monografia - do processo de execução

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Monografia UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Faculdade de Ciências Jurídicas CURSO DE DIREITO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO Dissertação apresentada por ocasião da conclusão do 4º bimestre de 1996, do Curso de Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade São Francisco - USF, como exigência parcial da Disciplina "Direito Processual Civil III", sob orientação e para apreciação da Professora Silmara Faro Ribeiro. USF - SP Novembro 1996 " E os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis de natureza (que cada um respeita quando tem vontade de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros. " Thomas Hobbes (1588-1679). Dedicatória: Dedico este trabalho à Profª. Silmara Faro Ribeiro, pela oportunidade dada e pela consciência docente, à minha mulher Elena Yatiyo Tanaka, pela paciência inspiradora que eleva meu espírito, e aos meus filhos, que me dão muita força para continuar a labuta com tanto entusiasmo, a cada dia da vida. Jovi Barboza.

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Page 1: Monografia - Do Processo de Execução

MonografiaUNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Faculdade de Ciências JurídicasCURSO DE DIREITO

DO PROCESSODE EXECUÇÃO

Dissertação apresentada por ocasião daconclusão do 4º bimestre de 1996, do Cursode Direito, da Faculdade de CiênciasJurídicas da Universidade São Francisco -USF, como exigência parcial da Disciplina"Direito Processual Civil III", sob orientaçãoe para apreciação da Professora Silmara FaroRibeiro.

USF - SPNovembro 1996

" E os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força paradar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis denatureza (que cada um respeita quando tem vontade de respeitá-lase quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído umpoder suficientemente grande para nossa segurança, cada umconfiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própriaforça e capacidade, como proteção contra todos os outros. "

Thomas Hobbes (1588-1679).

Dedicatória:

Dedico este trabalho à Profª. Silmara Faro Ribeiro, pelaoportunidade dada e pela consciência docente, à minha mulherElena Yatiyo Tanaka, pela paciência inspiradora que eleva meuespírito, e aos meus filhos, que me dão muita força para continuar alabuta com tanto entusiasmo, a cada dia da vida.

Jovi Barboza.

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho é o resultado de um grande esforço acadêmico, no sentido de esmiuçar profundamente o Tema: DOPROCESSO DE EXECUÇÃO.

Apesar da faculdade concedida pela docente para mudança do tema indicado, não o fizemos, pela atração e importânciadada no mundo jurídico à Execução, bem como, pela eficácia que o Processo produz, que, realmente, não deixa dúvidas

de que a escolha afortunada do tema não poderia ter sido mais apropriada.Ainda que não se trate de Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, menor importância não foi dada ao presente volume,mesmo porque, por mais que qualquer pesquisador aprofunde-se na pesquisa dos fatos e atos jurídicos que envolvem otema, será impossível esgotá-lo. Assim, não surpresos poderemos encontrar outros trabalhos com a mesma profundeza,ou, talvez, muito mais aprofundados, sem, entretanto, nenhum desmerecimento poder ser dado ao presente trabalho, noque se refere à dedicação e entusiasmo do autor, mais ainda pela consideração aos senhores docentes e pela vontade e

anseios de aprendizado, que certamente é o fator que mais conta na concepção de um trabalho deste tipo.A escolha da bibliografia, sem a devida perícia pela falta de cátedra do discente, afora a árdua busca por textos

jurisprudenciais para ilustrar os argumentos, traduz-se, mais ainda, na mais voraz das vontades de produzir um trabalho àaltura da ocasião e do motivo.

Quando da elaboração do projeto, a questão da Execução Forçada tomou proporções diferentes à guisa do conhecimentoempírico adquirido ao longo do exercício da vida profissional e acadêmica, proporcionando melhor visão do instituto,

facilitando, por conseguinte a elaboração do problema e das hipóteses objeto do trabalho.Sem qualquer pretensão, paira modestamente sobre o presente, a esperança de poder contribuir com outros estudos

conceituais do Direito, senão pela profundidade dispensada ao tema, mas pela forma interpretativa do Direito Positivo eda Doutrina selecionada.

Como todo trabalho científico, a presente pesquisa busca um aprofundamento adequado à delimitação do tema escolhido,principalmente por tratar-se de um trabalho acadêmico para conclusão de um bimestre de estudo, e pode, por isto

mesmo, discorrer o tema de uma forma tão ampla que passemos por longe do seu cerne.Contudo, os esforços e a dedicação aplicados ao trabalho, visam evitar justamente que isto ocorra e fará, certamente,com que uma amplitude despretensiosa, porém de grande interesse, seja demonstrada, buscando prender a atenção do

leitor para o sentido didático do trabalho, mas, de qualquer forma, procurando demonstrar os mais importantessignificados jurídicos do tema.

O AUTOR

SUMÁRIO

CAPÍTULO IVISÃO GERAL DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

1.Introdução............................................... 9

2.Uma Rápida Visão do Direito.............................. 112.1. Ramos do Direito............................... 12

3.Direito Processual....................................... 133.1.Da Ação e Do Processo........................... 143.2.Da Evolução Histórica do Processo............... 153.3.Dos Princípios Processuais...................... 163.4.Da Jurisdição................................... 17

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4.Do Processo de Execução................................... 184.1.Conceito e Evolução Histórica da Execução....... 194.2.Da Autonomia do Processo de Execução............ 204.3.Da Execução Forçada............................. 204.4.Do Interesse de Agir na Execução................ 214.5.Das Condições da Ação de Execução............... 224.6.Dos Pressupostos Processuais.................... 24

5.Do Objeto da Execução..................................... 25

6.Dos Pressupostos da Execução.............................. 26

7.Dos Títulos Executivos.................................... 277.1.Dos Títulos Executivos Judiciais................ 287.2.Dos Títulos Executivos Extrajudiciais........... 30

8.Da Ação Monitória......................................... 32

9.Das Espécies e Dos Tipos de Execução...................... 359.1.Da Execução Definitiva.......................... 359.2.Da Execução Provisória.......................... 36

CAPÍTULO IIA EXECUÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO

Código de Processo Civil - Livro II

1.A Execução no Direito Brasileiro......................... 38

2.Da Execução Geral........................................ 392.1.Das Partes...................................... 392.2.Da Competência.................................. 402.3.Do Inadimplemento............................... 40

3.Da Legitimação no Processo de Execução................... 41

4.Da Responsabilidade Executória........................... 43

5.Da Liquidação da Sentença................................ 45

6.Das Diversas Espécies de Execução........................ 46

7.Da Execução para a Entrega de Coisa...................... 477.1.Da Entrega de Coisa Certa....................... 477.2.Da Entrega de Coisa Incerta..................... 48

8.Da Execução da Obrigação de Fazer e de Não Fazer......... 498.1.Da Obrigação de Fazer........................... 498.2.Da Obrigação de Não Fazer....................... 50

9.Da Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente.... 519.1.Da Penhora...................................... 529.2 Do Arresto...................................... 539.3.Da Avaliação.................................... 539.4.Da Arrematação.................................. 549.5.Da Execução Contra a Fazenda Pública............ 55

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10.Da Execução de Prestação Alimentícia..................... 56

11.Dos Embargos do Devedor.................................. 57

12.Da Execução por Quantia Certa Contra Devedor Insolvente.. 5912.1.Da Insolvência................................. 5912.2.Do Saldo Devedor............................... 6012.3.Da Extinção das Obrigações..................... 60

13.Da Remição............................................... 61

14.Da Suspeição e da Extinção do Processe de Execução....... 6214.1.Da Suspeição................................... 6215.1.Da Extinção.................................... 62

CAPÍTULO IIIEFICÁCIA DA EXECUÇÃO

1.Das Considerações........................................ 64

2.Jurisprudência........................................... 65

CAPÍTULO IVCONCLUSÃO

1.Conclusão................................................ 73

2.Créditos do Autor........................................ 75

3.Bibliografia............................................. 76

Capítulo I

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Visão Geral doProcesso de Execução

INTRODUÇÃO

Estudar Direito é algo muito interessante. Aprofundar-se no estudo do Direito é algo ousado. Porque as divisões doDireito trazem ao estudo certas nuances que envolvem o acadêmico apaixonado pelo conhecimento e o conduz a umaviagem através do tempo, já que com exemplos constituídos no passado, busca-se a compreensão do estudo no presente ea melhor forma de aplicação do Direito no futuro.Ao iniciar-se um Curso de Direito, uma grande dificuldade é surgida para se compreender a separação entre o DireitoMaterial e o Direito Processual. Entender quando há necessidade do estudo daquele no contexto do estudo deste e/ouquando é necessário fazê-lo em separado, buscando-se compreender as distinções existentes nos elementos de estudo,elementos aliás que, por vezes, confundem-se, é um trabalho que exige atenção, dedicação e força de vontade, além deum grande senso de pesquisa e interesse.O aprendizado inicia-se lá pelo chamado Processo de Conhecimento e quando o acadêmico se encontra envolvido com oestudo dos Recursos, por exemplo, ainda pairam grandes dúvidas sobre a distinção entre os diversos tipos de Processo.Compreender os tipos de Processo, estudá-los em separado, é um grande passo dado para, à medida em que oaprendizado progride, buscar-se entrelaçar o conhecimento e fazer a junção das peças para constituir, então, o panoramajurídico que tanta beleza produz ao intelecto humano.Estudar o PROCESSO DE EXECUÇÃO, com certeza, trará à tona muitas dessas nuances esclarecedoras de dúvidas, dasmais simples às mais complexas.Todo tema pode ser aprofundado ou estudado superficialmente. A necessidade ou não do aprofundamento depende dosrequisitos ou propósitos a que se submete o trabalho.Qual a importância do Processo de Execução no âmbito do Direito?Aqui, nos parece uma boa razão para se estudar o tema. Responder a esta pergunta é buscar no amplo acervo doutrináriotodos os aspectos que envolvem o Processo de Execução.Qual a abrangência do Processo de Execução?Ao responder a esta pergunta, estaremos questionando ou buscando corroborar as mais profundas interpretações dasformas legais em que é cabido o Processo de Execução, sem esquecer o princípio constitucional que o rege. Comohipótese principal poderíamos afirmar que o processo de execução é uma forma legal de que dispõe o credor para tersatisfeita ou compensada sua expectativa de realização do crédito, frente ao devedor, principalmente porque a própriaCarta Magna exclui do campo penal a inadimplência, exceto quanto à pensão alimentícia e ao fiel depositário (art. 5o.,LXVII).Portanto, as pretensões do presente trabalho são de estudar as relações jurídicas em que se concebe a possibilidade docabimento do Processo de Execução, seja no âmbito do Direito Civil, do Direito Comercial, do Direito do Trabalho, doDireito Tributário, etc.No contexto jurídico, por vezes, nos deparamos com situações em que a Ação Executiva não pode ser impetrada. Aausência de um Título Executivo, por inúmeras ocasiões, retarda a satisfação do Direito do interessado que se vêmomentaneamente impotente diante do fato, por não possuir naquele instante o Direito Processual equivalente aorespectivo Direito Material. Assim, surge a necessidade da paridade do Direito Processual correspondente ao Direito

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Material. O Processo de Conhecimento constitui-se na opção da parte para conseguir através da tutela jurisdicional oTítulo Executivo que lhe possibilite a satisfação do seu Direito através do Processo de Execução.Assim, faz-se mister a compreensão acadêmica da força e da importância do Processo de Execução, mas, obviamente,observados os preceitos do direito processual, o que, certamente, evitará perdas consideráveis oriundas de açõesequivocadas.Esta importância do Processo de Execução está delineada no próprio Código de Processo Civil Brasileiro, que lhereservou o Livro II, inteiramente, agregando dos artigos de nºs. 566 a 795, tendo o próprio legislador, por ocasião daconcepção do Código, encarregado-se de dividir o Processo de Execução, nas seguintes partes:- Da Execução Geral- Título I - Arts. 566 a 611- Das Diversas Espécies de Execução- Título II - Arts. 612 a 735- Dos Embargos do Devedor- Título III - Arts. 736 a 747- Da Execução Por Quantia Certa Contra Devedor Insolvente- Título IV - Arts. 748 a 786- Da Remição- Título V - Arts. 787 a 790- Da Suspensão e Da Extinção do Processo de Execução- Título VI - Arts. 791 a 795Os objetivos principais do presente trabalho são:· - Analisar a importância do Processo de Execução à guisa do Direito Brasileiro;· - Estudar as hipóteses possíveis da impetração imediata pelo Processo de Execução, para satisfação do Direito Material;· - Estudar as possibilidades de aplicação do Processo de Execução;· - Trazer à tona a discussão sobre os Títulos Executivos Judiciais e Extrajudiciais;· - Dirimir dúvidas e levantar questões sobre os caminhos e as possibilidades de execução quando não se tem o títuloexecutivo;· - Avaliar a eficácia jurídica do processo de execução no âmbito geral;· - Outros pontos diversamente levantados pela jurisprudência.No âmbito do Direito das Obrigações, de um lado o credor ou credores e de outro o devedor ou devedores têm os seusdireitos satisfeitos quando o cumprimento das obrigações acontece de forma voluntária.Mas, há ocasiões em que surgem os conflitos das relações e abre-se, pois, as portas da tutela jurisdicional paraquestionamento da existência do direito através de ações em que se declara negativa ou positivamente a respeito, aschamadas ações declaratórias, constitutivas ou condenatórias, etc.A Ação Monitória constitui o título executivo judicial ou extrajudicial?A execução direta pela existência de título executivo extrajudicial é válida?O Processo de Conhecimento que constitui título executivo judicial torna-se automaticamente Processo de Execuçãoapós a sentença?Ao longo do estudo do Direito Processual, diversas correntes teóricas são geradas e trazidas à tona, às vezesesclarecedoras e às vezes nos trazendo dúvidas.É com este propósito que se apresenta o presente trabalho: levantar o maior número possível de dúvidas e tentaresclarecê-las através das diversas correntes teóricas apresentadas.

UMA RÁPIDA VISÃO DO DIREITO

"O homem é naturalmente um animal político". Esta afirmação de Aristóteles (sec. IV, a.C.) traduz-se, certamente, nomais remoto antecedente da visão do conceito de sociedade. Senão pelo próprio sentido de seu conteúdo, mas pelanatureza de sua constituição. Aristóteles enxergou a necessidade humana de viver em conjunto, pela impossibilidade doisolamento do homem, conjuminada com a sua inteligência, sentimento e razão, diferentemente dos irracionais que vivemsimplesmente em grupos.A verossimilhança da afirmação de Aristóteles encontra reforço mais tarde no século I a.C., em Cícero, que diz: "aprimeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que um certo instinto desociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para isolamento e para a vida errante, mas com umadisposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum".A relevância histórica desta verdade ganha mais destaque ainda na Idade Média, entre cujos autores, Santo Tomás deAquino, seguidor do filósofo grego, reafirma: "o homem é, por natureza, animal social e político, vivendo emmultidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade".A fase histórica da formação do Direito atravessa inúmeros padrões e complexos culturais, envolvidos por influênciasfilosóficas e sociológicas de vários pensadores, nas mais diversas eras e segmentos sociais, desde a origem da sociedade.

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A denominação pura e simples de sociedade para um grupo de indivíduos, conduz cada um a um estado de ordem, ondetodos têm a mesma liberdade, sem, entretanto, diminuir ou prejudicar a liberdade do outro. Essa socialidade, isto é, esseestado de ordenança do convívio humano, traduz o princípio de liberdade em salvaguarda de direitos, o que constituicada fato vivido pelos indivíduos no grupo, uma relação social circundada pelo Direito. Direito é, pois, um elementoabstrato do convívio social que tutela a liberdade individual em suas ações sociais. O Direito não existiria fora dasociedade. Esse elemento abstrato é composto por um conjunto de normas éticas oriundas da necessidade de ajuste docomportamento de cada indivíduo para garantia da harmonia existencial do grupo. Assim, o direito que tutela a liberdadeindividual (facultas agendi) é o direito faculdade e o direito que regula as relações sociais (norma agendi) é o direitonorma, lei ou "regra de ação".Para não citarmos todos os mais variados pensadores, desde Ranelletti, Platão, Campanella, Moore, Hobbes e outros atéos contemporâneos, bem como fazer referências às mais diversas teorias, tais como a Estruturalista ou a Contratualista,por exemplo, para tentar explicar a evolução do Direito, vejamos o que diz Miguel Reale: "Como fato social e histórico,o Direito se apresenta sob múltiplas formas, em função de múltiplos campos de interesse, o que se reflete emdistintas e renovadas estruturas normativas".O resultado desta evolução é o aparecimento da figura do Estado, que traduz-se na figura abstrata da sociedadeorganizada, constituída de poderes para criar, respeitar, conservar e fazer cumprir o conjunto de normas que se apresentaem forma de leis. Aqui o nascimento da coercitividade que é manifestada através da sanção aplicada pelo Estado aoindivíduo que desobedece a norma e causa danos a outrem.Este Direito tem suas fontes, pois, nas leis (normas jurídicas), jurisprudência, costumes, doutrina e os princípiosgerais do direito.Em sua evolução, o Direito foi dividido em ramos. Não sem um propósito prático de organização jurisdicional, visando opróprio benefício da sociedade tutelada e a diminuição de custos processuais.

Ramos do Direito

Assim, primeiramente o Direito é dividido em Público e Privado. O Direito Público, por sua vez, divide-se em Interno,tendo como principais ramos Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Tributário e DireitoProcessual e Externo, que constitui-se no Direito Internacional Público. O Direito Privado é dividido em Direito Civil,Direito Comercial, Direito do Trabalho e Direito Internacional Privado.Vejamos, pois, separadamente, cada um destes ramos do direito:· Direito Constitucional: regula a estrutura básica do Estado fixada na Constituição, que é a lei suprema da Nação.· Direito Administrativo: regula a organização e funcionamento da Administração Pública e dos órgãos que executamserviços públicos.· Direito Penal: regula os crimes e contravenções, determinando as penas e medidas de segurança.· Direito Tributário: é o setor do Direito Financeiro que se ocupa dos tributos, como, por exemplo, os impostos e taxas.· Direito Processual: regula as atividades do Poder Judiciário e das partes em conflito no decorrer do processo judicial.· Direito Internacional Público: regula as relações entre Estados, por meio de normas aceitas como obrigatórias pelacomunidade internacional.· Direito Civil: regula, de um modo geral, o estado e a capacidade das pessoas e suas relações no que se refere à família,às coisas, às obrigações e à sucessão patrimonial.· Direito Comercial: regula a atividade do comerciante e das sociedades comerciais, bem como a prática dos atos decomércio.· Direito do Trabalho: regula as relações de trabalho entre empregado e empregador, preocupando-se, ainda, com acondição social dos trabalhadores.· Direito Internacional Privado: regula os problemas particulares ocasionados pelo conflito de leis de diferentes países.

