olhar político

12
Olhar Político Os cinco assuntos mais comentados na Câmara Os casos mais inusitados do Legislavo A história da políca bauruense Perspecvas para o futuro de Bauru Bauru Novembro de 2011 1ª Edição

Upload: angelo-sottovia

Post on 22-Jul-2016

236 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2011, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

TRANSCRIPT

Olhar PolíticoUm Olhar sobre a Câmara

Municipal de Bauru

Os cinco assuntos mais comentados na Câmara

Os casos mais inusitados do Legislativo

A história da política bauruense

Perspectivas para o futuro de Bauru

Bauru Novembro de 2011 1ª Edição

Novembro de 2011 Olhar Político 02

Índice

Câmara, legislativo, vereador, deputado. A mente de um cidadão comum, ao pensar nas

palavras anteriores, automaticamente as associa com a palavra “polêmica”. E não é para menos, nos últimos anos, os casos de corrupção Brasil afora tomaram conta dos noticiários. Nesta edi-ção, seremos um pouco menos negativistas e fo-caremos o feijão com arroz do cenário político bauruense: histórico político da cidade, funcio-namento do legislativo, próximas eleições, quem são os vereadores que nos representam. Nossa equipe entrevistou autoridades políticas e acom-

Editorialpanhou todas as sessões da Câmara Municipal de Bauru para traçar um perfil das pautas mais importantes que tramitam no legislativo como a epopéia do Panela de Pressão, construção de uma Faculdade de Medicina na cidade, problemas da saúde, política. Para o leitor que está por fora da política da região, a revista ainda traçará um per-fil de todos os vereadores da Câmara Municipal de Bauru. Esta edição foi elaborada visando am-pliar o conteúdo político do cidadão de Bauru, melhorando, assim, a fiscalização do que ele aju-dou a colocar no poder. Aredação

• Conheça as funções dos vereadores.....................03• Saiba o que fazem as Comissões..........................03• A fiscalização no Legislativo.................................04• História da Câmara de Bauru...............................05• Bauru em lotes....................................................05

• A questão da Lei do Cerrado................................10• O Plano Diretor de Mobilidade.............................10• Movimentos populares na Câmara.......................11• O que vem por aí - Eleições 2012 ........................11

• Os eventos inusitados do Legislativo....................12Suplemento produzido para as disciplinas de Jornalismo Impresso IIe Planejamento Gráfico Editorial II.Unesp-Bauru Equipe de ReportagemArthur SallesBruno ChristophaloDimitrios MeimaridisJakeline LourençoJéssica Lane Marcos ViníciusMatheus RibeiroMichel MarechalDiagramaçãoBruno Christophalo Jakeline LourençoJéssica Lane Jornalistas ResponsáveisÂngelo Sottovia (MTB 12.870)Renata Malta (MTB 34.600)

A Faculdade de Medicina em Bauru.................06

O aumento da tarifa de ônibus.............................07

Mudança de sede da Câmara.............................07

A reforma do Panela de Pressão......................08

Construção das UPAs em Bauru...............09

Os 5 assuntos mais comentados da Câmara

Novembro de 2011 Olhar Político 03

Vereadores: obrigações e limitesPor Jéssica Lane Para representar os cidadãos, há na cidade a figura do verea-dor. Eles tem a função de criar e votar leis feitas pelo prefeito da cidade, discutir as questões locais e fiscalizar a administra-ção do poder Executivo (Pre-feito). Também deve elaborar a Lei Orgânica do município, uma espécie de constituição municipal que o poder público deve cumprir, sob fiscalização da Câmara. Em Bauru há 16 vereadores, mas em outras cidades esse número pode variar entre 9 e 55 vereadores, dependendo do número de habitantes (quanto mais habitantes, maior será o número de vereadores). Para se candidatar é necessário ser brasileiro, filiado em algum

partido político, ter idade mí-nima de 18 anos e votar no município pelo qual concorre ao cargo.Um vereador não pode enca-minhar um projeto de lei que precise de uma quantidade

considerável do dinheiro pú-blico. Essa é uma competên-cia do prefeito. “Se o prefeito julgar que o projeto não é de competência do legislativo, ele pode vetar alegando visto de iniciativa”, explica o vere-

ador bauruense Carlão do Gás (PR). “Visto de Iniciativa” é quando o projeto apresentado pelo vereador está fora de sua área de atuação. Contudo, Car-lão afirma que se o Executivo achar viável, pode reescrevê o projeto e encaminhá-lo para votação no Legislativo, como autoria do prefeito.Para o vereador Carlão do Gás, a Câmara Municipal é de fundamental importância. “Os vereadores são eleitos de-mocraticamente e com a res-ponsabilidade de representar a opinião nos moradores da cidade”, declara. O Brasil possui hoje 57.748 vereadores. Mas, nas eleições de 2012, esse número aumen-tará para 59.500, em proporção ao aumento populacional.■

Como funcionam as comissões

Para otimizar os processos da Câmara , os vereadores se agrupam em comissões. Elas tem a função de analisar proje-tos e denúncias enviados para o Legislativo. Cada comissão deve ter no mínimo três vere-adores. Um deles deve ser es-colhido como presidente por meio de indicação e votação dos membros da comissão. Ela se renova a cada dois anos.

As comissões são formadas por meio de indicações. O par-tido que tem maior bancada na Câmara tem o direito de co-locar seus representantes em todas as comissões. Na atual gestão, o partido majoritário é o PSDB, com três representan-tes. A escolha para ocupação das comissões é feita pelos ve-readores de modo consensual e todos eles devem participar

Vereador conta como o legislativo de Bauru pode servir aos cidadãos

Por Arthur Sales

Vereadores se organizam em comissões para analisarem projetos

Conhecer bem quem são os vereadores da cidade é o primeiro passo para conseguir se manifestar e buscar defend-er suas necessidades. Por eles são criados e votados projetos de lei e debatidos assuntos im-portantes durante as sessões. Ao todo, a câmara é composta por 16 vereadores, votados a cada quatro anos nas eleições municipais. Para conhec-er cada um deles, o final de cada página está os perfil de cada um deles, contando suas histórias e os projetos princi-pais que defendem.

