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III Congresso Consad de Gestão Pública MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO PNAGE/RN Anna Cláudia dos Santos Nobre

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III Congresso Consad de Gestão Pública

MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO

PNAGE/RN

Anna Cláudia dos Santos Nobre

Painel 31/121 Botando a máquina para funcionar: PNAGE em ação

MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO PNAGE/RN

Anna Cláudia dos Santos Nobre

RESUMO Este trabalho tem como objetivo principal fazer relato da experiência do Rio Grande do Norte na condução do Projeto inserido no Programa Nacional de Apoio a Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito Federal (PNAGE). Após uma breve contextualização do Estado e da Gestão Pública com a criação do PNAGE/RN, são descritas as áreas de atuação e respectivos produtos. O trabalho também contempla o detalhamento da estrutura da SEARH e UCE-PNAGE/RN (órgãos responsáveis pela execução do PNAGE/RN); as estratégias adotadas, destacando a ambientação da SEARH – com conceitos de integração e ergonomia – e as modalidades de aquisições/contratação utilizadas. Também é detalhada a destinação dos recursos financeiros do projeto e as dificuldades na sua execução. Trata-se de um estudo de caso realizado através de pesquisa de relatórios, documentos e entrevistas com os gestores do projeto. O trabalho finaliza com uma série de sugestões que podem servir para orientar gestores de projetos de modernização. Palavras-chave: PNAGE. Gestão de projeto. Rio Grande do Norte. Brasil.

SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................... 03

1.1 O Estado do Rio Grande do Norte....................................................................... 03

1.2 A Gestão Pública no RN com o PNAGE.............................................................. 04

2 OBJETIVOS............................................................................................................ 07

3 METODOLOGIA..................................................................................................... 08

4 A ESTRUTURA DA SEARH E DA UCE-PNAGE/RN............................................. 09

5 PRIMEIRO PASSO: AMBIÊNCIA FÍSICA DA SEARH........................................... 14

5.1 Ergonomia............................................................................................................ 16

6 PASSO SEGUINTE: CONTRATAÇÕES................................................................ 18

7 RECURSOS DO PNAGE/RN.................................................................................. 21

8 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO PNAGE.................................................. 24

9 LIÇÕES APRENDIDAS, SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.................. 26

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 28

3

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 O Estado do Rio Grande do Norte

O Estado do Rio Grande do Norte, situado na região Nordeste do Brasil,

apresenta uma extensão territorial de 53.077,3 km², ou seja, 0,62% do território

nacional. Sua população é de 2.776.782 habitantes, segundo o Censo Demográfico

de 2000, sendo 712.317 habitantes na capital – Natal. Possui uma faixa litorânea de

410 km que serve para o incremento do turismo, uma das principais atividades

econômicas da região.

Localizado em uma das esquinas da América do Sul, o RN possui

temperatura média em torno de 27°C e sua capital foi considerada pela NASA/INPE

como a cidade de melhor qualidade de ar da América Latina e tem um IDH de 0,738

ocupando o 3º lugar do nordeste (SEPLAN; 2002).

Embora grande parte do território do RN esteja localizada no semi-árido,

há áreas para o cultivo de produtos agrícolas pelo sistema de irrigação, onde se

destaca a produção de melão. Na pecuária, é crescente a participação da

caprinovinocultura no rebanho estadual devido à fácil adaptação dessa atividade às

condições climáticas da região. A criação de camarão em cativeiro também é uma

atividade significante para a economia do Estado, que dispõe de excelentes

condições para o cultivo.

Na indústria extrativa, a produção de sal marinho supera os 90% da oferta

nacional. Sobressai-se também na produção de gás natural, que atualmente vem

sendo aproveitado pelo setor industrial e automotivo. Entre as atividades fabris, a

indústria têxtil tem se expandido através da ampliação, modernização e implantação

de novas empresas (SEPLAN; 2002). Em 2009 o Produto Interno Bruto (PIB) do RN

totalizou R$ 7,6 bilhões, representando um crescimento de 3,21% e superando os

índices alcançados pelo Nordeste (2,25%) e Brasil (1,79%). O PIB per capita de R$

2.757,00 foi superior à média do Nordeste (R$ 2.671,00).

4

1.2 A Gestão Pública no RN com o PNAGE

O Governo Federal Brasileiro iniciou ações do Programa Nacional de

Apoio a Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito

Federal (PNAGE) em função de uma demanda dos Secretários Estaduais de Gestão

e de Planejamento que, ao perceberem a modernização ocorrida nas áreas fiscais

estaduais, através do PNAFE1, demonstraram a necessidade de modernizar também

suas áreas de atuação (planejamento e gestão).

Atendendo solicitação de tais Secretários, o Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão (MPOG) entrou em contato com o Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID) para realizar diagnóstico das gestões públicas estaduais. Tal

diagnóstico foi realizado em 2003 e contou com apoio de equipes estaduais para

elaboração dos projetos de cada Unidade da Federação – Estados e Distrito Federal

(PNAGE; 2008, MPOG-BRASIL; 2008). A metodologia baseou-se em entrevistas e

questionários. No RN, foram realizadas entrevistas com 25 gestores, incluindo

Secretários de Estado, Diretores de Escolas e Hospitais, Presidentes de Sindicatos,

dentre outros. Tais entrevistas foram realizadas por técnicos contratados pelo

Ministério e seguiram um roteiro padrão que levantava dados e opiniões sobre as

mais diversas áreas de atuação do governo.

