o cidadão 44

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O Cidadão O Cidadão O Jornal do Bairro Maré RIO DE JANEIRO - FEVEREIRO/ MARÇO/ ABRIL 2006 - ANO VIII - N O 44 Quem vai levar a sua alma? Quem vai levar a sua alma? 5 5 PONTES INCOMODAM MORADORES 10 10 10 10 10 COMUNIDADE É CONECTADA NA INTERNET 3 3 MANDACARU: DILEMA DA REMOÇÃO 19 19 19 19 19 SAÚDE NA MARCÍLIO DIAS

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Jornal comunitário da Maré

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O Cidadão • 1

O CidadãoO CidadãoO Jornal do Bairro Maré

RIO DE JANEIRO - FEVEREIRO/M A R Ç O/ABRIL 2006 - A N O VIII - N O 44

Quem vailevar a sua

alma?

Quem vailevar a sua

alma?55555 PONTES

INCOMODAMMORADORES

1010101010 COMUNIDADE ÉCONECTADANA INTERNET

33333MANDACARU:DILEMA DAREMOÇÃO 1919191919 SAÚDE NA

MARCÍLIODIAS

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2 • O Cidadão

O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dosCaetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes,1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

Conselho InstitucionalAntonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz • Eliana S. SilvaJailson de Souza • Léa Sousa da Silva

Lourenço Cezar • Maristela KlemCoordenadora geral: Rosilene Matos

Editora: Renata SouzaCoordenadores de Edição:

Flávia Oliveira • Aydano André MottaCoordenadora de Reportagem: Carla Baiense

Administrador: Hélio EuclidesReportagem:

Renata Souza • Cristiane Barbalho • Ellen MatosHélio Euclides • Rosilene Matos • Silvana Sá

Viviane Couto • Gizele Martins • Douglas BaptistaColaboraram nesta edição:

Rosinaldo Lourenço • Rede Memória • CleumaLucindo • Francisco Valdean • Bira Carvalho

Jornalista Responsável:Marlúcio Luna (Reg. 15774 Mtb)

Ilustrações: Mayara Gonçalves e Carlos MacielPublicidade: Elisiane Alcantara

Diagramação: José Carlos BezerraAssistente de Diagramação: Fabiana Gomes

Foto de Capa: Postal da Campanha contra o caveirãoRepórter Fotográfico: Cristiane Barbalho

Distribuição: Patrícia dos Santos (coordenadora)Josiane dos Santos • Sabrina da Silva

Elizângela Felix • Charles AlvesMaria Matildes de Sousa • Regiane de Matos

Sara de Andrade AlvesFotolitos / Impressão: EdiouroTiragem: 20 mil exemplares

Correio eletrônico: [email protected]@yahoo.com.br

Página virtual: www.ceasm.org.br

EDITORIAL

Acima, Raquel Marini, estudante do CPV.Ao lado, Rose Esquinazi, jornalista do JB

e professora da PUC

Cristiane Barbalho

ELES TAMBÉM LÊEM O CIDADÃO

Hélio Euclides

Respeito e dignidade

O CIDADÃO

3868-4007LIGUE

jornal O CIDADÃO nesta edição a-borda um tema que afeta a vida devárias comunidades: a violência. OO

morador é obrigado a viver em constante ten-são, sem saber se a sua vida ou a de um outrocompanheiro acabará com uma bala perdida.Violência que afeta sua qualidade de vida, queo deixa doente, prejudica seu estudo, desva-loriza o seu imóvel e restringe o seu direito deir e vir. Somos solidários a essas pessoas quetêm, diariamente, seus direitos desrespeitados,inclusive pelo Estado, que tem o dever de darsegurança à população. Porém, percebemosque o Estado não nos vê como parte dapopulação, por isso somos indignos de recebersaúde, educação, habitação, alimentação ealém disso, uma política de segurança séria,que valorize a vida e a dignidade humana.

A matéria de capa aponta os erros da po-lítica de segurança pública utilizada pelogoverno da senhora Rosinha Garotinho. Umapolítica que adota como principal instrumentoo uso do veículo “pacificador”, carro blindadomais conhecido com Caveirão. O pacificadorjá vitimou inúmeros moradores da Maré e deoutras comunidades do Rio de Janeiro.Enquanto isso, a grande mídia prefere tratar otema violência como forma de mercadoria. Quedá ibope à TV e vende jornais durante algumassemanas, e depois o assunto é esquecido enão foi discutido como deveria. Exemplo dissofoi o documentário “Falcões: meninos do

tráfico” exibido pela a rede globo, noFantástico, onde novelistas comentaram oassunto como se aquele fato fosse uma ficçãoe não uma realidade.

Nossa matéria tem o objetivo de promoverum debate responsável sobre a violência, poisacreditamos que a solução só virá se nosunirmos e cobrarmos de nós mesmos e dosórgãos responsáveis a atenção quemerecemos, não só na área de segurança, masna saúde, educação e demais esferas. Pois, sóchegamos ao estágio que nos encontramospor um contínuo e articulado processo deexclusão destas garantias de vida dosmoradores das comunidades.

Para todos os moradores, deixamos orecado: se nos perdermos em vaidades, jamaisconseguiremos atingir o nosso objetivo, queé o mesmo: uma Maré melhor para todos. Poristo, o jornal O CIDADÃO se coloca àdisposição de todos os moradores e gruposque trabalham com essas questões, paraajudar no que for possível.

O jornal também vai falar de iniciativasecológicas de moradores, que visam preservaro meio ambiente, sobre a orquestra de flautase da alegria dos novos universitários do bairro.As angustias vividas pela comunidadeMandacaru, por causa da falta de informaçõesda prefeitura sobre a remoção, também éretratada nesta edição. Uma Maré de paz paratodos. Boa leitura!

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O Cidadão • 3

HABITAÇÃO

Mandacaru esperasolução da Prefeitura

Além da falta de informações sobre a remoção, os moradores sofrem com as chuvas

Moradores de Mandacaru vão ao Mercado São Sebastião para protestar contra a remoção

Agência Imagens do Povo

Mandacaru agora convivem com um novofantasma: as fortes chuvas de Verão.Segundo a presidente da Associação deMoradores de Marcílio Dias, Iraci Moreirada Silva, 53 anos, também responsável porMandacaru, foram muitos os estragoscausados na região. “Nas enchentes doúltimo mês, muitas famílias perderam asúnicas coisas que tinham. Os telhadoscaíram e alguns estão sem geladeira, fogão,cama, entre outros objetos pessoais. Atéagora, foram poucas as iniciativas paraajudar a comunidade. Mas o comércio localestá avaliando os prejuízos e ajudandocomo pode”, diz.

Enquanto lutam para recuperar asperdas, os moradores aguardam umaposição da Prefeitura. A presidente daAssociação conta que o último contatoaconteceu em outubro, quando foi feitoum cadastro de moradores. Desde então,nada aconteceu. “Estamos ansiosos poruma resposta, porque ninguém sabe oque fazer. Eles não merecem viver nessamiséria e já estamos cansados de ligarpara várias entidades, como a Prefeitura,e nada ser resolvido”, afirma.

O vice-presidente da Federação deFavelas do Estado do Rio de Janeiro(Faferj), José Nelson de Oliveira, 44 anos,diz que foi eleita uma comissão entre osmoradores e que cada rua tem um repre-sentante. “Fizemos o cadastro de todosos moradores, que computa um total de554 famílias. Até o momento, a prefeituranão entrou em contado conosco, mas asecretária de obras, Solange Amaral, as-sumiu o compromisso de não promovera remoção. Neste caso, uma comissão iriaà Brasília para solucionar o problema”,afirma.

Ele conta, ainda, que a Prefeituraqueria dar aos moradores de barracosRS 1,5 mil. Já os que moram em casas dealvenaria receberiam R$ 5 mil. “Fomoscontra a remoção e ajudamos os mora-

Desemprego também assusta

ão bastasse a ameaça de remoção,que aflige a comunidade desde oano passado, os moradores deN

dores a promover a manifestação queimpediu a ação da Prefeitura”, diz. OJornal O CIDADÃO entrou em contatocom a Prefeitura, mas esta não se posi-cionou sobre o caso.

Os projetos de geração de renda dacomunidade também estão parados, porfalta de apoio. “Estávamos realizando umtrabalho de reciclagem para que osmoradores desempregados pudessem terde onde tirar o seu alimento, mas hoje, o

galpão está sem luz, porque não temoscomo pagar. Estamos precisando de ajuda.É triste saber que muitos têm apenas estemeio de sobrevivência, e simplesmentenada é feito”, lamenta a presidente daAssociação.

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4 • O Cidadão

GERAL

H

Verde que te quero verdeMoradores tomam iniciativas individuais para cuidar do meio ambiente

Alexandre e sua plantação na Praia de Ramos

Cristiane Barbalho

Rua Ouricuri:moradores pedem melhorias

Rua OuricuriMoradores reclamam da falta de saneamento básico

Cristiane Barbalho

rua Ouricuri, que fica na comu-nidade de Roquete Pinto, na Maré,é bem extensa, com inúmeros co-

mércios, muitas casas e algumas empresas.Mas, como nada é perfeito, a rua sofre asconseqüências da falta de investimentospúblicos e de obras mal-feitas.

