outro olhar

29

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eco 2014

Outro Olhar

Edson Bueno

Caro Leitor

Escrever é algo que aflora das

percepções, observações e

sentimentos.

Difícil? Sim! O encontro das

letras, a formação das palavras

e finalmente o texto, com seu

contexto, traz a realização de

um trabalho solitário.

Não se espante se acaso

identificar-se em uma dessas

páginas, afinal toda inspiração

é de e para você.

ecobueno14

Sumário

A bela Sem nome ................................................................................................................ 5

Adjetivos de Todos os Dias! ................................................................................................ 6

Antítese Perfeita ................................................................................................................. 7

Boa Nova ............................................................................................................................. 8

Das Cores ............................................................................................................................ 9

Data Estelar: Lua Vazia em Leão ....................................................................................... 10

Descoberta ........................................................................................................................ 11

Ébano .............................................................................................................................. 12

Janela Fechada .................................................................................................................. 13

Lua ...... .............................................................................................................................. 14

Ninguém ............................................................................................................................ 15

Obra Prima ........................................................................................................................ 16

Ode .............................................................................................................................. 17

O Árido Caminho das Palavras .......................................................................................... 18

O Tempo e o Vento ........................................................................................................... 19

Outro Olhar ....................................................................................................................... 20

Pouco Muito Tempo ......................................................................................................... 21

Padima .............................................................................................................................. 22

Sonora .............................................................................................................................. 23

Sua Poesia ......................................................................................................................... 24

Sua Luz .............................................................................................................................. 25

Trova .............................................................................................................................. 26

Valerá O dia ....................................................................................................................... 27

Vida ................................................................................................................................ 28

5

A Bela Sem Nome

Rompe o anoitecer

Tu ao chegar preenche

O vazio, até então, existente

Se apresenta com seus traços

Esguios, meigos, delicados

Inconfundíveis, delineados, fortes

De encantos sem precedentes, sílfide

Tens a força e a beleza: Tigresa!

Olhos ternos e penetrantes,

Gestos firmes e acolhedores

Nos poros o aroma das flores

N’alma a paz serena que revigora

Perfeita, majestosa, arrebatadora

Tens a unicidade das raridades

Ao mesmo tempo, aveludada e espinhosa

Valha-me Deus: Notável rosa!

Chega o anoitecer

O vazio volta a me preencher

E no adiantado das horas, vais embora

Deixando a luz que nos guia, cá e lá fora

Criando a expectativa do reencontro

E nesse lusco fusco volto ao anonimato

Pois tenho nesses versos só um codnome

És tu, A “Bela sem nome”.

ecobueno

6

Adjetivo de Todos os Dias!

Belas, atraentes, distintas

Sensuais, meigas, suaves.

Enigmáticas, indecifráveis.

Fortes, emotivas, guerreiras.

Imprevisíveis, misteriosas.

Fadas, aladas, bruxas, deusas.

Cheias de emoções, sexto sentidos.

Espetaculares, singulares, plurais,

Sonho, realidade, concreto, abstrato.

Meninas, musas, mães, avós, amigas.

Simplesmente,

Mulher!

ecobueno

7

Antítese Perfeita

Quão fundamentais, intrigantes podem ser

Ao mesmo tempo doces, frágeis, amáveis

Decididas, altivas, fortes, emblemáticas

São assim, da concepção à multiplicação

Quando concebidas: pequenas, angelicais

Vão crescendo, sonhadoras, plurais

Em formação, tão belas, inquietantes

Alçam voos panorâmicos, deslumbrantes

Ampliam horizonte, verdadeiras, habituais

Nesse afã são sempre mais; essenciais

Outrora vestais, hoje donas da vida, conceituais

Acolhem em si o feto, num amplexo de afeto

E no ventre fecundo, o amor incondicional

Revelando a metade inteira desse dom divinal

Nessa jornada intrínseca e singular, contrapõe

O ser único e múltiplo, pois és mulher e MÃE !

