 1790 08 Anna innocente, filha de pai incognito e de Maria Gonalvez, solteira, exposta de Francisco Xavier Esteves ...

    A me foi ex posta? Como ganhou o sobreno me?

    15 1810 13 assentos das pessoas pardas, escravos, forros e administrados que se baptizarem

    La filha de Ma escrava do Capm ...

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 22

    Ordem Ano Livro Termo de abertura

    Assento de batizado

    Observaes

    16 1810 13 Balduina fa de Gertrudes Ma e de pai incognito ...

    17 1810 13 Ma fa de Ma da Lus e de pai incognito ... Me com nome/sobrenome devocional

    18 1810 13 Mel fo de Anna Leite e de pai incgnito ...

    19 1810 13 Ritta exposta em caza de Mel Luis de Matos, e de pai incognito ...

    Exposta e de pai incgnito!

    20 1810 13 Joaqm fo de Manoel Loureno Vidal ...

    (?)

    21 1830 18 Baptizados dos brancos, bastardos e escravos

    Flora, innocente filha de Caetana escrava de (...) e de pai incgnito ...

    A partir de 1830 (?) um s livro

    22 1830 18 Anna filha de Joana Maria solteira de pai incgnito ...

    23 1830 18 Ricardo, filho de Maria da Conceio bastardo e de pai incgnito ...

    24 1830 18 Estefania, innocente filha de Candida Jezuina Roza, de pai incgnito ....

    25 1830 18 Maria exposta em caza de Francisca de Paula ...

    26 1850 21 Assentos dos baptizados que se fizerem.

    Ignocente Graciana (...) filha de Izabel, solteira, e de pai incgnito, escravas de ...

    Me e filha escravas.

    27 1850 21 Ignocente Beneditto (...) filho dAntonia Maria, solteira, parda, e de pay incognito ...

    28 1850 21 Ignocente Beneditta (...) filha de Maria da Trindade e de pay incognito ...

    Ordem Ano Livro Termo de abertura

    Assento de batizado

    Observaes

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 23

    29 1850 21 Ignocente Manoel (...) filho de Calorina Martins, solteira, e de pay incognito ...

    30 1850 21 Ignocente Beneditta (...), exposta em caza de Joze Gonalves do Espirito Santos, sem sedula alguma ...

    31 1870 28 Baptizados desta Freguesia

    Innocente Maria, filha de Sabina, escrava solteira de Joaquina de Oliveira ...

    p.i. ?

    32 1870 28 Innocente Joo (...), filho de Anna Maria, solteira, e de pai incgnito ...

    33 1870 28 Innocente Porcina (...), filha de Maria do Cu e de pay incognito.

    34 1870 28 Innocente Thomas (...), filho de Francisca Joaquina de Carvalho, solteira, pay incognito...

    35 1870 28 Innocente Anna, exposta em casa de Joo Rosa, ...

    36 1889 38 Lanamento de baptizados effetuados nesta Parochia

    Acacio, nascido na Crte a (09.04. 1884), filho de pais incognitos ...

    Enjeitado?

    37 1890 39 Registros dos baptizamentos effectuados nesta Parquia

    38 1890 39 Anna (...), filha de Aisa Maria do Rosrio e de pai incognito ...

    Do Rosrio: seria A/II?

    39 1890 39 Analia (...), filha de Benedicta Maria do Couto e de pai incognito ...

    Ordem Ano Livro Termo de abertura

    Assento de batizado

    Observaes

  • Bastardia e Ilegitimidade....doc 24

    40 1910 52 assentamentos dos baptizados da Cathedral

    Anayr, filho natural de Maria Zulmira ...

    Sendo padrinhos a Invocao do Sr. Bom Jesus e N.SRA das Dores.

    41 1910 52 Leonidia (...), filha natural de Herminia Ninemann ...

    Padrinhos de origem estrangeira.

    42 1910 52 Alice Amanda (...), filha natural de Carlos Weigert Junior, que como tal reconheceu e de Candida Maria Rosa, ambos solteiros

    Padrinhos de origem estrangeira.

    Fonte: Ftima Regina Tortato Alcntara de ABREU [1997:(Anexos)64-100].

    ***