Já a resposta do questionário foi coordenada pela equipes estaduais. O

instrumento conteve 259 perguntas divididas em 10 módulos, a saber: Dimensão do

Estado (recursos, tamanho e funções do governo estadual); Estrutura Administrativa;

Recursos Humanos; Sistema de Planejamento; Tecnologia de Gestão;

Normatização e Controle; Gestão e Políticas Públicas; Sistemas de Informação;

Prestação de Serviços Públicos e Atendimento ao Cidadão; Redes Democráticas de

Governança. No caso do Rio Grande do Norte, o trabalho foi conduzido por técnicos

da Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças e apresentou um índice de

100% das perguntas do questionário respondidas.

Nos momentos seguintes, os especialistas do BID realizaram a avaliação

do diagnóstico em 27 Unidades da Federação (Estados e o Distrito Federal) e

elaboraram o marco lógico do programa, que foi construído para todas as Unidades

da Federação. A fase seguinte do programa resultou na construção dos projetos

estaduais pelas equipes estaduais com apoio de especialistas do BID e MPOG. Os

projetos estaduais foram detalhados nas seguintes partes:

1 Programa Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros (PNAFE; 2008)

5

� Marco de referência (antecedentes, missão, visão, diretrizes, resumo

de problemas e soluções; avanços alcançados);

� Marco operacional (produtos, metas, indicadores, atividades e custos

relacionados por categoria de investimento – capacitação, consultoria,

equipamentos e sistema de TI, material de apoio, obras e instalações

físicas – além de cronogramas físico, financeiro e de desembolso de

cada fonte – BID e Tesouro Estadual);

� Marco estratégico (objetivo, meta, indicador e pressupostos geral do

programa e de cada componente);

� Marco execução – composição e atribuições da Unidade de

Coordenação Estadual do Projeto (UCE).

O Projeto PNAGE/RN foi concebido de forma articulada e participativa.

Todas as áreas que apresentaram carência no diagnóstico foram contempladas com

soluções que atendiam totalmente ou parcialmente a demanda. Algumas questões

levantadas não puderam ser tratadas na totalidade devido ao valor limitado de

recursos que foi destinado ao Estado, num montante de dois milhões e trezentos mil

dólares. Desta forma, a partir de oficinas com técnicos das áreas, o projeto foi

estruturado e detalhado nas áreas de atuação, indicadores, metas, categorias de

investimento e cronograma de execução.

Durante a elaboração do projeto, a Direção Nacional do Programa

(DNP/MPOG) apontou para a possibilidade de aquisições e contratações de forma

compartilhada e orientou que os valores destinados a tais produtos fossem

reduzidos, o que demonstrou, mais tarde, ser uma orientação equivocada, pois a

viabilidade jurídica para tais atitudes foi percebida como bastante complexa.

O PNAGE/RN sofreu um ajuste em 2008 em função da variação cambial.

Tal ajuste foi realizado para todos os projetos estaduais sob a coordenação do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e, no caso do RN, a repercussão

foi mínima porque serviu para agrupar produtos e contratações que estavam

dispersos, o que facilitou o detalhamento para contratações de consultoria.

No início de 2010 o PNAGE/RN passou por outro ajuste em função da

variação cambial, o que resultou nos produtos detalhados, conforme quadro 1.

6

ÁREA PRODUTOS

Fortalecimento da capacidade de planejamento e de gestão de políticas públicas

• Planejamento Estratégico implantado na SEPLAN e na SEARH;

• Arquivos na SEPLAN e na SEARH estruturados; • Metodologia de integração entre o planejamento, orçamento e

execução financeira criada (parte inicial); • Sistema de apoio ao planejamento desenvolvido e implantado.

Desenvolvimento de políticas e da capacidade de gestão de recursos humanos

• Política de RH criada; • Programa de Capacitação criado e implantado.

Modernização de estruturas organizacionais e de processos administrativos

• Modelo Organizacional da SEPLAN e da SEARH criado e implantado;

• Ambientes da SEARH e SEPLAN reformados e equipados; • Modelo integrado de processos logísticos (patrimônio, frota,

custos, suprimentos, compras, contratos e convênios).

Fortalecimento de mecanismos de transparência administrativa e de comunicação

• Ambiente de atendimento ao servidor reformado e mobiliado; • Modelo de Ouvidoria Geral do Estado criado e implantado.

Modernização da gestão da informação e integração dos sistemas de tecnologia de informação

• Política de TI e PDTI para o biênio 2010-2011 criado e implantado;

• Política de Segurança da Informação criada e implantada; • Órgão central de TI reformado e equipado • Sistema de Gestão Estratégica desenvolvido e implantado; • Portal desenvolvido e implantado.

Desenvolvimento de uma cultura de promoção e implantação de mudança institucional

• Programa de Sensibilização e Mobilização para a mudança criado e implantado.

Quadro 1: Áreas e Produtos do PNAGE/RN Fonte: próprio autor; 2009

Este trabalho justifica-se pela importância de documentação dos fatos

ocorridos e aprendizagem adquirida na condução do PNAGE/RN, o que pode ser

relevante, tanto como manutenção do histórico em um período no qual houve

avanços na modernização da gestão do RN como também, para orientar outros

gestores, que poderão replicar os acertos e se prevenir contra riscos na condução

de seus projetos.

