o enquadramento: um olhar sobre a cidade, a fotografia e ... · vários artistas europeus...

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Sessão temática Imagens - 456 O ENQUADRAMENTO: um olhar sobre a cidade, a fotografia e sua historia Jussara Moreira de Azevedo 1 Resumo: Neste artigo proponho pensarmos sobre a cidade, o olhar fotográfico e suas construções no contexto cultural, entendendo que este olhar constitui os objetos e os sujeitos que, através dele, são representados. Proponho vermos a cidade como uma construção cultural, constituída de várias faces. Para isso, retomo alguns aspecto históricos sobre a fotografia de cidades, a produção e o uso da fotografia,e algumas questões relativas ao olhar, que se modifica a cada contexto e tempos históricos. Este trabalho é parte da pesquisa em que analiso a produção de fotografias da cidade de Porto alegre pelos álbuns fotográficos contemporâneos (2010) e orientando-me teoricamente em estudos de Nicholas Mirzoeff,Philippe Dubois, Sandra Pesavento e Lucia Santaella. Palavras-chave: Fotografia,historia ; Cidade e Cultura Visual. Fotografar é apropriar-se da coisa fotografada. É envolver-se numa certa relação com o mundo que se assemelha com o conhecimento - e, por conseguinte com o poder (Susan Sontag.). A fotografia surge durante o conturbado e dinâmico século XIX, quando as transformações sociais, urbanas e científicas fervilhavam e, com ela, transforma-se a maneira de representarmos o mundo, bem como a nossa relação com a imagem. Começava uma nova forma de visualidade, agora a mão do artista estava liberada da responsabilidade da reprodução fidedigna da imagem. Embora sua invenção seja atribuída aos artistas e litógrafos: Niépce, Daguerre, Talbot e Hercules Florence, seu descobrimento foi o resultado da construção visual e do amadurecimento tecnológico que levou a sociedade européia do século XIX a conseguir agregar, com sucesso, os procedimentos químicos que possibilitaram a fixação da imagem em suporte coberto por emulsão fotossensível 2 , assim como o mecanismo óptico da Câmara Escura 3 , já 1 ULBRA/RS;Mestre Estudos Culturais:analise visual/ Educação;UCS/UFRGS;email:[email protected] 2 Capacidade que algumas substâncias possuem de serem sensíveis à luz (escurecem).

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Sessão temática Imagens - 456

O ENQUADRAMENTO: um olhar sobre a cidade, a fotografia e sua

historia

Jussara Moreira de Azevedo1

Resumo:

Neste artigo proponho pensarmos sobre a cidade, o olhar fotográfico e suas

construções no contexto cultural, entendendo que este olhar constitui os objetos e os

sujeitos que, através dele, são representados. Proponho vermos a cidade como uma

construção cultural, constituída de várias faces. Para isso, retomo alguns aspecto

históricos sobre a fotografia de cidades, a produção e o uso da fotografia,e algumas

questões relativas ao olhar, que se modifica a cada contexto e tempos históricos. Este

trabalho é parte da pesquisa em que analiso a produção de fotografias da cidade de

Porto alegre pelos álbuns fotográficos contemporâneos (2010) e orientando-me

teoricamente em estudos de Nicholas Mirzoeff,Philippe Dubois, Sandra Pesavento e

Lucia Santaella.

Palavras-chave: Fotografia,historia ; Cidade e Cultura Visual.

Fotografar é apropriar-se da coisa fotografada. É

envolver-se numa certa relação com o mundo que se

assemelha com o conhecimento - e, por conseguinte

com o poder (Susan Sontag.).

A fotografia surge durante o conturbado e dinâmico século XIX, quando as

transformações sociais, urbanas e científicas fervilhavam e, com ela, transforma-se a

maneira de representarmos o mundo, bem como a nossa relação com a imagem.