DIREITO PROCESSUAL

O Direito Processual, a princípio foi denominado Direito Judiciário ou Instrumental, por estar vinculado às atividadesdeste poder e pertence ao ramo de direito público, já que o Poder Judiciário representa a própria figura do Estadofazendo parte da relação jurídica.Vivendo em sociedade os indivíduos se relacionam e se contratam mutuamente, isto é, constituem obrigações entre si, ou,causam, como resultado de suas ações, danos ou prejuízos aos outros. Essas relações sociais denominam-se relaçõesjurídicas, porque elas contêm como objeto o chamado negócio jurídico, representado pelo bem jurídico envolvido.Quando os indivíduos relacionados em um negócio jurídico não obtêm os resultados esperados, entendendo que os seusdireitos foram prejudicados, nasce a lide, isto é, o "conflito de interesses". A lide é, pois, a "questão" que envolve ointeresse de duas partes titulares de direitos, sentindo-se, pelo menos uma, insatisfeita em relação à outra. A composiçãoou resolução da lide é obtida através do Processo. O processo constitui-se de um complexo de atos praticados pelaspartes envolvidas, tendo a figura do juiz como um terceiro elemento, desinteressado e imparcial, caracterizador do

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Processo.O Processo é assim chamado, pela seqüência coordenada dos atos praticados na conduta das atividades dos seuselementos, quais sejam: as partes titulares dos direitos em questão, a autoridade jurisdicional, na figura do juiz e os seusauxiliares. Desta forma, necessário se faz a existência de leis e princípios regedores das relações processuais. A esseconjunto de normas e princípios é dado o nome de Direito Processual.Gilberto Vieira Cotrim, define Direito Processual como "Direito que regula as atividades do Poder Judiciário e daspartes em conflito no decorrer do processo judicial".Conforme os tipos de processo, é possível dividir-se o Direito Processual em:· direito processual penal· direito processual civil· direito processual trabalhista· direito processual eleitoral· direito processual penal militarÀ guisa do Direito Processual Civil, nosso objeto de estudo, os vários tipos de processo, classificados conforme a tutelajurisdicional (ius dicere) a que se destinam, estão delineados no art. 270, do Código de Processo Civil, a saber:· processo de conhecimento;· processo de execução;· processo cautelar; e· procedimentos especiais.O processo de conhecimento é "o mais importante dos processos - ao menos pela freqüência e amplitude de forma deatuação. Através dele se desenvolve toda a atividade típica jurisdicional, onde os interessados provocam o PoderJudiciário, veiculando pretensão e oposição à pretensão; apresentam provas de suas alegações; e, por fim, o juizaplicando a norma positiva, decide quem tem o direito, proferindo decisão declaratória, constitutiva ou condenatória".O Processo de Conhecimento é regido pelos arts. do 1o. ao nº. 565, do CPC.O processo de execução "segue-se ao processo de conhecimento, em ordem de sistematização do atual Código deProcesso Civil e visa à satisfação do direito, propriamente dita". O Processo de Execução é regido pelos arts. de nºs. 566ao 795 do CPC.O processo cautelar é "visto pela doutrina nacional e sistematizado pelo Código de Processo Civil de 1973 como umtertium genus, relativamente aos processos jurisdicionais, teve origem no Direito Romano, onde não nascera sob formade um processo ou de uma tutela diferenciada e independente mas, sim, inserta em outros tipos de tutela jurisdicional". OProcesso Cautelar é regido pelos arts. de nºs. 796 ao 889 do CPC.Os procedimentos especiais são reservados a outros tipos de ações, como o próprio nome diz, especiais. Dividem-se emprocedimentos de jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária. São regidos pelos arts. de nºs. 890 ao 1210 do CPC.Desta parte do Código, particularmente, a Ação Monitória (arts. 1102a a 1102c) fará parte de nossa análise à guisa doProcesso de Execução.Para melhor fixação do entendimento do Direito Processual Civil, é mister compreender um pouco do teor histórico desua evolução através de alguns detalhes jurídicos, bem como estudar e diferencia a Ação do Processo.

Da Ação e Do Processo

A Ação está prevista no Art. 3º. do Código de Processo Civil, definida como a "provocação da jurisdição", cujacomplexidade ganha expressão desde longa data, proporcionando controvérsias entre filósofos e processualistas dos maisrenomados, em especial no que concerne à sua natureza jurídica. E são várias as teorias que buscam determinar anatureza jurídica da ação, desde a Doutrina Civilista ou Clássica (Nihil aliud est actio quam ius, quod sibi debeatur, iniudicio persequendi), não se distinguia o direito de ação do próprio direito material a ser tutelado, a Teoria de Muther,que distinguia um do outro, a Teoria do Direito Autônomo, Abstrato, etc. Marcus Vinicius de Abreu Sampaio cita MoacyrAmaral Santos e outros para formar o seguinte conceito: "Ação é um direito subjetivo público, distinto do direitosubjetivo privado invocado, ao qual não pressupõe necessariamente, e, pois, neste sentido, abstrato; genérico,porque não varia, é sempre o mesmo; tem por sujeito passivo o Estado, do qual visa a prestação jurisdicional numcaso concreto. É o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto. Ousimplesmente, o direito de invocar o exercício da função jurisdicional".O Dicionário Aurélio tem boas definições para a ação e o processo.Ação é, pois, o impulso que uma pessoa toma para colocar em movimento a atividade jurisdicional na busca de defesa deseus direitos.Processo é uma operação, um procedimento, por meio do qual se obtém a composição da lide (lis - a causa). Assim sedefine porque o "processo" é um conjunto de atos sucessivos, isto é, um após o outro, numa seqüência lógica prevista emlei.À guisa de todo o acervo doutrinário, a justificativa para a ação embasa-se na desproporção dos direitos entre os homens;o sentido de justiça parece delineado à margem da lei que, cega, permite, por vezes, a decretação de sentenças que nãoretrata a justiça aos olhos de quem perde a causa; Quando o homem vê seu direito subjetivo prejudicado, não lhe resta

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outra opção, senão a ação judicial para reconstituí-lo. A idéia que o Inglês Hobbes nos passa é a de que os homens vivemem guerra entre si se não houver "um poder comum capaz de os manter a todos em respeito..."; Jean-Jaques Rousseau(1712-1778) em seu discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, já tratava a questão em seu ângulosociológico.Quanto ao Processo não há questionamento de que sua natureza jurídica é ser um instrumento da jurisdição. A Açãosuscita-o e nele intervém até o final, quando se obtém o resultado da tutela jurisdicional. Mas, não é tão simples assimexplicar a natureza jurídica do Processo. Para isto, vejamos um pouco desta evolução histórica.

Da Evolução Histórica do Processo

Para compreender melhor a natureza jurídica do Processo, o processualista precisa pensar nas atividades humanas nasfunções legislativa, executiva e judiciária. Pode-se encontrar o processo em todos os momentos dessas atividades.Assim, a consenso da maioria dos processualistas-doutrinadores, podemos citar as seguintes teorias explicativas danatureza jurídica do Processo:a) - O Processo Como ContratoBaseada nos ensinamentos de Jean-Jacques Rousseau, entre os séculos XVIII e XIX ficou entendido entre os estudiososque o Processo representava um Contrato entre as partes envolvidas e o Estado. Assim, o resultado obtido ao final comodecisão, seria a representação da vontade de todos (inclusive do sucumbente) envolvidos no contrato.b) - O Processo Como Quase-ContratoComo idéia de um autor francês de nome Arnult de Guényvau, o Processo não poderia ser um Contrato propriamentedito e concluiu que não era também um delito. Assim, por não encontrar outra forma de o qualificar o declarou comoquase-contrato.c) - O Processo Como Relação JurídicaCom base em três aspectos básicos (os sujeitos da relação, os pressupostos e o objeto), Büllow, autor da teoria, emmeados do século passado, veio a desvincular o direito processual do direito material, fixando distinção entre ambos.Este autor também desenvolveu a Teoria das Exceções Dilatórias e a Teoria dos Pressupostos Processuais (1868).d) - O Processo Como Situação JurídicaPor situação jurídica, o autor da teoria, James Goldschmidt, contrapositor de Büllow, entendia que a situação deexpectativa e esperança do autor em relação à decisão processual não poderia constituir Relação Jurídica.A partir daí, a doutrina tem apoiado-se na teoria da Relação Jurídica com a extensão processual. Essa teoria ganhou forçacom Chiovenda e recebeu apoio de conceituações de Del Vecchio. Segundo a teoria "processo é uma relação jurídicaentre os sujeitos processuais, juridicamente regulamentada" (Relação Jurídica Processual).

Dos Princípios Processuais

Sem a intenção de nos alongarmos no estudo aprofundado dos Princípios Fundamentais que orientam o Processo, porém,para ilustrar a importância normativa dos mesmos, os quais norteiam a relação jurídica processual, vejamos, ao menos,quais são esse princípios:· Princípio da Imparcialidade do Juiz· Princípio da Igualdade· Princípio do Contraditório· Princípio Dispositivo· Princípio do Livre Convencimento do Juiz· Princípio do Duplo Grau de JurisdiçãoCada um destes princípios processuais tem sua validade e importância.No que se refere ao Processo de Execução, à medida do andamento de nosso trabalho, cada princípio será abordadoquando necessário.O princípio da imparcialidade do juiz é aquele pelo qual, o juiz deve manter sua imparcialidade, isto é, o juiz não tomaparte no processo, o juiz conserva uma posição neutra no que diz respeito às partes e limita-se somente a exercer afunção jurisdicional."O juiz deve tratar iguais os iguais e desiguais os desiguais". Este é o princípio da igualdade, pelo qual o juiz deveprocurar estabelecer a igualdade processual assegurada pela Constituição a todas as pessoas ("todos são iguais perante alei...").A principal função da jurisdição é ouvir as partes e o princípio do contraditório garante que "nenhum julgamento oudecisão judicial será justa, sem que às partes se dê o direito de contraditar uma a outra".Há um brocado jurídico que diz: "iudex iudicate debet allegata el probata partium", que quer dizer que o juiz não devebuscar as provas de fato no processo, isto cabe às partes. Este é o princípio dispositivo.Temos a seguir o princípio do livre convencimento do juiz, pelo qual ao juiz cabe a liberdade de emitir o juiz que acharmais adequado no exercício da função jurisdicional.E pelo princípio do duplo grau de jurisdição é garantido o cabimento do recurso ao tribunal, em qualquer circunstância de

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decisão de primeira instância.O que pretendemos aqui é dar uma rápida visão desses princípios para melhor compreensão quando a eles nos referirmosà medida do desenvolvimento de nosso trabalho.

Da Jurisdição

A JURISDIÇÃO é tida como um poder, uma função e uma atividade do Estado no sentido de dizer o direito (jus dicere,do latim jurisdictione). É um poder porque ao Estado é dado na figura do Juiz, dizer o direito, através da sentença e,transitada em julgado, transformá-la em lei. É a representação da própria soberania nacional; é uma função representa aexpressão do cargo que têm os órgãos estatais no ofício de promover e zelar pela justiça, fazendo valer o Direito; é umaatividade é a própria movimentação do juiz no processo, sem o qual essa atividade não existiria.Assim, o conceito de jurisdição pode ser resumido da seguinte forma: "Poder, função e atividade que o Estado exerce,para fazer cumprir determinada categoria de leis e punir quem as infrinja em uma determinada área".A doutrina nos ensina que a atividade estatal de jurisdição é secundária, instrumental, declarativa ou executiva,desinteressada e provocada. A jurisdição é, pois, provocada (princípio da inércia), conforme o próprio CPC, em seu art.2o., mas obedece certos princípios fundamentais, quais sejam:a) Princípio da Investidura, o qual liga a pessoa física do juiz ao Estado. Por este princípio, somente alguém investidono cargo de juiz pode exercer a atividade jurisdicional.b) Princípio da Aderência ao Território, que estabelece limites à atividade jurisdicional. É um princípio oriundo daConstituição e não cabe ao legislador ordinário modificá-lo.c) Princípio da Indelegabilidade, pelo qual o juiz não pode delegar a outrem a função jurisdicional que lhe é cabível pordelegação. Quando a atividade deva estender-se além do seu território, o juiz se valerá de carta precatória visando obtera colaboração de outra jurisdição.d) Princípio da Inevitabilidade, pelo qual o réu, principalmente, não pode evitar a atividade jurisdicional, uma vez estaprovocada.e) Princípio da Indeclinabilidade, pelo qual o órgão jurisdicional não pode negar a tutela, uma vez legitimamenteprovocada.f) Princípio do Juiz Natural, pelo qual o juiz deve ser independente e imparcial, legitimado pelo processo de investidurae instituído constitucionalmente.g) Princípio da Inércia, que resulta da aplicação do art. 2o. do CPC (v. n. 21), pois nenhum juiz iniciará o processo,senão provocado (nemo iudex sine actore).

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O Processo de Execução é resultante da Ação de mesmo nome, que origina-se da falta de cumprimento de umaobrigação pelo devedor desta para com um credor. Essa obrigação nasce de uma relação jurídica entre duas pessoas - odevedor e o credor - que, segundo seus interesses, estabelecem prestações mútuas.Uma vez uma das partes cumprindo a sua situação jurídica (cumprimento da sua obrigação), adquire o direito de exigir daoutra o mesmo comportamento, caso em que não se enquadra, agindo de forma contrária, isto é, quando nenhuma daspartes cumprem sua respectiva prestação. Esta situação é prevista pelo Código Civil, conforme dispõe o art. 1.092. Estaspossibilidades acontecem quando da existência da relação contratual.Mas, nem sempre o inadimplemento é oriundo de relação contratual, com a conseqüente constituição de prestaçõesmútuas. Tal situação pode advir do não cumprimento de uma ordem judicial em forma de sentença condenatória de umprocesso de conhecimento.Em qualquer caso, porém, o devedor é o sujeito passivo da relação processual do Processo de Execução, por não cumpriruma determinada obrigação.Vale a pena, un passan, relacionar os vários tipos de obrigação, que são:Obrigações de darObrigações de fazerObrigações de não fazerAs obrigações de dar são aquelas em que o devedor está obrigado a entregar ao credor algum bem determinado, podendoser dinheiro ou qualquer item patrimonial. Não é difícil entender este tipo de obrigação que pode ser dividido em doistipos: entrega de coisa certa e entrega de coisa incerta, tendo cada tipo sua peculiaridade como veremos mais à frente.As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor está obrigado a praticar algum ato, proceder à ação de algumaforma, sem o que constitui-se inadimplente. Não nos parece difícil compreender este tipo de obrigação. Apenas algumavariância poderemos encontrar na prática, visto que certas obrigações do tipo intuitu personae somente devem serrealizadas pela pessoa do devedor, enquanto outras obrigações mais comuns podem ter o terceiro o substituindo.As obrigações de não fazer são aquelas em que cujo devedor tem por obrigação, justamente o contrário, isto é, nãopraticar, não proceder à ação de alguma forma, caso que, em o fazendo, pode tornar-se sujeito passivo da relação

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processual de execução. Esta, sim, nos parece uma obrigação um pouco mais complicada de se entender na prática. Mas,para fins didáticos vamos nos remeter ao Código Civil, art. 1.181 (doação), de cuja interpretação, alguns doutrinadoresentendem nascer, para o donatário, uma obrigação de não fazer qualquer ação que possa caracterizar ingratidão de suaparte para com o doador.Em qualquer situação, porém, como veremos mais à frente, o título executivo faz-se necessário, sem o que não há comose propor a ação de execução.

Conceito e Evolução Histórica da Execução

Uma vez de posse do título executivo, o credor pode propor a Ação de Execução. Assim, execução nada mais é do que"a atuação da sanção inerente ao título executivo", isto é, é a maneira legal de que dispõe o Estado para, interferindo narelação jurídica forçar o devedor a cumprir sua obrigação de dar, de fazer ou de não fazer. O dicionário Aurélio temduas definições interessantes para o verbete execução: "execução (z) [Do lat. Exsecutione.] S.f. ... 4. Jur. A fase doprocesso judicial na qual se promove a efetivação das sanções, civis ou criminais, constantes de sentenças condenatórias.5. Jur. Ajuizamento de dívida líquida e certa representada por documentos públicos ou particulares a que a lei atribuiforça executória".Um pouco diferente é a definição dos filólogos Koogan/Houais (Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, Edições Delta,):execução: "s.f. ... / Justiçar pela morte um réu a ela condenado: a execução de Tiradentes".Pode parecer um certo absurdo o comentário da segunda definição à guisa do Processo de Execução atual, mas houveum tempo em que, por mais incrível que possa parecer, a execução era corporal e não patrimonial, como é hoje. Estaexecução forçada corporal, bem que justifica o nome (no sentido penal!), mas, historicamente corresponde aos absurdos,senão vejamos o texto a seguir, advindo da Lei das XII Tábuas (ano 450 a.C.): "aquele que confessa dívida perante omagistrado ou é condenado, terá 30 dias para pagar. Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado elevado à presença do magistrado. Se não paga e ninguém se apresenta como fiador, que o devedor seja levado pelo seucredor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso até ao máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quiser ocredor. O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor que o mantém preso dar-lhe-á por diauma libra de pão ou mais, a seu critério. Se não há conciliação, que o devedor fique preso por 60 dias, durante osquais será conduzido em três dias de feira ao 'comitium', onde se proclamará em altas vozes o valor da dívida. Se sãomuitos os credores, é permitido, depois do terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantossejam os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem, poderão vender o devedor a umestrangeiro, além do Tibre (tábua III, nn, 4-9)".Essa foi a fase das legis actionis, que ocasionava o manus iniectio, como ficou demonstrado. O devedor perdia atémesmo o direito à vida. Mas, mesmo com esta possibilidade, alguns direitos ainda lhe eram salvaguardados. Por exemplo,era lhe dado o prazo de 30 dias para pagar a dívida; tinha direito a um fiador, para evitar sua prisão; o peso máximo, nocaso de prisão, a ser amarrado no pescoço não poderia exceder a 15 libras; em permanecendo vivo, o credor era obrigadoa dar-lhe 1 libra de pão por dia, ao mínimo; antes de morrer, o devedor tinha direito a 60 dias de vida, quando eraexposto em três dias de feira e somente após o terceiro dia é que era permitido ao credor ou credores cortarem-lhe ocorpo em tantas partes quantas fossem os credores (direito à vida, mesmo que temporariamente).Aqui, vale a pena nos remetermos aos dias de hoje no Brasil, para verificarmos que a situação jurídica vivida pelodevedor, difere, em muito, dos primórdios do direito romano. Senão vejamos a Constituição Federal, em seu art. 5o.,LXVII, que inibe a prisão do devedor, com as exceções assinaladas. E, mais ainda, conforme o Arts. 591, 646, 648 e 649do CPC, onde se configura, conforme veremos mais adiante, a responsabilidade patrimonial do devedor,resguardando-lhes ainda alguns bens essenciais à sua sobrevivência.

Da Autonomia do Processo de Execução

O fato de se obter uma sentença condenatória em que se constitui o título executivo judicial, não força o devedor asatisfazer o credor (cumprindo a obrigação de dar, de fazer ou de não fazer). Se o ganhador do processo deconhecimento não agir (Ação), o devedor ficará impune da sanção. Conditio sine qua non, para ter o seu direitosatisfeito, o credor necessita mover uma nova ação (a Ação de Execução) que determinará a existência de um novoprocesso (o Processo de Execução). Daí, a teoria da autonomia do processo de execução.Esta autonomia do processo de execução, nos parece clara e evidente quando da existência deste sem a prévia fase decognição. Isto ocorre quando o mesmo se fundamenta na existência do título executivo extrajudicial, como veremos masadiante em nosso estudo.Contudo, alguns doutrinadores têm negado essa autonomia do processo de execução, no caso do prolongamento da fasede cognição, entre os quais Gabriel de Resende Filho, Costa Carvalho e Fraga. Para essa parte da doutrina, este processoé, na realidade, um prolongamento da fase cognitiva, havendo entre ambos, "uma unidade lógica" , tornando o processoem quatro fases: a fase postulatória, a instrutória, a decisória e a executória.Mas, à maioria doutrinária cabe forte argumento no que se refere à autonomia do processo de execução. Segundo taisargumentos o processo de conhecimento tem como objetivo exclusivo a sentença declaratória e a constitutiva,

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encerrando o processo. Mesmo no caso das sentenças condenatórias, o processo encerra-se com a declaração do direitodo vencedor e a conseqüente constituição da obrigação do sucumbente. Neste caso, quando o devedor cumprevoluntariamente a obrigação constituída, desnecessário, e até mesmo descabida, se faz a Ação de Execução, conformepodemos deduzir do Art. 581, do CPC.A questão da autonomia do processo de execução somente é trazida à tona, quando se tratar da execução de títulojudicial. O título extrajudicial, por si só, já traduz a autonomia em referência, pois que não se questiona qualquer outraação para validade deste processo neste caso. Assim, a justificar a grande maioria da doutrina que entende ser o processode execução, autônomo, vejamos o princípio processual que advém do art. 2o. do CPC, onde, no caso do processo deconhecimento, a tutela jurisdicional, jamais poderá estender-se além de sua sentença, partindo para a execução, sem adevida petição do interessado (credor).