ecobueno

8

Boa Nova

Desperta um novo tempo

Rebrotam nos campos

As sementes outrora em descanso

Num balé de cores explodem

Nessa eterna continuidade

Tudo vibra e encanta

É a boa nova, rara simplicidade

Nessa alegria tanta

Em cada palmo de chão

O verde novo da fertilidade

Em pétalas se renovando

Outra vez é setembro

ecobueno

9

Das Cores

Dizem que belos, são os louros

Mas isso torna-se um fio vão

Ao contrastar tais melenas

Com esses castanho-sinceros

Que em ti, não cabe comparação

Dizem do belo azul infinito

Que não é deveras único

Pois tem o preto, o verde mar

E tantas outras cores do globo

Que contém o branco do olhar

Dizem do brilho estelar

Que nas noites de luar existe

Mas a magia também insiste

Nessas luzes diárias, prisma

Que decanta sua alma

Dizem da beleza que na tez explode

Revelando lindos traços, audaz

Que num belo dia tornar-se-á fugaz

Mas os teus revelar-se-ão, perene

Quando o tempo lhe riscar a face

ecobueno

10

Data Estelar: Lua Vazia em Leão!

Noite alta, insone. O mesmo lugar de outrora.

Alguns minutos de um novo velho dia, anuncia.

O ar frio penetra a alma e traz à memória

Breves palavras de um diálogo revelador.

Sem cerimonias, fitando meus olhos, sorri solenemente e emenda:

- Sou o que chamas de sentimento mais profundo!

E tal qual havia chegado e se revelado,

De um ímpeto, sorrateiramente silencia.

Talvez, para não ser explicitamente debelado. Medo? Quem sabe...

Sim, fora na mesma data e lugar que nos encontramos outras vezes.

Vinte e nove de Julho!

Tais palavras ecoaram e martelaram por instantes,

Sem que conseguisse dimensionar, indaguei curiosamente:

- Quem e o que queria me dizer?

Depois de algum tempo, descobri. Ou melhor, senti.

Que quem havia falado era o mais primitivo dos sentimentos.

Aquele que invade, cobra e revela minha condição.

Ele é latente, mesmo desmentido, é desmedido e marcante:

A solidão!

ecobueno

11

Descoberta

Deus sempre encontra alguém

Que reluz quando o sol não vem

Brilha quando não há lua no céu

Alguém que no mar espuma

E no ar torna-se tênue bruma

Alguém que no jardim é flor

E no seu perfume exala amor

Alguém que em sua alma

Traz a alegria que acalma

Alguém que com sua presença

Carrega o estandarte da sua crença

Alguém que cruza o nosso caminho

E muda tudo com jeitinho

Alguém que nasce e faz renascer

Ante tanta aridez, um novo amanhecer

Alguém onde a esperança verdeja

E no horizonte o céu azuleja

Sim, Ele encontrou você!

ecobueno

12

Ébano

Esse sorriso marfim

Essa tez de ébano

Essas melenas, pixaim

Esse olhar iluminado

Esses lábios carmesim

Esse caminhar seguro

Esse deleite sem fim

De um negro felino

Que revela enfim

Ser tão maravilhado

Deveras lindo assim

ecobueno

13

Janela Fechada

Hoje ao abrir a janela

Vi o dia que se formava

Com sua luz ainda esmaecida

Num tom diferente

Tomando o infinito, crescente

Senti uma vontade de gritar

E dizer o quanto te amo!

Mas o eco surdo do silêncio

O grito na garganta estancou

Não foi pelo medo de expor

Um sentimento simples, porém único

O que meu grito silenciou

Foi lembrar da ausência desse amor

A janela, fechei...