7

2 OBJETIVOS

1.1 Geral: Documentar a experiência do RN na gestão do PNAGE.

1.2 Específicos:

1.2.1 Fazer o histórico da construção e execução do PNAGE/RN;

1.2.2 Detalhar dificuldades enfrentadas na condução do programa;

1.2.3 Detalhar lições aprendidas no processo de construção e

condução do PNAGE/RN.

8

3 METODOLOGIA

O trabalho consiste em estudo de caso que, segundo YIN (2005), é a

forma de se fazer pesquisa social empírica dentro de um contexto de vida real. Tal

autor ainda defende que neste tipo de estudo as fronteiras entre o fenômeno e o

contexto não estão claramente definidas.

Assim, para tentar atingir os objetivos deste estudo de caso, foram

realizadas pesquisas em relatórios, portais, revistas e outros documentos (dados

secundários), bem como, entrevista com gestores através de instrumento de coleta

não estruturado.

9

4 A ESTRUTURA DA SEARH E DA UCE-PNAGE/RN

A Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos do

Rio Grande do Norte (SEARH) é um órgão da administração direta do Governo do

Estado que possui como missão “Formular e implementar políticas de administração

dos recursos humanos, materiais, patrimoniais e tecnológicos para dotar o governo

do Rio Grande do Norte dos meios para fazer uma prestação de serviços públicos

de modo efetivo, ético e de alta qualidade para seus cidadãos” (SEARH; 2009).

O papel da SEARH é transversal no Governo do Estado, ou seja, sua

atuação repercute nas implementações de políticas públicas dos demais órgãos,

porque é ela quem define as políticas macro de gestão que são executadas pelas

demais. Trata-se de um dos órgãos mais estratégicos do Governo.

A SEARH conta com uma estrutura de gabinete composta por um

Secretário de Estado, um Chefe de Gabinete e dois Subsecretários, sendo um de

Administração e outro de Recursos Humanos. A assessoria direta ao Gabinete é

feita por uma Assessoria Jurídica, pela Coordenação do PNAGE e por duas

unidades instrumentais.

Além disso, o modelo organizacional (conforme ilustração 1) conta com

seis coordenadorias, subdivididas em duas áreas. Na área de Administração possui

as coordenadorias de operações de Tecnologia da Informação e Comunicação,

Patrimônio e Compras Governamentais. Na área de Recursos Humanos possui as

coordenadorias de Escola de Governo, Gestão de Pessoas e Pagamento de

Pessoal. Cada coordenadoria conta com subcoordenadorias que fazem o apoio à

execução de suas ações.

10

Ilustração 1: Organograma da SEARH Fonte: SEARH; 2009

A UCE-PNAGE/RN foi criada por meio da Lei Complementar no 301 de

08/07/2005, com o intuito de gerir um programa de modernização que estava sendo

implantado no Estado na época, por meio de um convênio com o Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, com recursos do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID). O montante de recursos externos destinado ao projeto foi de

dois milhões e trezentos mil dólares a ser executado em cinco anos (2006 a 2011). A

estrutura inicial do PNAGE/RN pode ser percebida na ilustração 2.

11

Ilustração 2: Organograma UCE-PNAGE/RN em 2005 Fonte: próprio autor; 2010.

Quando criada, em 2005, a UCE-PNAGE/RN contava com um cargo de

coordenador e três cargos de subcoordenador, além de se utilizar do apoio da

Assessoria Jurídica e Comissão Permanente de Licitações da SEARH.

Em 2007, a SEARH passou pela primeira grande reforma organizacional

da gestão governamental que iniciou em 2003 e, na ocasião, a Assessoria Técnica

foi extinta e suas atribuições passaram a ser exercidas pela UCE-PNAGE/RN. Tal

alteração visou ampliar o papel da UCE-PNAGE no Governo do Estado, atribuindo-

lhe um caráter de sustentabilidade após a conclusão do convênio com o Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão. Na mesma ocasião, uma das

subcoordenadorias foi extinta e a estrutura da UCE-PNAGE/RN ficou da forma como

se verifica na ilustração 3.

Coordenação Geral

Subcoordenadoria Técnica

Subcoordenadoria Adm-Financeira

Subcoordenadoria Monitoramento e

Avaliação

Assessoria Jurídica

CPL

12

Decreto no 19.896, de 06/07/2007

Ilustração 3: Organograma UCE-PNAGE/RN em 2007. Fonte: próprio autor; 2010.

No ano de 2009, apesar da ampliação dos trabalhos da UCE-

PNAGE/RN, resultantes do incremento no fluxo de contratações pelo nível de

execução do projeto PNAGE, mais uma subcoordenadoria foi retirada da

UCE/PNAGE, o que resultou na estrutura apresentada na ilustração 4.

Decreto no 21.298, de 03/09/2009

Ilustração 4: Organograma UCE-PNAGE/RN em 2009. Fonte: próprio autor; 2010.

Coordenação Geral

Subcoordenadoria

Técnica

Subcoordenadoria Adm-Financeira

Subcoordenadoria Monitoramento e

Avaliação

Assessoria Jurídica

CPL

Coordenação

Geral

Subcoordenadoria Técnica

Subcoordenadoria Adm-Financeira

Subcoordenadoria Monitoramento e

Avaliação

Assessoria Jurídica

CPL

Atribuições da Assessoria Técnica

13

Assim, a partir do segundo semestre de 2009, a UCE-PNAGE/RN passou

a contar com um coordenador, um subcoordenador, dois técnicos e três estagiários

para, além de conduzir todas as ações do projeto PNAGE, desenvolver e monitorar

novos projetos e todas as atribuições de assessoria técnica da Secretaria.

