o estado verde 26/04/2016

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Clima global. O mais importante acordo climático da história do planeta começa a ser assinado. 171 nações já assinaram o documento, o próximo passo é a ratificar. PÁGINA 8 Hipertensão pulmonar afeta milhões de pessoas. Uma medicação acaba de ser lançada e pode salvar vidas. O meio ambiente também pode estar relacionado ao mal. PÁGINAS 4 E 5 Consumo. É possível garantir mais eficiência no uso de recursos, adotando posturas responsáveis de modo a reduzir a pegada ambiental de um empreendimento. PÁGINA 3 O ESTADO Ano VIII Edição N o 437 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 26 de abril de 2016 PÁGINAS 2, 3 e 7 DIA DA CAATINGA PEC 510 continua parada por falta de interesse dos congressistas

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde 26/04/2016

Clima global.O mais importante acordo climático da história do planeta começa a ser assinado. 171 nações já assinaram o documento, o próximo passo é a ratificar. PÁGINA 8

Hipertensãopulmonar afeta milhões de pessoas. Uma medicação acaba de ser lançada e pode salvar vidas. O meio ambiente também pode estar relacionado ao mal.PÁGINAS 4 E 5

Consumo. É possível garantir mais eficiência no uso de recursos, adotando posturas responsáveis de modo a reduzir a pegada ambiental de um empreendimento. PÁGINA 3

O ESTADO Ano VIII Edição No 437 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 26 de abril de 2016

PÁGINAS 2, 3 e 7

DIA DA CAATINGAPEC 510 continua parada

por falta de interesse dos congressistas

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2 VERDE

[email protected]

O Estado Verde é uma iniciativa do INVEXP, com apoio do jornal O Estado. EDITORA Tarcilia Rego JORNALISTA Katy Araújo DIAGRAMAÇÃO E DESIGN J. Júnior TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota. Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde

Advertência nos rótulos: risco de escassez de água

A Câmara dos Deputados analisa mudança no prazo para o início da veiculação de adver-tência sobre o risco de escassez de água nos rótulos dos produ-tos de limpeza. Hoje, segundo a Lei 13.233/15, tais produtos deverão trazer a mensagem “Água: pode faltar. Não desper-dice”, a partir de 29 de dezem-bro de 2016, ou seja, um ano após a publicação da lei.

No entanto, conforme o Projeto de Lei 4273/16, do de-putado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), esse prazo de um ano para início de vigência va-lerá apenas para os novos pro-dutos. Mercadorias já existen-tes, pela proposta, teriam dois anos para cumprir a regra. Para esses produtos, a medida entraria em vigor a partir de 29 de dezembro de 2017.

“A mudança de rótulos para produtos já em fase de comer-cialização implicará em novos layouts, tornando impraticável o prazo original”, justifica Ar-naldo Faria de Sá.

TramitaçãoProjeto tramita em cará-

ter conclusivo e será analisa-do pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimen-to Sustentável; de Desenvol-vimento Econômico, Indús-tria, Comércio e Serviços; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Brasil ratifica acordo de ParisAgora temos de correr atrás para cumprir as INDCs (sigla em

inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Preten-didas). São as metas que os países apresentaram antes da 21a Con-ferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 21), em dezembro de 2015, quando saiu o Acordo de Paris que entrará em vigor no 30º dia após a data na qual, pelo menos, 55 membros da UNFCCC que representem em conjunto 55% do total global das emissões de gases de efeito estufa, tiverem depositado os seus instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação e adesão.

A contribuição do Brasil consiste no comprometimento de re-duzir as emissões em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. Terá abrangência em todo o território nacional para o conjunto da eco-nomia, incluindo CO2, CH4, N2O, perfluorcarbonos, hidrofluor-carbonos e SF6. Para cumprir as INDCs, Brasil deverá empreender um conjunto de providências que precisam ser asseguradas por po-líticas públicas. Só assim contribuirá para que o aumento da tempe-ratura global não supere 20 C. Será que conseguiremos?

Angola vai acolher as cerimônias principais do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2016 (WED 2016). A escolha já havia sido anunciada durante a COP21. Trata-se do re-conhecimento do mérito angolano após várias medidas ambientais to-madas por aquele país, que incluem a dedicação em repovoar áreas daquele país com elefantes. O tema da celebração do próximo WED 2016 será o combate ao comércio ilegal de animais selvagens.

Não devemos subestimar a força da natureza. Um bom exemplo é a queda da ciclovia na Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro.

Meio ambiente também chora. A notícia triste veio por conta do falecimento de Newton Duque Estrada Barcellos. Ele era o chefe da Unidade Regional Nordeste do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

As pesquisas por ele realizadas, efetivamente, contribuíram para o manejo florestal na Caatinga. Sem-pre valorizou a inserção da ativida-de florestal na agricultura familiar,

bioma, com base sustentável.

Defendia que “o consumo de lenha no Nordeste é uma realidade e tem que continuar existindo, porém, é possível cortar lenha de forma lega-lizada, ordenada e sustentável”.

