o cidadão 36

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20 9 5 24 O Cidadão O Cidadão RIO DE JANEIRO - AGOSTO/2004 - ANO VI - N O 36 O Jornal do Bairro Maré HOMENAGEM AO PESCADOR JAQUETA LIVRO DE LENDAS DA MARÉ MORADOR IMPROVISA SEM CORREIO POLÊMICA REFORMA DA PRAÇA DO 18 Revirando a questão habitacional na Maré Revirando a questão habitacional na Maré

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Jornal comunitario da Maré. Rio de Janeiro, Brasil.

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Page 1: O cidadão 36

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Page 2: O cidadão 36

EDITORIAL

�Diretoria

Antonio Carlos Vieira - Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz - Eliana S. Silva

Jailson de Souza �-�Léa Sousa da Silva

Lourenço Cezar �-� Maristela Klem

Editor (interino): André Esteves

Coordenador de Reportagem: Hélio Euclides

Secretários de Redação:

Ligia Palmeira -�Viviane Couto -�Lúcio Mello

Reportagem:

Elizabeth Cardoso - Rosilene Matos

Leonardo Marques

Jornalista Responsável:

Marlúcio Luna (Reg. 15774 Mtb)

Ilustrações: Carlos Contente

Gerente de Márquetim: Paulo José

Publicidade: Cristiane Ferreira

Programação Visual / Diagramação:

Ione Galletti

Diagramador assistente:

José Carlos Bezerra

Repórter Fotográfico: Renata Souza

Distribuição: Fabiana Gomes (coordenadora) Elisiane

Alcântara - Elaine Faustino

Givanildo Nascimento - Michele Nunes

Patrícia dos Santos - Charles Alves

Arthur de Almeida

Fotolitos / Impressão: EDIOURO

Tiragem: 20 mil exemplares

Correio eletrônico: [email protected]

Página virtual: www.ceasm.org.br

O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dosCaetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-3946/2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes,1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

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roblema de casa se resolve em casa certo? Bom, nem sempre... este mês OCidadão vai discutir o problema habitacional na Maré. E esse não é um assuntoque diga respeito só ao aspecto da arquitetura urbana. Mas da concessão dos

títulos de propriedade, que é o reconhecimento do direito do morador das favelas emocupar a cidade. Afinal, porque esse direito formal foi concedido às formas deespeculação imobiliaria motivada por interesses econômicos.

E nessa discussão se desvela a burocracia para a regularizar uma casa, adificuldade de pagar os longos financiamentos dos conjuntos habitacionais, os projetoshabitacionais impostos sem a consulta aos moradores, as estratégias de sobrevivênciae moradia específicas da população. Fica claro perceber que tanto no campo como nacidade a questão fundiária de acesso e ocupação do solo refletem a concentração depode r e renda, as injustiças e desigualdades sociais desses últimos 500 anos dahistória do país.

Falando em estratégias, essa edição traz também uma matéria das diversasformas criadas pelos moradores para distribuir as correspondências nos lugares ondeo correio não chega. Tem também uma página inteira apresentando o Livro de Lendase Contos da Maré produzido pela editora Maré das Letras. E para concluir, vale a penadar uma olhada na página da Memória, uma homenagem ao sr Jaqueta, antigo pescadordo Timbau falecido recentemente.

O Programa de CriançaPetrobras atende a diversasescolas públicas da Maré.

Promove oficinas e atividadesque se tornam extensão

da sala de aula.

Uma conquista dosmoradores da Maré

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Olha só quemanda lendoO Cidadão:

O conhecidorapper da

Cidade de DeusMV Bill,

a pequenamoradora do

TimbauJúlia Almeida

(6 anos)... eaté mesmo o

Bob Esponja.

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������Foto: Renata Souza

le é o que se pode chamar de “o amigo da Escola”.Mas nada que faça referência ao famoso convitepara atuar como voluntário em instituições de

gente... Muitas crianças tem problema em casa e trazemagressividade, por isso a gente entende e passa a compreender oaluno, passa a ter mais cuidado por ele ter uma bagagem daquela.”

Antônio considera que seu trabalho é facilitado por sermorador da comunidade: “Acho que ajuda morar aqui. Eles seespelham em quem mora aqui. Fica de igual para igual. Aproveitoisso. Tenho tentado influenciar com pensamentos de coisas dobem quando vejo desvio do aluno. Digo que isso não leva a nadae que um dia não vai conseguir sair. Eu sou bem brincalhão, masnessa hora fico sério.” – afirma Antônio, que mora na NovaHolanda há 24 anos e é casado. Ele está concluindo o ensinomédio e tem planos de fazer universidade de educação física oupsicologia. Também já fez cursos em agências de modelo comparticipação em comerciais da Sendas e mesmo uma propagandade carro com a atleta Fernanda Keller.

Nosso amigo da escola mareense se emociona quandoperguntado sobre o que aprendeu com o convívio diário comcrianças da comunidade: “O trabalho me deu um grandeamadurecimento de pensar antes de falar, de controle. A criançasme ensinaram muito. Quando chego aqui, meus problemas ficamlá fora no portão, sou outra pessoa. Cuido de um probleminhaaqui das crianças, que conseguem sensibilizar a gente. Vemsofrida para cá e a gente consegue fazer educar. Nossa equipe daescola trabalha junta e um auxilia o outro”.

Nome: Antônio de Souza Oliveira

Idade: 40 anos

Comunidade: Nova Holanda

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bom humor, a responsabilidade e o respeito com que trata ospequenos estudantes mareenses.

Antônio lembra que veio para a escola sem experiêncianesse tipo de trabalho. Entrou junto com funcionários e diretoresainda inexperientes na lida com a tarefa de educação na Maré.“Lembro no início, um caso que ficou gravado: um garoto, quequando fui corrigir, veio com tudo para cima de mim. Saicorrendo o quarteirão atrás dele, nos atracamos. Trouxe-o paraa secretaria. Depois, a direção veio conversar comigo e dizerque não podia agir assim, tinha que educar. Hoje eu tenho essedomínio, vejo o problema com eles.” – reflete.

Mas qual a rotina de um agente educador? Num dia normal,a labuta começa às 7h:15, com café da manhã e a tarefa de ordenara movimentação das crianças. O mesmo acontece no almoço, às10h30, e no lanche das 14 horas... ou ainda na saída, às 17 horas.Antônio afirma que a base de seu trabalho é auxiliar na educaçãoda criança, corrigindo comportamentos inadequados com carinho.“As crianças são carentes e esperam da gente esse carinho. Àsvezes somos pais e mães das crianças. No início, foi mais difícilcom as crianças mais agressivas. Hoje o papel é de amigo. Égratificante, sinto uma espécie de retorno, me sinto familiarizadocom eles. Eles me chamam de Ed Murphy. Mais recentementeum aluno quis falar na sala. Em nome de outros escreveu: Eu teamo e mandou um beijo...queremos o senhor sempre com a

��ensino público. Na verdade, Antônio é inspetor... oumelhor, agente educador do CIEP Samora Machel há20 anos. Aí, a pessoa pode pensar: “Poxa, inspetor éaquele cara chato, mal-humorado, que fica dandobronca nas crianças!!”. Definitivamente, esse não é operfil de Antônio, que é reconhecido pelo carinho, o

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Cuidando do Fogão������������������������������- A chama do gás deve ser azul. Quando estiver parte outotalmente amarela é porque a mistura de gás não está correta,e pode provocar maior consumo. Mande fazer uma regulagem.- Para remover queimados, use uma mistura com água esabão neutro e deixe até soltar.

- Uma vez por semana, limpe o forno da seguinte forma:acenda-o , deixe esquentar um pouco e apague-o. Quandoo vapor tiver feito a gordura descer, limpe com uma misturade água e amônia. Enxugue com papel absorvente.

- Bicos de gás ficam brilhando, se você pingar algumasgotas de limão enquanto estão quentes. Depois, limpe-oscom água e sabão de coco.-�Portas de vidro devem ser l impas com água e vinagre ouálcool.- Ao derramar alguma coisa no forno, imediatamente coloquesal por cima. Depois de frio, escove a parte queimada e limpecom uma esponja embebida em água e sabão.

- Coloque o assado sempre diretamente nas prateleiras do forno.

