monitor do déficit tecnológico 9 - 1º semestre de 2013
DESCRIPTION
ÂTRANSCRIPT
1º semestre de 2013
Análise Conjuntural das Relações de Troca de Bens e Serviços
Intensivos em Tecnologia no Comércio Exterior Brasileiro
Monitor do Déficit Tecnológico
2
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
Nova metodologia
1. Resumo
contabilidade do Monitor do Déficit Tecnológico passou por uma alteração em A sua metodologia devido à dificuldade em obter um detalhamento sobre a rubrica
aluguel de equipamentos na conta de serviços disponibilizada pelo Banco Central, o que
gerou uma alta incerteza sobre quais tipos de equipamentos são alugados. Por outro
lado, a conta de serviços tecnológicos apresenta saldo pequeno e pouco crescimento.
Assim, o Monitor do Déficit Tecnológico levará em consideração apenas as transações
comerciais do Brasil com o resto do mundo, considerando os bens de alta e média-alta
intensidade tecnológica de acordo com o estabelecido pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
o primeiro semestre de 2013, o saldo da relação de trocas comerciais N internacionais entre o Brasil e o resto do mundo quanto aos bens de alta e média-
alta intensidade tecnológica atingiu um Déficit Tecnológico de US$ 46,8 bilhões. O
resultado significa um aumento de 16,3% em comparação ao déficit do primeiro
semestre de 2012, que foi de US$ 40,3 bilhões.
O balanço do grupo de alta intensidade tecnológica no primeiro semestre do ano
encerrou com déficit de US$ 17,3 bilhões, um crescimento de 10,8% comparado ao do
mesmo período do ano anterior. Seguindo a tendência negativa, o desempenho do grupo
de média-alta intensidade tecnológica também foi inferior. No primeiro semestre de 2013,
o saldo negativo nas relações comerciais foi de US$ 29,5 bilhões, saldo que representa um
aumento de 19,8% na deterioração das trocas comerciais relativas ao grupo.
Este cenário não é uma novidade, o País sempre apresentou um quadro de dependência
tecnológica frente às nações mais desenvolvidas, porém, após a crise de 2008 o comércio
internacional brasileiro apresentou grande deterioração nos termos de troca dos setores
classificados como de alta e média-alta intensidade tecnológica.
O indicador Déficit Tecnológico foi criado pela Protec para verificar a competitividade
dos segmentos industriais brasileiros de maior intensidade tecnológica no comércio
exterior de mercadorias. O número indica o saldo comercial dos grupos de produtos de
alta e de média-alta intensidade tecnológica.
A metodologia utilizada pela Protec segue os parâmetros da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que classifica os produtos pelos
seguintes grupos de intensidade tecnológica:
• Alta – setores aeroespacial e aeronáutico; farmacêutico; material de escritório e
informática; equipamentos de rádio, TV e comunicação; e instrumentos médicos de ótica e
precisão.
• Média-alta – setores de máquinas e equipamentos elétricos; automobilístico; químico;
equipamentos para ferrovia e material de transporte; e máquinas e equipamentos
mecânicos.
3
Déficit Tecnológico
saldo comercial de produtos de alta intensidade tecnológica
+ saldo comercial de produtos de média-alta intensidade tecnológica
=
2. Conceitos básicos
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
A partir dos resultados é possível concluir que em 2008 a indústria automobilística
apresentou superávit, ou seja, para cada US$ 1 importado neste setor, o Brasil exportava
US$ 1,25. Entretanto, a partir de 2009 a indústria passou a experimentar uma situação
desfavorável com o aumento progressivo do déficit ao longo dos períodos seguintes.
Seguindo a tendência negativa, o setor de equipamentos de telecomunicações vem
minguando ano após ano. Se no primeiro semestre de 2009 para cada US$ 1 importado,
o País exportava US$ 0,25, em 2013, para cada US$ 1 importado o Brasil exporta apenas
US$ 0,05.
Já o setor de aviação e aeroespacial apresenta um caráter peculiar e oscila entre o
superávit e o déficit ao longo dos anos. Esta característica é consequência de um
mercado pequeno e dependente da Embraer que exporta aviões com grande parte dos
componentes importados.