Nome: FRANCISCO C. DE GOES (CARLÃO DO GÁS)Idade: 56 anosPartido: PRProfissão antes do mandato: Comerciante Tempo de carreira na politica: 3 anosMandato: PrimeiroCargos politicos que ja obteve: Nenhum Maior contribuição no legislativo: Lei que obriga a utilização de água da chuva em construçõesCausa: Democracia

Nome: AMARILDO APARECIDO DE OLIVEIRAIdade: 56 anosPartido: PPSProfissão antes do mandato: Radialista e JornalistaTempo de carreira na política: 3 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Conseguiu 650 mil reais em recursos para a APAE o Centro de Diagnóstico e Prevenção do Câncer.Causa: Saúde

de alguma comissão. Francisco Carlos Goes explica que quando um projeto é enca-minhado à Câmara, ele passa primeiramente pela avaliação da comissão de justiça, que julgará a viabilidade do proje-to e depois poderá também ser enviado para outras comissões de acordo com o assunto do projeto.■

● COMISSÃO DE JUSTIÇA, LEGISLAÇÃO E REDAÇÃOAnalisa todos os projetos que tramitam na Casa, segundo princípios constitucionais, legais e quanto à redação. Analisam também questões éticas dos Vereadores.

● COMISSÃO DE ECONOMIA, FINANÇAS E ORÇAMENTOÉ responsável por todos os projetos de caráter financeiro e apresenta projetos de lei fixando o salário dos Executivo, Legislativo e Secretários Municipais.

● COMISSÃO INTERPARTIDÁRIAÉ composta por um membro de cada partido e analisa o orçamento anual, o agendamento e das audiências públicas, como também assuntos orçamentários em geral.

Quem são os vereadores?

Notícias Novembro de 2011 Olhar Político 04

Vereadores resolvem pendências de legislações passadasPor Jéssica Lane

O legislativo municipal tam-bém fiscaliza os orgãos públi-cos e a política bauruense. Para isso, há na Câmara a Comis-são de Fiscalização e Controle (CFC), formada por cinco ve-readores: José Segalla (DEM), Marcelo Borges (PSDB), Na-talino da Silva (PV), Rena-to Purini (PMDB) e Moisés Rossi (PPS), eleito presidente por meio de votação entre os membros da comissão. Moisés Rossi explica que um vereador ou um munícipe pode a fazer denúncia de algu-ma irregularidade. Um proces-so é aberto e é escolhido um relator, ou seja, um dos mem-bros da comissão para ser res-ponsável pelo relatório daque-le caso e então começa a fase de investigação. “A comissão vai até o local ou requere a documentação para investigar a possível irregularidade”, ex-plica o presidente da comissão.

Depois é feito um relatório e encaminhado para o prefeito, que pode exonerar ou punir os culpados ou encaminhar para o Ministério Público em caso de processo criminal. A Comissão também fiscaliza viagens financiadas pela Câ-mara. Geralmente são investi-gações rápidas e simples. Mar-celo Borges afirma que esse

tipo de fiscalização começou a ser feita pela CFC há oito anos. “Houve um desvio de conduta em relação as viagens conce-didas pela Câmara. Vereadores e funcionários usavam esse recurso para viajar sem presta-rem contas”, conta Borges. Atualmente está em proces-so de investigação a Funda-ção da Previdência de Bauru

(Funprev), em que foi aberta uma Comissão Especial de Inquérito para averiguar de-núncias de irregularidades em concurso público e pagamen-to ilícito. Outros casos tam-bém discutidos são a dívida da Companhia de Habitação de Bauru (Cohab), irregularida-des na Secretaria das Adminis-trações Regionais (Sear) e o Departamento de Água e Es-goto (DAE), denunciado pelo Sindicato dos Servidores (Sin-cern) por má administração. Natalino da Silva, outro mem-bro da comissão, avalia o tra-balho de fiscalização da Câ-mara como insuficiente para todos os problemas da cidade, como a saúde e a infraaestru-tura, problemas mais cobrados pela população, segundo ele. “Estou fazendo a minha parte, mas nós ainda estamos resol-vendo pendências de gestões passadas”, conclui.■

Natalino da Silva afirma que comissão ainda tem muito a investigar

Investigações atuaisSUCATEAMENTO DO DAE - Relatório mandadoO relatório mandado para a prefeitura revelou a má gestão e o sucateamento do patrimônio do DAE . A denúncia foi feita no ano passado pelo Sindicato dos Servidores (Sincerm) e foi relatado na Câmara por Segalla. Como medida, o prefeito pretende mandar um projeto à Câmara para aprovação de 3 milhões de reais para a compra de maquinário. Mas os escândalos não param: há dois meses, numa licitação foi adquirido 18 mil litros de leite por R$ 3,13 cada, sendo o preço de mercado R$ 2,09. Outro assunto comentado foi o erro no valor de cerca de 11mil contas de água de moradores da cidade.

SEAR – Em fase de relatórioRicardo Oliveira, na época presidente da SEAR, foi acusado de usar o orgão público para favorecimento eleitoral, já que no ano passado foi candidato a deputado federal. Testemunhas afirmam que funcionários da SEAR eram orientados a se filiar no PTB e fazer campanha eleitoral no expediente de trabalho, usando viaturas. Ricardo Oliveira foi exonerado do cargo e está sendo investigado pela polícia federal. O caso quase foi arquivado, entretanto, a Comissão de Justiça pensa em reabrir o processo para investigar a possível omissão do prefeito Rodrigo Agostinho sobre o assunto.

CEI DA FUNPREV – DenúnciaFoi aberta uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para investigar irregularidades em concursos públicos, pagamento de horas extras, atribuição de vantagens pessoais a funcionários (cestas básicas, viagens, cursos) e critérios para escolha da Carteira de Investimentos. Pode ser criada uma segunda CEI para analisar todas as denúncias que tem chegado ao legislativo.

COHAB – InvestigaçãoA empresta arrasta por mais de 20 anos processos de dívidas de empreiteiras, além de um montante de 400 milhões divida de FGTS a funcionários e casos não resolvidos de inadimplência nos pagamentos de imóveis. A CFC deve emitir um parecer sobre as finanças da COHAB, para que Câmara possa votar o projeto de refinanciamento das dívidas. Contudo a empresa está com a documentação atrasada, por isso não há previsão de quando o relatório será feito.