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esde que assumiu os trabalhos noparque ambiental do Piscinão deRamos, o Instituto Terra Nova vem

Mais verde no Piscinão: projeto deOng constrói viveiros

Robson Ferreira, 22 anos, funcionário doPiscinão. O grupo também tem outrosplanos. “Temos idéia de ensinar o quesabemos ao grupo da terceira idade. Mas

Dtrazendo mais verde para o local. Com aparticipação dos seis funcionários doPiscinão, cinco colaboradores da comuni-dade e os instrutores da instituição, oterreno ao lado do centro de purificação daágua deixou de ser um terreno baldio.Agora é um viveiro com cerca de 1500 m2.

Os seis funcionários do Piscinãotrabalham de carteira assinada, cuidando damanutenção do parque. As atividades nojardim tem o apoio de cinco moradores querecebem ajuda de custo. O espaço é formadopor dois viveiros feitos de bambus numformato de esfera, com estufa. Além dasações na Praia de Ramos, a ong executatrabalhos numa comunidade da Urca e, nofuturo, vai estar no Parque Ecológico da Vilado Pinheiro. O Instituto Terra Nova atua emambientes urbanos de baixa renda, comobjetivo de instalar viveiros por todo o Rio.

Como todo o grupo de funcionáriospassou por capacitação no aprendizado demanutenção de jardins, o trabalho acabaabrindo novos caminhos profissionais.“Abriu horizontes. É uma chance na áreade trabalho com ajuda técnica. Antes sódava manutenção. Hoje já temos idéia defundar uma cooperativa, pois temos umelo e trabalhamos com união” – revela

ão são só funcionários de carteira assinada que cuidam do

privilegiamos a formação.” – afirma o sub-coordenador do projeto, BrunoCoutinho. Além do viveiro e do jardim didático de restinga, os integrantesdo Instituto tem um pensamento sobre o que os jardineiros vão fazerdaqui por diante: “No futuro, eles vão inaugurar um quiosque de vendacom o que sobra do canteiro do piscinão. Os jardineiros cuidam do

paisagismo do local, preservando as espécies, recuperando as plantas.Também multiplicaremos as matrizes e com isso não precisaremoscomprar mais.” – finaliza o funcionário do Terra Nova, Marcos Villela,de 35 anos.

�jardim. Essa tarefa também tem o apoio dos jovens jardineiros querecebem uma bolsa para cuidar do viveiro durante um curso dejardinagem: “É 10... uma oportunidade que recebemos de fazer essecurso durante 4 meses. Gostaria que a comunidade tivesse verdeem cada local útil, sendo assim mais agradável. Aqui utilizamosplantas de restingas” – fala Maria Valquíria, 30 anos.

Os jardineiros já dão passos com o que aprenderam. Umexemplo é que comercializam produtos e serviços, além de ajudarno paisagismo do piscinão de São Gonçalo. Os idealizadores daidéia falam satisfeitos do sucesso: “Tentamos construir nesse espaçoum ambiente de urbanização. Temos a parceria com a SecretariaEstadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR)e a Petrobras. Mas o convênio não cobre os gastos. Mesmo assim,

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precisamos de patrocínio. Trabalho semestresse, mas preocupado, pois estamosgarantidos só até março de 2005.” –comenta Alexandre Felipe, de 30 anos.

Equipe de funcionários do Parque Ambiental de Ramos.

Voluntários e funcionários se revezam na manutenção do viveiro.

Fotos: Renata Souza

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em todas as comunidades da Maré têm o serviço oficial deentrega domiciliar dos correios. Em muitos pontos do

O correio não vem...o jeito é improvisarNbairro, os correios não fazem entregas nas casas e os moradorestiveram que desenvolver seus próprios sistemas de entrega. Querum exemplo? Em Marcílio Dias, uma moradora trabalhavoluntariamente fazendo a entrega domiciliar. A iniciativa facilita

Os Correios informaram que algumas comunidades não têm entrega domiciliar, porque nãooferecem a infra-estrutura necessária para o serviço. A empresa informa que para garantir adistribuição é necessário:

1) oficializar, junto à prefeitura, as ruas com nomes e com placas identificadoras;2) numerar as casas e colocar caixas de correio na entrada delas;3) numerar os endereços em ordem crescente, sendo um lado par e o outro ímpar.

O CDD Bonsucesso já começou a cadastrar no sistema de distribuição as ruas transversais àsruas principais Conjunto Pinheiro II e a Roquete Pinto com o nome que a comunidade adotou. EmMandacaru e Terra Nostra, o cadastro ainda não foi realizado, porque falta nome e numeração nas ruas.O CDD Olaria, responsável pela área, espera que esse problema seja resolvido para que possa atuar.

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buscarem alternativas. AAssociação de Moradores con-tratou um carteiro comunitário.“Pagamos a uma pessoa paraentregar as cartas. Se tivessecondições, pagaria mais cartei-ros, mas gostaríamos que osCorreios entregassem.” – dizGelson Aquino, 32 anos, presi-dente da Associação de Mora-dores do Conjunto Pinheiro.Apesar do improviso, morado-res aprovam o esquema comu-nitário de correios: “O carteirojá entrega há 1 ano. Antes, pe-gava as cartas na associação, senão estivesse lá tinha quebuscar em Bonsucesso.” –conta Patrícia Rodrigues, mo-radora do Salsa e Merengue.

Ruas pequenas sem entrega domiciliarEm Roquete Pinto, apenas duas ruas têm entrega domiciliar

dos Correios. As correspondências são separadas em escaninhos comos nomes dos becos e travessas. “Poderia ter uma parceira entre aassociação de moradores e os Correios...eles trabalham bem, masa comunidade se expandiu. Quem mora nos becos e ruas pequenastêm que vir na associação buscar suas correspondências. Oprograma “Remédio em casa”, por exemplo, atende a cardíacos,diabéticos e emergência. É ruim que esses remédios fiquem paradosna associação...” – fala Joel da Silva.

Para algumas pessoas, a falta de entrega domiciliar éresponsável por transtornos. “Estou esperando o CPF do meu filho,a mais de um mês. Venho todo dia e ainda não chegou. Como nãotem entrega nos becos, tenho que vir buscar. Meu sobrinho pediu oCPF há 15 dias e já chegou porque ele mora na rua principal.” –reclama Silmar da Silva, 53 anos. Em alguns casos, moradores sãoobrigados a ir em Bonsucesso para pegar a correspondência. É ocaso de quem mora no Conjunto Pinheiros II – mais conhecido comoKinder Ovo, onde os moradores precisam ir ao Centro de DistribuiçãoDomiciliar (CDD) de Bonsucesso para pegar suas correspondências.

a vida dos moradores das comunidades Kelson, Mandaca-ru e Terra Nostra, que antes precisavam ir até a associação.

“As cartas vêm para a associação e os moradoresvinham buscar. Mas muitas ficavam aqui. Então, resolvifazer a entre-ga. A idéia partiu de mim. Faço porque gostoe não recebo nada. Alguns reclamam porque as cartaschegam atrasadas, não é minha culpa. Faço entrega todosos dias. Se não quisesse fazer um trabalho sério, nãopegaria essa responsabilidade.” – explica Ana Célia, 35anos, a moradora voluntária.

Salsa e Merengue é outra comunidade onde não háentrega oficial dos correios o que obriga os moradores a

Acima: XXX, entregador do Salsa.

Centro: caixas de correio naAssociação da Roquete Pinto.

Abaixo: Ana Célia, voluntária daMarcílio Dias.

Fotos Lúcio Mello / Renata Souza

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LINHAS DE ÔNIBUS QUENÃO PASSAM MAIS NA MARÉ

N o passado, o bairro possuía váriaslinhas de ônibus que permitiam aseus moradores se locomoverem

almoçando em casa, o que atinge meubolso” – diz a secretária do Ceasm, NeideBarcelos, moradora do Conjunto Pinheiro.

Muitos moradores perguntam oporquê do fim da circulação de ônibus nascomunidades. Fica a dúvida: seria aviolência... ou pouca rentabilidade? Aempresa, procurada para dar explicaçõessobre o assunto, não se pronunciou. Algunsmoradores sugerem o advento das vans.“Acho que o excesso de kombis reduziu onúmero de passageiros das empresas.” – dizo universitário Fagner Caetano, 22 anos.

Desde meados da década de 80 até 1992, a extinta linha 909 era administradapela empresa Vila Isabel. Eram ônibus velhinhos, em final de carreira, perto da

aposentadoria. Na linha existia um motorista que era muitoamigo da criançada, conhecido como Luiz, que davacarona para toda garotada que via pela frente. Nãoimportava se o 909 passava cheio ou vazio... o ônibus só

chegava a 60 km/h... e quando subia o Timbau quase parava,ia perdendo a força e reduzindo a marcha... e tremia, tremia

e tremia. Uma professora da escola Bahia perdoava os alunos que chegavamatrasados, pois vinham de um ônibus que até goteira você encontrava.