14

5 PRIMEIRO PASSO: AMBIÊNCIA FÍSICA DA SEARH

O PNAGE/RN adotou a estratégia de começar suas ações pela reforma

física e ambientação da SEARH. Tal iniciativa levou em conta que no ano de 2005, o

Grupo de Qualidade de Vida da Secretaria realizou uma pesquisa de satisfação com

os servidores, na qual “um melhor ambiente físico” despontou, na percepção dos

servidores, como fator mais importante para proporcionar condições de qualidade de

vida no trabalho, obtendo 23,7% dos votos. Tal fator foi seguido por relações

interpessoais no trabalho, que obteve 22,2% dos votos. Diante de tais resultados, os

gestores da SEARH priorizaram ambientar a Secretaria, de forma a proporcionar um

local de trabalho mais agradável e integrado.

Nesse ínterim (ano de 2006), iniciou-se a execução do PNAGE, cujo

diagnóstico havia detectado necessidade de modernização na infraestrutura da

SEARH, órgão responsável pela Gestão no Estado do RN, que contava com

mobiliário antigo causando desconforto aos servidores, além de estruturas

desarticuladas com a execução das tarefas da Secretaria.

Diante da concordância entre o PNAGE e a pesquisa do Programa de

Qualidade de Vida da SEARH, ocorreu a oportunidade de utilizar os recursos do

PNAGE para implantar um novo ambiente integrado com conceitos modernos para

atender a demanda dos servidores da Secretaria e melhorar a forma de atuação

dos gestores.

Para realizar esta tarefa foram estudados conceitos de integração,

acessibilidade e ergonomia, o que resultou no layout com ambientes integrados, por

meio de divisórias baixas, gestores trabalhando no mesmo ambiente dos demais

membros de sua equipe e móveis ergonômicos. O estudo de cores também foi

realizado pela arquiteta responsável pelo projeto, de forma a promover maior

satisfação no ambiente de trabalho.

A SEARH utilizava modelo organizacional no qual os gestores do setor

trabalhavam em salas isoladas e as salas possuíam divisórias altas, dificultando a

integração inter-setorial e até mesmo intra-setorial (ilustrações 6 e 7). Além deste

fato, as instalações encontravam-se, em alguns casos, deterioradas e até

insalubres, gerando insatisfação dos servidores que apontaram este como o

problema gerador de maior desmotivação.

15

Ilustração 6: Foto sala de coordenador Fonte: próprio autor; 2007

Ilustração 7: Foto de sala (divisórias altas) Fonte: próprio autor; 2007

Ilustração 8: Ambientes integrados Fonte: próprio autor; 2009

Ilustração 9: Gerentes com equipe Fonte: próprio autor; 2009

O modelo adotado (ilustrações 8 e 9) contempla integração de

ambientes, divisórias baixas e gestores trabalhando no mesmo ambiente dos

demais membros de sua equipe. A equipe que coordenou as mudanças tinha como

objetivo maior integração inter e intra-setorial, facilidade no monitoramento e

compartilhamento de recursos.

Além da mudança relacionada à forma de estruturação dos ambientes,

também ocorreu aquisição de mobiliários ergonômicos, com vistas a permitir maior

conforto aos servidores, bem como redução de doenças causadas por vícios

posturais no ambiente de trabalho.

16

5.1 Ergonomia

Conhecida como estudo cientifico da relação entre o homem e seus

ambientes de trabalho, a ergonomia tem alguns objetivos básicos que são:

possibilitar o conforto ao indivíduo e proporcionar a prevenção de doenças graves.

Couto (1996) aborda a Ergonomia como um conjunto de ciências e tecnologias que

procuram a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho,

procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.

Em 1955, foi publicada a obra “Análise do trabalho” de Obredane e

Faverge, que se tornou decisiva para a evolução da metodologia ergonômica. Em tal

publicação foi apresentada, de forma clara, a importância da observação das

situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente de

trabalho. Diante de tais conceitos, conclui-se que a ergonomia trata de diversos

fatores que contribuem para a saúde do individuo, tais como: iluminação, ruídos,

temperatura e forma dos objetos, sejam eles cadeiras, mesas ou quaisquer outros.

No caso da SEARH, a grande maioria dos trabalhos é realizada com a

utilização de computadores. O crescimento no uso de equipamentos tecnológicos

resultou no fato de que as pessoas trabalham muito tempo sentadas, por isso, a

importância de estações de trabalho ergonômicas e cadeiras reguláveis no processo

de desempenho físico evitando vários problemas de saúde como LER (Lesão por

Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho).

Tais doenças atacam nervos e tendões, são degenerativas e cumulativas e podem

resultar em complicações na saúde do indivíduo e faltas frequentes ao trabalho

(RIBEIRO; 1997).

As discussões sobre LER/DORT resultaram em ampliação dos

investimentos em detecção de situações de risco, na tentativa de eliminá-los,

quando possível, ou minimizá-los. Salienta-se que o custo individual pode ser

minimizado através da ergonomia, por remover aspectos do trabalho capazes de

provocar ineficiências ou os mais variados tipos de incapacidade física.

No binômio homem-máquina, o problema não é apenas o ajustamento de

um ao outro, mas a adaptação conjunta dos dois. A aplicação ideal da ergonomia

considera o homem como parte integrante de um sistema, no qual as características

do operador humano são levadas em conta juntamente com os componentes

17

mecânicos. Por isso, a importância de um projeto elaborado dentro das normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a NR 17 do Ministério do

Trabalho e Emprego, que tratam de assuntos relacionados à ergonomia.