São os próprios moradores que apontamas melhorias necessárias. Humberto dosSantos, 34 anos, reclama da água e do asfal-tamento. “Esta é uma ótima rua. Mas,algumas coisas ainda devem ser reparadas,como as constantes faltas d’água e o asfaltoirregular que atrapalha os moradores”.

Um outro problema citado pela co-munidade é o de uma praça, que se encon-tra ao final da rua, completamente aban-donada. A vendedora Tereza Lima, 49 anos,disse que a praça foi fechada a cerca de um

alternativas para recuperar o meio ambiente.Entretanto, de lá para cá pouca coisa mudou: oplaneta continua sofrendo com a poluição edevastação. Contudo, cidadãos se mobilizam eremam contra a maré, ou melhor, a favor do bairroMaré e pelo planeta.

Um exemplo é o funcionário da empresa querealiza manutenção no Piscinão, o jardineiroAlexandre Felipe, 31 anos. No entorno da LonaCultural do Piscinão ele iniciou o horto e a hortaorgânica. Depois de seis meses, já há legumesque variam de vagem a couve-manteiga e frutas,que são doadas aos moradores mais neces-sitados. As sementes são colocadas em placasde isopor e o canteiro é demarcado por garrafaspets. “Nada tem agrotóxico, tudo é natural, po-is utilizo esterco. Agora esse espaço tem ver-de”, diz Alexandre, que dá aulas de educaçãoambiental para cerca de 100 crianças numa

escola que fica no Méier.Na Vila do Pinheiro quem cuida do meio

ambiente é Lauro João, 50 anos. Em meio àsparedes abandonadas do que seria o MercadoPopular da Vila do Pinheiro, ele organizou umespaço para o aproveitamento de sementes eoutro para o plantio. “Comecei em outubro,limpando o terreno. Depois sai plantando milho,amendoim, abóbora, melancia, erva-cidreira,arnica, banana e hortelã. Com esse trabalhoacabei com a água parada”, diz Lauro.

Outros mareenses improvisam o espaço davaranda ou do quintal para o plantio. É o casoda dona de casa, Lenice Augusto, 41 anos,moradora do Parque Maré, que vê nas suasplantinhas a preservação da saúde. “Pitangaserve para febre e gripe; Romã, para garganta;Roseira branca, para inflamação e Babosa, paraa beleza dos cabelos”, diz Lenice que explicaque para manter as plantas saudáveis e boni-tas “basta regar e conversar, ao mesmo tempo,com a natureza”.

A ano e as crianças não têm onde brincar.O grande número de insetos que há

na Ouricuri também incomoda os mora-dores. Eles vêm do mangue que não é tra-tado e que exala um cheiro fedorento. Oesgoto, por sua vez, agrava o problema,porque em alguns trechos encontra-se acéu aberto. Isso possibilita que inúmerasdoenças proliferem. “Aqui também nãohá um saneamento básico de qualidade,e tem muitos ratos”, diz o morador JoséPaiva.

Mesmo com todos esses problemas,moradores dizem que o lugar é bom de semorar, se comparado a outras ruas. ParaAntônio Carlos, 36 anos, “a rua é bem estru-turada e calma. Próximo dela há um posto desaúde, que funciona muito bem e a ilumina-ção é excelente”.

á cerca de 13 anos, era realizado oencontro ECO-2002. Líderes mun-diais, ongs e ecologistas discutiram

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O Cidadão • 5

GERAL

Pessoas atravessam ponte improvissadas

Fotos de Cristiane Barbalho

Q

No meio do caminhonão tinha uma passarelaVila do João reclama da ausência de passagem

uem tenta passar da Vila do Joãopara o Conjunto Pinheiro sente napele a falta de passarelas sobre ocanal que separa as duas comuni-

por falta de uma estrutura segura. “Isso a-qui é muito ruim, tem degraus e tenho quelevar minha bicicleta nos braços”, conta omorador da Vila do João, José Serafim, 40 a-nos, na passagem da rua 10. A última pon-te de madeiras é a da rua 11, onde uma par-

te fica submersa. “Deveriaser feito uma ponte de

ferro, pois minha sogranão tem condições de

usar essas pontezi-nhas. Por isso cami-

nha bastante paraencon-trar u-ma maissegura”,

diz o mo-rador da Vi-la do João,A l b e r d a n

Luiz, 31 anos.

Com a mão na massaNão é apenas a Passarela do Samba que

tem importância. Pensando dessa forma, aAssociação de Moradores da Vila do João(Amovijo) uniu-se com Associação do

Conjunto Esperança e reformaram uma daspassarelas que dá acesso as duas co-munidades. Outra iniciativa foi tomada coma parceria entre a empresa de container NHJdo Brasil e a Amovijo, que possibilitou aconstrução de uma passarela ligando a Vilado João ao Salsa e Merengue. “Fiqueisatisfeito em ter trabalhado nela, pois nuncamais vou ver idosos caírem no valão”, disseo pedreiro da Amovijo, Ademar deAzevedo, 68 anos.

O presidente da instituição, PauloGatelha, o Casa Grande, 51 anos, disse quea Associação fará outra ponte em frente àrua 10 e reformará a passarela da rua 12.“Não temos verba, realizamos os trabalhosgraças a negociações com a iniciativaprivada. Procuramos a Prefeitura e oGoverno do Estado mas não obtivemosresposta”, reclama Casa Grande.

O Administrador Estadual SeverinoGouveia, 50 anos, disse que a urbanizaçãoda cidade é de responsabilidade municipal.Já o Administrador Regional (30ª RA), PauloCunha, 51 anos, declarou ter procurado aSecretaria de Obras por três vezes para falarsobre o assunto. “Estou cansado de pedir,até o engenheiro já foi ao local e até agoraestou aguardando uma resposta”.

dades. Hoje, existe apenas uma em toda ex-tensão da comunidade. Para driblar asdificuldades, os moradores juntampedaços de gravetos e im-provisam pontes. “An-tes de atravessar peçoa proteção do Pai-do-céu, pois a madei-ra se destrói. Avala já é umatristeza, comesse a-cumu-lo de li-xo. Ima-gine cairdentro, pre-judicando asaúde e tendorisco de contaminação”, teme a moradorado Conjunto Pinheiro, Vanda Basto, de 78anos, que só consegue ultrapassar a ponteimprovissada com uma escora no braço.

Pessoas que precisam carregar algumtipo de material podem perder o produto

O presidente da Associação da Vila do João, Paulo Gadelha, atravessa a nova passarela

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6 • O Cidadão

PERFIL

O Forrest Gumpda Maré

Comunidade: Vila do PinheiroProfissão: Agricultor

Idade: 38 anos

Luiz Fernando Barreto deQueiroz encanta ao contar

suas histórias

Q

Fotos de Cristiane Barbalho

O agricultor Luiz Fernando hasteando a bandeira do Brasil: todos os dias o cidadão Luiz levanta a bandeira da nação como um grande patriota

Luiz Fernando aguando suas inúmeras plantas

uem passa de carro pela LinhaAmarela e Vermelha já per-cebeu uma horta entre as duasvias. Mas muitos moradores

dentro do seu sítio e o incêndio sealastrou pela floresta Amazônica. Oresultado do acidente foi a morte deum córrego e a criação de um deserto.Para se retratar com a natureza, plantou10 mil pés de açaí. Desde então vemtrabalhando em prol da saúde doplaneta.

Seu projeto futuro é reflorestar aregião da Maré e cr iar uma coo-perat iva . Ele pensa em dis t r ibuirsementes de árvores de pequeno porte,como amoreiras, para os moradorescolocarem nos terraços. Para is topretende utilizar barris com esterco eadubo de l ixo. Por enquanto, vaidistribuindo copos com mudinhas portoda a cidade. “Esse é o meu mundo.Cada muda tem a minha identidade ecada árvore que sai daqui está merepresentando. Sou o tutor provisório

das plantas porque elas medão satisfação e esperança deum futuro melhor”, diz Luiz.

Filiado ao Partido Verde, foicandidato a deputado estadual,mas conseguiu apenas 700 votos.“O povo só quer camiseta echaveiro. Isto é assistencialismo.O certo seria propor políticaspúblicas sérias”, afirma. Com per-sonalidade forte, ele não tem papasna língua. “Da cidade de Nazaré,que era uma favela, nasceu Jesus.Da Vila do Pinheiro pode sair um

da Maré desconhecem as cerca de 40mil mudas de plantinhas do local. Oautor dessa obra eco lóg ica é oagricultor Luiz Fernando Barreto, 38anos, que começou plantando jaca, emnovembro de 2004. Hoje o terreno contacom várias frutas e legumes.