O 911 teve seu final como linha de ônibus no ano passado, quando só operava como umônibus escolar... mas a linha também teve seus tempos de glória. Conseguia que o povo fizessem

compras em Bonsucesso e também que os usuários corressem nas ruas do bairro para não perder oúltimo da noite. O 927 circulava pela Baixa do Sapateiro e tinha fama de ser um ônibus animado... existia um

grupinho que andava lá atrás só para cantar. Já o 663 era uma condução romântica, onde rolavam paqueras...muitas depois deram em casamento.

propor-ciona segurança e até contribui paradimi-nuição em 70% a evasão escolar,atendendo a 360 alunos. Nos horários emque não estão sendo usados, ficamdisponíveis para as escolas públicas eentidades para uso em passeios culturais.

Muitos reclamam do fim dos ônibus.“As pessoas que moram na Nova Holandanão têm ônibus para ir à Penha, preju-dicando os estudantes. O fim das linhas atéaqui me atrapalhou, pois trabalho numa Ongna Nova Holanda e quando perco a hora te-nho que vir correndo. Às vezes, acabo não

tanto dentro da comunidade como parafora dela. Cada comunidade tem suahistória de linhas de ônibus que nãocirculam mais por ali. Muitos mareensesda Vila Pinheiros e da Vila do João costu-mavam pegar o 909 (atualmente extinto)e o 919 (que teve seu percurso reduzido)para irem à feira da Teixeira Ribeiro. Etambém as linhas 927 e 911 (CidadeUniversitária-Bonsucesso) que circula-vam por várias comunidades e era um meiodos estudantes irem à Escola Muni-cipalTenente Antonio João, no Fundão. Aslinhas 320 e 330 também cortavam o bairrocom destino ao Centro da cidade. Sem falarno 663 que passava na Praça do 18 emdireção ao Méier.

Atualmente, resta um número redu-zido de ônibus na comunidade e, mesmocom o advento das Kombis, tem prejudi-cado a população, dificultando sua locomo-ção intercomunitária e pela cidade. É o queacontece com quem estuda no Fundão, porexemplo. Com o fim de linhas que ligavama Maré à Cidade Universitária, os estudan-tes teriam que andar pela Linha Amarelaaté a escola. Isso só não acontece porquehá 4 anos a LAMSA, empresa concessio-nária da via expressa, custeia dois ônibusque levam e trazem as crianças nesse per-curso. A psicóloga e técnica de Desen-volvimento Social da LAMSA, Reginade Cássia, informou que o transporte

Histórinhas de motorista, trocador e morador

Linha 663, Méier – Parque União, atualmente desativada

Foto: Arquivo CEASM

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CEASMrecebe Medalha

Pedro Ernesto

Alto: Apresentação da Orquestra de Flautas do Programade Criança da Maré.

Centro: Diretores recebem medalha Pedro Ernesto comoreconhecimento da contribuição do CEASM à Cidade doRio de Janeiro.

Ao lado: colaboradores e estudantes prestigiaram apremiação.

Abaixo: Maria de Fátima Silva se emociona com ahomenagem póstuma à sua filha, Jaqueline Cássia Silva.

Tributo em especial foi prestado em memória de Jaqueline Cássia

ex-aluna do pré-vestibular e estudante de economia. Moradora da NovaHolanda, ela morreu dia 19 de junho, quando voltava para casa numconfronto entre polícia e grupos da comunidade. A presença da mãe deJaqueline emocionou quem falou e o sentimento de perda tomou ospresentes à Câmara Municipal.

Homenagem à Jaqueline

m cerimônia na Câmara Municipal dosVereadores do Rio de Janeiro, oCEASM recebeu a maior homenagemE

oficial carioca como reconhecimento dos sete anos de trabalho.Proposta pelo vereador Adilson Pires, a cerimônia ocorreu dia25 de Junho. Para o veredor do PT, a medalha é oreconhecimento do trabalho de transformação realizado pelasredes de solidariedade: “Este prêmio é uma forma da Câmarareconhecer e prestigiar o trabalho do CEASM”.

Estiveram presentes ao evento os professores,colaboradores e simpatizantes dos projetos além de estudantese ex-estudantes do Curso Pré-Vestibular e do Curso Preparatório.A emoção e alegria esteve presente em todas as falas e discursosda cerimônia. Uma homenagem para todos os que das maisdiferentes formas fazem e fizeram o CEASM nesses sete anos.

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HUMOR CIDADÃO ○ ○ ○ ○○

Um vereador está andando tranqüila-mente na rua Principal da Nova Holanda quandoé atropelado por um caminhão e morre. A almadele chega ao Paraíso e dá de cara com SãoPedro na entrada:

– “Bem-vindo ao Paraíso!” – diz São Pedro– antes que você entre, há um probleminha!Raramente vemos parlamentares por aqui... entãonão sabemos bem o que fazer com você.

– “Não vejo problema, é só me deixarentrar!”– diz o antigo vereador.

– “Eu bem que gostaria, mas tenho ordenssuperiores. Vamos fazer o seguinte: você passaum dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, podeescolher onde quer passar a eternidade.

Assim, São Pedro o acompanha até oelevador e ele desce, desce, desce... até oInferno. A porta se abre e ele se vê no meio deum lindo campo de golfe. No fundo, ele vê o clubena frente do qual estão todos os amigos dele eoutros políticos que haviam trabalhado com ele.

Todos muito felizes, em traje social. Eleé cumprimentado e começam a falar sobre osbons tempos em que ficaram ricos às custasdo povo. Jogam uma partida descontraída,depois comem lagosta e caviar. Quem tambémestá presente é o Diabo, um cara muitoamigável que passa o tempo todo dançando econtando piadas. Eles se divertem tanto que,antes que ele perceba, já é hora de ir embora.Todos se despedem dele com abraços eacenam enquanto o elevador sobe.

Ele sobe, sobe, sobe e a porta abre outravez. São Pedro está esperando por ele.

– “Agora é a vez de visitar o Paraíso.”

Ele passa 24 horas junto a um grupo dealmas contentes que andam de nuvem emnuvem, tocando harpas e cantando. Tudo vai

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Entre o céu e o inferno

muito bem e, antes que ele perceba, o dia seacaba e São Pedro retorna.

– “E aí? Você passou um dia no Infernoe um dia no Paraíso. Agora escolha a suacasa eterna.”

Ele pensa um minuto e responde:

– “Olha, eu nunca pensei... O Paraísoé muito bom, mas eu acho que vou ficar comos políticos após a morte. É melhor no Inferno.

Então São Pedro o leva de volta aoelevador e ele desce, desce, desce... até oInferno. A porta abre e ele se vê no meio de umenorme terreno baldio cheio de lixo. Ele vê todosos amigos com as roupas rasgadas e sujascatando o entulho e colocando em sacos pretos.

O Diabo vai até ele e passa o braçopelo ombro do vereador, que assustadogagueja:

– “Não entendo, ontem mesmo estiveaqui e havia um campo de golfe, um clube,lagosta, caviar, e nós dançamos e nosdivertimos o tempo todo. Agora só vejo essefim de mundo cheio de lixo e meus amigosarrasados”.

O Diabo olha pra ele, sorri e diz:

– “Ontem estávamos em campanha.Agora já conseguimos seu voto!”

A Maré tem problemas sérios no campohabitacional. A questão do saneamentoé grave, comunidades construí-B

das pelo poder público mesmonovas apresentam proble-mas de infra-estrutura... semfalar na busca por moradiaque tem promovido a ocupaçãode várias construções e galpõesabandonados na região. São problemas sérios.Mas olha só isso: a Companhia Estadual de Ha-

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bitação (CEHAB) está promovendo a pintura nafachada de casas situadas de frente para impor-tantes vias expressas da Cidade: sãocasas da Praia de Ramos quebeiram a Avenida Brasil e domorro do Timbau que dão de ca-ra para a Linha Amarela. Bom paraos motoristas de diversos pontos da cidade que,terminada as obras, quando passarem por alivão relaxar com a imagem de uma comunidadede casas coloridas... Mas o que cevem estarpensando quem mora nas casa de trás, que nãopodem ser vistas da Avenida Brasil... nada de

obras. Já não bastasse a população sofrer comproblemas de saneamento, com políciaviolenta, com as escassas opções de lazer...Tá certo que as eleições estão chegando evale qualquer coisa para engambelar mo-rador... mas fala sério, aí...

