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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Soares. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 2(gt25):1-14 Modelos evolutivos na/da dinâmica científica GT25 – Alisson Soares

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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Soares. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 2(gt25):1-14

Modelos evolutivos na/da dinâmica científica

GT25 –

Alisson Soares

VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Soares. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 2(gt25):1-∕ 14

Introdução

As ciências sociais em seu desenvolvimento, chegaram a grande diversidade teórica, e dada

tal pluralidade de teorias, houve também diversas tentativas de síntese teóricas, com o objetivo

de agregar tal diversidade em um corpus teórico e conceitual único. Tais intentos, entretanto, não

obtiveram sucesso, levando ao que foi chamado de “balcanização” das ciências sociais. Se

compararmos com a biologia, a situação se torna mais clara. Provavelmente nenhum campo

científico se erigiu tanto ao redor de uma teoria como a biologia o fez em torno da teoria

darwiniana, como bem ressaltou (WORTMANN, 2010, p.13), explícito no famoso no dito de

Theodosius Dobzhansky: “nada faz sentido na biologia a não ser à luz da evolução”.

A proposição aqui é a de que:

1. pode-se fazer diversas correspondências entre problemas das ciências sociais e problemas

da biologia, ou se preferirem, entre problemas da filosofia das ciências sociais e problemas

da filosofia da biologia. Afirmar isso é bem diferente de tentar explicar fenômenos sociais

a partir de teorias da biologia: tal procedimento exige certo grau de abstração teórica.

2. diversas teorias das ciências sociais podem ser traduzidas em problemas relacionados à

teoria da evolução. A teoria evolutiva — seja em seu núcleo darwiniano ou de inspiração

darwiniana (variação, seleção, retenção), seja em teorias complementares (como a

especiação ou o equilíbrio pontuado) — podem fornecer um esqueleto teórico onde

diferentes teorias das ciências humanas podem ser mapeadas e “encaixadas”.

3. Isso não implica em “reducionismo”, mas pelo contrário, dizer que sistemas sociais

também operam mediante variação, seleção e retenção — dependendo de como isso é

feito — pode justamente abrir uma possibilidade de dar autonomia operativa a esse tipo

de sistema.

4. Afirmar isso, deve-se ressaltar, não implica que não haja diferenças entre a evolução

biológica e a evolução sociocultural. Alfred Kroeber foi um dos pioneiros a ressaltar tais

diferenças, mas diversos outros autores também o fizeram, como Nolan e Lenski (2009),

(SAHLINS; SERVICE, 1960), Nelson e Winter (1982, p.142-3), Jon Elster (2007), Luhmann

(1998), dentre outros.

Deve-se ressaltar também, que tal passagem de teorias, modelos, etc. não se dá em uma via

de mão única. Também a biologia adota teorias das ciências humanas, a começar pela influência

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de Malthus e Spencer na teoria de Darwin; o uso da divisão do trabalho da economia na biologia

(DURKHEIM, 2008, p.1-3), o uso de categorias kantianas nos estudos de epistemologia evolutiva

de seres por Konrad Lorenz; o uso da fenomenologia na biologia do conhecimento (Maturana &

Varela); e mais recentemente, o uso da semiótica na Biosemiótica1; o uso da teoria dos jogos

iniciada por John Maynard Smith, que levou à teoria da “evolutionary stable strategy”.

Preconceitos nas ciências sociais

O termo “evolução” frequentemente desperta temores nas ciências sociais por remeter às

teorias ultrapassadas do século XIX do antigo evolucionismo. Teme-se, com certa razão, que

“evolução” signifique evolução linear (de caminho único), que supõe etapas necessárias, ou

mesmo como sinônimo de tendência ao progresso e à melhora constante (como supõe o senso

comum). Exemplo dessas teorias são o darwinismo social, entendido como uma forma de laissez-

faire e da “sobrevivência do mais forte” (em sua versão mais estremada) ou na “sobrevivência do

mais adaptado” “survival of the fittest”. A evolução linear e de estágios necessários do

desenvolvimento nas ciências sociais teve como grande exemplo Lewis Morgan. Este se inspirou

na “teoria da recapitulação” ou “Lei da Biogenética” de Ernst Haeckel, que supunha que a

“ontogenia recapitula a filogenia”, isto é, era possível ver o desenvolvimento evolutivo (filogenia)

observando o desenvolvimento de embriões (ontogenia). Seguindo esse modelo, Morgan então

postula sete estágios de desenvolvimento da sociedade2. Tal teoria caiu em desuso na biologia há

muito tempo.