Da Execução Forçada

A Expressão "execução forçada", determina uso da força (legal e até policial) para obtenção do resultado almejado,pretendido sob os auspícios da lei. Na linha evolutiva do direito romano, somente com a consolidação do Estado, cujopoder de fazer cumprir o direito positivo se expressava através da jurisdição, cada vez menos se fazia valer a autotutela,cujos efeitos exagerados já fizeram parte de nosso estudo um pouco mais atrás. Mas, como bem diz Cândido C.Dinamarco, "Infelizmente, a distância temporal em que nos encontramos da época em que se deram esses fenômenos eessas transformações impede-nos de fazer afirmações calcadas na certeza histórica, mas essa tese assenta num princípiode razoável probabilidade, segundo o qual quanto mais se reforça a organização política, mais se restringe a autotutela".(grifo nosso)Mesmo assim, a execução forçada tem sua expressão no texto legal do CPC, até os limites estabelecidos pelo próprioCódigo em seus arts. 591 e 592.Para bem ilustrar esta afirmativa, vejamos seguinte texto de Moacyr Amaral Santos: "Na execução, formada a relaçãoprocessual, as atividades coativas se desenvolvem contra o executado, que não pode impedi-las, não lhe cabendo senão opoder de exigir que se realizarem na conformidade e nos limites da lei. Conquanto parte, o executado se encontra naposição de sujeição à atividades jurisdicionais executórias impregnadas da vis coativa que as caracteriza". (grifo nosso)E mesmo quando contrapõe a execução o executado somente o pode fazer pelos embargos do devedor, que, narealidade, constitui um processo à parte, que será julgado. Este processo interrompe temporariamente a execução (efeitosuspensivo), mas tem seu julgamento em separado, isto é, os contra-argumentos do devedor nos embargos, não fazemparte da execução, uma vez sendo julgados improcedentes, o devedor se vê na situação forçada de aceitar a execução.

Do Interesse de Agir na Execução

A "ação" é o ato praticado pela parte interessada na tutela jurisdicional, representada pelo processo, que tem início apartir da petição inicial. Este é o momento em que o autor do processo dá o impulso (princípio da inércia), caso isto nãoaconteça, nenhum juiz poderá dar início ao processo (nemo iudex sine actore; ne procedat iudex ex officio), comodeduzimos do Art. 2o. do CPC.No caso do processo de execução, o interesse de agir do credor nasce da inadimplência do devedor, sem a qual "o credornão poderá iniciar a execução ou nela prosseguir" (Cód. Proc. Civil, art. 581).Qualquer pessoa tem o direito de agir, tem o direito de ação. Porém, não há colidência entre o direito de ação e o direitomaterial. Assim, o "direito objetivo" constitui o direito a que corresponde o "direito subjetivo" que qualquer pessoa podeter para justificar a ação, (limites do direito de ação).Na Ação de Execução, o interesse de agir do credor nasce da inadimplência do devedor, ou seja, da falta decumprimento deste de uma obrigação líquida e certa e exigível. Mas, o perdão da dívida pode eliminar o interesse de agirdo credor que, num gesto inusitado, deixa ou esquece-se de exercer o seu direito de ação executiva, o que, dependendodo espaço de tempo pode ocasionar a prescrição (perda do direito de ação).

Das Condições da Ação de Execução

A Ação de Execução, como qualquer outra, é uma ação processual, e como tal deve preencher certos requisitos legaischamados Elementos da Ação e Condições da Ação. Vejamos em separado, bem rapidamente, cada um deles, paracompreendermos os fatores básicos que condicionam a existência da Ação de Execução. São eles:a) - Elementos da Ação:1. As partes2. Objeto da Ação3. Causa de PedirAs partes no processo são as pessoas envolvidas pela relação processual, que preencham os requisit processuais ou nelesse insiram, de forma a validar o processo.O objeto da ação é o pedido, isto é, o objetivo principal que se deseja atingir através da atividade jurisdicional que sepleiteia através da ação. O objeto pode, ainda, ser classificado em imediato e mediato, respectivamente assim se

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definindo quanto mais próximo ou mais distante esteja do momento da ação. Assim, o pedido imediato pode ser asentença condenatória, declaratória, ou constitutiva, como veremos mais adiante, e o pedido mediato, a conseqüênciadaquele, isto é a execução, ou a providência cautelar ou preventiva.A causa de pedir, difere do objeto da ação porque este concretiza-se em decorrência daquela. A causa de pedir é, pois, arazão que dá surgimento ao objeto. Assim como o pedido, a causa de pedir divide-se em próxima e remota,respectivamente assim se definindo quanto ao fato de caracterizar e fundamentar o direito controvertido ou os fatos queconstituem os laços do direito controvertido (a relação jurídica).b)- Condições da Ação:1. Pressupostos Processuais2. Possibilidade Jurídica do Pedido3. Interesse de Agir4. Qualidade para AgirOs pressupostos processuais, aparecem, ao nosso ver, como uma das condições da ação, com base na teoria de Wach: "...pressupunha uma sentença favorável, daí concreta, o que coloca a ação revestida de requisitos de direito material, ousejam as condições da ação e também de requisitos de direito formal, ou sejam os pressupostos prossessuais, sem osquais não haveria a ação." (grifo nosso)Para que uma ação possa existir, para que possa receber a tutela jurisdicional, é necessário que o pedido seja lícito, isto é,que haja uma possibilidade jurídica (não defeso em lei) de que o pedido possa receber a tutela, sendo o objeto lícito.O interesse de agir, como condição geral de qualquer ação, é aquele previsto pelo art. 3o. do CPC, para evitar-se aextinção do processo conjuminando com art. 267, inciso IV do CPC. Como bem vimos anteriormente, o que caracteriza ointeresse de agir na Ação de Execução é a inadimplência do devedor. Esta será caracterizada pela existência do títuloexecutivo como veremos mais à frente.A qualidade para agir, é oriunda também do art. 3o. do CPC (v. nota 41); a melhor explicação para esta condição é a deque o autor deve ter vínculo, isto é, deve ter uma relação jurídica com o réu, ou seja, legitimidade (qualidade paraagir).Conforme muito bem define Cândido Rangel Dinamarco " ... Não se preocupa a doutrina em analisar a ação executivado ponto de vista da possibilidade jurídica do interesse de agir e da legitimação, da coordenação destes, daconseqüência de sua falta, etc., o que afinal é uma necessidade, desde que se queira dar à execução forçada e à açãoexecutiva o mesmo alento de elaboração científica recebida pelo processo e pela ação de conhecimento". (grifo nosso)Ao nosso ver, tal situação se configura em razão da ampla análise doutrinária a respeito do Título Executivo (judicial ouextrajudicial, como veremos mais à frente), o que dispensa toda a retórica em torno dos elementos e das condições daação no que se refere à execução.À guisa deste assunto podemos dizer que os elementos da ação são claros na questão, senão vejamos: as partes (credor edevedor), o objeto (a dívida) e à causa de pedir (a inadimplência do devedor). Aqui, demonstrada, claramente, apossibilidade jurídica do pedido. E no entendimento de Cândido Dinamarco, "quanto à impossibilidade jurídica dademanda executiva, mais visível ainda é essa situação, porque julgamento do mérito inexiste no processo de execuçãoforçada. É imaginar uma execução postulada com base em documento assinado pelo devedor e duas testemunhas (CPC,art. 585, inc. III), reconhecendo uma dívida de jogo (obrigação natural); seria muito estranho considerar de mérito asentença que de pronto indefere tal execução, dada no processo executivo e estranhamente criando a autoridade de coisajulgada sobre a inexistência de uma obrigação que até pode existir e vir a ser paga, sem possibilidade de repetição. Aindaaqui, a ampliação da ótica do processualista, a quem já não é lícito estudar seus conceitos e doutrinas exclusivamente àluz do que acontece no processo de conhecimento, concorre para o melhor entendimento dos institutos e fenômenosinerentes à sua ciência." (grifo nosso)E quanto às condições da Ação Executiva é de se concluir que não se pode questioná-las, uma vez se admitindo aidoneidade do título executivo, aliás, questão que muito nos anseia em nosso estudo, à medida em que a ele muitas vezessomos forçados a fazer referência. É no título executivo, conforme mais à frente veremos, que paira toda averossimilhança da justificativa da impetração da ação executiva.A ação nasce do direito subjetivo de defesa de direitos, quando a faculdade postulatória é exercida pelo autor em face deuma outra pessoa ou pessoas (litisconsórcio), na busca de uma satisfação objetivada através da atividade jurisdicional.Não há como negar o brocado jurídico actio est jus persequendi in judicio quod sibi debetur, que nos mostra claramenteo que representa a ação no mundo jurídico, ainda mais se buscamos entender a Ação de Execução. Daí, a grandepreocupação da doutrina em buscar entendimento do condicionamento postulatório justificativo da Ação no sentidogeral, mas, deixando, de certa forma à margem desta análise a ação executiva. Mas, a importância, e.g., dos pressupostosprocessuais é tanta que cabe aplicação taxionômica, conforme bem o demonstra Araken de Assis, como vemos nodiagrama a seguir. Araken nos lembra, com base no art. 267, § 3º, primeira parte, no art. 301, § 4o., in fine, do CPC, queos pressupostos processuais sujeitam-se a "controle de ofício". Vejamos:

Pressupostos Processuais

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subjetivos

juizjurisdiçãocompetênciaimparcialidade

parte

personalidade processualcapacidade processualcapacidade postulatórialegitimidade

objetivo

extrínsecoslitispendência, coisa julgadadepósito da sucumbência, etc.

intrínsecosexistência,validadeeficácia dos atos

Uma parte da doutrina, credita a Oskar Bülow a existência dos pressupostos processuais.Mais à frente veremos a importância de cada requisito para o Processo de Execução.

DO OBJETO DA EXECUÇÃO

Nulla executio sine titulo. Extrai-se este princípio da interpretação do art. 583 do CPC, o que normalmente temnorteado a doutrina no sentido de espelhar o Processo de Execução, tomando-se como base a existência de um títuloexecutivo.Veremos mais à frente a importância do título executivo (judicial ou extrajudicial), mas, cabe salientar que suaexistência, por si só, não caracteriza a possibilidade de impetração da Ação Executiva e, por conseguinte do Processo deExecução (art. 580, caput, do CPC).Se atentarmos para o teor do art. 581 do CPC (v. nota 30), entenderemos, claramente, que não é a pura existência dotítulo executivo que fundamenta e justifica a existência da ação em questão, pois, se o devedor cumprir a obrigaçãocorrespondente, o credor (exeqüente) não poderá iniciar ou prosseguir na execução (efetivação da sanção).À guisa do exposto, faz-se jus concluir que o objeto da execução não é senão a satisfação do direito do exeqüente. Umavez iniciada a execução, caso o executado cumpra a obrigação, esta não prosseguirá, o que não descaracteriza suainexistência. A execução, neste caso, existiu e durou até o momento em que o exeqüente (credor) teve seu direitoatendido, o que interrompeu a execução e, aliás, a impediu legalmente de continuar.O objeto é o motivo, a causa da execução. A maioria da doutrina assegura que o título executivo representa muitofielmente este papel. Mas, vejamos a hipótese prevista no próprio art. 581 a que nos referimos acima ("...; mas poderárecusar o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou àobrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la".), que nosmostra que o que pode fazer a execução prosseguir é a insatisfação do credor, que não aceita a prestação, apesar deestabelecida no título executivo. Ora, pois, temos aqui um fato de concreto desprezo ao título executivo existente, o qualnão se caracteriza como a principal razão (objeto) da existência da execução, o que temos na concreta insatisfação dodireito do credor pelo devedor.Assim, o título executivo é a representação documental (cártula) da falta de cumprimento do devedor para com a suaprestação frente ao credor. Mas, se este a cumprir, o devedor não terá força processual para iniciar ou continuar naexecução. Podemos até imaginar a hipótese em que o devedor proceda o cumprimento da obrigação de forma paralela,isto é, sem a imediata troca pelo título executivo, mas de forma comprovada, como, por exemplo, o próprio depósitojudicial prévio. Nestas circunstâncias, o credor ainda terá em sua posse um título executivo, mas estará judicialmenteimpedido de efetuar a execução em face do cumprimento da obrigação pelo devedor. Vale lembrar que já estudamos ointeresse de agir do credor, baseado na inadimplência do devedor.Vejamos a seguir os pressupostos da execução, para melhor entendermos a argumentação do objeto da execução.

DOS PRESSUPOSTOS DA EXECUÇÃO

É certo, como vimos, que o interesse de agir na execução, pelo credor, nasce da inadimplência do devedor. Porém, nãoobstante os argumentos a respeito do objeto da execução, dois elementos fundamentais devem ser considerados paravalidação da propositura da ação executória. São os pressupostos da execução que, aliás, como bem lembra Araken deAssis, o nosso Código os trata na ordem inversa:· - inadimplemento - arts. 580 a 582 - Seção I

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· - título - arts. 583 a 586 - Seção IIO que se pretende na execução é a efetivação da sanção, no caso, do inadimplemento configurada pela penhora de benspara compensação da obrigação inadimplente. Cândido Dinamarco lança mão de dois conceitos para esclarecer ospressupostos processuais da execução: "Diz-se que a execução se subordina a um pressuposto legal (título) e a umpressuposto prático (inadimplemento), ou, em outras palavras, a um pressuposto formal e a um pressupostosubstancial". (grifos nossos)Os pressupostos processuais na execução diferem dos da ação de conhecimento.Há de se questionar que, certamente, os pressupostos processuais são pertinentes ao processo executivo (subjetivos eobjetivos). Vejamos o diagrama apresentado à página 24: quanto ao juiz (jurisdição, competência e imparcialidade),quanto às partes (personalidade processual, capacidade processual, capacidade postulatória e legitimidade); osextrínsecos (litispendência, coisa julgada, depósito da sucumbência, etc.) e intrínsecos (existência, validade e eficácia dosatos).Apesar da característica e força do título executivo e da inadimplência do devedor, preenchedores dos requisitos legaispreceituados pelo Código de Processo Civil, é de se notar que a execução se reveste de todas as condições naturais dequalquer ação e reveste-se dos pressupostos processuais, pois, não poderíamos conceber a execução de um títuloexecutivo (judicial ou extrajudicial), sem que o seu titular absoluto o queira. A representação por mandatário estaria forada presente análise, já que o representante o faz pela vontade do titular, mas não se aceita que alguém represente ocredor em juízo sem sua autorização formal.Mas, é consenso geral doutrinário que o pressuposto necessário para toda e qualquer execução é o título executivoacompanhado da inadimplência.

DOS TÍTULOS EXECUTIVOS

Vejamos o que diz Arruda Alvim: "Um rápido exame do processo de execução demonstra, desde logo, a inaplicabilidadedo chamamento ao processo nos casos de execução. Em primeiro lugar, o título extrajudicial (art. 585) engendra processode execução, com executividade de índole definitiva, na forma do que dispõe o art. 587, podendo esta, no entanto, serparalisada, mercê do recebimento dos embargos do devedor com efeito suspensivo.Normalmente não há sentença na execução, salvo quando forem oferecidos embargos. Nunca, no entanto, será umasentença sobre o título extrajudicial que, do ponto de vista jurídico, não sofre apreciação positiva".O que concluímos do acima exposto é a força do título executivo, no processo de execução, que, aliás, em muitocontribui para a autonomia do processo de execução. O título executivo, por si só, dá validade à ação e autenticidade àcoercitividade pela falta de pagamento (inadimplência), desprezando as razões de que possa o juiz se valer para aceitarqualquer contradito por parte do devedor. Este, se assim o desejar, deverá fazê-lo pelos "embargos do devedor" e, aindaassim, seguro o juiz.Algumas observações são cabíveis em razão do estudo do art. 583 (v. n. 54), senão vejamos:A primeira observação, aliás unanimemente explorada pela doutrina, diz respeito à pluralidade de títulos executivosembasada no art. 573 do CPC, permitindo que o credor possa mover em uma mesma ação executiva, várias execuções,ressalvados os requisitos legais. Aliás, mais uma razão encontramos aqui para revestir a ação de execução das condiçõesda ação. O final do artigo citado deixa clara a necessidade de competência do juízo. Outra observação diz respeito àinstrução da inicial com o título executivo, aliás, no caso, mais fácil ainda nos parece compreender porque o princípio docontraditório não é aplicado ao processo de execução. Se existe um título executivo judicial, fundamentado em umasentença, não há possibilidade de questionamento. O art. 614, I do CPC, traz o preceito legal para esta situaçãoprocessual. Note-se que a carta de sentença substitui o título executivo, pois que trata-se do próprio à guisa doentendimento do art. 584 (v. n. 68).A terceira e última observação tem amparo no art. 618, I do CPC , que se refere aos possíveis defeitos do título, tornandonula a execução, o que nos remete à leitura do parágrafo 1o. do art. 586: "Quando o título executivo for sentença, quecontenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro à sua liquidação".Ainda com base nesta observação, vale lembrar a condição do parágrafo 2o. do art. 586 (v. n. 59): "Quando na sentençahá uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e a liquidaçãodesta".Ao estudarmos os títulos executivos, compreendemos facilmente porque as condições da ação e os pressupostosprocessuais são tão desprezados em profundidade pela doutrina, no que se refere ao processo de execução. Como bemdiz Moacyr Amaral Santos "no título executivo estão compreendidos o objeto, os limites e a extensão da execução".(grifos nossos)A importância do título executivo está preceituada no art. 583 do CPC (v. nota 54). A respeito, importante nota deTheotonio Negrão: "A admissão de execução, mediante ordem de citação para pagamento em 24 horas, sob pena depenhora, sem título executivo que a embase, constitui violação de direito líquido e certo do executado".Resta-nos, pois, classificar, aliás, como facilmente o faz a doutrina, os títulos executivos. Os títulos executivos sãoclassificáveis em:

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· - Títulos Executivos Judiciais· - Títulos Executivos ExtrajudiciaisPara bem compreendermos a eficácia dos títulos executivos, devemos estudá-los em separado, ainda que necessitemosfazer uma rápida leitura ao CPC, seção II, capítulo II, livro II - Do Processo de Execução.

