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Déficit Habitacional - O Direito à Moradia por Luiz Fernando do Valle O Homem surgiu em nosso planeta há milhares de anos, e sempre precisou proteger-se contra as intempéries do clima. Primeiro sobre as árvores, por questão de segurança, ou em cavernas, depois em construções rústicas, tendas, choupanas, casas, castelos, palácios, prédios, e tantas outras formas de “residência” para atender as mais variadas necessidades. A visão do “lar” é antiga e sempre foi muito importante para as pessoas. É nele que guardamos nosso bem mais importante, a nossa família, além de ser onde moramos. A residência está ligada diretamente à idéia de proteção, espaço, segurança; é um bem de raiz. A moradia é, em resumo, o nosso porto seguro, e a sua aquisição representa uma das grandes conquistas de nossa vida. Para a maioria das pessoas poder adquirir a sua “casa própria” é muito mais que a realização de um negócio, é a concretização de um grande sonho. A compra da residência é considerada uma das prioridades entre os principais objetivos que buscamos em nossas vidas. A moradia própria é a certeza de que em qualquer situação nosso espaço estará garantido. Para estas pessoas, adquirir a sua residência é conquistar um status diferente de sua

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Page 1: Déficit Habitacional

Déficit Habitacional - O Direito à Moradiapor Luiz Fernando do Valle

O Homem surgiu em nosso planeta há milhares de anos, e sempre precisou proteger-se contra as intempéries do clima. Primeiro sobre as árvores, por questão de segurança, ou em cavernas, depois em construções rústicas, tendas, choupanas, casas, castelos, palácios, prédios, e tantas outras formas de “residência” para atender as mais variadas necessidades.

A visão do “lar” é antiga e sempre foi muito importante para as pessoas. É nele que guardamos nosso bem mais importante, a nossa família, além de ser onde moramos. A residência está ligada diretamente à idéia de proteção, espaço, segurança; é um bem de raiz. A moradia é, em resumo, o nosso porto seguro, e a sua aquisição representa uma das grandes conquistas de nossa vida.

Para a maioria das pessoas poder adquirir a sua “casa própria” é muito mais que a realização de um negócio, é a concretização de um grande sonho. A compra da residência é considerada uma das prioridades entre os principais objetivos que buscamos em nossas vidas.

A moradia própria é a certeza de que em qualquer situação nosso espaço estará garantido. Para estas pessoas, adquirir a sua residência é conquistar um status diferente de sua posição anterior. É como se essa residência lhe garantisse um atestado de que cumpriu com as expectativas dos seus familiares e grupo de relacionamento.

A falta de condições financeiras para que esse sonho se realize transformou-o em uma grande decepção e frustração. Hoje no Brasil já são mais de 8 milhões de famílias sem essas condições. Essas pessoas compõem o que chamamos de déficit habitacional, que é o número de habitações adequadas necessárias para atender a essa demanda.

O déficit habitacional está atrelado diretamente à capacidade financeira dos interessados em poder comprar as suas residências. Ele cresce à medida que aumentam as dificuldades para essas pessoas terem acesso ao financiamento, com as condições

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adequadas à sua renda familiar disponível. Ele depende, portanto, da diferença entre o salário líquido e o seu comprometimento com todas as suas necessidades básicas mensais. Para a análise de crédito, o importante é quanto por mês o interessado pode dispor para o pagamento da prestação do financiamento sem comprometer seus outros compromissos fixos já assumidos anteriormente.

Em um País como o nosso, onde milhões de pessoas têm renda familiar muito baixa e o custo do dinheiro é extremamente caro e difícil, cria-se essa situação de grande déficit habitacional com conseqüências danosas para toda a sociedade.

O perfil da pirâmide sócioeconômica do Brasil aponta que 33% das famílias têm renda familiar de até dois salários mínimos, sendo que 59% dos domicílios que estão no déficit por inadequação pertencem a essa mesma faixa de renda, e que 92% do déficit está concentrado nas famílias com renda de até cinco salários mínimos.

Esses números atestam que a faixa de renda mais baixa pode oferecer grandes oportunidades para investimentos, podendo, através de parcerias entre o poder público, empresas privadas e Caixa Econômica Federal, resolver uma parcela importante dessa falta de moradia econômica. Este problema deveria ser tratado de forma diferente da atual, em que a falta de coordenação entre as partes envolvidas leva a uma paralisia do processo e ao aumento constante desse déficit.

Recursos financeiros para atender a essa demanda existem e em quantidade suficiente para resolver o problema, já que os recursos provenientes do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, são destinados a essa finalidade. Em países como o México, um modelo semelhante (Infonavit) ao nosso produz mais de 750 mil residências por ano, número bem superior ao produzido no Brasil.

