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ISBN: 978-972-9171-86-4
Evidências empíricas sobre o perfil dos TOC: O impacto da idade e do género na sua
percepção de complexidade fiscal e na sua propensão para o incumprimento fiscal
Ana Clara Borrego
Cidália Maria Mota Lopes
Carlos Manuel S. Ferreira
Área temática: A7) Fiscalidade
Palavras-chave: Complexidade fiscal; Género e idade; Incumprimento fiscal; Portugal; TOC.
Metodologia de Investigação: M7) Survey
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Evidências empíricas sobre o perfil dos TOC: O impacto da idade e do género na sua
percepção de complexidade fiscal e na sua propensão para o incumprimento fiscal
Resumo
O papel de relevância desempenhado pelos Técnicos Oficiais de Contas, no sistema fiscal e
no cumprimento das obrigações tributárias, justifica a definição e análise do seu perfil. Os
dados recolhidos em 2013, através de questionário, permitem caracterizar estes profissionais e
traçar os seus perfis, face ao incumprimento fiscal e à complexidade do sistema tributário,
nomeadamente no que respeita à idade e ao género. Os resultados sugerem a existência de
relações negativas, tanto entre a idade dos TOC e a sua percepção de complexidade fiscal,
como com a agressividade fiscal. É, ainda, possível estabelecer uma relação positiva entre a
propensão para o incumprimento fiscal involuntário dos TOC e a sua faixa etária. Todavia, no
que ao género respeita, os dados sugerem apenas a existência de uma relação com o
incumprimento fiscal involuntário, apresentando o género masculino uma maior propensão.
Os dados revelam, ainda, perfis comportamentais muito distintos, no âmbito do sistema fiscal,
no que respeita à idade e ao género, para contribuintes e profissionais.
Palavras-chave: Complexidade fiscal; Género e idade; Incumprimento fiscal; Portugal; TOC.
Empirical evidence on TOC’s profile: The impact of age and gender on their perception
of tax complexity and on their propensity for tax noncompliance
Abstract
The important role of Chartered Accountants (TOC), in tax system and in tax compliance,
justifies the definition and evaluation of their profile. Data collected in 2013, by
questionnaire, enabled us to characterize these professionals and to trace their profiles,
particularly with regard to age and gender, in the context of tax noncompliance and perception
of tax system complexity. The results suggest the existence of negative relationships, on the
one hand, between TOC’s age and their perception of tax system complexity, and on the other
hand, their tax aggressiveness. It is also possible to establish a positive relationship between
the propensity for TOC’s involuntary tax noncompliance and their age. However, regarding
gender, the data only suggest the existence of a relationship with involuntary tax
noncompliance, with males presenting a greater propensity. Finally, the data reveal very
different behavioural profiles, within the tax system, with regard to age and gender, for
taxpayers and tax professionals.
Key words: Tax complexity; Gender and age; Tax noncompliance; Portugal; Chartered
Accountants (TOC).
Evidências empíricas sobre o perfil dos TOC: O impacto da idade e do género na sua
percepção de complexidade fiscal e na sua propensão para o incumprimento fiscal
1. Introdução
A complexidade e a globalização dos negócios criaram, nas últimas décadas, um ambiente
propício ao uso de mecanismos, cada vez mais elaborados e refinados, que visam diminuir, ou
evitar, o pagamento de impostos, forçando os sistemas fiscais a adaptar-se, através da criação
de regras gerais e específicas anti abuso, que foram, sistematicamente, crescendo em
complexidade. Com este incremento de complexidade, mormente legislativa, das últimas
décadas, os sistemas fiscais atingiram, um pouco por todo o mundo, níveis de complexidade
muito elevados.
Sublinhamos que a transformação da generalidade dos sistemas fiscais em sistemas auto-
declarativos agudizou as consequências da sua complexidade. Estes sistemas têm como base a
autoliquidação dos contribuintes, ou seja, a matéria coletável e a colecta são determinadas
pelos contribuintes, sem existir, regra geral, o cuidado de os prover com os conhecimentos
fiscais necessários ao desempenho do seu papel nos sistemas fiscais actuais (Palil, 2005; Loo
et al., 2009).
Neste contexto, os contabilistas, consultores fiscais e outros profissionais, que são
procurados pelos contribuintes para os aconselharem ou substituírem no cumprimento das
suas obrigações tributárias, desempenham um papel imprescindível, na maioria dos sistemas
tributários, onde impera, cada vez mais, legislação fiscal complexa e ambígua, para cuja
interpretação e aplicação os contribuintes não estão preparados.
O caso português encontra-se alinhado neste contexto, com um sistema fiscal
classificado, nacional e internacionalmente, como muito complexo e assente na
autoliquidação dos impostos a pagar, por parte dos contribuintes.