O nosso amante da naturezanasceu na Praia de Ramos etem seus pés assentados naMaré. Ele só se afastou dobairro durante um ano e meio, quandofoi morar no Amazonas. É daí que vema sua história de protetor da natureza.Em 2001, resolveu tocar fogo no mato

filósofo, mas isso não dá ibope. Pensoque quem mora debaixo da ponte tem osmesmos direitos do morador da Barra daTijuca”, afirma.

O seu trabalho tem o apoio da Com-lurb, que fornece o adubo, e também doNilo da bicicleta, que o ajuda notransporte de mudinhas. Paracontinuar o traba- lho de preser-vação da natureza, Luiz aceita adoação de copos de guaraná naturale caixas d’água. Seu telefone é9873-4846.

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O Cidadão • 7

ANÚNCIOS

Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056

Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443www.acaocomunitaria.org.brAÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL

RIO DE JANEIRO

Texto: Rogério MáximoApós quatro anos de início das au-

las de Karate, no núcleo da ONG AçãoComunitária do Brasil na Vila do Joãoa equipe e seus educadores colhema cada competição novas medalhas.Apesar das já conhecidas dificuldadesenfrentadas pelo esporte, os educa-dores Daniel Caputo e Igor Anjo con-seguiram patrocínio do Bolsa Atleta,e com auxílio da ACB/RJ participaramda competição Internacional na NovaZelândia. Igor Anjo é campeão Brasi-leiro, campeão Sulamericano e tri-campeão Estadual e Daniel Caputo,

Karate da Vila do João forma campeões

vice-campeão mundial, tricampeãobrasileiro e hexa-campeão Estadual.Os alunos também têm participado devárias competições, inclusive interna-cionais, como o 5º Jogos Nacionais daArgentina. Segundo o educador IgorAnjo, este é um trabalho pioneiro e visadar boas oportunidades para os alunos.

- Queremos que eles tenham asmesmas oportunidades para se torna-rem expoentes no esporte. O trabalhotambém é feito para mostrar que a vidanão é só dentro da comunidade,porque através do esporte e do estu-do podemos abrir um leque fora da á-rea de risco da comunidade - explica oeducador Igor, que pela simplicidadeainda não se coloca como exemplo.

Mesmo sem patrocínio fixo, o saldoem 2005 foi muito positivo para os e-ducandos de karate da Ação Comuni-tária do Brasil/RJ com um resultadoimpressionante de vitórias. No total fo-ram 470 medalhas, sendo 195 de ou-

ro, 144 de prata e 131 de bronze. E2006 promete ser ainda melhor, por-que aumenta o número de compe-tições por ser um ano Pré-Olímpico.

De acordo com Daniel Caputo,coordenador de Artes Marciais do nú-cleo da Ação Comunitária no Comple-xo da Maré, as aulas de karate po-dem ser mais um incentivo para oseducandos comprovarem que exis-tem diversos talentos na comunida-de, e o que falta para eles é oportu-nidade. E o papel da ACB é orientarestes talentos e auxiliar no desenvol-vimento social deles.

Dedicação e criatividade para superar dificuldadesFotos: Ronaldo Breve

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O Cidadão • 9

NAS REDES DO CEASM

Maré ganha mais universitáriosEx-alunos do CPV animam os colegas que tentarm passar pelo funil do vestibular

A partir da esquerda: Fabiana, Renan, Gilmara e Gabriela com o estudo entraram para a universidade

SCristiane Barbalho

O CIDADÃOdá dicasde cursos

Artes Plásticas

P e r m i t e o d e s e n v o l v i m e n t o ea e x p r e s s ã o d a s i d é i a s d o a r t i s t ad e f o r m a q u e e l e p o s s a i n t e r -p r e t a r o m u n d o q u e o c e r c a . Oa l u n o c r i a p i n t u r a s , d e s e n h o s ,e s c u l t u r a s , t r a b a l h a n d o c o m l á -

p i s , p a p é i s , t i n t a s , p i n c e i se t c . . . u s a n d o s u a c r i a t i v i d a d e ei n s p i r a ç ã o .D u r a ç ã o : 4 a n o sC u r s o : P o d e s e r e n c o n t r a d o n aUFRJ e Uni -Rio

ão pessoas que com grande força evontade de vencer ultrapassaram asbarreiras diárias impostas pelo

da bolsa da universidade. Mas quem nãopassou, nunca deve desistir, pois o tempode Deus é o certo”.

Já Fabiana Oliveira e Gabriela Nunes,ambas de 19 anos, passaram para o cursode Serviço Social da Universidade Estadualdo Rio de Janeiro (UERJ). “O que meincentivou a estudar e tentar vestibular naárea de serviço social foi uma palestra

realizada no Ceasm. Descobri que estacarreira tinha tudo haver comigo”, dizFabiana. Gabriela elogia o CPV e dá umrecado para os novos pré-vestibulandos:“Os professores do curso ajudarambastante e estavam sempre dispostos aensinar. Os que ainda não entraram parauma faculdade não devem desistir, porquepode ser difícil, mas não impossível”.

péssimo ensino que tiveram durante a vidaescolar e passaram no funil do vestibular.Até agora, no Vestibular de 2006, já foramaprovados cerca de 60 alunos do Pré-Vestibular (CPV) do Ceasm. É um númeropequeno, se comparado à grande quantidadede pessoas que entram no início do ano nassalas de aula, aproximadamente, 380. Mas ésignificativo.

Maria Aparecida Rodrigues de Araújo,47 anos, moradora do Conjunto Esperança,voltou a estudar depois de 30 anos sempegar num caderno. Fez cursos supletivosdesde a 5ª série e no segundo ano de pré-vestibular conseguiu entrar para a Faculdadede Serviço Social da Universidade FederalFluminense (UFF). “Ainda não caiu a ficha.Não acredito que passei no vestibular,porque era algo fora da minha realidade.Minha mãe sempre diz que a única coisa quese pode deixar de herança é a educação. Éisto que passo para meus filhos. Mas parapassar no vestibular tem que abrir mão demuita coisa e estudar”, afirma.

A moradora da Vila dos Pinheiros,Gilmara Pereira Gonzaga, 19 anos, passoupara a faculdade de Agronomia daUniversidade Estadual do Norte Fluminense(UENF). “Tudo será um novo desafioporque vou ter que me mudar e dependerei

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10 • O Cidadão

INCLUSÃO

Maré ConectadaOs moradores poderão acessar a internet gratuitamente

Cristiane Barbalho

Representantes do Ceasm, do IAS e da Microsoft na inuguração do Projeto Comunidade Conectada

Os mareenses já podem começar oseu processo de adaptação àsnovas tecnologias digitais. Isso

porque o programa Comunidade Conectada,que visa capacitar a população para utilizaro computador no trabalho e no seu dia-a-dia, chegou na Maré. O projeto propiciará oacesso irrestrito ao mundo digital, com aoferta de cursos gráficos (para desenho efotografia), administrativos (incluindo opacote Office: Windows, Word e Excel) eInternet.

Comunidade Conectada é organizado apartir da parceria entre o Ceasm, o InstitutoAyrton Senna (IAS) e a Microsoft. SegundoLea Souza da Silva, diretora do Ceasm, aparceria nasceu para que os moradores daMaré possam está incluídos no mundo dainformática. “Nós já somos parceiros doInstituto Ayrton Senna há três anos, noprojeto Viver Com Arte, que trabalha a artealiada à educação. Em 2005 o IAS abriuinscrições para esse programa na área deinformática e resolvemos nos inscrever parao desenvolvimento de metodologias para aárea de inclusão digital”, diz.

Para viabilizar um curso de qualidade eque atenda às necessidades dos mareenses,os orientadores do projeto recebemtreinamentos específicos e respondem,

mensalmente, a questionários sobre edu-cação e o desenvolvimento das turmas.Além de o programa propiciar a impressãode documentos e arquivos, a comunidadeterá acesso à internet gratuitamente. Paraparticipar da Comunidade Conectada ointeressado deverá pagar uma taxa departicipação, mas o valor ainda não foidefinido. Os laboratórios de informáticaforam instalados na Casa de Cultura da Maré.Mais informações pelo telefone 2561-4604.

Microsoft e IASA representante da Microsoft, Alcely

Strutz Barroso, diz que a empresa se preocupaem dar acesso às comunidades ao mundodigital. “A Microsoft tem uma missão deoferecer serviços para o desenvolvimento dascomunidades e promover o acesso à tec-nologia para quem não tem. Para nós é muitogratificante ver uma comunidade, tão orga-nizada e estar em busca de novas oportu-nidades de ampliação do seu potencial, comoa Maré”. Ela afirma que o papel da empresa éajudar aos jovens a serem protagonistas deseu próprio futuro.

A gerente do programa ComunidadeConectada e representante do IAS, KátiaRamos, diz que o Ceasm foi escolhido paraorganizar o programa porque a entidade tra-balha com educação. “Selecionamos estainstituição pelo compromisso com a causasocial e pela proposta de educação aliada aodesenvolvimento humano”. Desde 2005, oprograma de inclusão digital para comu-nidades de baixa renda já atende a cincoONG´s em todo o Brasil: Liceu, na Bahia; AsasFortes, em São Paulo; Água, no Ceará;Humbiumbi, em Minas Gerais; e Ceasm, noRio de Janeiro. Os interessados em saber maissobre o programa podem acessar o site nainternet: www.comunidadeconectada.org.br.