A estratégia de iniciar pela reforma física e ambientação da SEARH,

baseada em tais normas, mostrou-se bem sucedida, uma vez que o programa

utilizou a nova estrutura física da SEARH como marketing, angariando novos

adeptos e adquirindo respeitabilidade pelo nível de execução perante os demais

Estados que demonstravam sérias dificuldades de execução.

18

6 PASSO SEGUINTE: CONTRATAÇÕES

Após a estruturação física da SEARH (reforma física e aquisição de

mobiliário), o PNAGE/RN ainda deveria realizar a aquisição de equipamentos de

informática e a contratação de consultorias para elaboração de modelos de gestão e

desenvolvimento de sistemas informatizados. A UCE-PNAGE/RN estabeleceu que

todas as contratações/aquisições fossem realizadas em poucas modalidades

distintas, o que facilitaria a adaptação e entendimento dos métodos de aquisição e

manteria uma boa execução e utilização dos recursos de forma eficiente.

Todas as contratações e aquisições nas quais existisse recursos do

convênio (fonte BID) foram realizadas pelas modalidades de contratação/aquisição

das políticas do BID e, para as demais, utilizou-se as normas da Lei 8.666/93

(tomada de preços e convite). As formas de contratação/aquisição dos produtos do

PNAGE estão apresentadas no quadro 2.

PRODUTO FORMA DE

CONTRATAÇÃO/AQUISIÇÃO Planejamento Estratégico implantado na SEPLAN e na SEARH SBQC Estruturação dos arquivos na SEPLAN e na SEARH PE Metodologia de integração entre o planejamento, orçamento e execução financeira criada (parte inicial) SBQC

Sistema de apoio ao planejamento desenvolvido e implantado SBQC Política de RH criada CI Programa de Capacitação criado e implantado Diversos da Lei 8.666/93 Modelo Organizacional da SEPLAN e da SEARH criado e implantado CI

Ambientes da SEARH e SEPLAN reformados e equipados CP – PE Modelo integrado de processos logísticos (patrimônio, frota, custos, suprimentos, compras, contratos e convênios) SBQC

Ambiente de atendimento ao servidor reformado e mobiliado CP – PE Modelo de Ouvidoria Geral do Estado criado e implantado Diversos da Lei 8.666/93 Política de TI e PDTI para o biênio 2010-2011 criado e implantado SBQC Política de Segurança da Informação criada e implantada SBQC Órgão central de TI reformado e equipado CP – PE Sistema de Gestão Estratégica desenvolvido e implantado CI Portal desenvolvido e implantado CONVITE Programa de Sensibilização e Mobilização para a mudança criado e implantado Diversos da Lei 8.666/93

Gestão do Projeto Diversos da Lei 8.666/93 Sistema de monitoramento desenvolvido e implantado CI

Quadro 2: Formas de Contratação/aquisição adotadas no PNAGE/RN Fonte: próprio autor; 2010

19

BID (2006a) informa que a SBQC consiste em um processo competitivo

entre empresas constantes de uma lista curta no qual são considerados a qualidade

proposta e o custo dos serviços para a definição do proponente vencedor. O

processo de seleção compreende ao todo onze etapas que vão desde a elaboração

dos termos de referência até a adjudicação do contrato da empresa selecionada.

Cabe ressaltar que após a divulgação, as empresas interessadas que manifestarem

interesse serão analisadas e, se forem consideradas aptas pela contratante, farão

parte da lista curta de empresas ou consórcios que terão oportunidade de participar

da seleção com envio de propostas de técnica e preço.

Um dos instrumentos mais importantes na seleção de consultoria são os

Termos de Referência (TDR). Nele estão todas as especificações de objetivos,

etapas, produtos, cronograma e escopo do que será contratado. Se o TDR não

estiver claro, pode haver dificuldade em se contratar uma empresa com condições

de entregar produtos de qualidade.

A contratação de Consultor Individual (CI) é utilizada quando equipes

não são necessárias; quando não é necessário apoio de profissional externo;

quando a experiência e qualificação do indivíduo são os requisitos principais (BID;

2006a). Não há necessidade de publicidade nem de envio de propostas, mas é

exigida a comparação de, pelo menos, três currículos. Esta é uma modalidade de

contratação rápida.

BID (2006b) estabelece que a Comparação de Preço (CP) é um método

de aquisição baseado na comparação de preços ofertados por diversos

fornecedores (no caso de bens) e diversos empreiteiros (no caso de obras). As

cotações podem ser submetidas por carta, fax ou meio eletrônico e exigem-se, no

mínimo, três propostas para assegurar a concorrência. O BID também aprova a

utilização de sistema de pregão eletrônico para aquisições de bens, desde que o

sistema seja reconhecido pelo Banco. No caso do RN, todos os pregões já

realizados foram através do sistema comprasnet2 do Governo Federal, que é

reconhecido pelo BID.

2 www.comprasnet.gov.br

20

A estratégia de adotar poucas modalidades de aquisição e contratação

facilitou a maturidade e correção dos processos, o que trouxe agilidade nas

tramitações, uma vez que tanto a UCE se familiarizou com os processos, quanto os

diversos setores envolvidos (Assessoria Jurídica, Comissão Permanente de

Licitação etc.) se sentiram mais a vontade com as políticas do BID. A intenção é que

as próximas contratações e aquisições sejam feitas nas modalidades já conhecidas

e adotadas.

