o estado verde - edição 22378 - 04 de novembro de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 362 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 4 de novembro de 2014 Páginas 9 e 10 Página 3 É possível trazer mais sustentabilidade para a sua vida e para dentro de sua casa. Saiba como as atitudes simples ajudam na hora de consumir e podem contribuir para um meio ambiente mais saudável e sustentável. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Na corrida do clima, o tempo não está do nosso lado A influência humana sobre a temperatura do planeta é “clara e crescente”, alerta a ONU. Chega de retórica, a hora é de cortar 40% das emissões. Se a mudança climática não for controlada, os impactos mais severos, generalizados e irreversíveis irão aumentar sobre as pessoas e os ecossistemas. CONSUMO Páginas 5, 6 e 7 TECNOLOGIA SOCIAL Reconhecido Cabra Nossa de Cada Dia Nascido “da cabeça” de um agricultor de comunidade rural São Francisco, em Sobral, projeto certificado pela Fundação BB, combate a pobreza, a miséria e a mortalidade infantil e já salvou milhares de crianças. Pense duas vezes antes de comprar! FOTO: ONU/AMANDA VOISARD FOTO: DIVULGAÇÃO

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Jornal O Estado (Ceará)

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ANO VI - EDIÇÃO No 362FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 4 de novembro de 2014

Páginas 9 e 10

Página 3

É possível trazer mais sustentabilidade para a sua vida e para dentro de sua casa. Saiba como as atitudes simples ajudam na hora de consumir e podem contribuir para um meio ambiente mais saudável e sustentável.

MUDANÇAS CLIMÁTICASNa corrida doclima, o temponão está do nosso ladoA influência humana sobre a temperatura do planeta é “clarae crescente”, alerta a ONU. Chega de retórica, a hora éde cortar 40% das emissões.Se a mudança climática não for controlada, os impactos mais severos, generalizados e irreversíveis irão aumentar sobre as pessoas e os ecossistemas.

CONSUMO

Páginas 5, 6 e 7

TECNOLOGIA SOCIALReconhecido Cabra Nossa de Cada DiaNascido “da cabeça” de umagricultor de comunidaderural São Francisco, emSobral, projeto certificadopela Fundação BB, combatea pobreza, a miséria e amortalidade infantil e já salvoumilhares de crianças.

Pense duas vezes antes de comprar!

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Jessica Fortes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

POBREZAA Oxfam – organização não governa-

mental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo – acaba de divulgar rela-tório informando que, cada ano, cem mi-lhões de pessoas são levadas à pobreza porque são obrigadas a pagar por ser-viços de saúde. O estudo sugere, para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres, investimento em ser-viços públicos gratuitos, principalmente, nas áreas de saúde e educação.

PROIBIDO DESCARTAR LIXO NAS RUAS

Tramita em fase conclusiva, na Câmara Federal, proposta que reforça a proibição de descarte de lixo em locais públicos. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável aprovou texto original da deputada Liliam Sá (Pros-RJ), previa uma lei para proibir as pessoas de jogarem lixo em praias, rios, rodovias, ruas e praças. O texto também autorizava as prefeituras a estabe-lecerem multa para quem descumprisse a determinação.

Parte dessa proposta já consta da lei que criou a PNRS ou Lei de Resíduos Sólidos. A Comissão alterou a legisla-ção atual para reforçar a ideia de que é proibido o descarte de resíduos em ruas, praças, parques, áreas protegidas e de-mais logradouros públicos.

A deputada Maria Lucia Prandi (PT-SP) votou contra, argumenta que as proibições já estão presentes na PNRS. Daqui pra fren-te basta campanhas de conscientização junto à população e mais rigor na fi scaliza-

ção por parte das prefeituras. Ela tem razão.

ESTUDANTE EMPREENDEDORProjeto de um aluno da Fanor | De-

Vry foi selecionado entre os 150 melho-res dos mais de 20 mil projetos inscri-tos, na 10º edição do Prêmio Santander Empreendedorismo 2014. Eleandro da Silva Teixeira, que cursa o 4º semes-tre de Administração, desenvolveu o Projeto da Oportunidade Empreen-dedora, “Água salobra e a população do Semiárido brasileiro: uma solução ao alcance de todos”, com o auxilio do professor Silvio Norton. O mesmo projeto, que foca sustentabilidade e empreendedorismo, também foi sele-cionado pelo júri popular e fi cou entre os 45 semifi nalistas. Eleandro pretende tocar o projeto.

PRÊMIO QUALIDADE DO AR 2014Vem aí, o Prêmio Melhoria da Qua-

lidade do Ar 2014. A Federação dos Transportes – Cepimar promove mais uma edição do Prêmio, dia 26/11, na Casa José de Alencar, em Fortaleza 28 empresas de transporte de passageiros e de cargas disputam o Qualidade do Ar. O Destaque Ambiental deste ano vai para a diretora de Controle e Proteção Ambiental, Magda Kokay Farias, da Se-mace, em reconhecimento aos relevan-tes serviços prestados. Estarei lá.

Refl exão: É preciso repensar os hábitos de consumo e de descarte. Lixo na rua entope bueiro, reciclado movimenta a economia.

Segundo a ONU, a propagação, nos últimos anos, de doenças infecciosas como a malária, a chikungunya e mesmo o ebola são exemplos de como a mudança climática ameaça a segurança sanitária mundial. Para o diretor executivo do Conselho de Ad-ministração do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, em muitas partes do mundo se verá a volta ou a chegada de doenças que, simplesmente, não tinham sido notifi cadas antes, devido às altas temperaturas. Steiner destacou que esse fato afetará a infraestrutura sanitária e o sistema de saúde e, em última instância, a saúde e o bem-estar de cada uma das populações do planeta.

Steiner, disse ainda, outro efeito da mudança climática na saúde é a contaminação, uma vez que a emissão de dióxido de carbono e outros produtos causa, atualmente, a morte prematura de aproximadamente 7 milhões de pessoas a cada ano, no mundo.

