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Exposição sobre liderança na igreja local.

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  • REVISTA DO ALUNO N 6 3 / 4 TRIMESTRE 2014

    NOSSA FE13 roteiros de estudos bblicos para clulas, grupos de estudo, grupos

    fam iliares, classes de discipulado ou classes de escola dominical

  • UEM PRECISA DE LI DER?Liderana X igualdade

    I C o r n t i o s 1 2 . 1 4 - 2 6

    LEITURA DIARIAD Pv 12.12-21 - Liderar com sabedoria S Tg 2.1-9 - Discriminar pecado

    T Nm 12.1-16 - Respeito ao lder

    Q Ef 6.5-9 - Lder e liderados pela graa

    Q x 35.20-35 - Uma obra a muitas mos

    S Rm 13.1-4 - O mal torna a liderana necessria

    S Ef 5.15-21 - Sujeio, fruto do Esprito

    INTRODUONo Brasil, nas ltimas dcadas, tem-se per

    cebido uma exploso de empreendedorismo. Anuaknente, milhares de brasileiros abrem seus prprios negcios, principalmente na rea de comrcio e servios, assim como tambm surgem pequenas indstrias. Os analistas econmicos do as boas-vindas esta tendncia, compro- vadamente geradora de impostos, empregos e crescimento econmico.

    Entretanto, o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebiae) informa que muitos destes novos negcios fecham antes do primeiro ano de funcionamento. O problema, dizem os especialistas, que nem todos tm aptido ou recursos para ser o patro. Estar frente de um negcio prprio, por menor que seja, exige muito mais capacidade que se imagina.

    Neste trimestre, em que vamos estudar a liderana bblica, temos de iniciar perguntando: No somos todos iguais? Por que precisaramos de que outra pessoa nos dissesse para onde ir ou de que modo caminhar? Afinal, presa de um ltder?\

    I. SOMOS TODOS IGUAIS,MAS SOMOS DIFERENTES

    O conceito de igualdade nunca foi muito

    estvel. J existia como um ideal na antiguidade greco-romana, bero da democracia e direito ocidentais; mas, na prtica, sempre foi bastante limitado. Por exemplo, escravos, mulheres e estrangeiros no eram vistos como iguais pelos homens Hvres que comandavam aquelas sociedades. Igualdade fazia parte do iderio uminista dos revolucionrios franceses, que mudaram a face da Frana no sculo 18. Mas mesmo na socie

    dade europeia do Eurninismo, permaneciam as diferenas entre seres humanos: o escravismo era combatido nas naes europeias, mas socilogos europeus visitavam os povos primitivos das colnias como quem vai a um zoolgico para admirar novas espcies; surgiram os estados democrticos, mas a maioria da populao era impedida de votar. Ainda hoje, os interesses de uma dzia de pases ricos tm mais peso do que de dezenas de naes em desenvolvimento. Os exemplos da ausncia de igualdade entre as pessoas podem ser multiplicados exausto; e, na maioria das vezes, so motivados por injustia e dolo.

    Mas o que a Bblia ensina sobre as diferenas e a igualdade entre as pessoas?

    Em primeiro lugar, devemos reconhecer que as Escrituras Sagradas reconhecem uma igualdade essencial em todos os seres humanos. O apstolo Paulo, evangeUzando os atenienses, afirma que Deus fez toda a raa humana de um s (At 17.26). Obviamente, ele est se referindo ao maravilhoso ato do Criador que, por meio de Ado, trouxe toda a humanidade existncia, conforme relata Gnesis, que Deus revelou como nos criou (Gn 1.26-27; 5.1-2). A origem comum de todos os seres humanos levou Malaquias a concluir que ningum tem o direito

    1

  • de ser desleal com seu prximo especialmente, com sua muier (Ml 2.10).

    O mesmo princpio da origem comum (o Criador) conduz igualdade social. Ricos e pobres so do mesmo modo feitos por Deus, e devem tratar uns aos outros como iguais (Pv 22.2; 29.13;J 31.13-15). De fato, o prprio Deus no faz acepo de pessoas, isto , no demonstra favoritismo a determinado grupo, mas trata todos iguaknente, com justia e com misericrdia (At 10.34-35; J 34.19; Rm 2.9-11; 10.12). Essa igualdade perante Deus a base para a igualdade entre os homens, uma igualdade que se sobrepe e condena as diferenas criadas pela sociedade. As Escrituras Sagradas condenam a acepo de pessoas como pecado contra Deus (Tg 2.9).

    No entanto, essa igualdade essencial no significa que todas as pessoas so idnticas. Pelo contrrio, como criaes pessoais do Deus pessoal, ns refletimos suapessoalidade como imagens em miniatura do Criador (Gn 1.27; 9.6; Tg 3.9). Na verdade, as diferenas entre as pessoas tambm esto fundamentadas no Criador, que nos fez de modo particular, pessoal e admirvel (Gn 2.7,21-22; SI 8.5; 139.13-16). E a diversidade parece agrad-lo bastante, como podemos concluir pela descrio do grandioso coral composto por uma inumervel multido provinda de todas as naes, tribos, povos e lnguas, em p diante do trono e diante do Cordeiro (Ap 7.9-10).

    II. NOSSAS DIFERENAS NOS COMPLETAM

    Portanto, h um aspecto em que fomos criados todos iguais, mas h outro em que fomos feitos magnificamente diferentes uns dos outros. Devemos compreender, ento, que o Senhor quis conceder aos seres humanos diferentes dons, capacidades e servios (ICo 12.4-6), de maneira que nossa igualdade se reveste de inmeras particularidades. Nossas diferenas foram cuidadosamente planejadas por ele para que nenhum de ns fosse autossuficiente, mas cada um dependesse dos demais de alguma maneira (ICo 12.18-19). Portanto, no devemos ver nossas diferenas como algo negativo.

    O caso da construo do Tabernculo esclarecedor; o Senhor concedera a Moiss uma viso detalhada de como deveria ser construda a tenda que servira como centro de adorao, naqueles anos de peregrinao no deserto (x 25.9,40); ningum mais recebera o dom proftico para isso. Entretanto, o dom artstico para desenhar, lapidar e bordar fora concedido a Bezalel, Aoliabe e a outros homens hbeis (Ex 31.2-6) e a ningum mais, nem mesmo a Moiss. Por outro lado, assim como agira em Moiss, por revelao, e nos artesos, por inspirao artstica, o Senhor tambm agiu no povo em geral, para mover seus coraes a doar generosamente os valiosos materiais com que o Tabernculo seria erguido (Ex 35.22-27). Cada um pde colaborar segundo o que Deus havia concedido. Porm, isso de modo algum eliminou a presena e importncia da liderana de Moiss no meio do povo de Israel, pelo contrrio, sempre que necessrio, o Senhor honrou seu papel diante do povo (Nm 12.5-10).

    O caso da construo do tabernculo, descrito, mostra como a importante obra do Tabernculo demandou a participao de cada israelita. Somente a soma da viso proftica com a doao voluntria e a habilidade artstica pde trazer o resultado desejado por Deus e pelo povo.

    Se reconhecermos humildemente que somos diferentes e que h um propsito divino em nossas distines, se encararmos nossas distintas habilidades e inclinaes como aspectos positivos de nossa criao, ento poderemos ver de maneira bastante positiva o quanto os lderes so necessrios.

    Os Kderes so, simplesmente, um componente importante para que um grupo alcance seus objetivos. Pois, assim como os lderes no podem cumprir sua misso sozinhos, tambm o grupo no ter a mesma eficcia sem eles. Segue tambm como verdade, a afirmao de que nem todas as pessoas tm o necessrio para serem Kderes. Segundo John MacArthur, Kderes so pessoas com o dom de influenciar e motivar outros, nem todos so chamados para a Kderana, ou ento, no haveria Kderana alguma (O Uvro sobre liderana. Editora Cultura Crist). Os olhos

  • no prescindem da mo, nem a cabea pode dispensar os ps (ICo 12.21).

    III. LIDERANA BOA, MAS...Afirmamos que os casos de desigualdade

    entre as pessoas so, na maioria das vezes, motivados por injustia e dolo. Lderes sem conta abusaram e continuaro abusando de suas posies contra seus subordinados. Mas isso nos autoriza a pensar que a liderana, em si, seja fruto do pecado? Em outras palavras, ser que o exerccio de liderana sempre o resultado da pecaminosidade que habita o corao de pessoas que desejam se colocar acima das demais? De maneira alguma. Deus no pretendeu criar uma massa uniforme e indistinta de seres. Por isso, afirmamos que as diferenas no so pecaminosas. Semeiantemente, cremos que os dons requeridos hderana tambm fazem parte do bom propsito de Deus para a humanidade.

    Quando o Criador fez Ado e Eva, deu a eles a ordem de serem fecundos, de se multiplicarem, de encherem e sujeitarem a terra, e dominarem sobre os animais (Gn 1.28). Se a Queda no tivesse corrompido a humanidade, essa misso haveria de ser cumprida com enorme eficincia, cada ser humano contribuindo alegremente para

    . que a glria de Deus se manifestasse de maneira mais plena na Criao, cada um de acordo com suas habilidades e talentos incluindo os lderes.

    Vemos isso no relacionamento do primeiro casal. Ado j era o Mder de Eva, antes da queda em pecado, como podemos perceber pela sua primazia na Criao, pelo fato de Deus o tomar por modelo para a nova criatura, pela sua responsabilidade de dar nome a ela, por determinar como seria o relacionamento conjugal, pela designao da mulher como sua auxiliadora, e a responsabilidade por santific-la diante do Criador (Gn 2.18,23-24). Entretanto, com o pecado, essa liderana imediatamente se corrompeu

    em uma relao de desconfiana e dominao (Gn 3.12,16-17). Podemos dizer que o mesmo ocorreu com toda forma de hderana.

    Por um lado, com a presena perniciosa do pecado na natureza hiunana, os lderes agora exercem hderana entremeada de motivaes e mtodos manchados pelo pecado. Por outro lado, a hderana se tornou ainda mais necessria, j que as habidades e disposies dos homens em geral tambm se corromperam, e a omisso e negligncia viraram regra (Ef 6.5-9). Ambos, hderes e hderados carecem da instruo da graa e da redeno que Deus providenciou por meio de seu Fho, para que a verdadeira hderana possa ser restaurada nas relaes humanas.

    CONCLUSOO Criador fez os seres humanos diferentes

    entre si e capacitou alguns para exercer uma hderana que levasse a humanidade a refletir a imagem de Deus sobre a terra. O pecado corrompeu o plano original, mas a graa de Deus ainda permite que esses dons permaneam beneficiando as pessoas em geral.

    Nem todos somos hderes, mas isso no ruim. O que importa mesmo que cada hder exera sua hderana de modo a completar os dons que os demais tm, visando ao bem comum.

    APLICAOVoc exerce autoridade ou hderana em

    algum mbito? Ser que seus subordinados percebem que tm com voc uma relao orgnica de interdependncia e cooperao das partes? Procure ser um exemplo do modelo bbhco de hderana.

    Ore pelas pessoas que tm autoridade sobre a sua vida, seja na vida civ, eclesistica, famihar, esmdantil ou profissional. Agradea a Deus por providenciar habidades e papis diversos e pea oportunidades para ser bno na vida de outros.

  • ^ Q j^ U E S T O DA AUTORIDADEA crise da autoridade na ps-m odernidade

    S a l m o s 8 . 1 - 9

    LEITURA DIARIAD SI 10.1 -18 - Autoridade mpia

    S Jz 17.1-13 - Cada um por si T 1 Co 3.18-23 - A razo limitada

    Q 1 Rs 12.1 -19 - O abuso da autoridade

    Q At 4.13-21 - A autoridade limitada

    S Mt 24.45-51 - Lderes abusivos

    $ Lc 7.1 -10 - Pequenas autoridades e a autoridade

    INTRODUOMuitos analistas sociais e historiadores tm

    apontado para algumas caractersticas de nossa poca que indicam uma ruptura com a Era Moderna. Alguns estudiosos entendem que a modernidade simplesmente acabou e deu lugar a uma era completamente nova; outros concluem apenas que adentramos uma nova fase da modernidade. De qualquer maneira, certo que uma nova mentalidade tem predominado nos estudos acadmicos, nas artes e na sociedade em geral.