Apesar de ser natural que os países em desenvolvimento tenham uma relação comercial
deficitária no intercâmbio de bens com alto conteúdo tecnológico, é possível observar
1º semestre
20081º semestre
20091º semestre
20101º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013Grupos Tecnológicos
0,88
0,25
0,06
0,09
0,14
0,22
0,36
0,70
0,35
0,31
0,41
0,45
0,98
0,24
0,06
0,06
0,14
0,23
0,40
0,66
0,35
0,15
0,41
0,44
0,82
0,19
0,08
0,05
0,12
0,19
0,33
0,62
0,30
0,22
0,33
0,39
1,18
0,20
0,07
0,14
0,13
0,25
0,42
0,75
0,42
0,40
0,43
0,51
1,02
0,28
0,10
0,25
0,15
0,36
0,60
0,83
0,40
0,57
0,43
0,52
1,39
0,25
0,08
0,24
0,14
0,36
0,62
1,25
0,33
0,39
0,60
0,62
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do AliceWeb2 - Secex - Mdic
4
A relação entre as exportações e importações dos setores de alta e média-alta intensidade
tecnológica demonstra a dificuldade de inserção da indústria brasileira nos mercados de
produtos com elevado grau de tecnologia. Para explicar os fatores que resultaram no
movimento negativo apresentado no primeiro semestre de 2013, a tabela a seguir
apresenta uma relação entre o total exportado e importado por setor. Na amostra,
quando a relação é maior do que 1 representa um superávit. No caso da relação ser menor
do que 1 representa um déficit. Já quando o número for igual a 1, o saldo será de zero.
3. Relação entre exportações e importações
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
que a relação entre exportação e importação apresenta uma deterioração ao longo dos
períodos. Em referência a progressão negativa, a tabela dos grupos tecnológicos abaixo
compara a relação entre exportação e importação para o primeiro semestre de 2006 e o
primeiro de 2013.
Através do gráfico a seguir é possível observar que a taxa de câmbio comercial mensal
seguia uma trajetória de apreciação do Real até o início da crise de 2008. Essa trajetória
pode ser parcialmente explicada pelo grande volume de commodities que o Brasil passou
a exportar, em especial minério de ferro e soja. No auge da crise de 2008, a taxa de câmbio
se desvalorizou, porém voltou a se apreciar após a economia brasileira retomar seu fôlego,
novamente impulsionada pelas vendas externas crescentes de minério de ferro e soja.
Nos primeiros seis meses de 2013 a taxa de câmbio média foi de R$ 2,05. Entretanto, o
desempenho comercial não mostrou melhora. Isso pode ser considerado como um forte
indício de que a indústria brasileira carece de capacidade tecnológica para competir
com os grandes players do comércio internacional. Desta forma, a indústria nacional
perde cada vez mais espaço na pauta exportadora e o País a cada ano limita mais a sua
participação no comércio exterior como um fornecedor de minério, alimento e petróleo,
ou seja, exportador de commodities.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do AliceWeb2 - Secex - Mdic
1º semestre
20061º semestre
2013Grupos Tecnológicos
0,82
0,19
0,08
0,05
0,12
0,19
0,33
0,62
0,30
0,22
0,33
0,39
1,65
0,26
0,20
0,41
0,18
0,46
0,71
2,33
0,53
0,92
0,86
1,01
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
5
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0
Taxa de Câmbio - Dólar comercial
2005
.01
2005
.06
2005
.11
2006
.04
2006
.09
2007
.02
2007
.07
2007
.12
2008
.05
2008
.10
2009
.03
2009
.08
2010
.01
2010
.06
2010
.11
2011
.04
2011
.09
2012
.02
2012
.07
2012
.12
2013
.05
R$/US$
mensal
6
4. Resultado do comércio internacional por intensidade tecnológica
3.1 – Alta intensidade tecnológica – No primeiro semestre de 2013, o grupo de alta
intensidade tecnológica foi responsável por um total exportado de aproximadamente
US$ 4,1 bilhões, resultado que representa uma queda de 12% em comparação ao primeiro
semestre de 2012.
O setor de aviação e aeroespacial foi responsável por exportar o equivalente a 50% do total
do grupo, ou seja, US$ 2 bilhões. Resultado que em comparação ao mesmo período do ano
anterior, significa uma retração de 17% nas exportações.
Apresentando um retrocesso, o setor farmacêutico que demonstrava uma alta nas
exportações ao longo dos últimos anos sofreu uma queda de 8% em comparação a 2012.
Sinalizando a tendência negativa, o total de exportações no período de 2013 foi
equivalente a US$ 968 milhões ante US$ 1,1 bilhão em 2012.
Somados, o setor farmacêutico e o de aviação representam 74% do total exportado pelos
setores classificados como de alta intensidade tecnológica. As importações neste grupo
contabilizaram US$ 21,4 bilhões, um crescimento de 5,7% em comparação ao primeiro
semestre de 2012.
O setor de equipamentos de telecomunicações foi responsável por um total de US$ 7,9
bilhões em importações, uma alta de 8,8% comparada ao mesmo período do ano anterior.
Com a queda das exportações neste setor e o aumento das importações, o déficit
apresentou um crescimento de 10%.
As compras internacionais no setor farmacêutico cresceram 12,5% em comparação ao
primeiro semestre de 2012, e totalizaram US$ 5 bilhões em importações até junho 2013.
Devido ao aumento das importações, o déficit neste setor aumentou em 18,9%, o que
resultou em um saldo negativo de US$ 4 bilhões.
O saldo comercial do grupo de alta tecnologia foi negativo e encerrou o semestre com um
déficit de US$ 17,3 bilhões, valor que comparado ao do primeiro semestre do ano anterior
apresentou um crescimento de 10,8%.
