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resumo da história do século XX

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APONTAMENTOS DE HISTRIA

DE APOIO AO PROGRAMA DO 12 ANO

(A partir dos manuais de Pedro Almiro Neves, da Porto Editora)

Ano Lectivo de 2005/2006 Prof. Ana Paula Torres

1. O Tratado de Versalhes (1919) e a nova geografia poltica da Europa

2. A Fundao da Sociedade das Naes (1919)

3. A Implantao do marxismo na Rssia e construo de um novo modelo poltico (1917-22)

4. Dificuldades econmicas da Europa e a sua dependncia face aos EUA.

A "era da prosperidade" nos EUA.

5. Transformaes das mentalidades e comportamentos: vida urbana, quebra de valores tradicionais, movimentos sufragistas, novas concepes cientficas e artsticas (modernismo)

6. Degradao do ambiente econmico e social na Europa. Os regimes totalitrios nos anos 30.

7. Portugal: da 1 Repblica instabilidade do regime, ao regime autoritrio do Estado Novo nos anos 30.

Aliados

- As potncias envolvidas na I Guerra (1914-18)

P. Centrais

A conferncia de Paz em Paris (1919)

Os vrios tratados de paz (Doc.1)

O Tratado de Versalhes dos Aliados com a Alemanha (Doc.2)

Proibio de manter fortificaes e foras militarizadas nas margens do

Reno;

Desmobilizao e reduo das Foras Armadas

Perda de territrios para a Frana

Reconhecimento de outros Estados

Perda de colnias

Responsabilidade nos danos da guerra e pagamento de indemnizaes

Queda de Imprios autocrticos e imperiais (Alemo, Austro-Hngaro, Russo e Otomano)

Formao de novos Estados: Hungria, ustria, Checoslovquia, Jugoslvia, Polnia, Estnia, Letnia, Litunia, Turquia, Finlndia e URSS.

Vitria e reforo das democracias (vencedoras da guerra e novas democracias criadas nos Estados sados dos Imprios, transformadas em Repblicas Liberais baseadas no Sufrgio Universal e na separao dos poderes).

2. Fundao da S.D.N (1919)

O medo de uma nova guerra e persistncia de divergncias e conflitos (fronteiras, nacionalismos) levou necessidade de criar uma sociedade internacional que lutasse pela paz.

Ideia expressa na Conferncia de Paz (1919) pelo Presidente Wilson dos E.U.A.

Criao da S.D.N em 1919, em Genebra, com o objectivo de manter a paz na Europa, fomentar a cooperao econmica, cultural entre os Estados. decidida a solidariedade em caso de opresso.

3. A difcil recuperao econmica do ps- Guerra na Europa (1919-24) e a sua dependncia dos EUA

Hegemnica, em todos os campos, no incio do sculo, a Europa deixa-se ultrapassar pelos EUA, no ps-guerra.

Factores:

Diminuio da Populao activa

Queda dos imprios e rompimento dos circuitos econmicos tradicionais

Campos devastados (quebra de 30% da produo agrcola)

Indstrias em crise (quebra de 40% da produo industrial) e vocacionadas para a guerra

Desorganizao do comrcio

Necessidade de reconstruo econmica (reconverter a economia de guerra em economia de paz)

Necessidade de reconstruo de cidades e campos devastados

Pases vencedores: recurso a emprstimos monetrios e importao de produtos agrcolas e industriais americanos (acumulao de dvidas)

Vencidos: recurso a emprstimos monetrios e importao de produtos agrcolas e industriais americanos (acumulao de dvidas) e indemnizaes de guerra

ENDIVIDAMENTO EXTERNO

FACE AOS E.U.A.

Dfice na balana de Pagamentos

Dvidas dos E.U.A. EuropaDvidas da Europa aos E.U.A.

19147.2003.500

19193.3007.000

Desvalorizao da moeda como consequncia de economias europeias arrasadas pela guerra.

Grande inflao monetria e crise social.

Preos no Mercado de Berlim (marcos)

QuiloFev.1923Out.1923Nov.1923

Carne

Boi6.800112 mil milhes560 mil milhes

Manteiga14.00052 mil milhes420 mil milhes

3. A "Era da Prosperidade" nos EUA de 1923-29

Boom industrial:

Novas fontes de energia (petrleo, electricidade)

Crescimento de produo do ao, carvo, ferro

Produo industrial cresce 64%

Novas indstrias: electricidade, automvel, qumica, electrodomsticos

Concentrao industrial: United States Corporation/ General Motors/

Standard Oil

Novos mtodos de racionalizao do trabalho:

Taylor: investigao realizada/ trabalho em cadeia e linha de montagem

Ford: aplicao da linha de montagem na indstria automvel/ Produo

em srie/Estandardizao/Mecanizao do trabalho/Salrios altos/

Desumanizao dos operrios

Boom Comercial:

Cresce o consumo interno (consumo em massa) com:

- o maior nmero de produtos no mercado (aumento de produo agrcola e industrial);

- com o maior nmero de consumidores (crescimento populacional - 120 milhes de habitantes);

- com as vendas a crdito e com a publicidade.

Boom financeiro:

Expanso da Banca (crdito interno e emprstimos externos e contas-poupana) e da Bolsa ( sociedade por aces)

O dlar torna-se a moeda mais forte

Os EUA tornam-se os banqueiros do mundo

- Expanso do capitalismo liberal

- o perodo dos "Loucos anos 20", marcado por um clima de optimismo e confiana que leva a uma vida intensa e agitada. o perodo que assiste difuso de uma srie de inventos que vm facilitar e animar a vida dos americanos e europeus do ps-guerra: os electrodomsticos, o automvel, a rdio, o telefone, o cinema, os clubes nocturnos, o jazz, os cocktails.

Impe-se o "estilo de vida americano", o mito da vida fcil, da prosperidade permanente.

1. O Atraso da Rssia Imperial e a crise do Imperialismo Russo

(incio do sc. XX)

Atraso Econmico: Agricultura a actividade dominante, ocupa 85% da populao activa em 1917. A terra propriedade do Estado, da Igreja Ortodoxa e da Nobreza. Indstria atrasada. A economia est dependente do apoio financeiro de outros pases. Situao econmica debilitada, em contraste com a Europa Ocidental industrializada.

Poltica autocrtica do Czar: Nicolau II governa desde 1894. Regime autocrtico, baseado no poder pessoal do Czar. Apoio da Igreja Ortodoxa e da Nobreza. A Corte marcada por grande ostentao e corrupo.

Agravamento com a participao da Rssia na I Guerra (1914-1917): A guerra agravou a situao de crise. Fez cair a produo agrcola e industrial. Aumentou a inflao, a carestia e a misria.

Alm disso, derrotas terrveis nas batalhas contra os alemes fizeram um elevado nmero de mortos, provocaram humilhao, desnimo e levaram muitos a desertar.

Contestao Social e Poltica: As ideias liberais e marxistas penetram na Rssia, sendo adoptadas pela burguesia, nobreza liberal, proletariado, camponeses, soldados e marinheiros. O descontentamento geral leva Revoluo popular de 1905 esmagada pelas tropas do Czar que disparou contra os manifestantes que, junto ao Palcio de Inverno, pediam po ao Czar. Morreram duas mil pessoas e este episdio ficou conhecido como o Domingo Sangrento.

Reforo do Czarismo e aumento da represso:

O Czar aceita a convocao da DUMA (Parlamento Russo), mas continua a governar de forma autocrtica, com o apoio da nobreza, da Igreja, da burocracia e do exrcito. Reforou a censura, a polcia poltica e reprimiu a oposio violentamente.

Cresce a Contestao Social e Poltica.

Surgem novos partidos:

P.K.D. (Partido Constitucional Democrata) Apoio da burguesia e da

nobreza liberal (democracia liberal).

Socialistas-Revolucionrios Apoio dos camponeses.

Partido Operrio Social-Democrata Russo (Mencheviques/Bolcheviques)

marxistas que defendiam a tomada do poder pelo operariado.

1. A Revoluo de Fevereiro de 1917

Motivos Atraso econmico

Misria camponesa e operria

Autocracia czarista e aumento da represso

Participao da Rssia na I Guerra Mundial e agravamento das condies econmicas e sociais.

Fracassos militares que leva desmoralizao e a deseres

Insatisfao da Burguesia e Nobreza liberal.

Desejo de reformas. Oposio dos partidos Constitucional-democrata, Socialistas-revolucionrios

Contestao do Partido Social- democrata que prepara a revoluo operria.

Protagonistas Manifestaes de mulheres

Greves de operrios

Motins de soldados e marinheiros

Soviete de Petrogrado

Efeitos Imediatos

Problemas Levantados Queda do Czarismo

Entrega do poder a um Governo Provisrio, de cariz burgus, que vai realizar reformas liberais.

Contestao do Soviete de Petrogrado ao Governo Provisrio, na sequncia do domnio do Partido Bolchevique no Soviete.

Duas perspectivas:

Governo Provisrio: visava criar um regime de democracia representativa na Rssia e manter o pas na Guerra ao lado dos Aliados.

Sovietes: Visavam uma nova revoluo que levasse a Rssia Ditadura do Proletariado para a construo do Socialismo.

Desenvolvimento

A Queda do Czarismo

23 de Fevereiro

Greve das Operrias Txteis de Petrogrado que aproveitam o Dia Internacional da Mulher para se manifestarem. Grita-se Abaixo a Guerra, Abaixo a Autocracia.

Greve de operrios.

Manifestaes de operrios, soldados, marinheiros, estudantes contra a guerra, a fome e a falta de abastecimentos.

Motins de soldados e marinheiros que ocupam arsenais e edifcios governamentais.

Do-se vivas aos Sovietes (conselhos de operrios, soldados e marinheiros, criados em 1905, extintos depois e que reaparecem agora).

O Czar ordena s tropas que atirem sobre a populao e manda encerrar a Duma.

As tropas do Czar recusam-se a obedecer e obedecem aos revoltosos.

27 de Fevereiro

Os revoltosos tomam o edifcio da Duma.

Constitui-se o Soviete de Deputados Operrios e Soldados de Petrogrado,

dominado pelos socialistas-revolucionrios e mencheviques. Karensky foi o

seu presidente.

2 de Maro

O Czar abdica. Fim do Czarismo

A Duma forma um Governo Provisrio para governar o pas at as eleies legislativas que devero ter lugar em 1918 para que os deputados eleitos possam elaborar uma Constituio que transforme a Rssia numa Repblica Parlamentar.

O Governo Provisrio dirigido inicialmente por Lvov (prncipe liberal, constitucional- democrata), tendo Karensky como Ministro da Justia

DUALIDADE DE PODERES ENTRE FEVEREIRO E OUTUBRO DE 1917

Governo Provisrio

Foi presidido inicialmente por Lvov e, posteriormente, por Karensky (um socialista-revolucionrio).

Visava criar um regime de democracia parlamentar e representativo. Para isso, vai preparar as eleies para uma Assembleia Legislativa, para que os deputados para ela eleitos possam elabora uma constituio democrtica para a Rssia.