O problema da moradia popular é, antes de tudo, um problema político, pois envolve características de falta de vontade para se propor soluções que de fato resolvam em definitivo esse problema. O governo federal dispõem das condições necessárias, basta que se organize e queira fazer, com menos discurso e mais ação.A moradia é um item essencial para que as pessoas tenham a sua qualidade de vida preservada, pois a posse dela nos permite ter esperança em dias melhores.Em uma comunidade sustentável não há déficit habitacional, pois o direito à “casa própria” é inerente à nossa essência de buscar proteção e segurança. Seria importante que essas fossem também residências sustentáveis, pois aí os três aspectos: social, econômico e ecológico (veja o triângulo da sustentabilidade) estariam sendo atendidos e estaria sendo desenvolvida uma sociedade mais feliz e justa.

http://www.blograizes.com.br/deficit-habitacional-o-direito-a-moradia.html

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25/03/2009 - 09h43

Déficit habitacional no país é de 8 millhões de moradias e se concentra nas famílias com renda de até três salários mínimosDo UOL NotíciasEm Brasília

O déficit habitacional no país é de quase 8 milhões de moradias, de acordo com o Ministério das Cidades. Os últimos dados sobre o tema são de 2006 e têm como base a Pnad (pesquisa nacional por amostra de domicílios) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com números daquele mesmo ano.

A pesquisa da Fundação João Pinheiro, que serve como base para o Ministério das Cidades, aponta a falta de um total de 7.934.719 moradias, número correspondente a 14,5% dos domicílios do país (total é de 54.610.413, segundo o instituto). Separadas as áreas urbana e rural, o déficit é um pouco mais elevado nesta última, correspondendo a 16,1% do total de domicílios. Na área urbana, corresponde a 14,1%.

O infográfico abaixo mostra quantas moradias seriam necessárias para acabar com o déficit habitacional em cada Estado e cada região do país. As tabelas mostram o número de moradias e o que ele representa, em termos percentuais, do total de moradias em cada localidade. Em São Paulo, por exemplo, faltam quase 1,5 milhão de casas ou apartamentos para atender a carência da população. O número corresponde a 11,7% do total de 12,593 milhões de moradias existentes no Estado, segundo a pesquisa.

Veja quantas moradias faltam em cada Estado e a relação desse número com o total de domicílios permanentes

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O estudo separa as moradias em dois grupos: as que faltam para atender à população e aquelas consideradas inadequadas. Para definir o que é déficit habitacional, a pesquisa leva em conta vários indicadores, como coabitação familiar, ou seja, mais de uma família vivendo sob o mesmo teto, ou ainda o peso do aluguel na renda familiar, considerado em situação de famílias residentes em áreas urbanas, com renda média de até três salários mínimos, que está mais de 30% comprometida com o pagamento do aluguel. Também entram no cálculo de carência habitacional casas ou apartamentos alugados com adensamento excessivo, nos quais mora um número muito grande de pessoas.

No caso dos domicílios inadequados, a pesquisa leva em conta a carência de serviços como energia elétrica, abastecimento de água, rede de esgoto, falta de coleta de lixo e ainda a qualidade do material de cobertura das construções. Outro fator que caracteriza a residência como inadequada pelos pesquisadores é estar localizada em local indevido ou não ter banheiro.

A carência de infraestrutura foi verificada em mais de 11,2 milhões de moradias no país, que representam 24,1% dos domicílios urbanos. Percentualmente, o problema está mais presente nas regiões Norte, onde está presente em 56,4% das moradias, Centro-Oeste (51,4%), e Nordeste (40,8%).

Renda familiarO levantamento também aponta em qual parcela da população a carência habitacional é maior. Mais de 90% das famílias que demandam uma nova moradia têm renda média mensal de até três salários mínimos, o que justifica que as ações sejam voltadas para este segmento.

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Se forem consideradas as famílias da faixa de renda imediatamente superior, entre três e cinco salários mínimos, o grupo representa quase a totalidade do déficit habitacional do país nas áreas urbanas, de acordo com o estudo.

Na análise por regiões do país, a carência de moradia na parcela de renda menor (até R$ 1,3 mil) está mais presente na região Nordeste, onde corresponde a 95% do déficit habitacional. Na região Norte, o percentual é de 91,2%, no Sudeste, 89,9%. No Centro-Oeste, a concentração do déficit habitacional nas famílias com renda até três salários mínimos chega a 88,3% e no Sul, a 85,1%.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/03/25/ult5772u3355.jhtm

22/03/2010 às 20:04 | COMENTÁRIO (0)

Governo anuncia redução de déficit habitacional no PaísAgência Estado

O Ministério das Cidades aproveitou hoje a abertura do 5.º Fórum Urbano Mundial, no Rio, para anunciar uma redução do déficit habitacional brasileiro estimado para 2008. Elaborado pela Fundação João Pinheiro, o estudo aponta déficit de 5,8 milhões de domicílios no País, ante 6,3 milhões em 2007.