Começava uma nova forma de visualidade, agora a mão do artista estava liberada da

responsabilidade da reprodução fidedigna da imagem. Embora sua invenção seja

atribuída aos artistas e litógrafos: Niépce, Daguerre, Talbot e Hercules Florence, seu

descobrimento foi o resultado da construção visual e do amadurecimento tecnológico

que levou a sociedade européia do século XIX a conseguir agregar, com sucesso, os

procedimentos químicos que possibilitaram a fixação da imagem em suporte coberto

por emulsão fotossensível2, assim como o mecanismo óptico da Câmara Escura

3, já

1 ULBRA/RS;Mestre Estudos Culturais:analise visual/ Educação;UCS/UFRGS;email:[email protected] 2 Capacidade que algumas substâncias possuem de serem sensíveis à luz (escurecem).

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utilizada por vários artistas na pintura desde o século XVII.

Os referenciais visuais, construídos pela pintura, prepararam o olhar da

sociedade oitocentista para a fotografia. O uso da câmera escura, por vários pintores

do século XVII e XVIII, estabelecia novos parâmetros visuais. Por volta de 15584,

vários artistas europeus utilizavam aparelhos ópticos para mediar o olhar e auxiliar na

elaboração do desenho de paisagem e para o retrato, e estes, influenciaram as

fotografias de vistas urbanas. Entre eles, temos Leonardo Da Vinci, Leon Battista

Alberti, Dürer e Pietro Della Francesco, construindo toda uma nova estética

representacional para a pintura e o desenho.5 O olhar mono-ocular estabelecia o ponto

focal e criava um enquadramento, que melhorava a visão dos detalhes e revelava

reflexos sobre as superfícies Nas pinturas em que foram utilizados os equipamentos

ópticos, como os retratos ingleses e as paisagens holandesas do século XVII e XVIII,

vemos o olhar mediado por uma janela, na qual a atenção passa a ser objetivada e

centraliza pela lente, valorizando-se ainda o estudo da luz. Desse modo, o

enquadramento, a seleção visual das imagens e a luz refletida passaram a compor os

referenciais imagéticos, mesmo antes da primeira fotografia. As composições, arranjos e

temáticas das fotografias do século XIX continuaram seguindo os cânones da pintura,

como podemos observar na 1ª fotografia de

Daguerre, still live (1835). Com uma composição

clássica de “natureza morta” (foto 1), é utilizada a

luz lateral, proporcionando um jogo de luzes e

sombras que valorizam e realçam os volumes e

detalhes, pondo em evidência duas características

3 A primeira ferramenta que se tem notícia é a Câmara Escura, que já era conhecida desde o ano 300 A.C., no

Oriente. Apesar de algumas divergências históricas, quanto à descoberta do prin

cípio óptico que propiciou o desenvolvimento da Câmera Escura, a maioria dos estudiosos da história da Fotografia,

entre eles Gernsheim (1966) e Amar (2007), atribuem a autoria ao filósofo e matemático grego Aristóteles. 4 Ao relatar esses fatos históricos, creio ser importante destacar que a cronologia não é unânime. Mirzoeff (2003)

argumenta, a imagem visual e também sua história não é estável e se transforma dependendo das relações que

estabelece com a realidade externa. Tanto sua situação como tecnologia, sua natureza como prática e suas funções

como modo de produção cultural variam de acordo com as relações de poder que a utilizam; as instituições e os

agentes que a definem, assim como suas significações e produtos são legíveis dentro de contextos específicos (apud

ETCHEVERY, 2007). 5 Ver estudos do pintor contemporâneo David Hockney (2001), que demonstrou, através da história da pintura, como

os aparelhos óticos contribuíram para a mudança e representação visual.

Foto 1: still live, de 1835 fonte: web

acesso:8/2010

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das fotografias do novo século; segundo Mauad (1997),

a nitidez e a distribuição de planos.

Nas fotografias de cidades encontramos as regras

da pintura de paisagens inglesas, compostas de grandes

planos, vistas distantes e locais rodeados de elementos

naturais; já as de vistas urbanas eram feitas nos moldes

das holandesas que narravam o cidadão em seu cotidiano

(foto 2).

Estas características também deixaram marcas nas imagens feitas sobre o

Brasil do II Império - como as de Marc Ferrez (RJ) e também nas dos irmãos Ferrari e

Calegari, de Porto Alegre –, no início do século XX,que mesmo com as rupturas visuais

do Impressionismo, ainda se mantiveram.