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m março de 2004,terminou a dramáticanovela para parte dos

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Emoradores do Antigo KinderOvo – assentamento improvi-sado que ficava na Vila dopinheiro. Nessa época foramentregues as casas da VilaPinheiro II. Moradoras comoCélia Frazão, 30 anos,lembram das dificuldades. –“Eu morava num abrigocomo invasora. Aí derruba-ram nossos barracos e nos

Apesar das novas casas, 95 famílias ainda esperam pela segunda etapa das obras.

Foto: Renata Souza

��Por existir apenas há poucos meses, é lógica pensar: a comuni-dade não apresenta nenhum problema nos serviços básicosprestados à população. Parece até brincadeira... mas depois detanta espera, descobriu-se que a instalação de água é feita atravésde uma ligação irregular com o encanamento de uma vila próxima:Vila Lindolfo. “Estamos fazendo assim: de dia vai água para aVila Lindolfo, à noite para a Vila Pinheiro II. Entramos em contatocom a CEDAE e há 3 semanas eles falam que vão vir, mas nãoaparecem. Peço a comunidade para ter paciência com a falta deágua.” – diz Gelson. Apesar de recém nascida, a nova comunidadejá tem vários nomes: Vila Pinheiro II, Kinder Ovo e Marrocos.

�������������������� �.�������������colocaram no aluguel. Tenho 5 filhos e morava de favor com aminha sogra há mais ou menos 3 anos. Foi tudo muito difícil,pois tive que fazer minha mudança a pé. Mas foi um sacrifícioque compensou. Já estou na casa há 2 meses. A casa é boa e osvizinhos são bons.” – conta

Mas Infelizmente a novela Kinder Ovo não terminou paratodo mundo. Existem 95 famílias aguardando a segunda etapa daobra que ainda não começou. De acordo com a prefeitura estátudo certo para o início das obras. No entanto, não há previsãopara a entrega. “Foi gratificante ver todo mundo com suas casas,mas não muito feliz porque nem todos conseguiram.” – concluiGelson Aquino, presidente da associação de moradores da VilaPinheiro, que administra também a Vila Pinheiro II.

O Cidadão é o jornal do bairro Maré. Suas matérias, textos, fotos, desenhos abordamquestões e fatos da vida nas comunidades mareenses: os problemas, o cotidianodos moradores, sua história... enfim: o que é a vida na Maré – bem diferente do quefaz a grande mídia que só retrata aspectos negativos do dia-a-dia na região. É porisso que O Cidadão vem sendo usado em sala de aula por diversos professores nasescolas públicas da região. Não é raro encontrar provas das escolas com textos dojornal. Isso vale para diversas matérias: Geografia, História, Português. O mesmoacontece com trabalhos de pesquisa, quando numerosos grupos de estudantesmareenses chegam ao CEASM em busca do Cidadão. Pode-se até dizer que nasescolas, o jornal já virou até material pedagógico. Alguns professores do CiepGustavo Capanema adotaram o jornal como fonte de pesquisa para seus alunos.“Eu acho o jornal importantíssimo, pois mostra a história da comunidade. NoHistória da Maré os alunos se identificam muito e fazem comparação com osaspectos anteriores das comunidades com os atuais” – afirma a professoraMaria das Graças Silva.

Mas o jornal não recebe só elogios. Alguns professores e alunos achamque o jornal precisa dar espaço para que as escolas coloquem trabalhospedagógicos e outro para adolescentes. Para todos que quiserem mandarcartas e sugestões podem ligar para o 2561-4604 e pedir para falar comquem estiver na sala do jornal ou mandar um e-mail: [email protected].

Professores cidadãos

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esde que veio de Natal para a Maré, no início da década de50, Severino Moura já morou em 3 casas diferentes. Assim

que chegou morou em uma casa alugada. Depois construiu umacasa onde morou com a mãe até se casar. Já casado, Seu Severo –como é conhecido na comunidade – construiu ao lado da casa damãe. “Construí um cômodo no terreno da minha mãe, com doisandares” – lembra. O tempo passa, a família cresce e a casa foificando pequena para seus 4 filhos e 6 filhas. Resultado: novamudança de endereço: “Troquei a antiga casa por uma de estuque,de pau-a-pique... mas com um terreno maior. A nova casa foi

DD ampliada aos poucos. Fiz a sala, fiz um quarto, fiz outro, depoisa cozinha, foi tudo aos poucos... obra gasta, né?!”– conta. Quandoa crise econômica apertou o cinto de grande parte da populaçãobrasileira, uma parte da frente da casa virou uma vendinha. Atéhoje, Seu Severo guarda o título de troca feito pela associaçãode moradores e a escritura que recebeu do Ministro MárioAndreazza, quando sua casa foi regularizada pelo Projeto Rio.Nessa época, cerca de 7 mil moradores de palafitas foramtransferidos para as comunidades da Vila do joão, Vila Pinheiroe conjuntos Pinheiro e Esperança.

A novelada legalização fundiáriaA novelada legalização fundiária

Foto: Rosinaldo Lourenço

Seu Severo, antigo morador da comunidade.

Nas entrelinhas da história de Seu Severo escreve-se a forma de habitação da cidade de 10% da populaçãocarioca – cerca de 1, 4 milhão de pessoas. São as favelas.Outros espaços da cidade se caracterizam pela ocupaçãodeterminada pelas regras do capitalismo e da especulaçãoimobiliária. A favela está ligada às necessidade e estratégiasde vida de seu morador. Se precisa ocupar um lugardesprezado pela especulação imobiliária: constrói-se casano morro ou a palafita no mangue. Se a família cresce,constrói-se um ou dois andares... se o bicho aperta, constrói-se um puxadinho com uma vendinha na frente da casa... éuma casa-devir morador. Não se pode discutir a questãoda cidadania sem a conquista do direito de ver regu-lamentada sua forma de ocupar a cidade. Isso fica claroquando se percebe que até o início da década de 90, asfavelas não integravam os mapas oficiais da cidade. NaMaré e em outros espaços populares, grande parte dosmoradores não tem a titulação de sua propriedade.

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a cidade do Rio de Janeiro, nenhum espaçoconcentrou tantas formas de ocupação e

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Nas comunidades mais antigas, onde a ocupação se deu pelo própriomorador, regularização do imóveis já está avançada. No Morro do Timbau,a maioria das casas possui escritura, conseguida durante o Projeto Rio.Falta regularizar áreas residênciais em áreas de pedreiras e terrenosparticulares desapropriados pelo Estado.

Em outras comunidades antigas, como a Baixa do Sapateiro, ParqueMaré e Parque União, as associações de moradores acreditam que a maioriadas casas possuem título de propriedade. O processo de regulamentaçãofundiária nessas áreas é mais ou menos o mesmo: primeiro o moradorrecebe o direito do uso de solo, depois o certificado de posse para depoispedir o título de propriedade, que chega através do usucapião - termousado para dizer que quem usa a terra por muito tempo acaba se tornandoproprietário dela. É o caso de Nicéia Perpétua da Rosa Laurindo, de 62anos, da Rua da Praia de Inhaúma. “Eu sou filha do Seu Albano, que foium dos primeiros moradores daqui. Meu pai chegou aqui há 80 anos, eleera pescador” – diz Nicéia. Moradora há mais de 60 anos ni local, o títulode propriedade só chegou nos anos 80. Em 1986 conseguimos o título depropriedade.”

Em Marcílio Dias não existe um levantamento de quantas casaspossuem título de propriedade. Já na Praia de Ramos, depois do Piscinãoe da reforma do posto de saúde, houve uma valorização da área, masgrande parte das casas continuam sem regularização.

Morro do Timbau é uma das mais antigas áreas de ocupação da Maré. Boa partedos moradores conseguiu o título de propriedade

Narquiteturas diferentes como a Maré. A favelalabiríntica de morro ao mais cartesiano conjuntohabitacional modernista, passando por palafitas econjuntos habitacionais favelizados. Quer dizer: mui-tas são as estratégias de habitação do bairro. Umbom exemplo é o caso de Maria Felinto Monteiro. Suahistória de moradia na Maré é bem distinta de SeuSevero. Mora há 11 anos em Bento Ribeiro Dantas,conjunto habitacional construído pela prefeitura nadécada de 90. Quando chegou na nova casa, estava

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cheia de esperança e motivação pela conquista de um sonho comuma grande parte dos brasileiros: ter a sua própria casa. Mas aos poucosas prestações da sua casa de tijolo vermelho foram aumentando. Asparcelas foram pesando e o previsto para ser pago em 4 anos, foi seestendendo....