Dos Títulos Executivos Judiciais

Do que se depreende da leitura do código, em seu art. 584 (v. n. 68), o título executivo judicial, exceto pelo formal e acertidão de partilha, constitui-se de uma sentença. Contudo, alguma análise vale ser feita das expressões do Código sobreas sentenças. Como deduzimos deste artigo, o título executivo judicial nasce de sentença (condenatória ouhomologatória), forma, inclusive, determinada para os casos de sentença estrangeira. Nossa análise terá efeito aoverificarmos os itens em separados. Vejamos os itens:"I - sentença condenatória proferida no processo civil;II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;III - a sentença homologatória de transação, de conciliação, ou de laudo arbitral;IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal;V - o formal e a certidão de partilha".A exemplo do que a maioria dos doutrinadores têm se valido, vamos observar algumas incidências relacionadas comoutros artigos do Código de Processo Civil. Primeiramente, vejamos o art. 76, que regula a constituição do títuloexecutivo através de sentença de procedência na denunciação da lide).Já o art. 80, traz a constituição do título executivo na sentença condenatória no caso de chamamento ao processo. Outrahipótese, neste sentido é o caso do art. 269, III, referente à extinção do processo com julgamento de mérito no caso datransigência das partes (transação).No caso da conciliação, os arts. 447 a 449, versam sobre o procedimento da audiência, mas é no art. 449 que vamosencontrar a constituição do título executivo: "O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terávalor de sentença".O art. 584, em estudo, no inciso IV, traz: "a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal". E é nosarts. 483 e 484 que vamos encontrar a normatização da matéria.Outra situação em que verificaremos a existência do título executivo judicial é o caso da execução do afiançado,conforme determina o art. 595, § único, onde o fiador é executado por título executivo extrajudicial (o contrato - afiança), mas adquire o direito de executar o afiançado (judicialmente) nos autos do processo e que pagou a dívida. Asituação configurada no art. 596, § 2o. , refere-se à execução dos bens particulares do sócio e nos apresenta mais umexemplo do título executivo judicial.E vamos encontrar uma nova situação à guisa do art. 695, § 1o., que é o caso da arrematação. Ao arrematar um bem, opagamento não sendo efetuado no prazo de 3 (três) dias, ocasionará a imposição pelo juiz de multa em favor doexeqüente, no percentual de 20% (vinte por cento), calculado sobre o lanço, com força de execução, em caso de o credornão preferir que os bens voltem a nova praça ou leilão.Nesta mesma linha do art. 695, o art. 701, § 2o. também confere ao juiz para impor multa de 20% (vinte por cento) sobreo valor da avaliação, com força de título executivo.No art. 949, § único, vamos encontrar mais uma contribuição para nosso estudo dos títulos executivos judiciais, no casode sentença na ação de divisão e de demarcação de terras particulares.Conjuminando com o art. 584, inciso III, temos o preceito do art. 1.097 a respeito da eficácia do laudo arbitralhomologado.E no amparo do ordenamento processual, vamos encontrar, finalmente, no art. 1.099 a sentença homologatória do laudoarbitral, valendo como título executivo.Como veremos mais à frente, a ação monitória, surgida com a edição da Lei nº. 9.079, de 14-07-95, o mundo jurídicovislumbra um "novo título judicial". Há parte da doutrina considerando que tal título não seja judicial, mas, sim um títuloextrajudicial, mas, este assunto ainda será objeto de nosso estudo, dentro deste capítulo.O que, realmente, devemos ater, para compreensão de nosso estudo, é que o título executivo judicial é assim chamadoporque, consubstanciado numa sentença judicial, não existiria sem ela e, justamente por ela, em caráter acessório,adquire força autônoma e independente, a partir de sua constituição, como que por metamorfose.

Dos Títulos Executivos Extrajudiciais

A lista de títulos executivos extrajudiciais é extensa, mesmo no próprio art. 585 do Código, como vemos (n. 81). O quevamos tentar, pois, é mostrar de forma prática, o que a doutrina e a lei atribuem como força de executividade aos títulos.O inciso 1o. trata dos títulos de crédito em geral (a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata e o cheque), talvez, osmais comuns nos meios forenses, até mesmo pelo volume de sua circulação, senão pela falta de conhecimento técnicocom referência aos outros títulos.Em razão disto, importância especial queremos dar a esses títulos neste trabalho, mesmo porque, tais títulos ilustram

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muito bem a eficácia da execução como veremos.Há vasta legislação a respeito dos títulos executivos extrajudiciais. Vejamos algumas referências diretas:· - DL nº. 167, de 14.02.67, art. 44: Nota Promissória Rural;· - Decreto nº. 2.044, de 31.12.08, arts. 49 a 51: Letra de Câmbio e Nota Promissória;· - Lei nº. 5.474, de 18.07.68, arts. 14 e 15: Duplicata;· - DL nº. 167/67, art. 52: Duplicata Rural;· - Decreto nº. 57.595, de 07.01.66: Lei Uniforme sobre Cheque;· - Lei nº. 7.357, de 02.09.85: Lei de Cheques;· - Código Civil, art. 50: Coisa Fungível;· - DL nº. 167/67, art. 41: Cédula de Crédito Rural;· - Lei nº. 6.194, de 19.12.74: Acidentes Pessoais Causados por Veículos;Os títulos constante do inciso 1o. do artigo em questão, antes de serem título executivo extrajudiciais, são títulos decrédito. Esses títulos têm características própria e recebem atenção especial da doutrina que cuida do direito comercial,ainda mais pela importância dos mesmos, notadamente no que se refere às práticas creditícias e ao mercado financeiro.Qualquer assunto ou objeto a ser estudado no mundo jurídico, pode ser visto sobe os seguintes ângulos: conceito enatureza jurídica. O conceito, como qualquer pessoa sabe, é o que entendemos ser (a razão, o corpo) do objeto estudado.A natureza jurídica, muito importante para os fundamentos do direito, é o regime jurídico a que esse objeto se submete.Encontrar e definir a natureza jurídica constitui-se na metade do caminho percorrido para se entender um estudojurídico qualquer.O títulos de crédito têm algumas características que são bastante enfocadas pela doutrina, em particular no campo dodireito comercial, às vezes questionadas, mas que valem à pena serem lembradas para reforço de nosso estudo. São elas:1. Literalidade2. Autonomia3. Cartularidade4. Formalismo5. Circularidade6. Abstração7. Incorporação.A literalidade é a característica que confere ao título valer pelo que está escrito, ou seja, não pode o credor reclamardireitos que não estejam no título escritos. Assim, pela literalidade tem-se o direito exato, definido, delimitado,circunscrito; ela age a favor e contra o credor e o devedor, pois favorece-os, respectivamente, quando estabelece oslimites dos direitos e das obrigações, assim como os restringe em relação às aspirações do outro.A autonomia, por vezes dificilmente interpretada é uma característica que faz com que o título de crédito representeuma nova declaração de vontade das partes envolvidas, no que se refere às obrigações assumidas, assim, um novo direitoincorporado no título.Na cartularidade vamos encontrar uma característica clássica e, porque não dizer, estética, já que significa que o títulodeve estar representado por um pedaço de papel escrito e assinado, ou seja, coadunada com a literalidade, torna-a eficaz.Para ser um título de crédito, é necessário o cumprimento de certos preceitos legais, ou seja, cumprir formalismo.Assim, cada lei específica determina como deve ser e o que deve conter cada título de crédito.Não há outra razão que mais justifique a existência do título de crédito como a circularidade, que é a característica queatribui ao título a condição de circular de mão em mão, cujo instrumento (o endosso) caracteriza-se pela transferência datitularidade.Outra característica, a abstração, aliás marcante em todos os títulos, com exceção da duplicata, pelo fato de constituir aotítulo de crédito força de cobrança independente do ato ou fato que o originou, por isto mesmo não atinente à duplicataque somente adquire força de execução quando comprovadamente demonstrada a efetividade da operação de vendamercantil que a originou.E, finalmente, na incorporação, encontramos a última característica reservada aos títulos de crédito. Neste particular,compreende-se que o direito e o título devem estar juntos no momento do exercício daquele. Não se pode dizer que odireito não "exista" caso haja o extravio do título, entretanto, é legal afirmar que sem o título, o direito não pode serexercido, o que compele-nos a deduzir a incorporação deste naquele. Ao nosso ver, nosso próximo assunto, a açãomonitória, aplica-se de forma bem apropriada a resolver questões do tipo.

DA AÇÃO MONITÓRIA

Alguns doutrinadores têm colocado a nova ação monitória nos estudos dos capítulos dos títulos executivos judiciais.Outra parte tem questionado se a decisão judicial constitui, na realidade, um título executivo judicial, ou apenasatribui-lhe a força executiva a um documento extrajudicial, reconhecendo-o como título.A Ação Monitória encontra-se prescrita no CPC à sombra dos arts. 1102a, 1102b e 1102c. A este respeito, vejamos textode Moacyr Amaral Santos:

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"Com a edição da Lei nº. 9.079, de 14-07-1995, que introduziu a ação monitória ao Código de Processo Civil (arts.1.102a a 1.102c e §§ 1o., 2o. e 3o.), vislumbra-se novo título judicial. Vale dizer que aquele que detiver uma provaescrita, sem eficácia de título executivo, para pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou dedeterminado bem móvel (Cód. Proc. Civil, art. 1.102a), poderá ingressar com a denominada ação monitória paraobtenção de um título executivo judicial. Para tanto, basta ingressar com a inicial devidamente instruída, deferindo o juizde plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias (Cód. Proc. Civ., art.1.102b). Neste prazo o réu poderá oferecer embargos, independentemente de estar seguro o juízo (Cód. Proc. Civil, art.1.102c, § 1o.), que suspendem a eficácia do mandado inicial (Cód. Proc. Civil, art. 1.102c). Se os embargos não foremopostos, ou forem rejeitados, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial (Cód. Proc. Civil, art. 1.102c e§ 3o.)".Com o grande respeito atribuído entre a maioria dos doutrinadores, merecimentos de credibilidade em sua análise sãodevidos a Moacyr Amaral Santos. Contudo, em muito se deve considerar válido questionar ou comparar os ensinamentosdoutrinários.Em virtude da novidade reservada, muito pouco se pode pesquisar na doutrina e, por isto mesmo, queremos reproduzirem nosso estudo texto de Humberto Theodoro Júnior a respeito. Vejamos seus comentários:"A ação monitória é um antigo remédio processual, largamente utilizado no direito europeu. Trata-se de um expedientepara eliminar, praticamente, o processo de conhecimento, permitindo ao credor substituir a comum ação de cobrança porum expediente que atraia o devedor a preferir o pagamento ao debate judicial. O mandado inicial não é de citação paraque o réu venha contestar o pedido, mas para que venha solver a dívida demonstrada documentalmente pelo autor. Paraincentivar o devedor a não discutir a pretensão do credor, a lei dispensa dos ônus normais da sucumbência, aquele que,citado, cumpra, no prazo que lhe foi assinado no mandado, a prestação reclamada na inicial. (grifo nosso)Por outro lado, se o réu entende que não está obrigado à prestação reclamada pelo autor, poderá produzir embargos,transformando o procedimento em contraditório, com toda a amplitude da ação ordinária, independentemente de penhoraou depósito.Se, porém, não pagar nem embargar, no referido prazo, não haverá instrução nem sentença. A ação converter-se-á,automaticamente, em execução forçada, expedindo-se o mandado de penhora ou de apreensão, conforme se trate dedívida de dinheiro ou de coisa.Assim, não se elimina propriamente o contraditório do processo de conhecimento, mas transfere-se do autor para o réu afaculdade de instaurá-lo. Se este não o suscita, pelos embargos, tudo será resolvido pelas vias executivas, semnecessidade de prévio acertamento.O que se obtém, portanto, é um facilitamento do acesso do credor à execução, o que, sem dúvida, é, moderadamente, umconstante anseio da teoria da instrumentalidade e da efetividade, como a maior preocupação da doutrina do processo".À guisa do que temos como referência doutrinária para analisar, vamos observar que a ação monitória tem característicasde "ação de conhecimento" no momento em que permite ao réu (assim dito pelo simples fato de ter sido citado), exercero direito garantido pelo princípio do contraditório, ao apresentar e produzir os embargos. Porém, não é mais o autorquem inicia o processo de conhecimento. Além disso, poderíamos, também, assegurar que a ação monitória não passa deuma "forcinha" da justiça para que o credor proceda à ação executiva. O que deduzimos das observações de HumbertoTheodoro Júnior, pode ser representado em um diagrama para melhor entendimento. Vejamos as opções do devedor:a. - a citação recebida não é para contestar (princípio do contraditório), mas, sim, para efetuar o pagamento do que sequestiona em juízo (próprio de ação executiva). Mas, exerce o devedor, nesse momento, o direito de transformar a açãomonitória, com características iniciais de execução, em ação de conhecimento, pelo simples fato de exercer o direito docontraditório.b. - efetuar o pagamento é o modo de se beneficiar dos favores da lei para evitar o ônus da sucumbência, numa clarademonstração de esperteza do legislador no sentido de atrair o devedor para pagar a dívida, provocando economiaprocessual.c. - transformar em ação ordinária pelo exercício do contraditório, sem necessidade de penhora ou depósito(característica obrigatória do processo executivo), o que descaracteriza do aspecto executivo a ação monitória.d. - não pagar nem contestar no prazo legal de quinze dias, ocasionando a conversão automática da ação monitória emexecução forçada, expedindo o juiz o mandado de penhora ou de apreensão, conforme o caso (dívida de dinheiro ou decoisa, respectivamente).Resta-se, pois, procurar entender a razão da existência legal da ação monitória. Ora, se existe o processo deconhecimento, que pode ser instrumento do credor para chegar à sentença declaratória que constituirá o título executivoquando não se o tem, por que recorrer-se à ação monitória? Qual o título que se obtém, judicial ou extrajudicial?O que na realidade se obtém do benefício legal da ação monitória é a facilidade para o credor chegar à execução ou aorecebimento da dívida. Isto porque com o favorecimento da dispensa do ônus da sucumbência, ao devedor, incontestável,não resta outra opção senão pagar a dívida no prazo e evitar a execução, exceto quando não o possa evitar.Assim, a razão principal da existência da ação monitória é baseada na existência de um direito material, líquido e certo,documentado, quando não se tem o respectivo título judicial ou extrajudicial. Por exemplo, uma dívida representadapor qualquer título de crédito (cheque, nota promissória, duplicata) prescrito.A prescrição caracteriza a perda do direito da ação. Para entender a prescrição, devemos entender, antes, o título de

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crédito. Segundo Sebastião José Roque "... título de crédito é um documento declaratório-constitutivo. Declaratórioporque representa a declaração unilateral de vontade do autor. Constitutivo porque constitui uma relação jurídicanova; é o documento constitutivo de um direito distinto daquele da relação fundamental e com nova finalidade:tipicamente destinado à circulação".Vencido o título, cabe ao credor mover a ação executiva para cobrá-lo, sob pena de ocorrer a prescrição. Contudo, o fatode determinado título prescrever não elimina o direito material do credor de receber a dívida. Mas, sem a existência daação monitória, neste caso, temos constituída uma obrigação natural, isto é, uma dívida que o devedor pagará se quiser,se for de sua vontade, porém, jamais "forçado" por execução, uma vez que o credor não mais possui o direito de agirjudicialmente para recebê-la. Uma vez acionada e requisitada a tutela jurisdicional, o juiz verificará as alegações dooponente e poderá constatar a prescrição do título. Tomemos, por exemplo, a duplicata, para contemplarmos aprescrição. Neste caso temos que:- a duplicata prescreve em três anos quanto ao direito da ação cambiária do portador contra o sacado e seus avalistas, apartir do vencimento.- a duplicata prescreve em um ano quanto ao direito da ação contra endossante e seus avalistas, contado a partir doprotesto.- a duplicata prescreve em um ano quanto ao direito da ação de qualquer dos co-obrigados contra os demais, contado apartir da data em que haja sido feito o pagamento do título.- a duplicata prescreve em trinta dias para o seu respectivo protesto quanto ao direito de regresso contra os endossantese avalistas, a contar do vencimento.Como vimos, por causa da prescrição, devemos estar atentos aos prazos, como é o caso do protesto da duplicata no prazode trinta dias da data do vencimento, para evitar a perda do direito de ação de regresso contra os endossantes erespectivos avalistas.Assim, surge a ação monitória como uma última chance, o último degrau de tentativa legal para o credor tentar receber adívida, no caso de um título prescrito. É óbvio, entretanto, que não se trata de um diploma legal destinado à validação dedívidas prescritas. Outras dívidas constituídas, porém sem títulos, são objetos da ação monitória.Cabe, à guisa do estudo jurídico, compreender a natureza do título oriundo da ação monitória. Pode-se obter um títuloexecutivo judicial (v. nota 68, art. 584 do CPC) através da ação monitória? Ou seria o título obtido através da açãomonitória, título extrajudicial?O fato de ser necessário a ação judicial (monitória) para que, após o final do prazo de quinze dias, seja o documento quea embasou convertido em título executivo e a ação transformada em execução forçada, nos leva a crer que trata-se detítulo executivo judicial, pois a tutela jurisdicional é provocada para que haja a validade e eficácia do título. Por outrolado, a ação é convertida em execução forçada sem que haja qualquer instrução ou sentença, o que nos impele a deduzira existência de um título extrajudicial, que somente teve pequena colaboração da tutela jurisdicional, hospedando-se àsombra da justiça para tornar reconhecida a não oposição do devedor quanto à existência da dívida (líquida e certa, nocaso) que representa, pois, para justificar o título judicial, necessário far-se-ia a existência de uma sentença.Mas, finalmente, o próprio legislador encarregou-se de definir no art. 1.102c (v. n. 86, pag. 31) o título judicial queoportuna a ação monitória, tanto no caput como parágrafo 3o.: "... constituir-se-á, de pleno direito, o título executivojudicial, ...". De qualquer forma, a ação monitória traz importante contribuição ao mundo jurídico, senão para o sentidode justiça propriamente dito, mas para o sentido de baixo custeio judiciário.Muitas são as oportunidades e circunstâncias em que se pode pleitear a ação monitória.

DAS ESPÉCIES E DOS TIPOS DE EXECUÇÃO

A execução não é una, isto é, pode ser classificada e difere segundo vários aspectos e circunstâncias. Por exemplo,quanto ao título, como vimos, pode se basear em título executivo judicial ou extrajudicial.Já com referência à eficácia do título executivo, a execução pode ser definitiva ou provisória, conforme veremos aseguir.Concernente ao processo, a execução pode tomar a forma simultânea ou sucessiva. Vamos verificar a ocorrência destasduas formas de execução quanto ao processo.Execução simultânea é a modalidade em que, em virtude de uma sentença líquida em parte e ilíquida no restante, oautor decide partir para a execução daquela parte líquida e, simultaneamente, promover a liquidação daquela parteilíquida (art. 586, § 2o.). O que o legislador quis garantir ao credor foi a faculdade de decidir por conta própria se esperaa liquidação da parte que falta da sentença, ou promove imediatamente a execução daquilo que a jurisdição já lhe garantecomo direito líquido e certo e exigível, evitando a perda de tempo no que tange ao que já é certo.Execução sucessiva é aquela cuja sentença seja genérica, isto é, ilíquida, assim, proceder-se-á primeiro à sua liquidaçãopara, em seguida (sucessivamente) promover-se a respectiva execução (art. 586, § 1o.).Outra classificação é quanto ao objeto. Neste caso, a execução pode ser direta ou indireta. O primeiro caso é facilmenteidentificado já que se enquadra na circunstância em que a coisa requerida é perfeitamente tangível, isto é, identificável.A outra situação (execução indireta) é a circunstância em que não havendo a coisa, possa o credor transformar o pedido

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em perdas e danos (pagamento em dinheiro por um dano ou perda causado pela ausência da coisa desejada ourequerida).E, finalmente, uma última classificação, a qual podemos chamar de 'classificação legal' visto que é oriunda da própria leique a distingue quanto a natureza da prestação em três espécies, a saber:· - execução para entrega de coisa certa ou incerta· - execução de obrigação de fazer ou de não fazer· - execução por quantia certaVamos estudar de forma mais apropriada e aprofundada esta classificação no capítulo II deste trabalho, por ser maisapropriado.