Energia. Afirmar em propaganda vei-culada em rede nacional que “fizemos nossa parte e a conta de luz baixou” é uma falácia. O Governo Federal diz que eliminou as bandeiras, mas não diz que em seguida, através da Aneel, autorizou índice de reajuste de 13,64% na tarifa residencial, acima da inflação oficial, e que vigora em nosso Estado desde a última sexta (22).

Dia 28 de abril, às 18h, no auditório da ADUFC-Sindicato, o presidente da Funceme, Eduardo Martins, vai profe-rir a palestra, Água e Desenvolvimen-to. O evento, promovido pela diretoria da entidade, faz parte do Projeto Ciên-cia, Tecnologia e Cultura, em debate nas Universidades Federais do Ceará, e a realização é da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em parceria com a ADUFC-Sindicato. Mais informações: 3066-1818.

"A atual crise política deve, também, levar a uma reflexão sobre o futuro da política energética no país”. Arquiteto, Célio Bermann.

28 de Abril Dia da Caatinga

Instituído por decreto presi-dencial no ano de 2003, o Dia Nacional da Caatinga é uma homenagem ao pernambuca-no João Vasconcelos Sobrinho, nascido em Moreno, cidade da Região Metropolitana do Reci-fe, dia 28 de abril de 1908.

A Caatinga é o único bio-ma exclusivamente brasileiro, foi reconhecido como uma das 37 grandes regiões naturais do planeta, ao lado da Amazônia e do Pantanal, sendo o terceiro bioma mais degradado, depois da Mata Atlântica e do Cerrado. Em torno de 45% de sua área já é desmatada. Um terço de suas plantas e 15% de seus animais são espécies exclusivas, assim como sua riqueza biológica.

No entanto, até agora, o bioma, importante parcela do território nacional, ainda não é considerado patrimônio da Nação. As discussões e debates, em níveis, Legislativo e Execu-tivo, já perduram por anos e não conseguem sair do papel. Ou melhor, não conseguem ser colocadas no papel.

28 de Abril Dia da Educação

A data serve para incentivar

e conscientizar a população sobre a importância da educa-ção, seja na escola, no lar ou na sociedade como um todo. Através da educação, é possí-vel construir valores essenciais. Cabe ao Estado garantir condi-ções para a formação educacio-nal de todos os cidadãos, com qualidade e gratuitamente.

Educação vai além do am-biente escolar e pode ser ob-servada em pequenos atos do nosso cotidiano: através de um “Bom dia!”, um “Por favor” e um “Obrigado!”.

01 de MaioDia do Trabalhador

O Dia do Trabalho é come-morado em 1o de maio. A data remonta o ano de 1886, na ci-dade de Chicago (EUA). No dia 1o de maio daquele ano, milha-res de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores con-dições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de 13 para oito horas diárias. Neste mes-mo dia, ocorreu naquele país, uma grande greve geral dos trabalhadores.

No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacio-nal, dedicado a festas, manifes-tações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios. Este ano, cairá em um domingo. A data foi oficializada em setem-bro de 1925, pelo então presi-dente Artur Bernardes. Em 1o de Maio de 1940, Getúlio Var-gas institui o salário mínimo, e em 1o de maio de 1941, foi cria-da a Justiça do Trabalho.

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3VERDE

PEC da Caatinga dorme nas gavetas do Congresso

A Proposta de Emenda à Constituição PEC nº 51, de 2003, após longa e complicada trajetória, trans-formou-se na PEC 504/2010. Essa propositura inclui o Cerrado e a Caatinga entre os bens considerados patrimônio nacional. Atualmente, segundo a Consti-tuição, são patrimônio nacional, a Amazônia, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a Zona Costei-ra. A denominada PEC da Caatinga está amornando nas gavetas do Congresso Nacional por leniência dos representantes do Nordeste brasileiro. Quando uma proposta é de interesse do governo ou das bancadas dos Estados aos quais lhes diz respeito, se aprecia com rapidez. No caso da PEC da Caatinga, entra ano e sai ano sem que os deputados e senadores nordesti-nos cobrem a ágil tramitação da proposta.

[email protected]

Bioma devastado Inicialmen-te, apenas o cerrado estava na proposta. A caatinga foi incluída na Câmara dos De-putados, após a aprovação no Senado da PEC 51/2003. Trata-se de uma iniciativa que reconhece com justeza a importância do bioma Caa-tinga para o ecossistema do semiárido. A caatinga ocu-pa uma área que se confunde com o semiárido nordestino e interage com o cerrado, carac-teriza-se por apresentar notável diversidade de fauna e flora. É um bioma de características únicas no planeta e é também o mais severamente devastado pela ação do homem. Exclusivamente brasilei-ro Bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga espa-lha-se com uma área apro-ximada de 82 milhões de hectares, ou seja, cerca de 11% do território brasileiro. É o principal ecossistema/bioma da região Nordeste, mas também está presente nas regiões extremo norte de Minas Gerais e sul dos Estados do Maranhão e Piauí. Nos Estados onde o encontramos recebe várias denominações, tais como: agreste, sertão, cariri, seridó, carrasco, entre outros. Vasta biodiversidade A Caa-