MUDANÇA CLIMÁTICA E SEGURANÇA SANITÁRIA

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

DE 6 A 7 DE NOVEMBROIX SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE LOGÍSTICA • Fortaleza vai receber o IX Seminário Internacional de Logística. O encontro, que será realizado de 6 a 7 de novembro, no Centro de Eventos, em Fortaleza, espera con-tribuir para expansão do comércio internacional. O encontro será voltado para pro-fi ssionais, empresas, estudantes de Comércio Exterior, Logística e Administração.

DIA 09 DE NOVEMBROIRONMAN BRASIL – FORTALEZA

• Fortaleza receberá a segunda edição do circuito Ironman no Brasil. Os atle-tas da modalidade de triathlon de longas distâncias enfrentarão percurso de 3.8 km de natação, 180.2 km de ciclismo e 42.2 km de corrida. O maior evento de triathlon do mundo acontecerá na Praia de Iracema, acesso pelo número 400 da Avenida Presidente Castelo Branco, com largada prevista para 06h00min.

05 DE NOVEMBRODIA DA CULTURA E DA CIÊNCIA

• Inspirando-se no nascimento do abolicionista Ruy Bar-bosa, o Brasil comemora o Dia da Cultura e da Ciência. A data foi institucionalizada em 15 de maio de 1970 com a Lei nº 5.579 e tem como objetivo estimular a produ-ção de conhecimento científi co e expressões cultu-rais em todo o país.

Cultura é o conjunto de costumes, tradições, co-nhecimentos, instituições e valores partilhados por determinado grupo social que seguem um padrão.

Ciência (do latim scientia, signifi cando “conhecimento”) refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática.

06 DE NOVEMBRO DIA INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM TEMPOS DE GUERRA E CONFLITO ARMADO

08 DE NOVEMBRODIA MUNDIAL DO URBANISMO

• O Urbanismo é um campo do conhecimento que têm como objetivo criar condi-ções satisfatórias e ordenadas de vida nos centros urbanos, de acordo com as necessi-dades humanas, como: meios de locomoção, moradias, lazer, criação de áreas verdes, dentre outras. O termo surgiu no fi nal do século XIX em consequência da Revolu-ção Industrial que levou as cidades a fi carem saturadas e insalubres, fazendo surgir as demandas de intervenções, o que resultou no surgimento do campo de estudo do Urbanismo. A data foi decretada pela Organización Internacional Del dia Mundial Del Urbanismo, fundada em 1949, em Buenos Aires – Argentina, pelo professor Carlos Maria Della Paolera, da Universidade de Buenos Aires.

AGENDA VERDE

Relatório Síntese (SYR, sigla em inglês) fi ca pronto e Organiza-ção das Nações Unidas (ONU)

avisa que mudança climática pode ser “irreversível” em curto prazo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) esteve reunido, entre os dias 27 e 31 de outubro em Copenha-gue, na Dinamarca, para a elaboração do relatório-síntese do Quinto Relatório de Avaliação, também conhecido abre-viadamente como 5º Relatório do IPCC.

O Painel elaborou o resumo, divulga-do dia 2 (domingo), para formuladores de políticas e que servirá como norte para as discussões em torno de um novo plano global para cortar emissões de ga-ses, responsáveis pela elevação da tem-peratura do planeta.

A infl uência humana sobre o clima é “clara e crescente”, alerta a ONU. Chega de retórica, a hora é de cortar 40% das emis-sões, e se a mudança climática não for con-trolada, os impactos, mais severos, genera-lizados e irreversíveis irão aumentar sobre as pessoas e os ecossistemas.

Para o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, se o mundo man-tiver a atitude de previlegiar os “busi-ness as usual” ou os negócios de sempre,

em detrimento das mudanças climá-ticas, a oportunidade de mantermos o aumento da temperatura abaixo de 2 graus Celsius, até a próxima década, não será possível.

“Com este último relatório, a ciência fala mais uma vez e com muito mais cla-reza. O tempo não está do nosso lado... os líderes devem agir”, disse o chefe Ban Ki-moon, em visita ofi cial à Dinamarca e que incluiu uma conferência de im-prensa para o lançamento do capítulo fi nal 5º Relatório, considerado a mais recente atualização das atividades do IPCC, compilando e sintetizando os es-tudos de milhares de cientistas de todo o mundo sobre aquecimento global.

De acordo com um comunicado de imprensa do painel, o chamado “Rela-tório Síntese” confi rma que a mudança climática está sendo registrada em todo o planeta e o aquecimento global é uma certeza. “São sem precedentes, ao longo de décadas e milênios, muitas das al-terações que estão sendo observadas a partir da década de 1950”.

“Nossa avaliação considera que a atmos-fera e os oceanos estão aquecidos, a quan-tidade de neve e gelo está diminuíndo, o nível do mar subindo e a concentração de dióxido de carbono aumentando para níveis sem precedentes, em pelo menos

os últimos 800 mil anos”, disse o co-pre-sidente do Grupo de Trabalho I do IPCC, Thomas Stocker, que participou da elabo-ração do relatório fi nal, juntamente com dois outros grupos de trabalho de peritos.

Levando em conta as conclusões do SYR e chamando o relatório de a “ava-liação mais abrangente sobre mudanças climáticas” já realizada, até hoje, o secre-tário geral da ONU pediu uma ação efi -

caz em todo o mundo, dizendo “Mesmo que as emissões parem amanhã, nós ain-da viveremos com o fenômeno por um longo e duradouro tempo”.

Para Ki-moon, o relatório constatou que o mundo, em grande parte, está muito des-preparado para enfrentar os riscos traídos pelas mudanças climáticas, especialmente os pobres e mais vulneráveis, que menos contribuíram para o problema.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

Se a mudança climática não for controlada, a probabilidade de impactos severos,generalizados e irreversíveis vai aumentar. “Tempo não está do nosso lado”

Chega de retórica a hora é de cortar 40% das emissões

IRREVERSÍVEL

POR TARCILIA REGO

Conferência de imprensa para lançamento do relatório de síntese do IPCC. No centro, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri

FOTO ONU/AMANDA VOISARD

4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

Pela primeira vez na capital cearen-se, um dos marxistas mais infl uen-tes da atualidade, David Harvey. O

Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (ADUFC – Sindicato) e o LEHAB-DAU-UFC, em parceria com a Editora Boitempo, realizam no próximo dia 17 de novembro, 18h, no Anfi teatro do Dragão do Mar, a Conferência “Direito à cidade e resistências urbanas” com o ge-ógrafo e pensador marxista, que chega ao Brasil para o lançamento da mais recente obra “Para entender o Capital: Livros II e III”. A conferência será seguida de sessão de autógrafos.