Ao anunciar o resultado, o ministro das Cidades, Marcio Fortes, citou dois programas do governo federal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida. Ele afirmou que "o Brasil está atacando o déficit habitacional e as condições de moradia estão melhorando".

Dos 5,8 milhões de domicílios apontados no estudo, a maioria (82%) está localizada em áreas urbanas. As principais regiões metropolitanas do País abrigam 1,6 milhão desses domicílios, o que representa 27% da carência habitacional. O déficit representa 10,1% do estoque de domicílios do País. A análise por renda mostra que o déficit está concentrado na faixa de até 3 salários mínimos (89,2%) e na de três a cinco salários mínimos (7%).

A metodologia elaborada pela fundação e adotada pelo Ministério se baseia em um "conceito amplo de necessidades" que engloba tanto o déficit habitacional quantitativo (por incremento ou reposição do estoque de moradias) como o déficit por inadequação (deficiências na qualidade de vida de seus moradores, como infraestrutura inadequada). Em termos absolutos, o mesmo estudo já havia apontado uma redução do déficit habitacional em 2007, na comparação com 2006, quando ele foi estimado em 7,9 milhões de domicílios.

http://www.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=2182708

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

MORADIA – DÉFICIT – Estudo mostra que déficit habitacional vai aumentar

Um estudo da Fundação Getulio Vargas mostra que o déficit habitacional do país, que hoje é de 6 milhões de unidades, deverá chegar a 28 milhões em 2020.

Com dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística, os pesquisadores afirmam que 21 milhões de famílias vão se somar às atuais 6 milhões que vivem sem casa nos dias de hoje, isso até o referido ano de 2020.

A causa disso é que o déficit se acumula mais rapidamente do que são feitos os investimentos em novas moradias para famílias de baixa renda.

Ao mesmo tempo, segundo o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Marco Fernandes, o déficit habitacional brasileiro hoje é idêntico à oferta de moradias abandonadas.

Se há 6 milhões de famílias precisando de casa, as cidades têm 6 milhões de unidades habitacionais sem uso.

. “São as casas vazias, os prédios abandonados nos centros das grandes cidades. O que mostra a contradição do capitalismo brasileiro. De um lado um déficit de seis milhões, por outro lado seis milhões de unidades vazias”, diz ele.

http://praticaradical.blogspot.com/2008/02/moradia-dficit-estudo-mostra-que-dficit.html

Ministro anuncia novo déficit habitacional durante FUM522/03/2010

Foto: Rodrigo Nunes/MCidades

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O ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida, anunciou nesta segunda-feira (22), durante o Fórum Urbano Mundial 5 no Rio de Janeiro, a redução do déficit habitacional brasileiro para 5,8 milhões de domicílios. O estudo elaborado pela Fundação João Pinheiro, com ano referência em 2008, aponta diminuição com relação ao indicador em 2007, de 6,3 milhões.

Clique aqui para acessar as fotos do evento.

Em entrevista coletiva Marcio Fortes afirmou que “o Brasil está atacando o déficit habitacional e as condições de moradia estão melhorando”. Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desde 2007, foram investidos cerca de 12 bilhões de dólares em urbanização de favelas. A partir de 2009, o programa Minha Casa, Minha Vida está possibilitando a construção de um milhão de moradias. Para o PAC 2, conforme adiantado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mais dois milhões de casas terão aporte.

O novo indicador do déficit habitacional estimado é de 5,8 milhões de domicílios, dos quais 82% estão localizados nas áreas urbanas. As principais áreas metropolitanas do país abrigam 1,6 milhão de domicílios representando 27% das carências habitacionais do país. Em relação ao total dos domicílios, o déficit representa 10,1% do país, sendo 9,7% nas áreas urbanas e 11,9% nas rurais.

Seguindo uma tendência de diminuição com base nos estudos realizados em 2007, no qual o déficit habitacional era de 6,3 milhões, os números apontam uma redução de cerca de 476 mil unidades no déficit habitacional, sendo 250 mil nas regiões metropolitanas.

Os estudos sobre o déficit habitacional no Brasil utilizam a metodologia originalmente elaborada pela Fundação João Pinheiro, adotada oficialmente pelo Ministério das Cidades e referência nacional entre os estudiosos da questão habitacional.

A metodologia se baseia em um conceito amplo de necessidades habitacionais que engloba tanto o déficit habitacional (domicílios que demandam incremento e reposição do estoque de moradias), como o déficit por inadequação (o conjunto de domicílios com especificidades que condicionam deficiências na qualidade de vida de seus moradores).