tinga constitui um ecossis-tema de imensa importante do ponto de vista biológico, posto que apresenta fauna e flora únicas, formada por uma vasta biodiversidade, rica em recursos genéticos e de vegetação constituí-da por espécies, lenhosas, herbáceas, cactáceas e bro-meliáceas. Possui 932 espé-cies de plantas, 148 de ma-míferos e 510 de aves, por exemplo, sendo que muitas destas espécies ocorrem somente na caatinga. Falta empenho A bancada de deputados e senadores nor-destinos tem feito ouvido de mercador em face dos ape-los das entidades ambientais que se preocupam com o futuro do bioma Caatinga e veem na aprovação da PEC 504/2010 um caminho para evitar a destruição desse ecossistema, já tão maltratado pela ação pre-datória do homem. É certo que o Brasil passa por uma crise política de grandes proporções que leva os par-lamentares a mergulharem em debates outros. Urge, todavia, que passada esta tempestade, os represen-tantes do Nordeste atentem para a necessidade de de-sengavetar a PEC da Caa-tinga. Vamos cobrar.

É possível economizar papel na hora de pagar o cartão

CONSUMO

Muito papel ainda está sendo desperdiçado por falta de costume em lidar com

novas práticas, no cotidiano de trabalho

POR TARCILIA [email protected]

Aelevação dos níveis de produção, comér-cio e consumo de materiais para res-

ponder à crescente demanda da sociedade atual, ao lon-go do tempo, vem causando problemas ambientais, cada vez mais difíceis de serem resolvi-dos. A ideia de que é preciso conter os desperdícios em prol da economia de recursos natu-rais, ganha espaço, mas exige esforços e mudanças culturais. Para mover este novo comporta-mento, surgem muitas propostas que passam pelo que chamamos de consumo verde, consciente, ético ou sustentável.

Mas o que significa isso na prática? Significa, por exemplo, garantir mais eficiência no uso de recursos, adotando posturas mais responsáveis de modo a re-duzir a pegada ambiental de um empreendimento, seja este pe-queno, médio ou grande. O que vale é começar.

E é o que está fazendo a em-presa cearense, Fortbrasil Ad-ministradora de Cartões de Cré-dito, que alinhada a este novo jeito de fazer negócios, insere a dimensão ambiental na hora de administrar cartões de crédito. A empresa incentiva clientes a con-tribuir diretamente com a sus-tentabilidade ambiental, através

da campanha "Fatura Online".

Fatura onlineA iniciativa propõe ao clien-

te a deixar de usar a tradicio-nal fatura impressa e adotar a fatura on-line, podendo checar seus débitos e limites de crédi-to, além de outros serviços, no site da empresa ou por meio do aplicativo para smartphones. A fatura on-line através do apli-cativo da Fortbrasil (www.for-tbrasil.com.br).

Para a CEO da Fortbrasil, Ju-liana Freitas, a atitude da empre-sa incentivará todos os clientes a uma atitude de mais responsabi-lidade para com o meio ambien-te. "Queremos que nossos clien-tes compreendam os valores da empresa e se sintam motivados a fazer parte desta campanha, pois a adesão é voluntária, e a con-tribuição de todos é essencial", ressalta.

Mensalmente, um cliente ca-dastrado no serviço, terá a fatura paga no valor de R$ 500,00. A campanha terá validade de um

ano, com previ-são de término para o dia 2 de janeiro de 2017. Para a Fortbrasil,

“ninguém deve ficar fora”, e se “todo mundo está mudan-do, mude você

também!”, incentiva a campanha.

Ainda é poucoEm decorrência da sincro-

nização, integração e armaze-namento virtual de dados e da praticidade proporcionada pela internet e aplicativos de celular, o papel vem sendo substituí-do por computadores, smart-phones, tablets e programas de armazenamento, tanto nas resi-dências, como nos escritórios. Mas para o consultor em TI, Pe-dro Paulo Boiczuk Rego, o pro-cesso ainda é lento.

Segundo ele, o que “freia” o processo de redução de uso de papel é a falta do conhecimento das tecnologias existentes. “Um escritório sem papéis ou Paper-less Office será o futuro das em-presas em todo o mundo. Onde ele já é realidade, todos os docu-mentos sob a forma de papel são substituídos por documentos digitais guardados em dispositi-vos de memória ou em sistemas BPMS (Business Process Mana-gement System)”, explica.

Fique Atento- Evite imprimir desnecessariamente.- Acreditar que só a guarda física é segura e

eficiente é um erro.- Arquivos digitais têm sistema de procura.

Basta digitar uma palavra ou parte dela para

encontrar um documento- Aproximadamente 35% das empresas

norte-americanas adotaram medidas efetivas para a redução do uso de papel, aponta um levantamento elaborado pela AIIM (www.aiim.

