movimento periódico - oscilações
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OSCILAÇÕES – MOVIMENTO PERIÓDICO
MOVIMENTO PERIÓDICO
Observando uma criança num carrossel, vemos que, a cada volta, seu movimento se repete, sempre no
mesmo intervalo de tempo. Esse tipo de movimento é
denominado movimento periódico.
Movimento periódico é aquele que se repete em intervalos de tempo iguais.
Em um toca-discos, o movimento de um ponto do
disco também se repete com intervalos de tempo sempre iguais. Portanto, esse
também é um movimento
periódico.
Os movimentos de um
carrossel e de um toca-discos
são movimentos periódicos
circulares. Há outros tipos de movimentos periódicos, como
o de um balanço de parque de
diversões, que executa um movimento de vaivém sobre uma determinada
trajetória. Esse tipo de movimento periódico é
chamado oscilação.
A oscilação é, talvez, o movimento mais comum à
nossa volta, embora isso não seja muito evidente.
Por exemplo, uma corda de violão, ao ser tocada,
passa a executar um movimento de oscilação, que se repete centenas de vezes por segundo. Esse tipo de
oscilação, rápida e com pequenos deslocamentos, é
também chamado de vibração.
Esse movimento de oscilação se transmite para as
moléculas do ar e, por meio delas, chega até nosso ouvido. Dentro do ouvido, o tímpano adquire o
mesmo movimento de oscilação e gera impulsos
nervosos periódicos, que são transmitidos ao cérebro, gerando a sensação sonora.
Também na antena transmissora de uma estação de
TV há movimentos oscilatórios. Elétrons oscilam,
gerando no espaço impulsos elétricos periódicos. Estes impulsos, ao atingirem a antena receptora,
produzem nela um movimento oscilatório de elétrons
igual ao da antena transmissora. Esse movimento é
decodificado no aparelho de televisão, transformando-
se em informações de som e imagem.
Os impulsos elétricos se propagando no ar formam uma onda eletromagnética.
Inicialmente, estudaremos as oscilações. Nos
próximas seções, estudaremos as ondas.
PERÍODO E FREQUÊNCIA
Para descrever os movimentos periódicos, utilizam-se
as grandezas período e frequência.
Período é o intervalo de tempo após o qual o movimento periódico se repete.
Frequência é o número de vezes que um movimento periódico se repete numa unidade de tempo.
Para movimentos de período pequeno, é mais
adequado trabalhar com a frequência.
Vamos ver como se relacionam o período e a frequência. Por exemplo, se a hélice de um ventilador
dá 2 voltas por segundo, então o período do
movimento, isto é, o tempo decorrido em cada volta, é
1/2 segundo. Já se o ventilador dá 10 voltas por segundo, o período é 1/10 segundo. Portanto, o
período é o inverso da frequência.
Sendo f a frequência e T o período, temos:
fT
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No SI, o período é medido em segundos e a
frequência, em hertz (Hz).
sHz
Tf
1 1
1
O movimento de rotação da Terra ao redor seu eixo
tem período de 24 horas e o movimento da Terra ao
redor do Sol tem período de um ano. Já o movimento oscilatório de uma corda de violão tem período de
milésimos de segundo e o movimento dos elétrons
numa antena de TV tem período de bilionésimos de segundo.
Uma corda de violão tem frequência de centenas de
vibrações por segundo. Já a oscilação dos elétrons numa antena de TV tem frequência de centenas de
milhões de vibrações por segundo.
Exercícios
1. Uma torneira mal fechada pinga gotas com
intervalo de 0,5 s entre duas gotas sucessivas. Com
que frequência se ouvem as batidas das gotas no chão?
2. Qual é o período do movimento de uma corda de
piano que vibra com frequência de 50 Hz?
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MOVIMENTO OSCILATÓRIO - SISTEMA MASSA-
MOLA Para entender o movimento
oscilatório, vamos analisar o
seguinte sistema: um corpo sobre uma superfície horizontal,
preso a uma mola por uma das
extremidades; a outra extremidade da mola é fixa. Para simplificar o
raciocínio, vamos admitir que não haja atrito entre o
corpo e a superfície horizontal.