Sempre que possível essa metodologia tem sido aprimorada com o objetivo de melhor retratar a situação do setor no país nesse sentido, destaca-se, a partir do cálculo dos indicadores para 2007, a introdução de duas perguntas específicas no questionário da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad), que qualificam as informações sobre a coabitação familiar, permitindo identificar, entre o total das famílias conviventes, aquelas que efetivamente desejam constituir um domicílio exclusivo. Essas alterações propiciaram, indiscutivelmente, um substantivo avanço metodológico.

http://www.cidades.gov.br/noticias/ministro-anuncia-novo-deficit-habitacional-de-5-8-durante-fum5/

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Minha Casa, Minha Vida: um programa contra o déficit habitacionalO Brasil só conheceu política habitacional a partir de 1940, no governo Getúlio Vargas. As tentativas que se seguiram foram marcadas por modelos estanques, a exemplo do Banco Nacional de Habitação (BNH) e das Companhias de Habitação (Cohabs). O Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), do Governo Lula, é visto com “bons olhos” pelo professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Márcio Buzar.Ele aponta a aprovação do Estatuto das Cidades e a criação do Ministério das Cidades como dois importantes instrumentos para garantir o planejamento dos centros urbanos e, principalmente, impedir que os municípios cresçam acima de um milhão de habitantes, o que produz problemas incontornáveis.

O programa MCMV, que incentiva a construção de habitação de interesse social, adota vários instrumentos para garantir o seu êxito, ou seja, a minimização do problema de déficit habitacional no Brasil, que é histórico e gigantesco. “O principal (instrumento) é o financiamento com juros reduzidos a 6% ao ano, que é mais ou menos o que dá para a classe baixa suportar”, destaca Buzar, defendendo a tese de que os juros podem baixar ainda mais.

“Tem que fazer gestões junto à Caixa para baixar mais os juros, para utilizar os recursos do FGTS em maior quantidade, que é mesmo para aplicar na habitação”, propõe o professor.

Outro mecanismo importante utilizado no programa é a desburocratização. “O Feirão da Caixa é um sucesso”, diz o professor, lembrando um garoto-propaganda da instituição. Ele ri com a comparação e explica: “Inclui toda a cadeia – cartório, construtora e o banco. São vários estímulos, está mais fácil comprar de fato, principalmente com relação aos juros, que anteriormente inviabilizavam o pagamento”, anuncia.

Solução econômica e social

“E aquece a economia, porque a construção civil é um dos setores que mais emprega”, complementa. Por sinal, ele usa esse argumento para defender a manutenção do programa mesmo com a mudança de governo, considerando as eleições presidenciais deste ano.

“Tem que ser política de Estado e não de governo para garantir a continuidade”, afirma, destacando que “a habitação provou que, além de amenizar o conflito social, contribui para aquecer economia e como a maioria dos dirigentes olha mais o lado da economia, isso representa um indicativo de que pode continuar.”

Lula investe seis vezes mais que FHC

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Ele diz que os recursos aplicados no Programa MCMV, em dois anos de execução, chegam a ser cinco ou seis vezes maiores do que os gastos no setor nos sete, oito anos do Governo de Fernando Henrique Cardoso.

Outro lado positivo do Programa, além de criar espaço para gerar trabalho e movimentar a economia, é que a Caixa exerce fiscalização nas construções, exigindo das empresas cadastradas o cumprimento das normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). “E a Caixa faz isso também por interesse, porque sabe que o imóvel volta para ela se a pessoa não pagar”, explica.

O professor Buzar destaca ainda, como outra grande vantagem do programa, as condições adequadas de moradia que representam essas construções. “É positivo (o Programa) também sob o ponto de vista da saúde. Mesmo que não tenha esgotamento sanitário, tem fossas sépticas, que são obrigatórias, e, dependendo da quantidade de unidades, essas exigências vão aumentando.”

Na opinião de Buzar, um problema que persiste é o da localização. “Os terrenos mais baratos estão mais afastados, portanto persiste o problema de deslocamento para o trabalho.” E lança mão do exemplo de Brasília, lembrando que 80% dos empregos estão concentrados no Plano Piloto.

“A solução é o governo descentralizar as áreas de trabalho e outra alternativa é melhorar os transportes, que devem ser de massa e com integração - metrô, ônibus e outros meios - para viabilizar o acesso”, sugere.

Problemas do crescimento

Buzar, defensor da tese de que as cidades não devem crescer, alerta que cidades com mais de um milhão de habitantes produzem problemas - com a ocupação de áreas de proteção ambiental e lixões - que impedem o desenvolvimento sustentável. “O que se defende é que as cidades não podem passar de um milhão de habitantes, acima disso surgem problemas que não podem ser contornados. No Brasil esse número está em torno de 20 a 30 cidades no universo de cinco mil municípios. Para conter o crescimento das cidades, deve-se praticar a descentralização”, avisa.