Para auxiliar o diálogo com Harvey, o evento contará com as participações de representantes de movimentos sociais de Fortaleza. Os convidados relatarão ao pú-blico experiências adquiridas em manifes-tações como “Ocupe Cocó”, resistência dos moradores do Alto da Paz, movimentos urbanos pelo direito à moradia e mobilida-de urbana. Antes da fala dos convidados, o público poderá conferir a apresentação do grupo Tambor de Crioula Filhos do Sol.

Após atrair milhares de pessoas em sua última visita ao Brasil, Harvey retorna ao País, entre 14 e 19 de novembro de 2014, para participar de debates e conferências gratuitos nas cidades de Brasília (14), Re-cife (17), Fortaleza (17), Curitiba (18) e São Paulo (19). As inscrições já estão abertas desde o dia 1º/11 e podem ser realizadas pelo site da ADUFC (adufc.org), obedecen-do ao limite de 450 vagas.

A atividade é uma realização da ADUFC - Sindicato, Laboratório de Estudos da Habi-tação (LEHAB – UFC) e Editora Boitempo, com apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU- UFC), Universidade Fe-deral do Ceará e Instituto Dragão do Mar.

SOBRE DAVID HARVEYDavid Harvey é reconhecido internacio-

nalmente por seu trabalho de vanguarda na análise geográfi ca das dinâmicas do capital. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York (The City University of New York – Cuny) na qual leciona desde 2001. Foi também pro-fessor de geografi a nas universidades Johns Hopkins e Oxford.

Sua obra foi apontada pelo periódico britâ-nico, The Independent, como uma das mais importantes de não fi cção publicadas desde a Segunda Guerra Mundial. Dele, a Boitem-po publicou O enigma do capital (2011), Para entender ‘O capital’ e publicará, ainda este ano, Os limites ao capital.

A Política Nacional de Resíduos Sóli-dos, instituída em agosto de 2010 (Lei nº 12.305), tem dois eixos principais, que são o fi m dos lixões e a implantação da Logística Reversa, esta voltada a equa-cionar o destino fi nal dos restos do con-sumo, incluindo eletrônicos, lâmpadas, pneus e baterias. Independentemente do atraso no cronograma de implemen-tação dos projetos, que precisam ser agi-lizados, há algo crucial, mais importante até mesmo do que as ações do poder pú-blico: a consciência da sociedade quanto à atitude de cada indivíduo, família, con-domínio e empresa para a consolidação de uma nova cultura no trato da questão dos resíduos sólidos.

É premente que todos entendam, como princípio fundamental, a necessidade de, por um lado, não sujar o ambiente urba-no e, de outro, dispor todo o lixo produ-zido de modo ambientalmente correto. Esse avanço implica mudança de hábitos de todas as pessoas, em casa, na escola e no trabalho. Tais posturas cívicas e com-portamentais são decisivas para que nos-sas cidades fi quem mais limpas.

Em primeiro lugar, é necessário rever o anacrônico conceito de que a sociedade paga impostos ao setor público para que este limpe as ruas e as cidades e se encar-regue de coletar, transportar e dar desti-no fi nal aos resíduos sólidos. Já passou da hora de avançarmos para um conceito mais contemporâneo de que é responsa-bilidade de cada um não sujar as ruas nas quais transita e a cidade na qual vive. Do mesmo modo, efetuar corretamente a deposição do lixo para a coleta é um compromisso de cada residência, con-domínio, empresa, escola e instituição pública ou privada.

Cada pessoa deve ser um agente pro-ativo do processo e não mais um usuá-rio reativo do trabalho dos serviços de limpeza, varrição e coleta do lixo pro-duzido pela sociedade. Todos devem comprometer-se com a meta de que o Brasil tenha cidades mais limpas e um habitat humano mais saudável e agra-dável. Qualidade ambiental é uma res-ponsabilidade de todos.

O mesmo raciocínio aplica-se à ques-

tão da logística reversa, que objetiva dar solução adequada aos produtos no fi nal de sua vida útil. Esse item da Política Na-cional de Resíduos Sólidos é o que defi ne a responsabilidade compartilhada das distintas cadeias de suprimentos e da sociedade quanto à restituição, reapro-veitamento, reciclagem ou destinação fi nal ecologicamente correta dos bens de consumo e suas embalagens. Porém, por mais efi cazes que sejam as estruturas de coleta seletiva, estratégias e programas de devolução em pontos de venda e cen-tros de recepção das indústrias e impor-tadores, nada será viável sem a partici-pação e engajamento da população.

Isso é fundamental para o Brasil vencer o grande desafi o da salubridade ambien-tal e qualidade da vida. No enfrentamen-to desse problema urbano, é necessária sinergia entre indústrias/importadores, distribuidores, comércio e consumidores brasileiros. Todo cidadão deve sentir--se participante e responsável. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente e ao de Cidades coordenar os Grupos Técnicos Temáticos encarregados de desenvolver modelos, normas e procedimentos para a logística reversa, para que se costurem acordos setoriais e se cumpra a legislação. Nada, contudo, será factível se cada cida-dão não participar, com adequado com-portamento quanto à coleta seletiva, ou na devolução dos rejeitos nos postos de coleta das respectivas cadeias produtivas.

Como se observa, civismo e educação ambiental são elementos imprescindí-veis para que a Política Nacional de Re-síduos Sólidos tenha êxito. Ao fazer a sua parte e dar o exemplo, a sociedade tam-bém ganha mais força política para co-brar o poder público municipal, estadual e federal quanto à execução dos projetos e recuperação dos atrasos. Consciência, portanto, é o paradigma basilar da salu-bridade ambiental urbana!

*Cientista social, biólogo, estatístico e

pós-graduado em meio ambiente, é pre-sidente do SELUR (Sindicato das Em-presas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).