Nome: FABIANO MARIANOIdade: 37Partido: PDTProfissão antes do mandato: torneiro mecanico/ árbitro de basquete/formado em biologia pela USCMandato: PrimeiroCargos politicos que ja obteve: NenhumTempo de carreira na politica: 3 anosContribuição no legislativo: Instalação da Guarda municipal em Bauru.Causa: Esporte

Nome: RENATO CELSO BONOMO PURINIIdade: 35Partido: PMDBProfissão antes do mandato: NenhumaMandato: TerceiroCargos politicos que ja obteve: Vice-prefeitoTempo de carreira na politica: 11 anosContribuição no legislativo: Líder do prefeito na Câmara, defende todos os projetos de interesse do governo.Causa: Respaldo pra minorias

Novembro de 2011 Olhar Político 05

Historiadores mantêm viva a memória de BauruPor Matheus Moura

A história de Bauru é mantida com grande paixão por Gabriel Ruiz Pelegrina. Aos 90 anos, ele guarda em sua casa documentos que contam a trajetória da cidade sem limites. Escreveu mais de cinco mil artigos e publicou cinco livros, entre eles, Memorial da Câmara Municipal de Bauru: 1896-1996, escrito especialmente para o centenário da cidade.Antes da fundação de Bauru havia a vila do Espírito Santo da Fortaleza onde em 1889 foram eleitos 6 vereadores que iniciaram o processo do que 7 anos depois seria Bauru.Pelegrina, historiador e assessor acadêmico na Universidade do Sagrado Coração (USC) conta que o

primeiro prédio da Câmara foi construído em 1908 “por dois italianos que moravam em Bauru, João Buceroni e Casimiro Onofrilo”, na rua 1º de Agosto. Outras duas localidades foram usadas até a construção do prédio atual, na inaugurado na década de 70.Desde 1896, foram realizados 28 pleitos. Neste período, a câmara chegou a ser dissolvida, na ditadura de Vargas (1930-1945). Em 1948, foram eleitos 29 vereadores, número recorde. “Houve muita sem-vergonhice dos políticos. Eles fizeram cálculo e a sobra de 11 ou 12 (candidatos) foi para o partido majoritário”, alega Pelegrina.A ditadura Militar também repercutiu aqui. Isaías Daibem, vereador por dois mandatos

(1977-1982 e 1989-1992), relata os tempos difíceis. “Havia em Bauru um movimento chamado Frente Anti-Comunista, a FAC, (...) que se colocava contra os militantes de esquerda. Muitos foram perseguidos e presos”. A FAC pressionou os vereadores a cassarem Edison Gasparini, mas um processo foi forjado para possibilitar a

reintegração de Gasparini que chegou à prefeitura bauruense em 1982, momento político mais marcante para Daibem.Para Isaias Daibem, poucos políticos ainda possuem boa ideologia. “São vereadores atuantes, ligados na cidade, só que não tem conteúdo ideológico. Infelizmente, hoje ela é uma casa política despolitizada”, opina. ■

Bauru em lotes

As recentes discussões envol-vendo o Cerrado, e a sua pre-servação ou utilização da área para fins industriais e residen-ciais, tem dado um novo fôle-go a um já conhecido ‘fenô-meno’ que vive há tempos de forma oculta no legislativo da cidade de Bauru, o fantasma da especulação imobiliária.As gestões legislativas ante-riores a atual eram compostas por uma maioria de vereadores envolvidos direta ou indireta-mente com o mercado imobili-ário, causando uma verdadeira opressão de interesses na polí-tica interna da câmara, o que resultou em um favorecimen-to e aquecimento do próprio mercado imobiliário, que por consequência gerou a grande inflação de imóveis que vive-mos nos dias atuais.

Recentemente medidas como a aprovação do IPTU Progressi-vo para a cidade toda indicam uma possível reversão nesta tendência especulativa que nos últimos anos tem perdido for-ça nas sessões do legislativo. Porém, apesar da sua intenção de combater a especulação, a lei agora aprovada pode servir de bode expiatório para aten-der a outros interesses, geran-do possivelmente um grave

problema ambiental em Bauru.Alguns vereadores, incenti-vados inclusive pela postura do deputado estadual Pedro Tobias do PSDB – único re-presentante atual da cidade de Bauru -, querem se beneficiar de um possível afrouxamento da lei de preservação do Cer-rado, justificando inclusive o desmatamento da área através do próprio IPTU Progressivo, alegando que a medida traria

um maior desenvolvimento industrial para a cidade.A proposta preocupa alguns ambientalistas, como o pro-fessor e antropólogo Silvio Maximino, que afirma que a ONG SOS Cerrado, da qual faz parte, serve justamente para “combater a ideia de que o Cerrado e os ambientalistas são inimigos do desenvolvi-mento de Bauru”.O professor da Universidade do Sagrado Coração (USC), declarou que o que realmente falta é “um maior desenvolvi-mento de ideias de desenvol-vimento sustentável por parte do poder público”, responsa-bilizando o próprio de ter “a obrigação de garantir um de-senvolvimento com sustenta-bilidade”.■

Em suas lembranças e curiosidades, a Câmara Municipal reúne recordações dos bauruenses

Por Dimitrios Meimaridis

Apesar de mudanças internas, a câmara bauruense segue assombrada por velhas práticas

Nome: LUIZ CARLOS BASTAZIN - (CARLINHOS DO PS)Idade: 63 anosPartido: PPProfissão antes do mandato: MotoristaTempo de carreira na política: 4 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Ajudar aos menos favorecidosCausa: Diminuir a desigualdade social

Nome: GILBERTO DOS SANTOSIdade: 43 anosPartido: PSDBProfissão antes do mandato: EmpresárioTempo de carreira na política: 4 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Projeto de lei que obriga hotéis a registrarem hospedes menoresCausa: Segurança

Fonte: AMORIM (1998) e SEPLAN (2006)

Fotos de ex-prefeitos na Câmara Municipal de Bauru. Muitos foram vereadores no inicio da carreira política.