Cleuma Lucindo

Instrutor do projeto Comunidade Conectada auxilia aluna no laboratório da Casa de Cultura

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O Cidadão • 11

GERAL

A

Fotos de Cristiane Barbalho

Carnaval agitadoO Gato de Bonsucesso e blocos abalaram na folia

Carro abre-alas do Gato de Bonsucesso foi um dos sucessos no desfile de carnaval Baile de carnaval infantil na Vila Olímpica

Bloco Se Benze que Dá desfila pela comunidade

Maré fez bonito no Carnaval desteano. Na alegria dos bailes ou nairreverência dos blocos, o

Apesar de receber nota dez em alegorias/adereços e enredo, a escola somou apenas150,2 pontos, ficando em 12º lugar noCarnaval 2006. Este resultado causou ochoro da diretora Bianca Araújo. “Nãoentendo, a escola estava tão bonita. Masum dia ganhamos e no outro perdemos.Alguém tem que chorar, para outros ficaremalegres”, diz Bianca, que também foiresponsável pela Ala de Crianças, queapresentou os inimigos do gato, o cachorroe o rato.

Com o enredo “Canto do Dicró, suapraia é de Ramos” o Bloco Boca de Siridesfilou com cerca de mil componentes. Obloco alcançou nota máxima em todos osquesitos. Dessa forma obteve o 1º lugar, eano que vem desfilará pelo grupo 1. “Foium sufoco, mas conseguimos dez em tudo.Espero que a comunidade participe e confiemais”, diz emocionado o presidente, VitorConceição, 52 anos.

O Bloco das Piranhas e o Bloco da 18,ambos da Vila do João, desfilaram pelas ruasda comunidade com cerca de cemintegrantes cada. Já o Bloco Se Benze queDá, que existe há dois anos e é formado porpessoas que participam de alguma formado Ceasm, percorreu, as ruas do Morro do

Timbau, Baixa do Sa-pateiro, ParqueMaré e NovaHolanda, com otema “O mare-ense no mar”. Acomissão de frente,em sinal de protesto,ergueu o cartaz coma seguinte frase:“Esse ano queremosromper as barreiras,queremos ampliarnosso caminho”.

Na Vila Olímpica oBaile de Carnaval tevemuita marchinha, confe-te, serpentina e brincadeiras para ascrianças. O evento foi voltado para ascrianças, jovens e adultos que fazem aulasnas suas dependências.

mareense mostrou que tem samba no pé. OGato de Bonsucesso, a escola de samba daMaré, levou para o Terreirão de Samba oenredo “No esplendor de uma noite fez-sea magia de um ser milenar. Gato do Egito aoimaginário popular”.

O tema apresentou o gato, um animalde muitas caras e inúmeras crendices.

FelipeHerculanodo Corpo deDança daMaré

Integrantes do Gato retocando as fantasias

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12 • O Cidadão

Indignados com a falta de segurança nas comunidades, moradores relatam

CAPA

Crianças brincando na quadra da praça da Nova Holanda quando derrepente passa um Caveirão

ABira Carvalho

Políticas públicas de seguPolíticas públicas de segupesar do discurso oficial de que oRio de Janeiro tem uma Política deSegurança, o que se vê, na prática,

são ações pautadas pela repressão e violência.Esta é a constatação que se faz a partir dos re-latos de moradores da Maré. São histórias depersonagens que preferem não se identificar,já que a população não se sente segura sequerem denunciar a violência sofrida. É o caso deMonique. Ela conta que depois de uma noitetumultuada na comunidade, se deparou comvários policiais e dois Veículos Pacifi-cadores,carro blindado mais conhecido como Caveirão,na porta do CIEP Operário Vicente Mariano,na Baixa do Sapateiro. Logo depois, apareceuum menino, com cerca de oito anos, que nãose deu conta da situação e ficou na porta daescola esperando que o portão fosse aberto.Assim que viu os blindados, a criança entrouem desespero.

“Ele ficou vermelho, com tom de voz alte-rado, balançando os braços, demonstrandomuito nervosismo e dizendo que ia embora, jáque a mãe havia lhe dito para correr para casaquando visse o Caveirão”, relata Monique.

O Caveirão é a síntese do tipo de política

de segurança repressora que tomou conta doEstado do Rio de Janeiro. Repressora e desi-gual, pois ameaça exclusivamente moradoresde baixa renda. Esse problema é global. NaInglaterra, a morte de Jean Charlés, confundidocom um terrorista, mostra como as políticas

de segurança são sinônimo de preconceito.Mas enquanto na Inglaterra são registradostrês casos de morte nessas condições, porano, no Rio de Janeiro somente em 2003 apolícia militar matou 1.195 civis.

Outra marca da violência são as ocupaçõesdo exército em comunidades. “ A polícia aindatem uma coisa de ditadura, de oprimir ooperário e o pobre”, avalia Edílson Ernesto, 37anos, diretor da Lona Cultural e cantor.

Neoliberalismo =Violência

Segundo estudiosos, a violência no Riode Janeiro é fruto de anos de descaso com apopulação em suas necessidades básicas, esó virou pauta nacional porque começou aatingir a elite. “Na década de 90 se consolidouo modelo neoliberal no Brasil e a desigualdadeestrutural atingiu marcas nunca vistas. Entre1995 e 2003 tivemos o maior crescimento dapopulação carcerária de nossa história, 93%.Em paralelo, aumentou o número de mortespor policiais, todos registrados como ‘Autode Resistência’. O que assistimos é a completacriminalização da pobreza, em que os presídiose a polícia passam a ter um papel fundamentalna manutenção da ordem urbana”, analisaMenino observa reportagem sobre o blindado na inauguração do Mural Contra a Violência

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O Cidadão • 13

Comunidades em MovimentoA

am a violência vivida nesses locais onde a categoria de cidadão é esquecida

egurança? Será que existe?egurança? Será que existe?Marcelo Freixo, professor de História,pesquisador do Centro de Justiça Global e ex-coordenador da Comissão de DireitosHumanos da Assembléia Legislativa.

De acordo com a assistente técnica daouvidoria da Secretaria de Direitos HumanosIsabel Cristina Ferreira Martins, o Auto deResistência seria uma reação do policial,quando está sob a mira do suposto agressor.“Mas, na realidade, encobre uma execuçãosumária, em que o suposto agressor é mortocom tiros na nuca ou pelas costas”, diz.

Pânico e MedoEnquanto isso, nas comunidades, fica

evidente que o clima de pânico toma contados moradores. “Nós não temos segurança.Mudei meus hábitos. Antes eu chegava às4h. Hoje, a partir das 19h eu não saio mais decasa”, diz Rosemeire, moradora do Morro doTimbau.

Eles têm medo de tudo e de todos e nãotem a quem recorrer. “Para os governantesnós não temos importância. Me sintoesquecida, sim. Acredito que os policiais nãosão bem preparados. Eles não olham para ondeatiram, nem observam se têm crianças na rua.E nada melhorou com o novo Batalhão.Vivemos tensos 24 horas”, diz Maria, moradorada Nova Maré.

A violência afeta até a vida financeira dosmoradores. “Meu filho perdeu um empregocom salário de quase mil reais porque não podiachegar de madrugada. Ele chegava tarde e,várias vezes, ficou no meio de fogo cruzado”,conta Maria.

A banalização da violência policial éapenas um dos problemas de nossa “políticade segurança”. Para Marcelo Freixo, osprincipais são “a precária formação dospoliciais, a falta de controle interno e externo,os péssimos salários, as condições de trabalho,a corrupção estrutural e, principalmente, a faltade uma política pública que seja transparentee que tenha objetivos claros a curto, médio elongo prazo”, afirma. O CIDADÃO entrou emcontato com a Secretaria de Segurança Públicado Rio de Janeiro, mas ela não se posicionou.

solução para o problema não émágica, mas exige uma mobili-zação séria da população e, prin-

cipalmente, dos governantes. Mas dianteda situação de desrespeito, a tendênciados moradores das comunidades é a faltade esperança. “Os policiais deveriamrespeitar os moradores e não confundi-los com bandidos. Se os moradores seunissem para combater a violência eu nãoparticiparia, pois tenho medo”, relataAntônia, moradora do Parque União.

O fato que atrapalha a mobilização é atotal descrença na instituição policial.“Acredito que os policiais são prepara-dos, mas não têm moral, já que fazem piorque os bandidos. Roubam, matam...”, dizOrlando, morador da Marcílio Dias.

No entanto, ainda há pessoas que a-creditam na mudança. Em toda a cidadeestão surgindo grupos com este objetivo.O “Movimento Posso Me Identificar?” éum exemplo. Ele foi formado depois doassassinato de quatro jovens, em abril de2003, no Morro do Borel, e luta por maisrespeito e dignidade para com os morado-res de comunidades. Para isso, escreve-ram um documento, enviado aos poderespúblicos. Na carta há propostas que vi-sam garantir os direitos assegurados pelaConstituição e mudanças estruturais, quefacilitem a superação gradual e contínuada violência que atinge a sociedade.