Pensador discutirá resistência e direito

à cidade

DAVID HARVEY NO CEARÁ

Consciência e cidadania para um Brasil mais limpo

OPINIÃO

Por Ariovaldo Caodaglio*

SERVIÇOConferência “Direito à cidade e

resistências urbanas”Dia17 de novembro, de 18h às

21h30h, no Anfi teatro do Dragão do Mar

Mais informações: www.adufc.org.br ou

(85) 3066.1818

DIVULGAÇÃO

Quantos pares de sapato você tem no armário? Cinco, sete, dez? De quantos pares de sa-

pato você realmente precisa? Um! A cada dia, o consumo exacerbado vem crescendo mais e mais e como conse-quência, causa impactos, muitas vezes irreversíveis ao meio ambiente. Com atitudes simples na hora da comprar e ou consumir alguns produtos e recursos naturais, é possível trazer mais susten-tabilidade para sua vida e para dentro da sua casa. A ordem do dia é ser um consumidor consciente.

Segundo o Ministério do Meio Am-biente (MMA) o consumidor conscien-te é aquele que sabe que pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo ao levar em conta, na hora de comprar, além do pre-ço e da marca, produtos que consideram as variáveis ambientais, a saúde huma-na e animal e as relações justas de tra-balho. “O consumidor consciente sabe que, mesmo um único indivíduo, ao longo de sua vida, produzirá um impac-to signifi cativo na sociedade e no meio ambiente”. É uma contribuição voluntá-ria, cotidiana e solidária.

O gerente de Conteúdo e Metodo-logias do Instituto Akatu, Dalberto Adulis, segue a mesma linha de pensa-mento do MMA e afirma que todo tipo de consumo provoca impactos am-bientais e sociais. Isso significa que, antes de qualquer compra, descarte e demais atividades relativas à utiliza-ção dos recursos naturais, o consumi-dor deve estar ciente de sua responsa-bilidade junto à natureza.

O Akatu, Organização Não Governa-mental (ONG), que trabalha pela cons-cientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente, entende

consumo não apenas como um ato pon-tual, mas como um processo que come-ça antes da compra e termina depois do uso, envolvendo escolhas como: Por que comprar? De quem comprar? O que comprar? Como comprar? Como usar? Como descartar?

Adulis explica que o ato de consumir de forma consciente implica avaliar, em cada uma destas escolhas, que im-pactos estão sendo gerados e como eles podem ser minimizados ou potencia-lizados na direção de uma sociedade mais sustentável. É consumir de forma diferente, tendo no consumo um ins-

trumento de bem-estar, não somente para si mesmo, mas de modo a deixar um mundo melhor para as próximas gerações.

“O que nós promovemos é um esforço de conscientização para que as pessoas vejam que, além de movimentar a eco-nomia, nós estamos também afetando o meio ambiente com nossas decisões. Não é apenas pegar o dinheiro e com-prar a conscientização, é um processo contínuo em que as pessoas passam a refl etir mais sobre os impactos positi-vos e negativos e passam a fazer as me-lhores escolhas”, explica.

NOVA TENDÊNCIAMas isso não signifi ca que, consumir

com consciência é ter que privar-se do conforto e “das boas coisas da vida”, mas recusar, reduzir, reutilizar e reciclar tudo o que for possível, lembrando que a bioca-pacidade do planeta, ou seja, a capacidade de o mesmo absorver os resíduos gerados e produzir novos recursos naturais úteis, está limitada, afi nal já “gastamos” o dobro da quantidade de recursos que o planeta é capaz de oferecer e temos um mercado gigantesco, crescente e voraz.

Mas é possível conciliar, desenvolvi-mento e consumo consciente. “Basta que o consumo seja pensado em outro pata-mar, tanto quanto à produção, consumo e descarte”, orienta Adulis. Daí, a impor-tância estratégica da inovação tecnoló-gica. O surgimento de novas indústrias como a da reciclagem tem crescido, as tecnologias limpas a exemplo o reúso da água, o reaproveitamento dos recursos naturais e a adoção de energia renovável, são formas de mitigar os impactos. É o mercado se adequando e buscando a sus-tentabilidade.

“Somos mais de sete bilhões de habitan-tes e vamos para nove bilhões, então para alimentar, oferecer vestimenta, transpor-te e educação, para tantas pessoas, temos que mudar os padrões, o mercado vai continuar crescendo, só que os produtos serão de outra natureza, serão mais sus-tentáveis. As indústrias poluentes, que são péssimas para a nossa vida, ou elas se ajustam ou não vão mais poder funcionar no mercado. Essa nova economia é uma tendência”, lembra.

ECONOMIZAR PARA NÃO FALTARSejam os alimentos, a água ou a ener-

gia, tudo deve ser consumido de forma racional. Incentivar as pessoas à refl e-xão para o consumo consciente já é um grande passo. Com este objetivo, a

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

Consuma, mas sem destruir o planeta

PENSE ANTES DE COMPRAR

Contribuições simples e voluntárias podem garantir impactos positivos na preservação do meio ambiente. É possível ser consumidor consciente

POR JESSICA FORTESDIVULGAÇÃO

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

Companhia Energética do Ceará (Co-elce), visa expandir a sua atuação e le-var desenvolvimento socioeconômico a todo o Estado causando o mínimo impacto ao meio ambiente.

A empresa tem incentivado o con-sumo consciente por meio de uma gama de ferramentas didático-pe-dagógicas, projetos e ações. A Nave Coelce – Planeta Futuro, por exem-plo, é uma plataforma móvel, com acessibilidade para cadeirantes, que percorre escolas, praças, eventos e a sede da empresa, levando infor-mações sobre ações de prevenção de acidentes com energia elétrica e preservação ambiental para a comu-nidade, funcionários e parceiros.