    Essa nova mentalidade tem sido chamada Ps-moderna, e uma de suas caractersticas mais marcantes o relativismo. Vejamos por que a ps-modernidade tem representado um desafio ao exerccio (e at existncia) da liderana em nossos dias.

    I. O QUESTIONAMENTO DA AUTORIDADE

    No perodo da Idade Moderna, a razo humana ocupou o lugar de destaque: os avanos cientficos entre os sculos 16 e 19 geraram um clima de otimismo para com a capacidade humana de compreender e dominar o universo, respondendo aos problemas da vida, sem auxlio externo, divino. Foi nesse perodo que as

    instituies poKticas (por exemplo, o mo- narquismo) e religiosas (especiaknente o cristianismo) foram duramente questionadas e substitudas pela confiana na razo. A cincia foi colocada em um pedestal.

    Contudo, chegamos ao sculo 20, com suas guerras mundiais e demonstraes de que as naes mais avanadas podiam

    real racionalizar a selvageria em campos de extermnio e bombardeios areos. Ento,

    veio uma inevitvel decepo com o poder da razo humana para conduzir a humanidade a um futuro brilhante e certo, surgindo assim a ps-modernidade. Por rejeitar os absolutos da razo, essa nova era (ou fase) marcada por um subjetivismo relativista, que declara que ningum tem a verdade absoluta em qualquer rea da vida e, portanto, no pode imp-la aos outros.

    Devemos admitir que o rompimento ps- moderno com os postulados da modernidade teve aspectos positivos. Por exemplo; o raciona- lismo, tpico da Era Moderna, elegeu o mtodo cientfico como o nico critrio para o conhecimento de toda a verdade, negando qualquer relevncia f e revelao crist; crer nos atos sobrenaturais de Deus registrados na Bblia foi considerado sinal de falta de capacidade intelectual. O homem moderno, com seu dentificismo, desejo por autonomia e escalada do mal o prprio retrato bblico do insensato, que comea negando a existncia do Criador e termina rejeitando o bem (SI 14.1-3; 10.4-6; Is 47.10). A ps-modernidade se mostrou ctica quanto aos poderes da razo humana, redescobrindo o quanto ela limitada. Contudo, esse ceticismo tem se mostrado descontrolado e destrutivo. Seus frutos so vistos primeiro na intelectualidade e depois na sociedade. Na literatura ps-moderna.

    4

  • crticos dizem que o escritor perde o domnio sobre seu texto, que pode significar aquilo que cada leitor decidir que seja. Na pedagogia, h a insistncia em que os professores sejam meros facilitadores do processo de aprendizagem do aluno, considerado autnomo. Na religio, h a afirmao pluralista de que todas as religies so igualmente vlidas, e que toda tentativa de proselitismo uma violncia. Na tica, existe um abandono cada vez mais acenmado dos princpios morais que fundamentaram a civilizao ocidental, corroendo a famlia e a sociedade.

    Quanto autoridade e liderana, o relativis- mo ctico desse novo movimento trouxe em seu bojo uma forte rejeio ao prprio conceito de autoridade. Ao rejeitar a razo como fundamento para a existncia, a ps-modernidade elegeu o sentimento pessoal em seu lugar: Se voc se sente bem com algo, ento faa!. Afinal, se cada um tem seu prprio ponto de vista, e se todos so igualmente vlidos, quem poder dizer ao outro qual o caminho correto ou errado?

    Houve um tempo na histria do povo de Deus no qual imperou um tipo de relativismo tambm. Entre a morte de Josu, grande Kder cH e religioso, que sucedeu Moiss e o surgimento da monarquia teocrtica de Israel com Saul, as tribos de Israel ficaram deriva sem uma liderana formal unificada. No havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto (fz 17.6; 21.25). Mas essa descrio bblica no significa que aqueles foram tempos de maior liberdade social, mas sim dias de caos social, moral e religioso.

    A ps-modernidade est correta ao desacreditar da razo e da capacidade humana. A Bbha adverte claramente contra a confiana em homens falveis, mesmo que sejam grandes aos oios humanos, pois so limitados; por isso, colocar a esperana na carne mortal sinnimo de desiluso certa (fr 17.5-6; SI 146.3-4; J 14.1-2). A sabedoria terrena bastante frgil, especialmente quando se trata de realidades absolutas (ICo 3.19-20); alm disso, nossa sabedoria est to corrompida pelo pecado quanto nossa vontade ou emoes (Rm 1.22; Jr 10.14).

    Mas isso significaria que de fato no h a possibilidade de hderana? A resposta depende de qual a fonte de autoridade pretendida para a liderana. Como vimos, as Escrituras afirmam veementemente que a capacidade humana no oferece base para uma liderana confivel. Por isso, temos de encontrar uma ideia de fundamento externo ao prprio homem para a liderana. Esse fundamento pode ser encontrado na Bblia.

    II. FUNDAMENTO E LIMITES DA AUTORIDADE

    Em primeiro lugar, a Escritura nos ensina que h um Deus que verdadeiramente criou todas as coisas e que se d a conhecer (At 17.24-27); e que nos fez capazes de interagir com sua criao e uns com os outros com base no seu prprio carter (Mt 5.48; Fp 4.8; Cl 3.12). Ou seja, a realidade e as virmdes no so relativas nem sociaknente condicionadas existem de verdade e podem ser conhecidas e experimentadas. O relativismo condenado pelas Escrituras com base no pressuposto de que, objetivamente, h o certo e o errado (Is 5.20).

    Em segundo lugar, a mesma Escritura registra que, apesar de ser o nico Senhor da criao (Is 45.18-22), Deus comunica aos seres humanos algo da sua autoridade, lhes concedendo a tremenda honra de serem os seus prprios agentes sobre a terra que ele criou (SI 8.4-8). A mesma lgica est na base do ensinamento do apstolo Paulo de que os magistrados exercem autoridade em nome de Deus (Rm 13.1) e de que os presbteros foram colocados pelo Esprito Santo para liderar a igreja (At 20.28).

    Por mais que a histria registre constantes abusos de autoridade, isso no invalida a reahda- de de que o Senhor de toda a Terra revelou em sua Palavra a maneira pela qual as autoridades exeram seu mandato junto aos seus subordinados. TU, temos o fundamento e os limites para as autoridades humanas. A Escritura, falando acerca da autoridade dos governantes civis, afirma que as autoridades so ordenadas p o r Deus como instituies humanaspara o bem da sociedade (IPe 2.13-14; Rm 13.1,4).

  • A-. Toda autoridade subordinadaToda autoridade sempre exercida debaixo

    da permisso divina (Jo 19.11). Ningum detm autoridade absoluta na terra, seja sobre outras pessoas, seja at sobre si mesmo. O prprio Senhor Jesus, a quem foi dada toda a autoridade no cu e na terra (Mt 28.18), exerceu sua autoridade subordinado ao Pai (Jo 17.4; ICo 15.27-28). Isso significa que a autoridade precisa ser exercida de conformidade com o carter daquele que a verdadeira e nica autoridade em todo o universo. Ao conceder autoridade aos homens, de maneira alguma. Deus abriu mo de sua posio (Is 48.11).

    Quando o arrogante Roboo quis aumentar de maneira abusiva e injusta os impostos e trabalhos forados sobre Israel, seus sditos se revoltaram (IRs 12.12-16); quando o Sindrio quis governar a f dos apstolos por meio de ameaas, foram desobedecidos (At 4.18-20). Os lderes de Israel agiam com injustia e continuavam achando que o Senhor lhes amparava a autoridade (Mq 3.9-11). A impiedade e a transgresso solapam a legitimidade de qualquer autoridade (Pv 16.10,12), pois o Senhor justo e ama a justia (SI 89.14; 99.4).

    B. Toda autoridade limitadaToda liderana uma instituio humana, ou

    seja, participa das limitaes comuns a todas as criaturas e, particularmente, de todos os pecadores (Ec 7.20; IJo 1.8). Essa afirmao bsica e bvia oferece o corretivo para qualquer hder.

    O Rei Nabucodonosor viveu como um selvagem por ter se engrandecido com a glria de seu reino (Dn 4.29-33) e o Rei Herodes foi morto pelo Senhor por sua soberba (At 12.2123). Esmdaremos as tentaes da liderana mais adiante (lio 11), mas j podemos perceber que quando um lder acha que tem autoridade ilimitada est caminhando para a ilegitimidade e autodestruio.

    C. Toda autoridade comissionadaDeus concede autoridade para o bem geral

    dos seus liderados. Em outras palavras, as autoridades tm uma misso benfica a desempenhar diante de Deus, por isso so chamadas de ministro de Deus para teu bem (Rm 13.4). Contudo, a ideia errnea que se tem que as autoridades prestam um determinado servio a Deus, a saber: beneficiar um dado grupo humano em detrimento a outro. Isto , so lderes que agem visando meramente o proveito prprio. Estes esto traindo seu oficio e a misso que receberam do Criador e respondero por isso diante dele.

    assim nas parbolas contadas por Jesus, nas quais o senhor da casa se ausenta e confia ao seu mordomo os cuidados da criadagem toda, na expectativa de que ele cuide e supra seus conservos (Lc 12.42; 16.1-2). A autoridade legtima no tem sua finahdade em si nem visa ao benefcio prprio; pelo contrrio, tem como objetivo o bem estar ou a eficincia do grupo (Pv 14.28).

    CONCLUSOAssim, mesmo sem confiar demais nos

    homens em posio de autoridade, o cristo convive com as autoridades humanas sem ceticismo. Rejeitando a concluso ps-moderna de que a autoridade invivel, e ainda afirmando que a Bblia incita a uma liderana humilde, que reconhece sua finitude, seu alcance legtimo e sua misso de beneficiar o grupo. Isso tambm significa que as lideranas tero de prestar contas diante do soberano Senhor do universo por todo abuso de autoridade cometido. A perspectiva bblica no d margem ao autoritarismo nem anarquia.

    APLICAOVoc insubmisso? V as autoridades com

    animosidade e ressentimento? Ore a respeito, procure seus lderes e explique como o ensino bblico est mudando sua postura e pergunte a eles como voc pode lhes ser mais til. Pea ao Senhor sabedoria para ser um hder justo e hu- imlde, quando estiver em posio de autoridade.

  • MA LIDERANA DE SERVOO servilism o com o princp io para liderana

    M a t e u s 2 0 . 2 0 - 2 8

    LEITURA DIARIAD Mt 24.45-51 - Servos maus e fiis

    S Jo 13.1-16 - O lder-servo T Is 53.1-12- O servo sofredor

    Q 2Co 10.1-11 - O servo disciplinador

    Q 1 Co 3.5-10 - Servos e conservos

    S 1 Co 4.9-14 - Servos humildes S 1 Co 4.1 -5 - Servos fiis

    INTRODUOQuando os prmios das loterias se acumu

    lam, comum vermos entrevistas com os aposta- dores sobre seus sonhos caso sejam ganhadores. Normalmente, eles declaram que a primeira providncia ser pedir demisso, junto com alvos como No trabalhar nunca mais, No ter mais patro ou Ser meu prprio patro.

    E fcil entender isso. Todo mundo prefere mandar a ser mandado, ser servido a servir; raramente encontramos algum que aprecia obedecer ou servir outrem. No de se admirar que, na maioria das vezes, percebamos liderar e servir como diametralmente apostos entre si.

    Mas Jesus de Nazar no via as coisas dessa maneira.