Na Maré, depois da morte de váriaspessoas em confrontos, alguns mora-dores começaram a se mobilizar. Nasreuniões do grupo Legítima Defesa, ficaevidente a intenção do movimento: mo-bilizar a comunidade para que ela comecea reagir em favor da vida.

Tentando ganhar a confiança dosmoradores, o grupo realizou no dia 22 defevereiro um evento na Praça da Nova

Holanda. O acontecimento marcou a inau-guração do Mural Contra a Violência, ondesão colocadas reportagens sobre temasligados à violação dos direitos, e princi-palmente casos de violência cometidos porpoliciais do Caveirão. O evento contou comcerca de 200 moradores, além de integrantesde outros movimentos contra a violênciaespalhados pela cidade.

Durante as atividades, houve o debateentre Marcelo Freixo e os moradores e aexibição de dois vídeos. Um com a reportagemdo fantástico em que crianças falam do medoque têm do Caveirão. Outro, um documentáriofeito pelo Observatório de Favelas, “AtéQuando?”, que mostra depoimentos dosatores envolvidos e atingidos pela violência.Agora, o mural está na parede do Gato deBonsucesso, na Rua Principal, esperandocontribuições. E o grupo convida a todospara participar dos encontros quinzenais, àsquartas-feiras, na Escola Municipal NovaHolanda.

Cristiane Barbalho

Marcelo Freixo em debate na Nova Holanda

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14 • O Cidadão

CAPA

“Q

Quem tem medo do Caveirão?Moradores aterrorizados podem participar da Campanha Contra o Caveirão

uinta-feira, 8 de outubro de2005. Estava na Nova Holan-da conversando com amigos.De repente, vi um carro com o

farol alto. Pensei: O caveirão! Ia tentar correr,mas não deu tempo. Alguém soltou fogos eeles responderam com tiros. Uma bala me acer-tou de raspão”. Essa é a história de José, maspoderia ser narrada por outros mareenses, quesofrem com as investidas do Caveirão.

O veículo protege os policiais. No entanto,todos ficam acuados, pois o Caveirão não temhora para entrar na comunidade e intimida

através de ofensas feitas por um alto-falante.“Não podemos admitir o fato da polícia utilizarum carro de guerra. O princípio de qualquerguerra é a destruição do inimigo. Quem seria oinimigo da sociedade? O pobre, negro e fave-lado? O Caveirão viola todos os tratados inter-nacionais e todas as leis nacionais”, diz Freixo.

O Governo do Estado diz que o carro foifeito para entrar na comunidade em situaçãode conflito, mas o que acontece é que na brigade facções ele não aparece. Um exemplo foi ainvasão da Rocinha por grupos rivais, em queos moradores não puderam contar com o Cavei-

O rap ‘Sai, Caveirão’Fotos de Cristiane Barbalho

Edilson com sua viola apresenta o rap à comunidade

Depois de vivenciar muitas situações de risco e de ver o funcionamento da Lona Culturalprejudicado pela violência, Edílson Ernesto resolveu se manifestar através da música.

Domingo na favela era um dia normalCrianças brincavam, adultos liam o jornalHá muito que eu não via nada igual

A favela vivia numa paz totalMas de repente algo de errado pintouPor alguém que nos avisou

E as pessoas começaram a correrTodo mundo assustadoCom medo de morrer

E o pastor fazia sua oraçãoSaiu correndo com a Bíblia na mãoQuando logo fulano gritou: Sujou!O caveirão pintou

Ih ih ih, o caveirão vem aíSai caveirão

Ih ih ih, o caveirão vem aí

O caveirão é um carro blindadoCheio de cana, fuzil pra todo ladoEle chega na favela e vai logo atirandoPessoas inocentes ele vai alvejandoO governo tem que dar segurançaMas vem o caveirão trazendo insegurançaIsso não pode acontecerQuem mora na favela tem o direito deviverQuem vive na favela não agüenta maissofrerIh ih ih, o caveirão vem aíSai caveirãoIh ih ih, o caveirão vem aí

Sai caveirão, sai caveirão, sai caveirão...

rão, que se manteve estacionado na subida doMorro até o fim do conflito.

Ainda assim, no site de relacionamentosOrkut, há “comunidades” exaltando o veículo.Para mobilizar a sociedade , as entidades: JustiçaGlobal, Anistia Internacional, Centro de Defesade Direitos Humanos de Petrópolis e Rede deMovimentos Contra a Violência estão realizandouma Campanha Internacional Contra oCaveirão. Eles estão arrecadando assinaturaspara um abaixo-assinado e distribuindo postaiscom foto do carro pelo mundo para serem entre-gues à Governadora .

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O Cidadão • 15

oramos em um lugar ondeos meios de comunicaçãosó chegam para contar os

mortos”, essa frase foi es-crita em um cartaz por pes-soas de diversas comunida-des do Rio de Janeiro queprotestavam contra a vio-lência policial no ano de2005. Ela demonstra ainsatisfação dos morador-es com a maneira na qual aimprensa noticia a violêncianas favelas: um grandeespetáculo. “A imprensavem aqui para falar dosmortos porque isso dáibope. Ela não faz matériassobre o nosso dia-a-dia enem sobre os projetos de e-ducação e cultura desenvol-

vidos na comunidade. Isso é umadiscriminação”, diz o Presidente dasAssociações de Moradores da Maré, Alder-ley

Júlio dos Santos.De acordo com a

jornalista Cláudia San-tiago, na maioria das ve-zes a violência doEstado e de bandos decriminosos contra a po-pulação são tratadoscomo espetáculo duran-te uma semana e depoisnão se toca mais noassunto. “As matériasnão explicam qual arazão e a origem destaviolência. Isso aconteceporque eles fazem partedo jogo do poder deuma sociedade dividida

Violência igual a mercadoriaA imprensa utiliza a violação dos direitos dos cidadãos como espetáculo

Governo do Estado tem ouvidoriaSecretaria de Direitos Humanos dá pensão se confirmada a culpa de policiais

bilidade policial na morte relatada. Esta leifoi promulgada em setembro de 2005. “Nósjá encaminhamos mais de 154 processos”,diz Isabel.

Segundo a técnica, em geral as vítimassão jovens negros, entre 15 e 17 anos.Ou mulheres de mais idade que estãosaindo para trabalhar em horário deconfronto, entre 4 e 6h da manhã. “Namaioria dos casos, pelos laudos, dá paracomprovar que foram execuções. Noregistro de ocorrência vem “Auto deResistência”. E aí, a grande briga destesfamiliares é provar que não houveresistência”, diz Isabel. Para entrar nessaluta, são necessários os registros deocorrência, o laudo cadavérico, o com-provante de escolaridade e o compro-vante de trabalho da vítima.

Depoimentos de testemunhas tambémajudam muito. Segundo Isabel, a ouvido-ria se interessa por todos os aspectos en-volvidos no fato, e não só no registro de

ocorrência. “A reparação é um reconhe-cimento do Estado de que cometeu um erro.Isto, politicamente, para a gente que atuana militância de direitos humanos, é umgrande avanço”, diz Isabel.

Para entrar em contato com a ouvidoriabasta ligar para os telefones 2299-4304 /2299-3452 / 2299-4306 ou ir a rua da Ajuda,5 - 27º andar - Centro.

taria de Direitos Humanos. “Se for o casode testemunha com denúncia a genteencaminha para a Corregedoria. Lá elescolhem os depoimento das pessoas. Apartir daí começa um processo deinvestigação para avaliar a responsabili-dade dos policiais sobre aquela de-terminada morte”, explica a assistentetécnica em ouvidoria Isabel Cristina FerreiraMartins.

Um outro encaminhamento é montar oprocesso para fazer a análise conforme aLei 2749/2005, para que estas pessoastenham uma avaliação do Procurador daRepública do Estado e da Governadora,para receberem uma pensão de até trêssalários mínimos. A pensão está previstana Lei, para todas as pessoas que possamcomprovar tecnicamente, em denúncia oupronunciamento, que houve responsa-

ara fazer o atendimento às vítimasda violência policial, o Governo doEstado tem a ouvidoria da Secre-P

Isabel Cristina:”Quanto mais testemunhas melhor”

“M em classes. E é por isto que a campanha contrao Caveirão não está nos jornais”, diz Cláudia,que pertence a Central Única dos Trabalha-dores e integra a Rede Nacional de JornalistasPopulares (Renajorp), movimento criado paradenunciar e combater toda manifestação deviolência contra as classes populares.

Marcelo Freixo diz que a mídia criminalizaos pobres da sociedade. Outro problema quese evidencia na maneira com que a grandeimprensa aborda a violência é o fato deignorar o sofrimento submetido, cotidia-namente, aos moradores das comunidades.“Quando há um tiroteio, aparecem matériasnos jornais sobre como os moradores dosprédios que ficam no entorno da favela estãodesprotegidos. Eles não entram nacomunidade para saber como estamos nossentindo. Não sofremos com a violência?”,pergunta a moradora Luciane, do ParqueMaré.