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4 VERDE

Hipertensão pulmonar atinge de 8 a 40 milhões de pessoas no mundo

FOTO DIVULGAÇÃO BAYER

SAÚDE

Doença rara e incapacitante ainda é desconhecida por 76% dos brasileiros. Aspectos ambientais, também se relacionam com o mal

POR TARCILIA [email protected]

Atenção! Se faltar o ar ao menor esforço, como caminhar um quartei-rão, pode ser um in-

dício de Hipertensão Pulmo-nar Tromboembólica Crônica (HPTEC), uma das causas de hipertensão pulmonar (HP), distúrbio que acomete os pul-mões e o coração, em que a pressão do sangue nas artérias pulmonares torna-se acima do normal, sobrecarregando o lado direito do coração, poden-do levar à insuficiência cardía-ca e até mesmo à morte.

A doença incapacitante ain-da é desconhecida por 76% dos brasileiros, como revela a pesquisa da Abraf - Associação Brasileira de Amigos e Familia-res de Portadores de HP, reali-zada em parceria com a Bayer. Um dos objetivos do levanta-mento é “prover informação aos portadores da doença”, como informou a presidente da Abraf, Paula Menezes, durante a cole-tiva, dia 12, em São Paulo.

IncidênciaSegundo a dirigente, a pes-

quisa além de promover a HP, “empodera a população em relação ao tema e avalia o ní-vel de conhecimento sobre o assunto”. Foram levantados dados em sete capitais - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Ho-rizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife - com 2.100 pessoas, com idade acima de 16 anos. Pelo menos, 25% dos entrevistados não sabem dizer quais as possíveis consequên-

cias da doença. A HP é uma enfermidade

rara que afeta, sobre tudo, a qualidade de vida do doen-te. De acordo com a Associa-ção Europeia de Hipertensão Pulmonar (PHA Europe), os variados tipos da doença atin-gem 25 milhões de pessoas no mundo. Corresponde a uma incidência de 2,4 casos por mi-lhão por ano e uma prevalência de 15 casos por milhão (sendo 15 a 52 por milhão na Europa). No Brasil, a estimativa é de que sejam entre 1.600 a 10 mil.

Fatores ambientaisDe acordo com o pneumo-

logista do Grupo de Circulação Pulmonar do Instituto do Co-ração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina da USP, Caio Fernandes, a HPTEC já é considerada a terceira causa de mortalidade no mundo.

“É uma doença prevalente e potencialmente grave. A gente estima que há muitos pacientes que estão rodando por aí sem o devido diagnóstico”, alertou. Durante coletiva, dr. Caio ex-plicou os fluxos, do sangue e do oxigênio, nos pulmões.

Ele ainda disse que “fatores ambientais também causam sin-tomas”. Quem confirmou a fala de dr. Caio para "O Estado Ver-de”, foi a paciente, Mariana Oli-veira, que participou da coletiva para relatar como é o dia a dia de uma pessoa acometida de HP. Ela me disse que o calor “com-plica muito, a respiração”, assim como o tempo seco “só agrava a tosse”. Há dois anos, Mariana convive com a HP. Tudo come-çou quando ela sofreu a primeira embolia pulmonar.

“Certamente se eu morasse em uma cidade menos poluída, eu teria uma qualidade de vida melhor, o ar já não seria tão

pesado. Ademais, o calor faz com que eu beba mais água, e o médico me aconselha a evitar muita água, pois a ingestão de muito líquido potencializa a re-tenção de líquidos, e o inchaço pode piorar, consideravelmen-te. Outro fator que influência é a altitude.”

Respirar é prioritárioQuando o assunto é altitu-

de, ninguém melhor do que a alpinista Karina Oliani, única médica brasileira a ter o título de especialista em medicina de emergência e resgate em áreas remotas. “O que estamos falan-do aqui é de extrema impor-tância”, destaca a palestrante, convidada para falar sobre a importância da respiração, os impactos que a doença tem so-bre a vida do paciente, comen-tando principalmente um dos subtipos mais graves da HP que é a HPTEC.

“Quantos dias eu consigo sobreviver sem comida? E sem ar? Temos relatos de pessoas que ficaram até 20, 25 dias sem comer. E sem beber? Vai de-pender se o local é úmido ou seco. Nos casos mais extremos a pessoa passa sem água [líqui-do], uns quatro ou cinco dias. Mas e sem oxigênio? [silêncio] Quatro minutos”... [silêncio]... “Quatro minutos?”, alguém re-trucou. “Sim, em poucos minu-tos nosso tecido cerebral morre com a ausência de oxigênio.”

A alpinista ainda alertou para o quanto é prioritária respiração, seja para o ser hu-mano, como para todo ser vivo. “Quem já perdeu o ar, tem asma ou outra patologia ou ficou sem respirar, sabe que é a pior sensação do mundo, e qualquer pequeno alívio que possa ser proporcionado, é gratificante. Estou falando da prioridade máxima para o ser humano, que é respirar”, encer-ra Karina.

Respirar bem certamente deve ser o grande anseio de um portador de hipertensão pul-monar. Como tratar? A pesqui-sa da Abraf indicou que 1 em cada 4 entrevistados não faz ideia de como tratar a HPTEC e, em caso de suspeita, menos da metade (47%) procuraria um pneumologista, já 21% não sabe qual especialista buscar.