Legisla nesse sentido, decretando:

- estabelecimento das liberdades pblicas

- a amnistia para os presos polticos

- as 8 horas de trabalho dirio para os operrios

- separao entre a Igreja Ortodoxa e o Estado

- o sufrgio universal e o voto das mulheres

Mantm a Rssia na I Grande Guerra, recusando uma paz precipitada em que o pas saia humilhado e que traga percas territoriais.

Apoios:

Burguesia liberal

Partido Constitucional - Democrata

Socialistas Revolucionrios

Mencheviques

Soviete de Petrogrado (apoia de incio, mas volta-se contra ele por

influncia dos bolcheviques).

Soviete de Petrogrado

Os Bolcheviques que lutavam na clandestinidade, aproveitam a amnistia do Governo Provisrio e reforam a sua aco poltica. Muitos regressam do exlio, outros das prises. Ingressam em massa nos Sovietes que influenciam e passam a dominar.

Destaca-se Lenine, dirigente bolchevique, que chega do exlio da Suia e que se torna muito influente no Soviete de Petrogrado.

Destaca-se tambm Trotsky que se torna Presidente do Soviete de Petrogrado e nele organiza os Guardas Vermelhos, milcias armadas de operrios.

O Soviete e os Bolcheviques contestavam o Governo Provisrio e exigiam que o poder fosse entregue aos Sovietes, por serem os mais legtimos representantes do povo russo. A sua palavra de ordem era: Todo o Poder aos Sovietes

Paz imediata

Nacionalizao das terras, bancos, grandes indstrias

Controle da produo pelos operrios

Ditadura do Proletariado

Socialismo

Comunismo

Existncia de um regime duplo baseado em dois poderes paralelos

Clima de caos e de desordem agravado com sucessivos fracassos na guerra e deseres e com ocupaes de terras nos campos e greves nas indstrias.

3. A Revoluo de Outubro de 1917

A Democracia dos Sovietes (1917/1918)

A Guerra Civil (1918/ 1920)

O Comunismo de Guerra (1918/1920)

Protagonistas Sovietes

Bolcheviques (Lenine e Trotsky, principais dirigentes)

Acontecimentos Os Bolcheviques assumem a liderana nos Sovietes

Trotsky torna-se Presidente do Soviete de Petrogrado e arma os Guardas Vermelhos.

A 25 de Outubro, do cruzador Aurora saem marinheiros revolucionrios que ocupam lugares estratgicos da cidade.

Os Guardas Vermelhos ocupam outros pontos estratgicos e assaltam o Palcio de Inverno, onde se fixara o Governo Provisrio.

Ocupao pacfica, sem derramamento de sangue.

O II Congresso dos Sovietes legitima a revoluo.

Efeitos imediatos

Perodo da Democracia dos Sovietes Queda do Governo Provisrio.

Formao de um novo governo. O II Congresso dos Sovietes entrega o poder poltico ao Conselho dos Comissrios do Povo (composto por Bolcheviques).

Entre os 18 comissrios destacam-se Lenine (Presidncia), Trotsky (Pasta da Guerra) e Staline (Pasta das Nacionalidades).

Legislao revolucionria:

- Decreto sobre a Paz: negociaes visando retirar a Rssia da Guerra (s em 1918 com o Tratado de Brest-Litovk);

- Decreto sobre o controle operrio (gesto e controle das fbricas pelos operrios);

- Decreto sobre a terra (expropriao da grande propriedade e sua entrega aos sovietes de camponeses);

- Decreto sobre as nacionalidades (criao da Carta das Naes Russas que concedia igualdade e soberania aos diferentes povos da Rssia).

Problemas levantados

(Depois de 3 meses de entusiasmo e adeso de operrios e camponeses)

Resistncia dos proprietrios e empresrios s

expropriaes

Desorganizao da economia

Aumento do desemprego com os desmobilizados de guerra

Perda das eleies pelos Bolcheviques para a Assembleia Constituinte

Guerra Civil (1918 1920) com 10 milhes de mortos

Brancos contra Vermelhos

Opositores internos Bolcheviques e

e exrcitos estrangeiros Sovietes

Concretizao da

Ditadura do Proletariado

e do Comunismo de Guerra

Concretizao da

Ditadura do Proletariado

e do Comunismo de GuerraOs Bolcheviques, para fazerem face situao, puseram de parte os decretos revolucionrios e implantaram a Ditadura do Proletariado com medidas muito duras. Foi o Comunismo de Guerra que ps fim Democracia dos Sovietes.

Medidas:

Nacionalizao de toda a economia (terras, fbricas, comrcio interno e externo, transportes, bancos)

Trabalho obrigatrio dos 16 aos 50 anos

Proibio das greves

Dissoluo da Assembleia Constituinte (reuniu um s vez)

Proibio dos partidos polticos, excepo do Partido Comunista (ex-bolchevique)

Represso contra os opositores: polcia poltica (Tcheca), censura, prises, campos de trabalho forado.

A Ditadura do Proletariado

transforma-se na

Ditadura do Partido Comunista.

1919: Convocao da III Internacional Comunista (Komitern) com o objectivo de unir todos os partidos comunistas e operrios de todo o mundo num organismo internacional que promova a revoluo a nvel mundial.

1922: Criao da U.R.S.S. Torna-se um Estado federalista e multinacional, organizado segundo o centralismo democrtico, assente nos sovietes, mas controlados pelo Partido Comunista, a elite revolucionria.

Triunfo do Marxismo-Leninismo na U.R.S.S.

Principais conceitos:

Ditadura do Proletariado

Segundo o marxismo, era a forma assumida pelo Estado no perodo de transio entre a sociedade capitalista e o comunismo. Seria a etapa em que o proletariado, atravs da sua vanguarda revolucionria (P. C.), esmagaria a resistncia capitalista e burguesa, criando condies para a implantao do socialismo e depois do comunismo. um regime de ditadura para os opressores, exploradores e capitalistas. Pelo contrrio, um regime de democracia para a maioria do povo.

Marxismo-Leninismo

Sistema poltico e doutrinrio aplicado por Lenine na Rssia aps a revoluo de Outubro. Tendo como base o marxismo (Marx e Engels), adapta-o s condies histricas da Rssia em 1917, introduzindo algumas alteraes:

- apelo participao activa dos camponeses

- reforo do aparelho de Estado

- uso da fora poltica do Estado para aniquilar toda a resistncia.

Centralismo Democrtico

Sistema organizativo de tipo novo em que os rgos governativos eram eleitos democraticamente por etapas e degraus, ficando subordinados s directivas do poder central, numa cadeia hierrquica que se exercia das cpulas at s bases.

Assentava numa linha democrtica que estabelecia o voto popular por etapas e degraus de baixo para cima e numa linha autoritria e centralizadora que determinava o cumprimento, sem contestao, das decises tomadas pelos rgos superiores que tinham sido eleitos. As decises eram impostas de cima para baixo.

Conselho dos Comissrios do Povo Presidium

Comit Executivo Central

Congresso dos Sovietes

Sovietes Locais e regionais

Cidados da U.R.S.S. (voto secreto)

No havia separao dos poderes. O Estado identificava-se com o P.C.

4. A Nova Poltica Econmica (1921 -1927)

A Nova Poltica Econmica (1921 -1927)

Motivos Milhes de mortos

Cidades despovoadas

Runa da economia (indstrias paralisadas, campos devastados)

Fome

Resistncias s nacionalizaes e Ditadura do Partido Comunista

Revoltas da populao

Grita-se: Morte aos Bolcheviques! Vivam os Sovietes!

Medidas

tomadas pelo P.C.

e Congresso

dos SovietesSubstituio do Comunismo de Guerra pela N.E.P. (introduo de medidas capitalistas, numa tentativa de relanamento da economia atravs da coexistncia de um sector privado e de um sector socialista):

Interrupo da colectivizao agrria;

Os camponeses passaram a poder produzir e a vender os seus excedentes no mercado;

Desnacionalizao das empresas mais pequenas;

Investimento estrangeiro.

ResultadosRecuperao da economia sovitica com crescimento das produes agrcola e industrial

Dificuldades Econmicas do Ps-GuerraRevoluo Socialista Sovitica

e seu grande impacto no mundo no movimento operrio europeu.

Fundao do Komintern

Impacto da Revoluo de Outubro no mundo

Suscitou grande entusiasmo no mundo, pois mostrou aos seguidores das ideias marxistas e aos partidos operrios de todo o mundo que era possvel a revoluo e a destruio do Estado burgus e capitalista. Simultaneamente, suscitou a oposio dos Estados e partidos que defendiam a democracia representativa e o sistema capitalista.

Radicalizao Social e Poltica nos anos 20

Greves Operrias

Ocupao de terras e de fbricas

Tentativas de revoluo comunista

Fraqueza e incapacidade das Democracias Liberais na resoluo da crise econmica e no controle da ordem social

Medo do Bolchevismo e da expanso da Revoluo Socialista no mundo.

Grande descontentamento da alta burguesia, dos grandes proprietrios e das classes mdias que temem a agitao social, a desordem nas ruas e o bolchevismo.

As classes descontentes e temerosas vo apoiar a emergncia de solues autoritrias que prometem instaurar a ordem, restaurar a economia, criar empregos e engrandecer as ptrias.

Emergncia dos Autoritarismos

Fascismo na Itlia (Mussolini)

Nazismo na Alemanha (Hitler)

Movimentos autoritrios e antidemocrticos

em vrios pases europeus

Ditaduras em vrios pases europeus:

- Portugal (Ditadura Militar e Salazarismo)

- Espanha (Primo de Rivera e Franquismo

1. As Transformaes da Vida Urbana

- Desenvolvimento urbano como um dos fenmenos mais importantes dos finais do sculo XX e incios do sc.XX.

Crescimento urbano que vai romper o equilbrio milenar entre a cidade e o campo (campos esvaziam-se e enchem-se as cidades).

- Industrializao como factor determinante para a industrializao. Na cidade surgem novas actividades (indstria, servios que atraem a populao rural). O xodo rural faz engrossar as cidades.

- Crescimento quantitativo das cidades (cresce o nmero de cidades e o nmero de habitantes dentro das mesmas).

- Crescimento qualitativo das cidades (so o centro de actividades poderosas e fundamentais relacionadas com a politica, administrao, indstria, comrcio, Banca e servios pblicos ligados as novas necessidades da cidade:

- Redes de Transportes (omnibus, elctricos, comboios)

- Abastecimento (alimentos, gua, energia)

- Escolas - Hospitais

- Saneamento bsico - recolha de lixo

- Surgiram as Metrpoles (gigantescas reas urbanizadas) como Nova Yorque, Chicago, Paris e Londres.

- Surgem as Megalpoles (reas urbanizadas de km, ligando cidades nos E.U.A., Japo, Alemanha, Holanda).

- Mudana na estrutura urbana:

* Novos centros urbanos (j no a Catedral ou a Praa), mas locais onde esto grandes edifcios pblicos, bancos, centros comerciais, grandes empresas. O poder econmico).