    I. JESUS, O REI-SERVONos tempos bblicos uma casa tinha serviais

    para executar as tarefas domsticas; esses servos no eram homens livres, assim como, na maioria das vezes, as suas famlias. Muitos haviam se tornado escravos por pertencer a um povo derrotado numa guerra, outros simplesmente por ter dvidas maiores que a soma de seus bens, por isso ficavam reduzidos condio de servos pelo tempo necessrio para saldar seus dbitos. Eles se encarregavam desde os trabalhos mais humil

    des, como servir mesa ou cuidar da lavoura, at incumbncias de maior responsabilidade, como administrao dos bens, mantimentos e sobre a criadagem (Lc 17.7-8; Mt 24.45-47). Entre os gregos, a servido (e o trabalho braal de um modo geral) era considerada indigna; mas mesmo entre os judeus, que consideravam seus servos como parte da casa (Gn 15.2-3; Lc 7.1-3), a servido ohviamente no era uma situao desejvel.

    Apesar disso, diante do anseio dos discpulos por posies de autoridade em seu reino vindouro, o Senhor Jesus usa dois termos inter- relacionados para caracterizar o tipo de Kderana que pretendia que seus discpulos exercessem (Mt 20.26-27): servo {dikonos) e escravo {doubs). O primeiro termo enfatiza o servir, prestar auxlio a algum; d e s la v a originalmente o escravo que ficava mesa, cuidando para que os comensais estivessem bem servidos e satisfeitos. J o segundo termo enfoca a posio subalterna do escravo em relao ao seu senhor.

    Dcadas depois, os apstolos obedeciam fielmente prescrio de seu Mestre, denominando- se escravos {doulos, c Tg 1.1; 2Pe l . l ; J d 1; Ap 1.1). Mesmo sendo um apstolo tardio, que no estivera presente exortao de Jesus aos discpulos, Paulo via a si mesmo e seus colaboradores da mesma maneira (Rm 1.1; Fp 1.1). A expresso ministro, muito usada por Paulo (2Co 6.4; Ef 6.21; Cl 1.23,25), pode parecer pomposa para ns, mas apenas outra traduo de dikonos, o escravo que servia (ministrava) os alimentos e bebidas aos convidados. Paulo est afirmando que sua liderana era exercida essencialmente no servir o evangelho igreja como um garom em cuja bandeja est a vontade de Deus para seu povo.

    Porm, note que Jesus no apenas ensina seus discpulos que a liderana deles deveria ser

    7

  • pautada pelo servio e sujeio de uns aos outros. Ele ainda se coloca como modelo da Kderana de servo: sejam como Filho do Homem, que no veio para ser servido, mas para servir {diakonsai) e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt 20.28). Em outra ocasio, Jesus reforou esta difcil lio por meio de uma atitude que tomou; enquanto seus discpulos estavam preparados para a ceia, fez de uma toalha um avental, pegou uma bacia e lavou os ps de cada um deles Qo 13.4-5). importante destacar que essa era uma funo normalmente desempenhada pelo escravo menos capaz de uma casa. Ele ainda completou a lio ordenando que aqueles que querem ser seus discpulos devem seguir seu humilde exemplo de servo (fo 13.14-16).

    Na verdade, como o Filho Eterno de Deus, a liderana servil de Cristo comeou muito antes. O profeta Isaas anteviu seu ministrio e o descreveu como um servo que sofre e intercede pelos seus (Is 53.10-12). Afinal, subsistindo na divindade, ele assumiu sobre si a humanidade com suas limitaes e misrias, com o xinico objetivo de oferecer sua prpria vida a Deus (para propiciao) e aos pecadores (para redeno). Paulo descreve esse processo dizendo que Jesus a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo {doulo), e ordena aos cristos que imitem a disposio mental de Jesus (Fp 2.5-7).

    A ordem de Paulo segue a lgica perfeita do prprio Cristo: O Senhor serviu aos seus servos; um escravo no pode ser maior que seu Senhor; logo, cada servo deve servir aos demais. De fato, no podendo superar ao seu Senhor nem em grandeza nem em servio, a alegria e satisfao do servo de se assemelhar ao mximo com ele (Mt 10.24-25).

    Qualquer que seja o lugar ou posto que ocupe, o cristo est sob o exemplo e mandamento de seu prprio Senhor e precisa servir queles que se encontram ao seu redor. A liderana no uma exceo a esse princpio, mas a maior opormnidade de experiment-lo.

    II. O SERVIO DO LDERPorm, se o modo de liderar cristo pelo

    servio, de que maneira um lder serve seu grupo? Qual o servio que se espera de um lder?

    A Palavra de Deus ensina que as diferentes pessoas tm dons diversos entre si, e que a finalidade da liderana , Hteralmente, equipar os santos para o trabalho do ministrio (Ef 4.1114). Em outras palavras, o dom ou habilidade de liderana exercido em favor das demais capacidades distribudas entre o grupo, e seu alvo providenciar meios e recursos para que cada um alcance seu melhor potencial. Essa no uma tarefa fc.

    Equipar... para o trabalho requer do lder muito mais que simplesmente mandar e exigir ser obedecido. Demanda uma viso clara do objetivo a ser alcanado pelo grupo e exige uma capacidade de reconhecer as habilidades de cada um, bem como suas fraquezas. Alm de ter a percepo de como essas caractersticas individuais compem o corpo e contribuem para aquele objetivo. Mas o Kder no usa isso apenas para identificar quem ser promovido ou demitido; pelo contrrio, ele procura oportunizar a cada um aquilo que o far progredir em suas habilidades especficas e melhorar naquilo que ainda no satisfatrio.

    Em Efsios 4, Paulo iguaknente menciona a unidade como propsito da liderana. Diante da variedade de dons, talentos, formaes e temperamentos, a tendncia namral a completa desagregao cada um usando seus dons e ha- bidades para fins diferentes e particulares, sem objetivos comuns. A liderana necessria para dar unidade diversidade. O Hder no deve ter somente uma viso clara do alvo mais elevado que o grupo tem de manter para o bem comum, mas tambm deve ser responsvel por cativar os demais para tal meta acima das particularidades de cada um. E a atuao do Kder que toma meninos agitados, que poderiam ser arrastados para qualquer direo, e os conduz plena hombridade, ou seja, a maturidade que lhes permite buscar o bem e o alvo coletivos (Ef 4.16).

    Podemos dizer que o servio do Kder prestado quando ele, conhecendo seus liderados, os leva maturidade e edificao do corpo, deixando-os bem equipados e bem focados no

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  • alvo comum. Ele faz isso para o melhoramento e avano do prprio grupo, no para sua prpria vantagem pessoal.

    O Hder serve ao se voltar s pessoas, dedicando sua capacidade ao beneficio do progresso delas individualmente e do grupo. a figura do mordomo ou despenseiro, um escravo que tinha a administrao da casa ao seu encargo, inclusive a ordenao da criadagem. Um lder cristo um despenseiro de Deus servindo constantemente aos seus conservos (Tt 1.7; IPe 4.10).

    Assim, o lder serve ao grupo suas capacidades; viso de alvo, percepo de capacidades pessoais e interpessoais, habilidade de influenciar e aglomerar. Ele oferece essas aptides ao corpo porque so essenciais para o bom funcionamento deste; mas evidente que, para o exerccio de sua funo, o hder tambm precisa de um corpo de hderados.

    III. A LIDERANA DE PODERNa contramo desse modelo que temos em

    Jesus, fundamentado no servio do hder, h o modelo do mundo, que identificamos como sendo baseado no poder o hder.

    Na mentahdade contempornea, um hder algum to seguro de si mesmo a ponto de trilhar caminhos que ningum tenha ido antes dele. Ser capaz de vencer obstculos por meio de sua fora ou criatividade, conduzindo os demais por sua rota de sucesso.

    O contraste com o modelo do servo no poderia ser maior. Em primeiro lugar, a hderana de poder exalta a personahdade do hder. E o seu carisma pessoal que determina sua habidade de hderar. Esse carisma pode tomar a forma de uma presena cativante e cheia de simpatia, ou de uma grande capacidade intelecmal (geniahdade natural) e tcnica (geniahdade adquirida por treinamento). Qualquer que seja o caso, esse modelo de hderana o mais fc de identificar, j que a mais natural, sendo encontrada em empresas, associaes, esportes coletivos e igrejas.

    Nesse modelo de hderana, normalmente o potencial do grupo est a servio do nome do hder, que sempre brilha mais forte. Cada

    competncia e dom individual dos membros do grupo sero valorizados e estimulados conforme possam ser canahzados para servir aos objetivos do hder. Se no contribui com a hderana, este descartado rapidamente, substitudo por algum mais til.

    Em geral, este um tipo de hderana mais centrahzadora. E a razo que o hder de poder est muito seguro de sua prpria capacidade, mas tem dificuldade em confiar a outrem aquilo que cr que somente ele mesmo poder fazer. Em alguns casos, ele inclusive no deseja que seus conhecimentos sejam compartilhados com os demais, pois sente que isso o faria perder algo do seu poder. Em outras ocasies, efetua padronizaes com as quais pretende garantir o resultado das aes individuais pela rephcao das suas prprias prticas, tornando todos muito iguais, em detrimento de suas diferenas de personahdade e dons.

    Um hder apegado ao poder acaba se fazendo rodear de pessoas insatisfeitas com sua prpria posio e desejosas de alcanar tambm o poder para si mesmas. Ironicamente, a busca pela manuteno do poder leva esse hder a ser escravo de seu posto, fazendo concesses e acordos para mant-lo em suas mos e ento, abre mo da prpria dignidade de hder. Um caso triste foi Saul, primeiro rei de Israel, que perdeu seu reinado porque quis tanto agradar ao povo que acabou desobedecendo a Deus (ISm 15.23-24). Suas motivaes mostram que, ao fazer o gosto de seus sditos, ele no tinha o desejo de servi- los, mas agiu pelo receio de perder sua posio. Ele apenas servia a si mesmo.

    IV. A AUTORIDADE HUMILDEPor mdo o que vimos, no possvel exercer

    hderana de servo numa atimde egosta e arrogante. A viso crist da hderana servil imphca determinada postura por parte do hder; hderana humilde.

    A hderana de servo parte do princpio de que o hder meramente mais uma pea, trabalhando em fino ajuste com as demais. Considerando que, tanto hderes quanto hderados oferecem seus

  • dons ao corpo, ento todos so igualmente necessrios para atingir o alvo comum. Veja o caso da igreja em Corinto: para que o trabalho ah se desenvolvesse foi preciso a participao de muitos Kderes, cada um contribuindo conforme seu talento e conforme as necessidades do momento da comunidade. Paulo, na evangelizao. Apoio como doutrinador, Timteo para apaziguar, Estfanas para dar continuidade, etc. (ICo 3.56,10; 16.10-11,15-16). Cada um deles somente foi importante na medida em que contribuiu com seus dons para a edificao da comunidade a quem estavam servindo. Como o prprio Paulo pergunta: Quem Apoio? E quem Paulo? Servos por meio de quem crestes...

    bvio que Paulo era o Hder mais proeminente entre eles, mas sua atitude nos mostra algum que sabia permitir que outros tomassem a frente do trabalho de acordo com suas particularidades, consciente de que cada um teria sua contribuio a dar.

    Alm da humildade em relao a outros lderes, o lder servo tambm humilde em relao aos seus liderados. Novamente, temos em Paulo uma ilustrao do hder servo, no modelo de Jesus. Escrevendo aos tessalonicenses, ele relembra como preferiu ser para com eles como um pai que exorta e uma ama que acaricia os filhos, e no como um capataz exigente (ITs 2.7,11-12). Essas figuras familiares falam de modo bastante eloquente da maneira gentil e pessoal com que o apstolo conduzia as pessoas sob sua liderana. Afinal, como servo da igreja, ele estava disposto a oferecer a eles a prpria vida (ITs 2.8).

    Essa autoridade humilde costuma assustar alguns lderes. Eles no conseguem deixar de pensar que, caso abram mo de um r^do controle sobre as pessoas e processos, mdo se tornar uma grande desordem.