Riociguate Nesse contexto, a área mé-

dica da Bayer, dirigida pela dra. Sandra Abrahão, acaba de lançar no Brasil medicamento inédito para o tratamento de acometidos com HPTEC, o

Quando o assunto é altitude, ninguém melhor do que a médica e alpinista Karina Oliani

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5VERDE

PrevenindoA hipertensão pulmonar

tem causas indefinidas, mas alguns pontos podem ser determinantes para o desenvolvimento da doença tais como histórico fami-liar, problemas cardíacos e esquistossomose. Dentre os sintomas estão falta de ar,

cansaço, lábios e pele azu-lados, além de inchaço nos tornozelos.

Exposição prolongada ao calor e ao sol pode rapida-mente piorar os sintomas. O tempo quente pode causar exaustão ao calor, ataque cardíaco e desidratação.

Fique em ambientes de ar-condicionado. Um ven-tilador pode substituir, mas doenças relacionadas ao ca-lor não podem ser evitadas usando um ventilador.

É importante prestar atenção à reação do seu corpo ao clima quente, espe-

cialmente enquanto estiver ao ar-livre.

Saiba mais em: https://an-dancasvagarosas.wordpress.com/category/clima/

A editora do Caderno O Estado Verde, viajou a convite da Bayer.

AdempasR (Riociguate). Du-rante a coletiva, o anúncio foi feito. A substância faz parte de um grupo de medicamen-tos estimuladores (GCs) e que atuam no retardamento da progressão da doença, melho-ra as funções cardíaca e pul-monar e reduz os sintomas da patologia com progressos sus-tentados a longo prazo.

Considerado um avan-ço pela dra. Gisela Martina Bohns Meyer, coordenadora do Serviço de Hipertensão Pulmonar da Irmandade San-ta Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ela garante que o AdempasR “é seguro”, e afir-mou aos jornalistas que “os resultados de segurança foram bons, e que a droga foi aprova-da no mercado”. Em outubro de 2015, a Agência de Vigilân-cia Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento inédito para combater o HPTEC.

O remédio chega para ali-viar pacientes que não podem se submeter ao tratamento ci-rúrgico. “É o primeiro medica-mento em eficácia clínica para os pacientes que não podem ser operados. Trará um grande e positivo impacto na vida des-sas pessoas. Elas melhorarão muito”, garante a dra. Gisele. Pelo menos, 40% dos pacientes são inoperáveis e, até 35% deles apresenta hipertensão pulmo-nar persistente ou recorrente após cirurgia. A utilização de medicamentos, apontada por 43% dos entrevistados como a melhor opção de tratamento, é a terapia indicada nesses casos onde o procedimento cirúrgico é contraindicado ou não resol-ve o problema.

Mudanças climáticas e consequências para a saúdeO aquecimento global também

produz efeitos sobre a saúde humana. Ondas de calor são perigos específicos à saúde de doentes e idosos. Contudo, temperaturas elevadas e maiores níveis de precipitação também causam mudanças nas áreas de distribuição de vetores perigosos de doenças. Condições climáticas extremas que direta ou indiretamente provocam riscos à saúde vêm aumentando em

várias regiões do mundo.Em seu Programa Climático, a Bayer

estabeleceu metas ambiciosas para a redução dos gases do efeito estufa. Essas metas aplicam-se a todas as unidades de negócio e divisões. A meta da Pharmaceuticals é reduzir em 5% suas emissões específicas dos gases do efeito estufa até 2020. Saiba mais em: http://pharma.bayer.com.br

SERVIÇO Por se tratar de uma doença rara e ainda pouco conhecida, mesmo pela classe médica, é ideal que o paciente busque apoio em um centro de referência, aonde encontrará profissionais especializados na patologia.Para saber mais sobre a Hipertensão Pulmonar e aonde encontrar centros de tratamentos acesse:• Abraf - Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar. (www.respirareviver.org.br).• www.hipertensaopulmonar.com.br • Ceará: entre em contato com o Hospital de Messejana – Pneumologia, na Avenida Frei Cirilo, 3480, Messejana. Telefone: (85) 3101-4067.

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6 VERDE

Pela primeira vez, são encontrados, fora da África, macacos infectados pelo vírus zika. Pesquisadores de São Paulo e do Ceará que realizavam estudos sobre a raiva em ani-mais silvestres encon-traram quatro saguis (soins) e três macacos--prego que apresenta-ram teste positivo para o vírus zika pela técni-ca PCR em tempo real, que detecta a presença do vírus no organismo do animal.

AnimaisNa pesquisa, os ani-

mais testados que têm hábitos domésticos ou vivem próximos aos humanos, foram cap-turados entre julho e novembro de 2015, no total 15 soins e nove macacos-prego, to-dos eles em áreas com notificação de zika e ocorrência de micro-

cefalia: municípios de Tabuleiro do Norte e Quixeré, na região de Saúde de Limoeiro do Norte, São Benedito e Guaraciaba do Norte, na região de Saúde de Tianguá.