* Bairros elegantes do centro onde se instala a Burguesia.

* Bairros operrios

* Bairros do submundo de pobreza humana

* Subrbios (bairros da periferia)

ZONAS DE DEGRADAO

Desenraizamento Pobreza Delinquncia violncia criminalidade

2.A Nova Sociabilidade e a Desagregao das Solidariedades

- Massificao da vida urbana

- Alienao do trabalho

- Desagregao das solidariedades

- Anomia Social

Massificao da vida urbana

Surge nas cidades uma sociedade de massas, caracterizada por:

- Elevado nmero de pessoas

- Sua disperso espacial

- Anonimato (as populaes vivem em bairros estandartizados, trabalham em grandes empresas e vivem sem estabelecer relaes interpessoais com a vizinhana ou com colegas de trabalho)

- Consumo de massas numa sociedade de consumo

- Uniformizao de comportamentos (modo de vestir, falar, atitudes)

- Novo clima de cio. nsia de divertimento.

Alienao do trabalho

Termo marxista para designar o trabalho automatizado pelo operrio imposto pela mquina de montagem. O trabalho passou a ser annimo e abstracto. O produto final deixou de ser o produto da criatividade do operrio, para ser o produto da mquina. Do trabalho est alheio o pensamento e o sonho.

Do trabalho operrio, o conceito de alienao do trabalho alargou-se tambm ao trabalho burocrtico.

Desagregao das solidariedades e a anomia social

- Nas sociedades urbanas quebram-se laos de solidariedade e as relaes entre os homens desumanizam-se. Os homens vivem cada vez mais isolados, fechados em si prprios.

- Nas zonas degradadas dos bairros pobres (urbanos e suburbanos) a pobreza conduz a situaes de marginalizao que conduzem violncia a criminalidade.

- Surgem situaes de Anomia Social que se evidenciam por comportamentos urbanos marcados por uma ausncia de regras ou de leis, de princpios e de valores. So comportamentos marginais de indivduos desenraizados que no se integrando na sociedade, assumem comportamentos agressivos que conduzem criminalidade.

Ex. Gangsters como Al Capone, Bonnie e Clyde, vivendo margem da lei, sem princpios morais.

3. A Crise dos Valores Burgueses Tradicionais

Valores Burgueses tradicionais:

- Confiana na superioridade da civilizao ocidental

- Confiana na cincia, indstria e no progresso ocidental

- Confiana na propriedade privada - Famlia patriarcal

I Guerra Mundial

Brutalidade que pe em causa a confiana e o optimismo

Crise das conscincias

- Decepo generalizada. Descrena. Pessimismo.

- A cincia com a sua capacidade de gerar progresso posta em causa

- Contestao a todos os nveis (comportamentos, famlia, sexual, casamento

indissolvel, papel da mulher, arte tradicional)

- Contestao poltica s democracias por grupos revolucionrios e por grupos conservadores e autoritrios.

4. Os Movimentos Feministas

O sculo XX assiste emancipao progressiva da mulher, at ento totalmente na dependncia do homem.

Vrios factores contriburam para isso:

- Revoluo industrial que utiliza a mulher como mo-de-obra imprescindvel para certas indstrias, como o txtil. Apesar de ser altamente explorada com salrios muito inferiores aos do homem, esse trabalho permitiu s mulheres uma independncia econmica que antes no tinham.

- A I Guerra Mundial exigiu um papel activo das mulheres que se viram obrigadas a substituir os homens nas fbricas, campos e servios, enquanto eles partiam para as frentes da batalha.

- Elevao do nvel de instruo da mulher que comea a acontecer por iniciativas dos governos ou para iniciativas particulares de espritos filantrpicos.

- Surge o Feminismo: corrente que defende o movimento da luta das mulheres pela igualdade de direitos em relao ao homem. Lutam pela:

* Igualdade Jurdica (leis)

* Igualdade Intelectual (instruo)

* Igualdade Econmica (profisso, trabalho e salrios)

* Igualdade Poltica (direito de voto, possibilidade de ser eleita)

* Igualdade Social (famlia, sociedade)

algumas feministas famosas:

Emmeline Pankhurst (1908-1914)

Emily Davinson (1913 lana-se para a frente do cavalo do Rei)

Ana de Castro Osrio

Carolina Michalis de Vasconcelos

Carlota Beatriz ngelo

Direitos conseguidos pelas mulheres

Principais conquistas obtidas entre as duas guerras mundiais:

- Direito de voto (conquista de voto universal)

- Acesso a profisses de nvel superior (medicina, advocacia, engenharia e

professorado)

- Acesso ao mundo dos servios

- Maior interveno dentro da famlia: maior liberdade de movimentao;

maior liberdade sexual, com uso dos mtodos contraceptivos.

Reflexo da emancipao das mulheres

- Nos costumes novo estilo de vida mais livre, vida social mais intensa, pratica do desporto, procura de divertimentos, acesso aos vcios masculinos (beber e fumar).

- Na moda Mais simples e desportiva, com saias curtas, saia-cala, cabelo curto garonne, substituio do espartilho pelo soutien, decotes maiores, maquilhagem.

Surgem revistas femininas que exaltam a mulher e que a orientam no sentido de cuidarem da sua imagem, exaltando a sua emancipao.

5. A Descrena no Pensamento Positivista e as Novas Concepes Cientficas

* Na segunda metade do sc. XIX, o positivismo marcava todo o conhecimento cientfico. A metodologia das cincias experimentais era aplicada a todas as reas (da Fsica Histria), acreditando-se que tudo podia ser explicado em termos cientficos e que a cincia podia atingir a verdade absoluta.

* Mas, nos princpios do sc. XX, a cincia evolua no no sentido das verdades absolutas, mas num sentido diferente. O racionalismo, a certeza e o absoluto foram substitudos pela incerteza e pelo relativismo. A prpria cincia se punha, assim, em causa. O Positivismo dava lugar ao Relativismo, doutrina segundo a qual o conhecimento sempre relativo, condicionado pelas suas leis prprias, pelos limites do sujeito que conhece e pelo contexto sociocultural que o rodeia.

Esta teoria provocou um choque na conscincia cientfica da poca, contribuindo para abalar a confiana na certeza cientfica.

* No caso da Histria: Benetto Croce comeou por contestar as teorias positivistas aplicadas a esta cincia. Segundo ele, todo o conhecimento histrico sempre um conhecimento relativo e subjectivo influenciado por inmeros factores (perspectiva do historiador, seleco de fontes, interpretao, etc.)

* Tambm a Fsica e outras cincias experimentais se afastam do Positivismo. Einstein cria a teoria da relatividade que punha em causa o carcter absoluto do conhecimento, tornando-o dependente do espao, do tempo, do movimento e do observador, tambm eles realidades no absolutas.

Segundo aquela teoria, as medidas de energia e de massa eram inseparveis da velocidade e do movimento. Verificou que medida que os objectos se aproximam da velocidade da luz (3.000.000 Km/s), eles encolhem, a sua massa aumenta e o tempo abranda. Por isso, nenhuma observao efectuada a partir de um nico ponto fixo num universo, em permanente expanso, devia merecer uma confiana absoluta.

Desse modo, altera-se tambm a noo do tempo. Este, que se pensava invarivel e linear, torna-se tambm uma nova dimenso, tal como o so o cumprimento, a espessura e a velocidade.

* Nova revoluo cientfica com a Psicanlise:

Freud, mdico neurologista e professor da Universidade de Viena, cria a Psicanlise que vem questionar o poder absoluto da razo sobre o comportamento humano.

A Psicanlise surgiu inicialmente como um mtodo de determinao das causas das neuroses e como terapia de tratamento (a partir da interpretao dos sonhos, da associao livre e da hipnose).

Depois deu origem a uma doutrina psicolgica sobre os nossos processos mentais e emocionais, um mtodo de investigao e uma tcnica teraputica para tratamento de neuroses e psicoses.

Segundo Freud, a psique humana estava estruturada a trs nveis:

- o infra-ego (id), parte mais profunda da psique. O inconsciente que abarca um conjunto de impulsos e foras instintivas que buscam a satisfao imediata;

- o superego, a parte subconsciente. Uma parte inconsciente, mas a um nvel menos profundo. Est ligado interiorizao das proibies morais e ticas. Est sempre vigilante em relao aos nossos comportamentos (censurando/motivando) atravs da censura;

- o ego (eu) ou consciente. ele que decide se um impulso pode ou no ser satisfeito.

Segundo Freud, as causas das neuroses estariam no facto de muitos impulsos instintivos e recordaes desagradveis terem sido reprimidas para o inconsciente da vida mental, onde aparecem recalcados, vindo a gerar neuroses. a censura que no os deixa aparecer. A funo teraputica da Psicanlise seria o de conseguir trazer conscincia essas foras recalcadas inconscientes. Seria ir procura das origens dessas neuroses. Tal conduziria descompresso do que estava recalcado e dessa conscincia comeava o caminho para a cura.

A Psicanlise influenciou as inovaes literrias e artsticas da 1 metade do sc. XX. Escritores e artistas inspiraram-se nas concepes psicanalticas, encontrando no mundo aberto da Psicanlise uma fonte de inspirao frutuosa e uma influncia libertadora: na Literatura surgem personagens freudianas com neuroses; na Arte surgem correntes como o Surrealismo que tentam penetrar para alm do nvel consciente da percepo.

6. As Vanguardas: as inovaes revolucionrias na criao

literria e artstica

As Vanguardas. Rupturas com os cnones das Artes

No incio do sc. XX, do-se profundas transformaes na literatura e nas artes, reflectindo o esprito da mudana. Representa uma frente comum das artes contra a tradio e um desafio sociedade.

a poca do Modernismo e das experincias de vanguarda que se caracterizaram por:

a) Rompimento com a arte tradicional:

-abandono do figurativismo (a fotografia passa a ocupar-se da representao do real). A obra de arte ganha autonomia face realidade, libertando-se da necessidade de a copiar;

-recusa do academismo que seguia os modelos clssicos, numa representao ideal da Natureza e do Homem (desenho em pormenor, claro-escuro, perspectiva);

- abandono dos temas tradicionais (temas religiosos/clssicos/histricos);

b) Criao de uma linguagem pictrica prpria

- carcter bidimensional, sem preocupaes de volume e de desenho, dando mais importncia cor;

- novos temas como a luz, o calor e os estados de alma do pintor, temas do quotidiano;

- procura da intelectualizao da viso.

c) Levar a arte a todos os domnios da actividade humana

- levar a arte s habitaes, aos espaos urbanos, ao vesturio, mobilirio e at aos objectos de uso quotidiano, na aplicao de um funcionalismo esttico que liga a arte tecnologia, indstria, ao mundo do quotidiano. s preocupaes funcionais juntam-se agora preocupaes estticas. Como exemplo, surge o Design que transforma os objectos de uso corrente, produzidos industrialmente, em verdadeiras obras de arte.

d) concepo da arte como uma investigao permanente (busca de novas tcnicas, novos materiais). Surgem variadas escolas - Milo, Roma, Berlim, Paris - efmeras, devido ao carcter de pesquisa que leva os pintores a saltarem de escola em escola.