Foto: Bruno Christophalo

Os 5 assuntos mais falados na Câmara Novembro de 2011 Olhar Político 06

Medicina a caminhoPor Bruno Christophalo

Um sonho de décadas que fi-nalmente está se encaminhan-do para virar realidade. O projeto de se trazer uma facul-dade de medicina para Bauru, que existe há muitos anos, mas nunca saiu do papel, tem agora todos os elementos pos-síveis para acontecer, inclu-sive o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que declarou seu apoio para a construção de uma unidade estadual, que faria parte dos câmpus da USP ou Unesp.Com a união de forças de po-líticos e líderes locais, como o deputado estadual Pedro To-bias (PSDB) e José Alberto de Souza Freitas, o Tio Gastão, diretor do Hospital de Rea-

bilitação de Anomalias Cra-niofaciais da Universidade de São Paulo, o Centrinho – que acaba de ganhar um novo hos-pital – Bauru ganha energia para buscar a implantação da faculdade na cidade.Segundo a vereadora Chiara Ranieri (DEM), uma facul-dade de medicina em Bauru ajudaria a solucionar a defici-ência no número de médicos da cidade. “Nós temos muitos hospitais, muitas clínicas, so-mos referência em saúde, mas nós ainda temos muita carên-cia de médicos na cidade. A faculdade de medicina daria um respaldo muito grande no sentido de que teríamos mais residentes e atendimento em

especialidades que não temos em abundância hoje”, afirma.Geraldo Alckmin, governa-dor do estado de São Paulo, já afirmou que apóia a cons-trução de uma faculdade de medicina em Bauru, e confir-ma que o primeiro passo para isso já está tomado: a partir do ano que vem, a cidade contará com fixação de residência mé-dica, se utilizando da estrutura dos hospitais estaduais já ins-talados aqui. Isso garante uma base de formação de profissio-nais para que servirão de base para o futuro curso e também uma variedade de especialistas nas diversas áreas da saúde.Um dos entraves para a cria-ção de um novo curso nas

universidades já existentes na cidade é devido ao temor das instituições que seu orçamento já existente seja dividido ain-da mais para a criação de um novo curso, pois é necessária a elaboração de um projeto e a destinação de fundos para que seja implantada esta nova faculdade, além de sua manu-tenção. Para contornar esta si-tuação, o legislativo de Bauru realiza um trabalho de cons-cientização sobre a importân-cia do curso para a cidade, e também busca uma captação de recursos com o governo do estado para que a universidade que venha a receber o futuro curso de medicina receba uma verba extra.■

Projeto da Faculdade de Medicina em Bauru ganha força e já conta com apoio do Governador

Nome: PAULO EDUARDO DE SOUZAIdade: 52 anosPartido: PSBProfissão antes do mandato: MédicoTempo de carreira na política: 10 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Projeto que antecipa o pagamento do 13º salário para servidoras públicas gestantesCausa: Saúde

Nome: FERNANDO MANTOVANIIdade: 37 anosPartido: PSDBProfissão antes do mandato: AdministradorTempo de carreira na política: 16 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Projeto de prolongamento da licença maternidade para 6 mesesCausa: Causas trabalhistas e questões raciais

Foto: Divulgação

Hospital do Centrinho - USP é forte candidato a servir como base para a futura faculdade

A partir de agora você confere aqui no Olhar Político,um especial de 5 matérias com os assuntos mais

comentados na Câmara no ano de 2011

Os 5 assuntos mais falados na Câmara Novembro de 2011 Olhar Político 07

Mudança de sede da Câmara é canceladaPor Bruno ChristophaloImportante marco histórico da cidade de Bauru, o prédio da Estação Ferroviária foi co-gitado durante meses para re-ceber a nova sede da Câmara Municipal, projeto que aca-bou sendo vetado pela Mesa Diretora da Casa.Em 2009, o prédio da Ferro-viária foi comprado pela Pre-feitura por um valor de pouco mais de R$ 6 milhões, sendo que destes, R$ 3,5 milhões foram obtidos por meio de devolução da verba do orça-mento anual da Câmara. A intenção era de que o imóvel fosse restaurado e a sede do Legislativo se mudasse para lá, juntamente com as secreta-rias de Educação e Saúde.Porém, após estudos realiza-dos por arquitetos, ficou cons-tatado que a mudança para a Ferroviária resultaria em um espaço semelhante ao do atu-al prédio, pois não há espaço suficiente para comportar as duas Secretarias e o Legislati-

vo. Um dos principais proble-mas observados está relacio-nado à construção do plenário para comportar os cidadãos dispostos a acompanhar as sessões, graças à altura reduzi-da do pé-direito (distância en-tre o piso e o teto) do segundo andar, que é de 2,55 metros,

é inviável uma construção do plenário em formato de arqui-bancada, necessária para ga-rantir a visibilidade.Sendo assim, foi decidido que a Câmara não iria mais para o novo prédio, que acomodaria apenas as Secretarias de Edu-cação e Saúde. A mudança fa-

ria parte de um pro-jeto de revitalização do Centro da cidade, que visa incluir na reforma uma praça de alimentação e um espaço cultural no saguão do prédio da Ferroviária.O vereador Fabiano Mariano (PDT), fa-vorável à mudança, acredita que ter o Legislativo no novo prédio seria histori-camente importante. “Creio que ali seria um ponto positivo para ajudar na re-vitalização daquela parte da cidade, para

a gente ter o povo podendo participar, e a Câmara poder entrar para a história como uma das instituições que pos-sibilitou a revitalização do centro velho da nossa cidade”, afirma Fabiano Mariano. ■

“O transporte é algo muito mais complexo”