Resulta da obrigatoriedade de contratação dos TOC [Técnicos Oficiais de Contas], pelas
sociedades e pelos empresários e profissionais enquadrados no regime de contabilidade, para
os representarem junto da AT [Autoridade Tributária e Aduaneira], que o caso português seja,
no contexto internacional, um caso invulgar. Consequentemente, devido aos níveis de
complexidade e burocracia fiscal existentes, bem como à frequência de alterações da
legislação fiscal portuguesa, e, em muitos casos, também em consequência de imposições de
índole legal, em Portugal, os impostos são cobrados maioritariamente através dos TOC.
4
Assim, em Portugal, sobretudo no que concerne aos impostos empresariais, são os TOC
que, no cumprimento das obrigações fiscais dos seus clientes ou empregadores, lidam
diariamente com os problemas gerados pela complexidade e burocracia fiscais.
Os TOC desempenham, portanto, no sistema fiscal português, um papel primordial, pelo
que o estudo da sua actuação é relevante. Entre outros estudos pertinentes sobre o impacto da
actuação destes profissionais no sistema fiscal, destacamos a importância de traçar o seu perfil
relativamente à complexidade e ao incumprimento fiscais, para melhor conhecer as variáveis
com impacto significativo na sua actuação no sistema fiscal. Apesar da relevância desta
questão, no contexto português, não existem, tanto quanto é do nosso conhecimento, muitos
estudos que tenham analisado o perfil dos TOC em relação ao cumprimento fiscal.
Como resultado da identificação desta lacuna, nesta comunicação propomo-nos traçar o
perfil dos TOC, no que respeita ao género e à idade, no contexto da percepção da
complexidade fiscal e do incumprimento fiscal destes profissionais. Afinando um pouco mais
o nosso objecto, pretendemos definir os perfis dos TOC, relativamente ao género e à faixa
etária, para os TOC com maior percepção de complexidade fiscal e com maior propensão para
o incumprimento fiscal. Para atingir este objectivo, recolhemos, em 2013, com base num
questionário, informações sobre estes profissionais.
Este artigo está dividido em cinco secções, para além desta introdução: a revisão de
literatura, a definição das questões e hipóteses de investigação, a explicação da metodologia
de investigação utilizada, a análise dos dados e discussão dos resultados e, finalmente, o
relato das principais conclusões e o esboço de algumas linhas de investigação futura.
2. Revisão de literatura
A actuação dos profissionais pagos nos sistemas fiscais tem sido estudada, particularmente
nos países anglo-saxónicos, desde a década de 80 até à actualidade (Klepper & Nagin, 1989;
Ayres et al., 1989; OCDE, 2008; Evans & Tran-Nam, 2010; Laffer et al., 2011).
Os assuntos mais discutidos, relacionados com a actuação dos profissionais especialistas
na área fiscal, são, por um lado, os determinantes das suas atitudes e comportamentos face à
complexidade e incumprimento fiscais, em estreita relação com o uso que fazem dos seus
conhecimentos fiscais específicos; por outro lado, o peso das penalidades e a influência
positiva desse factor nos seus comportamentos face ao cumprimento fiscal dos seus clientes
ou empregadores (Ayres et al., 1989; Reckers et al., 1991; Green, 1994; Tan, 1999; Samelson
& Schloemer, 2001; O’Donnell et al., 2005; McKerchar, 2005; Bloomquist et al., 2007;
OCDE, 2008; Gutman, 2012).
Em particular, a crescente complexidade dos sistemas fiscais e o seu impacto no trabalho
dos profissionais tem sido tratada em alguns estudos e relatórios: Long e Swingen (1987),
Green (1994), McKerchar (2005), GAO (2006), OCDE (2008), Lopes (2009) e Borrego et al.
(2015). Por exemplo, McKerchar (2005) verifica que 99% dos profissionais fiscais
Australianos (tax preparers) percepcionam elevados níveis de complexidade relativamente ao
sistema fiscal do seu país, sobretudo complexidade no contexto legal. Neste estudo, os
profissionais dividem a complexidade em seis dimensões1: «ambiguidade», «frequência das
alterações fiscais», «nível de detalhe da lei fiscal», «tratamento de dados», «arquivo fiscal» e
«formulários e impressos fiscais», sendo que as três primeiras dimensões, todas no contexto
legal, são as principais causadoras da percepção de elevada complexidade fiscal por parte dos
tax preparers.