As primeiras vistas urbanas6 em fotografia foram produzidas por Joseph

Nicéphore Niépce em heliografia7, intitulada"telhados"(1826), cujas as sombras

percorrem todos os ângulos , fato este por ter sido produzida ao longo de oito horas e

Louis Mandé Daguerre8 com sua vista urbana Boulevard du Temple (1839) que

consegue uma panoramica da cidade com suas ruas e construções. Nos daguerriótipos

(fotos) e pinturas de Daguerre podemos ver registro de inúmeras cenas urbanas, nas

quais a vista das cidades e de suas construções recebem especial atenção enfatizada pelo

enquadramento. sito como exemplo as pinturas The Effect of Fog and Snow Seen

through a Ruined Gothic Colonnade, 1826 e a ; Ruins of Holyrood Chapel (1787-1851)

e fotografias de Daguerre de View from the Daguerres house,1839 utilizadas para o

teatro e que retratam a arquitetura de 1787 e 1826 e a foto do inglês Hery Talbot ,Nelson

Column under Construction, London, 1843. Calotype. Nas imagens , destaco dois

elementos compositivos que são importantes tanto para a fotografia como para

arquitetura : a luz e o ponto de vista. Dependendo da maneira com que as utilizamos,

6 “vistas urbanas”: este termo com a introdução da fotografia, passa a ser empregado em substituição ao termo

“paisagem”, utilizado na pintura, cuja origem vem provavelmente da palavra vedute, utilizada para designar a pintura

da cidade de Veneza por artistas do século XVII (ETCHEVERY, 2007). 7Técnica que utilizava como material fotossensível o betume da Judéia, sensibilizado diretamente pelo sol. 8 Daguerre passa a ser conhecido como o principal inventor da fotografia ao vender os direitos da invenção ao

governo francês, que a divulga oficialmente ao mundo, através da Academia de Ciências de Paris.

Foto 2: Pieter de Hooch, Festa Musical

em um Pátio, 1677.holandês fonte: web

acesso:8/2010

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podemos construir imagens e formas e provocar sensações em seus espaços. Entretanto

a relação entre estas duas produções culturais, vai além do uso em comum da luz, ela

nasce junto com a invenção fotográfica.

Desde o início da fotografia, a temática da arquitetura foi uma das mais

produzidas. Esse fato é justificado pelas dificuldades técnicas iniciais do processo,

como a lentidão das emulsões que exigiam temas que se adequassem à imobilidade, a

grandes períodos de exposição à luz. Através das várias publicações fotográficas de

cidade, sejam em álbuns temáticos, livros ou em cartões postais, o mundo e sua

arquitetura se tornavam mais próximos. As fotos serviam não só de registro documental

dos espaços edificados que estavam sendo transformados, mas também forneciam uma

referência ao estudo das construções mais antigas, assunto este, de grande interesse no

século XIX. Com uma sociedade em transformação, os arquitetos buscavam novos

padrões arquitetônicos que representassem a nova sociedade industrializada e

tecnológica. Nesse contexto, as imagens mais solicitadas eram as de fachadas, de

monumentos e de detalhes. Segundo Carvalho e Wolff (apud Fabris, 1998), os

referenciais imagéticos, dos arquitetos do século XIX, coincidiram com seus interesses

pelo conhecimento da arquitetura do passado e a curiosidade própria do homem deste

século. Dessa forma, as explorações científicas, os “estudos de monumentos antigos e

de culturas distantes, e as renovações e modernizações das cidades pertenciam, por

excelência, ao campo da fotografia e também ao

domínio da arquitetura” (p.152).