Nem tampouco há “progresso”. Evolução não se trata de “sobrevivência do mais forte”: a

adaptação se dá de modo local e a contextos específicos: não há como avaliar evolução sem um

contexto que fornece os critérios seletivos. O grande nome para evolução como sinônimo de

progresso foi Herbert Spencer, tido como grande representante do darwinismo social. Este

defendia que o progresso ocorria constantemente, na passagem constante do homogêneo ao

1 ”Biosemiotics is a discipline that emerged in the 1960s from studying communication and transferof signs and signals between animals (zoosemiotic) by the semiologist Thomas Sebeok. Its origincan be placed a hundred years ago in the works of the biologist and philosopher Jakob von Uexkuü ll,who develop a “theory of meaning” (Bedeutungslehre) to describe (with the minimal possibleanthropocentricity) how animals perceive their environment and inner world...We study thebiosemiotic cognitive foundations within slime molds and bacteria, in order to establish a possiblephenomenological biology, ” (GARCííA, 2011, p.47).

2 “um selvagem estaí para um homem civilizado assim como uma criança estaí para um adulto; e,exatamente como o crescimento gradual da inteligeência de uma criança corresponde aocrescimento gradual da inteligeência da espeície e, num certo sentido, a recapitula, assim tambeímum estudo da sociedade selvagem em vaí rios estaí gios de evoluçaão permite-nos seguir,aproximadamente — embora, eí claro, naão exatamente —, o caminho que os ancestrais das raçasmais elevadas devem ter trilhado em seu progresso ascendente, atraveís da barbaí rie ateí acivilizaçaão” (MORGAN, 2005, p.48).

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heterogêneo, seja na história natural e social, seja mesmo na história do universo físico. Mesmo

para ele, apesar dessa marcha do progresso, havia também episódios de “retrogressão”, como a

extinção dos dinossauros e a existência de parasitas (SPENCER, 1897, p.95), bem como também

haveria aumento na heterogeneidade que não seriam evoluções, como no caso do câncer

(SPENCER, 1862, p.175). Entretanto, nesse modelo, tais casos eram tidos como raros, como

exceções, e Spencer não apresentava os mecanismos que tornavam possíveis, tanto o

“progresso” como o retrogresso. Já com a teoria evolutiva (tanto a lamarckista como a

darwinista, mas mais essa última), pode-se explicar a aquisição de características ou perda com

base num mesmo mecanismo explicativo. A visão representa uma vantagem quase evidente, mas

pode-se muito bem, perder esta característica: os olhos, por exemplo, não tem grande utilidade

para toupeiras, que por viverem grande parte do tempo embaixo da terra, com pouca

luminosidade, acabam servindo como uma fonte de infecção33. Mesmo o cérebro, tido como um

grande “avanço” evolutivo, a depender do contexto pode vir a ser um problema, e a evolução

pode se encarregar de selecionar seres com menor capacidade cerebral, como no caso de coalas.

Especula-se que seu diminuto cérebro seja uma adaptação em resposta a uma dieta insuficiente,

dado que o cérebro demanda muita energia. Fala-se inclusive em “reductive evolution” como por

exemplo na evolução de parasitas como uma espécie de free-rider que perde complexidade

(LENSKI; ZINSERC, 2012). O que é tido como vantajoso ou deletério — isso deve ficar bem claro

— é dado pelo contexto, e não por regras gerais, válidas para qualquer caso, como a

“complexificação”. A evolução é “relativista”. Não há mais lugar no mainstream da Biologia

contemporânea para noções como “progresso”, “tendência à complexificação4, ou mesmo que a

própria ideia de complexificação é duvidosa5. Para o paleontólogo Stephen Jay Gould, a

complexificação seria um “drunkard’s walk”, onde há restrições mínimas para sustentar a vida,

mas não há limites para a complexidade (GOULD, 2002, p.990).