E aponta como exemplo de crescimento desordenado a cidade de São Paulo, que é responsável por cerca de 20% de toda a produção do Brasil. Por isso, ele considera acertada a decisão do Governo Lula de construir siderúrgicas em outros estados. Ele explica que cidades que não têm indústrias e nem empresas ficam estagnadas, enquanto umas poucas cidades concentram toda a produção e os consequentes problemas.

“Existe a situação gravitacional das indústrias secundárias e terciárias”, destaca, o que contribui para um crescimento desordenado de cidades como São Paulo. “(O Brasil) Tem tanta terra, não precisa ter cidades adensadas”, afirma o professor.

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E diz que a questão política é responsável pela falta de planejamento que permite ocupações irregulares nas cidades. E mais uma vez lança mão do exemplo de Brasília. “Brasília é o maior exemplo de ocupação irregular, porque era tudo terra da União, era espaço reservado para ocupações futuras”, diz, destacando que as ocupações, que ocorreram por parte da classe baixa e média, foram incentivadas por muitos governos. “Incentivaram e enriqueceram em cima dessas invasões”, denuncia.

No caso de Rio de Janeiro, que vivenciou problemas de desmoronamentos no último período chuvoso, a questão também é política, analisa o professor. “As áreas livres da cidade são lixões, proteção de meio ambiente e são invadidas para fazer habitação, o que não resolve o problema (de moradia) e cria dois, três problemas a mais”, explica Buzar, dizendo que tem que ter fiscalização.

“O estado é quem tinha que fiscalizar, mas essas invasões “correm solto”, como as ocupações de área de preservação, que vão criar um sério problema de abastecimento de água no futuro”, diz ele. A ocupação das fontes e cabeceiras de rios – tornando as áreas impermeáveis e poluídas - vai criar problema sério de água. Estudos demonstram que em 40 anos Brasília não terá onde buscar água para se abastecer. Recife (PE) e São Luís (MA) são cidades que já têm que buscar água em distâncias de mais de 100 quilômetros, o que eleva o custo e aumenta a conta da água do consumidor.

Começo de tudo

Como não podia deixar de ser, o professor começou a entrevista fazendo um levantamento do problema habitacional no Brasil, o que nos levou ao período dos cortiços. “O problema habitacional do Brasil vem do século 19, com os cortiços. Havia concentração urbana com o êxodo rural, mas não havia política habitacional. Os trabalhadores queriam morar próximo ao trabalho, mas as áreas eram as mais caras.”

O Cortiço, retratado no romance do mesmo nome de autoria de Aluísio de Azevedo publicado em 1890, é precursor das favelas. Os quartos e outros compartimentos de grandes casarões eram loteados entre várias famílias, em geral famílias numerosas, migrantes do Nordeste que iam ‘tentar a vida’ nas grandes cidades.

Até a década de 1940 o Brasil viveu esse problema sem política habitacional. No Governo de Getúlio Vargas, começou-se a discutir o assunto, mas já com várias dificuldades, lembra Buzar, citando os exemplos de criação do Banco Nacional de Habitação (BNH) e das Companhias de Habitação (Cohabs).

Segundo ele, o modelo financeiro da época inviabilizou a política habitacional. Hoje você sabe o valor da primeira e da última prestação. Antigamente, você tinha aumento de 5% no salário e de até 50% na prestação, diz, lembrando que esse problema persistiu mesmo com o fim do BNH e a transferência da responsabilidade de financiamento da casa própria para a Caixa Econômica com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), apontado como exemplo mais permanente de política habitacional.

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“A Caixa tem interesses, como qualquer banco comercial, de manter seus ativos e lucratividade. E esse foi o problema ao longo dos anos. O banco mantinha mais o financiamento da classe média porque os juros eram altos – de 10 a 12% ao ano. Em 25 anos, você pagava 400 mil por um imóvel que custava 50 mil”, conta Buzar. E não tinha o SAC, que é o sistema de amortização. Os juros baixos e o SAC são apontados como as vantagens do programa de financiamento atual – o MCMV.

Para o professor Buzar, é importante destacar também, como componentes importantes no planejamento das cidades, o Estatuto da Cidade e o Ministério das Cidades. Ele se derrama em elogios aos dois, destacando que somente com planejamento é possível fazer crescer as cidades, evitando problemas futuros.

“O Estatuto trata de todas as questões das cidades, como ela deve crescer e quais os instrumentos para a sustentabilidade do crescimento. O Ministério das Cidades vem para emplacar essas orientações”, explica. “Hoje os municípios têm que ter plano diretor para garantir espaço para área industrial, residencial, comércio, de preservação ambiental; e para acessar recursos do governo federal, o que é uma forma de organizar.”