Surge, ento no sculo XX, o Movimento das Vanguardas ou Vanguardismo, movimento artstico que vai desencadear uma revoluo plstica que ir abrir novos caminhos arte. Atinge a pintura, a escultura, a arquitectura, o mobilirio, a decorao, a literatura e a msica.

Os artistas vanguardistas assumem-se como os pioneiros, os

avant-garde, tendo por misso inventar o futuro e criar um mundo novo.

A PINTURA MODERNISTA

As Experincias de vanguarda

1 - Fauvismo

Nasce em Paris em 1905, quando jovens pintores expem as suas obras, marcadas pela agressividade das cores e que escandalizam a opinio pblica. Um crtico francs chamou-lhes fauves (feras), depois de ter observado a sua exposio onde uma escultura renascentista de Donatello contrastava com as pinturas que a rodeavam, nas quais os pintores haviam empregue a cor de modo expressivo e arbitrrio. O seu comentrio foi: Donatello entre as feras.

Principais caractersticas:

O primado da cor sobre a forma. na cor que os artistas se exprimem artisticamente.

Cores muito intensas, brilhantes e agressivas. Cores primrias, com pinceladas soltas, violentas e grossos empastes. Realce dos contornos com traos negros.

Aplicao das cores de uma forma arbitrria, o que as tornava estranhas, quase selvagens.

Tendncia para a deformao das figuras.

Influncia da arte infantil e da arte primitiva.

Pintores de destaque: Matisse e Vlaminck.

2 O Expressionismo

O Expressionismo surge em 1905 na Alemanha, quando 4 estudantes de Arquitectura formam o grupo, Die Bruck (A Ponte). A eles se juntam pintores.

Receberam influncia de Van Gogh (exprime a solido e a angstia) e Munch (alucinao das figuras) que so considerados os precursores do expressionismo. Pretendiam fazer a ponte entre o visvel e o invisvel.

Queriam romper com o conservadorismo da arte oficial alem. Defendiam uma arte impulsiva, fortemente individual, que representasse um grito de revolta individual do seu criador contra uma sociedade marcada pela injustia e pelos preconceitos e moralismos.

O Expressionismo , por isso, a pintura das emoes. Reflecte a projeco do artista para o mundo exterior, imprimindo na arte a sua sensibilidade e as suas emoes face ao mundo que o rodeia.

Principais caractersticas:

Temtica pesada: cenas de rua e retratos onde as figuras humanas eram intencionalmente deformadas. Ridicularizao de grupos como a burguesia e os militares, considerados os culpados da misria social.

Formas: simples, primitivas e distorcidas que deformavam a realidade, para causar assombro, repulsa e angstia

Cor: grandes manchas de cor, intensas e contrastantes, aplicadas livremente e de uma forma arbitrria e pesados contornos das figuras.

A inteno era exprimir os dramas humanos da sociedade moderna e os dramas interiores do homem como: o anonimato da cidade, a alienao do trabalho, a solido, a angstia, o desespero, a guerra, a morte, a explorao do sexo, a misria social.

Pintores de destaque: Ernst Kirchner, Georges Rouault, Frutz Bleyl, Otto Dix e Grosz.

3 O Cubismo

Surge em Paris em 1907 com Pablo Picasso ("Les Demoiselles d'Avignon" ) e com Georges Braque ( Casas d Estaque).

a pintura dos cubinhos que revela uma realidade no como a vemos, mas como a pensamos. Significa a intelectualizao da viso em que a arte se liberta da viso e se intelectualiza, utilizando como linguagem a geometria que decompe o objecto nas suas formas mais elementares, para o voltar a reconstruir de uma forma mais racional que segue o raciocnio e no a viso.

Principais caractersticas:

Destruio completa das leis da perspectiva/tridimensionalidade (concepo esttica da pintura tradicional que transmitia apenas a realidade da viso que v o objecto fixo, numa nica perspectiva).

A viso parcelar devia ser substituda por uma viso total dos objectos representados. Uma viso mais intelectual do objecto, no numa nica, mas em vrias perspectivas.

Cria assim uma quarta dimenso que permite a viso simultnea do objecto em vrias perspectivas (de frente, de perfil, de lado, por cima, por baixo, no seu interior ), como se o pintor se movesse em torno do mesmo. Numa nica imagem esto reunidas todas essas perspectivas.

A nova dimenso representa o tempo necessrio percepo integral dos objectos representados no espao pictrico.

Na nova representao do objecto, usa uma linguagem geomtrica, procurando encontrar as formas basilares dos objectos, reduzindo-os a poliedros, cones, esferas, cilindros, etc. Dizia Czanne:

A Geometria para as artes o que a gramtica para a arte do escritor

Revela tambm a influncia da arte africana (mscaras rituais), onde est patente aquela linguagem geomtrica.

PABLO PICASSO

"Les Demoiselles d'Avignon" so a primeira obra cubista.

O Cubismo nasceu no canto superior direito deste quadro. Nos dois nus da direita e em especial nos rostos, modela o volume atravs de uma espcie de desenho colorido e de traos paralelos.

A Picasso pintou a decomposio do seu prprio rosto (anulando a diferena entre frente e perfil), para que pudesse ser visto em toda a sua dimenso. Assim destrua a velha imagem do homem que se impunha desde a poca clssica.

Foi o seu prprio rosto que ele escolheu para nele fazer o maior dos ultrajes que iria tornar-se incio de uma nova era na pintura.

Outra pintura muito famosa "Guernica" (1937), tela monocromtica de grandes dimenses, que representa a destruio daquela cidade basca que sofreu o bombardeamento da Legio Condor de Hitler, durante a guerra civil espanhola, a mando do General Franco. Dos seus 7.000 habitantes, 1.654 foram mortos e 889 feridos.

4 -O Futurismo

Surge em Milo em 1909 e em oposio ao Cubismo. Surge a partir de um manifesto literrio e artstico de Filippo Marinetti - "O Manifesto Futurista".

Propunha a aniquilao de toda e qualquer forma de tradio, a destruio das grandes obras artsticas e literrias do passado, anunciando uma pintura e uma literatura mais adaptadas era das mquinas, do movimento e do futuro. Um verdadeiro hino vida moderna e uma glorificao do futuro. Dizia Marinetti:

As mquinas e os motores tm alma; pensam, sentem como os humanos; uma lmpada elctrica que pisca ameaando apagar-se comparvel a um homem que agoniza!

O Futurismo torna-se uma moda. Os seus meios de propaganda so variados: cartazes, panfletos, revistas, exposies, espectculos, conferncias, etc.

O Futurismo conduziu ainda exaltao do militarismo e da guerra, como expresso da fora e energia de um povo (acaba por ligar-se s doutrinas fascistas).

Principais caractersticas:

Temtica associada velocidade, ao dinamismo e mudana: cidades, fbricas, mquinas, pontes, locomotivas, avies, motores, velocidade, rudo, multides, etc.

Movimento criado a partir da repetio de formas e de cores. A forma decomposta e fragmentada em segmentos, representando diferentes momentos de um corpo em movimento. Combina-se com um intenso jogo de luzes, para sugerir o movimento.

Linhas circulares, elpticas e espirais e arabescos que visavam a ideia de ritmo. As pinturas procuravam representar o tumulto que transmitia a ideia da vida moderna.

Cores agressivas e repetitivas, tal como as formas, para dar a ideia do movimento;

Pintores de destaque: Giacomo Balla, Boccioni, Carlo Carr e Severini.

5 O Abstraccionismo

Surge em 1910 com Kandinsky, pintor russo, radicado na Alemanha. considerado o primeiro abstraccionista.

Podemos definir o Abstraccionismo como um movimento artstico que se propunha no representar a realidade sensvel ou objectiva, mas sim abstrair-se dessa realidade numa nova realidade, oculta e mais profunda, construda pelo esprito.

Principais caractersticas:

O objecto com as suas formas e cores desaparece, sendo substitudo por linhas e cores conjugadas numa unidade que vale por si prpria, numa linguagem universal e espiritual que fazem despertar em cada pessoa reaces diferentes numa variedade muito superior da figurao dos objectos. As abstraces de forma e de cor actuam directamente na alma.

Pintores de destaque: Vassily Kandinsky , Piet Mondrian , Malevitch e Helena Vieira da Silva (Paris).

Kandinsky estabelece a relao entre msica e pintura, atravs do paralelismo entre a cor e os instrumentos musicais (azul/flauta, verde/violino, branco/silncio).

Da o seu estilo ser designado por abstraccionismo musical, pois a cor no tem referncias figurativas, mas apenas uma ligao msica. Usa uma linguagem puramente abstracta, em que no h qualquer ligao entre arte e realidade. O ritmo e o dinamismo so conseguidos atravs da cor e de linhas curvas, horizontais e verticais.

Piet Mondrian, impressionado com a violncia de um mundo em guerra, procurou dar sua pintura uma funo social, para alm de uma nova dimenso esttica. Procurou desligar da arte toda a emotividade pessoal e tambm tudo o que efmero. Queria atingir uma pintura liberta de tudo o que no essencial, limitada aos elementos bsicos: a linha, a cor, a composio e o espao bidimensional. Tal levou-o a um abstraccionismo geomtrico, ligando a pintura matemtica, de modo a criar a realidade pura. Usa:

- 3 cores primrias: vermelho, azul, amarelo

- 3 no cores: negro, cinza e branco

- formas bsicas: rectngulos, quadrados

- linhas rectas substituem as curvas (lembram formas orgnicas)

6 O Dadasmo

Este movimento surge na Suia com Marcel Duchamp que pinta uma verso da Gioconda com bigodes e uma legenda obscena.

Segundo este movimento, a autntica arte seria a antiarte caracteriza-se pelo uso da troa, do insulto e da crtica, como modo de destruir a ordem e estabelecer o caos.

O seu nico princpio a incoerncia. Nada significa alguma coisa, nem mesmo o nome do movimento. a chamada ready made que d valor artstico a um objecto que normalmente o no tem (um urinol, uma roda de bicicleta, etc.).

7 A Revoluo surrealista

Em 1924 surge em Paris uma nova vanguarda plstica e literria com Andr Breton que apresenta o "Manifesto do Surrealismo". A ele aderiram pintores como Picasso, Marc Chagall, Joan Mir, IvesTanguy, Salvador Dali e Ren Magritte e homens de letras como Louis Aragon e Paul Eluard.

Inspirava-se nas teorias psicanalticas de Freud e da Psicanlise, procurando reflectir na arte o mundo desconhecido do inconsciente. o recurso psicologia das profundezas. Significa no o abandono do racional, mas o do consciente. Reivindicava a autonomia da imaginao e a capacidade do inconsciente se exprimir sem limitaes.

Aqui residia o carcter revolucionrio do surrealismo, fazendo deslocar a arte do exterior para o mundo da interioridade do artista.

Principais caractersticas:

As pinturas representavam universos absurdos, cenas grotescas e estranhas, sonhos e alucinaes, objectos representados de uma forma enigmtica, misturando objectos reais com objectos fantsticos.