Há também o programa Troca Efi -ciente, onde a companhia substitui geladeiras e lâmpadas com elevado consumo de energia, por geladeiras e lâmpadas efi cientes e ainda utiliza o processo de logística reversa, que recicla plástico, vidro, metal, gás e óleo dos equipamentos trocados nos programas Troca Efi ciente e Luz Solidária. Esse último estimula o uso de eletrodomésticos efi cien-tes, respeitando o meio ambiente por meio da troca de eletrodomésti-cos velhos por equipamentos novos e econômicos. Além disso, tem o in-tuito de gerar renda nas comunida-des com projetos benefi ciados com as doações dos clientes comprado-

res dos eletroeletrônicos efi cientes.Na perspectiva de ações de sensibi-

lização com foco nos colaboradores, a Coelce realiza palestras e campanhas internas sobre consumo consciente. Essa metodologia de palestra também é usada para conscientizar a sociedade em eventos com foco ambiental e no programa Coelce nos Bairros. A com-panhia promove, ainda, treinamentos para colaboradores e fornecedores so-bre os requisitos da norma ambiental ISO 14001 e a descontaminação de

lâmpadas trocadas no programa de efi ciência energética, de iluminação pública e dos prédios próprios.

“Assumimos, desde o início, um compromisso permanente com o de-senvolvimento do Ceará e do povo cearense e isso passa, impreterivel-mente, pelas muitas ações, projetos próprios e incentivados que promo-vemos todos os dias com foco em geração de renda, educação para o consumo consciente e o uso seguro da energia elétrica, valorização da cultu-

ra local e do meio ambiente”, acres-centa o responsável pela área de Meio Ambiente da Coelce, Sérgio Araújo.

Em 2014, a Coelce implantou o projeto Conta Verde cujo objetivo é incentivar a população cearense e as empresas, a compensarem suas emissões de CO2 por meio da re-ciclagem de resíduos trocados por bônus na conta de luz no Ecoelce, programa considerado o mais re-levante em termos de resultados e sensibilização de clientes para o uso consciente da energia e o respei-to ao meio ambiente. Desde 2007, quando foi criado, até setembro de 2014, já benefi ciou 427 mil clientes cadastrados, contabilizou mais de 17 mil toneladas de resíduos e con-cedeu R$ 2,26 milhões em bônus na conta de luz. O projeto conta atual-mente com 99 postos, entre capital e interior do Ceará. Além disso, em agosto de 2014, o projeto alcançou a marca de uma tonelada de pilhas e baterias arrecadadas.

SERVIÇOSConsumir com consciência é consu-

mir diferente, tendo no consumo um instrumento de bem-estar e não um fim em si mesmo. Você é um consu-midor consciente? Não sabe? Faça o teste do Instituto Akatu: http://www.akatu.org.br/.

7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

INSTITUTO AKATU LANÇA CAMPANHA PELO CONSUMO CONSCIENTE E TRANSFORMADOR

DICIONÁRIO O ESTADO VERDE

No dia 15 de outubro, foi comemorado o Dia do Consumo Consciente. A data, instituída pelo MMA, tem o objetivo de

despertar a consciência das pessoas sobre o poder de suas escolhas na hora da compra e o impacto que esta pode ter

sobre nossa sociedade. Para marcar o mês, o Instituto Aka-tu lançou a Campanha #SigaOs10Caminhos, que lista dez

valores necessários para tornar mais sustentável a produção de bens e o consumo.

ISO 14001: A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reco-nhecida que defi ne o que deve ser feito para estabelecer um Sis-tema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabili-dade e a redução do impacto ambiental; com o comprometimento

de toda a organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. Fonte: http://www.bsibrasil.com.br/.

LOGÍSTICA REVERSA: É um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, proce-dimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos

resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação”. Fonte: MMA.

PEGADA ECOLÓGICA: A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corres-

ponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida.

Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”

, em média, para se sustentar. Fonte: http://www.wwf. org.br/ .

8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

Micro e mini geração de energia deixou de ser uma atividade centralizada e de exclusivida-

de de médios e grandes empresários. “É uma atividade cada vez mais democrática em que indivíduos podem assumir o papel de microgerador”, disse o especialista em regulação da Superintendência de Regu-lação de Serviços da Aneel, David Rabelo Viana Leite , durante o I Seminário sobre Micro e Minigeração Distribuída, dia 29 de outubro na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Mas nem sempre os ventos sopram favoráveis aos empre-endedores, para alguns, o incentivo é de menos e o imposto pode ser demais.

As condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração dis-tribuídas aos sistemas distribuido-res de energia elétrica e o sistema de compensação, estão estabeleci-das na Resolução Normativa, 482 de 17/04/2012 ou RN 482, da Agência

Nacional de Energia Elétrica (Ane-el). De acordo com a resolução, micro geradores são aqueles com potência instalada menor ou igual a 100 qui-lowatts (kW), e os minigeradores, aqueles cujas centrais geradoras pos-suem de 101 kW a 1 megawatt (MW).

“O Brasil é o terceiro País com maior insolação entre os desenvolvidos e em desenvolvimento”, destaca Viana . In-forma ainda que desde a assinatura da RN 482, já foram registrados na Agên-cia, até o último dia 15 de outubro, 251 microgeradores de energia, instalados, sendo 228 só de painéis solares. O Es-tado com o maior número de instalações é Minas Gerais, com 39, o Ceará fi ca em segundo, com 25. Dois terços dos consu-midores são residenciais. “A expectativa é chegarmos, até o fi nal do ano, com 250 empreendimentos”, disse, otimista, o especialista da Aneel.

Para o empresário cearense, Luís Car-los Gadelha de Queiroz, da B&Q Reno-váveis, e diretor de Microgeração do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Ceará (Sindienergia), o número é insignifican-te e rebate afirmando que os Estados

Unidos, já contam com 440 mil instalações, em ape-

nas 2 anos. “Está faltando uma

agenda positi-va, aqui, para acabar com

os gar-g a l o s . Se não é a Ane-

el a fa-zer isso,

quem fará? Perdemos a

vanguarda, fo-mos o primeiro a

colocar um parque eólico, mas estamos fi-

cando míope. Esse esforço

todo para apenas 251 instalações?”, questiona Queiroz.