Buzar, que também defende a permanência do Ministério na estrutura de governo, diz que ele organiza o programa completo para as cidades com planejamento das fases das intervenções e a distribuição de verbas para os municípios. Segundo ele, com isso está superada a fase em que se fazia o asfalto e no dia seguinte quebrava o asfalto para fazer esgotamento. “Jogava-se dinheiro fora”, diz, lamentando que seja “um pouco tarde para cidades como Rio e São Paulo, que já não permitem o planejamento.”

De Brasília, Márcia Xavier

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=130392&id_secao=1

Déficit habitacional no Paraná

O Paraná, de acordo com dados do censo de 2000, tem 2.672.180 domicílios particulares permanentes. O déficit habitacional absoluto, segundo a Fundação João Pinheiro (MG), é de 260.648 domicílios (229.069 urbanos - 31.579 rurais). O déficit relativo do estado é de 9,8%.

Participação dos componentes do déficit habitacional no Paraná53,8% - Coabitação familiar25,2% - Ônus excessivo com aluguel19,6% - Habitação precária

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1,4%- Reposição por depreciação

Déficit habitacional no Paraná, conforme faixa de rendaRenda mensal de até 3 salários mínimos – 85,4%De 3 a 5 s.m. – 8,2%De 5 a 10 s.m. – 3,9%Mais de 10 s.m. – 1,2%

Fonte: Fundação João Pinheiro (MG)

Contrapartidas municipais

Para viabilizar a construção de moradias no município, a prefeitura deve doar à Cohapar a área necessária para a construção do empreendimento, previamente vistoriada e aprovada pela Cohapar e o agente financeiro. A prefeitura deve também providenciar a aprovação dos projetos e executar os serviços de infra-estrutura: abertura de ruas, ensaibramento e/ou cascalhamento, demarcação dos lotes, rede de água e energia elétrica, iluminação pública, rede de esgoto e de drenagem.

Outras contrapartidas municipais são: a concessão de isenção de taxas e impostos municipais, incluindo Alvará e Habite-se e orientar e auxiliar os beneficiários na providência dos documentos pessoais necessários para a formalização dos contratos e destinar um técnico social para, em conjunto com a Cohapar, dar atendimento à população envolvida.

A prefeitura deve também desenvolver atividades comunitárias junto aos futuros moradores, auxiliar na inserção das famílias no mercado de trabalho e garantir a segurança dos materiais e do empreendimento no período de obra.http://www.cohapar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=7#http://www.cohapar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=45

Déficit habitacional do PR cairá 14%

Programa do governo federal prevê a construção de 44 mil moradias no estado

Publicado em 27/03/2009 | Themys Cabral - Colaborou Aline Peres

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Novo pacote da habitação do governo federal vai reduzir em 14% o déficit habitacional no Paraná, que hoje é de 314,2 mil moradias. Em Curitiba, o programa vai diminuir o déficit habitacional de 50 mil casas em 24%. As 44 mil habitações destinadas ao Paraná pelo Minha Casa, Minha Vida equivalem a mesma quantidade de casas e regularizações fundiárias feitas pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) em seis anos de trabalho. O programa, que entra em funcionamento a partir do dia 13 de abril, traz, ainda, uma peculiaridade: medidas que contemplam a classe média.

O programa, orçado em R$ 34 bilhões, beneficiará famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 4.650). De 1 milhão de casas que serão feitas em todo o país (14% do déficit nacional), 400 mil serão destinadas a famílias com renda de até três salários mínimos, 200 mil para aquelas com renda entre três e quatro salários, 200 mil para aquelas com renda entre quatro e seis salários e outras 200 mil para famílias com renda entre 6 e 10 salários. No Paraná, segundo a Cohapar, ainda não há definição das destinação em relação a cada faixa salarial da 44 mil habitações previstas.

Saiba mais Saiba mais sobre o programa habitacional

Plano prevê urbanização dos terrenos

RIO DE JANEIRO - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que o programa de habitação lançado na quarta-feira pelo governo prevê a construção da infraestrutura de água e esgoto nos terrenos onde serão erguidas as casas. Em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, Dilma descartou a criação pelo programa de guetos sem urbanização, já que os terrenos mais baratos estão na periferia.

“Esse programa financia desde a compra do terreno à construção da infraestrutura de água e esgoto”, explica. “Dá também condições para que se coloque luz elétrica.”

A ministra afirmou que uma das soluções possíveis para evitar a criação de guetos é a utilização de terrenos públicos. Dilma cobrou também esforço das empresas. “É um esforço conjunto, porque as empresas também têm seus bancos de terrenos”, sugere.