Cores tambm usadas arbitrariamente

Representam, maneira cubista, a viso total e intelectualizada do objecto, representando simultaneamente as vrias vises possveis do mesmo.

Substituio da tridimensional pela bidimensionalidade das figuras.

Os pintores surrealistas dividiam-se em duas tendncias:

* Surrealistas figurativos (Dali, Chagall, Magritte) destruam os convencionalismos tradicionais da pintura, mas conservavam algum figurativismo. Representavam objectos de uma forma enigmtica, procurando o belo em combinaes estranhas.

A beleza o encontro casual de uma mquina de costura e um chapu-de-chuva numa mesa operatria.

* Surrealistas abstractos(Miro, Tanguy). recusavam completamente a pintura figurativa, enredando pelo abstraccionismo.

SALVADOR DALI e A Persistncia da Memria

Pintura - Doc. 62, pg. 51

(Rochedos duros, relgios moles, a oposio duro/mole para simbolizar o eterno e o efmero)

Uma interpretao: O quadro mostra-nos, num plano mais afastado, os rochedos slidos e imveis de uma praia. Num plano mais prximo, vemos relgios dispostos de uma forma flcida que pendem de um ramo de uma rvore, de uma mesa e de uma cabea adormecida, o prprio Dali. Formigas devoram o tempo no relgio que est sobre a mesa.

As imagens levam-nos ao domnio do inconsciente, evocando a preocupao humana universal em relao ao tempo e memria. Estes dois elementos esto presentes na indefinio do quadro, na flacidez dos relgios e na sua distoro, mostrando-nos que o tempo e a memria, tal como os relgios que se derretem, no so dimenses rgidas, claras e absolutas, mas pelo contrrio, so marcadas por uma grande indefinio.

A memria recorda as experincias e as emoes passadas, mas distorce-as, conforme as marcas deixadas. Tambm a relatividade do tempo se impe, em funo do modo como cada um o vive.

SALVADOR DALI e o Gabinete Antropomrfico

(A "gaveta como metfora para os segredos do inconsciente)

A nica diferena entre a Grcia imortal e a poca contempornea Sigmund Freud, o qual descobriu que o corpo humano, que era puramente neoplatnico na poca dos Gregos, est actualmente cheio de gavetas secretas que s a Psicanlise capaz de abrir.

REN MAGRITTE

Magritte definiu a sua obra como a investigao sistemtica de um efeito potico perturbante. Partindo de um figurativismo claro, ela explora o universo do absurdo, atravs do estudo do efeito perturbador de um elemento ilgico que aparece numa pintura e que Magritte introduz no conjunto de uma forma potica.

Atravs desses elementos inesperados e perturbadores, o pintor procura libertar o pensamento e, em ltima anlise, libertar o espectador. Os seus quadros deixam-se ler como poesia moderna, uma poesia absurda que denuncia um mundo absurdo. Por exemplo, o homem de chapu de coco que aparece em muitos dos seus quadros , claramente, um elemento que questiona a realidade.

Como pintor surrealista, as suas pinturas revelam claramente a influncia da Psicanlise (apesar de ter sido avesso s interpretaes psicanalticas) e da Lingustica (quadros com legendas trocadas demonstram a arbitrariedade das convenes e as limitaes dos sistemas semnticos).

A ARQUITECTURA MODERNISTA

O Funcionalismo Arquitectnico

Aps a 1 Guerra Mundial, a cidade passa a ser vista como um novo complexo de realidades. A cidade tornou-se um espao funcional na medida em que se tornou um organismo produtivo, um centro econmico, poltico, administrativo e cultural, um espao onde se concentravam, cada vez mais, inmeras massas populacionais que era preciso alojar em edifcios simples, prticos, baratos, mas dignos.

A concentrao urbana e a diversificao de actividades da cidade criaram funcionalidades mtuas a que os arquitectos procuraram dar resposta atravs do funcionalismo, renovando a concepo do espao.

A arquitectura tornou-se funcional e passou a ter funes urbansticas, preocupando-se com o meio onde se inseriam os edifcios e a adequao destes aos fins a que se destinavam.

Nasceu, assim, o funcionalismo, corrente que defendia a prioridade do projecto arquitectnico nas construes urbansticas, privilegiando a adaptao dos edifcios funo que iriam desempenhar.

O Funcionalismo marcado por duas tendncias: o funcionalismo racionalista de Le Corbusier e Gropius e o funcionalismo orgnico de Frank Wrigh.

Caractersticas do Funcionalismo arquitectnico:

-simplificao dos volumes com linhas rectas que criam formas geomtricas simples como cubos ou paraleleppedos;

- construo de prdios de grandes dimenses e na vertical com funes habitacionais;

- utilizao de materiais naturais (pedra, tijolo e madeira) expostos vista;

- grandes janelas (paredes de vidro) que ligam o interior ao exterior, deixando entrar o ar, a luz e o calor;

- simplicidade decorativa das fachadas que devem ser simples, pondo a nu a estrutura dos edifcios;

- elevao dos edifcios sobre pilares para criar espaos funcionais no solo e que criam a sensao de casas suspensas;

- plantas livres dentro de um geometrismo perfeito: no interior, para alm das instalaes bsicas, o arquitecto concebe o espao da forma o mais flutuante possvel, cabendo aos habitantes da casa utilizar o espao como entenderem.

- integrao dos edifcios nos espaos envolventes;

Principais arquitectos

Le Corbusier- arquitecto ligado ao funcionalismo racional, vai empenhar-se na arquitectura de Paris. Adoptando a mxima do funcionalismo cada elemento deve cumprir uma funo, defendia que a casa devia ser pensada como uma mquina para habitar. Para que tal acontecesse, a planta do edifcio devia ser livre dentro de um edifcio rectangular rgido.

maneira cubista, considerava que no se devia limitar a viso de uma casa a uma nica fachada principal. Por isso, os seus edifcios tinham vrias fachadas principais.

Para criar espaos livres e funcionais debaixo dos edifcios, ergueu as fachadas do solo e colocou-as sobre pilares cilndricos. Construiu muitas vivendas e ergueu grandes arranha-cus em vidro.

Principais obras: Cidade-refgio e Vila Sabia

Frank Wright- arquitecto americano que entendia a concepo dos edifcios como um facto orgnico, ou seja, natural (funcionalismo orgnico). Nesse sentido, sem negar o funcionalismo liberta-se dos seus dogmas, concebendo a casa de dentro para fora e integrando-a no meio envolvente.

O edifcio crescia como uma planta, como um organismo vivo e integrava-se na natureza que o circundava:

- recusava a estandardizao dos edifcios;

- construa o edifcio em torno de um motivo paisagstico forte e valorizava a paisagem na determinao das formas;

- fazia penetrar a natureza na prpria habitao, ligando o interior ao exterior;

- privilegiava as linhas horizontais, utilizando materiais naturais (pedra, tijolo, madeira) que deixava vista.

- Principais obras: fbrica Fagus e edifcio da Bauhaus.

Walter Gropius- fundador da Bauhaus, preocupava-se com a habitao social. Utilizava estruturas metlicas que deixava superfcie, bem como grandes paredes de vidro que dominavam completamente as fachadas e que permitiam uma maior ligao entre edifcio e o meio envolvente. Pretendia criar o novo edifcio do futuro que uniria arquitectura, escultura e pintura, e estabeleceria as estreitas ligaes entre as artes e a indstria.

Principais obras: Casa Kaufmann e Museu Guggenheim

scar Niemeyer- arquitecto brasileiro que criou um novo tipo de arquitectura moderna, adaptada realidade brasileira. Integrou, em 1956, uma equipa de arquitectos escolhidos para construir numa regio desrtica do interior brasileiro, a cidade de Braslia.

Esta cidade tornou-se o smbolo de Brasil moderno (rompe com o passado colonial) e do prprio modernismo (a 1 cidade que teve a oportunidade de ser inteiramente construda em estilo modernista).

Niemeyer rompeu com o funcionalismo arquitectnico, com o ngulo recto de Le Corbusier e adoptou a linha curva do Barroco, privilegiando a beleza e a liberdade das formas curvas e assimtricas e oposio s formas rgidas e rectilneas do funcionalismo.

No tenho interesse pela arquitectura racional com as suas funes racionais, a sua rigidez estrutural, os seus dogmas e as suas teorias. A arquitectura uma questo de sonhos e fantasias, de curvas generosas e espaos amplos e abertos.

Principais obras: Congresso Nacional (Braslia), catedral de Braslia, sede das Naes Unidas em Nova Iorque.

A Escola de Artes da Bauhaus

Foi uma escola de Arquitectura, Arte e Desenho fundada por Walter Gropius em Weimar, na Alemanha, em 1919. Mais tarde, deslocada para Dessau e depois para Berlim. Os seus ideais de liberdade e criatividade levaram ao seu encerramento em 1933, por presso dos nazis que a consideravam como produtora de uma arte degenerada.

Esta escola de artes tornou-se o centro de todas as correntes artsticas europeias e originou uma significativa renovao em todos os ramos da criao artstica.

Era, acima de tudo, uma escola que pretendia a renovao pedaggica do ensino da arte. Os estudos demoravam 3 anos e meio. Havia vrios ateliers onde os artistas se integravam conforme os seus interesses: arquitectura, pintura, madeira, metal, tecido, artes plsticas.

Para alm do seu ensino revolucionrio, as suas grandes inovaes foram: o Funcionalismo (esttica funcional) e as suas propostas sobre Design ou esttica industrial (ligao arte/indstria).

O encerramento da escola na Alemanha, em 1933, marcou o incio da sua maior influncia internacional, pois os seus estudantes e professores dispersaram-se pelo mundo, divulgando as novas propostas artsticas.

O Design da Bauhaus

O Design estabelece a relao entre o mundo da arte e o mundo da tecnologia, isto , uma ligao entre indstria, arte e a funo do objecto. Assim, um objecto produzido pelas mquinas pode ser considerado um objecto belo, um objecto artstico.

A escola da Bauhaus alargou este conceito ao mobilirio e aos objectos do quotidiano que passaram a reflectir no s preocupaes funcionais, como tambm estticas.

Os objectos de uso corrente, produzidos industrialmente tornaram-se assim obras de arte e objecto de estudo do design.

A LITERATURA MODERNISTA

A guerra e a crise que se lhe seguiu trouxeram novas preocupaes aos escritores e abriram novos caminhos literatura. Tambm os escritores comearam a pr em causa os valores da sociedade ocidental. A literatura torna-se mais humanista, mais angustiada, mais crtica. Por vezes, a angstia quase levada ao absurdo. Os escritores manifestam uma inquietude e um pessimismo, prprios da poca de crise de valores em que vivem. Nalguns casos, a literatura torna-se empenhada politicamente.

Tambm a Psicanlise deixa a sua marca na literatura de vanguarda. As obras viram-se para a vida psicolgica e interior das personagens. Surgem personagens com maior densidade psicolgica. Tm neuroses e psicoses.