21

7 RECURSOS DO PNAGE/RN

Os recursos do PNAGE estão distribuídos em cinco categorias de

investimento distintas, a saber: capacitação, consultoria, equipamento de apoio,

equipamento de TI, obras e instalações. Sendo que os dois primeiros dizem respeito

a recursos de custeio e os três últimos se referem a investimento.

Quando o MPOG repassa os recursos para as UCEs, o faz na forma de

investimento ou custeio e eles só podem ser utilizados dentro da categoria para a

qual foi repassado. Por falha no planejamento entre algumas UCEs e a Direção

Nacional do Programa DNP-MPOG, houve repasse em categorias erradas,

retardando os processos de contratação/aquisição. Tal fato não ocorreu no

PNAGE/RN, que optou por iniciar sua execução com recursos de investimento, o

que se tornou a execução mais fácil e ágil. A tabela 1 apresenta um resumo dos

recursos do PNAGE/RN, conforme a categoria de investimento.

CATEGORIA DE INVESTIMENTO VALOR (em R$) %

Capacitação (cursos e visitas técnicas) 1.075.953,33 14,70

Consultoria (e respectivos impostos) 3.293.180,98 44,99

Equipamento de apoio (mobiliário) 1.477.744,63 20,19

Equipamento de TI 465.821,89 6,36

Obras e Instalações Físicas 1.007.310,94 13,76

TOTAL 7.320.011,77 100,00

Tabela 1: Valores por Categoria de Investimento Fonte: próprio autor; 2010

Como se pode verificar, o maior investimento do PNAGE/RN é

relacionado à consultoria, uma vez que o diagnóstico detectou a carência do Estado

na definição de modelos de gestão e desenvolvimento de sistemas de informação

para apoio à tomada de decisão. A percepção dos gestores é que estimulando e

promovendo mecanismos para fomentar a informação no Estado, haja melhoria na

gestão pública.

Além das categorias de investimento, os recursos do projeto estão

classificados em duas fontes distintas, a saber: BID (recursos oriundos do convênio)

e LOCAL (contrapartida local – fonte do Tesouro Estadual). A tabela 2 apresenta um

resumo da distribuição de recursos do PNAGE/RN por fonte.

22

COMPONENTE-PRODUTO VALOR (em R$)

BID LOCAL TOTAL Componente 1- (Fortalecimento da capacidade de planejamento e de gestão de políticas públicas)

1.550.712,74 37.938,00 1.588.650,74

Planejamento Estratégico implantado na SEPLAN e na SEARH 164.680,00 - 164.680,00

Estruturação dos arquivos na SEPLAN e na SEARH 857.132,74 - 857.132,74

Metodologia de integração entre o planejamento, orçamento e execução financeira criada (parte inicial)

- 30.783,24 30.783,24

Sistema de apoio ao planejamento desenvolvido e implantado 528.900,00 7.154,76 536.054,76

Componente 2 – (Desenvolvimento de políticas e da capacidade de gestão de recursos humanos)

35.000,00 1.988.197,81 2.023.197,81

Política de RH criada 35.000,00 79.377,81 114.377,81 Programa de Capacitação criado e implantado - 1.908.820,00 1.908.820,00

Componente 3 – (Modernização de estruturas organizacionais e de processos administrativos)

1.510.030,42 806.735,88 2.316.766,30

Modelo Organizacional da SEPLAN e da SEARH criado e implantado 165.187,50 - 165.187,50

Ambientes da SEARH e SEPLAN reformados e equipados 818.400,52 555.098,28 1.373.498,80

Modelo integrado de processos logísticos (patrimônio, frota, custos, suprimentos, compras, contratos e convênios)

526.442,40 251.637,60 778.080,00

Componente 4 – (Fortalecimento de mecanismos de transparência administrativa e de comunicação)

33.291,23 27.687,20 60.978,43

Ambiente de atendimento ao servidor reformado e mobiliado 33.291,23 18.653,12 51.944,35

Modelo de Ouvidoria Geral do Estado criado e implantado - 9.034,08 9.034,08

Componente 5 – (Modernização da gestão da informação e integração dos sistemas de tecnologia de informação)

768.467,61 283.188,88 1.051.656,49

Política de TI e PDTI para o biênio 2010-2011 criado e implantado 145.000,00 3.303,44 148.303,44

Política de Segurança da Informação criada e implantada 228.100,00 - 228.100,00

Órgão central de TI reformado e equipado 312.773,87 160.833,44 473.607,31

Sistema de Gestão Estratégica desenvolvido e implantado 82.593,74 - 82.593,74

Portal desenvolvido e implantado - 119.052,00 119.052,00 Componente 6 – (Desenvolvimento de uma cultura de promoção e implantação de mudança institucional)

- 53.344,00 53.344,00

Programa de Sensibilização e Mobilização para a mudança criado e implantado

- 53.344,00 53.344,00

23

ADMINISTRAÇÃO 105.418,00 120.000,00 225.418,00 Gestão do Projeto 75.288,00 120.000,00 195.288,00 Sistema de monitoramento desenvolvido e implantado 30.130,00 - 30.130,00

TOTAL 4.002.920,00 3.317.091,77 7.320.011,77 Tabela 2: Valores por Fonte dos Recursos Fonte: próprio autor; 2010