Dilma também disse que, apesar de o governo ter definido que a prestação da casa financiada pelo programa não poderia ser menor do que R$ 50, esse valor poderá ser flexibilizado no caso de famílias mais pobres. Segundo ela, o governo não quer que as pessoas de baixa renda comprometam mais de 10% da sua renda.

Agência O Globo

Financiamento tem limite maior

BRASÍLIA - O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou ontem o aumento do valor máximo dos imóveis que podem ser financiados dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 350 mil para R$ 500 mil. O CMN também elevou o porcentual máximo a ser financiado, de 70% para 90%. Com isso, os valores financiados subiram de R$ 245 mil para R$ 450 mil. De acordo com o conselho, essas são “medidas complementares para estimular a construção civil e mitigar os efeitos da crise internacional sobre o setor’’.

Folhapress

De acordo com a secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, na faixa até três salários mínimos, a prioridade de destinação das moradias populares – de 35 e 42 metros quadrados – será decidida pelas companhias de habitação municipais, estaduais e prefeituras. Em Curitiba, segundo a Companhia de Habitação (Cohab), há, hoje, 50 mil pessoas na fila da habitação. Até 2010, a Cohab deve reduzir o déficit para 40 mil, com programas já em andamento. Restaria ainda um déficit de 20 mil moradias, das quais 12 mil serão supridas pelo novo programa do governo federal. “Doze mil já estão certas, mas pretendemos aumentar para 20 mil moradias em Curitiba, pois o governo disse

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que os municípios que oferecerem mais incentivos podem ampliar o número”, diz o presidente da Cohab, Mounir Chaowiche.

Segundo Inês, as famílias com renda mensal entre 3 e 10 salários mínimos poderão procurar diretamente, a partir do dia 13, as agências bancárias de instituições que trabalhem com financiamento com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “A pessoa escolhe o imóvel e vai direto ao banco ver a sua capacidade de crédito”, explica. No Paraná, porém, Cohapar e Cohab prometem atender também famílias de outras faixas salariais.

O diferencial do Minha Casa, Minha Vida é a oferta de uma série de benefícios, como subsídios, juros reduzidos, diminuição de custos cartoriais, redução de custos de seguro e fundo garantidor das prestações para quem perder emprego, entre outros. “Esse programa é um estratégia para, de um lado, diminuir o déficit habitacional, por outro, combater a crise, pois traz um ingestão de recursos nas cadeias produtivas. Por isso, só fazem parte do programa imóveis novos”, explica Inês.

Com casamento marcado para abril de 2010, a estudante de Direito Fernanda Rodrigues Santana, de 23 anos, e o noivo, o gerente de infraestrutura Thiago Dedecek, 30, começaram a procurar um apartamento em janeiro. “Quando soube do programa, vi que nos enquadramos na faixa de renda estipulada. Só assim para termos a casa própria”, diz.

Na próxima quarta-feira, instruções normativas do Minha Casa, Minha Vida devem ser divulgadas pela Caixa Econômica Federal. No dia 3, a Cohapar deve fazer uma reunião com os prefeitos das cidades beneficiadas no Paraná: Curitiba e região, Londrina e região, Maringá e região, Cascavel e região, Arapongas, Apucarana, Ponta Grossa, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Toledo e Paranaguá. “Já pedimos para os prefeitos levantarem o rol de terrenos disponíveis em suas cidades”, disse o presidente da Cohapar, Rafael Greca.

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=871414&tit=Deficit-habitacional-do-PR-caira-14

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Notícias  20/06/2010  0 comentário(s)

Projeto do departamento de Ciências Sociais analisa os movimentos sociais que lutam por moradia "Com as políticas neoliberais se agravou a questão do desemprego e em conseqüência aumentou o déficit de moradia", afirma o cientista político Eliel Ribeiro Machado

Edição: Fernanda CavassanaPauta: Edson VitorettiReportagem: Beatriz Bevilaqua

Segundo o Ministério das Cidades, o novo indicador do déficit habitacional brasileiro é estimado em 5,8 milhões de domicílios, dos quais 82% estão localizados nas áreas urbanas. As principais áreas metropolitanas do país abrigam 1,6 milhão de domicílios representando 27% das carências habitacionais do país.

A falta de moradia é um problema crônico nas grandes cidades. Segundo dados do

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IBGE, mais de 80% dos municípios nacionais têm cadastros de famílias interessadas em programas habitacionais. Nos anos 90, movimentos sociais se organizaram em torno da questão do acesso à habitação. Com o foco nessa área, o professor doutor Eliel Ribeiro Machado orienta o projeto de pesquisa "Organização política e composição social dos sem teto em São Paulo", desenvolvido pela estudante de Ciências Sociais Taynara Freitas Batista de souza.