“Este é o primeiro relato de infecção pelo vírus zika em primatas neotropicais e indica a possibilidade de que estas espécies possam atuar como reserva-tórios do vírus, seme-lhante ao observado no ciclo silvestre da

febre amarela no Bra-sil”, destaca a bióloga Silvana Regina Favo-retto, coordenadora do Projeto Raiva em silvestres terrestres da Região Nordeste do Brasil: epidemiologia molecular e detecção da resposta imune.

PesquisaO trabalho está sen-

do desenvolvido pelo Instituto Pasteur de São Paulo, Universida-de de São Paulo (USP) e a Secretaria da Saúde

do Estado do Ceará, através do Núcleo de Controle de Vetores (Nuvet) e Coordena-dorias Regionais de Saúde (CRES).

A veterinária Nay-lê Holanda, do Nuvet, coordenadora do pro-jeto no Ceará, ressalva que a pesquisa ainda não apresentou con-clusões, mas é provável que os animais tenham sido infectados pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegyp-ti a partir de humanos.

MotivoAgora, a preocupa-

ção é com a possibilidade real de que o vírus zika seja transmitido a huma-nos, a partir dos animais silvestres, como ocorre com a febre amarela. Essa possibilidade pode apon-tar para um dos motivos de o zika ter se dissemi-nado tão rapidamente pelas Américas.

Fonte: Núcleo de Comunicação do

Governo do Estado

Estudo realizado no Ceará mostra macacos e saguis infectados pelo zika

CURIOSIDADE

É provável que os animais tenham sido infectados pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti a partir de humanos

Um livro para ajudara entrar no mundodos negócios

S e g u n d o pesquisas, três em cada quatro brasileiros gos-tariam de abrir um negócio pró-prio. Seja pelo anseio de deixar um legado no

mundo ou simplesmente pela vontade de não ter um chefe. Mas como construir um negó-cio de sucesso e por onde come-çar? Talvez, lendo o livro, “Nas-ce um empreendedor”, de Dony De Nuccio e Bob Wollheim.

As perguntas podem ser res-pondidas na recém-lançada obra que reúne os maiores e mais in-fluentes empreendedores do país, que dão dicas e depoimen-tos imperdíveis para quem quer se aventurar em um universo tão desafiador e fascinante que é o mundo dos negócios.

AutoresDony De Nuccio é âncora do

Jornal das Dez, da GloboNews. Trabalhou por cinco anos no mercado financeiro como sales trader na tesouraria de um gran-de banco estrangeiro. É gradua-do em jornalismo pela USP e em economia pelo Mackenzie, com extensão na Brown University e mestrado em economia e finan-ças pela FGV. Em 2014 lançou, em parceria com grandes nomes da área dos negócios, uma série de livros com temas como car-reira e finanças pessoais.

Um dos líderes do universo de empreendedorismo no Bra-sil, Bob Wollheim, administra-dor de empresas pela FGV-SP, possui mais de vinte anos de experiência no mercado digital. Fundou a plataforma youPIX e, atualmente, é head of digital do Grupo ABC. É autor do livro “Empreender não é brincadei-ra!” e comentarista do progra-ma Conta Corrente.

Título: Nasce um empreen-dedor - Autores: Dony De Nuc-cio e Bob Wollheim - Editora: Companhia das Letras 1ª Edi-ção - Ano: 2016.

Prorrogadas inscrições para 7 º Circuito Tela VerdeMinistério do Meio Ambiente

(MMA) informa que as inscrições para os espaços interessados em exibir a 7ª Mostra Nacional de Produção Audiovi-sual Independente – Circuito Tela Ver-de (7º CTV) foram prorrogadas até 10 de maio. A mostra conta com 28 filmes sobre meio ambiente e tem a finalidade de promover debates socioambientais

em todas as regiões do Brasil, motivados pelos filmes, além de ampliar a consciência sobre meio ambiente junto à população.

O CTV é uma iniciativa do Departamento de Edu-cação Ambiental (DEA) da Secretaria

de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental (Saic) do MMA, realizada em parceria com a Secretaria do Audiovisual - SAv do Ministério da Cultura. O CTV promove regularmente a Mostra. Saiba mais em: http://www.mma.

gov.br/educacao-ambiental/educomu-nicacao/circuito-tela-verde

Page 7: O Estado Verde 26/04/2016

7VERDE

PEC da Caatinga continua travada no congresso POR KATY ARAÚ[email protected]

A Caatinga pode até não ser pautada na Câma-ra Federal, mas no O esta-do Verde ela sempre terá um espaço garantido. Esta semana, quando mais uma vez comemoramos o bioma, e repetimos a nos-sa tradicional pauta anual, fomos conversar com po-líticas sobre a dificulda-de de aprovação da PEC 504/2010, a Proposta de Emenda Constitucional do Cerrado e da Caatin-ga, que pode transformar dois dos principais bio-mas do Brasil, em patri-mônio nacional.