No caso português, Borrego et al. (2015) verificam, por um lado, que cerca de 89% dos
TOC percepcionam o sistema fiscal português como complexo e muito complexo, por outro
lado, que aqueles profissionais dividem a complexidade fiscal em duas dimensões, a
complexidade legal e a complexidade de cumprimento, subdividindo-se esta última em duas
sub-dimensões, uma relacionada com o trabalho interno do TOC, por exemplo a preparação
da informação contabilística para efeitos fiscais, e outra direcionada para o cumprimento
efetivo das obrigações declarativas dos seus clientes ou empregadores. Todas as dimensões
apresentam elevados níveis de percepção de complexidade.
A literatura internacional aponta três consequências resultantes da excessiva percepção
de complexidade fiscal, por parte dos especialistas fiscais: (i) “consomem” mais tempo da sua
actividade na atualização dos seus conhecimentos fiscais, em prol do cumprimento fiscal e de
conselhos mais estratégicos do ponto vista empresarial; (ii) ficam mais expostos a cometer
erros, bem como aumenta o receio de os cometerem; (iii) têm maiores oportunidades de
explorar a ambiguidade da lei fiscal em prol dos seus clientes ou empregadores (Green, 1994;
McKerchar, 2005; GAO, 2006; OCDE, 2008; Laffer et al., 2011).
No que concerne ao impacto da idade e do género no comportamento dos profissionais,
não existem na literatura evidências empíricas sobre a influência que aquelas duas variáveis
possam ter no comportamento dos profissionais fiscais face à complexidade e
(in)cumprimento fiscais. Porém, no contexto dos contribuintes, existem estudos que concluem
1 Dimensões já referidas por Long e Swingen (1987).
6
que as pessoas com mais idade, bem como as mulheres, sentem com maior intensidade a
incerteza gerada pela complexidade fiscal e têm menor propensão para o incumprimento
fiscal voluntário (Klepper et al., 1991; Long & Caudill, 1993; McKerchar, 2002; Schuetze,
2002; Erard & Ho, 2003; Kastlunger et al., 2010; Torgler &Valev, 2006, 2010).
No que respeita ao impacto do género no contexto do cumprimento fiscal dos
contribuintes, os estudos analisados são unanimes na definição do género masculino como
mais incumpridor. De acordo com Hasseldine (1999) e Kastlunger et al. (2010) estas
diferenças podem ser explicadas com base em dois factores: a propensão para o risco, em
termos gerais, é maior nos homens, bem como, pelo facto de as mulheres sobrestimarem a
probabilidade de detecção e punição associadas ao incumprimento.
Os estudos também são unanimes sobre o impacto da idade no incumprimento fiscal dos
contribuintes: os mais jovens são mais incumpridores do que os mais velhos. Há um grande
número de justificações para estes resultados, que vão desde a moralidade fiscal mais elevada
entre os contribuintes mais idosos, passando pelo maior gosto pelo risco dos mais jovens, até
à maior oportunidade de incumprimento fiscal que assiste aos mais novos, fruto do tipo de
rendimentos que auferem (Wärneryd & Walerud, 1982; Erard & Ho, 2003; Torgler &Valev,
2006; Sá, 2014).
Nas secções seguintes, com base na revisão de literatura realizada, apresentamos as
questões e as hipóteses de investigação, bem como descrevemos a metodologia utilizada. De
seguida, apresentamos e discutimos os resultados obtidos. Por último, retiramos as principais
conclusões da análise efectuada e propomos as linhas de investigação futura.
3. Questões e Hipóteses de investigação
Propomo-nos, assim, responder às seguintes questões de investigação:
1 – As características demográficas (género e idade) dos TOC influenciam a sua percepção
de complexidade fiscal?
2 - As características demográficas (género e idade) dos TOC influenciam e a sua propensão
para o incumprimento fiscal involuntário e agressividade fiscal?
3 – O impacto da idade e do género na percepção de complexidade fiscal dos TOC e no seu
incumprimento fiscal é similar ao que ocorre na esfera dos contribuintes?
Nesta secção, definimos, ainda, as hipóteses de investigação a serem testadas.
Tal como já havia sido referido, em relação à idade e ao género, embora não se
conheçam estudos publicados sobre o seu impacto no comportamento dos profissionais,
existem estudos, no contexto geral, que apontam para uma maior percepção de complexidade
fiscal nas faixas etárias dos mais idosos e das mulheres, perfis que também apresentam uma
menor propensão para o incumprimento fiscal (Erard & Ho, 2003; Kastlunger et al., 2010;
Torgler &Valev, 2006, 2010). É relevante, para traçar o perfil dos profissionais, compreender
se as tendências verificadas no contexto dos contribuintes, também se verificam no âmbito
dos profissionais, pelo que definimos as seguintes hipóteses de investigação nulas2:
H1: A percepção de complexidade fiscal dos TOC não está relacionada com a
sua idade.