“Moro aqui há 11 anos e tinha 4 anos para pagar. Não mepreocupo com o que vai acontecer. Já paguei 8 e ainda faltava, masnão tinha mais como pagar. Só ganha o título quem já pagou tudo.Nós ainda não pagamos. Já até falaram que iam dar o título pra quempagou e quem ainda não terminou de pagar. Em época de eleição,eles falam tudo.”

Moradores de outros conjuntos habitacionais construídos peloProjeto Rio como os Conjuntos Pinheiro e Esperança vivem situaçãosemelhante. Pois os mutuários que quitaram as prestaçõesestabelecidas pelo projeto Rio como os que não pagaram não possuema titulação definitiva de responsabilidade da Cehab. No conjuntoEsperança o financiamento tem sido um dos principais problemaspara conseguir o título de propriedade. De acordo com a moradoraMaira de Lurdes de Souza, 54 anos, existem mais moradoresregularizados do que os que não podem pagar. “Paguei durante 18anos. O financiamento é de 10% do salário mínimo e tenho muitosamigos que não têm condição de pagar por este custo”.

No Conjunto Pinheiro construções feitas pelos moradores se misturam com oprojeto habitacional do governo

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ode-se dizer que a Maré foi ocupadade duas formas: pelo morador e peloP Mesmo antigos projetos habitacionais

como a Vila do João e Vila do Pinheiro foramremodelizados de acordo com as necessidadescotidianas do morador. No entanto, nesses 20anos, uma natureza quase orgânica da casa-morador foi transformando o que era padrão-empurrado-goela-abaixo pelos projetosperversos de habitação popular do poderpúblico. O tempo passa e a alinhada casa deum andar ganha um puxado para fazer avendinha, outro puxadinho para aumentar oquarto, sobe um andar para o filho que casou,bota ladrilho verde para embelezar a moradia,sobe mais um andar para o filho mais moçoque se ajuntou com a vizinha, faz uma áreade lazer na laje para o churrasco de sábado...e pronto: a casa-feita-pelo-Estado não resisteà potência mutante da casa-morador. Quemcompra uma casa em qualquer imobiliáriaadquire um bem abstrato, neutro, sem história.Cada pequena habitação dos espaçospopulares guarda histórias de 20, 30 anos devida.

Na Vila do João e Vila do Pinheiropoucos moradores tem a titulação definitiva,que era responsabilidade do BNH, depois daCaixa Econômica e mais tarde da CEHAB.

as comunidades mais recentes feitas pelo poder público, aregularização ainda está longe. No Salsa e Merengue, poucos

poder público. Seu Severo relembra queesforço e a criatividade eram os instru-mentos de ocupação da cidade.

“Durante a construção da PonteRio-Niterói, os caminhões vinham de ma-drugada e despejavam o concreto quepassava do ponto. A gente ficava às ve-

zes a noite toda espe-rando os caminhões praacertar o concreto e fa-zer as ruas e aterro. Àsvezes ficava a noite in-teira acertando o concre-to e acordava cedo parair pro trabalho.” – lem-bra. Esse tipo de ocupa-ção gerou suas própriasregras que só são encon-tradas nas favelas. Umbom exemplo é o direitode laje, que se transfor-

ma num bem familiar ou estratégia de geraçãode renda. “Terminei minha casa e dei minhalaje pra minha filha construir a sua. Agora alaje é dela.”, conta Seu Severo.

PROJETOS DESCONECTADOS COM A VIDA DA POPULAÇÃO

moradores receberam o título da Prefeitura,. Por enquanto, sóreceberam um documento confirmando o direito de uso do solo. ONovo Pinheiro ficou pronto em 97 e os títulos de propriedadecomeçaram a ser distribuídos pela prefeitura em 2002. De acordo

além do condomínio Sem Terra já existe o Tartaruga, com um desenhode uma tartaruga no portão de entrada. E tem outro onde os novosmoradores compraram o terreno da antiga fábrica e construíramsuas casas em volta da antiga sede da indústria, que foi preservadapara se tornar a Casa de Cultura do Parque União. Nesses novosterrenos a busca pelo título só está engatinhando...

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com a moradora e estudante Guaraciara Gonçalves, 23 a-nos, muitos moradores confundem este documentoprovisório com o título de propriedade. Ainda segundoela, o programa habitacional deveria ser melhor pensado,pois segundo o contrato, não é permitido alterar o imóvel.Com esta cláusula o morador fica em uma situação em queele não pode melhorar a sua própria casa!

Situação semelhante acontece com projetos comoas casinhas de Bento Ribeiro Dantas e Nova Maré onde aarquitetura impede a utilização da casa pelo moradorcomo o direito de laje por exemplo.

Se o poder público não constrói, os moradores estãoconstruindo seus próprios condomínios... Pelo menos é oque parece para quem passa no Parque União no acesso aoHospital Universitário da UFRJ. As antigas fábricas queficavam na beira da estrada se mudaram e ficaram pormuito tempo ociosas, sem uso. Algumas viraram pratica-mente terrenos abandonados. No final dos anos 90, algumaspessoas ocuparam o terreno da fábrica e foram chamadosde Sem-Terra, em referência ao MST. O nome ficou e hoje,

Em muitos projetos as casas construídas dificultam a ampliação da moradia,fundamental para atender as necessidades das familias.

Ocupação dos moradores X projeto do poder público

Na Maré, existem comunidades que seformaram pela ocupação dos morado-res (Nova Holanda – foto superior) eoutras construídas pelo poder público(Salsa e Merengue - logo acima).

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as muitas comunidade recentes estãolonge da regularização. E quando o título

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de propriedade é exigido para alistamentomilitar, provas para concursos públicos como ovestibular e até entrevista para empregos? Écom esse objetivo que as muitas Associaçõesde Moradores se oferecem para mediar os con-tratos de compra, venda e aluguel de casas,como no caso da associação de moradores daRoquete Pinto, que possui um cadastro de todosos moradores e que emite certificado de comprae venda das propriedades da comunidades.

Segundo a associação, a firma do presi-dente é reconhecida em cartório e o certificado

Além do título individual existe um outro, o coletivo, que busca reconhecera comunidade. De acordo com o Ministério das Cidades, a prova daposse coletiva de uma área pública pode ser efetuada se houvercomprovante por mais de cinco anos dos seguintes documentos:

1) Registro das crianças na escola e dos moradores no posto de saúde;

2) Existência de equipamentos públicos e comunitários na área públicaocupada (escolas, creches, centro comunitário, posto de saúde);

3) Prestação de serviços de coleta de lixo, transporte público,fornecimento de energia e água;

4) Iluminação pública;

5) Mapas e fotos aéreas.

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é reconhecido como documento. Apesar de não ser o título depropriedade, o certificado é um importante documento para adquiriro título definitivo. E foi uma solução para evitar desentendimentos.Além dele outros documentos importantes são as contas de luz ede telefone, que indicam que a pessoa morou no local durante todoo tempo. Para Sheila Fortino, que trabalha na associação demoradores, a associação lembra também que quem comprar ou vendersuas casas deve registrar o título de compra e venda em cartório ouprocurar a associação como um comprovante.

A grande preocupação agora é preservar a escritura. SeuAgamenom Joaquim Agamenon Mendes, antigo líder comunitáriodo Timbau lembra que muitas famílias não conseguiram a escrituraporque o proprietário faleceu e os familiares não conseguiramtransferir a propriedade. Seu Severo concorda: “o processo deregularização é lento – tem que guardar tudo – guardo tudo”.

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����������������� A construção de casas populares foi muito utilizada como promessa decampanhas de muitos políticos que prometiam a construção e o fim do pagamentodas prestações. Feitas na pressa, são construções de casas mal feitas, para ficaremprontas próximo às eleições. “Essas casas são todas de um modelo padrão propovo saber que foram eles que fizeram”, critica seu Severo. Outras vezes ,sãoprojetos de “melhoria” que emboçam as fachadas e pintam somente as casaspróximas as grandes vias como Linha Vermelha e a Linha Amarela.

Em cada história, a busca pelo reconhecimento da propriedade pelo usoda terra está sempre presente e é representado por um documento: a escriturade propriedade. que não é só um papel, mas o reconhecimento e o respeito deocupar formalmenta a cidade em um bairro que há 10 anos atrás, não existianos mapas oficiais.