Da Execução Definitiva

Há ocasiões em que a sentença recebe recurso, conforme veremos no próximo tópico de nosso estudo. Outras ocasiões,ao contrário, podem gerar sentença transitada em julgado, justamente pela falta ou impossibilidade do recurso. Nestecaso, ou quando baseada na existência de um título executivo extrajudicial, nasce a oportunidade para a execuçãodefinitiva. A situação aqui é irretratável ou imutável, ou seja, não há questionamento legal, característica, aliás, marcantena execução forçada, visto que não temos o contraditório.

Da Execução Provisória

Esta modalidade de execução somente é concebível quando fundada em título judicial, já que quando se fala de títuloextrajudicial, automaticamente tem-se uma única possibilidade de execução, qual seja a execução definitiva.A respeito, vejamos, com referência ao art. 587 do CPC, texto de Araken de Assis: "Aspecto interessante, que esse artigoinsinua e ao mesmo tempo resolve, consiste na definitividade ou provisoriedade da execução do título extrajudicial apóso julgamento dos embargos do devedor que, nada obstante, foi objeto de apelação sem efeito suspensivo (art. 520, V, doCPC). Representaria flagrante contra-senso, além de chancelar a completa inutilidade da amputação do efeito suspensivoda apelação nesta hipótese, transformar em provisória execução iniciada definitiva.E o mesmo se pode afirmar da execução de um título judicial indiscutível (trânsito em julgado) e posteriormenteembargada. Essas questões se examinarão no âmbito dos embargos".Podemos compreender, pois, que os embargos, como veremos a seguir, não suspendem a execução definitiva e nem atornam provisória. E quando julgados improcedentes, a apelação somente poderá provocar efeito devolutivo.A execução provisória, como o próprio art. 587 do Código bem o diz, tem sua existência baseada na possibilidade deexecução de sentença impugnada cujo recurso foi recebido só no efeito devolutivo. Aqui, o credor tem pleno direito deproceder a execução, independentemente do que ocorrerá com referência ao recurso interposto. Entretanto, algumasconsiderações devem ser levadas em conta neste caso, aliás, como alguns doutrinadores têm levantado, as quaisconstituem alguns princípios processuais executórios.Estes princípios encontram-se prescritos pelo próprio Código de Processo Civil em seu art. 588 e são de importânciaanalisar:· - Escolha do meio executório prevista pelo caput do artigo.· - Responsabilidade objetiva do credor (inciso I).· - Restrição à operatividade dos meios executórios (inciso II).· - Restituição ao estado prístino (inciso III).

Capítulo II

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A Execução noDireito Brasileiro

CÓDIGO DE PROCESSO CIVILLIVRO II

A EXECUÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO

A base para o entendimento da ação executiva no âmbito da lei nacional encontra-se no art. 566 do Código de ProcessoCivil, complementado pelo artigo seguinte.Pode-se criar uma dúvida sobre a proteção legal da execução, quanto ao Direito. A maior parte do preceito positivo sobreo assunto, encontra-se no amparo do Direito Processual, à guisa do Livro II do Código de Processo Civil. Mas, o direitoprocessual deve ser precedido por alguma forma de direito material, sem o que, não há que se falar em lide (objeto dodireito processual - direito de ação).O Código Civil Brasileiro, em seu Livro III - Direito das Obrigações, Título VIII - Da Liquidação das Obrigações, trata doassunto superficialmente em seu art. 1.535, no que se refere às obrigações de fazer, de não fazer e em geral. Ao longo daleitura do Código Civil, deparamo-nos com a expressão "execução" em inúmeros artigos, sem, entretanto, pretender olegislador referir-se à "execução forçada" estabelecida de forma clara pelo Código de Processo. Assim, ao nosso ver, a"execução" é própria do Direito Processual, principalmente porque quanto à execução de sentença, esta a precede.O Direito Material existe antes da execução, sem o qual não pode prosseguir a ação executiva. Mas, a proteção legal paraa execução está no Direito Processual. Araken de Assis bem o diz comparando a atividade do juiz: "No desempenho daatividade executiva, o juiz expede atos de natureza radicalmente diversa daqueles proferidos no âmbito da funçãocognitiva. Nesta última, a relevância do ato judicial se mede pelo conteúdo decisório, conforme a previsão dos arts.162 e 163 do CPC. O motivo da diferença se deve à diversidade das tarefas atribuídas ao juiz. Em sede cognitiva, amissão judicial transforma o fato em direito; na execução, o direito, ou seja, a regra jurídica concreta, há detraduzir-se em fatos. Claro está que, sob muitos aspectos, o ato executivo compartilha a disciplina dos atos processuaisem geral, todavia há distância considerável de conteúdo e de efeitos". (grifo nosso)E com efeito, o CPC traz, também, preceituado, contra quem se pode mover a ação executiva (art. 568), tendobasicamente a figura do título executivo como a mola precursora do processo.Não obstante qualquer causa, é válida a afirmação a respeito da natureza processual da execução forçada.

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DA EXECUÇÃO EM GERAL

A própria lei consagrou a expressão "execução forçada", que o art. 566 (v. n. 100) do CPC enfoca. Essa força legal, podeser classificada de acordo com os atos praticados, como aliás alguns doutrinadores apresentam, a saber:a) - atos de apreensão, que consistem na primeira etapa da penhora;b) - atos de transformação, nos casos das execuções de fazer, nos próprios autos do processo cognitivo;c) - atos de custódia, quando se tem o depósito da coisa penhorada ou a prisão do executado;d) - atos de dação, imissão na posse ou entrega do dinheiro;e) - atos de transferência, no caso da arrematação, transferência do direito; ef) - atos de pressão, pena pecuniária, prisão, constrangimento.

Das Partes

A parte é qualquer sujeito (ativo ou passivo) na relação processual.Já vimos que a jurisdição é a atividade exercida pelo Estado na busca da realização prática dos preceitos das normasjurídicas. No processo de execução não é diferente. Entretanto, à guisa da interpretação do art. 566 do CPC (v. n. 100), oMinistério Público aparece como parte legítima para promover a execução.Não há nada de errado com a escrita do citado artigo do Código. Apenas se reproduz aqui, o que se preceitua no art. 81do CPC. Mas, observemos que não é o poder jurisdicional que se manifesta no processo na pessoa do Ministério Público,mas, sim, o Estado como parte no processo, o que o submete da mesma forma ao poder da atividade que o tutela.Mesmo assim, a parte final do inciso II do art. 566 reza: " ... nos casos prescritos em lei". Não pode o MP habilitar-se noprocesso a esmo; é necessário fundamento legal para tal, ou seja, subordina-se ao preceito legal. Quanto às outraspessoas em geral, o inciso I do art. 566 deixa bem claro que sua legitimidade nasce da posse de título executivo, o qual jáfoi objeto de nosso estudo.Mas, o art. 566 do CPC é complementado, como vimos, pelo art. 567 (v. n. 101), que encontra fundamentação nos arts.41 a 45 do próprio Código, onde encontramos a figura dos substitutos e procuradores das partes.

Da Competência

A competência no caso do processo executivo é determinada pelos preceitos dos arts. 575 e 576 do CPC. Acompetência, como já vimos, é pressuposto processual subjetivo relativo à figura do juízo, concretizada na capacidade dojuiz de prover sobre os atos executivos.Da leitura do Código, pelos mencionados artigos, depreendemos que o primeiro trata da execução com base no títuloexecutivo judicial e o segundo trata da execução com base no título executivo extrajudicial. Os capítulos II e III , dotítulo IV do Livro I do CPC, a que se refere o art. 576, referentes aos processos executivos com base em títulosextrajudiciais, estão delineados no âmbito do processo de conhecimento, cujos meandros amparam, também, a execução.

Do Inadimplemento

Como já vimos, o inadimplemento é um dos pressupostos processuais da execução. O que ficou demonstrado é que nãobasta ao credor a posse do título executivo (judicial ou extrajudicial) para que o processo executivo possa ser iniciado oucontinuado. É mister a existência do inadimplemento para que o direito executório possa se consubstanciar com o direitomaterial, configurado no próprio título. Tanto o é que, como já o vimos ao estudarmos o interesse de agir na execução, oart. 581 do CPC (v. n. 30) prescreve que aquele interesse de agir do credor contra o devedor no processo de execução,não deve persistir quando a dívida é paga.Assim, o inadimplemento é pressuposto processual para o início do processo de execução, mas também o é para garantira continuidade do mesmo, visto que em cumprindo a obrigação, isto é, extinguindo-se a dívida, tem-se extinto, também,o pressuposto processual denominado inadimplemento.É, pois, o inadimplemento, como vimos, pressuposto prático processual da execução.

DA LEGITIMAÇÃO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO

A legitimação no processo pode ser estudada de dois pontos de vistas diferentes: ativa e passiva. O polo ativo é aqueleque provoca a atividade jurisdicional com a promoção da ação executiva, enquanto o polo passivo é aquele em que seencontra o devedor-inadimplente ou devedores-inadimplentes.O art. 566, do CPC (v. n. 100), como já vimos, é a fonte principal da legitimação processual executiva, obviamenteacompanhado do complementar art. 567 (v. n. 101) que legitima os substitutos e procuradores no processo de execução.Legitimação é a qualidade da pessoa que age no processo, no caso da execução é a qualidade da pessoa que tem o poderde promovê-la, sob a proteção legal, ou seja, aquele que detém a posse do título executivo. Assim, vê-se que o títuloexecutivo é condição "sine qua non", ou seja, sem a qual não se o efetiva.

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A legitimação consiste, pois, quando no polo ativo, numa espécie de autoridade exercida pelo credor para provocar atutela jurisdicional a chamar o devedor a cumprir a obrigação. Vejamos, neste sentido, texto de Moacyr Amaral Santos.Quanto à legitimação do Ministério Público, vejamos texto de Moacyr Amaral Santos: "Agindo como parte, e, pois, comosujeito da relação processual, o Ministério Público se configura como substituto processual, porquanto legitimadopara litigar em juízo, em nome próprio, na defesa de direito alheio, ou seja, na defesa de direito de outrem, que é osubstituído. Assim, a sua legitimação para promover a execução é meramente processual, não ad causam". Assim, cabeclassificar a legitimação em:· - legitimação ativa que é aquela que exerce quem promove a ação de execução.· - legitimação passiva que é aquela exercida pelo devedor da obrigação.· - legitimação ativa superveniente quando o título executivo é transferido a outrem.E como também já vimos, a necessidade da qualidade para agir nasce do preceito legal do art. 3o. (v. n. 41) do Código deProcesso Civil, mas, com bem o dissemos à página 22, mencionando Dinamarco in "Execução Civil". Mas, a legitimaçãonão pode ser levada em conta somente do ponto de vista das condições da ação, pois que, o próprio CPC omitiu em seuartigo legitimador, os seguintes sujeitos ativos:- massa falida, representada pela figura do síndico (CPC, art. 12, III);- herança jacente ou vacante, pelo curador (CPC, art. 12, IV);- árbitro, na execução da sentença homologatória (CPC, art. 1.084 ; e- advogado, no caso de honorários fixados na condenação (EOA).É muito importante atentar para o preceito legal, quanto ao espírito da lei, que, às vezes, não é tão explícita, ao contráriodo que dispõe o art. 22 da EOA: "O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sema intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento". Neste caso, pois, temos configurada a ilegitimidade paramover a ação de execução dos honorários fixados pelo advogado substabelecido.Legitimação curiosa é aquela denominada "legitimação ativa do devedor". Tal qualificação encontra respaldo no art.570 do CPC, invertendo os papéis e levando o devedor, como tal definido no título executivo, a ocupar o polo ativo daexecução (exeqüente). Essa possibilidade somente se enquadra no caso de execução fundada em título executivojudicial (sentença, acórdão - transitado em julgado); não lhe é possível tal procedimento no caso de título executivoextrajudicial. Como tal, pode o devedor, convencido do seu débito, na tentativa de evitar o ônus dos juros de mora, dacorreção monetária, das perdas e danos e quaisquer outros encargos a que se sujeitaria, caso aguardasse a ação executivamovida pelo credor, requerer ao juiz que cite o credor a receber a obrigação objeto da sentença.Quando em petição inicial, o devedor requer ao juiz para citar o credor a "receber o que lhe cabe conforme o títuloexecutivo judicial", resguarda-se no fato de constituir dívida líquida e certa, provocando a tutela jurisdicional a marcardia e hora para que o fato seja consumado, isto é, para que a dívida seja recebida pelo credor, o que provocará a extinçãodo processo. Entretanto, caso o credor não compareça para o recebimento, ou em comparecendo o pagamento não seefetive, impõe-se ao devedor a consignar o objeto da condenação e prosseguir no processo, restando ao credor obenefício da contestação pelos princípios que regem a consignação em pagamento (CPC, arts. 896 a 899).E na hipótese de o devedor desejar promover a execução com base em sentença ilíquida, isto é, genérica, deverá,primeiro, proceder à sua liquidação, conforme veremos mais à frente ao estudarmos o assunto relacionado ao CapítuloVI, casos em que não se sabe o valor exato da sentença.

DA RESPONSABILIDADE EXECUTÓRIA

Apenas a título demonstrativo de uma idéia que há muito foi significativa na cultura da humanidade, devemos analisar otexto contido na Lei das XII Tábuas (ano 450 a.C.), cujo teor já vimos à página 18, deste trabalho.Ali, vemos que, apesar de algum direito já ser garantido à pessoa, na execução, caso o devedor não pagasse a dívida eninguém se apresentasse como fiador, o mesmo seria levado pelo credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias ...,numa demonstração de crueldade com a integridade física do indivíduo. Ora, se na atualidade, nem mesmo a nível penalse permite tal procedimento, imaginemos, agora, quanto à execução civil!Além disso, a escravidão legal poderia ser aplicada, na época, no caso da execução, como depreendemos do texto: "Odevedor preso viverá à sua custa, se quiser...". E, mais ainda, a execução atribuía o direito de matar exercido pelocredor: "Se são muitos os credores, é permitido, depois do terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantospedaços quantos sejam os credores...".Portanto, à guisa do direito arcaico, não havia nenhum liame jurídico amparado pelo processo ou sob sua disciplina.Pior, não havia mais do que a provocação das perdas dos direitos do devedor. Assim, os direitos do credor estendiam-se àintegridade física do devedor, fazendo com que, este, garantisse com o "corpo físico" (a própria vida) toda a dívidaexecutada por aquele. Isto justamente pela falta do liame jurídico a que nos referimos.Na atualidade, esses liames aparecem e cerceiam a atuação do credor e da justiça na execução forçada, impondo-lhelimites.O devedor possui uma obrigação para com o credor e deve cumpri-la. Não o fazendo sujeita-se à execução forçada, aqual terá que obedecer certos limites, conforme prevê o art. 591 do CPC. Independentemente da expressão "... salvo as

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restrições estabelecidas em lei", já o temos esclarecido que a lei limita nos bens do devedor, mesmo que presentes efuturos, mas, limita nos bens, inibindo qualquer atuação que venha a ferir a integridade física do devedor. Não importaaqui se o título é judicial ou extrajudicial.E, com referência aos demais (os chamados devedores solidários) garantidores das obrigações, com os bens tambémgarantem a execução, conforme o art. 592. À guisa do que observa a doutrina, algumas observações vale a pena seremlevadas em conta. Vejamos:O inciso I se encaixa no caso de uma coisa litigiosa, desde que objeto de uma ação fundada em direito real, quandotransferida a terceiro, portanto título judicial. No exemplo a execução irá atingi-la. A este exemplo, vejamos o que dizLiebman quanto ao inciso I: "o título desse terceiro é evidentemente defeituoso". "Na transferência presume-se dolo dovencido, que, fazendo-a, teve em vista furtar-se à execução O terceiro poderá defender-se por meio de 'embargos deterceiro' (CPC, arts. 1.046-1054).O inciso II do artigo garantem à execução os bens dos sócios, vinculando tal garantia aos preceitos da lei civil oucomercial, conforme o caso. Por isto, neste sentido, lembra Moacyr Amaral Santos (v. n. 127), tal responsabilidade "teráque ser vista à luz dos arts. 1.395, 1396 e seu parágrafo único, 1.047, do Código Civil e 292 do Código Comercial".Quanto ao inciso III, a observação mais clara é a de que se o bem é do devedor, então, o bem não é do terceiro.Assim, mesmo não estando na posse daquele que deve, continua o bem sujeito à execução, quando referente a dívidas deobrigações de seu proprietário. E numa situação bem parecida, podemos contemplar o art. 594 do CPC. O inciso IV éclaro quanto ao cônjuge, o que se depreende tratar-se a hipótese em que a execução seja movida contra o outro cônjuge.E quanto ao último, devemos observar com atenção o que diz o art. 593 do CPC. É certo que a lei faculta ao proprietáriodesfazer-se de seus bens, seja transferindo-os ou onerando-os a terceiros.A fraude, pois, aparece quando o devedor exerce essa faculdade no instante em que seus bens estão gravados pelo ônusda garantia de suas obrigações objeto de execução.

DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

A questão da liqüidação da sentença é cabida no que se refere à Execução é cabida somente quanto à existência doTítulo Executivo Judicial, pois presume-se uma sentença.Há ocasiões em que o julgado traz a quantia certa ou a coisa certa objeto da obrigação e, assim, a ação de execução podeser movida em seguida, pois não há dúvida quanto ao que se pretende executar. Chamamos tal sentença de sentençalíquida, ou seja sentença em que se tem a certeza da obrigação quanto ao seu valor (fixado pelo juiz) ou à coisa (objetoindividualizado).Nas obrigações de fazer, também, poderemos verificar a sentença líquida, quando dita seja a obra a ser executada. DizMoacyr Amaral Santos : "Nesses casos o vencido sabe que deve, bem como o que ou quanto deve - na et quantumdebeatur".A fase em questão precede a execução, já que, para esta, necessário se faz a existência do título executivo que, no casojudicial, nasce da sentença.Havendo, portanto, uma sentença que declare a existência da obrigação, sem, contudo, determinar exatamente o seuvalor ou a coisa ou, ainda, a obra a ser executada, tem-se constituída uma sentença ilíquida, isto é, uma sentença na qualse sabe da obrigação sem se ter a certeza (quantum debeatur) específica (valor, coisa).Não pode o credor mover a ação executiva nas circunstâncias citadas. Há fatores que dependerão, ao final do processode execução, do conhecimento desse valor da sentença, para que se possa produzir a eficácia, como é o caso dos limitesda penhora, objeto de nosso estudo mais à frente. E mesmo ao ponto de vista legal, submete-se à condição de liquidez, aação executiva. Tais condições expõem-se no art. 586 do CPC, que, como vemos, prevê, inclusive, a circunstância emque se possibilita a existência de uma parte líquida e outra parte ilíquida na sentença, caso em que ao credor é facultado"promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta".É, pois, mister, no caso de sentença ilíquida, promover a sua liquidação para, depois, promover a ação de execução."Liquidação, assim, consiste na fixação do objeto da condenação, na sua determinação. Por ela se determina o valor,ou a quantidade, ou a espécie da obrigação, isto é, o que ou quanto deve o devedor". A definição é extraída do texto deAmaral Santos e bem se enquadra no contexto do que expressa o Código de Processo Civil, conforme o art. 603., comreforço e complemento do art. 618 do mesmo.

DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

A doutrina se preocupa em estabelecer as normas comuns às diversas espécies de execução, baseando-se no TítuloII-Das Diversas Espécies de Execução, do Livro II-Do Processo de Execução, do Código de Processo Civil. O quediferencia a execução em "espécies" é a sua natureza da prestação devida, conforme depreendemos do diploma legalindicado.A Execução pode ser:

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· - Execução para Entrega de Coisa· - · - Execução para Entrega de Coisa Certa· - · - Execução para Entrega de Coisa Incerta· - Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer· - Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente· - Execução de Prestação Alimentícia· - Execução por Quantia Certa Contra Devedor InsolventeQuando o CPC trata "das diversas espécies de execução", deixa claro em seu art. 612 que há uma autonomia do credorem propor a execução contra o devedor, exceto, como estudaremos mais à frente, no caso em que o devedor é declaradoinsolvente. Como princípio, estabelece o artigo que cabe ao credor agir em seu interesse, e sob esse interesse interfere aatividade jurisdicional, não cabendo defesa ao devedor, que somente o pode fazer através dos embargos (que é ação enão defesa).E como podemos depreender da leitura do CPC, neste Capítulo, não é simplesmente de forma genérica da ação executivade que trata o mesmo.A primeira parte (v. n. 139), trata das disposições gerais atribuídas pelo Código às execuções. Os demais capítulos tratamdas espécies de execução, para cada uma das quais, teremos uma seção de estudos mais à frente. Como veremos a seguir,cada tipo de execução encontra-se devidamente regulado pelo próprio Código de Processo Civil.

DA EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA

O CPC prevê cada hipótese de execução. A execução para entrega de coisa está prescrita entre os arts. 621 a 631 doCódigo.Essa hipótese caracteriza-se pela obrigação em que o devedor tem de "entregar" uma coisa, ao invés de dinheiro. OCódigo a trata em um capítulo inteiro.Porém, em algumas circunstâncias, a coisa pode ser individuada, pode ser encontrada, pode ser determinada (certoimóvel, certo automóvel, etc.); neste caso temos, pois, a possibilidade de execução para a entrega de coisa certa. Emoutras ocasiões, ao contrário, não se pode determinar a coisa exatamente, ou seja, a coisa é determinada pelo gênero(sacas de café, feijão, cabeças de gado, etc.); temos, pois, neste caso, a possibilidade de execução para a entrega decoisa incerta.

Da Entrega de Coisa Certa

A norma processual nasce do direito material já garantido pelo Código Civil, em seu art. 863, ajudado pelo próprio direitoprocessual, ao definir os títulos executivos extrajudiciais (CPC, Art. 585, II - v. n. 81), o que já nos garante a aplicação danorma, não apenas para os títulos judiciais, como, aliás, parte da doutrina tem interpretado. E ainda no direito civil temoso exemplo do art. 1.122 do CC, onde podemos ter, talvez, a maior fonte de casos do gênero. Uma questão importante,levantada por Amaral Santos é o caso das obrigações para "entrega de pessoa" (direito de família). Em tais casos, aanalogia pode ser aplicada, já que falta definição legal para o caso. Importância especial deve-se, entretanto, observar,pelo fato de, a pessoa, no caso objeto de execução, ser titular de direitos que devam ser resguardados no processo e noprocedimento.Questão óbvia é que, se o devedor entregar a coisa objeto de execução, põe fim ao processo, conforme Estabelece o art.624 do CPC, já visto, bem como, em caso de depósito (art. 622) desta, não poderá levantá-la o credor (exeqüente) antesdo julgamento dos embargos.Outra questão é a figura de "perdas e danos" que nasce da impossibilidade de se entregar a coisa, conforme podemosdepreender dos arts. 865 a 871 do CC, o que pode ocasionar a transformação da "execução para entrega de coisa certa"em execução por quantia certa.

Da Entrega de Coisa Incerta

É no art. 629 (v. n. 145) que vamos encontrar a norma processual de execução para entrega de coisa incerta. Éimportante lembrar logo que o fato de se encontrar três artigos regulando este tipo de execução, não significa menorimportância dada ao assunto, mas, sim, que, conforme prevê o próprio art. 631(v .n. 145), naquilo que couber, o que foiregulado para a entrega de coisa certa, caberá, também, para entrega de coisa incerta.O fator mais relevante, talvez, venha mesmo do art. 629, onde se encontra estabelecido o critério de individualização dacoisa. Sim, porque, assim como vimos na execução de sentença ilíquida, a qual deve ser, antes, liquidada, neste tipo deexecução, a coisa é incerta em termos e deve ser, no momento da execução, individualizada. E, conforme o Código Civil,art. 874, a coisa não poderá ser, de todo, "incerta", devendo, por gênero ou quantidade, proporcionar a individualização.Pode caber ao credor ou ao devedor o direito de proceder à individualização, dependendo do pacto, naturalmente, poisaos olhos da lei tal escolha cabe ao devedor, conforme podemos verificar no Código Civil, art. 875, que pode,obviamente pactuar o contrário.

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Aliás, muito bem comenta a doutrina a respeito dessa característica trazida à execução para entrega de coisa incertaatravés da figura da impugnação prevista no art. 630 do CPC, já visto, que cabe à parte contrária à que fez a escolha. Aimpugnação é a única diferença no processo de execução para entrega de coisa incerta, em relação à entrega de coisacerta. Ela enseja decisão do juiz ou nomeação de perito nos moldes da inspeção judicial (CPC, arts. 440 e ss.).

DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES FAZER E DE NÃO FAZER

Das modalidades de obrigações definidas no Código Civil, vamos encontrar as de fazer e as de não fazer, sendo, talvez,estas as mais complexas no questionamento prático.À guisa do direito material, temos no Código Civil dois capítulos a respeito, onde o legislador reservou-se, basicamente,no trato do direito em si, sem se preocupar em definir ou conceituar de forma prática, os diferentes tipos de obrigação.No campo processual, encontramos o procedimento para se obter forçadamente (execução) o cumprimento dasobrigações, quando tal feito não ocorre voluntariamente.Vejamos, cada uma das formas.

Da Obrigação de Fazer

A obrigação de fazer, quase sempre é oriunda de pacto ou de sentença. A Constituição Federal garante, por princípio,que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei;" e a própria Carta Magnagarante aos indivíduos a liberdade de contratar, nascendo, daí, as obrigações, ou por força de sentença judicial.Quando a obrigação é cumprida voluntariamente, não há que se falar em execução, por princípio processual como jávimos de que a execução não pode prosseguir ou se iniciar se o devedor cumpre a obrigação.Entretanto, não cumprida a obrigação, cabe ao credor o direito de executá-la (CPC, art. 632 e ss.), cabendo perdas edanos no caso de não cumprimento no prazo fixado pelo juiz e até conversão da ação de execução de obrigação de fazerem indenização (passando, após a liquidação, à execução por quantia certa).Há dois tipos de obrigações de fazer: as fungíveis e as infungíveis.Primeiramente, vejamos as infungíveis, que são aquelas obrigações do tipo intuitu personae, ou seja, somente a pessoapode realizá-la pessoalmente. Esses casos ocorrem na maioria das vezes quando o objeto inclui a habilidade doexecutante (artistas, professores, médicos, atletas, palestrantes, etc.), onde a substituição por outra pessoa descaracterizao evento programado ou o ato a ser praticado.No caso de inadimplemento dessas obrigações, a solução ampara-se no art. 638 e seu parágrafo único, ao nosso ver semmuita dificuldade, em virtude da facilidade de conversão em perdas e danos.As obrigações fungíveis são aquelas que podem ser executadas por terceiros, possibilitando maior facilidade para que ocredor a tenha por satisfeita no caso de inadimplemento do devedor.Entretanto, nos parecendo um pouco complicada a solução encontrada pelo legislador para resolver a obrigação à luz doart. 634 (obrigação prestada por terceiros).Seguindo todo o procedimento anotado no citado artigo, não se garante ao terceiro o recebimento do seu crédito pelaexecução da obrigação. Todas as precauções são tomadas na visão do legislador para que o juiz se assegure documprimento da obrigação, entretanto, ao final do processo, caso o devedor inicial da obrigação não possa pagar atotalidade da custa, crédito do terceiro, que se habilitou na concorrência e se submeteu às normas jurídicas processuais,inclusive efetuando depósito, etc., não estará seguro o juiz. Ao nosso ver, quando da peritagem prevista pelo § 1o.,deveria o legislador ter estabelecido que o devedor efetuasse a caução do valor total do custo da prestação, tal e qual ofez quanto aos concorrentes (§ 2o.). É certo que, ao que se entende do § 5o., o devedor, assumindo a figura decontratante, obriga-se a fazer uma caução de 25% (vinte e cinco por cento) do valor do contrato, mas, se o processo deexecução tem por finalidade o cumprimento da obrigação, e o poder jurisdicional a condiciona ao terceiro, este deveriaestar mais legalmente garantido quanto ao recebimento do custo da prestação. Transformada em execução por quantiacerta, poderá, tal custo, atingir os limites da penhora, prejudicando o terceiro.

Da Obrigação de Não Fazer

A obrigação de não fazer nem sempre tem cunho contratual. Assim como a Constituição garante a liberdade individual,também garante direitos individuais. Então, uma pessoa pode estar obrigada a "não fazer" determinada coisa (por forçade lei, por ferir direitos), como é o caso de construção de edifícios que prejudiquem a vizinhança, etc. Na esfera penalencontramos inúmeros exemplos de obrigações de não fazer, aliás, com muita facilidade até, porém que sedescaracterizam à sombra de nosso estudo, por constituírem crimes, em primeiro plano, apesar do direito à indenizaçãopor perdas e danos na esfera civil.Às vezes o ato pode ser desfeito, às vezes não. No primeiro caso é para isto que se vale o credor na execução. Nosegundo, como no caso do art. 643, seu parágrafo único orienta a execução, partindo-se para a solução por perdas edanos.

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DA EXECUÇÃO P/QUANTIA CERTA - DEVEDOR SOLVENTE

Uma vez inadimplente o devedor, isto é, vencido o prazo para pagamento da dívida, de posse de título executivo (judicialou extrajudicial), tem-se constituídos os pressupostos para o Processo de Execução, que, como já vimos, pode serconstituído de várias formas. Assim, "por quantia certa" é a execução que tem por base um título executivo que constituiobrigação líquida, certa e exigível em dinheiro.Regulada pelo art. 646 do CPC e ss., como veremos, a execução por quantia certa tem por finalidade, legalmente,expropriar bens do devedor para compensar (proporcionar a satisfação) o seu débito com: · - a alienação de seus bens;· - a adjudicação em favor do credor; e· - o usufruto de imóvel ou de empresa.Contudo, como veremos mais à frente, alguns bens não podem constituir objeto de alienação ou adjudicação, o quegarante o art. 648. Como veremos a seguir, inciso I, do 649, o art. 648 refere-se, também, ao direito material, no artigo 70do Código Civil.Uma característica da execução por quantia certa é a de que pode ser originada de diversos outros tipos de execução,quais sejam a execução para entrega de coisa certa, de coisa incerta, de obrigações de fazer, de não fazer, etc., quando,evidentemente transformadas pelo instituto das "Perdas e Danos" neste tipo de execução ora em estudo.Mas, temos que observar um detalhe legal, como veremos mais à frente em nosso estudo, que se refere à execução porquantia certa quanto ao devedor insolvente, o que descaracteriza toda a propositura de ação nos moldes do art. 646 (v. n.153).Uma questão que nos interessa esclarecer é aquela quanto ao processo de conhecimento que gera o título executivo,portanto judicial, se tem-se uma nova ação, ou, em seguida, a continuidade da mesma ação, contudo na fase executória.Neste sentido, peguemos um texto de Amaral Santos, que diz: "Tratando-se de execução definitiva de sentença, será elaproposta nos autos principais, ou seja, nos autos em que foi proferida a sentença; a execução provisória far-se-á nosautos suplementares, onde os houver ou por carta de sentença, extraída do processo pelo escrivão e assinada pelo juiz.Baseada em título extrajudicial, a execução dará lugar à formação de autos próprios".E quanto ao prazo para o credor ingressar a ação, somente a prescrição exerce força legal para fazê-lo o credor. As fasesdo procedimento da execução por quantia certa são:- A penhora;- A avaliação;- A arrematação; e- O pagamento.Vejamos a seguir, cada uma das fases em separado, inclusive no que se refere aos preceitos legais, oriundos do CPC.

Da Penhora

A primeira qualificativa do processo de execução por quantia certa é a "penhora", na falta de pagamento de sua dívidapelo devedor quando citado.Como já vimos, o devedor não possui nesta ação o direito do contraditório, cabendo-lhe, apenas, os embargos dodevedor como veremos a seguir. Esta perda do direito do contraditório vem originada na existência de título executivo(judicial ou extrajudicial), que, aliás, faz fundamentação na inicial, sem o que não procederá o juiz a validação da ação,conforme podemos deduzir do art. 614 (v. n. 139): "... instruir a petição inicial: I - com o título executivo, salvo se ela sefundar em sentença (art. 584); ...".Para, inclusive, estudarmos a execução quanto à sua eficácia, faz-se mister mencionar o art. 649 do CPC, pelo qualalguns bens não são penhoráveis, ou mais efetivamente "são absolutamente impenhoráveis", ao que, em que pesediscussão quanto à sua eficácia, o art. seguinte, art. 650, ao contrário do anterior, traz um rol de bens penhoráveis.E, como não há o contraditório na execução, ao devedor citado cabe unicamente pagar ou nomear bens à penhora, nostermos do que prescreve o art. 652 do CPC, conjuminando com o art. 655, que determina a ordem a ser obedecida pelodevedor ao fazer a nomeação.E, somente no caso em que o devedor não pague, nem nomeie bens à penhora (art. 659, a ocorrência se dará por impulsooficial.

Do Arresto

A penhora por impulso oficial nem sempre é tão fácil, apesar da determinação legal pelo art. 659, já visto, pois que odevedor poderá dificultar a ação da justiça, tanto no que se refere à nomeação a penhora como ao pagamento, haja vistoa própria previsão legal a este respeito. Isto pode acontecer pela dificuldade de se encontrar o devedor pelo oficial dejustiça, encarregado da penhora .Não resta, pois, à justiça, valer-se do arresto previsto no art. 653 e ss., o que significa retirar da posse do devedor os seusbens, numa atitude providencial para garantir a satisfação dos direitos do credor.

Da Avaliação

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E, com certeza, não poderia o CPC deixar de contemplar a avaliação. Uma Vez penhorado o bem, que vai a leilão, épreciso proteger os direitos que dele constam. E já no art. 681 podemos ver a providência legal quanto à descrição evalorização do bem, o que, certamente facilitará a condução do leilão.Quando, no caso do art. 684, o credor aceitar a estimativa, ou se se tratar de títulos ou mercadorias, que tenham cotaçãoem bolsa, ou forem os bens de pequeno valor, não se procederá à avaliação.Mas, a avaliação pode ter uma função maior, caso previsto pelo art.685, onde pode o juiz cuidar para que a penhora nãoseja feita nem a maior valor do que o necessário, nem a menor valor do que o necessário, fazendo, aliás, justiça, desdeque manifestado interesse do devedor (o contraditório).

Da Arrematação

A arrematação tratada pela doutrina não é outra senão a aquisição pelo interessado do bem leiloado para pagar a dívidaem execução.Tal procedimento deve obedecer requisitos legais previstos no Código (Livro II-Do Processo de Execução - Título II-DasDiversas Espécies de Execução - Capítulo IV-Da Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente - Seção I-DaPenhora, da Avaliação e da Arrematação - Subseção VII-Da Arrematação), que por sua grande importância, decidimosreproduzir em nota toda a subseção a respeito do assunto, ipsis litteris, até mesmo em homenagem ao legislador quetanta importância deu aos detalhes jurídicos que envolvem o assunto em questão.

Da Execução Contra a Fazenda Pública

O fato de ser a Fazenda Pública uma das partes no processo de execução, não significa existência de privilégios oufavorecimentos da Lei. E o Código de Processo Civil Brasileiro (CPC), tratou do assunto de forma rápida e adequada aonecessário esclarecimento judiciário.Não obstante o poder do Estado, do governo, na figura dos governos Federal, Estadual ou Municipal, aquele que possuircrédito contra a Fazenda Pública, seja esse crédito em qualquer dos âmbitos (Federal, Estadual ou Municipal), podepromover a ação de execução e constituir polo passivo a Fazenda Pública, que, como qualquer outra pessoa, física oujurídica, não poderá se valer do princípio do contraditório, senão pela propositura dos embargos do devedor, como, aliás,o próprio art. 730 do CPC determina.Quando o art. 730 diz: " ... ; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão ...", já estabelece que, em se utilizandodo instituto dos embargos, a Fazenda Pública torna-se um oponente comum, mesmo porque o próprio Código limita-se adeterminar o procedimento para as circunstâncias em que ela não o faz.Assim, em o fazendo, constitui-se parte regular no Processo de Execução.Todavia, é importante buscar no direito material, especificamente no Código Civil, conforme entendemos do artigo 67,pois, os bens do Estado, a princípio são inalienáveis, a não ser que a Lei os desproteja dessa qualidade.Assim, salvo quando a lei o determinar, não há como submeter o bem público ao objeto de execução, assim, como diz opróprio Código, o alvo da execução, no caso dos bens do Estado, são valores em dinheiro, componentes do eráriopúblico.

DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA

Há circunstâncias em que uma pessoa pode estar obrigada a prestar alimentos a outra. Tal situação pode advir de váriasocasiões. A mais comum é encontrada no direito de família, quando pai, mãe, filho, filha, etc. são obrigados pelo juiz aprestar alimentos aos seus dependentes. Obviamente, não é só esse tipo de prestação alimentícia que escolhemos paraobjeto de nosso estudo, visto que, aqui, queremos tratar de "prestação alimentícia" em sentido geral, onde o devedorcumpre obrigação oriunda de sentença civil, mesmo que não oriunda do direito de família, e que pode referir-se,inclusive, à indenização por perdas e danos.No Código de Processo Civil (Livro II-Do Processo de Execução - Título II-Das Diversas Espécies de Execução -Capítulo V-Da Execução de Prestação Alimentícia), como depreendemos da leitura do texto na nota, temos algumascircunstâncias interessantes.A primeira é a que garante o direito constitucional de "prisão do devedor" no caso de inadimplemento de prestaçãoalimentícia. E já no Código Penal, em seu art. 244, podemos encontrar o fundamento para a prisão do devedor deprestação alimentícia no âmbito do direito de família. A falta de cumprimento da obrigação de prestação alimentícia(pensão alimentícia judicial), constitui abandono material e crime na esfera penal. Esta hipótese está garantida pelo art.733 do CPC, § 1o. (v. n. 177).A segunda consiste no fato de a prisão, apesar de não constituir-se numa forma de pagamento da prestação, é forteinstrumento de pressão para que o devedor cumpra a sua obrigação, visto que, nos termos do art. 733, § 3o., uma vez"paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão".A segunda vem, exatamente, do art. 733, em seu § 2o., cujo preceito consiste em determinar a desvinculação da pena deprisão do cumprimento da obrigação, ou seja, não se livra da prestação aquele que foi preso pela sua inadimplência.

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E finalmente, como que garantindo-lhe característica de título executivo, temos no art. 735, a garantia de que o Processode Execução é o caminho para o credor pleitear a satisfação de seu direito em face do devedor da prestação alimentícia.