Em junho deste ano, o vere-ador Roque Ferreira, do PT, realizou uma reunião na Câ-mara Municipal de Bauru para criar uma comissão afim de pressionar a Prefeitura com relação ao aumento da tarifa de ônibus e a não melhoria da infraestrutura em torno do problema. De lá para cá, a ta-rifa sofreu a sua segunda alta em menos de um ano (foi de R$2,15 para R$2,40), e a po-pulação não viu as melhorias reivindicadas na conferência. Roque Ferreira, em entrevista à nossa equipe, disse não acre-ditar nas tais avanços: “Não

acredito não. Eu digo que não porque o município e o exe-cutivo têm um vínculo muito estreito com os operadorzes de ônibus aqui em Bauru”. O ve-reador falou ainda sobre a par-ticipação popular e estudantil: “Sem uma grande manifes-tação e organização popular, sem uma manifestação de rua, principalmente da juventude e dos trabalhadores, a cidade de Bauru ainda continuará tendo um transporte público ruim, caro, e que não atende as suas necessidades”.A assessoria de imprensa da Emdurb, empresa responsável

pelo transporte em Bauru, afir-mou em nota que a companhia está trabalhando na cobertu-ra dos pontos de ônibus e que conseguiram, no último mês, tornar a frota 100% acessível a pessoas com deficiência Isto é pouco em relação ao

que foi discutido apenas al-guns meses atrás. “Os ônibus podem até ser bem pintados, mas não é esse o problema do transporte. Transporte é algo muito mais complexo”, reba-teu Roque Ferreira.■

Prédio da Estação Ferroviária irá receber apenas as Secretarias de Educação e Saúde

Por Marcos Vinícius

Vereador Roque Ferreira diz não acreditar em promessas da Emdurb

Nome: MARCELO BORGES DE PAULAIdade: 53 anosPartido: PSDBProfissão antes do mandato: EconomistaTempo de carreira na política: 23 anosMandatos: 2Cargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Um dos fundadores do PSDB

Nome: ROQUE JOSÉ FERREIRAIdade: 56 anosPartido: PTProfissão antes do mandato: Ferroviário Tempo de carreira na política: 31 anosMandatos: Eleito vereador em 2008Cargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Um dos fundadores do PT)Causa: Causas trabalhistas e Questões raciais

Foto: Bruno Christophalo

Fonte: EMDURB

Causa: Democracia

Os 5 assuntos mais falados na Câmara Novembro de 2011 Olhar Político 08

Nova velha casa do esporte bauruensePor Arthur Sales

A locação e reforma da Pa-nela de Pressão foi uma das novelas que mais renderam audiência nos últimos anos em Bauru. Não só devido à importância da questão, mas principalmente pela demora dos trâmites burocráticos. E não é para menos, já que a si-tuação tem muitos envolvidos com tantos outros interesses.Duas razões motivavam a Prefeitura a correr atrás de um ginásio poliesportivo de gran-de porte: o sucesso da candi-datura da cidade para sediar a edição de 2012 dos Jogos Abertos do Interior (JAIs), anunciada em novembro de 2010, e o apelo de parte da imprensa e população para que encontrasse uma solução

em torno da possível saída dacidade do Itabom - time de basquete profissional que dis-puta a elite nacional. A equipenão tem onde mandar seus jo-gos em Bauru, uma vez que a atual casa, o Ginásio da Asso-ciação Luso Brasileira – com-porta apenas 3000 torcedores.Já pelo lado do Esporte Clu-be Noroeste, proprietário da Panela, o interesse no fecha-mento do acordo era saldar dívidas: o clube deve mais de R$ 1 milhão em tributos para a prefeitura municipal. Uma boa solução para reverter o débito é alugar um patrimônio que não está sendo utilizado.O Norusca entrou com o giná-sio e a prefeitura com o abati-mento da dívida e os investi-

mentos da reforma. O acordo foi firmado e o contrato assi-nado em 28 de fevereiro, en-tretanto, com uma incógnita: como o município poderia re-formar um imóvel particular com recursos públicos? Esse respaldo foi buscado no Le-gislativo, apenas três meses depois da assinatura do docu-mento. Com o projeto aprova-do, o próximo passo era então licitar a reforma do ginásio.Apenas uma candidata, a em-presa RECOMA, de São Pau-lo, participou da licitação.O orçamento foi aprovado e o contrato firmado em 13 de se-tembro com prazo de 10 dias para o início das obras. Seria esse o fim do dilema? Não, havia ainda uma pedra no ca-

minho. Sendo o Noroeste de-vedor de impostos, o repasse de verbas é considerado ile-gal, apesar da aprovação do projeto na Câmara. Para que o repasse entrasse em conformi-dade com a lei era necessária a adesão ao refinanciamento fis-cal por parte do clube e, como conta o vereador Fabiano Ma-riano (PDT), membro da Co-missão de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo da Câmara, “existia uma contestação do Noroeste em relação ao mon-tante cobrado pela prefeitura, veio daí a origem da demora”.Com o novo entrave em evi-dência, o assunto foi resolvido em uma semana. Finalmente,a reforma pode ser iniciada no dia 7 de outubro. ■

Parceria entre Prefeitura e Noroeste para reforma de ginásio finalmente sai do papel

Jogada HistóricaO Itabom será um dos beneficiados depois da conclusão da reforma da Panela de Pressão, pois mandará seus jogos no ginásio. Isso possibilitará para a cidade, por exemplo, sediar uma fase da Liga das Américas de Basquete de 2012, evento internacional que movimentará a economia da cidade e irá promovê-la no continente.

Além dos benefícios citados, é importante para a memória da cidade recuperar o local onde foi escrito um dos momentos mais importantes da história do esporte bauruense, o título de Campeão Brasileiro de Basque-te conquistado pelo Tilibra/Copimax em 2002.

Fotos: Carlos Torrente

BenefíciosAlém de poder dar casa à associação esportiva mais identificada com a cidade, ter o controle da Panela de Pressão possibilitará à prefeitura a implementação de projetos sociais ligados à prática esportiva. O vereador Francisco Carlos Góes (PR), membro da Comissão de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo da Câmara, promete: “vai ter escolinha de handebol, es-colinha de futebol de salão, de basquete, de vôlei”. Fazendo bom proveito, a Panela será uma ferramenta útil para a promoção do esporte da cidade.CustosR$ 238.256,00 para reforma de piso e teto, ficando a prefeitura responsá-vel por arcar com pintura e partes elétrica e hidráulica.