Foto 3 Câmara Municipal Velha, 1657

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Assim, nesse período inicial, as fotografias

de cidades privilegiavam vistas urbanas, com suas

principais ruas, seus monumentos e seus detalhes

arquitetônicos, utilizando geralmente um

enquadramento central e uma perspectiva sem

distorções9. Com o aprimoramento da técnica, abre-

se espaço para discussões estéticas e

experimentações visuais e, desta forma, o século

XX se torna palco de intensa produção fotográfica, iniciando com o Pictorialismo

(1854-1910), que explora as relações da fotografia com a pintura, seguido do

Movimento Modernista (1922), que se expressa, por exemplo, em tendências como o

Impressionismo, o Futurismo e o Cubismo, além de uma série de outros movimentos

que exploravam o estudo da luz, cor e do movimento. Durante esse período, houve

uma intensa integração entre fotógrafos e artistas, interferindo na maneira de compor as

imagens e abrindo espaço para experimentações visuais das vanguardas artísticas

européias e da fotografia, como é o caso do Surrealismo e do Cubismo10

(1907). Outro

movimento fotográfico importante, já na década de 30, foi o Straight Photography ou

Fotografia Pura11

, que trazia a rigidez da qualidade fotográfica, entre outros aspectos.

Todos estes movimentos artísticos produziram mudanças na forma de representar as

cidades, modificando pontos de vista, enquadramentos e temáticas e abriam para as

novas experimentações na fotografia de arquitetura da era digital . Destaco, as pinturas

desses movimentos, cujo foco é a cidade como a Cafe Terrace, 1888 de Vincent Van

9 Cabe destacar que, encontramos também as fotografias de Arget, considerado por alguns como o

precursor do Surrealismo9. Suas fotos urbanas se diferenciavam das demais por eleger locais "não

turísticos" de Paris e em horários de pouco movimento, o que as conferia uma aura de mistério. 10

O movimento Cubista recusava a idéia de arte como imitação da natureza, abandonando as noções de

perspectiva e de profundidade. Ele procurava, através da forma cúbica - volumes e planos geométricos

entrecortados -, apresentar todas as dimensões - de um objeto.Veja sobre este movimento em

http://www.itaucultural.org.br. 11

O conceito de straight photography (fotografia direta, pura) caracteriza uma vertente da fotografia

moderna nos Estados Unidos por volta de 1910, cujos fotógrafos mais conhecidos são Alfred Stieglitz

(1864 - 1946), Paul Strand (1890 - 1976), Edward Weston (1886 - 1958) e Anselm Adams (1902 - 1984).

Refere-se a imagens feitas, sem intervenções no laboratório ou na cópia. Apesar de apresentar diversos

pontos em comum com as vanguardas européias, como a nova objetividade fotográfica e a nova visão, o

movimento norte-americano distingue-se por enfatizar a noção de fotografia como expressão subjetiva.

Disponível: http://www.itaucultural.org.br acesso: 28/12/2009.

Foto 4:Intendência Municipal de Porto

Alegre1898 e 1901autor:desconhecido

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Gogh; O Ruído da Rua Entra em Casa, 1911; Umberto Boccioni e as fotografias de

Boris Ignatovich, 1930 e Radio Tower Berlin, 1928 de László Moholy-Nagy12

.

Observando essas imagens podemos ver que guardam certa relação com as que

vemos atualmente, quando se trata de fotografias urbanas - planos que se confundem

com a cor, imagens que informam sobre a vida na cidade. Pode-se dizer que a cidade

não constitui apenas o cenário ao fundo. Ela é o espaço que se constitui o estilo de vida,

o sujeito, o seu modo de ser e de estar. A cidade é um produto cultural – além de ser um

produto artístico, ela é a consolidação dos processos sociais, econômicos, e políticos

vividos e envolvidos em teor simbólico. Desde a antiguidade, a pintura, a gravura, a

fotografia e o cinema retrataram as mudanças urbanas e transformações tecnológicas,

espaciais, sociais e artísticas ao longo de vários períodos significativos da história13

.

Hoje apesar das mudanças incorporadas pela fotografia digital,como a fluidez, rapidez

e manipulação da imagem que nos permitem outras formas de composições visuais ,

encontramos ainda muitas das fotos contemporâneas da cidade de Porto Alegre que

mantém as características compositivas e referencias visuais do inicio do século. Em

inúmeras imagens vemos fotos com as principais ruas, os prédios representativos e os

monumentos, centralizados ou em perspectivas, construções que significaram a

modernidade da capital ao lado de outras de uma cidade inventada ou não turística14

próprias do século XXI. Ao observarmos fotos de edifícios ou cidades, podemos,

através de suas características visuais, identificar suas funções simbólicas e objetivas.