A teoria evolutiva, tal como se desenhou pós Darwin, apresenta grandes vantagens teóricas

enquanto modelo. A principal delas é sua capacidade de unir acaso/necessidade, agrupando leis

gerais e história (entendida como descrição de casos particulares). Com isso, afasta-se da mera

descrição de casos, bem como da suposição de leis gerais do desenvolvimento. Como ressaltaram

3 Este exemplo é dado pelo próprio Darwin, com uma explicação lamarckista de uso e desuso: “A causa... seria uma inflamação que ele apresentava na pálpebra. Como a frequente inflamação dos olhos deve ser nociva para qualquer animal, e como os olhos certamente não são indispensáveis àqueles que têm hábitos subterrâneos, uma redução em seu tamanho, com a aderência das pálpebras e o crescimento de pêlos sobre elas, pode até constituir uma vantagem” (DARWIN, 2002, p.133-4).

4 “The notion of progress has been virtually banned from mainstream contemporary biology..., even though it still lurks in the background (Ruse, 1988)... Progress has no theoretical role in contemporary neo-Darwinian orthodoxy” (COLLIER, 1996, p.1 ou 129).

5 O argumento corrente é que, “[a]s John Maynard Smith (1988) points out, given two states of a biological system, there is nothing in Fisher’s ‘fundamental theorem of natural selection’ that would allow a biologist to determine which state is earlier” (COLLIER, 1996, p.1).

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(HODGSON; KNUDSEN, 2010), a teoria evolutiva de matriz darwiniana funciona como uma

“meta-teoria”, só funcionando em casos específicos com a adição de teorias auxiliares que tratem

de casos/contextos específicos. Ela também explica a mudança e a permanência

(estática/dinâmica, ordem/mudança) com uma mesma teoria, sem recorrer a suspeitas teorias

adicionais de modo ad hoc. Exemplo disso é a teoria do equilíbrio pontuado, que supõe que toda

mudança é gradual, mas ela não ocorre sempre no mesmo ritmo: visto a partir do tempo

geológico, as mudanças na filogenia dos organismos ocorre em espaços relativamente curtos,

seguidos de longo período de tempo sem mudanças significativas (GOULD; ELDREDGE, 1972). Há

quem a defenda como um modelo geral, aplicável a fenômenos não só da biologia, mas também

ao desenvolvimento individual, de grupos, organizações, ou da ciência. No caso da dinâmica

científica, um bom exemplo é a teoria kuhniana das dinâmicas da ciência, que alterna entre

(curtos) períodos revolucionários, seguidos de períodos prolongados de estabilidade (ciência

normal) (GERSICK, 1991). Tal teoria não afirma haverem “saltos”, toda mudança é gradual; a

diferença se dá então no ritmo da mudança.

Teoria Evolutiva na teoria do conhecimento: Epistemologia Evolutiva

Desde pouco tempo depois do surgimento do Darwinismo surgiu sua aplicação à teoria do

conhecimento, nos trabalhos pioneiros de Georg SIMMEL (1885). Pode-se dizer que há vários

tipos de Epistemologia Evolutiva: aquela que trata da evolução da ciência, como a feita por Karl

Popper, David Hull, Stephen Toulmin (A Epistemologia evolutiva de teorias); há aquela que trata

de processos de cognição dos seres cmo produto da evolução biológica, como Konrad Lorenz,

que teve as categorias a priori de Kant como inspiração (a Epistemologia evolutiva de

macanismos); a terceira foca nos fenômenos que fazem a linguagem e a cultura possíveis e tem