Os componentes apresentados na tabela 2 são áreas de investimento e

nelas estão inseridos os produtos que são executados por meio das contratações e

aquisições. O componente 1 atua na melhoria das políticas públicas relacionadas ao

planejamento. Ele é executado pela Secretaria do Planejamento e das Finanças

(SEPLAN). O componente 2 possui produtos visando a melhoria das políticas

públicas de Gestão de Pessoas e Capacitação. A execução de tal componente é

feita pela Escola de Governo e pela Coordenadoria de Gestão de Pessoas da

SEARH. O componente 3 atua em diversas áreas visando a otimização de

processos administrativos. O componente 4 possui produtos que devem ampliar os

mecanismos de comunicação e transparência. O componente 5 trata de melhorias

na Gestão das Tecnologias de Informação do estado. Ele é executado pela

Coordenadoria de TIC da SEARH. O componente 6 possui ações para sensibilizar

os servidores para a modernização gerada pelo projeto. E, finalmente, a

componente de Administração, que possui produtos para a manutenção da estrutura

da UCE do ponto de vista de capacitação dos gestores, bem como, estruturação

física e operacional, por meio da aquisição de equipamentos e desenvolvimento de

sistemas de informação.

Por meio de parcerias com a Escola de Governo e o Grupo de Qualidade

de Vida da SEARH, as suas ações são utilizadas como contrapartida do Estado nos

componentes 2 e 6, respectivamente. Quanto aos componentes 1, 3 e 5 houve

predominância de recursos de convênio (fonte BID), uma vez que são áreas de

maior dificuldade de obter recursos para investimentos.

24

8 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO PNAGE

Como detalhado, a UCE-PNAGE/RN entre 2005 e 2009 teve redução

do seu quadro funcional por meio dos Decretos 19.896/2007 e 21.298/2009, sendo

que, no primeiro caso houve a extinção da Subcoordenadoria de Monitoramento e

Avaliação e incorporação das atribuições de Assessoria Técnica da SEARH, e na

segunda ocasião (em 2009), houve a extinção da Subcoordenadoria Técnica.

Diante do histórico apresentado, verifica-se que as reduções de

gestores com ampliação de atribuições é uma das grandes dificuldades enfrentadas

pela UCE-PNAGE/RN. Assim, a percepção dos gestores corrobora que o órgão

sofre carência de pessoal para as tarefas de monitoramento das áreas e apoio

técnico que um projeto de modernização, como o PNAGE, exige.

Outro problema relatado foi a dificuldade de obtenção de

comprometimento por parte dos gestores das áreas no cumprimento dos prazos

acordados. Tais gestores relataram dificuldade em definir as especificações das

contratações necessárias, resultando em constantes atrasos na elaboração de

Termos de Referência e especificações técnicas de produtos e equipamentos.

Durante os primeiros anos de execução também houve problemas

financeiros, pois os repasses de recursos do convênio atrasavam constantemente e

o cronograma acordado entre Governo Federal e Estadual não era cumprido. Tal

deficiência causava desgaste e perda de credibilidade entre o estado e os

fornecedores contratados.

A falta de ferramentas de gestão modernas para o projeto também foi

motivo de desmotivação e atrasos nas contratações. O PNAGE iniciou com uma

filosofia de integração e promoveu a criação de uma rede entre os projetos

estaduais, no entanto, com o passar do tempo houve uma série de dificuldades

operacionais pela falta de mecanismos para implementar tal filosofia. A execução

passou a ser gerida por um sistema deficiente que perdia constantemente os dados

e não fornecia as funcionalidades para gerenciamento dos projetos estaduais. Tal

programa foi, constantemente, substituído pela utilização de planilhas, que eram

enviadas aos estados com prazo muito curto para entrada dos dados e,

frequentemente, eram reenviadas por apresentarem erros de fórmulas, o que

resultava na mesma correção ser feita repetidamente por todas as unidades

estaduais (UCEs). Esta situação permanece inalterada em 2010, penúltimo ano de

execução do PNAGE.

25

Um dos produtos que foi realizado totalmente com recursos locais

(contrapartida do Estado) também encontrou dificuldades em sua execução. Trata-

se da coleta seletiva do lixo que foi implantada no produto “Programa de

Sensibilização para a Mudança” do componente 6 do PNAGE/RN. A intenção era

ampliar a consciência ecológica nos servidores e tal produto teve forte repercussão,

inclusive na mídia, conforme explanado na ilustração 10.

Ilustração 10: Matéria em jornal. Fonte: Jornal de Hoje; 2008.

A coleta seletiva do lixo na SEARH esbarrou em uma dificuldade

logística de armazenamento dos resíduos sólidos coletados. O acordo feito com as

associações de reciclagem foi de que elas recolhessem o material reciclável em

dias alternados, no entanto, era frequente o descumprimento de tal acordo por

parte das associações conveniadas, o que gerou falta de capacidade de acúmulo

do material coletado.

Diante deste impasse, resolveu-se construir um espaço adequado que

atenderia todo o Centro Administrativo do Estado e, com isso, o programa seria

expandido para as demais Secretarias, no entanto, esta solução ainda não foi

implementada e o projeto encontra-se prejudicado. A expectativa é de que em 2010

esta questão seja resolvida e a implementação do projeto seja finalizada com a

operacionalização da doação dos resíduos coletados às entidades carentes.