As várias imagens produzidas de arquiteturas distintas orientam e carregam uma idéia

"identitária" para os locais. Ao vermos uma fotografia da Catedral Metropolitana de

Porto Alegre, mais especificamente as que destacam sua cúpula central, logo

percebemos que se trata de um templo imponente e que, para a sociedade em que está

inserido, determinada forma religiosa é importante.

12

devido a limitações de publicação as imagens foram supridas,constando apenas a referencia. 13

segundo Carvalho e Wolff (apud FABRIS, 1998) a fotografia de arquitetura é uma peça importante na

percepção do espaço arquitetônico e urbano, argumentando que, através dela, a arquitetura é atualmente

divulgada e “interpretada através de imagens fotográficas. 14

Fotos dos álbuns virtuais em contratas no site flickr e analisadas na Dissertação de Mestrado da

Autora.

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Podemos pensar no número de vezes que vemos a imagem de uma edificação

fotografada ou desenhada passar a ser um símbolo da instituição que ela abriga. E, nesse

caso, a fotografia contribui para ampliar esse potencial (CARVALHO e WOLFF, idem,

1998). A identidade que atribuímos ao espaço não vem apenas de nosso conhecimento

físico, mas também de nossos repertórios visuais anteriores. O turista pode não

conhecê-la pessoalmente, mas certamente poderá identificá-la por suas várias

fotografias ou, simplesmente, identificar sua importância por conhecer, através de

fotografias, outras de mesmo estilo arquitetônico. Sua cúpula, outro elemento muito

fotografado, carrega uma função simbólica de poder, réplica do mais importante templo

religioso para os católicos, a Basílica de São Pedro, no Vaticano, que atribui (junto a

outros elementos) imponência ao templo, mostrando que é a principal edificação da

cidade. As fotografias ajudaram a multiplicar uma das funções da arquitetura que seria a

de comunicar e divulgar mensagens através de seus espaços. Philippe Dubois (1994)

argumenta, seguindo as teorias de Charles Pierce, que a fotografia seria um signo dentro

de um sistema de significados. Ela seria um indício, uma referência – contrariando

assim as idéias de objetividade, imitação ou interpretação da realidade. A fotografia

expressa e constitui certas maneiras de ver e de pensar.

Mais recentemente, podemos ver mudanças de intenções e explorações visuais

dialogando com as formas arquitetônicas, que não põem em destaque apenas edifícios,

como também idéias do que seja o urbano. No campo das Artes Visuais, no qual a

fotografia se inclui, o exercício do olhar não se refere apenas ao ato de ver as coisas,

identificando forma, movimento, mas também constitui e produz significados,

atribuindo lugares e funções para o que é visto. Na análise de Achutti (1998), a

experiência de olhar é particular e depende de cada sujeito e das inter-relações sociais,

culturais, emocionais e psicológicas. É na cultura que aprendemos a olhar para tudo que

nos rodeia: aprendemos a reconhecer o que vemos e certos modos, desenvolvemos

maneiras de olhar. O olhar é aprendido e importa indagar, então, quando, com quem (ou

pelo olhar mediado de quem) e, ao mesmo tempo, através de quais referencias cada um

de nós vai produzindo maneiras de ver. Neste sentido, o olhar é cultural e contextual.

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Em cada época, constituem-se muitas e variadas maneiras de olhar, mas algumas

adquirem visibilidade e indicam as preferências, os tipos de imagem valorizados e as

maneiras como um grupo de pessoas se relaciona com elas. Ao fotografarmos estamos

fazendo escolhas, colocando em evidência alguns aspectos, mas também mantendo

outros na invisibilidade. Aprendemos assim não só com o que esta visível, mas também

com o que esta invisível, com aquilo que foi escolhido para não aparecer, o que não era

importante, no contexto para aquele grupo ou sociedade.