Denomina-se movimento harmônico simples (MHS) quando o movimento oscilatório for
retilíneo e o seu sentido se inverter periodicamente, como na oscilação de um sistema massa-mola sem atrito.
Inicialmente, a mola está com seu comprimento
natural e o corpo está em
repouso no ponto O, sua posição de equilíbrio
(figura a). Puxando o
corpo com a mão até o ponto A e soltando-o, ele
inicia um movimento de
oscilação ao redor da
posição de equilíbrio. Vamos entender por que a
oscilação ocorre nesse
sistema.
Quando a mola é inicialmente esticada, passa a aplicar
no corpo uma força elástica contrária ao sentido de
seu deslocamento. Essa força é proporcional ao
afastamento do corpo, isto é, quanto mais longe o corpo estiver do ponto O, maior será essa força
(figura b).
Soltando o corpo no ponto A, a força elástica o levará de volta ao ponto O, que é sua posição de equilíbrio.
Nessa volta, a velocidade é crescente. Quanto mais
próximo da posição de equilíbrio, menor será essa força e, portanto, menor será a aceleração. O fato de a
aceleração ir diminuindo significa que a velocidade
vai aumentando cada vez menos, mas ela não pára de
aumentar enquanto não é atingido o ponto de equilíbrio. Somente ao atingir o ponto de equilíbrio a
força se anula. Nesse momento, a velocidade pára de
aumentar (figura d).
No entanto, por inércia, o movimento prossegue, e o
corpo ultrapassa a posição de equilíbrio. Surge então
uma força elástica que retarda o movimento. A velocidade começa a diminuir. Quanto mais o corpo
se afasta da posição de equilíbrio, maior é a força
elástica, portanto mais rapidamente a velocidade
diminui. Ao atingir o ponto B, à mesma distância que A em relação à posição de equilíbrio, a velocidade se
anula (figura f).
A partir daí, o movimento se repete com sentido
oposto. O corpo ganha velocidade, passa pelo ponto O
e atinge novamente o ponto A, onde sua velocidade
chega a zero. Nesse momento, completou-se um ciclo da oscilação. A duração de um ciclo é igual a um
período do movimento. A distância máxima atingida
pelo corpo oscilante em relação à posição de equilíbrio chama-se amplitude da oscilação.
Sempre que o corpo passa pelo ponto O, que é a
posição de equilíbrio, sua aceleração muda de sentido, e o movimento, que era acelerado, passa a ser
retardado. A velocidade vai aumentando até atingir o
ponto O. Neste ponto, a velocidade começa a diminuir. Logo, a velocidade é máxima em O. Já nos
extremos A e B, a velocidade é nula, mas a aceleração
é máxima.
O movimento oscilatório pode ser melhor entendido se raciocinarmos em termos de energia mecânica.
Inicialmente, quando esticamos a mola, fornecemos
energia mecânica ao sistema, na forma de energia potencial elástica. No movimento de retorno, a
energia potencial vai se transformando em energia
cinética. Ao passar pelo ponto O, a energia potencial é nula e a energia cinética é máxima. Desse ponto em
diante, a energia potencial volta a aumentar e a
energia cinética diminui. Ao atingir o ponto B, a
energia potencial volta a ser máxima e a energia cinética volta a ser zero, e assim por diante.
De maneira geral, para que um corpo tenha
movimento de oscilação, é preciso existir uma força que sempre tenda a empurrá-lo para uma determinada
posição de equilíbrio. Portanto, a origem do
movimento de oscilação do sistema massa-mola está
na força F
, força elástica produzida pela mola. Seu
módulo F
varia de acordo com a Lei de Hooke:
F = kx
A frequência e o período do oscilador massa-mola são
respectivamente:
m
kf
2
1 e
k
mT 2
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MOVIMENTO OSCILATÓRIO – PÊNDULO
SIMPLES
Outro movimento oscilatório fácil de observar é o
pêndulo: um corpo suspenso por um fio. Estando o
fio na posição vertical, o corpo permanece em repouso. Essa é, portanto, a posição de equilíbrio.