    De fato h um risco no exerccio da autoridade cheia de humildade. Haver sempre pessoas que no entendero a posmra do hder-servo, confundindo-a com fraqueza, falta de pulso ou insegurana. Em Corinto, alguns afirmavam que Paulo tinha uma presena pessoal firaca, lanando dvidas quanto sua autoridade apostlica (2Co

    10.1,10). Sua resposta foi firme: estava pronto para ser muito enrgico pessoaknente, castigando os insubmissos (2Co 10.6,11). Entretanto fica claro que Paulo no deixa de lado a perspectiva do servo, pois mesmo que endurea sua liderana, o nico objetivo a edificao da igreja em rebeldia; foi para esse fim que ele recebeu autoridade do Senhor Jesus (2Co 10.8; 12.19). No era a insegurana que o levava a agir com pacincia e mansido, mas o desejo de construir, e no derrubar.

    Vivemos em um mundo que dos espertos. Podemos esperar que alguns tentem se aproveitar de uma liderana pautada pelo servilismo, confndindo-a com fraqueza, insegurana ou incapacidade. Nesses casos, ser necessrio demonstrar com clareza que h um objetivo comum sendo perseguido, e que manifestaes de individualismo no sero toleradas porque destroem a unidade e harmonia do corpo.

    CONCLUSOO lder cristo tem Jesus Cristo como seu

    modelo de liderana, tanto por seu ensino quanto por seu exemplo: a liderana do servo. Esse modelo de liderana se contrape a tudo o que o mundo prope, porm muito mais frutfero, pois trabalha para que cada membro alcance seu melhor potencial em favor do corpo, dos objetivos do grupo.

    Um lder servo exerce sua autoridade de maneira humilde, no por insegurana, mas pela convico de que no possuidor de todos os recursos ou respostas; pelo contrrio, uma parte importante do todo to importante quanto as demais.

    APLICAOSe voc lder em alguma rea, faa o se

    guinte teste: liste os aspectos da liderana em que voc recebe os benefcios de ser lder em uma coluna, e na outra, aqueles em que o grupo beneficiado por voc.

    Caso tenha dificuldade maior em preencher a lista dos benefcios que sua liderana d ao grupo, considere um sinal de alerta.

    10

  • PERFIL DE UM LIDERQ ualidades essenciais liderana em Paulo

    I C o r n t i o s 3 . 4 - 9

    LEITURA DIARIAD Gi 2.6-15 - Um lder ousado

    S 1 Ts 2.1 -8 - Liderana amorosa

    T Fp 4.10-18 - Um lder no interesseiro

    Q Fp 2.25-29 - Flonrem seu lder

    Q IC o 1 5 .1 -1 0 -Um lder humilde

    S Tt 1.5-11 - Lderes que ensinam

    S Ef 4.10-16 - A tarefa do I der

    INTRODUOO apstolo Paulo uma das personalidades

    mais marcantes do Novo Testamento e de toda a Bblia. Somando sua presena em Atos com as cartas que escreveu, ele responde por cerca de 30% dos escritos neotestamentrios, moldando os padres cristos de doutrina, tica e eclesiologia.

    Por sua vida dedicada liderana eclesistica e seus escritos, inclusive para outros lderes cristos que ele mesmo havia treinado, podemos encontrar em Paulo grandes ensinamentos sobre a liderana bblica. Obviamente, apesar de sua importncia, Paulo no era perfeito nem mesmo como lder. Mas neste captulo destacaremos aspectos de sua personalidade e ministrio relacionados especificamente com a liderana crist, na confiana de que o apstolo dos gentios procurou com todo o empenho ser um imitador de Cristo (I Co 11.1).

    1.0 CARTER DO LDERO apstolo Paulo foi um homem de persona

    lidade marcante em vrios aspectos. Como lder cristo, podemos destacar alguns deles:

    A.. HumildadeComo vimos na Ho 3, apesar das grandes

    real2 aes de seu ministrio aos gentios, Paulo sabia se portar com humildade. O apstolo tinha uma aguda conscincia de suas limitaes e do quanto ainda lhe faltava para melhorar (Fp 3.1214). Uma das razes para isso certamente residia em seu vergonhoso passado e na forma como o Senhor Jesus havia se mostrado gracioso para com ele, transformando-o de perseguidor da igreja no apstolo que foi (ICo 15.9).

    Mas o prprio Paulo confessou que esse pensamento sobre o passado poderia no ser o suficiente para mant-lo humilde, de maneira que Deus permitiu que um problema srio o afligisse, para que sua vaidade no o dominasse (2Co 12.7). O fato de que o Senhor permitiu esse espinho na vida de seu servo foi para que ele pudesse ser ainda mais usado em suas mos. Com isto, percebemos como importante que o lder no se deixe levar pela arrogncia. A soberba precede a runa, e a altivez do esprito, a queda (Pv 16.18). Esse provrbio j se provou verdadeiro na vida de inmeros hderes que, quando estavam no pice da fama e reconhecimento, caram miseravelmente em desgraa fossem eles lderes eclesisticos, polticos ou corporativos.

    A humildade anula a tendncia humana ao personalismo. A liderana personalista pe o flder no centro das aes e atenes, fazendo com que seus interesses pessoais sobrepujem os da equipe. Essa uma liderana fundamentada na personalidade e carisma, e por isso mesmo ciumenta de outros talentos ao redor. Com humildade, Paulo se via como um servo e instrumento de Deus, ao lado de outros que podiam ser iguaimente usados na ohrado Senhor (ICo 3.5-7,10; 15.11).

    B. AbnegaoOutra marca da liderana de Paulo era sua

    disposio ao desprendimento dos prprios

    11

  • desejos ou necessidades em prol do evangelho e da igreja. Enquanto evangehzava em Coiinto, ele teve de exercer seu ofcio de fazedor de tendas; logo que recebeu ofertas de outras igrejas, passou a se dedicar integralmente pregao. Porm, mesmo depois que seus convertidos j formavam uma igreja local, ele preferiu continuar sem requerer deles seu direito ao sustento pastoral, sofrendo privaes, para no ser pesado aos irmos daquela igreja (2Co 11.8-9). Sua disposio abnegada o fez aprender um contentamento tal que independia de suas condies econmicas (Fp 4.11-12; ITm 6.7-10).

    Paulo tambm abriu mo de seus costumes e preferncias pessoais em diversas ocasies. Sendo judeu, mas vivendo em um contexto de atritos religiosos e culturais entre judeus e gentios convertidos ao cristianismo, ele entendeu que a prioridade era a paz da igreja e aceitou abrir mo de suas tradies para se identificar com os gregos (At 16.3; ICo 9.20-23).

    O apstolo se cercava de colaboradores mais prximos com igual desprendimento em favor da obra do Senhor. Timteo e Epafrodito se destacavam de outros lderes por se preocuparem mais com os interesses da igreja do que com os seus prprios; Epafrodito se dedicou integralmente ao trabalho, nem mesmo estando enfermo voltou atrs em seus princpios (Fp 2.19-21, 25, 30).

    Uma liderana abnegada estimula a abnegao nos demais. Porm, muitas vezes, para que o trabalho da equipe obtenha o resultado esperado, exige-se mais e mais dos hderados, causando a sensao de injustia, amargor e m vontade. Mas se a equipe observa o esprito de renncia dos hderes, tende a manifestar a mesma disposio, com boa vontade e sacrifcio.

    C. OusadiaA humildade e abnegao crists de Paulo

    no devem ser confundidas com frouxido de carter ou um esprito tmido e temeroso. Pelo contrrio, seu ministrio foi marcado por ousadia, firmeza e destemor. Ele corajosamente perseverou em sua misso contra a constante perseguio por parte de judeus e romanos, sen

    do expulso de uma localidade seguia para pregar na prxima (2Co 11.23-27; ITs 2.2; At 14.1-7). Ele foi iguahnente destemido no trato com as autoridades, tanto civis quanto eclesisticas, sem jamais recorrer bajulao, abrir mo de suas convices ou deixar de se posicionar (ITs 2.4-6; G ll.lO ; 2.5,14; 4.16).

    Quando precisou tratar de um grupo de insubordinados em Corinto, que insinuavam que o apstolo era ousado somente nos seus escritos, mas pessoaJmente um fraco, Paulo deixou bem claro que sabia usar de firmeza para disciphnar a rebeldia (ICo 4.18-21; 2Co 13.2,10; 10.10). Com convico e ousadia, afirmou que estava disposto a visitar pessoalmente aquela igreja e confrontar seus detratores.

    O apstolo dos gentios ilustra, inclusive, como a ousadia utihzada fora dos mites da humildade negativa. No incio de seu rninis- trio missionrio, Paulo e Barnab tinham um companheiro chamado Joo Marcos; porm, por alguma razo, o jovem os abandonou no meio da primeira viagem (At 12.25; 13.13). Posteriormente, quando Barnab quis reintegr-lo equipe, Paulo reagiu, recusando-se a admiti-lo. Sua rigidez levou a dupla de missionrios separao (At 15.35-40). Anos depois, o episdio parece ter sido superado entre os dois, reconhecendo o apstolo j idoso e aprisionado por causa do evangelho o quanto Marcos era til a ele (2Tm 4.11).

    Poucas coisas podem arruinar uma liderana quanto o temor de homens (Pv 29.25). Um hder que age sob o efeito do receio daquilo que seus liderados podem pensar dele ou que outros vo dizer se no tiver determinado resultado, ou que seja incapaz de repreender um liderado jamais poder liderar plenamente. Assim como um hder que no est disposto a correr determinados riscos, nem a suportar certas adversidades em nome do objetivo comum, no ter condies de estar frente de um grupo. Evidentemente, no se trata de elogiar o hder inconsequente, mas de reconhecer que a hderana inclui o impulso de sair da estagnao acomodada e avanar, e isso requer planejamento, sim, mas tambm ousadia.

    12

  • Pot outro lado, percebemos que a ousadia, coragem e firmeza precisam ser temperadas com as virtudes da humildade e adrninistrao para que no causem desagregao e desnimo para a equipe, ao invs de motivao.

    II. AS HABILIDADES DE UM LDERPaulo era um lder intencional, que planejava

    sua liderana. Afinal, a Hderana no se resume a algumas caractersticas inatas da personalidade, mas requer trabalho e esforo contnuo. Vejamos algumas atitudes fundamentais para a liderana, segundo o exemplo de Paulo.

    Al. A^dministrativasPaulo planejava suas atividades para aper

    feioar os esforos missionrios da igreja. Ele evitava evangehzar reas que j haviam ouvido a proclamao do evangelho por ele mesmo ou outro apstolo (Rm 15.20; 2Co 10.13). No encontrando campo de trabalho inexplorado, decidiu encaminhar-se Espanha, que na poca era o extremo ocidental do imprio (Rm 15.2324), onde ningum ainda havia levado a f crist.

    Ele tambm coordenava a logstica de seus companheiros para cobrir maior rea possvel. Era seu costume permanecer em uma localidade enquanto enviava seus colegas para fazer o reconhecimento de uma rea nova ou supervisionar um lugar j alcanado (At 19.21-22; 20.3-6).

    De fato, Paulo era um grande adrninistrador de recursos humanos, que soube se cercar de companheiros de ministrio que ele denominava cooperadores (Rm 16.3,9,21; Fp 2.25; 4.3; Fm 1.1,24), cada um fazendo sua parte na obra. Para ele, o papel principal do lder era capacitar os demais para que desempenhassem seu prprio servio (Ef 4.11-12); por isso, o apstolo se preocupava com a capacitao e treinamento de lderes e facditadores. Ele mesmo treinou alguns pastores, como Timteo e Tito, e os orientou a que treinassem outros (presbteros) que, por sua vez, tambm fossem capazes de ensinar os demais (2Tm 2.24-25; Tt 1.5-9). Esse processo de multiplicao se estendia at as mulheres idosas (sociaknente desprezadas na poca), instadas a

    serem igualmente treinadoras das mais jovens (Tt 2.3-5).