Cunha (2007), ao falar sobre a importância das imagens na construção de nossas

memórias e referências visuais, argumenta que “nossas coleções de imagens, sejam pela

insistência de seus significados inscritos culturalmente e outros que atribuímos a elas,

ou por vínculos afetivos que criamos com estas figurinhas, ficam preservadas

cuidadosamente em nosso imaginário e passam a compor nossos repertórios visuais”

(p.3). Yudice (1990)15

afirma que as produções da arte pós-moderna, imersas na

contemporânea cultura visual, também instituem significados para as transformações

vividas em nosso cotidiano, que também educam o nosso olhar. Passamos a ter uma

pluralidade de estilos, matérias e meios expressivos, a partir dos anos 80,

potencializada pelo caráter multimídia da arte “ o ecletismo pós-moderno resultava do

questionamento da postura do artista como alguém que se acreditava “adiante do seu

tempo” (p.51). Os vários trabalhos visuais que foram produzidos, tais como os dos

brasileiros Amilcar de Castro e Vera Chaves Barcellos, carregam um ecletismo, com a

fotografia, a pintura, o vídeo, etc e apresentam as cidades e o urbano de maneira

distintas dos seus antepassados. Tudo isso se relaciona ao caráter fragmentário e fluido

das sociedades pós-modernas e alia-se à rapidez com que os sujeitos podem se

comunicar e se deslocar, estando em vários locais e participando de diversas

atividades ao mesmo tempo. Podemos ver um exemplo disso no trabalho denominado

CASAUBU (2006) da artista multimídia Vera Chaves Barcellos16

, construída com 86

imagens produzidas a partir de fotografias de uma viajem a praia de Ubu, no Espírito

Santo, em 2006. A mistura de materiais na construção das fachadas das casas lhe

15

Entrevista de George Yudice concedida à Eneida Maria de Souza e publicada com o título “O pós-

moderno em debate”, na revista Ciência Hoje Vol.11 nº 62, Ano 1990. 16

CASAUBU: ver em: www.associacaochicolisboa.blogspot.com

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chamou atenção por seus resultados esteticamente discutíveis. E partir disso ocorreu-lhe

criar novas imagens manipuladas digitalmente. Neste trabalho a artista coloca em

discussão a noção de realidades, fragmentação e fluidez contemporânea. Segundo,

Beatriz Sarlo (2006) a produção imagética em função da rapidez e da multiplicidade

imagens, perde a intensidade num mundo repleto de visualidades. A autora defende que

a arte - e eu acrescentaria a fotografia - é fator que vai na contramão dessa diluição de

valores imagéticos, pois seria uma atividade que pode nos colocar, de maneira mais

detida, diante de uma imagem.

Identidades como produções da cultura

Entre os muitos teóricos que problematizam os impactos da globalização na vida

cotidiana, destaco Stuart Hall (1997), através da atenção que ele dedica aos processos de

constituição das identidades. Para ele, a fragmentação e a transitoriedade das

identidades é uma característica que se acentua na vida contemporânea, pois a

identidade emerge “do diálogo entre os conceitos e definições que são representados

para nós pelos discursos de uma cultura e pelo nosso desejo (consciente ou

inconsciente) de responder aos apelos feitos por estes significados” (p. 8). Dessa forma,

as identidades são o resultado de um conjunto amplo de práticas e de posicionamentos

que assumimos e isso mostra que elas são construídas culturalmente.

As identidades estão relacionadas aos vários lugares sociais que assumimos ao

longo de nossa vida – assim como as pessoas, os lugares também adquirem identidades

que lhes são atribuídas dependendo do grupo social que os utiliza, a função a qual se

destina numa determinada época histórica, etc. Tomemos, por exemplo, o prédio do

Museu de Artes do Rio Grande do Sul – MARGS. Este prédio, que hoje abriga um

museu de artes, foi construído para ser a sede da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional,

entre 1912 e 1922, em Porto Alegre. Sua localização era privilegiada, ao seu lado

estavam a Alfândega, a Secretaria da Fazenda e os Correios e Telégrafos.

Nesse período, Porto Alegre - em especial sua área central - passava por

transformações urbanas e arquitetônicas. Inspiradas nas reformas de Paris, o governo

vigente, positivista, queria fazer com que Porto Alegre fosse “uma espécie de cartão de

visita de sua administração, pretensamente pautada na ciência, no progresso, e no

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consórcio da técnica com a arte” (Doberstein, 2001, s/p.). O estilo adotado foi o

ecletismo 17

.Nesse período, sua função, entre outras, era identificar-se com os valores

econômicos, através de sua rica ornamentação. Já, atualmente, essa estética passou a ser

valorizada e identificada por seu aspecto artístico, fazendo com que este local seja

identificado não como um local de poder econômico, mas do poder artístico e histórico.