Segundo Viana, a Aneel tem atua-do para quebrar barreiras, inclusive a mais difícil de ser aceita e entendi-da, a cobrança de Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Serviços (ICMS).”Não procede a essa cobrança de ICMS. A distribuidora está prestan-do um serviço ao consumidor e não tem mercadoria no processo”, explica. Mi-nas Gerais isentou a cobrança de ICMS, Mato Grosso está a caminho.

O presidente do Sindienergia, Elias do Carmo, vai buscar negociar com o Governo do Estado, isenção de ICMS para a energia extra, produzida. A energia gerada é con-tabilizada (em kWh) no medidor. A fatura representará a diferença entre a geração e o consumo do microgerador. Saldo positi-vo vira crédito de energia. “O cidadão tem o direito de gerar sua própria energia. No entanto se gera mais do que consome, não pode vender. O excedente vira crédito que vai sendo abatido, conforme a Resolução 482”, disse o dirigente.

“O ICMS é indevido”, afirma o empre-sário, Eduardo Frota da Ziatech. “Sim-plesmente, existe uma troca de energia. O relógio só indica crédito em energia, é uma troca em quilowatts, além do mais, o microgerador não pode vender, ou seja, não existe troca financeira. É só energia!”, ressalta Frota. Os consu-midores produzem energia e repassam para a Companhia Energética do Ceará (Coelce) que é transformado em crédito.

Na visão do cearense, Clayton Bar-reto de Melo, consumidor residen-cial com microgeração eólica e so-lar, a cobrança de ICMS é abusiva. “Em linhas gerais, estou produzindo energia e estou sendo cobrado. O meu crédito não é em dinheiro, mas em quilowatts”, disse.

Motivado para a instalação de um sis-tema de energia limpa e com a possibi-lidade de reduzir o valor da “conta de luz” em função da geração própria, que

de certa forma desoneraria o orçamento (compensação energética) e a partir da indicação de um amigo, Melo realizou um levantamento de dados e informa-ções para avaliação da viabilidade eco-nômica, em dezembro de 2011, defi niu e instalou o equipamento.

Durante o “Seminário Micro e Mi-nigeração Distribuída – Impactos da Resolução Normativa nº 482/12”, em abril desse ano, em Brasília, o em-preendedor disse que sob a visão fi-nanceira, “o investimento, até o mo-mento, não está sendo viável” e ele aponta razões: “geração energética abaixo da previsão inicial; não exis-tência de linhas de créditos específi-cas e atrativas para a microgeração de energia voltadas para pessoa física e a forma atual de compensação da energia pelas distribuidoras são de-sanimadoras”. Do ponto de vista da sustentabilidade, o “investimento é ecologicamente correto”.

O empresário Viana, também pesa a dimensão ecológica, além da econômi-ca. e tem expectativa positivas para o setor, apesar de lamentar que o Ceará ainda não acordou para a energia reno-vável. “Sou um entusiasta e estou dizen-do que não podemos fechar os olhos e como empresários, ainda estamos tími-dos. A B&Q está gerando energia limpa há 20 anos, é a nossa contribuição. Que mundo estamos deixando para as gera-ções futuras?”, encerra.

Frota, da Ziatech, também é otimis-ta e observa que o mercado de micro geração é “super promissor”, apenas, passa por um período de ajustes, neste momento. “O mercado financeiro está se abrindo para os empreendimentos de microgeração”. Este é um tema que merece ser tratado em outra matéria, como talvez, o grande desafio dos micro geradores de energia renovável.

Mais informações: www.aneel.gov.br/ ; www.beq.com.br ; www.ziatech.com.br .

Cresce no Brasil o número de microgeradores

ENERGIA

POR TARCILIA REGO

9VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

O Projeto “Cabra nossa de cada dia”, certifi cado como Tecnologia Social pela Fundação BB no ano

passado, já atendeu mais de 700 famílias por meio da distribuição de 4,5 mil cabras para agricultores da região de Sobral (CE), município que fi ca a cerca de 230 quilô-metros de Fortaleza.

Nascido “da cabeça” do agricultor An-tônio Mateus Alves Cavalcante, 65 anos, morador da comunidade rural São Fran-cisco, em Sobral, o projeto tem como objetivo combater a pobreza, a miséria e a mortalidade infantil naquela região. A criação de cabras foi escolhida como solução porque é um animal dócil, de fácil manejo e que se adapta bem às condições climáticas no sertão nordestino.

Segundo Antônio Mateus, em julho do ano de 1993, durante uma das reuniões que vinham acontecendo, há mais de dois meses, em busca de ideias para melhorar a vida dos agricultores na comunidade, “sug-eri ao Padre Zé (veja o quadro ao fi nal da matéria): porque não criar cabras? É mais fácil salvar a vida das crianças”.

“Passados 21 anos, tenho orgulho e posso dizer tranquilo que sou um voluntário fe-liz e gosto de ajudar a minha comunidade, eles me procuram sempre para falar de suas coisas. Começamos com 12 cabras, atualmente, temos 100, só na nossa locali-dade. É uma grande ajuda! Aqui, somos ag-ricultores, plantamos o nosso roçado e uma coisinha vai ajudando à outra”, conta.

A doação das cabras, além de ajudar na alimentação, também une as comuni-dades, porque trabalha com o sistema de repasse. A família carente recebe a cabra prenha ou parida através do projeto e se compromete a assumir os cuidados pela criação do animal. Num período de até dois anos, cada família devolve para o pro-jeto, duas crias [cabritas] para que outras famílias sejam benefi ciadas.

Segundo o coordenador do Projeto Cabra

Nossa de Cada Dia, Jorge Luís de Paula, que atua no município de Sobral, para par-ticipar do projeto, inicialmente, a situação das famílias é levantada e “através deste levantamento, as carências de cada núcleo familiar são avaliadas”.

Atualmente, as carências são outras, questões como o índice de mortalidade infantil e a miséria estão sendo supera-das. “Já estamos entrando em outra etapa, onde o foco é o desenvolvimento humano e o fortalecimento da autono-mia dos agricultores. Em 2012, o projeto iniciou parceria com a Embrapa, visando novas estratégias para o desenvolvimen-to rural sustentável no Semiárido, dentro de um contexto de seca”, explica.