    Paulo soube como ningum delegar grandes responsabilidades aos seus cooperadores. Prova- se isto quando ele enviou o jovem Timteo para pastorear em Efeso e Tito em Creta, ambos receberam instrues detalhadas quanto ao que era esperado deles (ITm 3.14-15; 4.12-16; Tt 1.13; 2.15; 3.8). Para garantir que seus aliados se desincumbitiam das tarefas delegadas, ele os autorizou e comissionou publicamente, ordenando aos corntios que respeitassem o cooperador Tito e se sujeitassem ao obreiro Estfanas (2Co 8.2324; ICo 16.15-16); aos filipenses que honrassem o companheiro Epafrodito (Fp 2.25-29); aos tessalonicenses que acatassem com considerao seus obreiros (ITs 5.12).

    Paulo ainda era um sbio administrador do tempo e recursos financeiros. Ele pregava aos sbados e fazia tendas durante a semana para se sustentar e suprir aos demais companheiros de ministrio que necessitassem (At 18.1-4; 20.34; ICo 4.12; 2Ts 3.8). Mesmo quando a comunidade local j poderia dar sustento a ele; caso considerasse que isso os oneraria demais, ele levantava ofertas em outras igrejas mais estrumradas materialmente ou na f (2Co 11.9). Semelhantemente, quando a comunidade crist em Jerusalm passou necessidades materiais bsicas, o apstolo dos gentios coordenou com seus companheiros uma coleta entre as igrejas gentflicas e seu envio aos irmos judeus (ICo 16.1-3).

    Quanto ao bom aproveitamento do tempo, sabemos que uma boa parte das suas cartas preservadas no cnon foram escritas de dentro da priso romana, aguardando julgamento ou recurso (Fp 1.7; Ef 3.1; Cl 4.3; 2Tm 1.8; Fm 1.1). No havia tempo perdido nem tempo a perder.

    E. RelacionaisOutra caracterstica notvel da liderana pau-

    lina que ela se fundamenta em relacionamentos. E bastante comum encontr-lo chamando algum de meu filho, filho amado, especialmente se o tivesse evangelizado ou fosse seu discpulo: Timteo (ICo 4.14; Fp 2.22; ITm 1.2),

    1 3

  • Tito (Tt 1.4), Onsimo (Fm 10), os membros da igreja de Corinto (ICo 4.14), das igrejas da Galada (G14.19) e de Tessalnica (ITs 2.11-12). Expresses de carinho aparecem com requnda em suas cartas, mesmo em meio a repreenses necessrias (Rm 12.19; Fp 4.1; ITs 2.7).

    Paulo reconhecia a importncia de bons relacionamentos para o bom desempenho da equipe e do corpo como um todo. Ele incentivou seus cooperadores de diferentes maneiras, mantendo-os motivados nas diversas frentes da obra de evangelizao dos gentios que ele coordenava. Conhecendo a propenso de Timteo ao desnimo e timidez, ele faz um apelo sua histria pessoal e chamado rninisterial, confiana depositada e ao exemplo pessoal e prpria f (2Tm 1.5-12). Pode parecer bobagem, mas o simples fato de que 28 irmos tiveram seus nomes mencionados no final da carta aos Romanos eternizou o reconhecimento do apstolo ao valor do trabalho cristo de cada um deles (Rm 16.1-23). Por incrvel que parea, at mesmo disputas existentes entre gregos e ma- cednios, Paulo utilizou para mobilizar a igreja de Corinto a contribuir com maior liberalidade na campanha de arrecadao para os irmos da Judeia (2Co 9.1-5).

    Paulo no apenas cultivava bons relacionamentos com seus colaboradores, ele tambm nutria, estimulava e preservava um ambiente de concordncia fraterna e mmo apreo entre seus liderados. Uma das exortaes mais comuns em suas cartas foi em prol da harmonia de sentimentos e propsitos (Rm 12.15-16; Fp 2.2; 2Co 13.11; Fp 4.2).

    evidente que certas pessoas tm maior facilidade em estabelecer relacionamentos interpessoais, enquanto outras no levam muito jeito. Mas um Kder no tem o direito de se acomodar em seu temperamento mais intros- pectivo, pois sua capacidade relacionai afetar diretamente sua liderana e o desempenho do grupo. Mesmo habilidades relacionais subjetivas precisam ser aprendidas e desenvolvidas com a experincia e maturidade, e o verdadeiro Hder buscar aprimorar em todas as reas que dizem respeito liderana.

    CONCLUSOPaulo oferece o perfil de um fider segundo a

    Bblia. Seu carter e habilidades foram colocadas integralmente nas mos de Deus para o uso na liderana da igreja de sua poca, e at hoje podemos colher seus frutos.

    E um incentivo maravilhoso vermos como um homem comum e limitado pode ser um hder to completo, e isso nos estimula a aprimorar nossas habilidades de liderana ao mximo tambm.

    APLICAOOs especialistas em liderana apontam que

    normalmente os lderes podem ser encaixados em orientados por tarefas e orientados por pessoas.

    Com base nos textos bblicos vistos, com qual perfil voc identificaria Paulo? Com qual dos dois perfis voc identifica sua prpria liderana? O que voc precisa mudar para obter uma liderana mais equilibrada?

    1 4

  • IDERANA EXERCIDA PELO EXEMPLOA m aior ferramenta de um lder

    T i t o 2 . 1 - 8

    LEITURA DIARIAD Fp 2.1-8 - Um modelo de humildade

    S 1 Pe 4.1 -6 - Um exemplo de santidade T Rm 15.1-7 - Um exemplo de abnegao

    Q ITs 1.2-7 - Repassando bons exemplos

    Q SI 1.1 -6 - Fuja dos maus exemplos

    S 2Rs 13.1-12- Maus exemplos se perpetuam

    S Hb 12.1 -4 - Considerem estes exemplos

    INTRODUOVoc j observou que h uma diferena im

    portante entre as metodologias dos pastores de gado bovino e ovino? O primeiro, que cuida de bois a vacas, tambm chamado boiadetro, quando quer conduzir seu rebanho em determinada direo, se posta atrs da manada e enxota os animais, de modo que eles vo se movendo, empurrando- se uns aos outros e fugindo do barulho para a direo desejada pelo pastor.

    J o pastor de ovelhas precisa de outra estratgia, pois seus animais so, por um lado, mais assustadios que os bois e, por outro, muito mais dceis e dependentes especialmente quanto alimentao. Dessa maneira, quando quer conduzir seu rebanho, o pastor simplesmente se coloca frente dele e chama. As ovelhas reconhecem sua voz como confivel porque ele quem as alimenta, e ento o seguem para onde ele for. O boiadeiro diz: Vai! Vai!. J o pastor de ovelhas diz; Venham!

    bvio que pessoas no so como ovelhas. Mas a verdade que seguiro com muito maior disposio algum que se ponha frente e diga Venham comigo e no apenas mande outros fazerem aquilo que eles mesmos no fazem. Seguiro a um Hder que seja exemplo.

    I. UM EXEMPLO A SER SEGUIDOA liderana pelo exemplo um princpio

    encontrado fartamente na BbHa. A comear pelo prprio Jesus, que se ofereceu como exemplo daquilo que esperava de seus seguidores ao lavar humildemente os ps de seus discpulos (Jo 13.14-15). Naquela ocasio, ele pretendeu ensinar-lhes o modelo de liderana de servo (ho 3), mas no se contentou em apenas dar instrues tericas sobre o potencial motivador e agregador do servio mmo; tambm no ficou discursando sobre os benefcios da liderana pelo servio para convenc-los a exerc-la quando estivessem frente da obra evanglica. Jesus simplesmente exemphficou diante de seus olhos espantados como deveriam hderar.

    Apesar de ter ocorrido de uma maneira especial, na qual o Mestre praticamente apresenta uma parbola encenada sobre humildade para seus discpulos, esse no foi um evento isolado. Pelo contrrio, quando a me de Tiago e Joo lhe pediu preeminncia no seu reino para seus filhos, Jesus ordenou que evitassem seguir o exemplo dos lderes mundanos, mas seguissem o exemplo do Filho do homem (Mt 20.25-28).

    Jesus tambm constantemente colocado como modelo a ser seguido por seus apstolos. Quando quis motivar os filipenses humildade, Paulo evocou o exemplo de humilhao de Cristo, na sua descida terra, encarnao, crucificao e ressurreio (Fp 2.5-9). Ao exortar os cristos mtua tolerncia, relembrou o exemplo de Jesus, que no havia procurado aquilo que agradava a si mesmo, mas o que beneficiaria seus eleitos (Rm 15.2-3,7). E tambm o perdo recebido do Senhor Jesus que serve de incentivo para os itmos se perdoarem mumamente (Cl 3.13). Para Pedro, o exemplo de Jesus entregando-se morte pelos pecadores deve levar os crentes

    1 5

  • autonegao e renncia dos desejos carnais e pecaminosos (IPe 4.1-2).

    O prprio apstolo Paulo se reconhece um imitador de Cristo (ICo 11.1), ou seja, algum que se esfora constantemente para seguir o exemplo perfeito do Salvador. Da, a exortao aos seus convertidos gentios a que, semelhantemente, buscassem imit-lo enquanto seguidor de Jesus (ICo 4.16).

    Muitos tm interpretado essa postura do apstolo dos gentios como uma atimde de arrogncia imprpria a um servo do Senhor; porm, para Paulo, essa nunca foi uma prerrogativa exclusivamente sua. Todavia, todo fiel servo de Cristo deveria se colocar como modelo aos demais. Quando a igreja de Fdipos passou por uma crise de liderana, ele apontou o modelo de lder representado por Timteo e Epafrodito, homens que demonstravam um interesse legtimo pelo bem estar da comunidade, e no por si mesmos (Fp 2.19-20,25,29; 3.17-18).

    At mesmo entre instituies eclesisticas, o princpio de liderana pelo exemplo pode ocorrer. No nascimento do cristianismo, igrejas j estabelecidas foram modelos de conduta crist para igrejas menores ou mais novas. Por exemplo, a perseverana diante da perseguio judaica demonstradas pelas igrejas da Judeia serviram de modelo para a nascente igreja de Tessalnica, enquanto que a fidelidade dos tessalonicenses serviu de modelo para os crentes da Macednia eA caia(lTs 2.13-14; 1.6-8).

    Para o escritor da Carta aos Hebreus, aqueles crentes do passado que demostraram f inabalvel deveriam ser imitados pelos crentes do presente, quando fossem tentados a abandonar a caminhada crist, pois aqueles obtiveram vitria pela f (Hb 6.11-12). A famosa galeria da f nada mais que uma compilao de fiis que mereciam ser imitados por sua vida aprovada (Hb 11.1-40). AHs, uma hsta que encontra sua culminao no exemplo mximo de perseverana que foi Jesus, para quem o autor afirma que devemos olhar firmemente enquanto passamos por nossas prprias aflies (Hb 12.2).

    II. OS MAUS EXEMPLOSAgora, entretanto, precisamos ter uma pa

    lavra de advertncia; Se os exemplos tm tanto poder sobre as pessoas, esse poder pode ser exercido para o bem ou para o mal. H bons e maus exemplos que podem ser seguidos.

    Por meio de Moiss, o povo no deserto foi advertido que, caso deixassem de expulsar os canaanitas que habitavam a Terra Prometida, eles se tornariam em dlada para Israel, que seria tentado a imitar seu comportamento moral e idlatra (x 23.31-33; Dt 12.30). E, de fato, foi exatamente isso que ocorreu posteriormente, para a desgraa dos israelitas (Jz 2.1-3). Sculos depois, Esdras se desespera ao saber que o povo que voltara do exlio babiLnico no aprendera a dura o e novamente se envolveram com aquelas naes pags por meio de casamentos mistos; sua maior decepo, porm, foi que o povo estava seguindo o exemplo de seus lderes (Ed 9.1-3).