Nasce uma literatura nova onde os escritores reflectem o pessimismo de uma sociedade decadente. Denunciavam a misria humana fruto da aco dos poderosos e manifestavam uma inquietao que se traduzia numa vontade de viver intensamente o presente.

Marcel Proust - Em Busca do Tempo Perdido

James Joyce - Ulisses

Ernest Hemingway - Por Quem os Sinos Dobram, O Velho e o Mar

Jonh Steinbeck - As Vinhas da Ira

Somerset Maugham - A Servido Humana, O Fio da Navalha

Surge tambm o Existencialismo que se caracteriza pelo pessimismo, vazio e absurdo, pela ruptura com as convenes e usa uma linguagem nua e crua.

Albert Camus - Calgula

Jean Paul Sartre - O Ser e o Nada

O homem est condenado a ser livre Sartre

A conscincia dessa liberdade total leva o homem angstia, pois ela de nada lhe serve, visto que o final da existncia a morte, ou seja, o nada.

Na Alemanha, a literatura reflecte os problemas sociais, criticando a sociedade burguesa que sobreviveu guerra. Caracteriza-se pelo cepticismo, desespero, crueldade. Revela o absurdo da vida e a luta contra a desumanizao.

Kafka - O Processo que retrata uma sociedade absurda em que o homem esmagado pela burocracia.

Beltrold Brecht - Me, Coragem / pera dos Trs Vintns

1910 - Implantao da Repblica a 5 de Outubro. O golpe executado pelo Partido Republicano com o apoio das baixas patentes das Foras Armadas, da Maonaria, da Carbonria (associaes secretas defensoras dos ideias liberais e democrticos) e de largas camadas da populao urbana, sobretudo as classes mdias e o proletariado.

O novo regime institui um Governo Provisrio presidido por Tefilo Braga.

1911 - eleio da Assembleia Nacional Constituinte tiveram direito de voto os letrados, os chefes de famlia h mais de 1 ano e os maiores de 21. O cdigo eleitoral no referia o sexo dos eleitores, pelo que uma mulher se apresentou para votar.

1911- Em Junho, os deputados dessa Assembleia elaboram a 1 Constituio (Constituio de 1911) que define as caractersticas politicas do novo regime. Nesse mesmo ano, eleito o 1 Presidente da Repblica Portuguesa: Manuel de Arriaga.

Caractersticas Polticas do Regime Republicano

Parlamentarismo: Regime parlamentar e democrtico O poder reside na Nao que elege, por sufrgio directo, o Congresso da Repblica que, por sua vez controla todos os outros rgos:

Poder legislativo (domina todos os outros):

Congresso

Senado Cmara dos Deputados

(+ 35 anos) (+ 25 anos)

Poder executivo:

Presidente da Repblica (sufrgio indirecto, pois eleito pelo Congresso e no pelos cidados) e o Governo (nomeado pelo Presidente e responsvel perante o Congresso).

Poder judicial Tribunais (Juzes).

Foi feita a defesa dos direitos e garantias individuais como o direito liberdade, segurana, prosperidade e igualdade social.

O regime no estabeleceu o sufrgio universal. Sob o argumento de proteger o regime contra os votos manipulados (votos dos analfabetos, sobretudo dos rurais, mais facilmente manipuladas pelos grandes proprietrios os caciques- e pelos monrquicos), a Repblica limitou o voto:

Cdigo eleitoral de 1911: apenas podiam votar os cidados (?) com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever e os que fossem chefes de famlia h mais de um ano:

Cdigo eleitoral de 1913: apenas podiam votar os vares com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever.

Laicizao da sociedade Os republicanos combateram a influncia da Igreja em todos os domnios da sociedade, pois consideravam aquela instituio como uma fora retrgrada e afecta monarquia. Principais medidas tomadas nesse sentido:

Lei da Separao da Igreja e do Estado

- A religio catlica deixou de ser a religio do Estado. Este tornou-se laico;

- Foi decretada a liberdade e igualdade de todos os cultos no pas;

- Foi decretado o Ensino laico e abolido o ensino religioso nas escolas;

- Foi abolido o juramento religioso nos tribunais;

-Obrigatoriedade do registo civil para nascimentos, casamentos e bitos;

- Foi permitido o divrcio civil.

A Legislao Social da I Repblica Portuguesa

(principais reformas legislativas da I Repblica)

Foi uma obra notvel destinada a melhorar e dignificar as condies de trabalho e de vida dos portugueses.

No campo do trabalho:

- Estabelecimento da Lei da Greve (legalizao da greve, antes proibida) que exigia um pr-aviso de 12 a 8 dias, conforme o caso;

- Imposio do descanso semanal ao Domingo;

- Delimitao do horrio de trabalho: 7h (empresas, escritrios e bancos), 8 a 10 h (fbrica e oficinas), 10 h (comrcio);

- Obrigatoriedade de seguro para acidentes de trabalho, doena e velhice.

No campo da assistncia social:

- Criao dos Servios de Assistncia Pblica do Fundo Nacional de Assistncia e do Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social;

- Reformas da sade e assistncia: cresceu o nmero de hospitais, sanatrios, dispensrios e creches. Surgiram as maternidades.

No campo da famlia (proteco famlia, especialmente no que se refere aos direitos das mulheres e dos filhos):

- Foi decretado o casamento civil obrigatrio;

- Condies para uma maior igualdade entre homens e mulheres;

- Foram defendidos os direitos legais dos filhos legtimos e ilegtimos;

- Tornou possvel o divrcio.

No campo do Ensino e Instruo Pblica: Fizeram-se campanhas contra o analfabetismo e foram tomadas medidas para o combater:

- Criao do Ministrio da Instruo Pblica;

- Foi decretado o ensino oficial livre e gratuito, bem como a escolaridade obrigatria entre os 7 e os 10 anos;

- Foram construdas inmeras escolas primrias masculinas e femininas, escolas mveis temporrias, escolas agrcolas, industriais e comerciais e escolas nocturnas para adultos;

- Surgiram cursos livres, universidades livres e universidades populares (abertas a adultos de todos os nveis de formao);

- Foram criados o Instituto Superior Tcnico, o Instituto Superior do Comrcio e as Universidades de Lisboa e do Porto a juntar de Coimbra.

Instabilidade do Regime Republicano

Regime marcado por uma grande instabilidade poltica, econmica e social. poca de grandes convulses sociais (greves, concentraes, manifestaes) e polticas (revoltas armadas e golpes de Estado) que enfraqueceram o regime. Houve vrios factores que marcaram essa instabilidade, uns inerentes ao prprio regime, outros fruto da conjuntura internacional e nacional que marcaram a poca:

1) A instabilidade poltica do regime parlamentar republicano

A supremacia das Cmaras electivas sobre o poder executivo era democrtica, mas muito morosa e geradora de impasses. O chefe do Governo e os ministros eram muitas vezes chamados ao Congresso para fornecerem explicaes sobre a sua poltica, o que dificultava a continuidade da sua aco governativa.

Fragmentao partidria o elevado nmero de partidos e as rivalidades entre eles geravam constantes lutas poltico-ideolgicas no Congresso, que prejudicavam a sua aco e a do Governo.

Partido Democrtico (Afonso Costa)

P. R. P. Partido Evolucuionista (Antnio Jos de Almeida)

Unio Republicana (Brito Camacho)

Presidencialistas Governamentais Socialistas Catlicos

Esquerdistas Monrquicos

Consequncias De toda esta situao, resultava uma grande instabilidade governativa. Em cerca de 15 anos e meio de regime republicano (1910-1926), houve 45 governos (alguns dos quais duravam apenas 1 ms!), 8 eleies presidenciais e 9 eleies legislativas.

2) As difceis condies econmico-sociais do pas (herdadas da Monarquia) indstria atrasada e minoritria, comrcio atrofiado, pas maioritariamente agrcola, agricultura retrgrada sem se modernizar, dfice da balana de pagamentos, carestia de vida e misria das camadas populares.

3) A entrada de Portugal na 1 Guerra provocou o aumento do custo de vida, impondo o racionamento dos vveres e agravando a fome das camadas urbanas mais pobres. A partir da guerra (1917), assiste-se a um recuo na poltica social e democrtica da I Repblica, o que a aproxima da alta burguesia e a afasta das classes populares. A guerra leva a uma inflao incontrolvel, ao desequilbrio das finanas pblicas, desvalorizao da moeda e a um descontentamento cada vez maior da populao.

4) Descontentamento e contestao social por parte de amplas camadas da populao que contestavam o regime:

a classe operria vivendo em situao de misria, exposta aos abusos do patronato, com baixos salrios, comeam a manifestar-se contra a Repblica, apesar do apoio inicial dado ao regime. Retiram-lhe o seu apoio, com o agravamento da situao econmica e em consequncia do recuo do regime na sua legislao social. Os operrios levam a cabo surtos grevistas, manifestaes e atentados bombistas, exigindo melhores condies de vida;

os camponeses em situao de extrema misria, sujeitos aos abusos dos proprietrios agrcolas, sem proteco social, esto tambm descontentes.

a classe mdia urbana inicialmente apoiante ao regime, retira-lhe o seu apoio na sequncia do agravamento da situao econmica e da agitao social. Com a inflao, v o seu poder econmico baixar e teme a sua proletarizao. Classe respeitadora da ordem e da hierarquia, teme a agitao operria e o clima de conflituosidade permanente;

alta burguesia (finanas, comrcio e indstria) - ope-se legislao social da Repblica (razo que leva os governos a recuarem na sua poltica social, para poderem contar com o apoio desta classe). Prejudicada pelo surto grevista e terrorista, a alta burguesia vai retirando o apoio ao regime, apelando a um Estado forte capaz de impor a ordem;

5) Oposio ao regime dos sectores mais conservadores:

Oposio da Igreja que pretende recuperar o poder que perdeu com as medidas anticlericais dos governos republicanos;

Oposio dos Monrquicos que tentam restaurar a monarquia, animados pela experincia do episdio da Monarquia do Norte;

Oposio do Integralismo Lusitano, novo movimento doutrinrio, monrquico, elitista e conservador que visava a destruio da Repblica e a restaurao da Monarquia. Fazia a defesa de um Estado forte, anti-parlamentar, anti-liberal e anti-democrtico (este movimento que viria a ser importante para a formao poltica de Salazar).

O Fim da I Repblica

Todos estes factores contriburam para enfraquecer o regime republicano, para diminuir a sua base social de apoio e para o tornar mais vulnervel a golpes militares oponentes.

Foi o que aconteceu a 28 de Maio de 1926, quando o General Gomes da Costa dirige um golpe militar. Parte de Braga e marcha at Lisboa, colhendo o apoio de largos sectores do exrcito que a ele se juntam. Ao chegarem a Lisboa, os revoltosos encerram o Parlamento, derrubando a I Repblica, e implantam uma Ditadura Militar.

O golpe obtm um apoio generalizado no pas que se opunha no especificamente ao regime republicano, mas Repblica dominada pelo Partido Democrtico, invencvel nos actos eleitorais.