H2: A percepção de complexidade fiscal dos TOC não está relacionada com o
seu género.
H3: A propensão dos TOC para entrar em incumprimento fiscal (voluntário e
involuntário) não está relacionada com a sua idade.
H4: A propensão dos TOC para entrar em incumprimento fiscal (voluntário e
involuntário) não está relacionada com o seu género.
Na secção seguinte, e com o objectivo de responder às questões de investigação,
apresentamos a metodologia de investigação utilizada.
4. Metodologia de Investigação
Esta pesquisa baseia-se numa recolha de dados, a partir de uma amostra da nossa população
alvo: os 38.6143 Técnicos Oficiais de Contas que, em Fevereiro de 2013, se encontravam com
actividade de facto4.
Os dados foram obtidos através de um questionário, aplicado aos 2.391 membros
presentes nas «quartas-feiras livres»5 realizadas no mês de Fevereiro de 2013, pela OTOC,
entidade que promoveu a componente logística da aplicação do questionário em papel.
Adicionalmente, o mesmo questionário foi, também, disponibilizado online nos fóruns dos
TOC.
Resultaram, da aplicação do questionário, 1.592 questionários respondidos, 1.258 no
formato em papel, e 334 respostas através do sistema online, o que perfez um total de 1.567
respostas válidas.
2 Definimos hipóteses de investigação nulas por não haver literatura específica sobre os especialistas fiscais. 3 Informação facultada pela OTOC. 4 Eram responsáveis técnicos de, pelo menos, um cliente ou empregador. 5 Seminários mensais, organizados pela OTOC em todas as capitais de distrito e ilhas dos arquipélagos da
Madeira e Açores.
8
O tipo de amostragem utilizado, considerando os condicionalismos envolvidos, foi a
amostra por conveniência, i.e., todos os membros presentes nas «quartas-feiras livres» do mês
de Fevereiro de 2013. Todavia, este tipo de amostra, resultante da conveniência, apresenta
problemas de aleatoriedade e representatividade em relação à população alvo, pelo que, com o
objectivo de minimizar esses problemas, aplicámos, a posteriori, às respostas recolhidas e
validadas (1.567), tabelas de números aleatórios para selecionar um conjunto de questionários
(994), estratificado de acordo com as características da população, segundo as informações
fornecidas pela OTOC. A Figura 1 permite obter uma perspetiva do processo de aplicação das
tabelas, bem como do seu resultado.
Figura 1 – A população, as respostas obtidas e os dados tratados
Fonte: Adaptado de Borrego (2015)
A taxa de resposta alcançada foi de 4,1%, em relação ao total da população alvo, e de
cerca de 52% nas respostas em formato papel, proporcionalmente ao público presente nas
«quartas-feiras livres». No âmbito da literatura internacional, estas taxas de resposta são
admissíveis, confrontando, por exemplo com Green (1994), cuja taxa de resposta foi de 25%6,
bem como com McKerchar (2005), com 1% de taxa de resposta7.
O questionário encontra-se estruturado num conjunto de questões, que se ramificam em
vários tipos, como se segue, dependendo do tipo de dados que se deseja obter:
(i) As questões 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10 e 20 têm como objectivo recolher as
informações sociodemográficas, profissionais e técnicas dos respondentes;
(ii) As questões 11, 12, 13, 14, 15, 16, 19 e 22 têm como objectivo avaliar a
percepção dos TOC relativamente à complexidade do sistema fiscal português.
(iii) As questões 23, 24, 25 e 26 pretendem compreender o impacto da complexidade
fiscal nos níveis de incumprimento não agressivo (involuntário) dos TOC.
6 Estudo institucional conduzido sob a égide do Institute of Chartered Accountants in England and Wales
(entidade reguladora da profissão em Inglaterra e no País de Gales). 7 Este questionário foi aplicado exclusivamente online, tendo como único meio de divulgação um link na
Newsletter da ATO [Australian Taxation Office] – entidade reguladora da profissão na Austrália. Esta
metodologia resultou numa taxa de resposta extremamente baixa.
1.567 questionários validados
(provenientes de amostra não aleatória e não representativa)
Aplicação de tabelas de números aleatórios
994 questionários seleccionados para tratamento
(aleatoriedade e representatividade)
(iv) As questões 27 e 28 pretendem definir a propensão dos TOC para participar em
esquemas de planeamento fiscal agressivo, em contextos fiscais complexos.
A secção seguinte apresenta e discute os resultados da análise realizada.