    1 e 2Reis relatam vez aps vez como reis mpios fizeram todo o povo de Deus, tanto no reino de Israel quanto de Jud, se desviar dos mandamentos e da aliana do Senhor. Jeroboo foi o primeiro rei do Reino do Norte (Israel); foi ele que, para garantir que seu povo no se submetera a Jud por causa do templo de Jerusalm, construiu seu prprio centro de adorao idlatra em Betei (IRs 12.26-32). Jeroboo entrou para a histria como o modelo de rei mpio, seguido por outros reis igualmente mpios e maus; e, por serem lderes de suas naes, o mau exemplo deles levou o povo como um todo derrocada espiritual (2Rs 10.29; 13.2,11; 14.24, etc.).

    O apstolo Joo escreve elogiosamente a um Kder da igreja chamado Gaio; porm menciona tambm outro Kder, de nome Ditrefes, ambicioso e maledicente, e ordena a Gaio que no imite o seu exemplo de impiedade (3Jo 11). Devido natureza pecaminosa no homem, pessoas mal intencionadas e de personalidade forte ou histria impactante podem atrair imitadores que reproduziro aparsonadamente seu exemplo, sempre com grandes males e sofrimento para todos.

    O meio social em que vivemos exerce uma enorme influncia pelo modelo que apresenta e

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  • promove; um mundo que est em rebelio contra o Criador e debaixo da autoridade de Satans, ou seja, que se encamioha para um padro de vida sem Deus (Rm 1.32; IJo 5.19). A mdia de massa a principal divulgadora e alimentadora desse modelo maligno, pressionando os cristos no sentido de imitar e se conformar com ele. Muitas vezes, esse modelo exemplificado em pessoas famosas, tidas por bem-sucedidas e admiradas socialmente, mas cuja vida uma completa runa espirimal. Aqueles que so seguidores de Jesus Cristo no podem seguir estes lderes miditicos da sociedade pelo contrrio, devem rejeitar seu mau exemplo (SI 73.2-5,10,15; Pv 23.17).

    III. A AUTORIDADE DE UM EXEMPLO

    Um exemplo transmite uma autoridade que as meras palavras no tm. Ningum est disposto a ouvir algum que proclama algo em que no cr, ordena algo que no segue, ensina algo que no sabe ou conduz por um caminho que no conhece.

    possvel que essa tenha sido uma das diferenas que a multido notou entre o ensino de Jesus e o dos fadseus: Cristo ensinava como quem tem autoridade, e no como os escribas (Mt 7.29). Jesus no poupou graves crticas aos escribas e fariseus do seu tempo, e uma das razes foi exatamente por ensinarem aquilo que no praticavam (Mt 23.2-4). Note que o Senhor confirma que o ensino deles era correto; porm, a autoridade deles estava completamente minada, pois no praticavam aquilo mesmo que requeriam dos seus alunos. Sua falta de integridade (hipocrisia, Lc 12.1) destrua sua liderana sobre o povo.

    A integridade essencial para uma hderana verdadeira, e o exemplo pessoal funciona como um selo de integridade do lder. Significa que ele sabe as dificuldades para executar aquilo que ele requer dos seus liderados, e tambm est disposto a realizar o que est pedindo aos demais. Essa uma ferramenta poderosa na hderana.

    Na igreja de Corinto havia todo tipo de partidarismo e diviso, inclusive com um grupo preferindo Paulo e outro rejeitando sua autoridade. Ao

    invs de entrar na disputa, o apstolo apresenta seu exemplo de cooperao sem cimes de Apoio (que resultara na plantao daquela igreja), de maneira que ningum poderia interpretar suas palavras como motivadas pelo desejo egosta de retomar o controle sobre a igreja (1 Co 3.5-6; 4.6).

    A mesma regra pessoal o apstolo dos gentios repassou aos lderes que formou. Ele instruiu o jovem pastor Timteo que se revestisse de autoridade tornando-se, pessoalmente, um modelo das virtudes crists que deveria ensinar na igreja de Efeso, onde trabalhava; de maneira que a sua pouca idade no constitusse como uma barreka para sua hderana ah (ITm 4.11-12). Semelhantemente, Tito, pastor em Creta, recebeu a ordem de Paulo para ser um exemplo de vida crist diante dos fiis, tanto jovens quanto idosos; de modo que ningum de dentro ou de fora da igreja pudesse levantar objees ao seu ministrio (Tt 2.7-8).

    A hderana pelo exemplo provoca um efeito extremamente positivo na disposio de esprito dos hderados em relao ao hder, motivando-os a segui-lo com mitito mais confiana que o fariam se fossem constrangidos ou forados a isso. O apstolo Pedro, dirigindo-se francamente aos hderes da igreja, recomenda-lhes que no sejam dominadores dos fiis sob seus cuidados, mas que se tornassem modelos para eles (IPe 5.3).

    Os hebreus convertidos que estavam desanimados e prontos a voltar atrs na f crist foram exortados a continuar firmes e perseverantes, fundamentalmente pela excelncia de Cristo em relao rehgio judaica. No final da carta, o autor usa como argumento o exemplo que seus hderes lhes haviam deixado, pois haviam sido perseverantes na Palavra de Deus at a morte, provavelmente diante do martrio (Hb 13.7). Quando os obstculos so muito grandes, poucas instrues, ordens ou recompensas podem motivar tanto quanto o exemplo de hderes verdadeiros: Lembrem-se deles e imitem sua f!

    IV. AS LIMITAES DE UM EXEMPLO

    Uma palavra final sobre a hderana pelo exemplo necessria. Os benefcios do exemplo no

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  • podem suprimir o fato de que h claras limitaes neste instrumento de liderana. Um exemplo pode dizer e motivar muito mais que palavras vazias, mas isoladamente o exemplo pode no concretizar tudo o que a liderana requer. H pelo menos cinco mitaes fora do exemplo:

    A. . As pessoas so diferentesComo j vimos, as pessoas tm diferentes

    habilidades, vocaes e dons, e essa diversidade tem o propsito de que possamos nos completar uns aos outros (lio 1, Quem precisa de Mder?). Porm, isso tambm significa que nem tudo o que uma pessoa faz a outra poder igualmente fazer; nestes casos, mesmo um bom exemplo pode no obter o efeito desejado, se os liderados no puderem repeti-lo ou imit-lo adequadamente. Alis, h at o risco de provocar o oposto do efeito desejado, desmotivando qualquer tentativa. Quando um Mder prope um modelo a ser seguido, deve demonstrar de que maneiras ele poder ser alcanado na prtica. O exemplo no prescinde a instruo acerca de seu funcionamento prtico.

    B. O exemph pode ser mal interpretadoUm exemplo bem intencionado pode ser

    interpretado erroneamente quando as motivaes do Mder no esto claras. Paulo foi acusado de menosprezar a igreja de Corinto porque se recusou a ser sustentado por ela; sua inteno fora poup-las e dar exemplo de desprendimento e trabalho, mas isso no havia ficado claro para os irmos, ocasionando um grande mal-estar entre o apstolo e aquela igreja (2Co 11.8-9). O exemplo no prescinde o esclarecimento sobre seu significado e intenes.

    C. O modelo sempre imperfeitoQuando o Mder se apoia demais no seu exem

    plo pessoal, h o risco de que qualquer falha sua, mesmo em outra rea, destrua completamente sua capacidade de Hderana. Afinal, se ele se colocou como ideal a ser perseguido tantas vezes, natural que haja certa idealizao de sua pessoa de um modo geral. Imagine como ficaria abalado algum que tomasse Abrao como seu

    referencial maior de vida de f ao descobrir que ele buscou segurana na mentira e riu ao ouvir uma promessa divina (Gn 12.11-13; 17.17)? O exemplo no prescinde que haja normas a serem cumpridas por todos.

    D. O hom exemplo pode gerar acomodaoA hderana pelo exemplo pressupe um Mder

    capaz de arregaar as mangas e fazer aquilo que exige dos seus hderados. Entretanto, o perigo que alguns do grupo se acomodem com a habhidade do Mder, dirninthndo seu empenho e responsabihdade. O exemplo no prescinde a disciplina da equipe.

    E. Um modelo no deve tomar-se um doloQuando um Mder capaz se apresenta como

    modelo a ser seguido, ele pode estar provocando um ambiente no qual haja mais que admirao em torno de si mesmo. Se no houver um cuidado quanto imagem que est sendo passada, pode gerar um tipo de idolatria em torno da figura do Mder que ser extremamente negativa para o grupo. O exemplo no prescinde a humildade do Mder.

    CONCLUSOA Palavra de Deus deixa claro que Mcito

    procurarmos modelos para seguirmos, e que o bom exemplo autentica a integridade de uma hderana. Tambm alerta para os perigos de um mau exemplo. Sejamos Mderes autnticos, que demonstram sua integridade inclusive na maneira como hderam no com hipocrisia, mas sendo um padro a ser seguido.

    APLICAOConversem na classe entre si e compartilhem

    se j estiveram sob a autoridade de pessoas que conheciam menos sobre a tarefa que vocs mesmos. Como se sentiram? Houve prejuzo na hderana ou na execuo da tarefa?

    Avahe se h alguma rea da vida na qual voc no deva estar frente de um grupo por no poder representar um padro de excelncia naquela rea especfica.

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  • IDERANA ECLESISTICAA autoridade na igreja

    M a t e u s 1 6 . 1 3 - 1 9

    LEITURA DIARIAD 1 Co 15.24-28 - Soberano sobre todos

    S CM .13-23 - A cabea da igreja

    T 1 Co 3.1-6 Servos de Deus

    Q Ef 4.1 -16 - Dons para edificar

    Q ITm 3.1-13-Qualificaes do lder da igreja

    S 1 Pe 5.1 -4 - O Pastor e os pastores

    S Hb 12.7-13-A d iscip lina que cura

    INTRODUOAo tratarmos da liderana eclesistica, ou

    seja, liderana na igreja, nos deparamos com algumas particularidades desta Ho. Por um lado, h inmeros abusos de autoridade nas igrejas crists, especialmente por parte dos chamados donos da igreja. Por outro, nesses tempos ps-modernos, muitos acham que a igreja no deveria ter uma hderana formal. Entre estes dois extremos, precisamos procurar os princpios de hderana bbhca especficos para a hderana da igreja, que uma hderana espiritual.

    I. CRISTO O SUPREMO PASTORA Bbha afirma o senhorio universal de Cris

    to, uma posio exaltada que o prprio Pai lhe conferiu aps cumprir sua misso de redeno por meio de sua morte e ressurreio (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Dn 7.14). Frequentemente as Escrituras se referem a esse domnio de Jesus sobre o mundo em pecado como aquele que est assentado direita de Deus, indicando que a divindade compartilha a regncia da Criao com o homem Jesus Cristo, Mediador da humanidade (SI 110.1; Mc 16.19; Ef 1.20-21; IPe 3.22).

    Mas h um sentido mais especfico no qual Cristo o Senhor da igreja. um reinado espi

    ritual, pois estabelecido no corao e na vida dos crentes e no exercido pela fora ou coao, mas pela sua Palavra e pelo seu Esprito (Jo 14.26; 15.26; 18.36-37; ICo 12.3; 2Tm 3.16-17). Esse governo espiritual de Cristo sobre a igreja fundamentado em uma hgao to orgnica e vital entre ele e seu povo que Paulo o denomina de cabea da igreja (Ef 1.22-23; 4.15-16; Cl 1.18; 2.19). E importante notar que a expresso corpo de Cristo aphcada tanto para a igreja no aspecto universal e invisvel quanto para os membros de uma congregao (ICo 12.27), o que imphca dizer que Cristo igualmente a cabea de cada igreja local.