TENDNCIAS CULTURAIS:

ENTRE O NATURALISMO E AS VANGUARDAS

(da I Repblica ao Estado Novo)

Foi um movimento esttico que surgiu numa primeira fase em 1911 com a Exposio Livre de 1911 e, fundamentalmente, a partir de 1915.

Caracterizou-se pelo culto da modernidade que dominou a mentalidade contempornea. Os seus seguidores privilegiavam a novidade relativamente ao estabelecido, a aventura face segurana.

No movimento modernista estavam associadas a literatura e as artes plsticas. Encontrou nas revistas Orpheu (1915), Portugal Futurista (1917) e Presena (19127-1940) os seus principais expoentes.

Modernismo na Literatura

A I Repblica conheceu duas correntes literrias que foram o Integralismo Lusitano (tradicionalista, dirigido por Antnio Sardinha) e a Seara Nova (democrtica, dirigida por Antnio Srgio).

No entanto, o sentimento de inconformismo vem a revelar-se com o aparecimento de um grupo modernista, centrado em novas revistas.

Em 1915, surge o 1 Grupo Modernista, iniciado e impulsionado pela revista Orpheu com Fernando Pessoa, Mrio de S Carneiro e Almada Negreiros.

Este grupo pretendia que a literatura trilhasse os caminhos ousados e originais do resto da Europa, em paralelo com as artes plsticas.

A revista Orpheu escandalizou o pblico que se mostrou chocado com as inovaes que punham em causa o academismo tradicional. Surgiram apenas 2 nmeros da revista, mas a esttica modernista publicou outras revistas como Portugal Futurista, em 1917 (n nico) .

Fernando Pessoa destaca-se com a sua criatividade potica que se transmite atravs do seu desdobramento em vrias personagens (heternimos) dos quais os mais conhecidos so Alberto Caeiro, Ricardo Reis e lvaro Campos.

O 2 grupo modernista desenvolve-se entre 1927 e 1940 (Ditadura Militar e Estado Novo), em torno da revista Presena. Destacam-se Miguel Torga, Jos Rgio e Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro.

Em alguns escritores, como Ferreira de Castro (prosador), sobressai um estilo novo que trata a vida social do povo, os momentos dolorosos da emigrao, os desempregados, a dureza do seu dia-a-dia. Ser um precursor do neo-realismo.

O Modernismo nas Artes Plsticas

1 Gerao de Paris 1911-1919

No incio do sc. XX, dominava em Portugal a pintura figurativa que tinha a sua expresso no pintor Malhoa.

A situao alterou-se quando, em 1911 e depois em 1914, vrios pintores e escultores portugueses que se encontravam em Paris regressam ao pas, fugindo da guerra, trazendo consigo novos valores estticos. Foi o incio do modernismo em Portugal.

Entre outros, vieram de Paris, Drdio Gomes, Diogo de Macedo, Francisco Franco, Amadeu de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor, Eduardo Viana. A eles se juntou Almada Negreiros.

Foi no Porto que se assumiu o termo modernismo ao intitular-se uma exposio, em 1915, de Humoristas e Modernistas.

Foi a poca mais irreverente, ousada e brilhante do modernismo, onde se destacaram Amadeu de Souza-Cardoso e Santa- Rita Pintor.

Amadeu de Souza-Cardoso

Nascido nos arredores de Amarante, parte para Lisboa em 1905 e depois para Paris. Foi influenciado, em Paris, pelos movimentos cubista, abstraccionista e expressionista. Forado a regressar a Portugal em 1914, devido 1 Guerra, tomou contacto com a gerao da Orpheu e do Portugal Futurista.

Expe, pela primeira vez, em Portugal em 1916, intitulando-se impressionista, cubista, futurista e abstraccionista. As exposies em que participou, com outros pintores, causaram escndalo na poca. No manifesto que as acompanhava, Almada Negreiros considerava-as as primeiras descobertas de Portugal no sculo XX.

A sua pintura uma amlgama de tendncias. uma arte de elite, de vanguarda, que recusa o figurativo. Usa cores violentas e formas geomtricas (linhas direitas, curvas, rodas, fios, alavancas, mecanismos) e uma mistura de vrios materiais que colados nos seus quadros policromados, exprimem a vida moderna.

Santa-Rita Pintor

Introduziu as correntes cubista e futurista em Portugal.

A Cabea uma das poucas obras que lhe sobreviveram j que, a seu pedido, quase todos os seus quadros foram destrudos aps a sua morte. Esta obra revela uma pintura dinmica, cheia de fora, com linhas curvas que compem a estrutura da cabea, procurando dar uma viso intelectualizada e no tradicional da figura humana.

2 Gerao de Paris = A Dcada de 20

Na dcada de 20, destaca-se a segunda gerao de Paris, designao dada aos artistas que, terminada a guerra, retornam a Paris ou para a vo pela primeira vez. Partem Drdio Gomes, Diogo de Macedo, Abel Manta (grande retratista) e Almada Negreiros.

Surge outra gerao de pintores como Mrio Eloy (expressionista), Sarah Afonso, Carlos Botelho e Jlio Pereira. Foi a poca da revista Presena.

As autoridades continuavam a rejeitar os modernistas. Recusada a participao destes artistas na Sociedade Nacional de Belas Artes, outras locais se abriram para a exposio das suas obras: as dos cafs e clubes que frequentavam, transformadas em galerias de arte. Por exemplo, o caf de Lisboa, A Brasileira, foi decorado com obras de vrios artistas modernistas como Eduardo Viana e Almada Negreiros. Aquele caf tornou-se o grande museu de arte moderna de Lisboa, no fim dos anos 20.

Almada Negreiros

Foi pintor, desenhador, romancista, poeta, bailarino, autor de vitrais e tapearias.

Nos primeiros anos do sculo XX, colaborou com Fernando Pessoa na Orpheu e no Portugal Futurista. Essa foi a sua fase mais irreverente. So dessa poca os seus textos de interveno.

Partiu para Paris em 1920, onde esteve um ano.

De regresso, encontra uma vida intelectual mais dbil. Pinta Auto-Retrato num Grupo para a redecorao do caf A Brasileira.

Mais tarde, nas dcadas de 30 e 40, durante o Estado Novo, dedica-se tcnica do mural. Vai tornar-se famoso nos anos 40, quando decora as Gares Martimas de Alcntara. tambm o perodo em que cria os vitrais da Igreja de N Senhora de Ftima, em Lisboa.

As suas obras revelam um estilo de vanguarda ps-cubista, marcado por uma rigorosa construo geomtrica, grande alegria cromtica e fora comunicativa.

Versam temas nacionalistas (ao gosto do Estado Novo), relacionados com a vida dos portugueses. A encontramos a faina martima tradicional (varinas, pescadores, barcos), cenas domingueiras de Lisboa, como passeios de barco, varinas e palhaos de feira. Introduz tambm temas mais modernos como a emigrao e a mgoa que deixa nos que ficam e nos que partem.

As Dcadas de 30 e 40: O Estado Novo aproveita o Modernismo. Aparecimento de formas artsticas discordantes.

Em 1933, Antnio Ferro, jornalista, simpatizante dos modernistas, assumiu a direco do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo. A partir de ento, os pintores modernos e o modernismo foram utilizados na construo da imagem de novidade que o Estado Novo pretendia criar. Antnio Ferro convenceu Salazar que a arte, a literatura e a cincia constituem a grande fachada duma nacionalidade

O Modernismo oficializava-se, a partir de ento. Nela podemos integrar a pintura de Almada Negreiros, nas dcadas de 30 e 40.

No entanto, neste perodo, destacam-se dois acontecimentos importantes no campo da pintura: a 1 exposio individual de Maria Helena Vieira da Silva, em Paris; e a exposio, em Lisboa, de um grupo de artistas independentes.

Maria Helena Vieira da Silva Radicada em Paris, foi uma das maiores pintoras do abstraccionismo, criando uma arte original com valores estticos no figurativos que procuram captar a paisagem urbana de Lisboa. A sua obra marcada pelo extremo pormenor de que resulta, em termos de conjunto, pinturas de grande fora e dinamismo.

Os Artistas Modernos Independentes

Como resposta oficializao do movimento modernista (o que representava a sua sujeio), o pintor Antnio Pedro organizou, em 1936, a exposio dos Artistas Modernos Independentes onde se homenageavam os primeiros modernistas.

Enquanto a Exposio do Mundo Portugus falava de ordem e evocava os heris do passado, os surrealistas denunciavam os absurdos da situao poltica que se iniciara com a Guerra Civil de Espanha.

Na dcada de 40, Antnio Pedro vai ser um dos promotores do grupo surrealista portugus, nascido, em grande parte, numa atitude de oposio arte oficial do Estado Novo.

Entre os artistas surrealistas encontramos Antnio Pedro, Antnio Domingues, Mrio Cesariny e Moniz Pereira.

Modernismo na Arquitectura

Durante a I Repblica, a arquitectura portuguesa marcada por um grande atraso em relao dos outros pases europeus, devido instabilidade da 1 Repblica e participao de Portugal na I Guerra.

Durante o Estado Novo, surge um grupo de jovens arquitectos como Keil do Amaral, Cotinelli Telmo, Pardal Monteiro, Cassiano Branco, Cristino da Silva e Teutnio Pereira que, na sequncia da expanso urbana de Lisboa, vo participar com os seus projectos na renovao dos edifcios pblicos da cidade.

Vo empreender a construo de bairros e edifcios de estilo modernista, respondendo s encomendas do Estado Novo, regime que vai saber utilizar as inovaes dos seus arquitectos em construes que servem as preocupaes urbansticas da poca e enaltecem os valores ideolgicos do regime.

Esta ligao entre o Modernismo e o Estado Novo no teria sido possvel sem a interveno de Antnio Ferro, grande admirador da nova esttica de vanguarda. O Modernismo portugus foi, por isso, o modernismo possvel no quadro do Estado Novo. Na dcada de 30 (influncia de Antnio Ferro) marcado pela ousadia e cosmopolitismo das formas, mas, na dcada de 40, j menos ousado e mais nacionalista, devido influncia de Duarte Pacheco, ministro das Obras Pblicas de Salazar.

Aqueles jovens arquitectos vo procurar fazer a sntese arquitectnica entre as tendncias decorativas e nacionalistas do Estado Novo e as novas formas estticas do modernismo. Por outras palavras, dar um estilo moderno s construes do regime e aos seus smbolos histricos (heris, santos, navegadores), enquadrados num cenrio de grandeza e aparato.

Em muitas obras arquitectnicas detectamos a tentativa de criar um certo estilo portugus, ligando a nova linguagem a elementos tradicionais portugueses como, por exemplo, os telhados de telha que so colocados sobre os edifcios slidos e estticos do Estado Novo.