5. Resultados e discussão dos resultados
5.1. Estatística descritiva
O tratamento estatístico dos dados facultou-nos algumas características do perfil dos TOC em
Portugal, bem como alguns dados sobre a sua actuação no sistema fiscal.
Em relação à idade, o dado de maior relevância é o facto de 44,4% dos TOC terem
idades superiores a 50 anos e só 16% terem idade até 35 anos, apresentando-se sob a forma de
pirâmide invertida (Figura 2). Este tipo de distribuição nas faixas etárias pode ser explicado
por dois factores, por um lado, o envelhecimento da própria população portuguesa; por outro,
as regras de acesso à profissão, as quais, nos últimos anos, dificultaram o ingresso de novos
profissionais, de faixas etárias mais baixas (Figura 2).
Figura 2 – Frequência relativa de profissionais por escalão etário
No que respeita ao género, verificámos que existe uma distribuição equitativa dos TOC,
com uma ligeira prevalência de membros do género masculino (54,8%).
Apesar de não existir, numa primeira análise, uma diferença substancial na distribuição
entre homens e mulheres nesta classe profissional, se categorizarmos a idade dos TOC por
género (Figura 3), verificamos a existência de cenários diferentes nas diversas faixas etárias.
No passado recente, em Portugal, o exercício da actividade de contabilista era uma
profissão predominantemente masculina, porém, nas últimas décadas, houve uma alteração
substancial no acesso à profissão. Da análise da Figura 3, verificamos que nos escalões etários
superiores há uma prevalência de homens, porém entre os TOC mais jovens o número de
mulheres é mais de o dobro, comparativamente com o dos homens.
≥ 50 anos: 44,4%
> 35 até 50 anos: 40,4%
≤ 35 anos:
16%
10
Concluímos que as diferenças detectadas entre os escalões etários são estatisticamente
significativas: através de uma tabela de contingência, com um resultado de χ2 (3) = 204,3; p =
0,000 < 0,05; e, também, verificámos a sua relevância através do coeficiente de contingência
de 0,42.
Figure 3 – Idade dos TOC categorizada por género
Fonte: Borrego (2015)
Os dados sugerem que nas últimas décadas passaram a entrar na profissão um número
muito mais elevado de mulheres do que de homens, e que essas alterações tiveram o seu
início com a regulamentação do exercício da profissão, i.e., com a criação da ATOC
[Associação dos Técnicos Oficiais e Contas] em 19958.
Esta diferença pode ser justificada por alguns factores, dos quais destacamos a
prevalência de mulheres no ensino universitário, nível de ensino que passou a ser exigido para
o ingresso na profissão com a regulamentação da mesma. De acordo com Almeida et al.
(2006), em Portugal, o número de mulheres nos cursos de ciências sociais é superior ao dos
homens – importa referir, a este propósito, que os cursos de acesso à profissão se enquadram
nesta classificação (ciências sociais).
Não será exagero supor que, caso esta tendência se continue a verificar nos próximos
anos, esta profissão poderá vir a tornar-se, em Portugal, uma profissão dominada pelo género
feminino.
Em relação às nossas variáveis dependentes, a análise descritiva dos dados facultou-nos
os resultados que se seguem.
8 Através do Decreto-Lei n.º 265/95, de 17 de Outubro. Tomada de posse da Comissão Instaladora em
15/07/1996. Passando mais tarde a designar-se CTOC [Camara dos Técnicos Oficiais de Contas], tendo
actualmente a designação de OTOC [Ordem dos Técnico Oficiais de Contas].
Relativamente à percepção de complexidade fiscal dos TOC, estes classificam o seu
sistema fiscal como complexo e muito complexidade (89,1%), só os restantes 10,9%
consideram o grau de complexidade do sistema fiscal português reduzido.
No contexto do incumprimento fiscal dos TOC, 45,9% dos inquiridos admitiu já ter
entrado, pelo menos uma vez, em incumprimento fiscal involuntário, devido à complexidade
fiscal; 12,5% admitem fazer uso da complexidade da lei fiscal, em prol dos seus clientes ou
empregadores; e só 65,6% afirmam peremptoriamente nunca ter aceitado participar em
esquemas de planeamento fiscal agressivo (incumprimento voluntário).
Na secção seguinte vamos, pois, aferir acerca do impacto das duas variáveis
independentes (género e idade), nas três variáveis dependentes (percepção de complexidade
do sistema fiscal, incumprimento fiscal involuntário e voluntário), de forma a permitir traçar o
perfil dos TOC relativamente à idade e ao género, no contexto daquelas três variáveis
dependentes.