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16 • O Cidadão

SERVIÇO

E por falar em Governo...Apresentaremos as Instituições governamentais que existem na Maré

A

Mães que são cegonhasMulheres que fazem de sua casa uma creche se capacitam para atender as crianças

Escolas municipaisEscola Municipal Teotônio VilelaEducação infantil / Ensino fundamental I(1o ano do ciclo à 4a série) / Ensino funda-mental II (5a à 8a série)Endereço: Rua Manuel Falcão A. Ma-ranhão, s/no - Conjunto Esperança, Maré.

CEP: 21041-615Telefone: 2561-4214 / 2280-3816Ano de fundação: 1985Funcionamento: Manhã e tarde

As pessoas formadas no curso de Mães Cegonhas encerraram o projeto com grande festa

partir desta edição serão informa-dos os dados relacionados asinstituições governamentais, mas

Hélio Euclides

É

presidente da Associação de Moradoresdo Conjunto Pinheiro, Eunice Cunha, 58 a-nos, faz coro. “Aproveitei para fazer o cur-so. Foi útil em tudo, nota mil. Lutarei pelacontinuação do curso na comunidade, poisaqui não tem creche”,diz Eunice.

Na festa de encerramento do cursohouve a apresentação de uma peça teatral

familiar. Mas faltam creches para deixar osseus filhos. Para tentar mudar essarealidade, a concessionária que administraa Linha Amarela (Lamsa) e o SESC Enge-nho de Dentro uniram-se para promover oprojeto Mães Cegonhas, como forma decolaborar com 13 comunidades em tornoda via expressa, entre elas a Maré. O obje-tivo é capacitar mulheres como agentesmultiplicadores de saúde, aprimorando ahigiene, cultura e lazer para cuidados bá-sicos com crianças. Dessa forma, as parti-cipantes estão habilitadas para receber ascrianças em suas casas.

O curso, que já acontece há três anos,em 2005 formou 13 turmas de 25 mulheres.As aulas foram ministradas durante 15 dias,numa parceria com as associações de mo-radores de cada localidade. Na Maré forambeneficiadas a Vila do João, Vila do Pinhei-ro, Parque Ecológico e Baixa do Sapateiro,sendo atendidas diretamente 100 mulheres.“Aprendi a fazer diversos pratos e enten-der a linguagem dos meus netos. Foi umaótima oportunidade”, diz a moradora da Vilado João, Valdecir da Costa, 56 anos. A vice-

cada vez maior a necessidade demulheres se ausentarem dos larespara contribuírem com a renda

e também um almoço dançante. “O projetofoi muito bem recebido na Maré, com aparticipação intensa das lideranças co-munitárias”, diz a gerente de desenvolvi-mento sócio-ambiental da Lamsa, GiovannaCurty. O presidente da Associação da Vilado João, Paulo César, 51 anos, espera queo projeto continue em 2006.

a última escola Tetônio Vilela será apre-sentada.

Instituições GovernamentaisADL-Maré - Agência de DesenvolvimentoLocal da MaréEndereço: Rua Teixeira Ribeiro, 629, loja AParque Maré, Maré. CEP: 21040-250Telefone: 2299-8911 / 3869-7829Vinculação: Secretaria de Estado de Gover-

no – SEGOVAno de fundação: 2001Funcionamento: 2ª à 6ª feira das 9h às 18hPrincipais serviços oferecidos:1. Programa Trabalho Educação: curso decapacitação de jovens, com duração de 3 a4 meses, e posterior encaminhamento dosmesmos para exercício profissional emórgãos públicos do Estado ou da União ouna iniciativa privada.2. Supervisão de serviços de infraestruturaimplementados na Maré pelos órgãos doGoverno do Estado.

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O Cidadão • 17

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18 • O Cidadão

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O Cidadão • 19

Saúde chega à Marcílio DiasNa comunidade saiu o Médico Sem Fronteiras e entrou o Saúde da Família

A

SAÚDE

Parte da equipe do Programa Saúde da Família que atua no Posto de Saúde da Marcílio Dias

Cristiane Barbalho

Como vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já diziaComo vovó já dizia Dicas diversas e de cozinhaPara acabar com as formigas de cozinha:Coloque pedaços de limão murcho nos can-

tos dos armários, da pia, etc. As formigas nãotoleram o odor do limão e desaparecem rápido.

Mantenha as traças longe de suas roupas:Borrifando as paredes dos armários com

um pouco de cânfora diluída em álcool, oucoloque ervas aromáticas (alecrim, arruda,coentro, hortelã, manjericão e sálvia) dentrode um saquinho e guarde-os no armário.

Recupere a maionese com água:Se a maionese talhar, experimente recu-

perá-la passando-a aos poucos para outravasilha em que tenha colocado um poucode água. Mas não deixe de bater rapida-mente com o batedor, até obter a consistên-cia normal.

Para limpeza de esquadrias de alumínio:Use creme de limpar a prata. Esfregue

bem e depois passe um pano seco.

comunidade Marcílio Dias viveum momento de mudanças na á-rea da saúde. A modificação foi

efetivada em dezembro de 2005, quandosaiu o programa Médicos Sem Fronteiras(MSF) e entrou o Saúde da Família (SDF),da prefeitura do Rio. Uma das vantagensda mudança é o fato de o programa Saúdeda Família ser permanente, diferente doMSF, como atesta o sanitarista GuertWimmer. “O Médico Sem Fronteiras atuaem áreas de guerra. Não é próprio doprograma MSF uma permanência, comohá no Saúde da Família”, diz.

Por outro lado, o programa enfrentadaa falta de profissionais em especialidadesimportantes para saúde dos mareenses.Não há, por exemplo, especialistas emsaúde bucal. “Esse é um problema que apopulação da Maré enfrenta já há algumtempo. Não existem dentistas disponíveisnos postos comunitários, e isso é muitoruim”, lamenta Guert.

De acordo com o sanitarista, a comu-nidade tem aprovado o novo programa.“Estamos mudando de uma política nãogovernamental (MSF) para um programade governo da Prefeitura. Como boa parteda equipe continua, a população temaceitado bem, pois já está acostumada aconviver com esses profissionais desaúde”, diz.

Os serviços atualmente disponíveis noSaúde da Família são clínica médica, gine-cologia, pediatria e enfermagem. Há, neste

programa, uma proposta de trabalho con-junto entre os profissionais de saúde e apopulação. “O ponto principal é que hojetemos um ganho na política de governo.Teremos vantagens porque o serviçoestará sendo descentralizado. À medidaque descentralizamos podemos atendermelhor a demanda da comunidade, deacordo com as informações que ela nospassar”, afirma o sanitarista.

A equipe do SF teme que alguns fato-res atrapalhem o trabalho. “No momento,nosso maior medo é a falta de insumosque tem ocorrido na Prefeitura, inclusivenos postos comunitários”, alerta Guert.Entretanto, estão confiantes por causada integração entre os profissionais e apopulação local. Ele acredita que istocontribuirá para que as metas estabele-cidas pela equipe sejam cumpridas.

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20 • O Cidadão

Quem Lê Sabe MaisEstudantes da Maré aprendem a produzir matérias para jornais impressos

CIDADÃOZINE

O programa “Quem lê jornal sabemais”, realizado pelo jornal O Glo-bo, reúne 50 escolas e fundações

Legenda

Cristiane Barbalho

do estado, todos os anos. O Ceasm partici-pou do projeto durante o ano de 2005 e rece-beu, durante o curso, dez exemplares do jor-nal, todos os dias, para ser utilizado em salade aula. Assim, os textos serviram para queprofessores e alunos pudessem compreen-der a importância da leitura e da informação.

Dentre as atividades do programa, umdestaque é o curso Repórter do Futuro, quena Maré teve três representantes: RondineleBarbalho, Gizele de Oliveira e Douglas Bap-tista. Esses alunos estudaram na sede doGlobo, recebendo informações sobre comose faz um texto jornalístico. A idéia do pro-grama Repórter do Futuro é orientar na pro-dução de reportagens feitas por estudantes,sobre temas ligados ao universo juvenil.

O curso possibilita que os futuros repór-teres encarem o desafio de exercer o jor-nalismo a serviço da cidadania. “Nesse sen-tido, gostaria de destacar que a participaçãodos três cumpriu esse objetivo integral-mente. Inteligentes, críticos e cooperativos,eles souberam defender seus pontos de vistacom sólidos argumentos e delicadeza ne-cessária”, disse a jornalista e coordenadorado Programa Repórter do Futuro, NíviaCarvalho, 47 anos. Ela lembra que o trabalhotambém foi levado aalunos de esco-las públicas eprivadas.