DOS EMBARGOS DO DEVEDOR

A relação processual constituída na Ação Executiva tem característica sancionadora, o que coloca o devedor em situaçãode submissão (vis coativa). Não há como se valer do princípio do contraditório, como já vimos, uma vez que o processotem por pressuposto o título executivo (judicial ou extrajudicial), que, conforme definição legal, deve ser líquido, certo eexigível. Não há, pois, como refutar tais características no título e, assim, impossível torna-se questionar o direitoexecutório.Submete-se, pois, de forma inquestionável, o devedor à força coativa do processo de execução, as chamadas atividadesexecutivas, legais portanto.Pode, entretanto, o devedor, exercer o direito de exigir que essas atividades sejam regulares, isto é, dentro dos princípiosprocessuais, podendo reclamar contra toda e qualquer inobservância aos preceitos processuais. Não se pode, entretanto,falar em oposição pelo devedor, no exercício de seu direito, senão por exercício de interesse legítimo, isto é, amparadopela lei, conforme depreendemos da leitura do Código.No exercício desse direito, pode o devedor pretender, por legítimo interesse, impugnar a execução, anular o processo,retirar a eficácia do título executivo ou reduzi-la a justas proporções, a lei lhe garante o direito de interpor defesadenominada Embargos do Devedor, que reveste-se de condições diversas, conforme as circunstâncias. Os embargos dodevedor podem ser oferecidos nas seguintes condições:· - À Execução Fundada em Sentença;· - À Execução Fundada em Título Extrajudicial;· - À Arrematação e À Adjudicação; e· - À Execução por Carta.Nas disposições gerais dos embargos do devedor (v. n. 179), depreendemos que o juiz deve sentir-se seguro, nãoadmitindo os embargos a contrario senso, ou seja, deve o devedor garantir a dívida antes de oferecer os embargos. Outracondição que se depreende daquelas disposições, é a que se encontra no art. 736, qualificando os embargos do devedorcomo "autos em apenso", ou seja, suspensa a execução, os embargos serão julgados como uma nova ação. A naturezajurídica dos embargos do devedor é amplamente aceita no caráter de ação de conhecimento, e como tal deve se revestirdas condições da ação, quais sejam a possibilidade jurídica do pedido, o interesse para agir e a qualidade para agir.Os embargos são recebidos no efeito suspensivo, porque suspende a execução, que aguardará o julgamento dos embargose, caso sejam rejeitados, a execução retoma o seu curso. A suspensão pode ser parcial quando os embargos o forem (art.738, § 2o.), daí a necessidade da segurança do juiz.O próprio Código prevê a suspensividade dos embargos nos seguintes casos:· - falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se a ação lhe correu à revelia;· - inexigibilidade do título;· - ilegitimidade das partes;· - cumulação indevida de execuções;· - excesso de execução ou nulidade desta até a penhora;· - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação comexecução aparelhada, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença;· - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.Vale salientar, por sua importância, as hipóteses em que haja excesso de execução, quais sejam as seguintes:- quando o credor pleiteia quantia superior à do título;- quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;- quando se processa a execução de modo diferente do que foi determinado na sentença;- quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adim-plemento da do devedor;- se o credor não provar que a condição se realizou.E ao embargado, cabe oferecer impugnação aos embargos do devedor, para o qual será citado a fazer em 10 (dez) dias,após o que procederá o juiz ao julgamento.Julgados procedentes, cabe recurso de apelação pela parte sucumbente, julgados improcedentes, voltará a ação deexecução ao curso normal, mesmo que haja recurso de apelação pelo embargante.

DA EXECUÇÃO P/QUANTIA CERTA - DEVEDOR INSOLVENTE

A Execução por Quantia Certa, Contra Devedor Insolvente, tem característica diferente do outro tipo já estudado (contradevedor solvente), uma vez que não se pode aqui, penhorar tantos bens quanto bastem para satisfazer a dívida. Opreceito legal visa garantir os direitos de outros credores que, por ventura, possam existir. Assim, o seu patrimônio deve

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garantir os créditos dos seus diversos credores e não apenas de um qualquer desses. Aqui se caracteriza o concurso decredores, condição em que se encontra o devedor cujo patrimônio seja inferior ao volume de suas dívidas.

Da Insolvência

Nos termos do art. 748 do CPC, idêntica interpretação pode ser feita em comparação ao art. 1.554 do Código Civil, comuma diferença, característica, aliás, do direito instrumental, que não apenas se encarrega de conceituar, mas tentar cercaras nuances possíveis, como é o caso da presunção (art. 750).A insolvência pode ser requerida pelo credor (art. 754 do CPC), na petição inicial instruída pelo título executivo judicialou extrajudicial, que gerará citação para o devedor opor embargos no prazo de 10 (dias), o qual poderá fazê-lo nostermos do art. 741 (fundados em sentença).Pode a insolvência ser requerida pelo devedor ou pelo espólio nos termos do art. 759 do CPC, cabendo-lhe nominartodos os credores, individualizar todos os seus bens, bem como relatar o "estado patrimonial com a exposição das causasque determinaram a insolvência" (Código de Processo Civil, art. 760, III).E ainda pode a insolvência ser declarada judicialmente, caso em que será nomeado o administrador da massa pelo juiz,mandando, também citar os credores.

Do Saldo Devedor

Os bens do devedor têm valor menor que suas dívidas na totalidade. O concurso de credores se apodera da totalidade dosbens do devedor e deles toma posse nos termos do art. 763 do CPC . Mas, a responsabilidade do devedor estende-se eperdura pela existência do saldo que não pagou, respondendo, inclusive, com bens futuro que venha a adquirir.

Da Extinção das Obrigações

Após o julgamento do processo de insolvência, é possível ao insolvente voltar a exercer e praticar todos os atos normaisda vida civil, uma vez extinta a obrigação.Tal condição poderá ocorrer de duas formas:a) - Pagando a dívida o insolvente, em virtude de melhora de sua situação patrimonial, com aquisição de novos bens, oumesmo por sua iniciativa em resgatar a dívida;b) - Por prescrição decorridos 5 (cinco) anos após transitada em julgada a sentença que declarou a insolvência. Noprimeiro caso, basta ao insolvente requerer ao juiz a extinção da obrigação, uma vez que comprovadamente estejapagamento a mesma.No segundo caso, pode o insolvente requer ao juízo a extinção das obrigações, ao que o juiz mandará publicar edital noprazo de 30 (trinta) dias, o qual poderá ser receber oposição de credores sob a alegação de que não transcorreram oscinco anos de prescrição, ou que o devedor adquiriu bens sujeitos a arrecadação e, portanto, deve pagar a dívida. E se asentença declara extinta a obrigação, adquire o devedor habilitação para a prática de todos os atos da vida civil.

DA REMIÇÃO

Em certas ocasiões, o devedor não tem a intenção de faltar ao pagamento, porém, por situações alheias à sua vontade, ascircunstâncias não lhe permitem efetuar o pagamento. Contudo, no decorrer do processo de execução, pode o devedorvir a adquirir condições financeiras suficientes para pagar a dívida e por fim à execução.Nasce, então, o instituto da remição, à luz do art. 651 do CPC, com algumas condições importantes a serem analisadas.A primeira condição é a determinação de que o devedor deve remir a execução antes de serem arrematados, antes deserem adjudicados os bens. Ou seja, a qualquer tempo, no decorrer do processo, pode o devedor fazer uso do seudireito.A segunda condição é a que garante ao credor o direito de cobrar os juros e a obrigação do devedor de pagar as custas ehonorários advocatícios, isto é, não basta simplesmente ao devedor adquirir condições para pagar a dívida, devecompensar pelos distúrbios que causou ao devedor e à jurisdição provocada pelo processo.E não é só do devedor o direito de remir. Grande parte da doutrina consagra, como bem determina o direito material(Código Civil, arts. 930 e 931) o direito de terceiros em fazê-lo, em seguida à apuração do crédito, requerida pelointeressado.Caso o credor não queira receber o pagamento (remição), pode o interessado (devedor ou terceiro) proceder àconsignação, conforme art. 651 do CPC.Parte da doutrina entende que o sócio também tem legitimação para a remir, entretanto o CPC, prevê essa possibilidadeapenas para membros da família do devedor.Resta-se, pois, analisar os efeitos da remição, que rescinde o ato de desapropriação relativamente aos bens, assim comotem o bem substituído pelo preço que se pagou pela remição, tornando o bem livre da execução.

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DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Alguns incidentes podem acarretar a suspensão e outros a extinção do processo de execução, assim como acontece como processo de conhecimento.Ao longo de nosso estudo, verificamos algumas opções que se enquadram nos dois tópicos aqui relacionados. Assim,limitaremos, neste tópico a fazer a relação das condições.

Da Suspensão

A suspensão do Processo de Execução, ocorrerá nos seguintes casos:· - Com os embargos do devedor (art. 736 do CPC);· - Pela morte ou perda de capacidade processual de qualquer das partes (art. 265, I, do CPC);· - Pela convenção das partes (art. 791, II, do CPC);· - Pela exceção de incompetência (art. 791, II, do CPC);· - Quando o devedor não possuir bens penhoráveis (art. 791, III, do CPC);

Da Extinção

A extinção do Processo de Execução se dará pelos seguintes fatos:· - Quando o juiz indeferir a inicial por inépcia (art. 267, I, do CPC);· - Quando o processo ficar parado por mais de um ano, por negligência das partes (art. 267, II, do CPC);· - Quando o credor abandonar o processo por mias de trinta dias, por não promover os atos e diligências que lhecompetir (art. 267, III, do CPC);· - Quando credor e devedor hajam firmado compromisso arbitral (art. 267, VII, do CPC);· - Quando o credor desistir do processo (art. 267, VIII, do CPC);· - Quando o credor deixar de promover a citação de todos os litisconsortes necessários, ... (art. 47, do CPC e art. 267, XIdo CPC);· - Quando o credor não substituir o procurador falecido (art. 267, XI, do CPC);· - Quando ocorrer fusão entre credor e devedor (art. 267, X, do CPC).

Capítulo III

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Eficácia daEXECUÇÃO

DAS CONSIDERAÇÕES

O próximo tópico, é composto de um brinde ao leitor, através da longa jurisprudência selecionada por HumbertoTheodoro Júnior quando da edição de seu Código de Processo Civil ANOTADO , publicado pela Editora Forense, em1995, uma verdadeira obra de vasta pesquisa e profunda responsabilidade doutrinária, não só pela seriedade com que odoutrinador nos presenteia, mas, principalmente, pela técnica e didática empregadas em sua seqüência doutrinária.Muito logicamente, não nos demos ao trabalho de copiar todas as verdadeiras pérolas jurídicas que o grande mestreousou nos apresentar. Não pela falta de tempo para isto, mas pela redundância, uma vez que, assim como já existe a obrado mestre, uma cópia, talvez, a viesse prejudicar e, ainda mais, quem sabe fustigar aquilo a sabedoria do mestre tãocuidadosamente nos entregou.Também, não poderíamos apresentar uma parte menor. Isto configuraria uma atenção minoritária à grande obra. Assim,achamos, digamos que na medida certa, a quantidade de textos selecionados, mesmo que não contemplando toda amatéria estudada.O intuito de apresentá-las é, mais pela força da obrigação pesquisadora do acadêmico do que prelo preenchimento doespaço a elas reservados.Esperamos, sinceramente, que sejam estas peças, de grande proveito para uma profunda reflexão, senão para oaprendizado, mas para o despertar do interesse acadêmico pela pesquisa e pelo conhecimento.Vejamos, pois, nosso próximo assunto que é a J U R I S P R U D Ê N C I A.

JURISPRUDÊNCIA

· - Da Execução Geral"A legitimidade ativa para a ação de execução de sentença condenatória é do vencedor da respectiva ação deconhecimento, nada tendo a ver com a legitimidade ativa para a referida ação de conhecimento, que é do titular dodireito material lesado" (ac. unân. 3.429 da 1a. Câm. do TJPR de 28.06.85, na Apel. nº. 253/85, Rel. Des. Nunes doNascimento; Rev. Ass. Mags. PR, 44/180; RF, 292/310; Par. Judic. 15/48).

· - Da Competência"A execução fundada em título judicial processar-se-á perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição,dado o caráter conexo e complementar dos dois processos, exercendo um sobre outros evidente força de atração" (ac.unâm. 6.714 da 2a. Câm. do TJSC, de 29.11.89, no Agr. nº. 365/89, Rel. Des. Negi Calixto).

· - Do Título Executivo"Instaurando processo d execução não obstante inexistente título executivo, não resta configurado simples error inprocedendo, simples erronia de rito, a não induzir à invalidade do feito. Levando à inexecução da obrigação de julgar

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secundun jus - por se ter lançado mão de execução quando somente seria admissível ação de conhecimento - implicaerror in judicando, justificando o cabimento de ação rescisória" (Ac. do 1º Gr. De Câms. do 1º TACiv.SP de 09.03.89, naAR nº 371.752-0/01, Rel. Juiz De Santi Ribeiro; RT, 641/158).

· - Do Título Executivo Judicial"O autor direto do fato danoso é responsável civil pela reparação. A sentença penal condenatória transitada em julgado étítulo executivo judicial - art. 584, inc. II, do CPC - , inexistindo possibilidade de rediscussão quando à responsabilidadeno cível. Se no juízo penal a sentença acolheu a tese da legítima defesa mas entendeu que o agente procedeu comextrema imprudência na escolha do meio, excedendo culposamente os seus limites, abre-se a possibilidade do pedidoindenizatório" (Ac. da 2a. Câm. do TJPR de 22.06.68, na Apel. nº 1.062/87, Rel. Des. Oswaldo Espíndola; Par.Judic.27/72).

· - Do Título Executivo Extrajudicial"O cheque, como ordem de pagamento à vista que é, não pode ter sua apresentação ao banco sacado e sua cobrançajudicial condicionada ao cumprimento de eventuais obrigações assumidas pelo credor. Assim, ainda que passado emgarantia, não perde suas características de título executivo" (Ac. unâm. da 1a. Câm. do 1º TACiv. SP de 12.12.88, no Agr.nº 399.563-1, Rel. Juiz Guimarães e Souza; RT, 640/122).

"A nota promissória pode ser emitida em branco e circular em branco, mas não pode ser executada ou apresentada parapagamento sem que haja o preenchimento do título. Sem qualquer dos requisitos essenciais, , o título desnatura-se e ,portanto, não dará direito a ação executiva" (Ac. da 4a. Câm. do 1º TACiv. SP de 04.12.85, na Apel. nº 349.662, Rel.Juiz Barbosa Pereira; RT, 605/101).

"A dívida fiscal regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. Apresunção, todavia, é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou de terceiro, a quemaproveita. Afirmando o executado nada dever, porque pagou a dívida, parte em espécie, parte mediante prestação deserviços, o ônus da prova é seu, e não tendo provado senão o pagamento parcial em aspectos, cujo valor foi deduzido doquantum ajuizado, não merecem provimento os embargos" ( Ac. da 8a. Câm. do TACiv. RJ de 26.06.86, na Apel. nº38.391, Rel. Juiz José Edvaldo Tavares).

"A ação declaratória negativa distingue-se da ação anulatória do débito fiscal, pois aquela tem cabimento antes dolançamento, enquanto que esta pressupõe o lançamento e tem por objeto anulá-lo. Todavia, em tal caso, o cabimento daação anulatória não exclui a possibilidade de ajuizamento da declaratória negativa" (Ac. unâm. da 4a. T. do TFR de07.10.84, na Apel. nº 35.013-SP, Rel. Min. Pádua Ribeiro; RTFR,117/23).

"A obrigação hipotecária consubstancia título executivo, cuja execução se pode fazer diretamente contra o terceiro-garante, independentemente de litisconsórcio com o devedor principal. Assim como a fiança pessoal pode ser executadaapenas contra o fiador, também a hipoteca do terceiro, que é uma espécie de fiança real, permite a execução isoladacontra o prestador da garantia" (Ac. do TAMG, na Apel. nº 16.986, in Humberto Theodoro Júnior, Títulos de Crédito,Saraiva, ps. 234-235).

· - Da Responsabilidade Patrimonial"É razoável a interpretação, segundo a qual a limitação da responsabilidade dos sócios na respectiva quota, ao total docapital social, se não integralizada a participação dos demais, diz, unicamente, com as atividades negociais da sociedade,não abrangendo os casos de responsabilidade da sociedade por ato ilícito" (Ac. unâm. da 1a. T. do STF de 16.03.82, noRE nº 96.421-5-RJ, Rel. Min. Pedro Soares Muñoz; DJ de 02.04.82, p. 2,890).

"Face ao disposto nos arts. 655, § 2º e 594 do CPC, não pode, a penhora, na execução de crédito pignoratício, recairsobre outros bens, além daqueles dados em garantia, antes que estes se revelem insuficientes. Só se admitirá a extensãoda constrição judicial a outros bens não vinculados diretamente à garantia se os bens penhorados se revelem insuficientespara o pagamento do débito com todos os seus acréscimos" (Ac. unâm. da 1a. Câm. do 1º TACiv.SP de 28.03.88, no Agr.388.905, Rel. Juiz Elliot Akel; JTAciv.SP 109/189).

"A determinação legal de que os sócios não respondem pelas dívidas sociais - art. 596 do CPC - diz respeito à regularextinção de empresa e à regularidade das obrigações sociais. A irregularidade da atuação, constatada pelodesaparecimento da empresa sem a regular quitação de seus débitos, impõe outro entendimento, ou seja, o de que o art.2º do Dec. nº 3.708/19 autoriza o alcance dos bens pessoais dos sócios para completar o capital social que foi diluído pelamá gestão dos negócios da sociedade" (ac. unâm. da 7a. Câm. do 1º TACiv. SP de 23.08.88, na Apel. nº 391.183-1, Rel.Juiz Régis de Oliveira; RT 635/225).

· - Da Liquidação da Sentença

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"(...) só cabe a liquidação da sentença, que é incidente complementar do processo de conhecimento, para a determinaçãodo valor da condenação - arts. 586, § 1º, e 603, do CPC. Portanto, não há que se falar de liquidação do títuloextrajudicial que, por sua natureza, é líquido e certo. Neste caso, procede-se, apenas, a simples cálculos de verificação,porque alguns dos elementos contidos no título - juros e correção monetária - são dinâmicos e sujeitos a constanteatualização" (ac. unâm. da 16a. Câm. do TJSP de 17.06.87, no Agr. nº 119.121-1, Rel. Des. Luiz Tâmbara; RJTJSP108/312).

· - Das Diversas Espécies de Execução"Tratando-se de execução contra devedor solvente, aplica-se o princípio prior tempore potior jure consagrado pelo art.612 do CPC: aquele que chegou primeiro no tempo, e obtiver a penhora, desfrutará de uma situação privilegiada peranteo Direito, pois as penhoras ulteriores não diminuirão a responsabilidade do bem pela dívida que o executado tem peranteele. Todavia, por força desse mesmo preceito legal, a preferência do credor que primeiro penhorou não prevalece sobrecredor que disponha de título legal de preferência, tal como a Fazenda Pública ou a Previdência Social" (ac. unâm. da 6a.Câm. do 1º TACiv. SP de 10.08.88, na Apel. nº 391.740, Rel. Juiz Augusto Marin; JTACiv.SP, 113/233).

· - Da Execução Para Entrega de Coisa"As perdas e danos, referidas no art. 627 do CPC para a hipótese da não entrega da coisa, abrangem os casos deinjustificado retardamento na entrega, mas tal retardamento somente pode ser contado após o decurso do decêndio doart. 621 do mesmo Código" (Ac. unâm. da 1a. Câm. do TJRS de 19.08.86, no Agr. nº 586.029.704, Rel. Des. AthosGusmão Carneiro; RJTJRS 119/292).

"O contrato que, preenchendo todos os requisitos legais, contém obrigação de entregar a coisa fungível, é título executivoextrajudicial catalogado no art. 585, II do CPC. A execução para a entrega de coisa incerta está prevista no art. 629 doCPC, dispositivo que não contém a ressalva prevista no art. 621, no tocante à preexistência de sentença, pelo que não sepode cogitar de exigência, no caso, de prévio processo de conhecimento" (Ac. da 2a. Câm. do TARS de 21.02.85, no Agr.nº 185.001.575, Rel. Juiz Cacildo de Andrade Xavier; JTARS 54/331).