5.2. Teste das hipóteses de investigação
Para testar as nossas hipóteses de investigação construímos tabelas de contingência (Quadros
1 a 4), com o intuito de verificar a existência de relações entre as variáveis dependentes
(percepção da complexidade do sistema fiscal, incumprimento fiscal involuntário e
voluntário) e as variáveis independentes (idade e género).
Quadro 1 – Idade dos profissionais categorizada pela sua percepção de complexidade do sistema fiscal Percepção de
complexidade do
sistema fiscal
Idade dos TOC Total
≤ 35 anos > 35 até
50 anos
> 50 até
65 anos
> 65 anos
Baixa
complexidade
Frequência 12 35 49 10 106
Esperado 17,1 43,3 37,2 8,4 106
% 7,5% 8,7% 14,2% 12,8% 10,8%
Elevada
complexidade
Frequência 147 367 297 68 879
Esperado 141,9 358,7 308,8 69,6 879
% 92,57% 91,3% 85,8% 87,2% 89,2%
Quadro 2 – Relação entre a idade dos TOC e os seus comportamentos de incumprimento fiscal Idade
dos
TOC
A complexidade fiscal já o fez entrar em
situações de incumprimento fiscal
involuntário?
Aceita participar em esquemas de planeamento
fiscal agressivo, utilizando a complexidade fiscal?
Não Sim Recusa Não recusa
≤ 35
anos
Frequência 94 57 94 47
Esperado 78,1 72,9 100,4 40,6
% 62,3% 37,7% 66,7% 33,3%
> 35
até 50
anos
Frequência 175 207 238 128
Esperado 197,6 184,4 260,6 105,4
% 45,8% 54,2% 65,0% 35,0%
> 50
até 65
anos
Frequência 164 151 236 73
Esperado 163,0 152,0 220,0 89,0
% 52,1% 47,9% 76,4% 23,6%
> 65
anos
Frequência 43 29 65 8
Esperado 37,3 34,7 52,0 21,0
% 59,7% 40,3% 89,0% 11,0%
12
A análise das tabelas de contingência, presentes nos Quadros 1 e 2, sugerem a existência
de diferenças na percepção de complexidade fiscal dos TOC, e no seu incumprimento fiscal,
em função da faixa etária.
Quadro 3 – Género dos profissionais categorizado pela sua percepção de complexidade do sistema fiscal Percepção de
complexidade do
sistema fiscal
Género dos TOC Total
Masculino Feminino
Baixa
complexidade
Frequência 64 43 107
Esperado 58,8 48,2 107
% 11,7% 9,6% 10,8%
Elevada
complexidade
Frequência 481 403 884
Esperado 486,2 397,8 884
% 88,3% 90,4% 89,2%
Quadro 4 – Relação entre o género dos TOC e os seus comportamentos de incumprimento fiscal
(voluntários e não voluntários) A complexidade
fiscal já o fez entrar
em situações de
incumprimento
fiscal involuntário?
Género dos TOC Aceita participar em
esquemas de planeamento
fiscal agressivo, utilizando a
complexidade fiscal?
Género dos TOC
Masculino Feminino Masculino Feminino
Não Frequência 239 239 Recusa Frequência 348 289
Esperado 260,4 217,6 Esperado 350,6 286,4
% 47,4% 56,8% % 70,7% 71,9%
Sim Frequência 265 182 Não
recusa
Frequência 144 113
Esperado 243,6 203,4 Esperado 141,4 115,6
% 52,6% 43,2% % 29,3% 28,1%
A análise dos dados das tabelas de contingência, apresentadas nos Quadros 3 e 4,
sugerem a existência de diferenças na percepção de complexidade fiscal dos TOC, e no seu
incumprimento fiscal, em função do género.
Finalmente, no Quadro 5 apresentam-se os resultados dos testes à significância
estatística das diferenças anteriormente sugeridas, nas tabelas de contingência apresentadas
nos Quadros 1 a 4.
De acordo com a análise apresentada no Quadro 5, verificamos que existe uma relação
estatisticamente significativa entre a percepção de complexidade fiscal dos TOC e a sua
idade. Sublinhamos que a relação entre ambas as variáveis é negativa. Porém, não existe uma
relação estatisticamente significativa entre o género e a percepção de complexidade fiscal dos
TOC.
Em relação ao incumprimento fiscal involuntário, os dados sugerem que existe uma
relação estatisticamente significativa entre esta variável dependente e a idade dos TOC.
Embora não seja possível estabelecer o sinal dessa relação, o teste estatístico realizado
permite verificar que os profissionais mais jovens apresentam a menor propensão para o
incumprimento fiscal involuntário e que na posição oposta se encontram os TOC no escalão
etário dos «> 35 anos até 50 anos». Concluímos, ainda, que os profissionais com maior
propensão para o incumprimento fiscal involuntário são os homens.