Encontramos varias imagens distintas da mesma edificação as de 1922, quando ainda a

sede da Delegacia Fiscal e a praça se configuravam de uso administrativo e econômico

e cujas fotos destacam sua importância colocando as em evidencia no contexto

urbano,e, outras, mais contemporâneas cuja identidade do prédio como espaço de arte

é representada por enquadramentos inusitados e com vistas parciais18

.

Uma cidade não possui uma, mas várias identidades ao longo de sua história e,

ao mesmo tempo. Como é o caso de Porto Alegre, temos um amplo leque de bairros,

com diferentes identidades e características. O bairro Azenha, tradicional ponto

comercial, é identificado através de sua arquitetura simples de casas baixas, com alta

densidade comercial, cujo comércio se especializou em calçados e peças automotivas.

As fachadas de seus prédios estão repletas de anúncios que corroboram sua imagem.

Outro bairro de forte referência é a Cidade Baixa, junto ao Parque da Redenção.

Conhecido por seus bares e vida boêmia19

, traz um misto de nostalgia e juventude com

seus casarios antigos revitalizados, utilizados por bares, botecos e pequenos

restaurantes, de agitada vida noturna.

Já o Centro Histórico é valorizado por suas edificações representativas dos

poderes econômicos, religiosos, sociais e culturais, entre tantos outros que corroboram

com uma imagem ou uma identificação de Porto Alegre cultural e artística que valoriza

sua história e arte.

Pensando especificamente na temática das cidades, vejo que as representações

produzidas são sempre cambiantes. Por exemplo, através de certas construções e

edificações, estes locais são apresentados como dinâmicos e progressistas; pela

17

muito em voga na Europa, que se caracterizava por um misto de vários outros estilos estéticos, cujo

interior e exterior eram ricos em detalhes, visando simbolizar a prosperidade e riqueza das classes

dominantes da época. 18

podem ser encontradas vários exemplos nos álbuns virtuais: flicker: ou ver na dissertação de mestrado

da autora. 19

Ver em flicker: Cidade Baixa, Rua João Alfredo Álbum:porto alegre grupo Autor: boonphoto

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Sessão temática Imagens - 466

valorização do patrimônio histórico, das praças, dos bares ou das orlas, elas são

constituídas como cidades culturais e propícias ao lazer; pela exaltação de aspectos

arquitetônicos, elas adquirem um perfil de cidade histórica, parte de um patrimônio

mais amplo da humanidade - e ainda assim, ao olharmos estas imagens, construímos de

maneira sempre provisória e fluida uma imensidão de outros sentidos. Destaco, a seguir,

uma fotografia20

que pode nos fazer pensar sobre a cidade – neste caso, Porto Alegre.

Nessa fotografia, destaca-se uma representação de cidade monumental, através

de três importantes edificações situadas na área central: em primeiro plano, apresenta-

se o prédio do Ministério Público Federal, em segundo, a Secretaria do Planejamento do

Estado do RS e, em terceiro, a cúpula da Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Essas

edificações representam um poder político e religioso e, deste modo, são significadas

como monumentais. A catedral, considerada referência histórica, é apresentada ao

fundo, como exemplo de arquitetura Renascentista da capital. Sua posição nessa

fotografia valoriza os prédios situados em primeiro plano, contudo, nesta mesma

imagem, ela também adquire relevância pelo contraste. Ao escolher uma iluminação de

fim de tarde, o fotógrafo obtém uma luz solar que incide diretamente sobre os vidros do

prédio, na fachada principal, produzindo, como efeito, a intensificação do brilho e o

aspecto dourado e criando com isso, uma idéia de monumentalidade através da luz.

20

Fotografia retirada de um dos álbuns analisados durante o projeto de dissertação de mestrado da autora.