Donald Campbell como um de seus representantes; e por fim há a teoria geral da seleção, onde a

evolução biológica é só um caso entre outros tipos. Um desses tipos é o aprendizado individual

do modelo “tentativa e erro”, (como proposto por Ross Ashby e por Karl Popper), ou do

desenvolvimento científico de Popper, expresso na fórmula de conjecturas e refutações. Este

modelo geral foi desenvolvida por Campbell (CAMPBELL, 1997), ficando conhecido como o

“Selection Mode” — isto é, o modelo de variação cega e retenção seletiva (“blind-variation-

andselective-retention” —, que serviu de base e inspiração para grande parte das teorias da

evolução sociocultural posteriores. Campbell realmente trouxe contribuição importante para a

área, principalmente no entendimento da natureza da variação. Há um argumento corrente que

diz que o modelo evolutivo não seria aplicável às ciências humanas, por que, devido à

intencionalidade humana, a variação não seria “aleatória”. Entretanto, “acaso” não quer dizer

ausência de causas, mas sim que a variação depende de um ponto de referência. A minha ação

no mercado é intencional, mas do ponto de vista do sistema econômico, minha ação pode

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aparecer como uma variação “ao acaso”. Entende-se aqui, portanto, que variação é tido como

algo que não é coordenado pelo sistema em análise. Como destacou Luhmann, “As coisas não

rumam ao futuro conforme as intenções, mas apenas tomam os fatos intencionais como ponto

de partida de novas evoluções” (LUHMANN, 1998, p.430) 6.

O modelo darwiniano é também utilizado em inteligência artificial com os “algoritmos

genéticos”, onde procura-se simular processos criativos, onde através de processos simulados de

variação, seleção e recombinação procura-se o design mais otimizado para dada função, como

qual a melhor aerodinâmica7.

Teoria Evolutiva na Economia e na Tecnologia

O uso da teoria evolutiva começou cedo na Economia, apesar de não ter tido grande

repercussão, como nos trabalhos iniciais de Veblen. O grande nome na economia é Joseph

Schumpeter (1883-1950), que — seguindo Karl Marx — entendia o capitalismo não por

mecanismos de equilíbrio de oferta/demanda em relações quantitativas, mas sim pela constante

inovação como um imperativo, o que levava à constante “destruição criativa”, mudanças

qualitativas constantes, de constantes revoluções.

“The opening up of new markets, foreign or domestic, and the organizational

development from the craft shop to such concerns as U.S. Steel illustrate the same

process of industrial mutation—if I may use that biological term—that incessantly

revolutionizes the economic structure from within, incessantly destroying the old

one, incessantly creating a new one. This process of Creative Destruction is the

essential fact about capitalism” (SCHUMPETER, 2006, p.82-3).

Posteriormente Friedrich Hayek se utilizou do modelo evolutivo, falando também em ordem

espontânea, mas o revival acontece com Nelson e Winter (1982), com inspiração claramente de

Schumpeter, como meio para negar noções de equilíbrio assumida no mainstream da economia,

para focar em processos de feedback positivo (HODGSON; KNUDSEN, 2010)8. Também adotando

6”Und außerdem richtet die Zukunft sich nicht nach den Intentionen, sondern nimmt nur die intentionalgeschaffenen Fakten als Ausgangspunkt weiterer Evolution” (LUHMANN, 1998, p.430). 7Ver, por exemplo, o site hgencar.coi, de simulaçaão de diferentes designs gerados aleatoriamente deautomoíveis que devem percorrer um terreno acidentado. 8 “since the rise of neoclassical theory at the end of the nineteenth century, mainstream economics

has regarded the determination of equilibrium conditions as the Holy Grail of theoreticaldiscovery. But in order to demonstrate the existence of equilibria within models, economists havetypically had to assume diminishing returns and negative feedback. Once we enter a real worldwith increasing returns and positive feedback – a world where deviations can be amplified ratherthan suppressed – then the conventional demonstrations of equilibria are no longer viable. Amajor theme in the history of modern economics is the attempts of a minority within the