    Somente Jesus Cristo o dono da igreja, pois ele a comprou por alto preo e no abre mo de seu senhorio sobre ela para ningum (ICo 8.6; 1.13). Sendo o Cabea e o Senhor da igreja, Jesus apropriadamente afirma: Eu edificarei a minha igreja (Mt 16.18).

    Na Reforma Protestante, um dos pontos de polmica com o catohcismo romano foi sobre a hderana eclesistica. Para os reformadores, a autoridade suprema arrogada pelo papado sobre a igreja visvel era uma ofensa ao senhorio de Cristo. Somente Cristo pode ser considerado o supremo pastor da igreja que comprou com seu prprio sangue (IPe 5.4; At 20.28).

    O princpio de que a igreja o rebanho de Cristo, e no dos seus hderes, tambm significa que, apesar de contar com inmeras pessoas que colocam suas diversas habidades disposio da comunidade, seus Hderes no podem trat-las como se fossem funcionrios de uma empresa. Nenhum membro ser demitido por chegar atrasado ao culto, assim como nenhum professor de Escola Bbhca ter desconto no seu salrio por no preparar bem sua aula. Assim, o bom funcionamento do corpo requer membros

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  • comprometidos com a causa de Cristo, que voluntariamente se submetam a seus lderes.

    Eles no podem ser forados externamente a se sujeitar aos seus Kderes; portanto, a liderana eclesistica somente possvel a partir de uma convico pessoal dos liderados. Esta convico dada pelo Esprito Santo, que tanto responsvel pela distribuio dos dons de liderana quanto por produzir unidade de propsitos e sujeio humilde no corpo (Ef 4.2-6,11-13; At 13.1-3; 20.28).

    Por outro lado, porque Cristo o dono da igreja, lderes eclesisticos no tm autonomia para fazer o que quiserem na igreja, pelo contrrio, devem lembrar que tero de prestar contas da maneira com que cuidaram de cada vida do rebanho de seu Mestre e que, como lderes, sero julgados por ele, segundo critrios ainda mais rigorosos (Hb 13.17; Tg 3.1). De todo modo, por meio de homens Umitados que o Senhor ressurreto, que habita nos cus, governa sua igreja que peregrina aqui na terra.

    il. OS HOMENS DE CRISTO COMO INSTRUMENTOS

    O povo de Israel j era uma congregao (em grego; ekkksia, que traduzimos como igreja) no deserto que Deus governou por meio de Moiss (At 7.38). Seu sucessor, Josu, e depois dele os juizes, como Otniel, Gideo, Sanso e Samuel, foram servos que Deus usou para conduzir um povo que se fosse deixado s suas prprias vontades e paixes, rapidamente se desviaria por completo da aliana de Abrao e da lei de Moiss. Posteriormente, a pedido do prprio povo, vieram os reis como lderes da nao, com o mesmo objetivo espirimal de guiar o povo na vontade de Deus. Quando os reis e sacerdotes falhavam em conduzir o povo na vontade de Deus, o Senhor ies enviava profetas para falar em seu nome; estes homens constituam uma Hderana espiritual alternativa para Israel, ainda que no fossem ouvidos muitas vezes (2Rs 17.13).

    Na nova aliana, no foi muito diferente com a igreja crist. Jesus escolheu alguns discpulos para serem mais ntimos e receber ensino espe

    cial; aps sua ascenso, ficaram incumbidos de dar continuidade sua obra, conduzindo um rebanho cada vez maior (At 1.8,21-22). Como representantes do Senhor, sua palavra deveria ser recebida como Palavra de Deus (ITs 2.13).

    Com o crescimento da obra, os prprios apstolos compartilharam sua autoridade com os presbteros, e quando uma disputa doutrinria gerou polmica na igreja de Antioquia, a questo foi examinada por uma reunio de apstolos e presbteros, o Concflio de Jerusalm (At 15.1-6). O debate resultou num acordo entre os presentes. Esta deciso foi transmitida a todas as igrejas locais para que cumprissem como sendo a vontade do prprio Esprito Santo (At 15.2528; 16.4). A ordenao de um pastor tambm era responsabilidade do colegiado de presbteros, que com a imposio das mos autorizava o seu ministrio (ITm 4.14).

    Os apstolos Pedro (IPe 5.1) e Joo (2Jo 1; 3Jo 1) dignificaram este ofcio chamando a si mesmos de presbteros. A importncia e autoridade espiritual dos presbteros na vida da igreja tambm so pressupostas e sublinhadas por Tiago (Tg 5.14).

    Entretanto, essa nova hderana eclesistica no recebia seu chamado ao rninistrio diretamente de Deus, por meio de vises e sonhos, como no Antigo Testamento; tampouco haviam sido vocacionados e treinados pessoalmente por Jesus em seus dias na terra, como os apstolos. Estes lderes eram eleitos em suas prprias congregaes para exercerem autoridade espiritual sobre seus kmos (At 14.23; Tt 1.5). A autoridade deles, ento, derivava de serem vocacionados pelo Senhor da igreja; e que a comunidade da f reconhecia e autenticava esse chamado.

    A igreja reconhece o chamado do lder observando suas quahdades algumas referentes suas habihdades, como ser apto a ensinar e bom pai de famha, outras relacionadas ao carter, como no arrogante, no avarento e sbrio (ITm 3.2-7; Tt 1.7-9). A maioria das qualidades elen- cadas por Paulo tem a ver principalmente com o testemunho do Kder diante da comunidade e dos de fora dela. Em todos estes quesitos, ficava

    20

  • claro que seria seu bom testemunho que o capacitaria a exercer seu difcil papel de corrigir e exortar; e que, ao mesmo tempo, seria o critrio que identificaria um lder perante a comunidade. Note nestes ltimos textos a importncia do desempenho como chefe do lar, Hderando esposa e filhos no caminho do Senhor, para a escolha de lderes (examinaremos a questo da Hderana masculina nas prximas lies). Na verdade, estas qualidades eram um sinal de que os lderes eram cheios do Esprito Santo, agentes do verdadeiro condutor da igreja (Jo 16.13; At 6.3-5; 13.2; ICo 12.7).

    Por sua vez, a igreja autentica o chamado divino do Uder ao eleg-lo. Entretanto, isso no deve nos levar a pensar numa democracia (isto , um governo exercido pelo povo). Assim como os profetas perante Israel, o lder da igreja pode ter de exortar a comunidade na direo contrria quilo que ela deseja, por entender que essa se ope vontade do Senhor (Jr 1.17-19; G1 4.16; 5.2). O Hder da igreja no eleito para ser a voz do povo, mas sim a voz de Deus.

    Paulo relembra os presbteros da igreja de Efeso de que sua funo era pastorear e supervisionar o rebanho (bispo significa supervisor, At 20.17,28); Pedro, repetindo as palavras que ouviu do prprio Jesus, tambm confirma que a funo dos presbteros pastorear o rebanho de Cristo (IPe 5.1-2, veja Jo 21.16-17). A figura de um pastor com suas ovelhas corrobora que, ainda que seja eleito pelo voto popular, um Hder da igreja no pode se deixar levar pela opinio do povo, mas sim conduzi-lo.

    Ili. A PALAVRA DE CRISTOEntre as qualificaes do Hder da igreja, est

    a habilidade com as Escrimras Sagradas (Tt 1.9; 2Tm 1.13).Isso to importante para a Hderana eclesistica que o Novo Testamento ordena que a igreja conceda maior honra aos presbteros que se dedicam a estudar e ensinar a Palavra (ITm 5.17), o que provavelmente significa, inclusive, que as igrejas deveriam providenciar o sustento material destes Hderes, para que pudessem se dedicar exclusivamente a esse ofcio.

    A razo desta prioridade no ensino das Escrituras que, na verdade, a BbHa no apenas impe os critrios para a escolha do Hder da igreja (conforme vimos), mas tambm o fundamento para sua autoridade. E atravs de sua Palavra escrita que o Supremo Pastor conduz o seu rebanho, por meio de seus pastores auxiliares.

    Assim, ainda que o pastor tenha a funo de ser o portador da Palavra de Deus para o rebanho, a congregao tem a prerrogativa de julgar se o seu ensino est conforme as Escrimras (At 17.11; ICo 14.29; IPe 4.11).

    Desta forma, a Palavra de Deus o critrio de Cristo para a Hderana de sua igreja. a eia que o Hder deve se amoldar em sua conduta e ensino, caso pretenda ter sua legitimidade reconhecida de fato. Em caso contrrio, sua autoridade pastoral dever ser completamente rejeitada pelo rebanho.

    Por outro lado, quando esto em harmonia com a Palavra, estes Hderes devem ser considerados comissionados pelo prprio Senhor da igreja para exercerem sua Hderana espirimal com toda a autoridade e zelo. As palavras de Jesus aos setenta discpulos enviados para pregar o evangelho nas cidades circunvizinhas se apHcam aos

    ^ seus ministros fiis de todas as pocas: Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita (Lc 10.16; ITs 4.8).

    Porm, o que parece que tem sido esquecido em muitas comunidades crists que quando Jesus outorgou o ministrio da Palavra aos seus servos, por impHcao, ele igualmente entregou o ministrio da discipHna eclesistica. No foi sem motivo que os reformadores consideravam que entre as marcas da verdadeira igreja esto a fiel pregao da Palavra e a discipHna eclesistica, ambas andam necessariamente juntas. Conforme os pregadores proclamam a verdade esto, concomitantemente, denunciando o erro. Disciplinar unicamente levar a Escrimra a srio. O apstolo Paulo exerceu este ministrio ao ordenar que a Hderana da igreja de Corinto tirasse da comunho certo membro que mantinha uma vida imoral com sua madrasta (ICo 5.1-5); a H- derana de Efeso, comandada por Timteo, foi

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  • semelhantemente instrvida por ele a repreender publicamente membros impenitentes (ITm 5.20)

    A relao entre instruo bblica e disciplina bblica evidente. Se determinado comportamento condenado pela Bblia, a comunidade da f deve corrigir quem est em desobedincia. Caso ele no se arrependa, tirado da comunho. Muitas so as crticas levantadas contta a disciplina eclesistica em nossos dias; mas a Palavra de Deus permanece como padro para a igreja, e por ela rebatemos tais crticas com transparncia:

    a) Algumas pessoas, em conformidade com a mentalidade relativista da nossa poca, defendem que ningum tem o direito de condenar ningum, pois todos somos pecadores. Mas a ilusttao de como nossos pais nos corrigem, mesmo com suas limitaes, lembra-nos de que, ainda que todos sejamos pecadores, permanece o fato que Jesus outorgou igreja autoridade para requerer dos membros a conformidade com a sua Palavra (Mt 28.20). Ele ies enttegou as chaves do reino dos cus, significando que quando a liderana constituda da igreja disciplina algum, o prprio Senhor o est corrigindo, e quando decidem restaur-lo, tambm o Senhor quem o est renovando (Mt 18.15-18).

    b) H aqueles que, em razo de uma viso bastante parcial de Deus, proclamam que ele, sendo amor, no aprova que a igreja exera disciplina sobre seus membros. Jesus no faria isso dizem. Porm, a prpria BbEa nos afirma que o Senhor nos disciplina para nosso prprio bem e que, pelo contrrio, quem se afasta dos caminhos dele sem receber castigo algum pode simplesmente no ser filho de verdade (Hb 12.4-11).

    c) Semelhantemente, alguns entendem que toda disciplina falta de amor. Isso no verdade, como bem sabe qualquer pai ou me que leva a srio a educao de seus filbos; todo castigo deve almejar a restaurao de quem est sendo castigado, no sua destruio (ICo 5.3-5; Pv 23.14). Alm disso, necessrio amar tambm aqueles que permanecem no corpo, e a discipli

    na visa igualmente preservao da igreja at mesmo expulsando o mau exemplo e deixando clara a verdade de Deus (ITm 5.20; Dt 17.12-13).

    d) Uma ltima objeo disciplina na igreja provm da experincia negativa bastante comum com Kderes despticos que impem sua opinio aos demais sem qualquer fundamento bblico nem ficuto espiritual. Entretanto, essa realidade (que infelizmente no podemos negar) no pode invalidar a ordenao do Senhor para sua igreja. Embora Cristo exera sua autoridade na igreja por intermdio dos oficiais, no se deve entender isto no sentido que ele tenha transferido sua autoridade a seus servos; os oficiais da igreja no tm poder absoluto ou independente, mas unicamente um poder ministerial, derivado da Palavra. Em outras palavras, somente passvel de disciplina aquilo que possa ser provado como pecaminoso pela Escritura.