Relativamente à agressividade fiscal (incumprimento fiscal voluntário), os dados
sugerem uma relação estatisticamente significativa com a idade, bem como o facto de essa
relação ser negativa. Contudo, não existe impacto, com importância estatisticamente
significativa, entre a agressividade fiscal e o género.
Quadro 5 – Testes de significância estatística das hipóteses de investigação
Hipó-
teses
Operacionalização das Hipóteses de
investigação
Testes, resultados e correlações
(Força e sinal)
Conclusões
H1 H0: Não existem diferenças na percepção
dos TOC em relação à complexidade do
sistema fiscal, em função da idade do
profissional; Ha: Existem diferenças na
percepção dos TOC em relação à
complexidade do sistema fiscal, em função
da idade do profissional.
χ2 (3) = 7,989; p = 0,046 <0,05
Teste de Kruskal Wallis
H (985) = 7,981; p = 0,046 < 0,05
Correlação de Spearman:
rho = - 0,083; p = 0,009 <0,05
Rejeitamos a hipótese nula (H0).
Existe uma relação negativa entre as
variáveis. Os TOC com a maior
percepção de complexidade do sistema
fiscal são os mais jovens.
H2 H0: A percepção de complexidade fiscal dos
TOC não difere em função do género do
profissional; Ha: A percepção de
complexidade fiscal dos TOC difere em
função do género do profissional.
χ2 (1) = 1,125; p = 0,289 > 0,05 Não rejeitamos a hipótese nula (H0) de
igualdade das médias. Não há uma
diferença estatisticamente significativa
entre a percepção de complexidade
fiscal dos homens e das mulheres.
H3.1 H0: Não existem diferenças na propensão
dos TOC para o incumprimento fiscal
involuntário, provocado pela complexidade
fiscal, em função da idade do profissional;
Ha: Existem diferenças na propensão dos
TOC para o incumprimento fiscal
involuntário, provocado pela complexidade
fiscal, em função da idade do profissional.
χ2(3) = 13,909; p = 0,003 <0,05
Teste de Kruskal Wallis
H(920) = 13,894; p = 0,003< 0,05
Sem correlação estatisticamente
significativa.
Rejeitamos a hipótese nula (H0).
Existe uma relação entre as variáveis.
Os TOC com a maior propensão para
o incumprimento fiscal involuntário
são os que se encontram na faixa
etária dos « > 35 anos até 50 anos». Os
que apresentam a menor propensão
são os mais jovens.
H3.2 H0: Não existem diferenças na propensão
dos TOC para a agressividade fiscal
(incumprimento voluntário), provocada pela
complexidade fiscal, em função da idade do
profissional; Ha: Existem diferenças na
propensão dos TOC para a agressividade
fiscal (incumprimento voluntário),
provocada pela complexidade fiscal, em
função da idade do profissional.
χ2
(3) = 23,583; p = 0,000 <0,001
Teste de Kruskal Wallis
H (889) = 23,557; p = 0,000 < 0,001
Correlação de Spearman:
rho = - 0,143; p = 0,000 <0,001
Rejeitamos a hipótese nula (H0).
Existe uma relação negativa entre as
variáveis. Os TOC mais jovens têm
uma maior propensão para a
agressividade fiscal.
H4.1 H0: Não existem diferenças na propensão
dos TOC para o incumprimento fiscal
involuntário, provocado pela complexidade
fiscal, em função do género do profissional;
Ha: Existem diferenças na propensão dos
TOC para o incumprimento fiscal
involuntário, provocado pela complexidade
fiscal, em função do género do profissional.
χ2
(1) = 1,125; p = 0,005 < 0,05;
Coeficiente de Contingência =
0,122.
Teste de Mann-Whitney
U (925) = 96173,500;
p = 0,005 <0,05
Correlação de Spearman:
rho = - 0,093; p = 0,005 <0,05
Rejeitamos a hipótese nula (H0).
Existe uma relação negativa entre as
variáveis. Os TOC com maior
propensão para o incumprimento fiscal
involuntário são os homens.
H4.2 H0: Não existem diferenças na propensão
dos TOC para a agressividade fiscal
(incumprimento voluntário), provocada pela
complexidade fiscal, em função do género
do profissional; Ha: Existem diferenças na
propensão dos TOC para a agressividade
fiscal (incumprimento voluntário),
provocada pela complexidade fiscal, em
função do género do profissional.
χ2 (1) = 8,029; p = 0,703 > 0,05
Não rejeitamos a hipótese nula (H0) de
igualdade das médias. Não há uma
diferença estatisticamente significativa
nas propensões para a agressividade
fiscal entre os homens e das mulheres.