Do meio aofinal do ano pas-sado, os jovenstiveram suas repor-tagens publicadasno jornal ZonaNorte, do O Glo-bo. A primeira re-portagem, feita porDouglas, 15 anos, fo-calizou o trabalho rea-lizado pelo Ceasm nas escolas. Ele

reconheceu a importância da entidade edescobriu durante o estudo a sua vocação.“O curso me fez pensar no caminho a seguir,num futuro que pode está relacionado com ojornalismo esportivo.”, disse.

Na segunda reportagem o bairroMaré foi o destaque. Isso porque Gizelequis mostrar para seus colegas, prin-cipalmente os da Zona Sul, como é umacomunidade, seu abandono e a presençade pessoas do bem. “É uma pena que a im-

prensa escrevapara os ricos.Mas desejoque todos mo-radores daquilutem contra opreconceito, enunca se aco-modem”, dizGizele, 20 anos,que deseja se-guir a linha dojornalismo po-

lítico.

Fragmentos dostextos impressos:O Pré-vestibular comunitário na

Maré, publicado em 31 de julho de 2005“...Ele surgiu no ano de 1997, como

projeto principal do Centro de Estudose Ações Solidárias da Maré, o Ceasm, efoi criado por moradores da própriacomunidade que, com muita dificuldade,ingressaram na universidade e sentiramo desejo de que outros tivessem amesma oportunidade...”.

Pelo fim da exclusão social,publicado em 13 de novembro de 2005.

“...A sociedade é separada pelopreconceito e pela justiça, gerando, deum lado, a classe dos excluídos e, dooutro, a dos que excluem. Essa exclusãoé percebida de forma clara em espaçospopulares. Na Maré, moradores eprofissionais sentem na pele asconseqüências desse sistema...”.

Os estudantes Gizele e Douglas escrevendo matéria no computador para o jonal O CIDADÃO

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O Cidadão • 21

MARÉ MUSICAL

Alunos da Orquestra de Flautas afinando os seus instrumentos para mais um show

Rosinaldo Lourenço

Reprodução

Capa do CD da Orquestra de Flautas da Maré

Orquestra de Flautas lança CDMúsicas relembram as brincadeiras e as cantigas de rodas

Maré acaba de lançar um CD. As brincadeirasde criança, as cantigas de rodas e outrastradições populares da Maré são o temacentral do trabalho. A questão indígena e ofolclore brasileiro também são retratados nasmúsicas.

A Orquestra de Flauta da Maré faz partedo Programa de Criança Petrobrás e édesenvolvido pelo Centro de Estudos e A-ções Solidárias da Maré (Ceasm). A primeiraproposta para gravação do CD foi feita aogrupo em 2004, durante o lançamento do livro“Lendas e Contos da Maré”. Em janeiro doano passado a Petrobrás se comprometeuem viabilizar o CD, arcando com os custosde produção. Em junho, o grupo já estava emestúdio para a gravação. Outros projetos doPrograma de Criança Petrobrás, como aOficina da palavra, Marécatu, Contação deHistória e Hip-hop, tiveram participaçãoespecial na gravação. Aproximadamente 50pessoas participaram da produção.

Este é o segundo trabalho do grupo, queproduziu um DVD com o patrocínio da Funda-ção Nacional de Arte (Funart), a partir do espe-táculo apresentado no Teatro Cacilda Becker.

A primeira apresentação em público dogrupo foi durante a Senama (Semana do MeioAmbiente), realizada na Vila Olímpica da Maré,em 2001. A partir da divulgação, a procurapelo projeto aumentou e a orquestra chegoua ter cerca de 70 alunos. Hoje, é compostapor 30 integrantes fixos.

José Cabral tem 15 anos e está no projetodesde os 10 anos. Ele conta com orgulho oslugares em que já tocou: “Já nos apresentamosno teatro Cacilda Becker e no Palácio doCatete. Quando me ensinaram a ouvir mú-sica, acabei descobrindo o mundo”, diz ojovem instrumentista.

As aulas e ensaiosO monitor da orquestra nas escolas,

Anderson Barros, 20 anos, conta como sãorealizadas as aulas e como se dá o processode aprendizagem: “Eles passam por uma

iniciação musical para conhecer a teoria damúsica e depois começam a praticar.Quando a criança não se identifica com oinstrumento escolhido no primeiro mo-mento, nós apresentamos outro”, diz.

Os ensaios, com o grupo antigo, acontecemaos sábados. Neles o acesso do público é maislivre. Já durante a semana o acesso é maisrestrito, pois os ensaios são com as criançasque estão ingressando no projeto. Os treinossão realizados nas oficinas das escolas, já queum dos critérios para fazer o projeto é estarmatriculado nos Cieps Elis Regina e SamoraMarchel.

O diretor musical da orquestra, RobertoFrança, diz que o grupo pretende trabalharcom ritmos africanos. “Vamos estudar opapel da música na época da escravidão,as diferenças de etnias e os tópicosreligiosos. Faremos um repertório inédito”,

garante. Roberto ressalta que as melodiase letras são produzidas pelos integrantesda orquestra e que os arranjos musicais sãofeitos coletivamente.

s amantes de música de qualidadeagora têm um motivo para come-morar: a Orquestra de Flauta daO

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Pudim de tapiocaCristiane Barbalho

Telma é a autora desse pudim maravilhoso

Ingredientes:- 1 e 1/2 Tapioca- 1 litro de leite- 1 lata de leite condensado- 1 e 1/2 xícara de açúcar- 200 gramas de coco ralado- 100 gramas de margarina- 4 ovos

Modo de fazer:Colocar a tapioca de molho no

leite. Depois juntar o leite conden-sado, o açúcar, o coco ra lado, amargarina derretida e os ovos ligei-ramente batidos. Assar em formacaramelada.

SABOR DE MARÉ

ESPORTES

N

Rolando a bola do sucessoClube da Vila do João ajuda a descobrir novos talentos e projeta o futuro

Os meninos do Vila do João Futebol Clube com o técnico René e o presidente Edilson Barbosa

Cristiane Barbalhoão é fácil chegar a um clubeconhecido para jogar futebol, es-pecialmente se o jogador não tiver

condições financeiras. Para estes meninosa solução é treinar perto de casa, num timeque dispute campeonatos importantes,para dar visibilidade ao seu trabalho. O Vilado João Futebol Clube é um dos divul-gadores dos jovens talentos da Maré e jálevou três alunos para times grandes. Opresidente do clube, Edilson Barbosa, 50anos, diz que tudo é gratuito e seu trabalhoé voluntário.

Um passo importante para oreconhecimento do clube ocorreu em 2002,quando se filiou a Federação de Futebol doRio de Janeiro (FEFRJ). Já no ano seguinte,foi convidado para participar da 3ª divisão,mas a falta de patrocínio tirou a chance tãoalmejada. A diferença do sonho para arealidade foi o valor de R$ 12 mil, necessáriopara os três meses de campeonato.

Entretanto, o que chamou atenção deoutros dirigentes foi a disposição do clubeao disputar o campeonato de favelas daConfederação Brasileira de Futebol (CBF),do qual foi campeão, na classificaçãoinfantil, duas vezes. Em 2000, recebeu dasmãos do jogador Ronaldo o prêmio e em2004 foi premiado por Parreira e Zagalo. “Otroféu não é o mais valioso. Importante é otrabalho social, indicando as melhorescrianças para a seleção da CBF”, comentaEdílson.

O presidente lembra que um dos quetentam receber um título na categoria mirim

deste ano é Luis Carlos, 11 anos, indicadopara a CBF. “Comecei a jogar e me afasteida rua. Hoje minha avó sempre fala: Juniorvai treinar”, diz o menino.

O clube tem o apoio da empresa NHJdo Brasil e de algumas associações demoradores. O outro braço forte é o ProjetoInter de Milão. “Minha maior realização éajudar as crianças. É muito gratificante,especialmente quando os familiaresavaliam o antes e o depois dos filhos”, dizo representante do clube espanhol noBrasil, Hildebrando Gonçalves, 35 anos, opopular Del.

Clube não tem sedeA falta de local para a sede é uma das di-

ficuldades do clube. Por isso, o dirigenteentrou com processo de cessão de uso deum terreno na Rua 9, mas não conseguiu.“A vereadora Teresa Bergher embargou aliberação. O lugar cheio lixo só serve paraos urubus. Enquanto isso, utilizo a minhacasa como sede”, diz Edilson. Ao ser pro-curada, a vereadora negou o fato. “Estoufora da 30ª RA desde 1998, desconheço oprocesso. Esse assunto não faz parte dopapel de vereadora”, afirma Teresa Bergher.

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PÁGINA DE RASCUNHO

Hoje é um dia muito especial,como são todos os dias,as flores desabrocharão sorrindo,e o sol despertou mais lindo.Hoje é um dia sem igual,ouço o cantar dos pássaros,as canções do mar,que cantam para lhe homenagear.De você vem o encanto,que encanta a vida da gente.Esta é uma simples homenagem ,por que todo dia,é dia internacional da Mulher.