    CONCLUSOA liderana eclesistica um dom maravilhoso

    de Deus para sua igreja. E por meio de homens pecadores e limitados que ele conduz seu rebanho a pastos verdejantes, mas sua Palavra o nico cajado que suas ovelhas seguem com alegria.

    Por isso, a igreja deve aos seus lderes toda a reverncia e submisso, enquanto eles se mantiverem fiis s Escrimras Sagradas, sendo grata por sua instruo e correo como instrumentos do Senhor para sua santificao.

    APLICAOSeparem um tempo para interceder pela

    liderana da igreja, especialmente pastores, presbteros e diconos, mas incluindo tambm diretores e coordenadores de departamentos internos. Peam ao Senhor que Uies d sabedoria, perseverana e fidelidade vindas do alto.

    Procure um de seus oficiais e pergunte como voc poderia ajudar mais sua igreja.

    Voc j recusou algum cargo na igreja? Ser que voc no est perdendo a oportunidade de servir ao Senhor da igreja e prejudicando sua obra? Repense seus motivos.

    22

  • IDERANA MASCULINA NO LAR - PARTE 1O homem da c a s a

    E f s i o s 4 . 7 - 1 4

    LEITURA DIARIAD Hb 12.1-4 - Um homem a ser seguido

    S Gn 1.3-5 - Liderana verbal T 1 Sm 2.13-25- A falha de Eli

    Sl 128.1 -6 - O chefe de famlia feliz Q SI49.1 -20-Atolicedasrealizaeshum anas

    S Mt 6.6-13 - O pai provedor S Sl 1 1 0 .1 -7 -Um homem de ao

    INTRODUOTodas as sociedades humanas na histria fo

    ram fundamentadas na famlia, como extenses daquilo que era vivenciado em menor escala nos ncleos familiares. Obviamente, cada culmra, por sua vez, tambm influenciava e moldava as famlias, de modo que conhecemos inmeros modelos familiares, alguns bem diferentes do padro ocidental a que estamos to acostumados.

    Ser que isso significa que, na verdade, no h nenhum padro absoluto para uma famlia? O modelo familiar com o pai como chefe da casa, a me cuidadora e os filhos, que nos parece to normal, seria apenas uma mera expresso cultural que poderia ser descartada sem prejuzo algum em nossos tempos?

    Conforme mencionamos, quando tratamos dos homens que o Senhor usa para conduzir sua igreja (o 6, Uderana ecksisic), a famlia tem grande importncia para compreendermos o conceito bblico de liderana. Por isso, estudaremos agora a Hderana familiar segundo a Bbha.

    I. OS MODELOS DE MASCULINIDADE

    Dan Doriani, em seu hvro Um homem segundo 0 corao de Deus fala sobre as imagens de mascu

    linidade que nossa cultura alimenta. Ele conta que a primeira vez que se identificou com esse imaginrio foi ainda na infncia, quando teve de se submeter a alguns procedimentos mdicos e aguentou tudo sem chorar como um homenzi- nho deveria fazer. Virou o orgulho da famlia e exemplo para outros garotinhos no hospital.

    Essa imagem de masculinidade como fora est na base do modelo de homem quase universalmente adotado at algumas dcadas atrs. , como Doriani denomina, o cara duro, aquele cuja masculinidade depende de sua capacidade de autodeterminao e independncia. Esse homem levanta cedo, trabalha duro, e suporta a dor e o sofrimento sem reclamar ou pedir ajuda homem que homem no chora, diz-se aos meninos, ainda crianas. O problema que um dia eles crescem e se tornam adultos com grande dificrfldade em demonstrar ou sequer falar sobre seus sentimentos e limitaes. E como se l no fundo de si mesmos eles tivessem um receio secreto de que no sejam fortes o bastante. Essa situao acaba distanciando-o emocionalmente de sua famlia, mas ele est convencido de que isso no to importante, contanto que ele continue se sacrificando por ela. Em contrapartida de seus esforos pela famlia, ele espera receber muito respeito de cada um dos membros; por isso reage raivosamente quando a esposa ou as crianas falham com ele, desobedecendo suas ordens ou, simplesmente, no alcanando seus alvos. Na verdade, a completa ausncia de comunicao com a esposa e os filhos, que lhe parece um sinal claro de que mdo est bem (no h reclamaes), apenas sinal de que no tm intimidade suficiente com o chefe da famlia para expor suas queixas abertamente.

    Outra face com uma dinmica muito semelhante o cara provedor. Para este tipo.

    2 3

  • o importante que no falte nada material em casa, pois isso seria um sinal inequvoco e intolervel de fracasso; da, quando falham em sustentar a famlia, eles mergulham numa crise profunda. Evidentemente, em nossa sociedade de consumo, no faltar nada significa muito mais que ter o necessrio, pois h sempre um lanamento, uma nova moda, uma verso importada, uma marca melhor, um tipo diferente, um modelo com mais recursos, etc. O bom provedor precisa ser um trabalhador incansvel para dar conta da demanda, o que significa investir na carreira, conseguir promoes, se dedicar aos negcios e vencer a concorrncia. Talvez no reste tempo e energia para dedicar famlia, mas no h problema, pois todos esto ocupados fazendo algum curso ou distrados com alguma bugiganga tecnolgica carssima. Quando obtm sucesso como provedores, muitos no se do conta de outras reas da vida familiar completamente carentes; preferem acreditar que j esto com seu dever cumprido.

    Com uma natureza um tanto diferente dos anteriores, existe o cara sensvel, surgido mais recentemente, j ajustado aos novos tempos. aquele que orgulhosamente troca as fraldas do beb e ajuda a esposa cansada nas tarefas domsticas. Ele sempre procura compreender os sentimentos e necessidades ao redor e por isso bastante comunicativo, ainda que mais oua do que fale; de fato, ele dificilmente ordena algo, preferindo um processo mais democrtico no qual a opinio de cada um tem o mesmo peso. A princpio, algum muito agradvel e aberto, mas s vezes parece querer agradar demais a todo mundo e acaba no passando muita segurana. E difcil dizer se ele o pai e marido ou apenas o irmo mais velho de todos ah.

    Por fim, um quarto modelo de masculinidade tem tido proeminncia na nossa poca: o cara autorreaUzado. Esse homem no definido por nada alm de si mesmo. Trata-se de algum que alcanou sua realizao pessoal por esforo prprio. Ns o vemos o tempo todo nos comerciais de carros, de perfumes ou de roupas mascuhnas, alm de filmes de ao. Sua marca

    a autorrealizao, seja pelo sucesso profissional, pelo desempenho esportivo, pelas aventuras m- rsticas ou conquistas romnticas e at mesmo pela sua bela e bem-sucedida famHa. Ele est sempre avanando rpido em direo ao alvo, e desde que esposa e filhos consigam acompanhar seu ritmo, est tudo bem.

    II. A IMAGEM DA MASCULINIDADE BBLICA

    De incio, podemos reconhecer algo de bom e verdadeiro em cada modelo de masculinidade apresentado, tanto os mais tradicionais quanto os mais modernos. No Senhor Jesus vemos caractersticas como autossacrificio, perseverana diante do sofrimento (que suportou calado) e valentia diante do adversrio de nossa alma e da morte (Mt 12.29; Hb 12.2-3; Jo 10.27-28; 16.33). Jesus tambm foi um homem tremendamente compassivo, chorou diversas vezes, se sensibih- zou com a dor alheia, e inclusive, confessou sua fraqueza a seus amigos (Mt 26.38; Jo 11.32-35; Lc 7.13; 19.41-42). E seu senso de propsito o impehu at a autorrealizao plena, ao cumprir a misso que seu Pai lhe deu na cruz (Jo 3.1417; 10.16-18). O prprio Deus continuamente representado como o provedor e protetor de seu povo (SI 23.1-4; Mt 6.11,30-33).

    Por outro lado, cada um destes quatro modelos falha em alcanar o padro bbhco de Hderana famihar.

    1. A Bblia fala acerca da importncia de nos conectarmos emodonalmente com as pessoas ao nosso redor a fim de construirmos uma relao verdadeira, onde os sentimentos sejam compartilhados numa comunho real (J 30.25; Rm 12.15; ICo 12.26; Fp 2.2). E a hderana verbal. No princpio. Deus falou; ele exerceu sua soberania falando criao para que ela se tornasse aquilo que ele queria. Depois disso, ele continuou se revelando e comunicando-se com seu povo por meio de seus profetas e da sua Lei; e por fim, nos falou pelo Filho e nos deixou sua Palavra, pela qual continua a nos falar at hoje (Gn 1.3-5; Hb 1.1-2). Um Deus em silncio um pensamento horrvel. Para onde iramos ns? O que

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  • faramos? Um marido sencioso, incomunicvel ou simplesmente emocionaknente fechado tra2 profunda insegurana para sua famlia. Contudo, as palavras de um pai amoroso e aberto podem ser instrumento de cura, edificao e direcionamento para a famlia (Pv 4.1-10; 12.18,25; 16.21,24; 25.11).

    2. A Bblia alerta contra a viso materialista da vida, que reduz as necessidades da existncia meramente quilo que o dinheiro pode comprar. Ainda que estas coisas sejam importantes e boas em si mesmas, a vida mais que alimento, roupa, teto ou conforto, e importante que a famlia reconhea isso (Lc 12.22-23; Fp 4.12). E mais: o trabalhador de sucesso corre o risco de se iludir pensando que sustenta a si mesmo, ignorando o quanto depende completamente de Deus ou neghgenciando as necessidades espirituais e emocionais de sua famlia (SI 127.1-2; Jo 6.27; Is 55.2-3).

    3. A Bblia instrui sobre a necessidade de autoridade e direo no lar. O marido deve ser cabea de seu lar (Ef 5.23,29); isso impHca assumir a sua responsabilidade por empunhar o leme, especialmente nas tempestades, guiando e cuidando de sua famlia. Quando a esposa no sente a firmeza do marido, fica insegura ou sobrecarregada por exercer um papel duplo de cuidado e de direo. Qualquer das situaes cruel pata com a mulher, por mais capaz que seja. Os filhos, igualmente, tero dezenas de amigos na vida; mas um pai que se limita a ser amigo do filho, priva-o da bno de um direcionamento firme neste mundo to cheio de males e tentaes, e o expe ao castigo do Senhor (Pv 22.6,15; 29.15; ISm 2.22-25).

    4. A Bblia denuncia o egocentrismo que se esconde por detrs da busca desenfreada por sucesso e realizao neste mundo. E como se fosse um tipo de loucura, pois ignora Deus e as realidades celestiais enquanto coloca no centro a si mesmo e as glrias passageiras da terra (Lc 12.20-21; SI 49.16-20). Na verdade, a existncia

    adquire um valor mais perene quando amamos ao prximo, o que significa priorizar os interesses dos outros ao invs dos prprios (ICo 10.24; Fp 2.3-4; Rm 12.10), e a famlia a escola por excelncia para um homem aprender esse caminho de abnegao amorosa. Assim como Cristo entregou sua vida Hteralmente por sua igreja, o marido chamado a negar a si mesmo em favor de sua esposa (Ef 5.25).

    Os quatro modelos de masculinidade apresentados no tpico anterior so falhos, assim como so falhos os modelos adotados pelas mais diversas culturas humanas, quer de homens cruis, omissos, subservientes ou dspotas. A im