Principais mudanças: Teto está sendo revestido para evitar as goteiras e um novo piso será instalado, a promessa é de qualidade de primeiro mundo

Nome: MOISÉS ROSSIIdade: 53 anosPartido: PPSProfissão antes do mandato: Agente da Polícia FederalTempo de carreira na política: 4 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Participação na Construção do Residencial Parque das CaméliasCausa: Melhorar as condições de vida em Bauru

Nome: ROBERVAL SAKAIIdade: 47 anosPartido: PPProfissão antes do mandato: MicroempresárioTempo de carreira na política: 7 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Melhorias no Nova EsperançaCausa: Administração de obras

Os 5 assuntos mais falados na Câmara Novembro de 2011 Olhar Político 09

UPAs prometem transformar a saúde em Bauru

Por Jakeline Lourenço

Todo cidadão bauruense sabe que a situação da saúde no município é precária. Os administradores do município também sabem disso e o tema é frequentemente abordado nas sessões da Camara Municipal. O maior projeto que promete melhoras promissoras no setor é a construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), porém desde sua aprovação a construção e a entrega das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que prometem desafogar o Pronto Socorro Central, já se arrasta por mais de dois anos. No fim de 2009 o Governo Federal anunciou que

financiaria a construção de duas Unidades de Pronto Atendimento em Bauru, uma no Jardim Bela Vista e outra no bairro Ipiranga. Na mesma época foi enviado também um projeto para a construção de uma UPA no Geisel, que posteriormente foi aceito.Em abril de 2010 as obras da construção das três UPA’s financiadas pelo Governo Federal mais uma no Mary Dota, financiada pelo município, começaram. Em outubro do mesmo ano foi aberto o processo de licitação, para início da construção da UPA do Geisel-Redentor que começou a ser construída em Julho de deste ano.

Mary DotaA UPA do bairro Mary Dota foi finalmente inaugurada no dia 15 de julho desse ano, depois de 24 anos sem que nenhum núcleo de saúde fosse construído na cidade. O prédio da antiga Unidade Básica de Saúde foi aproveitado, recebeu reformas e ampliações, quase dobrando de tamanho, para abrigar a Unidade de tipo 1. A obra custou R$ 1.836,383,80, R$273.712,42 a mais do que o previsto na licitação ganha pela

Município aposta na construção de 4 novos PS para resolver o caos da saúde pública

TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3

5 a 8 leitos 9 a 12 leitos Até 20 leitos

2 médicos 4 médicos 6 médicos,com pediatra

Atende até 150 pacientes por dia

Atende até 300 pacientes por dia

Atende até 450 pacientes por dia

construtora Rio Obras Material de Construção. Segundo a Secretária da Saúde do município a legislação permite que os valores ultrapassem até 25% dos apresentados inicialmente e esse tipo de aumento é comum em obras desse tipo e proporção.As obras foram entregues com 6 meses de atraso em relação ao prazo inicial e, dois meses após sua inauguração, o pronto socorro ainda funcionava sem

Cada uma das quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) serão rodeadas por prédios que vão abrigar uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), uma unidade de assistência farmacêutica, uma unidade de atendimento domiciliar e uma do Programa de Saúde da Família. O objetivo é que na área da UPA exista no mínimo 50% de cobertura do Programa de Saúde da Família. Após a entrega de todas as UPA’s o Pronto Socorro Central será fechado para uma reforma geral. A assessoria da prefeitura informou que ainda não há previsão de início para as reformas e nem de quanto tempo o PS ficaria fechado para atendimento, mas que as melhorias devem ocorrer assim que possível. O Pronto Socorro Central é o principal pronto-socorro da cidade e recebe até 700 pacientes por dia. ■

A UPA do Mary Dota foi a primeira a ser inaugurada em Julho de 2011

Tipos de UPAs

Planos futuros...

raio-x, pois ainda faltavam alguns ajustes na máquina e na sala onde ela operaria. Depois de tanta enrolação, a UPA finalmente foi entregue a população do jeito que deveria, com todos os itens em pleno funcionamento.

Bela VistaA unidade de tipo 3 é a maior entre as quatro e deveria ter sido entregue em outubro de 2010, mas só foi inaugurada em no último dia 26 de novembro. Entre os principais motivos do atraso estão as falhas no planejamento da obra, que precisou ser refeito no meio do processo de construção, aumentando os custos em 24% do valor inicial. No fim das contas a UPA custou R$ 3,6 milhões, quando o preço inicial era de R$ 2,9 milhões, mas não previa instalação elétrica adequada, distribuição de água suficiente em um bairro

onde a falta de água ainda é frequente, gerador elétrico e ar-condicionado. As falhas no projeto foram todas corrigidas, mas a unidade iniciou seu atendimento ainda sem um médico pediatra. A prefeitura não conseguiu contratar um especialista no concurso anterior e abriu um novo processo seletivo para a contratação. Dessa vez candidatos se inscreveram para preenchimento da vaga e a data das provas será divulgada no dia 29 de novembro.

IpirangaAs obras na Unidade de Pronto Atendimento foram paralisadas no meio de seu andamento por desistência da empresa responsável, que alegou dificuldades financeiras. As obras estão paralisadas há pelo menos seis meses aguardando os trâmites legais para que uma nova construtora as assuma. ■

Foto: Divulgação

Novembro de 2011 Olhar Político 10

Cerrado bauruense pode estar em riscoPor Michel Marechal

Compondo parte do que resta do cerrado do estado de São Paulo, hoje, as áreas de reser-va de Bauru estão em risco. Nos últimos meses, empre-sários da cidade levantaram o debate sobre estes locais, reivindicando o direito de desmatá-los. Desde o ano de 2008 vigora na cidade uma lei de proteção às regiões que compõem este ecossistema. Segundo ela, o responsável pelo desmatamento deve plan-tar quatro vezes o tamanho do espaço prejudicado.O assunto levantou na cidade discussões sobre a flexibiliza-ção da lei ou não, o que iria beneficiar os empresários que detém a posse dos lotes, ape-sar de destruir uma vegetação que comporta mais de 10.000 espécies de plantas e animais. “Os lotes foram feitos em uma época sem legislação específi-

ca, mas hoje os latifundiários urbanos querem desmatar o que restou em seu beneficio próprio” afirma o vereador Roque Ferreira (PT). O vereador continua. “A Câ-mara não irá apoiar a altera-ção da lei que poderá permitir o desmatamento dos lotes”.

