o cotidiano escolar

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Perspectivas 11/09/2014 Maria Eliane Faccio Valezin

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Education


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Capacitação para Professores Gestores sobre o cotidiano escolar.

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Page 1: O cotidiano escolar

Perspectivas

11/09/2014Maria Eliane Faccio Valezin

Page 2: O cotidiano escolar

Refletir sobre os vários aspectos que envolvem a

dinâmica de uma escola, proporcionando aos gestores

melhor atuação no cotidiano escolar.

Público Alvo: Professores Gestores

Page 3: O cotidiano escolar

Alguns aspectos do cotidiano da escola são merarepetição de uma prática muito conhecidaembasada no:

preconceito,

racismo,

intolerância,

repressão,

nas relações de poder,

na indiferença,

na exclusão.

Page 4: O cotidiano escolar

E como reescrever esta página, reinventar este espaço?

Page 5: O cotidiano escolar

Neste espaço deve permear:

o diálogo,

compreensão,

aceitação,

respeito ao outro,

confiança,

a transgressão inclusive, no sentido de quebrar o queestá instituído,

Page 6: O cotidiano escolar

Análise do espaço: Quem o compõe?

Pessoas

Em diferentes segmentos,

Com níveis de escolaridade variados,

Algumas com pensamentos e valores voltados para uma educaçãohumanitária,

Outras com a concepção de que a disciplina e a ordem devem ser mantidas aqualquer custo, onde quem não se enquadra, tem que mudar de escola, ou seja,ser excluído daquele ambiente.

Homens, mulheres, jovens, adultos e crianças, com histórias diferentes,convicções ideológicas próprias, experiências diferenciadas, interessesdiversos.

Todos compartilhando o mesmo espaço. Esta diversidade toda, torna orelacionamento interpessoal deste ambiente muito complexo.

Page 7: O cotidiano escolar

Gestores - integração da equipe

Forma: conhecer cada membro da equipe – atuar junto – conhecer o que os mesmos pensam sobre educação, qual modelo de educação tiveram, o perfil cognitivo e psicológico destas pessoas, analisado muitas vezes, na forma de agir das mesmas, são de suma importância para que se possa planejar

as ações. Nesta perspectiva de análise, Brandão (2000, p. 449-462) afirma que:

Fomos um dia o que alguma educação nos fez. E estaremos sendo, a cada momento de nossas vidas, o que fazemos com a educação que praticamos e o que os círculos de buscadores de saber com os quais nos envolvemos está continuamente

criando em nós e fazendo conosco.

Segundo Maria Celeste de Moura Andrade inspirada em Foucault (1999. p. 67-68)

a prática estética é tanto pessoal quanto social e envolve uma conduta queassume a forma de uma filtragem permanente das representações: examiná-las, controlá-las, triá-las[...]´distinguí-las’’’ uma das outras e evitar assim que se aceite a “ primeiraque surge’’ O cuidado de si coloca a tarefa de cada um se por à prova,examinar suas verdades sobre o que é, o que faz consigo mesmo e com osoutros. Este cuidado estimula a pesquisa contínua sobre os contextoshistóricos e discursivos que fizeram com que as relações sociais sedesenvolvessem de um certo modo, viabilizando a reflexão sobre suasdiferentes possibilidades, tanto no trato de si mesmo, como do outro.

Professora de Didática no Centro Universitário do Planalto de Araxá (Uniaraxá) e de Metodologia do Ensino de História naUniversidade de Uberaba (Uniube) e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Page 8: O cotidiano escolar

Retomando as contribuições de Michel Foucault, Regina de Souza eSilvio Gallo (2002, pp. 39-63) analisam

Biopoder – poder do Estado (que surge durante a segunda metadedo século XVIII) constitui-se numa tecnologia que incide sobre avida, sobre a espécie, exerce-se sobre um corpo coletivo, apopulação. O biopoder incorpora o poder disciplinar e visa controlara população, por meio de mecanismos que tem como propósito“fazer viver” e “deixar morrer”. É um poder que exerce pressões emtodas as esferas, a fim de atender o padrão considerado normal paraa espécie humana. Para a instituição escola, se o indivíduo não temcondições de atender às normas instituídas, ele deve ser excluído. Éa eliminação do diferente, do anormal, do estranho. Se o poderdisciplinar opera no nível corporal, pela normalização, a biopolíticatrabalha pela regulamentação. O Estado se põe no direito de“matar”, eliminar o diferente para o bem da população.