É interessante perceber que em grande parte dos espaços populares como a Maré, as casas são construídas atravésde mutirões, de redes de cooperação e solidariedade entre os moradores. Aqui vale uma consideração: é verdade que aMaré no curso dos últimos 20 grandes intervenções do poder público, tanto na urbanização como na construção decomunidades. Mas qual a natureza dessas obras. Bem... são feitas com nenhuma ou pouca consulta aos moradores. Sãoprojetos idealizados fora desses espaços que pouco levam em conta o cotidiano da população. São construções malrealizadas e com acabamento precário. Para não falar das reformas de maquiagem que volta e meia se faz nas casas maisexpostas a zonas de fluxo na cidade. Isso sem falar que não bastam obras como o Favela-Bairro que pretendem fazerintegraçãoestrutural entre a favela e outros espaços da cidade. É preciso que se pense nas possibilidades de fluxo eacesso dos moradores às opções de vida na cidade nos campos da cultura, lazer e educação. Pesquisas mostram queprojetos como o Favela Bairro não conseguiram diminuir o índice de violência nas comunidades onde foram realizados...enfim, cidadania é algo que se pretende ter por inteiro e não pela metade.

Condomínio recente construído próximo ao Parque União

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a Maré, não é muito comum ver paiscolocando os filhos para estudar em

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Nescolas particulares. Mensalidades altas eescolas distantes são motivos que fazem oensino privado no bairro não ser boaopção. No entanto, um grupo de moradoresse tornou exceção dentro dessa lógica. Sãoos que conseguiram uma vaga na unidademareense do Santa Mônica – famosainstituição de ensino privado do Rio – quefica na Capela Jesus de Nazaré, na ruaIvanildo Alves, nº 83, na Baixa doSapateiro. A escola oferece cursos da 1ª à4ª série.

O ensino é totalmente gratuito. Ouniforme e o material didático também. Aúnica coisa cobrada dos pais é estimularseus filhos a estudarem também em casa.Mas isso não tem sido problema: “Aparticipação das mães nas reuniões e nasoutras atividades é muito grande” – contao professor Cícero Leite, coordenador daunidade e morador da Maré. Ele foi o eloentre a escola e a comunidade. “Há algumtempo, eu já falava com eles sobre apossibilidade de se fazer uma escola aqui.”– conta.

Cícero lembra que há três anos,quando a unidade foi instalada, o processode adaptação foi um pouco difícil. Mas aospoucos, as dificuldades foram sendosuperadas. No início eram 180 alunos.Hoje já são 304 e o número só não é maiorpor falta de espaço. A proposta de trazer oColégio santa Mônica para a Maré foi deum padre. A igreja Jesus de nazaré sóprecisaria ceder um espaço. “Precisávamosfazer uma obra para receber a escola, poisnão havia espaço. Mas um outro padreamigo nosso fez uma doação e pudemosfazer a obra.” – conta Padre Francisco.

Alunos das turmas de 3ª e 4ª série do Colégio Santa Mônica/Maré

Foto: Renata Souza

s profissionais do Santa Mônica quevieram trabalhar na Maré se surpreende-

dos alunos foi reprovado. Aqueles que têmdificuldade recebem atenção especial parapoderem superá-la.

As crianças também participam deatividades extra classe. Além de poderemfreqüentar o Centro Esportivo do SantaMônica, em Higienópolis, também sãolevados a atividades culturais como teatro,museus e exposições. O objetivo é levá-lasa conhecer outras realidades. Alguns alunos,depois de saírem da escola, fizeram prova econseguiram bolsa de 100% em outrasescolas particulares. “Mesmo que, depois depassarem por aqui, eles não consigam sematricular em uma escola de alta qualidade,vão conseguir aproveitar de forma muitomelhor o ensino de outra escola.” – comentao Padre Francisco. As inscrições para o SantaMônica são realizadas através de uma provade seleção, que ocorre em outubro.

Professores se surpreendem com alunos

Oram com a resposta das crianças e dos pais.“Houve uma dificuldade de trazer professo-res para cá. Mas depois que os primeirosvieram, ficou todo mundo querendo vir.” –recorda Cícero. O nível de ensino na Marénão é diferente das outras unidades doSanta Mônica. O programa e o materialutilizados são os mesmos. E as crianças nãoreclamam do ensino puxado: “Só acho umpouco difícil português e matemática” –conta Marcos, de 10 anos, que está na 4ªsérie. Os pais também gostam do resultado.Gilmara Francisco dos Santos acha que suafilha ficou mais esperta, depois que come-çou a estudar. “Eu acho a escola muito boa,foi um projeto muito bom. A criança apren-de mais. Além de ser tudo de graça.” –comenta ela, que é mãe de Gabriela, de 8anos, que está na 1° série. Até hoje nenhum

Escreva para a A penúltima página de O Cidadão foi criada para o exercício da livreexpressão do morador. É um espaço para publicação de artigos, poesias, contos,charges, fotos ...

A Página de Rascunho só tem razão de existir se os moradores ocuparemeste espaço. Por isso, não fique acanhado e mande sua colaboração para OCidadão.

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Página de

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PLANTÃO O CidadãoToda sexta-feira, das 14 às 18 horas, uma equipe do jornal vai estar

de prontidão nas sedes do CEASM Nova Holanda e Timbau.

Apareça e dê sua sugestão de matérias, colabore com críticas,poesias ou qualquer outra contribuição.

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Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056

Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443www.acao-comunitaria.org.brAÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL

RIO DE JANEIRO

Leonardo Barbosa, monitor da oficina de grafite da Ação Comunitária do Brasildo Rio de Janeiro (ACB/RJ) e morador da Vila do João, na Maré, teve uma de suastelas exposta na sala de exibição do ITC (International Trade Centre) durante a XIReunião Quadrianual da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio eo Desenvolvimento). Os debates do encontro giraram em torno das relações entreestratégias nacionais e desenvolvimento e processos econômicos globais.

Além da tela de Leonardo e da presença de sua equipe técnica no evento, ainstituição também participou, com os produtos sociais desenvolvidos em suas oficinasartísticas, do estande da Abong montado na URBES (termo latino que significa “cidade”),evento que estava ocorrendo paralelamente à reunião da UNCTAD, por iniciativa dogoverno municipal.

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Page 19: O cidadão 36

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Praça do 18 passou um longo tempofechada para obras. Atualmente,com os trabalhos de restauraçãoA

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Muitos moradores que moram ao redor da praça gostaram da reforma. “Eu cheguei a morar naspalafitas que tinham aqui na praça. Minha mãe é que gostaria de ver a praça bonita desse jeito, ela era

uma das moradoras mais antigas, mas infelizmente morreu no ano passado e não viu a praça do jeitoque ela está agora” – comenta Maria Cristina da Silva, que mora há 37 anos no local.

Mas nem todos acham que a praça está perfeita. Principalmente em função dasgrades que agora cercam o local e impedem a mobilidade dos moradores

quando acontece algum problema. Maria da Penha da Silva, de27 anos mora ao redor da praça e também trabalha num

quiosque local. Ela tem outro motivo de implicânciacom as grades. “E o movimento também diminuiu,porque as pessoas tem preguiça de dar a volta napraça... antes passavam por dentro da praça”.

Essas questões foram levadas ao presidenteda associação da Baixa do Sapateiro

Teófilo Dias. Ele respondeu: “Emrelação a cerca, tudo foi feito de acor-do com a comunidade. Apresentarama planta e ela foi escolhida pela comu-nidade. É uma questão da genteestudar, mas por enquanto a maioriaestá de acordo com a praça. Esta-

mos brigando para cobrir a quadra ecolocar grama sintética” – finaliza.

Foto: Renata Souza

Foto: H

élio Euclides

encerrados, os moradores estão usando aPraça. Fica a pergunta no ar: a reforma dapraça está acabada? A reinauguração já foifeita? Como o morador é o último a saberdessas coisas, O Cidadão foi a campo paradescobrir isso. De acordo com o assessorda R.A, Charles Gonçalves Guimarães, aPraça foi inaugurada: “Teve uma pequenainauguração e com esta solenidade a praçafoi dada como inaugurada”.

No entanto, a Praça está sob a res-ponsabilidade da Associação dos Mo-radores da Baixa do Sapateiro. E o pre-sidente da Associação, Teófilo Dias, afirmaque as obras não terminaram legalmente:“Fizeram uma inauguração fajuta que nãovale. Faremos uma com a participação dacomunidade. E a praça foi pedida pelacomunidade”.

O término das obrasdepende de pequenos deta-lhes e sua inauguraçãoainda não tem datamarcada. De acordocom Dias, a praçaterá um novo nome,escolhido num ple-biscito feito pelos jo-vens do projeto VidaNova. Os nomes emvotação serão de moradoresfalecidos que prestaram algumserviço à comunidade.