A posição é apoiada por gru-pos jovens de protestos que lotam as unversidades da cida-de. Segundo a página oficial do SOS Cerrado Bauru, hoje, dos 14% do cerrado original da Mata Atlântica paulista, existem apenas 1%, e parte deste número está na cidade.

As áreas de reserva estão na Reserva Legal do Câmpus de Bauru da Unesp, no Jardim Botânico Municipal e Reserva Ecológica da Sociedade Be-neficente Enéas de Aguiar e juntas, formam 500 hectáres de área contígua. Os prejuízos da liberação do desmatamento são, principalmente, referen-tes a biodiversidade, que por sua importância, é considera-da um “hotspot” (áreas ricas em biodiversidade e ameça-das) dentre os 25 existentes.Segundo relatório divulgado pela Faculdade de Ciências da Unesp Bauru, algumas espé-cies são endêmicas, isso sig-nifica que o fim desta região pode colocar em risco espécies que não existem em ambien-tes diferentes, somente nos lo-cais chamados de “cerradão”, como é o caso dos lotes que estão em risco na cidade. ■

Empresários da cidade pedem revisão da lei que protege o ecossistema

Nome: NATALINO DAVI DA SILVAIdade: 42 anosPartido: PVProfissão antes do mandato: Torneio Mecânico Tempo de carreira na política: 4 anosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Primeiro vereador eleito pelo PVCausa: Melhorias para a população menos favorecida

Nome: LUIS CARLOS RODRIGUES BARBOSAIdade: 43 anosPartido: PTBProfissão antes do mandato: Agente da Associação Beneficente Cristã Tempo de carreira na política: 11 anosMandatos: TrêsCargos políticos que já obteve: Dois mandatos anteriores como vereadorMaior contribuição no legislativo: Vice-presidente do PTBCausa: Assistência aos menos favorecidos

Estudantes protestam contra a mudança da lei de proteção ao cerrado

Bauru: desenvolvimento com consciência

Para controlar e administrar seu crescimento e por exigência do governo federal, Bauru irá aplicar o Plano Diretor de Mobilidade, que segundo o decreto de 2008, deve ser desenvolvido em até dois anos, ou, até o ano passado. Pelo decreto, deve-se criar medidas para reestruturar o transporte, a ocupação do solo e o sistema viário. Segundo a coordenadora do projeto, Fabiana Lima, o projeto irá atuar no sentido de melhorar a qualidade da ocupação da cidade. “A ideia é um plano de acessibilidade para o município que inclua diretrizes para eliminação de barreiras arquitetônicas

na cidade”. Para o vereador Roque Ferreira, o principal para o plano é o transporte público. “O que nós vemos hoje na cidade é um transporte coletivo que não atende a população, é necessário que

se repense todo o sistema para atender ao povo bauruense”. Para desenvolver o projeto, participaram técnicos do Poder Público Municipal, sendo da prefeitura, Emburb e DAE, com apoio de um

núcleo Gestor formado por membros do poder público e da sociedade civil. As pesquisas para o plano serão feitas até dezembro deste ano para a primeira etapa do projeto. Segundo a Emdurb, o maior problema da cidade se tornou o trânsito, que hoje é ocupado por 200 mil veículos. Como solução, foi apontada a possibilidade de criação de uma nova avenida, além de construir distritos industriais para evitar o fluxo para a cidade e há uma proposta de reformulação do transporte coletivo. Outra saída é a revitalização de espaços públicos, para deslocar o trânsito das vias principais. ■

A cidade planeja um plano de mobilidadePor Michel Marechal

Foto: Michel Marechal

Foto: Lucas Laronga

Novembro de 2011 Olhar Político 11

Cidadãos vão à CâmaraPor Jakeline Lourenço

A Câmara Municipal o órgão que tem

a responsabilidade de representar os interesses da população. O vereador, por estar muito próximo da população, acaba servindo de intermediário entre os cidadãos e o legislativo. ‘’Esse não é o papel do vereador que está nas normas, mas não tem como não exercer esse papel’’ afirma Majô Jandreice, que foi vereadora em Bauru por 4 anos. Mas nem por isso os cidadãos devem ficar de fora esperando que as decisões sejam tomadas.

Muitos assuntos são especificamente polêmicos, fazendo com que o cidadão sinta a necessidade e sair de casa e ir até o legislativo exigir atitudes ou defender suas opiniões.Um tópico que tem tomou grande parte das sessões na câmara esse ano e mobilizou muita gente foi a criação do projeto de lei que visa terceirizar a saúde pública de Bauru. O projeto foi aprovado no dia 17 de outubro e autoriza a criação da Fundação Regional da Saúde com o objetivo de agilizar

contratações no setor. Abaixo assinados e manifestações em frente à Câmara foram feitos por cidadãos contra a terceirização, que paga salários maiores aos médicos privados do que aos concursados, mas a aprovação ocorreu com 11 votos favoráveis, o número mínimo necessário.O problema dos sem-terra também mobilizou muita gente em agosto desse ano. No dia 26 cerca de 450 integrantes do MST realizaram uma manifestação no centro de Bauru e marcharam até a Câmara, onde foram

recebidos pelo legislativo. Os manifestantes lotaram a Casa, e quem não coube ficou esperando do lado de fora o fim da audiência pública onde exigiram mais rapidez nas ações de desapropriação de terras para a reforma agrária.Entre os temas em andamento que tem chamado a atenção e lotado as sessês na Câmara estão a Lei do Cerrado, O Plano de Carreiras Cargos e Salários da Educação e também as constantes exigências e reclamações relacionadas à saúde pública do município. ■