Poder disciplinar (consolidado ao longo do século XVIII) –objetiva a sujeição do corpo do indivíduo, tornando-o manipulável,dócil, disciplinado.

Page 9: O cotidiano escolar

Leitura Compartilhada: Depoimento

Encantei-me pela educação quando era aindacriança. Cursando a segunda série do primário, em 1974,aos oito anos de idade, decidi e anunciei aos meus pais queseria professora. Minha mãe, ficou muito orgulhosa daminha escolha e apoiou-me por toda a minha vida escolarna direção do objetivo almejado. Formada, já atuando naárea educacional, sempre procurei entender o motivo queme levou a esta opção. Refleti muito a respeito. Concluíque, possivelmente como residia na zona rural, não tivemuitas oportunidades de conhecer outras profissões eaquele ambiente me fascinou. Escolhida a profissão,dediquei-me a ela, agarrando-me a todas as oportunidadesque apareceram – na verdade, tudo conspirou para que eufosse professora. Cada passo da minha vida... Destino?Vocação? Pode ser. Não sei... Quem sabe?

Page 10: O cotidiano escolar

Com relação à escola, aos cinco anos tive o meu primeiro contato. Minhatia, era merendeira na escola do bairro onde eu residia. Como eu era muitosolitária, algumas vezes levava-me consigo no trabalho e eu, ainda pequena,gostava muito, pois era mimada pelos alunos que brincavam comigo e pelospoucos professores que ali lecionavam. Sem contar que compartilhava da merenda(deliciosa) da mencionada escola. Era um ambiente muito agradável. Porém,quando ingressei aos seis anos e meio na primeira série (não fiz pré-escola), aqueleambiente agradável já não era o mesmo. Eu tinha medo daquelas pessoas que anteseu gostava. Fico pensando como é possível que isso aconteça. As relaçõesmudaram. Lembro que a atitude destas com relação a mim mudou. Na primeirasérie eu chorava todos os dias. A professora colocava as lições na lousa e eu nãoentendia a sua proposta. E eu me desesperava. Então ela dizia: “Não quero choro enem vela” – e eu não entendia o significado de suas palavras. Tinha muito medo. Alinguagem utilizada pela professora não era compreendida por mim. Muitas vezesfechava a porta e esbravejava conosco. Até hoje tenho uma sensação estranhaquando estou em um determinado local e fecham a porta. Há um estremecimentonas minhas estruturas emocionais. Será que os profissionais da educação seatentam para isto, ou seja, os danos que suas atitudes podem causar a uma criança,despertando sentimentos para toda a sua vida? Naquele mesmo ano estaprofessora foi substituída por outra que tinha outros procedimentos na relação comseus alunos – o trato era outro. Era calma, tranqüila, pacienciosa. Eu aprendi a ler ea escrever rapidamente e fui aprovada no final do ano com nota Cem. Cem para ela– formidável professora! A relação professor-aluno no interior de uma sala de aula,o vínculo que se cria entre as pessoas que convivem neste espaço é tão importanteque tal relacionamento influencia no processo de ensino-aprendizagem. É fato.

Page 11: O cotidiano escolar

Na segunda série a professora residia no mesmo bairro que eu. Era uma daspessoas que brincava muito comigo quando ainda não era aluna daquela escola.Era exímia professora. Ensinava muito bem, mas disciplinava a turma através domedo. Sofri muito, porque já era de natureza medrosa, tímida. Mas foi neste anoque decidi ser professora. A lousa, as carteiras, a fila, o seu status, escrevendo nalousa, explicando, tomando a tabuada, ensinando as continhas de mais e demenos... Aquele ambiente me fascinava... E na minha bagagem levei comigo acerteza de que não seria daquela forma que atuaria junto aos meus alunos. Refletisobre isto posteriormente, pois naquele momento, enquanto criança, achava quetoda aquela pressão fazia parte do ambiente escolar. Ser professora era assim – eupensava. E confesso que naquele momento, na infância, eu almejava este poder.Porém, enquanto atuava, sempre tive muita preocupação em não despertar osentimento de medo nas crianças que conviviam comigo. Percebo ao repassarminha história, que sofria mais com os professores que residiam no mesmo bairro.Com os professores que vinham de outros locais eu era muito feliz. Na terceirasérie a professora era de Campinas e não tive problema nenhum. E mais tardedescobri o porquê. Havia no ambiente escolar muita discriminação, emdecorrência de questões culturais. Alguns alunos, em consideração às suasorigens, eram bem tratados. Outros não. Doeu muito quando percebi isto. No finalda quarta série a minha professora, que residia também ali, aconselhou a minhamãe a não dar prosseguimento nos meus estudos, pois alegava que eu era muitomedrosa e chorona. Dizia que eu ressentia-me facilmente. Era muito sensível. Eque conseqüentemente não teria sucesso nos estudos. Minha mãe, diante do meusonho, titubeou, mas ouviu outras pessoas e em 1984, formei-me professora, pelaEscola Normal Estadual Carlos Gomes, de Campinas