Voltando à questão da união e do coo-perativismo entre os agricultores que par-ticipam do projeto, o idealizador Mateus

relatou que “outro dia” foi procurado pelo “companheiro agricultor”, Luciano, e este lhe contou que venderia duas cabras do seu plantel de 20, “para comprar uma bicicleta e com esta, levar a fi lha à escola, pois São Francisco não tem serviço de transporte escolar e a menina estava com difi culdades de ir à aula”. Quarenta famílias já partici-param da iniciativa na localidade São Fran-cisco, atualmente, 18 continuam inseridas.

O depoimento do agricultor Mateus confi rma a informação do coordenador do projeto, sobre a superação de algu-mas carências, referente à autonomia, inclusão social e outras oportunidades para os participantes. “A criação de ca-prinos deixa de ser o principal meio de subsistência e os agricultores passam a desenvolver outras atividades como: pi-scicultura, apicultura, agricultura famil-

iar, construção de cisternas e etc.”, escla-rece Luís de Paula.

PROJETO CERTIFICADOO Cabra Nossa de Cada Dia é acredi-

tado, informa o coordenador do projeto. “Somos certifi cados como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil e em 2012 recebemos a Placa ODM – Ob-jetivos do Desenvolvimento do Milênio e em 2013 fomos reconhecidos como o 3º Melhor Projeto do Brasil em Inovação e Saúde Pública pela Sanofi Farmacêutica. A certifi cação nos respalda, abre portas, amplia nosso trabalho e nos traz credi-bilidade. É crédito, inclusive, para nos trazer mais recursos. E tudo isso por combater a mortalidade infantil, através do leite de cabra. Veja só, uma coisa tão simples”, encerra.

Projeto que distribui cabras para agricultores da região de Sobral (CE) já atendeu 700 famílias e atuou no acompanhamento nutricional de mais de mil crianças

Criação de caprinos transforma vida de moradores do sertão cearense

TECNOLOGIA SOCIAL

DIVULGAÇÃOPOR TARCILIA REGO

10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

TECNOLOGIA SOCIAL

PADRE CEARENSE JOÃO BATISTA FROTA

Se levarmos em conta a defi nição de Tecnologia Social (TS) segundo a Fundação BB, com certeza pode-se dizer que TS é um incentivo à transformação social e que sempre leva em conta os saberes populares e a economia de recursos naturais. “TS compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis e desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização so-cial e conhecimento técnico-científi co. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala. São exemplos de Tecnologia Social: o clássico soro caseiro (mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil); as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os problemas de acesso a água de boa qualidade à população do semiárido, entre outros.” Saiba mais em: www.fbb.org.br.

O padre cearense João Batista Frota, da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio, em Sobral, zona Norte do Estado, é o idealizador do Projeto Cabra

Nossa de Cada Dia e da ONG Construtores de Paz. O padre foi ordenado em 1966, em Roma, firmando--se no Brasil dois anos depois e atuando nas cida-des de Santana, Massapê e Sobral, buscando sem-

pre unir fé a realizações práticas. Em dezembro de 2011, foi agraciado com o Prê-

mio de Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) .Já foram agraciados, nomes como o de Herbert de Souza, o Betinho, o cardeal emérito de

São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns e o padre Júlio Lancelotti, dentre outros.

AGÊNCIA BRASIL

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

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Não apenas um mar de oportuni-dades, mas um porto seguro de conhecimentos sobre logística

em um ambiente de comércio exterior. Fortaleza, uma das maiores cidades por-tuárias do Brasil, recebe entre os dias 6 e 7 de novembro um dos maiores even-tos do País, na área de movimentação de cargas, é o IX Seminário Internacional de Logística e a EXPOLOG- Feira Nacio-nal de Logística, que acontece no Centro de Eventos do Ceará.

O objetivo principal do evento é mobi-lizar e reunir em um mesmo ambiente os principais atores do setor logístico, comér-cio exterior, transporte, exportadores e im-portadores que integram a cadeia produti-va da logística, interessados em mercados globais, objetivando a integração e geração de negócios entre os mesmos.

A expectativa é de público alvo bem

diverso: companhias docas, portos e ter-minais; transportes: marítimo, aéreo, fer-roviário e rodoviário; profi ssionais do setor de logística, transporte e comércio exteri-or; empresas exportadoras e importado-ras; aduaneiras; hidrovias; empreiteiros; construtores; operadores de logística; se-guradoras; equipamentos e tecnologias; Imprensa; instituições de ensino superior.

O IX Seminário e V Expolog – Feira Na-cional de Logística proporcionarão um ambiente de negócios privilegiado para a realização de debates sobre temas da mais alta relevância e interesses voltados para a melhoria dos modais logísticos, ar-mazenagem e comércio exterior do País. Temas como qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a efi ciência do processo de liberação nas alfândegas, ras-treamento de cargas, cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encon-

trar fretes com preços competitivos, serão tratados no encontro.

Com o crescente desenvolvimento logístico, a realização de um evento des-ta natureza é uma grande ferramenta de consolidação das regiões Norte e Nor-deste, em especial o Ceará, como um importante polo logístico do País. Tudo isso numa perspectiva de geração de negócios, intercâmbio de experiências e novas tecnologias, tendo como premissa a preservação das identidades regionais, porém proporcionando a aproximação das demais regiões do País.

SAIBA MAISO evento é uma promoção da Prática

Eventos, a Fundação de Cultura e Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FUN-CEPE e o Instituto Future de Juventude, Promoção, Turismo, Cultura e Desenvolvi-

mento Sustentável com o apoio Institucio-nal da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfande-gados (ABTRA), da Companhia Docas do Ceará, da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará, do Conselho de Desenvolvimen-to Econômico do Estado do Ceará (CEDE), da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE), da ZPE Ceará e da Câ-mara Brasil Portugal no Ceará, realizam o “Seminário Internacional de Logística e EXPOLOG - Feira Nacional de Logística”.

SERVIÇOIX Seminário Internacional de Logística

e a EXPOLOG- Feira Nacional de LogísticaData: 6 e 7 de novembro Local: Centro de Eventos do Ceará.Mais informações: www.seminariosep.

com.br.