ecobueno

14

Lua

Quando o tom do anoitecer

Veste de breu o outrora anil

Ela vem em seu esplendor sutil

Fazendo cada corpo resplandecer

E lá do alto, sempre altiva

O véu da noite descerra

Com a luz espelhante, viva

Que nas estrelas se encerra

E nessa amarga solidão

Que nas noites se acentua

Tenho a tênue sensação

Do bálsamo benigno da lua

ecobueno

15

Ninguém

Ninguém é tão perfeito

Que nunca necessite de ajustes

Ninguém é tão triste

Que nunca tenha dado um sorriso

Ninguém é tão sombrio

Que nunca tenha um brilho nos olhos

Ninguém é tão sábio

Que nuca tenha algo a aprender

Ninguém é tão sozinho

Que nunca tenha tido o afago de outrem

Ninguém é tão adulto

Que não tenha algo de criança

Ninguém é tão insensível

Que nunca tenha guardado um segredo

Ninguém é tão abstrato

Que nunca tenha sido entendido

Ninguém é tão imperfeito

Que nunca tenha o seu encanto

ecobueno

16

Obra Prima

O impressionismo de Claude Monet

Refletindo a luz em tudo que se vê

O surrealismo de Salvador Dali

Brincando com o tempo e o existir

O movimento desvairado de Van Gogh

Que em pinceladas, na tela explode

As cores inconfundíveis de Frida Kahlo

Revelando tons vividos, algo tão raro

É feito a luz mágica no solstício

Explodindo tantos dons artísticos

Que vibra e traz à vida o belo, no limiar

Descerrando essa obra prima

O simples brilho do seu olhar

ecobueno

17

Ode

Lugar comum, simplesmente dizer

Unicamente do que é possível ver

Com inúmeros encantos implícitos

Indispensável, metáforas invocar

Aflorando toda a riqueza do ser

Nesse fulgor que vens despertar

Amplamente, num sorriso singular

Lançar mão de tantas variáveis

Unanimes, com dons incomparáveis

Contidos nesses traços que revelam

Infinitamente, tamanha pluralidade

Assim, nessa ode, é possível ver

Nuances de cores d’alma, refletidos

Ascendente no par d’olhos, percebidos

ecobueno

18

O Árido Caminho das Palavras

A vida de quem escreve

Não é nada glamorosa

Muitas vezes árdua, insólita

Toma tempo e isola

É preciso se interiorizar

Para depois, em palavras externar

Sem errar o tempo, o verbo, o momento

E ainda assim nunca está completo

No vasto mundo das palavras

Pobre poeta que em teus versos

Tenta traduzir a riqueza dos sentimentos

Mas a desconfiança dos incrédulos

O desdém dos apáticos e a falta de críticos

Encontra apenas o eco

De sua própria solidão

É uma ilha, mesmo sem sê-la

Vaga num mar de absoluto silêncio

E sua dor jamais desagua

Pobre poeta que tenta sobreviver

Mesmo competindo com a inanição

Da delicadeza com a proliferação da dureza

Seu deserto é real, árido

Perambula pelo exilio

Da sua própria língua

Mesmo assim ao compor Vai mentindo sua dor E ao verem, poeta, que sorri Às vezes irão supor que és feliz E isso valerá sua poesia ecobueno

19

O Tempo e o Vento

No tempo, és um enigma que intriga e aguça

E quanto mais esse ar enigmático avança

Os sentidos se embaralham, leve desavença

Entre o antigo e o novo; certeza e insegurança

Assovia e reverbera um som que encana

Tal qual musica, no lenho de uma amburana

E enleva sua alma de tez morena-tropicana

Bailando livre ao som caribenho de Havana

Vem e desgrenha suas melenas, é o vento

Que sopra forte, num desvario inquietante

Por teres em seu caminho, este presente

Traços de bela sílfide, contorno perfeito

No lusco fusco dos dias, corre a semana

Onde o clarear da sua áurea, vida emana

Simples e perfeita, versos de Mario Quintana

Ou erudita, enigmática, melodia Bachiana

Quando chega a noite, lua mágica no céu flana

Mesmo ao ofuscar seu brilho, essas nuvens, Diáfana

Não conseguirão tornar, com seu breu, a vida cigana

Pois a luz do seu olhar nos livrará dessa cor tirana

ecobueno

20

Outro Olhar

Quando cruzaram os meus

Os olhos seus

Revelaram essa luz

Multifacetada inebriante

Raro par de diamantes

Dissipando tons gris

Trazendo à tona as cores

Na orbita da sua íris

D’onde é possível

Unindo joia e arte

Ver a riqueza do mundo

Sob outro olhar

ecobueno

21

Pouco Muito Tempo

Poucas são as horas

Também raros os momentos

Apesar disso, intensos

Preenchem outros dias

O tempo: mero detalhe

Que se dissipa

Com a tua chegada

Divino entalhe!