CERCA NA PRAÇA DESAGRADA

SABOR DE MARÉ

INGREDIENTES

8 gemas3 colheres (sopa) de açúcar1 colher (sopa) de margarina derretida1 lata de leite condensado1 xícara de leiteRaspas de casca de limão

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MODO DE FAZERBata as gemas até formar uma espuma,acrescente o açúcar, as raspas de limãoe a margarina derretida. Bata junto oleite condensado e o leite. Unte umaforma refratária com margarina esalpique açúcar. Asse no banho Mariapor uma hora mais ou menos.

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texto aí em cima é a introdução deuma antiga história conhecida pormuitos moradores da Maré: O Porco

Um livro sobre as Lendas da Maré

Na verdade, os 7 contos que compõemo livro são uma mistura de depoimentos erelatos de moradores antigos com a criativi-dade dos jovens estudantes do curso de produ-ção literária. O projeto gráfico foi esboçadopelos alunos de Produção Gráfica. As ilustra-ções e fotografias foram produzidas tambémpelos alunos das Oficinas da Imagem e Comu-nicação... Enfim... eis um livro produzido qua-se inteiramente por jovens de diferentes co-munidades da Maré. Sem contar com o impor-tante apoio da Rede Memória do CEASM e daInfraero – que patrocinou o livro e as oficinas.

Só para concluir, vale dizer que OLivro de Lendas e Contos tem como pano defundo as singularidades geográficas,históricas e sociais do bairro. São estóriascontadas por antigos moradores: pescadores,migrantes do campo e do sertão... pessoasque foram empurradas para a aventura urbanapela desigualdade social do país e quetrouxeram na bagagem uma forma própriade olhar a realidade... uma forma de ver avida cada vez mais esquecida na fria lógicade consumo do mundo globalizado.

Ocom Cara de Gente, que nasceu na Baixa háuns 30 anos. Mas o legal mesmo é dizer queesse caso junto com outras 6 histórias foramtransformados no Livro de Lendas e Contosda Maré. E quer saber mais, esse livro estásendo publicado pela Maré das Letras, umselo editorial do próprio bairro. Agora, umapergunta: “Se não é comum produzir livrosem espaços populares como a Maré, como éque esse livro foi feito?”

Bem... na verdade, o Livro de Contose Lendas da Maré é resultado de um projetoiniciado em 2000, que envolveu oficinas deImagem e Comunicação do CEASM. Durantequase um ano, os jovens alunos do cursode produção literária pesquisou eentrevistou antigos moradores em busca dehistórias que ainda hoje habitam oimaginário da população do bairro: Afigueira mal-assombrada, O ensopado decobra, A festa de casamento nas palafitas,O porco com cara de gente, O lobisomem, Obloco Mataram Meu Gato e A mulher loira.

A editora Maré das Letras tem por objetivo estimular a publicação de publicações escritas de diversas ordens – livros,cartilhas, revistas, jornais, etc – elaboradas por moradores da Maré, de outros espaços populares do Rio de Janeiroe de outras partes do Brasil. A idéia é criar um pólo de produção editorial desenvolvendo produtos culturais a partir dasnarrativas, reflexões, linguagens, e práticas cotidianas dos moradores dos espaços de favelas do Brasil.

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Livro de Contos e Lendas da MaréEd. Maré das Letras – 80 pagPreço: R$ 10,00À venda no CEASM - Nova Holanda e Timbau (tel: 2561-4604)

“Era uma manhã nublada... acho que foi num dia de meio de semana... lápara os idos de setenta e alguma coisa. Eu tomava o café da manhã comminha tia. Mergulhava no café com leite, o último pedaço de pão, quandoescutei a gritaria. “Nereu, ô Neeeerêu!!!”. Pela voz percebi logo que eraZumira, vizinha do baraco em frente. Estava Eufórica. Entre palavraenroladas, entendi que me chamava para ver uma estranha criatura quetinha nascido no chiqueiro da Baixa do Sapateiro...”

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Iraci Costa é cantora, compositora e atriz. Nasceu em Minas Gerais e veio para o Rio deJaneiro ainda na infância. Há quase 30 anos, vive na Nova Holanda. Aos 48 anos, resolveucantar. E hoje, aos 64, realiza o sonho de ter o seu cd.

O cd Estrela da Madrugada foi gravado com o dinheiro conseguido catando latinhas na Praiado Flamengo. Iraci trabalha como diarista. “Trabalho em duas casas por semana e nos finais desemana, cato lata. Tenho apoio das minhas patroas e das pessoas que juntam latas pra mim” – diza cantora. É ela mesma quem vende os cd’s. Fofoqueira, sua música de trabalho, é de sua autoria.Assim como as outras do cd.

Iraci já se apresentou em clubes, restaurantes e lugares bem conhecidos – como o Palácio doCatete – mas reclama que seu trabalho não é reconhecido na Maré. “Não precisei vender milhões

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para ser reconhecida. Com 130 cd’s já dei entrevistas parajornal e televisão. Não precisei de muita coisa para chegara algum lugar. Mas aqui nunca se importaram com meutrabalho. Teve gente que torceu o nariz pra mim.” – conta.A falta de apoio da comunidade desanima a cantora.“Meu plano é cantar, fazer shows e conhecer muitoslugares. Espero que apareça um empresário, ou alguémque se interesse em me ajudar.” – deseja.

Se você se interessa em conhecer o trabalhode Iraci Costa, pode procurá-la na Rua JuscelinoCaetano, nº 4, Nova Holanda (próximo à praça).

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Equipe de Fitoterapia da Sala Comunitária

Onde encontrar chás terapêuticos: Via A1, 120. Centro Comunitário

Vila do Pinheiro

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IndicaçõesReumatismos, artritismos e tosses rebeldes

Ingredientes1 colher de sopa de folha de samambaia1 copo de água (200 ml)

Modo de preparoQuando a água estiver fervendo, coloquea folha. Desligue o fogo e deixedescansando por 15 min. Coe e beba.

Dica: o chá deve ser feito sempre nahora em que se vai bebê-lo.

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• Panela esmaltada (não serve de alumínioou vidro);• Moldes para sabonete em silicone ouplástico;• Mexedor de plástico(pode ser uma colher ou um palito);• Glicerinada branca;• 4 col. (sobr.) bem cheias de pó de café;• 3 col. (sobr.) de essência de café;• 1 col. (sobr.) de óleo de oliva, são 5 ml(utilizado para temperar salada).

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mesmo!��������Faça

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�� N� Pique, direto na panela, a base deglicerinada em lascas bem finas;4� N� Deixe derreter, misturando com omexedor. Na falta do fogão elétrico,derreta em banho-maria no fogão a gás,com fogo baixo;9��N�Quando a base estiver bem derretida,desligue o fogo e deixe descansar;:� N� Com a panela morna, vamos para opróximo passo.7�N Coloque o óleo de oliva. Mexa bem,até que o óleo se incorpore na base;8�N�Agora, coloque o pó de café, mexendobem para tirar os grãos que insistem emficar grudadinhos na panela;

<�N�Coloque a essência de café;;�N Por fim, coloque a mistura em forminhasde plástico ou em moldes de silicone;��N Deixe secar por uma hora. Desenformefazendo uma le-ve pressão epronto.

N o t a :Os mate-riais você en-contra em su-permercados ou emlojas de artesanato.

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uem gosta de um esporte quer fazê-lo em qualquer oportunidade. E às

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Qvezes o destino prega peças na gente. Foio que aconteceu com Débora de Paula Vianada Costa, de 14 anos, moradora do morrodo Timbau. Antigamente, ela jogava vôleina Vila Olímpica da Maré. Mas como tinhaque esperar o primo e acabava assistindosuas aulas de tênis, começou gostando doesporte. Daí, faltou pouco para trocar ovôlei pelo tênis.

Hoje Débora é treinada pelo mesmoprofessor Ricardo Santana. Só que não maisna Vila Olímpica – que está fechada. O pointdo tênis mareense do momento é umaquadra construída com a ajuda dosmoradores no Salsa e Merengue. Ricardodá aulas de tênis no local para cerca de 60alunos da comunidade, de 4 a 18 anos, noperíodo da tarde. Todos os alunos sãoinscritos na Federação de Tênis do Estadodo Rio de Janeiro. Na verdade, esse é oprojeto Tênis Para Todos, que começou emdezembro de 2003. Através de doações,conseguiu-se equipamentos como roupas,raquetes e o direito de competir sem pagar.