Fortaleza recebe Feira e Seminário Internacional de Logística

EVENTO

INDICAÇÃO DE LEITURA

A transição para a sustentabilida-de. Esse é o título do segundo livro de Luiz Fernando Krieger Merico. Na obra, o autor defende a ideia de que a transição para a sustentabilidade consiste em promover uma reorga-nização de nosso sistema sociológico, compatibilizando a presença humana com as leis da biosfera. A publicação lançada em outubro, em São Leo-poldo, no Rio Grande do Sul, é uma parceria da Editora Loyola com o Instituto Humanitas Unicap.

Krieger propõe aos leitores uma reflexão aberta sobre os macrocami-nhos que nos são apresentados e a busca de consensos mínimos para um

processo de transição: a transi-ção para a sustentabilidade.

Segundo o autor, o ponto de par-tida é que o atual sentido de direção da sociedade e da economia está nos levando para “um profundo pe-nhasco”, mas se apoia na convicção de “que é possível corrigir rumos, protegendo a nossa e as futuras gerações”. O desafio é gerar na sociedade humana e em seus indiví-duos um sentido de urgência para promover a inserção humana nas leis da natureza.

O autor encerra o livro deixando interrogações como: Estamos dis-postos a evitar a grande ruptura e

construir a grande transição? Vale a pena a leitura, rápida e boa.

SOBRE O AUTOR Luiz Fernando Krieger Merico é geólo-

go, mestre em Análises Ambiental e doutor em Geografi a. Lecionou em diversas universidades no Brasil e exterior. Possui mais de 12 anos de experiência em Gestão Ambiental Pública e, desde 2010, coorde-na no Brasil a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Título: A transição para a susten-tabilidade

Autor: Luiz Fernando Krieger MericoEditora: LoyolaPreço: R$ 13,0

A transição para a sustentabilidadeLEITURA

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 4 de novembro de 2014

VERDE

POR JESSICA FORTES

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ARQUITETURA, MOBILIDADE E SUSTENTABILIDADE

A Casa Cor Ceará abriu, na últi-ma quinta-feira (30), sua 16ª edição. Este ano, volta a home-

nagear a cultura e a diversidade do Es-tado com o tema: “Um novo olhar para o Ceará”. A inspiração está presente em todos os ambientes em referências de design e arquitetura criadas pelos 51 profi ssionais responsáveis pelos 36 am-bientes da mostra.

Nesta edição, a diretoria do evento resolveu ampliar o conceito da mostra para o seu público, principalmente, no que se refere à mobilidade e sustenta-bilidade. Antenados as novas tendên-cias, o mercado tem se adequado para atender as ascendentes necessidades de quem pedala, por exemplo. Com empreendimentos cada vez mais com-pactos, a Casa Cor Ceará 2014 trouxe lugares e propostas especiais para o veículo companheiro.

Segundo a diretora do evento, Neuma Figueiredo, a 16ª Edição da Casa Cor Ceará, além de inserir a bicicleta no lar, também chamará a atenção para a im-portância do uso desse modal, que tanto contribui para a melhoria da qualidade ambiental. “Este ano, queremos trazer essa discussão com mais força, para, entre outros objetivos, chamar a aten-ção do poder público para que ofereça segurança para quem usa a bicicleta em Fortaleza”, afi rmou a diretora.

STUDIO DO CICLISTAO evento que acontecerá até 10 de

dezembro, contou com a consultoria do empresário e ciclista urbano Paulo Angelim, que inspirou a elaboração

do “Studio do Ciclista”. Um espaço de muito bom gosto reservado para quem utiliza o modal como meio de transporte e quer um lugar bacana para guardar a bike.

O espaço foi assinado pelo arquiteto Ramiro Mendes e, segundo ele a pro-posta surgiu após observação da de-manda da cidade que tem debatido e incentivado bastante o uso da bicicleta. “Pensamos nas pessoas que trabalham e utilizam a bicicleta para se locomover seja para ir ao trabalho ou apenas para o lazer. Vários países já incentivam a

utilização de bicicletas e ciclovias e em cima disso eu tentei criar este espaço, além de guardar a bike, é um local para ver televisão, descansar e até fazer re-paros na bicicleta”, explica.

O inspirador do projeto, Paulo An-gelim, que tem levantado bastante à bandeira do ciclismo em Fortaleza, se diz grato pelo apoio ao tema. “Enten-do que cumpro um papel importante, pois saio um pouco do estigma do que é um ciclista normal, que é visto ape-nas como um trabalhador, ou alguém alternativo. Meu perfil é de uma pes-

soa que tem seu carro e que o deixa em casa, por uma questão de consciência ecológica e por uma questão de racio-nalidade do ponto de vista do desloca-mento da cidade” explica.

Com relação à temática da mobilidade urbana ser colocada em pauta nos pro-jetos da Casa Cor, Angelim comemora. “Acho muito importante esse olhar. A bicicleta é sustentável, econômica, de-mocrática, saudável e ocupa muito me-nos espaço, ou seja, é econômica não só para quem usa como é econômica para a cidade, pois o investimento necessário é baixíssimo. Ver a Casa Cor trazendo este tema, é um sinal de que está antenada com o que de mais moderno está acon-tecendo no mundo, em termos de busca por soluções para a mobilidade urbana”, comemora o empresário.

ÁREA EXTERNACom a temática do novo olhar sobre o

Estado, a organização do evento também priorizou a colocação de plantas nativas no jardim do prédio da mostra. Utilizan-do espécies da nossa região, foram colo-cadas cactáceas e os ananás, no “Jardim do Nordeste”, pois elas precisam de me-nos água, pensando na falta de água que vem afetando várias regiões do País.

“A nossa intensão é diminuir o consu-mo de água, já que os extensos grama-dos precisam de muito sol e rega todos os dias. Outra intensão é mostrar para o público é que dá para fazer um jardim bonito e bem elaborado com as nossas espécies, que, muitas vezes, são recusa-dos pelos clientes. A Embrapa ajudou na escolha das cactáceas, pois estudou e de-senvolveu as espécies”, explica a arqui-teta Luciana Mota.

Casa Cor 2014 traz proposta de um novo olhar para o Ceará

NAYANA MELO