So construdos grandes blocos slidos e pesados como o prprio regime. Uma arquitectura feita para durar, como o prprio Estado Novo. Em Lisboa, destacam-se:

- Praa e Bairro do Areeiro (Cristino da Silva);

- Bairro das Estacas ( );

- Bairro das Avenidas Novas (Azul);

- Bairro dos Olivais;

- Instituto Superior Tcnico (Pardal Monteiro/projecto de 1925/27);

- Arquivo Nacional de Estatstica ( );

- Casa da Moeda ( );

- Cinema Capitlio (Cristino da Silva);

- den Teatro (Cassiano Branco);

- Igreja de N Senhora de Ftima, muito contestada na poca (Pardal Monteiro) com vitrais de Almada Negreiros e escultura da entrada de Francisco Franco;

- O Pavilho da Exposio do Mundo Portugus: Obra em ferro, madeira e gesso de Cotinelli Telmo. Foi construda na Praa do Imprio, em 1940, por ocasio das comemoraes do duplo centenrio da formao da nacionalidade (1143) e da restaurao da independncia (1640) contra o domnio filipino.

A exposio foi um acto de propaganda do regime destinado a enaltecer a marca imperial de Portugal. Era composta por vrios pavilhes que representavam as vrias provncias de Portugal e das colnias.

O Pavilho, em estilo modernista e com preocupaes nacionalistas, tornou-se o smbolo da cumplicidade entre artistas e Estado Novo. Entre essas construes erguia-se o Padro dos Descobrimentos (Cotinelli Telmo), com esculturas dos heris das descobertas, da autoria de Leopoldo de Almeida.

Modernismo na Escultura

Destacaram-se Francisco Franco, Diogo de Macedo e Leopoldo de Almeida que avanaram, tambm, para formas modernistas com temtica tradicional (temas nacionalistas, religiosos, familiares). Criaram tambm em sintonia com os valores do Estado Novo.

Francisco Franco e Leopoldo de Almeida foram os escultores oficiais do regime, tendo sido convidados por Antnio Ferro para a decorao escultrica da arquitectura modernista.

Francisco Franco esculpiu o friso da entrada da Igreja de N Senhora de Ftima, assim como santos, reis e navegadores que decoravam a arquitectura da poca.

Leopoldo de Almeida esculpiu obras tambm de temtica nacionalista como as figuras do Padro dos Descobrimentos (concebido por Cottinelli Telmo).

Aps um perodo de prosperidade transitria nos anos 20 que ficou conhecida como a era da prosperidade, marcado por um grande optimismo (os loucos anos 20), surgiu uma terrvel crise econmica no ano de 1929 que, tendo origem nos E.U.A., veio abalar todo o sistema capitalista. excepo da Rssia, onde no vigorava o capitalismo, todos os pases acabaram por sofrer os efeitos da "Grande Depresso". Os seus efeitos sentiram-se durante mais de uma dcada, chegando at s vsperas da 2 Grande Guerra e tiveram terrveis consequncias para as democracias europeias.

Da Euforia bolsista aos primeiros Sinais da Recesso Econmica

* A Euforia da Especulao bolsista os bancos e milhares de particulares investiam na Bolsa. Os lucros podiam ser fabulosos. Todo o capital disponvel era aplicado na especulao, enquanto os investimentos nas actividades produtivas eram mnimos, dado os lucros serem a menos rpidos. O valor das aces na Bolsa aumentava de uma forma muito mais rpida que o seu valor real, pois as empresas no estavam to prsperas como o valor das respectivas aces.

* Os primeiros Sinais de Recesso Econmica: - A produo agrcola e industrial crescia mais rapidamente que o consumo, o que fazia com que os stocks se acumulassem e os preos tivessem de baixar. Os primeiros sinais da recesso surgem na indstria automvel quando a superproduo nessa indstria obrigou os industriais a uma diminuio do fabrico. Seguem-se as indstrias metalrgicas de base e, depois, todas as outras.

- Constatou-se tambm, a certa altura, que o valor das aces das empresas estava inflacionado relativamente aos lucros das prprias empresas, registando-se assim um desajustamento entre os valores de umas e de outras, o que vai originar as primeiras ordens de venda dos observadores mais atentos.

A Crise Declarada

* A CRISE FINANCEIRA: em Outubro de 1929, as estatsticas apontavam j claramente para uma baixa dos lucros de algumas empresas; assustados, os maiores accionistas do ordem de venda das suas aces antes que o preo baixe, sendo imitados por muitos outros. Como consequncia, o valor das aces comea a baixar a um ritmo acelerado. No dia 24 de Outubro, declara-se a tragdia. a Quinta-Feira Negra: 40 milhes de ttulos de aces so postas no mercado a preos baixssimos e ningum as quer comprar. o crash de Wall Street. Milhes de accionistas ficaram arruinados e alguns suicidam-se, no auge do desespero.

Tambm Bancos vo falncia ( 1929 644 falncias bancrias

1931 2.298 falncias bancrias).

Com a falncia dos bancos, a economia paralisou, pois cessou o crdito, a grande base da prosperidade americana. Sem crdito, as empresas vo falncia e fecham as portas, lanando no desemprego milhares de trabalhadores.

* A CRISE DE SUPERPRODUO E DEFLACO: A superproduo leva reduo da produo e deflao, caracterizada por uma baixa importante dos preos dos produtos industriais e agrcolas.

No entanto, a baixa do preo dos produtos no favorece ningum: nem os

produtores e industriais que vem diminuir os seus lucros, nem a populao que, arruinada na Bolsa ou desempregada, no tem poder de compra para os produtos em excesso.

No campo, merc de bons anos agrcolas, os excedentes agrcolas tambm se acumulam, sem encontrarem compradores e os agricultores vo runa. Muitos destroem os seus produtos em excesso para aumentar o seu valor (lei da oferta e da procura), enquanto a populao desempregada e miservel observa, impotente. Milhares de americanos desempregados do campo ou da indstria percorrem o pas, em busca de trabalho e recorrem sopa dos pobres.

Comea o crculo vicioso da crise:

Falncia das empresas

DesempregoDiminuio da procura

Diminuio do consumo

A Mundializao da Crise

A Crise chega Europa com a retirada dos capitais americanos:

- Os Bancos americanos, atingidos pela crise, retiram os seus capitais (investimentos e emprstimos) que tinham investido na Europa a partir da I Guerra e que vinham alimentando as economias europeias;

- Com a retirada dos capitais americanos, muitos Bancos europeus vo falncia ou passam a atravessar grandes dificuldades, o que lhes retira as possibilidades de sobreviver e de conceder crdito s empresas industriais e agricultores europeus;

- Sem o crdito bancrio, muitas empresas vo falncia, fecham as portas e lanam milhares de trabalhadores no desemprego e na misria.

- As moedas europeias so desvalorizadas, levando inflao dos preos.

A Crise chega ao resto do mundo com a contraco do comrcio mundial

- Com a crise, todos os pases europeus rodeiam-se de medidas proteccionistas. Tentam reduzir as importaes e ser autosuficientes.

D-se, ento, uma contraco no comrcio mundial. Os pases subdesenvolvidos que vivem quase exclusivamente da exportao de um nico produto (matrias-primas/ produtos alimentares), deixam de poder vender os seus produtos que se acumulam em stock. Os preos baixam. A produo pra e o desemprego e a misria instalam-se.

- Os produtores, procurando inverter a situao, destroem a produo em excesso: no Brasil, toneladas de caf so usadas como combustvel ou lanadas ao mar; na Argentina, o gado abatido e enterrado.

A Crise Econmica torna-se Crise Social e Poltica

- Atinge todas as camadas sociais: alguns ricos arrunam-se; milhares de agricultores e pequenos industriais vo falncia; milhares de famlias da classe mdia empobrecem; milhes de trabalhadores caem no desemprego e na mais dura misria.

- Nos E.U.A. aumentam as migraes de desempregados em direco ao Oeste, em busca de trabalho. Aumenta a vagabundagem.

Alguns nmeros do desemprego

E.U.A13,5 milhes

Alemanha6 milhes

Gr-Bretanha3 milhes

- Esses terrveis efeitos sociais da crise de 1929 vo ter profundas consequncias a nvel poltico na Europa. A Grande Depresso vai pr em evidncia as fraquezas do capitalismo e da democracia liberal. As democracias vo ser postas em causa e, na cena poltica, surgem diferentes projectos: os partidos conservadores e fascistas exigem governos fortes que imponham a ordem; os partidos comunistas, animados pela revoluo sovitica, apontam para a destruio do capitalismo e intensificam a luta de classes, preparando a revoluo; os partidos reformistas defendem reformas profundas para vencer a crise.

- Um clima de pessimismo domina a Europa, atingindo sobretudo as diferentes camadas das classes mdias dos pases capitalistas. Sentiam-se empobrecer, temiam a agitao operria (greves, ocupaes, manifestaes) e receavam a propagao do bolchevismo. Cresceu, entre elas, um sentimento anti-comunista que foi explorado na imprensa, em livros, banda desenhada e no cinema.

O pessimismo era tambm marcado por um forte antiparlamentarismo, por um nacionalismo agressivo e pela defesa de solues violentas e ditatoriais, como forma de ultrapassar a crise. Defendiam a instaurao de um governo forte como a nica garantia para conseguir trabalho, paz, riqueza, dignidade e sonhos de glria.

- Comeam a surgir, por toda a Europa, grupos de extrema-direita formados por ex-militares, classes mdias, desempregados que se destacam pelo seu nacionalismo e racismo, pela sua agressividade. Muitos desses grupos tornam-se partidos polticos que tomam o poder, sobretudo na dcada de 30. Entre eles vai surgir o Fascismo na Itlia e o Nazismo na Alemanha.

chegado o tempo das ditaduras. Alguns exemplos:

Itlia - Tomada do poder pelo Partido Nacional Fascista (Mussolini)

Doc. 107

Alemanha - Tomada do poder pelo Partido Nazi (Hitler) Doc. 106

Portugal - Derrube da Repblica e instaurao do regime da Ditadura Militar a que se seguir o regime autoritrio do Estado Novo.

Espanha - Ditadura de Primo de Rivera. Implantada a Repblica, em eleies livres, esta derrubada depois de uma sangrenta guerra civil. O Fascismo chega ao poder com o General Franco.

- No mesmo perodo, na U.R.S.S., Estaline assume um poder total e instaura, no pas dos Sovietes, um regime tambm ditatorial.

Fascismo:

Sistema poltico instaurado por Mussolini em Itlia, a partir de 1922. Profundamente ditatorial e repressivo, o fascismo suprimiu as liberdades individuais e colectivas, defendeu a supremacia do Estado, o culto do Chefe, o nacionalismo, o corporativismo, o militarismo e o imperialismo.

Por extenso, o termo fascismo passou a designar tambm todos os regimes totalitrios de direita (incluindo o Nazismo alemo) e at mesmo outros regimes autoritrios (Estado Novo, em Portugal /Franquismo, em Espanha).

Princpios Ideolgicos do Fascismo:

Mussolini vangloriava-se de ser reaccionrio, antiparlamentar, antidemocrtico, antiliberal, anti-socialista.

1. Era antidemocrtico, antiliberal e antiparlamentar:

Opunha-se ao sufrgio universal e ao regime parlamentar, pois no acredi