Eleições 2012: Por um futuro melhor

O ano de 2012 será importan-te para todos os municípios brasileiros, com a realização das eleições municipais. A ci-dade de Bauru conta com um total de 16 vereadores, que as-sim como o prefeito Rodrigo Agostinho, estão todos aptos a serem reeleitos. E mesmo res-tando um ano para as eleições, os políticos bauruenses já co-meçam as articulações visando suas futuras campanhas.Uma das atitudes mais ques-tionáveis é a do prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho, que apesar da sua formação ambientalista, tem se esqui-

vado do polêmico assunto do desmatamento do Cerrado em Bauru. A decisão de Agosti-nho tem preocupado algumas ONGs como o Instituto Am-biental Vidágua, fazendo in-clusive com que a assessora de imprensa, Katarini Miguel, questionasse o fato de que as empresas querem se instalar “justamente nas terras de pre-servação do Cerrado”.A falta de posicionamento por parte dos vereadores também é notável, que através de prolon-gamentos e adiamento de vo-tações, mantêm uma aparência neutra diante de alguns assun-

tos de grande importância para os cidadãos como a privatiza-ção do serviço de saúde.A postura é criticada pelo his-toriador Gabriel Ruiz Pelegri-na que associa a fraca repre-sentatividade de Bauru nas câmaras estaduais e federais, a falta de comprometimento dos próprios políticos com a cida-de. “É difícil de entender como uma cidade tão grande como Bauru pode ser tão minimiza-da em relação a sua importân-cia política no estado e país,” desabafou o historiador de 91 anos, “é como se não houves-se uma organização melhor na

própria cidade” complemen-tou o Sr. Gabriel.E o historiador tem razão, na última eleição, 27,30% dos eleitores bauruenses votaram em candidatos de outras regi-ões, causando uma dispersão de votos. O resultado apesar de alto, ainda é melhor do que o obtido em 2006 quando mais de 50% dos eleitores votaram em candidatos de fora, apesar dos 11 mil candidatos origi-nários da região. A redução porém serve como um sinal otimista de uma possível me-lhora na representatividade da cidade no futuro. ■

Assuntos polêmicos fazem a população ir às ruas para defender seus interesses

Por Dimitrios Meimaridis

Candidatos evitam posturas mais firmes visando permanência

Nome: CHIARA RANIERIIdade: 36 AnosPartido: DEMProfissão antes do mandato: Diretora da FIBTempo de carreira na política: 11 AnosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Aplicação do Ficha Limpa em BauruCausa: Maior representatividade das mulheres no legislativo

Nome: JOSÉ ROBERTO MARTINS SEGALLAIdade: 63 AnosPartido: DEMProfissão antes do mandato: Professor de DireitoTempo de carreira na política: 4 AnosMandatos: PrimeiroCargos políticos que já obteve: NenhumMaior contribuição no legislativo: Projeto que disciplina o uso do passeio e logradouros públicosCausa: Justiça

Confira abaixo alguns dos recursos que podem ser usados pelos cidadãos para atuar diretamente na Câmara Municipal:

• Projeto de Lei Popular: Abaixo-assinado com participação de pelo menos 5% do eleitorado da cidade. Segue a mesma tramitação que os projetos de iniciativa de um parlamentar

• Plebiscitos e Referendos: Trata-se de consultas feitas à população sobre assuntos de grande relevância. O Plebiscito é uma consulta feita antes do ato ocorrer e o Referendo é feito depois, como uma forma da população confirmar a decisão do legislativo.Ambos podem ser requeridos pela população quando pelo menos 5% dos eleitores assim desejarem

• Conselho Popular: Sua existencia é assegurada por lei, devem ser compostos por integrantes de diversos segmentos da população. Podem ser criados para acompanhar determinados projetos da Câmara.

• Emendas de Iniciativa Popular: Mudanças na Lei Orçamentária que é apresentada anualmente e define como será gasto o dinheiro do município.

Novembro de 2011 Olhar Político 12

Causos da Cidade Sem Limites...Histórias intrigantes e curiosas também fazem parte da Câmara.

Conheça aqui alguns dos acontecimentos mais inusitados da política bauruense

Em 1910, o presidente da casa, Azarias Leite, foi assassinado devido a intrigas políticas com o juiz de Agudos, José Pedro de Castro, que confessou ter encomendado o crime.

Certa vez, de acordo com o historiador Gabriel Ruiz Pelegrina, um vereador reclamou para o prefeito que as águas que vinham da enxurrada das partes altas da cidade invadiam as casas e comércios da rua João Batista de Carvalho, o Calçadão do centro da cidade.Ao ouvir que o transtorno era causado pela lei da gravidade, o político imediatamente afirmou que na próxima sessão apresentaria uma lei para mudá-la.

Em 1972, quando o fórum mudou-se para o prédio atual, no Jardim Bela Vista, Alonso Campoi - então presidente da Câmara – pediu ao juiz o empréstimo das chaves do antigo prédio, no número 5-55 da Avenida Rodrigues Alves. Pelegrina conta o que aconteceu: “Ele (Alonso) mudou pra lá. Trocou as fechaduras e mudou. Foi até ameaçado de prisão, mas como ele era presidente da Câmara, ficou por isso, e o fórum já estava acomodado lá em cima mesmo (no Bela Vista)”.

Em outro momento bizarro, um candidato a vereador, de sobrenome Banha, exclamou em discurso eleitoral na rua de sua casa:

Bauru é coisa séria. O sanduiche criado pelo bauruense Casimiro Pinto Neto é tão tradicional na cidade que em 24 de junho de 1998 a Câmara aprovou a lei nº 4.314 que registra a receita exata do sanduíche, que deve ser seguida pelo estabelecimento que deseja ter o selo de produtor do bauru original. Isso mesmo, quem fizer misto quente com tomate e chamar de bauru está infringindo uma lei municipal!

A Avenida Nações Unidas é a uma das principais avenidas de Bauru. Em uma sexta-feira 13, de agosto de 1976, o local foi palco de um acontecimento inusitado. O então presidente Ernesto Geisel passeava pela avenida em uma visita a cidade. Cerca de uma hora depois de sua passagem a via explodiu, causando muita destruição ao seu redor. Cogitou-se a possibilidade de atentado contra o presidente, mas a hipótese foi descartada em seguida quando descobriu-se que verdadeira causa do acidente. Um caminhão-tanque que acidentou-se na Alameda Octávio Pinheiro Brisolla, derramando combustível, que chegou até á Avenida Nações Unidas através das redes coletoras. Um simples cigarro aceso foi o causador da explosão.

Por Matheus Moura

“Se eu for eleito, eu vou mandar

apedrejar essa rua ”A declaração assustou os possíveis eleitores, mas a intenção era boa. Na verdade, o que o político estava prometendo era a pavimentação da via.