Numa kombi, Ricardo sempre leva ascrianças para os torneios que participa forada Maré. Afirma que é uma forma de mostrarpara os alunos que esse esporte não é sópara pessoas da zona sul. “Quando comecei,

queria dar um esporte diferente, pois aqui sótem futebol. E o tênis pode ser jogado tantopor meninos como meninas” .

Os alunos já competiram em diversoslugares como Angra do Reis, na Barra (esportecenter), no clube Payssandu (na Lagoa Rodri-gues de Freitas), Jardim Guanabara e noFluminense. E o grupo já tem até jogadores

esboçando um início de carreira vencedora.É a história de Débora que já ganhou umcampeonato e outros dois segundo lugares.Os alunos que se destacam ganham umaraquete. Infelizmente, o projeto ainda nãotem patrocinador. Quem estiver interes-sado em ajudar pode ligar para 2230-4403de 10h às 19h.

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Veja aqui em que idades eque vacinas se deve tomar

desde o nascimento

�����Ao nascer

1 mês2 meses2 meses2 meses4 meses4 meses4 meses6 meses6 meses6 meses6 meses6 meses9 meses15 meses15 meses15 meses

A partir dos 6 anos10-11 anos15-49 anos

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Contra Hepatite BDTP (tríplice bacteriana)

VPO (sabin)Contra H. influenzae b (Hib)

DTP (tríplice bacteriana)VPO (sabin)

Contra H. influenzae b (Hib)DTP (tríplice bacteriana)

VPO (sabin)Contra H. influenzae b (Hib)

Contra Febre AmarelaContra Hepatite BContra Sarampo

DTP (tríplice bacteriana)VPO (Sabin)

Tríplica viral ou Dupla viralBCG-ID

Dt (DUPLA ADULTO) / Contra Febre AmarelaRubéola monovalente

��������������Tuberculose e Hepatite B

Hepatite BDifteria, Tétano e Coqueluche

PoliomieliteMeningite por Hib e outras infecções

Difteria, Tétano e CoqueluchePoliomielite

Meningite por Hib e outras infecçõesDifteria, Tétano e Coqueluche

PoliomieliteMeningite por Hib

Febre Amarela e outras infecçõesHepatite BSarampo

Difteria, Tétano e CoqueluchePoliomielite

Sarampo, Rubéola e CaxumbaTuberculose (em suas formas mais graves)

Difteria e tétano / Febre AmarelaRubéola

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Espaço para a livre expressão do morador.Não representa, necessariamente,

a opinião do Jornal.

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do Cidadão

Quem quiser enviar cartas ou sugestões para o jornal, deve fazê-loendereçando para o Centro de Ações Solidárias da Maré Jornal O Cidadão –Praça dos Caetés, 7 – Morro do Timbau – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 21042-050

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MENTE DE ADOLESCENTE

MENTE CONTUNDENTE

MENTE CONTENTE

A MENTE QUE MENTE

SERÁ QUE A MENTE MENTE?

OU SERÁ QUE A MENTE É DEMENTE?

NÃO, A MENTE QUE MENTE PODE SER

DE QUALQUER UM PACIENTEOU IMPACIENTE

TALVEZ A MENTE SEJA CONTENTEE NÃO DEMENTE

DEMENTE É A MENTEQUE NÃO É CONTENTE!

Amanda A. da Silva

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Sinto falta de uma parte em O Cidadão em que haja um pouco de literatura. Quasetodos os jornais e revistas contam com uma sessão em que há uma crônica, por exemplo. Ojornal cumpre bem o papel de informar, mas sinto falta de cultura nele. Talvez fosseinteressante propor a comunidade que participe enviando textos. Se houver interesse dojornal em trabalhar cultura, gostaria de participar.

Mariana Gesteira

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Maré,seus encontros, sua resistência, sua memória.Para alguns, apenas romantismo ideológico,para outros, uma ousadia.Mas a Maré traz um legado de transformações.Um apelo de bravura que luta contra o tempo e constrói sua históriaprodutiva e as vezes silenciosa,numa alternativa de força moral e digna.Ela avançou no tempo e mudou seu estigma, sendo justa.Essa gente brasileira que aterrou seu próprio chão,Mostra hoje sua transformação e resgata suas camadas num discursoQue cresce em cada continuidade, em cada capítulo.Somos honrados em conhecê-la.Somos cavalheiros ao conhecer essa senhora Maré.A senhora Mãe Gentil, às vezes marginalizada,As vezes cruelmente renegadaMas orgulhosa e bravamente livre!

Admilson Rodrigues Gomes

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Esta sessão de O Cidadão é uma iniciativa da Rede Memória da Maré.Se você conhece um fato interessante sobre a história do nosso bairroe quer que ele seja contado aqui, escreva pra gente. É só enviar suacarta para o jornal ou para o e-mail: [email protected]

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* Uma das oito ilhas que no período de 1949-1952 foram interligadas através deaterro para a construção da Cidade Universitária.

Uma das identificações depescador profissional do Sr.

Jaqueta, integrante da ColôniaZ-11 – Ramos. Antes fez parte

das Colônias Z-16 e Z-4.

Integrante do primeiro núcleo de ocupação da Maré, que foi avila dos pescadores do Morro do Timbau, Sr. Jaqueta teve uma intensaparticipação na construção da História da Maré, o que podemos atestarem seus depoimentos.

A pesca era a principal ocupação dos primeiros moradores daMaré. Como meio de sustento, era organizada por colônias de pescado-res, das quais o Sr. Jaqueta fazia parte. A atividade pesqueira erapreservada, passando de geração para geração, fazia parte da vidados moradores, como podemos conferir com ele:

“Eu, com 10 anos pesquei com meu avô, aí gostei. Era muita fartura,muito peixe. Então eu pensei: Ah! Vou me arrumar. Vou me dar bemcom essa pescaria. Ai fui me aprofundando e fiquei até hoje”.

“(Eu) chegava pra descarregar (os peixes), o pregoeiro vendia, tiravaa comissão, e a gente recebia o restante. Do que sobrava, a gente divi-dia pelos companheiros. Tirava a parte da embarcação, da rede e eradividido pelos companheiros”.

“Ali no Catalão*, perto da ponte, tinha um peixe que era muito saboroso,robalo, peixe de primeira... hoje, de repente, tu olha e vê aquele pretumeem cima do mar. Aquilo tudo é plástico, que engata na rede e se perdemuito tempo para retirar”.

A festa dos pescadores, devotos de São Pedro, era muito popular,o Sr. Jaqueta participava todos os anos, desde criança. A festa era noPortinho de Inhaúma.

“Era festa dos pescadores. Festa de São Pedro. Havia todos os anos, nafesta dos pescadores tinha procissão, tinha tudo. Saíam os barcos,todos enfeitados, iam até a Glória”.

Depois que se casou com D. Eugênia Menezes, que faleceu em21/02/2001, a festa passou a acontecer na rua Capivari, onde moravam.A animação era grande! O relato é de D. Eugênia:

“...depois que casamos, começamos a fazer a festa de São Pedro aquina rua. Vinha conjunto, fechava a rua aqui em baixo e lá em cima. Eramdois dias! Eu ia lá na loja do Juquinha, antigamente era o Juquinha. Ia

lá em Bonsucesso e trazia prêmios que me davam pras crianças.Trazia uma porção de coisas. Aí, fazia brincadeiras o domingo todo:quebra-pote, a dança da cebola, corrida do ovo na colher. Asbrincadeiras das crianças aconteciam no domingo. No sábado, tinhabaile. Antigamente, quem tomava conta disso aqui era o quartel.Vinha escolta pra tomar conta da festa, não saía uma briga”.

No início tudo era diferente, os moradores foram construindoo seu chão, suas moradias, obtendo conquistas, o que temos muitoa agradecer a eles, ao Sr. Jaqueta, à sua esposa e a todos osantigos moradores das comunidades da Maré, que lutaram e lutampara uma melhor forma de vida e na valorização do nosso bairro.

“Você chegava aqui, por exemplo, e dizia: quanto é esse pedaço aqui?Era tanto. Fazia um muro na frente... pra tampar a visão e por trásconstruía. Quando derrubavao muro a casa estava pron-ta. Assim que eles faziam ali.Daqui do ferro velho pra lá,foi tudo feito assim. Faziamum muro alto e atrás iamfazendo as casas. Quando acasa estava pronta, derruba-vam o muro, a casa estavade frente pra rua e ficavauma beleza. Bom, mas cadaum dá o seu jeito...”

Saudações, Sr. Jaqueta!

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Sr. Jaqueta e d. Eugênia. O casal ficou famoso nacomunidade pela organização das festas de SãoPedro, padroeiro dos pescadores.