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Os percalços vividos na minha carreira estudantil, na escola, os valores trabalhados pela minhafamília e pela comunidade no que concerne ao trato com as pessoas, formaram a minhapersonalidade – que reflete obviamente na minha atuação profissional. Através destes, construíalguns conceitos que considero importantes e que levo comigo: o respeito pelas pessoas,indistintamente, e a preocupação com o sentimento que minhas atitudes podem despertar nestas.Analiso todos os relacionamentos que vivenciei no âmbito escolar, sejam eles negativos oupositivos e reflito a influência que este espaço exerce na construção da identidade emocional deuma pessoa, deixando marcas, às vezes visíveis, outras imperceptíveis, porém determinantes nocomportamento humano.

Quando discuto o tema “Gestão de pessoas no âmbito educacional: fio e desafio”,instigo a percepção do quanto as relações entre as pessoas no âmbito educacional influenciam noobjetivo a que este ambiente se propõe, como um fio condutor de eletricidade, queorganizadamente interligado aos demais componentes em um circuito elétrico, produz de formaeficiente a iluminação desejada. Caso contrário, se houver interrupção dos mesmos e não ocorrer ocircuito elétrico na mais perfeita sintonia, o produto final ficará comprometido, ou seja, não haveráluz. Na educação, as pessoas que compõem as equipes precisam estar muito bem interligadas, emsintonia, com objetivos claros e rumo certo ao destino que se quer chegar. Infelizmente é um grandedesafio que os gestores enfrentam, pois o que mais temos que gerir no âmbito escolar são osconflitos que se estabelecem nas relações entre as pessoas que compartilham este espaço. Muitasvezes vemos o trabalho pedagógico de uma escola ruir, pelo fato das pessoas não terem um bomrelacionamento. E há problemas nos mais variados segmentos: entre os funcionários de apoio, entreprofessores, entre alunos e professores, entre funcionários e alunos, entre direção e professores,entre elementos da escola e comunidade, entre gestores de um mesmo Sistema. Enfim...

E como estas relações marcam a nossa vida! Principalmente quando se trata doenfrentamento entre a criança e o adulto. A criança leva consigo o sentimento construído nestasrelações, para toda a sua vida. Principalmente os sentimentos negativos. Na minha própriaexperiência, verifico o quanto as atitudes e o discurso das pessoas no ambiente escolar provocarammarcas profundas na minha existência. E já se passaram mais de trinta anos... Serei capaz de melembrar dos relacionamentos vividos por toda a minha vida... É muito forte e extremamentemarcante a relação de convivência experienciada pela criança no espaço da sala de aula.(...)

Por: Eliane Faccio

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O GESTOR deve:

Ser pesquisador - deve estudar sua escola constantemente.

Coordenar o Planejamento

Reflexivo/coletivoEducação para a liberdade

O planejamento pode ajudar a mudar a sociedade

Com conhecimento da comunidade Pesquisar/Tabular

Dados norteadores para o Projeto da U.E.

Cada aluno deve ter Mapeado o diagnóstico do processo ensino -

aprendizagem e metas estabelecidas para curto, médio e longo prazo.

Avaliar.

Page 14: O cotidiano escolar

O sorriso e o olhar da criança expressam a ingenuidade, afragilidade e a pureza de um ser em desenvolvimento.O meio influencia. A escola não é o meio todo que a criançainterage, mas é parte significativa na formação do serhumano.

EXCLUIR “O DIFERENTE”

SIGNIFICA ALIJAR

AQUELE QUE MAIS

PRECISA DA

EDUCAÇÃO..

Page 15: O cotidiano escolar

Michel Foucault; Maria Celeste de Moura Andrade

inspirada em Foucault (1999. p. 67-68);

Retomando as contribuições de Michel Foucault, Regina de Souza e Silvio Gallo (2002, pp. 39-63)

Imagens: http://desenvolturasedesacatos.blogspot.com.br/2011/06/poema-o-menino-pobre-imagens-e.html