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Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

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Page 1: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Rolagem AutomáticaFaixa 5 do CD

“Botando a Boca no trombone 1”

Page 2: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

A campanha colorida

do verde da moeda de lá

e do amarelo da fome de cá,

pintou tantas mentiras,

confundindo o nosso povo,

que escolheu o velho

fantasiado de novo.

Page 3: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

De ouvir tantas mentiras,

de assistir a imagens falsas,

o formigueiro ligou as antenas

e para a luta continuar

fez refrão para a gente cantar

Page 4: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Olê, olê, olê, olá!Te cuida formigueiro,vem aí maracutaia.Olê, olê, olê, olá!Pinocchio coloridovai virar tamanduá.Olê, olê, olê, olá!Pinocchio coloridovai virar tamanduá

Page 5: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Te cuida formigueiro,que marajá caçador,não caça a inflação,nem pára teu desespero.Lá em cima ficam os preços,cá em baixo teu dinheiro,lá em cima ficam os lucros,pra todo lado teu desemprego

Page 6: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Olê, olê, olê, olá!Te cuida formigueiro,Vem aí maracutaia.Olê, olê, olê, olá!Pinocchio coloridoVai virar tamanduá.Olê, olê, olê, olá!Pinocchio coloridoVai virar tamanduáOlé, olé, olé, olá,Olé, olé, olé, olá.

Page 7: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Violão: Dudu FagundesComposição e Voz: J. Coêlho

A seguir a prosa “Samba para Bloco” desenvolve um pouco mais o tema que gerou a composição “Te Cuida Formigueiro”

A prosa é narrativa de um caso real e procuramos descaracterizar seus personagens

Se for de interesse é só CLICAR e continuar clicando.

Page 8: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Yuma é exemplo do caldeamento das raças que ocorre neste país. Neta de japoneses, tem como pai um filho de imigrante italiano com mulata baiana

A “Sociedade Cultural e de Massa Bloco dos Trabalhadores” há muito foi criada pelos corações dos assalariados. Entretanto, desfilou pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro só em 1984.

Em janeiro de 1990, Amílton, profissional de manutenção elétrica e sambista, convocou Yuma para participar do concurso para o samba do Bloco dos Trabalhadores e, para tanto, entregou-lhe a sinopse do samba.

Yuma havia sido convidada, não por ser sambista, mas sim por ser uma das maiores ativistas da classe trabalhadora.

Yuma veio procurar-me, porque ao entregar suas rimas, Aílton pediu que as reduzisse, argumentando que ficaria difícil cantar um samba com rimas tão extensas.

Page 9: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

A sinopse era um documento muito bem elaborado, e especificava como tema : “Pinocchio colorido vai virar tamanduá; se cuida formigueiro ”.

Somente para repartir o prazer que tive ao ler o documento, transcrevo dois de seus trechos:

“Foram tantas falsas imagens, tanto barulho, e tantos truques, para tapar nossos olhos, entupir nossos ouvidos e encobrir nossos gemidos. Tudo isso para quê? Para forjar outro milagre, um milagre colorido do jeito que a gente sabe”. Tanto furo, tanto rombo não se tampa com biombo.Não se esconde o diabo, deixando de for a o rabo.E pros “home” não tá fácil arrumar tanto disfarce.De arrumar tanto remendo, se tá todo mundo vendo. Ivan Lins e Vítor Martins”

“O que nos faz cantar esse tema é o fato de não acreditarmos em uma classe e seu sistema, que sempre governou esse país. O mais novo exemplo é o discurso do presidente eleito. Fala-se em privilegiar os mais pobres,

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mas mostra-se a proposta de desenvolvimento já conhecida: geradora de desemprego, concentradora de renda e, a um só tempo, expulsa o homem do campo e o exclui do sistema produtivo urbano”.

Com relação ao excesso de versos, Yuma justificou-se por ter sido seu desejo registrar nas rimas o máximo que havia acompanhado da campanha ….. Confidenciou-me que imaginara seu samba sendo cantado na Passarela do Samba pelo Bloco, tal qual uma Escola: ala dos ciclistas, ala dos maratonistas, ala dos lutadores de caratê com as faixas dos uniformes em roxo, ala dos meninos ricos sem equipamento de som e a ala dos craques. O carro principal teria com destaque um Pinocchio colorido.

Contrastando teríamos as alas dos preços altos, dos desempregados e das formiguinhas. Estas empurrariam um carro, onde o destaque seria um "“Sapo Barbudo”, sentado sobre um tamanduá envolvido por uma rede de caçador.

Assim, concluiu Yuma: dentro dessa visão de Praça da Apoteose fiz minhas rimas que titulei de “De Pinocchio a Tamanduá ”.

Page 11: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

Sentamos e fomos cortando versos e arrumando as rimas numa segunda versão, que julgamos possível de ser cantada e a titulamos de “Te Cuida Formigueiro”.

Tanto a primeira versão, “ De Pinocchio a Tamanduá ”, como a Segunda, “ Te cuida Formigueiro ” registram três grandes frustrações e uma previsão.

A primeira frustração foi em relação ao poder da mídia, principalmente da televisão que, entre um “plim plim” e outro, expôs a calçola vermelha do pecado de Amorzinho, personagem da novela “Tieta”, montou de forma capciosa o último debate entre o “Pinocchio Colorido” e o “Sapo Barbudo” e transmitiu ininterruptamente o seqüestro do dono dos supermercados Sendas, insinuando estreita relação com o Partido dos Trabalhadores. A segunda frustração: a derrota nas urnas, apesar de termos consciência de que seria praticamente impossível vencer e de que nossa estratégia deveria continuar sendo a de crescer em municípios, estados, câmara e senado, mas nunca a de descaracterizar a luta e a história do PT, para eleger Lula Presidente.

Page 12: Rolagem Automática Faixa 5 do CD “Botando a Boca no trombone 1”

A terceira frustração foi com relação a “gozação collorida” aos descamisados, representada pela imagem juvenil de um atleta polivalente. A previsão diz que lá em baixo vão ficar os salários e, para todo lado, o desemprego. Finalmente, ambas as rimas registram o convite para que o formigueiro cante, já que não soube defender-se da tirania dos meios de comunicação.

Texto e Formatação: J. Coêlho