Elcio dos Santos - Atendentecomunitário da 30ª AdministraçãoRegional

Homenagema todas asmulheres

CARTAS

As cartas ou sugestões para ojornal devem ser encaminhadaspara o Centro de Ações Solidáriasda Maré - Jornal O Cidadão (Praçados Caetés, 7, Morro do Timbau, Riode Janeiro, RJ. CEP: 21042-050)

88-Ah... tá alisando homem!... - Ele ficava

irritadiço com as indiretas dos transeuntes,conforme disse-lhe certa vez, uma graciosamoçoila: - Em Zé!...

- Ah... falta apenas um grau!... -Argumentava o maestro evangélico ZéMarinho, a afirmar que o irrequieto barbeirosempre foi um neurótico, o qual havia perdidonoventa e nove por cento do raciocínio: - ProZé Barbeiro, ficar completamente doido...doidinho da silva!...

- Aqui é pequeno... mas, o ponto é deprimeira!... - Dizia o Zé Barbeiro, a vangloriar-se da afluência de sua barbearia, a localizar-sena principal esquina da entrada da favela: -Aqui, o movimento vale tudo... é gente pra lá,é gente pra cá!...

- Ora... você é um morto-vivo, que ainda táde pé!... - Exclama o João do Açu, sob um falargritado. Porém, intromete-se no assunto, oalourado Sandir, a dizer: - Porque... não cortaramos pés dele!...

- Não... graças as garrafadas de catuaba...aquelas garrafadas, da Feira dos Nordestinos,no Campo de São Cristóvão... Ah!... - Aodesagradá-lo profundamente, prossegue oJoão do Açu a ironiza-lo com os seus ditos,que eram negativos vaticínios: - Agora... sevocê se deitar, nem a injeção 914 alemã... tealevantará!...

- Ah... pra raspar a barba na cara daquelesmatutos... lá no norte, utilizava-se umafaquinha afiada... porque, naquele tempo, nemnavalha existia!... - Atalha o seu compadreAnanias Medeiros, que era-lhe um amigosincero, porém um tanto objetivo: - A aprenderno tapa, a profissão de barbeiro... Zé você foium pupilo!...

- Olha a sacanagem!... - Reclama o ZéBarbeiro, a não entender o vocábulo pupilo: -Até você, compadre?...

- Aquela barata do Zé Barbeiro, é umaduvidança!... - Alguns indivíduos supersticiosos,exclamam com cepticismo: - Sei não, tem coisanaquela fiunça... Tem puchin no meio!...

- Ao vê-lo prosperar, tudo indica que... foi,uma seta de macumbaria!... Diziam em surdina,ao vê-lo todas as manhãs a olhar com languidez,

ao lado oposto ao Largo Gerardo Marques doPinho. Ao amarga-se de um desconsolo semprecedente, o que era o rarear-se de suafreguesia: - Maldosamente, atiçaram aquelabarata... a alojar-se, em seu ouvido!...

- Ao acorrer-se com urgência, foi-lhefraterna... a atitude do Severino da Nevinha!...- Relembram-se de seus impropérios, ao vê-lopular e espernear dentro do beco: - Ao retirar-lhe com uma pinça, o imundo inseto... que jáestava morto, dentro de seu tímpanoesquerdo!...

- A inveja, é uma miséria... e ali, só temgente invejosa!... Exclama aliviado o ZéBarbeiro, após mudar-se para a recém-inaugurada Vila dos Pinheiros, onde instalou-se com a sua barbearia num obscuro ponto: -Agora tô aqui, perto da antiga Ilha dosMacacos... e dali, agora eu me arrenego!...

- Ah... vou passar os muafos, tudo decobre... e vou embora agora, pra minhaJuripiranga!... - A fala do barbeiro é decisiva,ao estar nervoso a morar naquele ambiente,que ele elogiara um dia: - “Aqui... é o melhorlugar do mundo!” - Porém, ao afrontar-se comuma decepção do cotidiano, vem a mudar-seradicalmente de idéia: - Todos morrem um dia,e comigo não será diferente... e o meu desejo, éficar pra sempre lá... no cemitério de lá!...

- Acredito, e tenho fé... que Santa Bárbara,há de me ajudar na minha saúde!... - Ao ver-seenfermiço e desenganado, apega-se a umapromessa. Ao deixar a barba crescer, emagradecimento a santa de sua convicçãofervorosa: - Desacordade, eu fui parar nohospital... eu fiquei, todo inchado por dentro,nas hemorróidas, na pomba e tudo!...

- Interessante... todos aqueles, quezombavam da minha saúde precária... jáembarcaram na frente, a abotoar o pijama demadeira!... - Acrescenta o Zé Barbeironaquele dia, sob um curto período depermanência na Vila dos Pinheiros. Antes deadoecer fatalmente, a forçá-lo a retirar-se prao seu Nordeste, sem direito a retorno: -Agora... por enquanto, eu ainda tô aqui!...Elpídio Bernardes da Costa -Morador do Conjunto Esperança.

A Barbearia do Zé

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A

O Programa de Criança Petrobrasatende a diversas escolas públicas da Maré.Promove oficinas e atividades que se tornam

extensão da sala de aula.

Uma conquista dos moradores da Maré

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Concurso de Fotos eHistórias da MaréRede Memória, ao longo dos últimos 07 anos, vem traba-lhando para preservar e divulgar a história das comu-nidades do bairro da Maré. E esse trabalho já deu muitos

resultados!O Museu da Maré será mais um importante projeto que vai co-

laborar para o reconhecimento da nossa história. Estamos traba-lhando para inaugurá-lo em breve. Ele ficará aberto à visitação paraque muitas pessoas possam ter acesso ao patrimônio construídopelos moradores.

Mas esse patrimônio já está sendo divulgado. Neste ano, emparceria com o SEBRAE, no desenvolvimento do Projeto IntegraMaré, constituído por várias instituições do bairro, a Rede Memóriapreparou um calendário e uma agenda. Composta por fotos históricasda Maré, a agenda contou com mais uma participação valiosa dosmoradores das comunidades. Os moradores cederam, através deentrevistas, suas lembranças e memórias de experiências de vidaque nos enchem de motivação para continuar o nosso trabalho.

O Instituto Telemarapoia o jornal

O Cidadão

Rede Memória da Maré

Agenda e calendário, com fotos dos moradores, organizados pela Rede Memória

MEMÓRIAS DA MARÉMEMÓRIAS DA MARÉ

Regulamento1. Objetivo:Incentivar o trabalho de preservação e divulgação da história da Maré.2. Categorias:O concurso está dividido em 2 (duas) categorias:1ª. Fotografia: o(a) concorrente poderá apresentar uma ou mais fotos da Maréque pertençam a seu acervo pessoal. As fotos deverão ter mais de 10 (dez) anose poderão retratar pessoas, paisagens, festas, obras etc., de qualquer comunidadeda Maré. As fotos deverão ser identificadas com nome, endereço e telefone do(a)concorrente.2ª. História: o(a) concorrente poderá apresentar uma ou mais histórias inéditassobre fatos ocorridos na Maré, que possam virar um "causo", com por exemplo,O casamento na Palafita e O porco com cara de gente. As histórias deverão seridentificadas com nome, endereço e telefone do(a) concorrente.

3. Condições:1ª. Poderão participar deste concurso somente pessoas físicas, moradoras ou nãoda Maré.2ª. É obrigatório que as fotografias sejam de propriedade do concorrente.3ª. As histórias poderão ser redigidas à mão ou digitadas, devendo ser apresentadasem papel A4.4ª. As fotografias e histórias ficarão sob responsabilidade da Rede Memória até otérmino do concurso, e somente serão devolvidas mediante a presença do(a)concorrente.5ª. O(a) concorrente que desejar, poderá autorizar a reprodução ou a doação dasfotografias e das histórias para que estas possam compor o acervo do ArquivoOrosina Vieira da Rede Memória.4. Inscrições:As inscrições serão totalmente gratuitas e deverão ser realizadas até o dia 15 demaio de 2006, somente no seguinte endereço: Casa de Cultura da Maré - RuaGuilherme Maxwell, 26 (em frente ao SESI) - Maré - RJ.No ato da inscrição, o(a) concorrente deverá apresentar as fotografias e/ou ashistórias.5. Premiação:O primeiro lugar de cada categoria receberá um kit composto por: 1 (uma) agenda2006, 1 (um) calendário 2006, 1 (um) livro Contos e Lendas da Maré, 4 (quatro)postais e 1 (uma) camiseta produzida artesanalmente pelas integrantes do projetoMarias Maré.O segundo e o terceiro lugares de cada categoria receberão 1 (um) livro Contos eLendas da Maré e 4 (quatro) postais.As dez primeiras histórias e fotografias selecionadas serão publicadas no jornal OCidadão entre junho de 2006 e maio de 2007.Além da premiação colocada acima, todas as histórias concorrentes poderãocompor o repertório do grupo Maré de Histórias, sendo contadas em suasapresentações.O resultado do concurso será divulgado durante o mês de maio. Esperamos podercontar com sua participação. É só trazer a(s) foto(s) e/ou a(s) história(s) e torcer.Até lá!