14
O Quadro 6 resume os resultados dos testes estatísticos realizados (sobre os TOC), e
compara-os com as conclusões da literatura, relativamente aos contribuintes.
Quadro 6 – Quadro resumo dos resultados dos testes estatísticos e comparação com a literatura Variável
independente
Contribuintes
vs TOC
Efeito nas variáveis dependentes
Maior percepção de
complexidade fiscal
Maior propensão para
o incumprimento fiscal
involuntário
Maior propensão para a
agressividade fiscal
(incumprimento fiscal
voluntário)
Idade Contribuintes Mais velhos ---- Mais novos
TOC Mais Jovens Mais velhos Mais novos
Género Contribuintes Mulheres ---- Homens
TOC Sem diferença Homens Sem diferença
Os resultados apresentados no Quadro 6 mostram duas realidades diferentes: por um
lado, o contexto dos contribuintes, por outro, o contexto dos TOC. Realçamos a única
situação consensual entre as duas realidades, i.e., o facto da propensão para a agressividade
fiscal ser maior entre os mais jovens, quer sejam contribuintes, quer sejam profissionais.
Estes resultados, tal como já referimos, podem ser justificados por vários factores,
nomeadamente a maior moralidade fiscal dos indivíduos com mais idade, bem como a sua
menor propensão para correrem riscos. No caso dos TOC, o nível de dependência dos
profissionais mais jovens, em relação aos seus clientes ou empregadores, pode ser, também,
na nossa perspectiva, uma explicação para a sua maior propensão para entrar em esquemas de
planeamento fiscal agressivo.
6. Conclusões
Da análise efectuada, podemos, em síntese, concluir o seguinte.
Em relação à idade dos TOC, o facto de maior relevância é a sua distribuição etária sob a
forma de pirâmide invertida, apontando para uma classe profissional envelhecida, fruto das
regras de ingresso na profissão. Esta situação, pelas consequências que poderá acarretar para o
futuro da profissão, na nossa opinião, merece a atenção da sua entidade reguladora.
Observámos, também, que embora exista um equilíbrio entre géneros nesta classe
profissional, porém, se categorizarmos o género por faixas etárias verificamos a existência de
duas realidades distintas: por um lado, entre os TOC com mais idade, nos quais a maioria são
homens, por outro, no conjunto dos TOC mais jovens a maioria são do género feminino.
Assim, é nossa convicção que, no futuro, esta profissão se possa vir a tornar uma profissão
feminina, tendo sido num passado, não muito distante, uma profissão tipicamente do universo
masculino.
Verificámos, ainda, que a maioria dos TOC, 89,1% dos inquiridos, considera o sistema
fiscal português complexo e muito complexo.
Os dados sugerem que esta percepção de excessiva complexidade fiscal tem algumas
consequências na actividade dos TOC, nomeadamente nos seus níveis de incumprimento
fiscal. Assim, 45,9% dos TOC admitem já ter entrado em incumprimento fiscal involuntário
devido à complexidade fiscal. No contexto da agressividade fiscal, só 65,6% indicou recusar a
participação em esquemas de planeamento fiscal agressivo, usando a complexidade fiscal.
O tratamento estatístico aos dados permitiu-nos, ainda, concluir que a percepção de
elevada complexidade relativamente ao sistema fiscal é mais comum nos TOC mais jovens, o
que pode ser associado à sua menor experiência. A maior propensão para o incumprimento
fiscal involuntário está associada com os TOC dos escalões etários mais elevados. A
tendência para a agressividade fiscal é mais comum nos TOC mais jovens, tratando-se da
única situação em que os resultados desta pesquisa vêm corroborar os dados da literatura,
relativamente aos contribuintes. Estes resultados, tal como já foi referido, podem ser
justificados pela menor moralidade fiscal e maior propensão para o risco dos mais jovens.
Em relação ao género, só foi possível verificar a existência de uma relação,
estatisticamente significativa, com a propensão para o incumprimento fiscal involuntário, em
que se verificou uma maior propensão nos TOC do género masculino.
Assim, os resultados da maioria dos testes estatísticos realizados não corroboram os
dados da literatura referentes aos contribuintes, em relação ao impacto da idade e do género
na percepção de complexidade fiscal, no incumprimento fiscal involuntário e na agressividade
fiscal. Podemos, deste modo, referir que os dados sugerem comportamentos completamente
diferentes, no contexto do sistema fiscal, para os contribuintes e para os profissionais
incluídos nas mesmas faixas etárias e do mesmo género.
Com base nestes resultados, propomos, como linhas de investigação futura, o estudo da
influência do género feminino na moralidade fiscal dos TOCs e no exercício da profissão.
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