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
1º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013
-445,04
-4.031,72
-1.955,94
-7.509,60
-3.361,11
-17.303,41
-48,08
-3.391,16
-2.370,37
-6.826,34
-2.985,02
-15.620,98
-250,35
-3.079,09
-1.959,33
-6.775,61
-2.782,40
-14.846,78
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Alta tecnologia(milhões US$ FOB)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do AliceWeb2 - Secex - Mdic
7
3.2 – Média-alta intensidade tecnológica – A corrente de comércio gerada pelo grupo de
média-alta tecnologia é responsável pelo maior volume de comércio internacional
brasileiro. No primeiro semestre de 2013, a soma das exportações e importações foi de US$
67,1 bilhões, um crescimento de 4,8% em comparação ao primeiro semestre de 2012. Desse
total, US$ 18,8 bilhões foram em exportações - queda de 4,6% em comparação ao ano
anterior - e US$ 48,3 bilhões em importações - aumento de 8,9%. Desta forma, o déficit no
grupo foi de US$ 29,5 bilhões, o que representa um aumento de 19,8% em relação a 2012.
O setor químico registrou um déficit de US$ 11,8 bilhões, o que levou a um crescimento de
22,8% no saldo negativo. No semestre foram importados US$ 16,9 bilhões, sendo que
aproximadamente 25% foram relativos à importação de componentes relacionados à
agricultura.
O setor automobilístico como ocorre desde 2009 não consegue mais gerar superávits
comerciais. No primeiro semestre de 2013, o déficit do setor contabilizou US$ 4,5 bilhões,
resultado que comparado ao mesmo período de 2012 significou um aumento de 27,4%.
Máquinas e equipamentos elétricos, que nos últimos anos registrava uma queda no déficit
comercial, registrou um crescimento de 28,4% no primeiro semestre de 2013 e fechou o
período com saldo negativo de US$ 3,4 bilhões.
1º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013
-3.381,26
-4.545,00
-11.806,87
-582,13
-9.210,43
-29.525,68
-2.632,66
-3.566,41
-9.612,78
-783,76
-8.050,35
-24.645,97
-2.736,17
-3.239,59
-9.572,65
-735,66
-7.458,83
-23.742,90
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Média-alta tecnologia(milhões US$ FOB)
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
-46.829,09
-3.091,68
-40.266,94
7.061,39
-38.589,68
12.952,57
Alta + Média-alta tecnologia
Saldo Comercial
1º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013Saldo dos grupos tecnológicos(milhões US$ FOB)
A economia brasileira nos últimos anos carrega uma forte dependência do agronegócio,
em especial a cultura de soja e milho. Entretanto, essa robustez produtiva no setor agrícola
resulta numa maior dependência estrangeira em relação à produtos que sejam
empregados na produção agrícola. Em razão desta tendência, a importância da inovação
tecnológica como fator fundamentador da competitividade brasileira tem sido
negligenciada no País. O saldo dos grupos apresenta um Déficit Tecnológico que tem
crescido progressivamente nos grupos de maior conteúdo tecnológico.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do AliceWeb2 - Secex - Mdic
8
Anexo
1º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013Exportação
2.031,65
967,96
175,56
424,63
459,10
4.058,90
1.634,63
7.386,41
5.079,71
161,86
4.539,98
18.802,58
2.449,47
1.054,92
154,06
467,17
470,58
4.596,20
1.750,73
7.032,67
5.280,30
142,74
5.511,06
19.717,50
1.814,13
1.051,83
132,45
657,17
471,15
4.126,73
1.572,71
7.397,32
5.268,05
327,13
5.130,25
19.695,46
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Fonte: AliceWeb2 - Mdic
Alta + Média-alta tecnologia
TOTAL EXPORTADO
23.822,18
118.303,51
24.313,70
117.213,69
22.861,49
114.424,13
1º semestre
20111º semestre
20121º semestre
2013Importação
2.476,69
4.999,68
2.131,51
7.934,23
3.820,21
21.362,32
5.015,89
11.931,40
16.886,58
743,99
13.750,41
48.328,27
2.497,54
4.446,08
2.524,43
7.293,51
3.455,61
20.217,18
4.383,39
10.599,09
14.893,07
926,50
13.561,41
44.363,47
2.064,48
4.130,91
2.091,78
7.432,78
3.253,56
18.973,51
4.308,88
10.636,91
14.840,70
1.062,79
12.589,08
43.438,35
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Fonte: AliceWeb2 - Mdic
Alta + Média-alta tecnologia
TOTAL IMPORTADO
62.411,87
105.350,95
64.580,64
110.152,30
69.690,58
117.515,81
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º semestre de 2013
EDITORIAL
Coordenação
Roberto Nicolsky
Supervisão
Fernando Varella
Produção
André Leone Mitidieri
Projeto gráfico e editoração eletrônica
Ricardo Meirelles
Jessica Gama
Revisão:
Jessica Gama