Retirando o corpo da posição de equilíbrio, o sistema
entra em oscilação.
Esse movimento não é harmônico simples, pois a
trajetória do corpo oscilante não é retilínea. No
entanto, se o corpo for deslocado de maneira que o fio
forme ângulos pequenos com a vertical ( < 5º), a trajetória do pêndulo será aproximadamente retilínea e o movimento poderá ser considerado harmônico
simples. Consideraremos um pêndulo simples
satisfazendo esta condição.
No século XVII, Galileu Galilei (1564-1642) fez uma importante descoberta: cada pêndulo tem uma
determinada frequência própria de oscilação. Logo,
se percebeu também que cada sistema massa-mola tem uma frequência própria (vista na seção anterior).
Essa característica possibilitou o uso do pêndulo e do
sistema massa-mola como elementos reguladores de relógios.
Fazendo experiências em laboratório, Galileu chegou
à seguinte conclusão: para pequenos ângulos ( < 5º), as expressões da frequência própria e do período de
oscilação do pêndulo simples de comprimento l, num lugar onde a aceleração da gravidade é g, são
respectivamente:
l
gf
2
1 e
g
lT 2
Observe que quanto maior o comprimento do pêndulo, menor a sua frequência própria de oscilação.
Uma observação interessante é que a frequência e o
período de oscilação não dependem da massa do pêndulo. À primeira vista parece estranho, pois um
pêndulo de massa maior tem maior inércia e, por isso,
deveria oscilar mais lentamente. No entanto, se
compararmos dois pêndulos de mesmo comprimento e massas diferentes, verifica-se que ambos têm a
mesma frequência. Vamos ver por que isso acontece.
Num pêndulo, a força-peso do corpo suspenso é a
força responsável pela oscilação. Assim, se a massa
for maior, o peso também será, e o sistema será
impulsionado por uma força maior. Uma coisa compensa a outra, e a aceleração acaba não
dependendo da massa.
Para compreender melhor a oscilação de um pêndulo simples, analisaremos em termos de energia
mecânica: quando o corpo se afasta do ponto de
equilíbrio, sua energia potencial gravitacional
aumenta e sua energia cinética diminui. Nos pontos extremos, a energia potencial é máxima e a energia
cinética é nula. Já no ponto de equilíbrio, a energia
potencial é mínima e a energia cinética é máxima.
OSCILAÇÕES FORÇADAS E RESSONÂNCIA
Até aqui admitimos que a energia mecânica do movimento harmônico simples se conserva, o que, na
realidade, não ocorre. Todo oscilador harmônico
perde energia, sobretudo devido ao atrito e à
resistência do ar. E como a energia está ligada à
amplitude, as oscilações
resultantes têm amplitudes decrescentes, denominadas
oscilações amortecidas.
Embora a amplitude dessas oscilações diminua com o
tempo, a sua frequência
permanece constante.
Na prática, muitas vezes as oscilações devem ser reduzidas, como nos automóveis. Nesse caso
utilizam-se dispositivos amortecedores. Em alguns
casos, no entanto, pretende-se evitar o amortecimento, como nos relógios de pêndulo, que dispõem de
dispositivos movidos a corda ou a pilha para
compensar a perda de energia em cada oscilação. Assim o pêndulo passa a executar oscilações
forçadas mantendo sua amplitude constante. É dessa
forma que as crianças brincam num balanço: a cada
oscilação elas dão pequenos impulsos para manter a amplitude constante.
Em geral, a frequência das oscilações forçadas é
diferente da frequência própria (ou natural) do oscilador, isto é, a frequência definida por suas
características próprias, como a massa e a constante
elástica do oscilador massa-mola. Um caso
particularmente importante ocorre quando a frequência das oscilações forçadas coincide com a
frequência natural do sistema oscilante — trata-se do
fenômeno da ressonância. Na ressonância, a amplitude das oscilações tende a aumentar
indefinidamente, podendo causar até o colapso do
sistema oscilante. A ressonância possibilita a máxima transferência de energia entre a fonte excitadora, que
produz as oscilações forçadas, e o sistema oscilante.