· - Das Obrigações de Fazer e Não Fazer"Não há um teto para a multa pecuniária. Se é verdade que a limitação existia no regime do estatuto processual civilanterior, frente ao que dispõe atualmente o art. 644 do CPC, não há mais porque falar em teto ou limitação para acominação em apreço. E nem poderia ser de outra forma, já que se limitada no tempo a dita multa, em dado momento asentença prolatada pelo juiz tornar-se-ia ineficaz; e se tornaria inútil tudo quanto se realizara no processo que a fixou"(Ac. do 1º GR. De Câms. do TJSP de 31.10.89, nos Embs. nº 62.801-1, Rel. Des. Luis de Azevedo; RJTJSP 123/320).

· - Da Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente"A penhora de cotas sociais para garantir dívida particular de sócio é admitida na jurisprudência. O argumento de que ocapital pertence à sociedade, e não aos sócios, traduz meia-verdade . É ele pertencente à sociedade, sem dúvida, mas,não sendo fruto de geração espontânea, forma-se necessariamente pelas contribuições dos sócios, que o integralizam. Poressas contribuições, traduzidas pelas cotas, a sociedade deve aos sócios, que junto a ela possuam créditoscorrespondentes. Esses créditos que compõem os patrimônios individuais dos sócios, integrando-se na garantia geral comque contam seus respectivos credores. Impedir a penhora, de resto, permitiria o fácil expediente de, mediante aconstituição de sociedade por cotas de responsabilidade que sobre ele naturalmente recai, em contravenção à norma doart. 591 do CPC"(Ac. do 1º TACiv. SP, de 26.06.89, na Apel. nº 411.724-0, Rel. Juiz Guimarães e Souza; RT, 645/109).

"A remissão da execução é ato do devedor e deverá ser praticado antes de arrematados ou adjudicados os bens - art. 651do CPC. A remissão dos bens penhorados é ato do cônjuge, do descendente ou do ascendente do devedor, devendo serpraticado nas 24 horas que mediar entre o peido de adjudicação e a assinatura do ato; ou entre o pedido de adjudicação ea publicação da sentença, havendo vários pretendentes. Deferida a remissão da execução por juiz, seu substituto legalnão poderá alterar-lhe o decisório de modo oficial, sem que preceda impugnação do prejudicado ou a ocorrência de fatonovo, pois o defeito do ato poderá consolidar-se pelo instituto da preclusão" (Ac. da Seç. Civ. Do TJDF de 16.05.89, noMS nº 1.819, Rel. desig. Irajá Pimentel; Adcoas, 1990, nº 126.823).

"Requerida a substituição de bem penhorado por dinheiro, antes da arrematação, que se entende como antes de assinadoo auto de arrematação, impõe-se a execução sobre a quantia depositada. O aparecimento da ação em embargos deterceiros não impede o embargante de, na execução, requerer a substituição prevista na art. 668 do CPC. Se aointeressado ao terceiro não interessado é dado o direito de pagar a dívida pelo devedor, exonerando-o da obrigação - art.930 e § ún. Do CC - mesmo que o credor se oponha, com muito mais razão pode o responsável a eles equiparadorequerer a substituição do bem penhorado por dinheiro, ainda mais quando não há oposição do credor"( ac. unâm. da 6a.Câm. do TACiv.RJ no MS nº 466/89, Rel. Juiz Clarindo de Brito Nicolau; Adcoas,1990, nº 128.300).

"Na execução por quantia certa, o executado tem dois tempos de oferecer embargos: a) dentro de 10 dias, contados da

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intimação da penhora - art. 669 e 738, I, do CPC; b) depois de assinado o auto de arrematação, ou de concedida aadjudicação, ou a remissão dentro também de 10 dias, sem dependência de intimação. E o sentido do art. 746 é o deestabelecer que, no segundo tempo, não pode ser articulada matéria que deveria ser alegada nos 10 dias subseqüentes àpenhora, e nessa oportunidade não fora. A cláusula restritiva - desde que superveniente à penhora - não se refere apenasà prescrição, mas a todos os substantivos antecedentes e também à prescrição. Em alegando a apelante, matéria preclusa,qual seja aquela referente a fatos anteriores à penhora, como defeito da citação e falta desta na liquidação por cálculo docontador e, ainda, questão relativa aos editais de praça, que foram expedidos regularmente, afora acontecimentosprocessuais irrelevantes, os embargos haviam que ser julgados improcedentes, ainda porque manifestamenteprotelatórios" (ac. unân. 4.445 da 3a.Cam, do TJPR de 31.3.87, na Apel. nº. 48, Rel. Des. Renato Pedroso; Adcoas, 1987,nº. 115.851).

· - Da Arrematação"Dispõe o art. 95 do CPC que, não tendo o arrematante ou o seu fiador pago o preço, dentro de três dias, o juizimpor-lhe-á multa de 20% calculada sobre o lanço. Acrescenta o seu § 1o. que poderá, então, o credor preferir que osbens voltem a nova praça ou cobrar o preço da arrematação e a multa ao arrematante ou seu fiador. O art. 696, por seuturno, preceitua que o fiador do arrematante, que pagar o valor do lanço e a multa, poderá requerer que a arremataçãolhe seja transferida. Assim, a transferência da arrematação é feita ao fiador do arrematante, inexistente no caso dos autos,e não ao credor, que não pagou o valor do lanço e a multa. É verdade que Pontes de Miranda se refere a aquisição pelofiador, ou por outro terceiro. Todavia, o credor é parte no processo de execução, não podendo ser equiparado a terceiro.Por outro lado, ao contrário do que foi sustentado pelo credor, este não tem preferência sobre os bens penhorados, mas,sim, sobre o produto da alienação desses mesmos bens" (do ac. unân. Da 7a.Câm. do 1o. TACiv.SP de 2.12.86, no Agr.nº. 358.870, Rel. Juiz Renato Takiguthi; JTACiv. SP 103/92).

· - Da Execução contra a Fazenda Pública"A execução contra a Fazenda Pública somente pode fundar-se em título judicial. O detentor do título extrajudicial devepropor ação de conhecimento para obtenção do título judicial e posterior execução" (Ac. do 1o. TA Civ. SP, de 24.2.87,na Apel. nº. 365.405, Rel. Juiz Raphael Salvador, RT, 619/120).

· - Da Execução de Prestação Alimentícia"A audiência de justificação prevista no art. 733 do CPC tem caráter contencioso e autônomo. Só a dirimência advém desentença que põe termo ao incidente. Assim, dada a peculiaridade da hipótese, a interposição de recurso de apelação nãoconstitui erro grosseiro. É obrigatória a intimação do procurador da data designada para a audiência de justificação,através de publicação do despacho" (ac. unân. Da 8aCâm. Do TJSP de 11.12.85, na Apel. nº. 57.892-1, Rel. Des.Fonseca Tavares; RT 606/65).

· - Dos Embargos do Devedor"Os embargos à execução, ainda que incidentais, constituem ação do devedor contra o exeqüente, que se há de sujeitar, apar da autuação em apenso - art. 736 do CPC - a todos os encargos que o litigante ativo suporta ao ajuizar a demanda.Por isso mesmo, os embargos devem mencionar o valor, que nem sempre corresponderá ao da execução, posto quepodem ser parciais, questionando somente parcelas específicas da dívida exeqüenda" (ac. unân. da 12a.Câm. do TJSP de12.4.88, no Agr. nº 129.754-2, Rel. Des. Carlos Ortiz; RJTJSP 113/391).

"Deve-se distinguir entre atos da parte, que dependem da sua vontade e decisão, e atos do advogado que as representa,estes inseridos no âmbito da sua competência como profissional e mandatário. O oferecimento de embargos do devedor,representando o início de um procedimento novo e não necessário, depende do querer e da iniciativa da parte. E se paraela se abriu, pela intimação da penhora, o prazo para embargar, seria estendê-lo a limites imprevisíveis o entender-se que,para começar a fluir, precisaria aguardar a intimação do advogado. Além disso, estaria na prática revogado o disposto noart. 738, I, do CPC, segundo o qual o devedor oferecerá embargos no prazo de 10 dias contados da intimação dapenhora. Tal intimação é a do devedor, pois a este é que se dirige o citado dispositivo legal e a ele é que deve ser dadaciência do ato de constrição, o que ocorre pela própria lavratura do termo de penhora, desde que conste a sua assinatura"(ac. unân. da 3a.Câm. do TJSC de 25.6.85, na Apel. nº. 20.950, Rel. Des. Norberto Ungaretti; Adcoas, 1985, nº.104.715).

· - Da Insolvência Requerida pelo Credor "Definindo o CPC a insolvência por critério puramente objetivo - art. 748 -mais adequado ao conceito de insolvabilidade, ou seja, ao estado econômico de pessoa que não pode solver suas dívidas,porque seu ativo é menor que o passivo, tem-se que o requerimento de insolvência instaura simples processo deconhecimento, que culmina com sentença preponderantemente constitutiva, na qual se declara a insolvabilidade e se dáinício ao par condictio creditorum. Nessa fase do procedimento os embargos de que trata o art. 755 do CPC não seconfundem com os embargos do devedor - arts. 736 e 740 - tendo a natureza de verdadeira contestação, que deve serjuntada aos autos do pedido de insolvência, contado o prazo, em havendo litisconsortes com procuradores diferentes nostermos do art. 191 do estatuto processual civil" (ac. unân. da 2a. T. do STF de 17.12.85, no RE nº. 107.075-RJ, Rel. Min.

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Carlos Madeira; DJ de 28.2.86; RT 605/237; RTJ 117/317).

· - Da Declaração Judicial de Insolvência"... Pelo que dispõe o art. 761 do CPC, a declaração de insolvência pressupõe execução coletiva contra o devedorcomum, o que ocorre quando as dívidas excedem os bens do devedor. Há, portanto, que se processar essa Execução napresunção de que existem bens que irão compor a massa a ser rateada entre os credores. Ora, se não há bens não há falarem execução e, se iniciada, terá decretada sua suspensão nos termos do art. 791, inc. III, do CPC. A lei aqui distinguiu aexecução singular da coletiva. Averiguada a ausência de bens penhoráveis, ocorre a suspensão diante da inocuidade de seprosseguir em processo quando se sabe, a priori, falar-lhe objeto. Se o objetivo da execução coletiva, com a declaraçãoda insolvência, é a realização do ativo para o pagamento do passivo, é evidente que não terá sentido declarar-se ainsolvência se não haverá bens penhoráveis para, oportunamente, ratear o produto de sua venda com os credores" (ac.unân. da 4a. Câm. do TJSP de 1.8.85, na Apel. nº. 60.828-1, Rel. Des. Alves Braga; RJTJSP 96/161).

· - Da Remição"A remição é instituída pietatis causa para que os bens penhorados, de afeição ou estimação, não saiam da família. Aindano regime do Código anterior, por ser permitida a remição também ao próprio executado, discutia-se acerca dapossibilidade de ser tal direito estendido igualmente aos sócios, nos casos de execução contra pessoas jurídicas. Apolêmica fica definitivamente encerrada, pela negativa, diante do sistema esposado pelo novo Código, já que agora odireito de remição é nitidamente um benefício de caráter familiar do qual não participa, porém, o devedor em pessoa.Ademais, não se pode dar ao art. 787 do CPC, amplitude maior que a existente, uma vez que tal benefício acabaria por seconstituir num meio de burla aos credores; assim, a devedora deixaria de pagar seus débitos e, após a praça, porintermédio de uma das pessoas relacionadas no artigo, faria a remição dos bens por valor inferior ao do débito, que, pelaausência de outros bens penhoráveis, ficaria impossibilitado de ser solvido, enquanto a devedora continuaria na possedireta dos mesmos" (ac. unân. da 13a. Câm. do TJSP de 1.8.89 no Agr. nº. 144.162-2, Rel. Des. Isidoro Carmona;Adcoas, 1990, nº. 126.553).

· - Da Suspensão"Vencido o prazo de suspensão da execução, se não for localizado o devedor ou se não forem encontrados benspenhoráveis, deverá o juiz ordenar o arquivamento dos autos, não a extinção do processo. A qualquer tempo, porém,localizado o devedor ou encontrados os bens penhoráveis, serão os autos desarquivados, para prosseguimento daexecução" (ac. unân. da 1a.Câm. do TJMG de 15.12.87, na Apel. nº. 73.551, Rel. Des. Bady Curi; Jurisp. Min.97/100-278).

· - Da Extinção"A decisão, embora concisa, que importa na extinção do processo de execução, tem efeito de sentença - CPC, art. 795 -e está sujeita a apelação" (ac. unân. da 5a.Câm. do TACiv. RJ de 16.4.86, no Agr. nº. 29.300, Rel. Juiz Elmo Arueira).

Capítulo IV

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CONCLUSÃO

CONCLUSÃO

O trabalho de pesquisa nos leva aos profundos meândros da cultura jurídica. Salutar é, pois, relembrar os melhorestrechos à guisa de conclusão dialética e dogmática, sem contudo pretendermos nos tornarmos, por demasiado,hermeneutas.O que se pretendia como contribuição ao mundo acadêmico e científico com o presente, pairava sobre algumas questõesapresentadas no início de nosso primeiro capítulo que, resumidamente, podemos concluir como analisar a execuçãoforçada no âmbito geral do direito, contemplando as diferenças com o processo de conhecimento, respondendo:Qual a importância do Processo de Execução no Direito Brasileiro?Quais as hipóteses em que se pode promover a execução forçada?Quais as possibilidades de aplicação do Processo de Execução?Qual a importância dos Títulos Executivos?Qual o caminho a seguir, na ausência do Título Executivo?Qual a eficácia do Processo de Execução?Em que consiste a Ação Monitória?Há nova ação quando a execução baseia em título judicial?Um mergulho rápido no mundo do direito nos trás fortes argumentos quanto à necessidade de compreendermos a razãoda existência do Processo de Execução. Ao sentirmos a existência de um período, fortuitamente longínquo, mas quepreocupa ao estudioso ou doutrinador pela certeza vã de que a mentalidade humana já se aproveitou e se permitiu no usoda força física para compensar os prejuízos materiais causados por devedores inadimplentes, mesmo quando bonshomens, como Aristóteles, Hobbes e outros já pregavam a necessidade premente de uma justa aplicação do direito, semcontudo ferir a integridade do semelhante; é mister que a ciência evoluiu, ainda que correndo atrás do fato e tentandoalcançar o cerne, sem conseguí-lo, é óbvio, mas, caminhando a passos mansos e atingindo, de qualquer forma, algumefeito jurisdicional mais adequado a um mundo pacífico.Destarte, vem o Processo de Execução a nascer de uma Ação de Execução que, como vimos, no âmbito das hipótesesdemonstradas para responder as questões, reveste-se de todas as condições da ação de conhecimento, sem continuar domesmo modo no processo, pois que, já na citação do réu, esta não o intima a apresentar contestação, mas, sim, para pagara dívida que tem para com o credor.Não há como negar o direito do credor de ver satisfeita a obrigação pelo devedor. O nascimento do título executivo,traduz a existência do direito numa cártula, proporcionando o inquestionável (título executivo = líquido, certo e exigível)e, por isto mesmo, afastando a possibilidade do contraditório no processo. Como bem o disse Cândido RangelDinamarco, "... o título executivo reúne em si todas as condições da ação executiva, ...". Caracterizada está, pois asujeição do devedor que vê-se "forçado" a aceitar o esforço jurisdicional sem defender-se por nenhuma forma noprocesso inicial.Mas, de todo não está entregue o devedor ao regime jurídico da força do processo de execução, de tal forma a

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humilhar-se injustamente perante os liames judiciários, quando qualquer que seja, por menor que seja, dúvidas venham apairar sobre a execução. Envolto em legítima possibilidade de contestar o questionado no processo, pode valer-se dosembargos do devedor, que, mesmo não constituindo-se numa forma de defesa, provoca o estanque da execução forçada,que espera pelo resultado final destes. E o resultado é uma sentença, pela qual o juiz julga procedentes ou improcedentesos embargos. Ora, temos, pois, neste instituto, uma nova ação que surge no processo de execução, com força paraestagná-lo, para-lo até o ao final cheguem. E a característica de ação dos embargos do devedor, mostra-se com a análisedos mesmos quanto às condições da ação e pela existência dos pressupostos processuais, concluindo-se, facilmente, pelaverossimilhança desta afirmativa.Nosso caminho trilhado até este momento, procurou embasamento em quase todos os liames do direito material e dodireito processual, estudando pressupostos processuais e os princípios fundamentais do processo e da jurisdição, para, porfim, conseguir subsídios para claro entendimento da idéia proposta, centrada na importância do processo de execução.Estabelecer a relação processual pela ação de execução, sem contar com uma obrigação (de dar, de fazer ou de nãofazer), torna-se impossível quando se imagina a verificação pelo juízo desses princípios e pressupostos, além dascondições da ação. As várias teorias levantadas nos levou ao entendimento geral das circunstâncias pelas quais se revesteo processo.O pressuposto básico da execução é o título executivo, como ficou demonstrado. Mas, este é entendido por parte dadoutrina como sendo o pressuposto legal, já que, mesmo na sua existência, o devedor resolva efetuar o pagamento dadívida, não pode o curso do processo de execução prosseguir. É mister, pois, a existência de um outro pressuposto, cujocaráter é dado pela mesma parte da doutrina como sendo um pressuposto prático: a inadimplência. Esta sim, ainadimplência, constitui-se na fonte determinadora da existência do processo de execução, a qual, o persegue por todasua existência, mais marcantemente no âmbito da remição.E a inovação da justiça com a Ação Monitória, cuja força jurídica trás à tona uma grande discussão, nova ainda, porsinal, a respeito da natureza jurídica do título que gera. Como vimos, no preceito legal temos um título executivo judicial,aliás, assim definido explicitamente pelo Código de Processo Civil.À guisa do Direito Brasileiro, dedicamos o Capítulo II, para discutirmos e apresentar a questão do ponto de vista da lei,abrangendo em nosso estudo do o Livro II do Código de Processo de Execução.Finalmente, buscamos um pouco de jurisprudência ilustrativa para tentar corroborar o teor de nosso estudo, na tentativade melhorar a visão do leitor de nosso trabalho.O Processo de Execução é de suma importância e a forma legal atual, nos parece adequada para o momento e a culturaatual.

CRÉDITOS DO AUTOR

Jovi Barboza

José Vieira Barboza

Nascido em São Paulo aos 13 de agosto de 1954.

Aluno do atual 3o. ano de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade São Francisco, Câmpus de SãoPaulo, tendo cumprido créditos de pós-graduação do CEAG - Curso de Especialização para Graduados da FundaçãoGetúlio Vargas (FGV-SP), formado em Ciências Contábeis pelas Faculdades de Ciências Econômicas de São Paulo(FACESP), da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).Profissional das áreas de Recursos Humanos, Administração, Finanças, Planejamento, Vendas, palestrante sobre diversosassuntos, professor de Matemática Financeira e Contabilidade, atuou em diversas Empresas Nacionais de porte comoGerente e Diretor.

Obras Escritas:

1. "A RODA DA VIDA", livro de auto-ajuda, publicado pela RCR Editora, sobre motivação e profissionalismo, comênfase para o comportamento ideal para se alcançar o Sucesso Pessoal e Profissional, São Paulo, RCR, 1995.2. "PROGRAMA DE MOTIVAÇÃO PARA O SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL", ensaio literário nãopublicado, registrado na Biblioteca Nacional sob nº. 70.531, l. 83, fls. 400, em 12/06/91, São Paulo, Jovicons, 1986.3. "CURSO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA", apostila não publicada, registrada na Biblioteca Nacional sob nº.79.391, l. 100, fls. 306, de 06/11/1992, São Paulo, Jovicons, 1991.

São Palo, Novembro de 1996.

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