Hoje, a Constituição já assegura este status a Flo-resta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, ao Pantanal Mato-Gros-sense e a Zona Costeira. O Senado já aprovou o texto da PEC, publica-do no Diário da Câmara dos Deputados, de 04 de Agosto de 2010. A Co-missão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputa-dos se posicionou favo-rável à admissibilidade da proposta. Agora, falta a Câmara dos Deputa-dos priorizar a votação da PEC e aprová-la, visto que o texto proposto pela própria casa não sofreu alteração no Senado.

Falta interesseNo entanto, pelo o que

ouvimos de três deputa-dos cearenses , pelo me-nos este ano, a proposta não entra em pauta. Para o parlamentar Danilo Forte, este é um ano atí-pico. “Nesse semestre,

primeiro tivemos retar-damento no congresso, devido ao processo de impeachment, e no se-gundo, teremos eleições municipais, que esvazia muito o plenário do par-lamento nacional. Então, eu acho que é um ano complicado para se co-locar uma pauta tão im-portante em votação”, en-fatiza, destacando ainda, a falta de empenho das bancadas ambientalistas e ruralistas, em juntar quórum para aprovação da PEC.

O deputado Raimun-do Gomes de Matos ain-da apontou que a PEC precisa de 308 votos para ser aprovada, o que de acordo com ele, não é fá-cil. “Não há um consen-so em termos de regiões, não há um consenso entre aqueles que fazem a Frente Parlamentar Ruralista, a Frente Par-lamentar Ambientalista e a Frente Parlamentar do Agronegócio, não há um consenso quanto ao

assunto. E para colocar uma matéria com ris-co, e perder, é preferível adiar”, alerta.

O assunto passa bati-do entre os discutidos na Câmara. Segundo o par-lamentar Chico Lopoes (PC do B), a lentidão para aprovar a emenda vem do pouco empenho das bancadas e pela falta interesse, por parte da sociedade, em torno da questão. “É preciso uma boa movimentação da sociedade em defesa da Caatinga. Precisamos de uma unidade, de uma luta da bancada e da so-ciedade, porque o Con-gresso só funciona com pressão”, afirma.

Vale destacar que to-dos os parlamentares en-trevistados pelo Estado Verde constam na lista da bancada ambientalista do Congresso Nacional.

ÚnicoA Caatinga é reconhe-

cida como uma das 37 grandes regiões naturais

do planeta, ao lado da Amazônia e do Pantanal, sendo o único bioma ex-clusivamente brasileiro, o que torna seu patrimônio biológico único no pla-neta. Engloba os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Apesar de estar localizado em área de clima semiá-rido, o bioma apresenta grande variedade de pai-sagens e de biodiversida-de. Muitas das suas espé-cies são exclusivas.

Segundo dados do IBGE, cerca de 27 mi-

lhões de pessoas – a maioria carente e depen-dente dos recursos do bioma para sobreviver – vivem na área origi-nal da Caatinga (850 mil km²), equivalente a 11% do território nacional. A extração de madeira, a agricultura sequeira, a monocultura da cana-de--açúcar e a pecuária nas grandes propriedades são atividades econômi-cas tradicionais.

Pouco estudadoO clima semiárido ca-

racteriza a paisagem de uma vegetação sem folhas e os troncos de árvores es-branquiçados e secos. Os índios, deparados com a di-ferente paisagem, estendida por quilômetros e mais qui-lômetros, denominaram-na de "mata branca", que na sua língua tupi-guarani sig-nificava a caa (mata) + tinga (branca), a caatinga.

Apesar de ocupada há séculos e bastante sus-ceptível à ação antrópi-ca, e, principalmente, às mudanças climáticas, o bioma ainda não foi devidamente estudado. Com isso, 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados por pro-cessos humanos, prin-

cipalmente por meio de desmatamentos e quei-madas, práticas ainda co-muns no preparo da terra para a agropecuária, im-pactando sobre os recur-sos naturais e as espécies , e consequentemente, afetando a capacidade do ecossistema de fornecer serviços ambientais. DIA DA

CAATINGAO Dia da Caatinga é celebrado anualmente em 28 de abril, esta data foi oficializada através do Decreto Federal de 20 de agosto de 2003, que determina que anualmente, em 28 de abril, seja comemorado o Dia da Caatinga no país. Ainda de acordo com o Decreto, a responsabilidade para a promoção e organização de ações próprias para conscientizar a população sobre a importância desse bioma caberá ao Ministério do Meio Ambiente.

O dia 28 de abril foi escolhido em homenagem ao professor João Vasconcelos Sobrinho (1908 – 1989), um dos pioneiros nos estudos ambientais no Brasil. Esta data foi criada com o intuito de não apenas homenagear este bioma único, mas também conscientizar as pessoas sobre a importância da sua conservação para o equilíbrio ambiental. A caatinga engloba os seguintes estados brasileiros: Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais.