O doutor Eliel Ribeiro Machado é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutor em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, e explica que a pesquisa se preocupa em mostrar como movimentos sociais ( como os Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto e o Movimento Sem Teto do Centro) se organizam. Por exemplo: as bandeiras em torno das quais se agrupam, seus líderes, o modo como são tomadas as decisões, os significados das suas ações e os objetivos das pessoas que estão no movimento. "O projeto não trata somente da questão habitacional" acrescenta.

Dados do Atlas Fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de 2006 revelam a concentração de terra no Brasil. De acordo com o Atlas, cerca de 3% do total das propriedades rurais do país são latifúndios, ou seja, possuem mais de mil hectares e ocupam 56,7% das terras agriculturáveis.

Para o professor Doutor Eliel Ribeiro Machado, a migração em massa dos trabalhadores do campo para as cidades foi conseqüência de políticas de concentração de terra adotadas no país nos anos 60 e 70. O doutor também faz crítica às políticas neoliberais. "Com as políticas neoliberais, agravou-se a questão do desemprego e, em conseqüência, aumentou o déficit de moradia", afirma.

Com tanta desigualdade social e discrepância fundiária, surgem movimentos de luta por moradia e de resistências às políticas neoliberais favoráveis à acumulação do capital, é o que revela o projeto da discente Taynara Freitas Batista de Souza.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu, no final da década de 90, com o compromisso de lutar, ao lado dos excluídos urbanos, contra a lógica perversa das

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metrópoles brasileiras: sobram terra e habitações, falta moradia.

Um dos movimentos que Taynara de Souza pesquisa é uma espécie de braço urbano do MST, já que eles têm muita proximidade política ideológica. O método de pesquisa que a estudante se baseia é por meio de autores que contribuem para o entendimento do processo de urbanização capitalista e das formas de organização das classes trabalhadoras. Alguns dos autores que ela se baseia são Décio Saes, George Rudé, Friedrich Engels, Antonio Gramsci, Rosa Luxemburgo e Lênin.

Além disso, a pesquisadora também utiliza material disponível em monografias, artigos científicos, teses, dissertações, sites da internet de diversos movimentos urbanos e entrevistas de lideranças, militantes comuns e a base dessas organizações.

Legenda da foto: Eliel Ribeiro Machado, orientador do projeto de pesquisa "Organização política e composição social dos sem teto em São Paulo".Crédito da foto: Antonio Ozaí da Silva

Deficit habitacional caiu 8%, diz governoRate This

Fonte: Folha de São Paulo

O Ministério das Cidades anunciou ontem, no 5º Fórum Urbano Mundial, que acontece no Rio nesta semana, que de 2007 para 2008 o deficit habitacional no Brasil foi reduzido de 6,3 milhões para 5,8 milhões de domicílios -queda de 8%. No entanto, houve piora no indicador que mede o total de moradias com infraestrutura inadequada, que aumentou em 500 mil, chegando a 11 milhões de unidades, ou 22% dos domicílios urbanos.

A moradia é considerada inadequada quando há problema de acesso a pelo menos um dos seguintes serviços básicos: iluminação elétrica, abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo.

A secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, disse que o governo analisa o que levou ao avanço de moradias com infraestrutura inadequada.

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Uma das hipóteses é que tenha havido um crescimento no número de domicílios -daí a redução do deficit-, mas que eles podem estar em áreas com infraestrutura inadequada. Basta não atender a um dos critérios de adequação para ser considerado inadequado.

Os cálculos foram feitos a partir de dados do IBGE pela Fundação João Pinheiro, vinculada ao governo de Minas Gerais. Os itens que mais contribuem para o deficit são o ônus excessivo com aluguel (40,4%) e famílias vivendo no mesmo domicílio (39,6%).

Em 2007, houve mudança na metodologia de cálculo desse último indicador, após críticas de vários especialistas de que os dados usados pelo ministério superestimavam o deficit por incluir toda família que coabitava numa residência com outra no cálculo do deficit.

Para o IBGE, por exemplo, se um casal abriga filhos e netos na mesma casa, considera-se que são duas famílias num mesmo domicílio. No entanto, em muitos casos, essa coabitação pode acontecer por opção, e não por necessidade.

Por isso, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, foi incluída uma pergunta específica sobre a vontade de famílias coabitando de viverem juntas ou não. A mudança metodológica resultou na queda do deficit em 1 milhão de residências. Pelos critérios antigos para 2007, seriam 7,3 milhões. Pelos novos, 6,3 para aquele ano.

Usando a metodologia antiga, o país já havia registrado queda de 2006 para 2007. A razão mais comum apontada por especialistas foi a melhoria da renda, especialmente nas classes de menor nível socioeconômico, o que tem impacto direto na redução do gasto com aluguel ou na possibilidade de compra de um imóvel.

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