Segunda e quarta-feira

Curta, parece a semana

Porém não apequena

Sensação verdadeira

Inteira permanece

Dilui a ausência profana

Quando alma iluminada

Tais sentidos, apetece

Então, torna-se vã

Essa luz lúgubre

Quando surges

Finda saudade terçã

ecobueno

22

Padima

Dos quarto elementos

Terra, água, fogo e ar

Do lodo, em pétalas de encantos

A quinta essência, vem aflorar

Intrigante até mesmo para a ciência

A perseverança de suas sementes

Esperam em longa dormência

Para florir, no exato instante

Cresce, enigmática, sem igual

Das águas turvas se eleva, límpida

Para revelar uma riqueza paradoxal

Que há, mesmo no limbo, alma vívida

Refletido nas matizes das cores

Azul, branca, rosa e vermelha

A elevação espiritual e os valores

Que aos seres se assemelha

Contém na delicadeza de sua fragrância

Perfeição, pureza, graça e elegância

Regula sua temperatura igual a dos corpos

Botão, coração, assim é você flor de Lótus

ecobueno

23

Sonora

Tira-me se quiseres

O sol, a luz, enfim

Mas nunca o teu olhar

O quero como

A luz da lua

O brilho das estrelas

Divinas centelhas

Tira-me se quiseres,

O ar, a voz, enfim.

Mas nunca o teu riso

O quero como

A flor na primavera

A cascata de espuma

A rosa no jardim

Tira-me o que quiseres

Mas deixa-me, enfim

Teu olhar e riso

Pois sem eles

Não há emoção

Muito menos poesia

Então essa sonora, não Silencia!

ecobueno

24

Sua Poesia

Carrego a frustração

E a amarga desilusão

Por não ter veia poética

Para entender da métrica

E em palavras materializar

O que de ti vejo aflorar

Gestos cândidos, delatores

Voz que entoa tons e louvores

Olhos que miram com delicadeza

Lábios que verbalizam a sutileza

Melenas que tremulam sem pudor

Poros que disseminam calor

Bela tez que o comum profana

Nessa melanina latino-americana

Mas meu dissabor hora aflito

Não macula o que deveras sinto

Pois tenho todo dia, sem exceções

Sua poesia em minhas recordações

ecobueno

25

Sua Luz

Eu queria escrever-te versos

Colhidos no mais intimo de mim...

Mas, meu interior tem labirintos

Que não me deixam encontrá-los

E o que escrevo não versam...

Eu queria compor-te numa canção

Assim, entoaria em lindas melodias

O teu ritmo e harmonia

Mas compositor não sou

Por isso meu silêncio é tão...

Eu queria poder retratá-la

Numa explosão de cores vibrantes

Feito os quadros de Frida Kahlo

Explorando todas suas nuances

Pena, sou mero observador...

Então trago-te estas palavras

E com elas tento mostrar-te

A emoção que sinto, deveras

Quando procuro dizer-te

O quanto sua luz nos ilumina

ecobueno

26

Trova

Para muitos é assim

O ano se inicia

Quando Dezembro finda

Mas não para mim

Nos entendimentos, meus

Aquele que anuncia

A boa nova com veemência

É o brilho dos olhos teus

ecobueno

27

Valerá o Dia

Tão linda assim

Sempre que amanhece

Tão forte enfim

Vida que rejuvenesce

Difusa pelo entardecer

Esmaece ao anoitecer

Na garganta um nó

Quando o escuro me revela só

Mas, se ao menos nos sonhos

Tiver a companhia

Dessa luz, seu par d’ olhos

Sim! Valerá o novo dia

ecobueno

28

Vida

Assim se inicia

Amanhecida

Corre nas horas

Crescida

Logo chegará

Entardecida

Ao cair do sol se levanta

Anoitecida

Essa lua tão linda

Envaidecida

Ao chegar à noite

Enriquecida

Simplesmente

Vida!

ecobueno

29

ecobueno

Edson Bueno

2014