DE NOVO

Governo apresentou ao Fórum Cocó, proposta de regulamentação da poligonal que terá 1.050 hectares. Orçamento previsto é de R$ 566 milhões

Page 8: O Estado Verde 26/04/2016

POR TARCILIA [email protected]

Um Dia da Ter-ra para o mundo nunca esquecer. Se Paris foi histórico,

mais histórico ainda, foi a cerimônia de assinatura do Acordo do Clima em Nova York, dia 22 de abril. Foi um número sem pre-cedentes de líderes globais, numa demonstração de consenso sobre a impor-tância do tema, assinado o documento.

Nunca, tantos países assinaram um acordo no primeiro dia disponível para isso, e o secretário-ge-ral da Organização as Na-ções Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Foi "um pacto com o futuro", disse sobre o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, as-

sinado por 175 países, in-cluindo o Brasil.

"A era do consumo sem consequências acabou", de-clarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no dis-curso de abertura da cerimô-nia. Ele disse ser "boa notícia" que recordes tenham sido quebrados na Assembleia Geral, mas alertou que isto também está acontecendo "do lado de fora". Ki-moon citou recordes "nas tempe-raturas globais, na perda de gelo e nos índices de carbo-no na atmosfera", além de mencionar uma "corrida contra o tempo".

RatificarO chefe das Nações Uni-

das aproveitou para fazer um apelo, no sentido de que todos os países rati-fiquem o tratado rapida-mente para que o Acordo

de Paris possa entrar em vigor "o mais cedo possí-vel. Os estados que não o fizeram hoje têm até um ano para assiná-lo”. Alguns países já depositaram seus instrumentos de ratificação imediatamente depois de assinarem o acordo.

O acordo que envolve entre outras questões, re-dução da emissão de gases do efeito estufa, adoção de matrizes energéticas mais limpas, e reflorestamento de áreas verdes desmata-das, só passará a vigorar quando 55 países, repre-sentando ao menos, 55% das emissões globais de gases do efeito estufa, for-malmente, aderirem ao do-cumento.

Mais quenteAndré Ferretti, gerente

de Estratégias de Conser-vação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Na-

tureza, instituição que par-ticipa da coordenação geral do Observatório do Clima, rede de ONGs que atuam na agenda climática brasi-leira, entende perfeitamen-te a pressa de Ki-moon.

Segundo ele, o Instituto de Meteorologia do Reino Unido, Met Office, acaba de afirmar que 2016 cami-nha para ser o ano mais quente da história, com um aumento de 1,14°C acima da temperatura nos anos iniciais da Revolução In-dustrial, por volta de 1820.

“Caso se concretize, es-taremos muito próximos do limite estabelecido pelo Acordo de Paris, que deter-mina que a temperatura não poderá atingir 2ºC acima da era industrial, e orientando que fique em, no máximo, 1,5ºC”, esclarece Ferretti, que esteve na 21ª Confe-rência das Partes (COP-21) quando o documento foi

redigido e acordado.

EUA e chinaEm seu pronunciamen-

to, o secretário de Estado americano, John Kerry, lembrou que 2015 foi o ano mais quente da história. "A urgência deste desafio só fica mais acentuada", disse Kerry, que assinou o acordo com a neta Isabel-le, de dois anos, no colo. Ele afirmou que os Estados Unidos tem o objetivo de ratificá-lo ainda em 2016.

China, maior poluidor do planeta, adiantou que "finalizará os procedimen-tos domésticos" para rati-ficar o Acordo de Paris an-tes da Cúpula do G20, em setembro, o que gerou um elogio imediato do secre-tário-geral da ONU. China e Estados Unidos são os maiores emissores de gases poluentes do mundo (qua-se 40% do total).

Iniciada a assinatura do mais importanteacordo climático da história do planeta

CLIMA GLOBAL

171 países já assinaram o documento no primeiro dia disponível para isso. Agora falta a ratificação. China adiantou que ratifica em setembro

Assembleia da ONU reunida para cerimônia de assinatura do Acordo de Paris, em Nova York

Brasil

Desafios

Ao discursar, a presidente Dilma Rousseff afirmou que as metas do Brasil até 2030 são: reduzir em 43% a emissão de gases do efeito estufa; zerar o desmatamento na Amazônia; reflores-tar 12 milhões de

hectares de florestas e 15 milhões de hec-tares de pastagens degradadas; inte-grar 5 milhões de hectares na relação lavoura-pecuária--florestas; e adotar 45% de energias renováveis na matriz energética.

Depois da ado-ção do texto em Paris e da assinatura do acordo, que começou dia 22 [os países que não assinaram, terão até 17 de abril de 2017 para assinar o novo pacto climáti-co], vem o desafio da ratificação nacional. O que acontece con-forme regras de cada país, podendo ser por meio de votação no parlamento ou de decreto-lei. No Brasil, a ratificação exige a aprovação nas duas Casas do Congresso. Outro desafio é o financiamento para o combate ao aque-cimento global, que foi um dos principais entraves em Paris para a conclusão do acordo, já que os países em desenvolvi-mento exigiam uma contribuição maior dos desenvolvidos. Os países ricos com-prometeram-se com uma ajuda anual mínima de US$ 100 bilhões (R$ 358 bilhões), às nações mais pobres.

DIVULGAÇÃO_ONU

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