26

9 LIÇÕES APRENDIDAS, SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ponto forte do PNAGE sem dúvida alguma foi a rede de troca formada

entre os Estados. A filosofia do compartilhamento é um ganho quando se fala em

gestão de entes subnacionais. Muitas questões foram dirimidas pelo simples acesso

que foi permitido através dos contatos formados pela Rede PNAGE. A participação

do Rio Grande do Norte como membro do Grupo de Trabalho de Ações

Compartilhadas também fomentou esta questão do compartilhamento internamente

no RN, beneficiando inclusive outros grupos que atuam como parceiros da UCE-

PNAGE/RN.

Estes resultados corroboram afirmação de Abrucio e Gaetani (2010) de

que vários estados estão se beneficiando dos acertos, erros e desenvolvimentos de

outros, graças em especial à dinâmica de funcionamento em rede possibilitada pelo

Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração (CONSAD) e, mais

recentemente, com o PNAGE. Tais autores ressaltam a importância do PNAGE na

modernização das gestões públicas estaduais.

Outra vantagem percebida pelo PNAGE/RN foi a manutenção de

membros na equipe que participou do diagnóstico. A baixa rotatividade dos gestores

da UCE-PNAGE/RN permitiu que o conhecimento tácito fosse mantido na unidade,

facilitando aprendizagem e adaptações a novas demandas apresentadas pelo

programa. A facilidade de acesso ao titular da SEARH, bem como, seu apoio ao

projeto também foram marcas importantes do RN que o transformou em destaque

na execução do programa.

Como sugestão, a equipe de gestores ressalta a importância da

capacidade de estimular as áreas do projeto a trabalharem pelo seu sucesso.

Quando a unidade de coordenação se distancia das áreas, o projeto tende a

atrasar ou ser esquecido. Abrucio (2004) aponta que devem ser criados

incentivos necessários para que os servidores sejam convencidos a se

comprometer com a mudança.

Em relação aos instrumentos documentais, recomenda-se gerar

procedimentos para garantir que a documentação sempre esteja organizada, para

facilitar auditorias e prestações de contas, o que permitirá maior tranquilidade aos

gestores. Além disso, em um projeto que envolve diversos atores, é imprescindível

27

manter bom relacionamento e garantir que as orientações e decisões estejam claras

para todos os envolvidos. Assim, destaca-se no PNAGE/RN a importância dada à

articulação com atores internos (gestores de componentes, SEPLAN, CONTROL

etc.) e externos (DNP-MPOG, BID, CAIXA etc.).

Por fim, em todas as fases do projeto, a divulgação de ações foi um fator

importante para o sucesso. Com ela, há uma tendência de obter aliados e ampliar a

transparência do que está sendo feito com o recurso investido. Afinal, o recurso é

público e a divulgação de seu uso é um princípio constitucional.

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REFERÊNCIAS

ABRUCIO, FERNANDO LUIZ. Diagnóstico Geral das Administrações Públicas Estaduais. PNAGE/Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão/BID: São Paulo, 2004. ABRUCIO, FERNANDO LUIZ; GAETANI, FRANCISCO. Avanços e perspectivas da gestão pública nos estados: agenda, aprendizado e coalizão. Disponível em <http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/Terceiros-Papers/Texto%20de %20Abrucio%20e%20de%20Gaetani.pdf>. Acesso em 07 jan 2010. BID. Políticas para seleção e contratação de consultores financiados pelo banco interamericano de desenvolvimento. GN 2350-7. 2006. ______. Políticas para aquisição de bens e contratação de obras financiados pelo banco interamericano de desenvolvimento. GN 2349-7. 2006. COUTO, HUDSON. A ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, vol. 2, 1996. JORNAL DE HOJE. Secretaria de Administração implanta coleta seletiva do lixo. 21/07/2008. MPOG-BRASIL. Apresentação do PNAGE. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/secretaria.asp?cat=171&sec=14>. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil. Acesso em: 01 maio 2008. PNAFE. Programa Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros. Disponível em <http://www.fazenda.gov.br/ucp/pnafe/>. Acesso em: 27 mar 2008. PNAGE. Programa Nacional de Apoio à Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito Federal. Disponível em <http://www.searh.rn.gov.br/pnage/index.asp>. Acesso em: 27 mar 2008. RIBEIRO; HERVAL PINA. Lesões por esforço repetitivo: uma doença emblemática. Caderno de Saúde Pública: Rio de Janeiro, 13, supl. 2, p. 85-93, 1997.

29

SEARH. Estrutura da SEARH. Disponível em <http://www.searh.rn.gov.br/>. Acesso em: 26 out 2009. SEPLAN. Perfil do estado do Rio Grande do Norte – 2002. Disponível em <http://www.idema.rn.gov.br/governo/secretarias/idema/perfilrn/Introducao.pdf>. Acesso em: 09 jan 2010. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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AUTORIA

Anna Cláudia dos Santos Nobre – Possui graduação em Ciências da Computação pela UFRN (1992), Especialização em Gestão de Tecnologia da Informação pela UFRN (2006) e mestrado em Administração pela UFRN em 2009, com pesquisa sobre aceitação de modelos de Segurança da Informação em órgãos públicos. É Coordenadora da Unidade de Coordenação Estadual do Programa Nacional de Apoio à Modernização Nacional da Gestão e do Planejamento (PNAGE) no RN e membro – representante da Região Nordeste do Brasil – no Grupo de Trabalho de Ações Compartilhadas do mesmo programa. Secretaria de Estado da Administração e Recursos Humanos do Rio Grande do Norte (SEARH/RN).

Endereço eletrônico: [email protected]