Foto 5: Prédio da Justiça Federal; secretaria do planejamento do Estado - autor: Ander Vaz

http://www skyscrapercity.com

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Os fotógrafos contemporâneos – amadores ou profissionais – colaboram para

inventar as cidades habitadas ou visitadas. Assim como a fotografia, as cidades e sua

arquitetura estão em constante transformação, seus espaços ordenados e as imagens

fotográficas que deles se fazem tanto podem sugerir comportamentos e formas de olhar

aos que neles transitam, como também podem sofrer transformações e reordenamentos

neste trânsito. As fotografias urbanas, são construções visuais, recortes interessados

de uma intrincada malha que são as cidades. O que vemos são fragmentos de cidades

imaginadas, desejadas ou não, cujas imagens constroem e instituem significados.

Assim, vamos produzindo olhares sobre os lugares e, deste leque de representações,

alguns passam a constituir nossas próprias maneiras de narrar a cidade em que vivemos.

A fotografia é uma das formas pelas quais se narra os espaços urbanos e sua

arquitetura e, assim, ela ensina sobre a vida contemporânea, inventando, recompondo e

estabelecendo identidades para a cidade. Dentro dessa perspectiva, o conceito de

fotografia também passa por novos questionamentos e, com a fotografia digital, seu

caráter documental se reconfigura e surgem diversificadas formas de exibição e

circulação.

Vivemos em uma era, na qual a imagem é fator predominante e sua centralidade

nos meios de comunicação é marcante. A coexistência de diferentes formas de produzir

a imagem fotográfica e de convertê-la em informação eletrônica, bem como a

popularização das câmeras digitais transforma as relações e os olhares. Nossa inserção

nesses espaços de produção, circulação e consumo de imagens também nos constitui e

conforma nossos gostos, preferências, escolhas, enfim, nossas identidades. Nessa

direção, Silva (2005) argumenta que a fotografia não é somente um meio de registro de

imagens, mas tornou-se um hábito que hoje está inserido no cotidiano de milhões de

pessoas. Ao olharmos as fotografias contemporâneas de porto alegre, vejo cada vez

mais uma cidade imaginada. Em alguns desses, as fotografias são construídas de

maneira a vermos uma cidade brilhante, de cores intensas quase “irreais” e, em outros,

deparo-me com lugares tristes, cinzas, aspectos de uma cidade de contrastes. Ao

analisarmos as fotografias de cidades, podemos prestar atenção, por exemplo, no modo

como o fotógrafo registra uma determinada paisagem urbana, seus prédios e suas ruas.

Podemos ver o que foi destacado do espaço e das edificações, a relação entre os vários

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elementos que a compõem, como suas funções histórica e social, seu estilo

arquitetônico, os materiais utilizados, as dimensões e sua inserção no espaço, e como

ele usa os elementos compositivos e características próprias da técnica para valorizar e

construir significados. Também podemos buscar entender como o “operador” constrói a

relação entre as coisas fotografadas e a cidade como um todo. Como apresenta, por

exemplo, o edifício no seu entorno, os aspectos geográficos e climáticos, as construções

vizinhas e os acessos ,as aberturas e as praças. Isso mostra que cada um de nós olha de

maneira particular, buscando retratar um local, utilizando diferentes suportes e efeitos.

Segundo Canevacci (1990), “compreender uma cidade significa colher

fragmentos. E lançar entre eles estranhas pontes, por intermédio das quais seja possível

encontrar uma pluralidade de significados. Ou de encruzilhadas herméticas” (p.35). Ao

olhar as fotos da cidade de Porto Alegre, eu junto fragmentos visuais, peças que para

mim, ora parecem-me complementares em seus significados ora parecem-me

completamente desconexas. Nelas, vejo lugares que reconheço: a Usina do Gasômetro,

o Parque da Redenção, a beira do Rio Guaíba, entre outros tantos que fazem parte do

meu repertório visual e, provavelmente, de quem vive ou visita essa cidade. Mas há

também lugares em que nunca passei, ou ambientes que poderiam ser de qualquer

grande cidade – grandes vias, becos, matas e labirintos urbanos, que também fazem

parte deste complexo tecido que é a urbe e que os fotógrafos nos convidam a conhecer

e a sentir.

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