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a economia evolutiva, Mariana Mazzucato vem focando em políticas públicas, A inovação

tecnocientífica é condição para gerar desenvolvimento econômico. no papel das inovações

geradas pela pesquisa ciência e tecnologia de ponta disponíveis no país, tendo grande papel o

“Estado empreendedor”, tanto financeiramente como estabelecendo os rumos dos focos

principais (ou “políticas orientadas por missões”). Mazzucato publicou trabalho junto a Caetano

Pena (UFRJ) sobre a aplicação desses princípios no desenvolvimento brasileiro, em que

identificaram seis setores estratégicos: tecnologias da informação, complexo industrial da saúde

e farmacêutico, óleo e gás; complexo industrial da defesa; aeroespacial e energias renováveis

(MAZZUCATO; PENNA, 2016).

Há diversas interfaces entre a abordagem evolutiva na economia e a evolução da tecnologia.

W.Brian Arthur em “The Nature of Technology” (2011), por exemplo, ressalta que teorias

evolutivas anteriores focavam nos aspectos seletivos, de uma população de tecnologias já

existentes, uma dessas seria selecionada. Mas como explicar a inovação? Ele identifica a natureza

da inovação tecnológica através da combinação de tecnologias existentes; tendo começos bem

simples, tendo outros elementos anexados posteriormente. Assim, a tecnologia “builds itself

organically from itself” em uma rede de “building blocks”9. Por exemplo, o GPS é a combinação

de processadores de computador, satélites, relógios atômicos, transmissores e receptores de

rádio, e isso foi criado para resolver problemas específicos. Arthur acrescenta que tal processo de

(re)combinação, não há anda de genial ou extraordinário; invenção é resolução de problemas e

isto é feito cotidianamente. As pessoas são tidas como “gênios” ao fazerem grandes descobertas

ou inovações, devido à observação de leigos que não observam as continuidades ou o caráter

gradual da inovação, observando um “salto” evolutivo, personificado em uma pessoa. Outro

autor que defendeu o gradualismo da evolução tecnológica foi Basalla (1989), com diversos

exemplos como ferramentas de pedra, a máquina de descaroçar algodão, a prensa de Gutenberg,

a máquina a vapor. Semelhantemente à Arthur e em sintonia com a historiografia, Basalla critica

a história da ciência que ressalta os “grandes heróis” e negligencia processos sociais mais amplos,

e um bom exemplo é dado pela máquina à vapor: feita a partir de pequenas invenções e

pequenas inovações realizadas por diversas pessoas de diferentes civilizações, segundo ele, não

se poderia atribuir a nenhum homem ou civilização sozinhos a invenção dessa máquina10.

profession to remind the equilibrium theorists of the importance of positive feedbackmechanisms” (HODGSON, 2009).

9Esta concepçaão jaí estava presente na sociologia evolucionista de Nolan e Lenski (2009, p.49): “invention is the act of combining already existing elements of culture”. 10 “Evacuated chambers, piston pumps, steam displacement devices, and mechanical linkages all

have their place in the prehistory of the steam engine. They form the ‘long chain of direct geneticconnections’ that historian Joseph Needham mapped in an essay entitled: ”The Pre-Natal Historyof the Steam Engine.”After assessing the contributions made by ancient Chinese artisans,Hellenistic mechanicians, and European natural philosophers, instrument makers, and mechanics,Needham concluded: ‘No single man was ’the father of the steam engine’; no single civilization

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Uma ideia mais ou menos corrente na explicação da tecnologia se dá pelo jargão de que “a

necessidade é a mãe das invenções”11. mas que Basalla também critica. Por exemplo, a invenção

do automóvel não ocorreu em consequência de alguma crise internacional dos cavalos. Os

automóveis surgiram como brinquedos de ricos, e só posteriormente tornaramse uma

necessidade: “As was the case with automobiles, the need for trucks arose after, not before, they

were invented. In other words, the invention of vehicles powered by internal combustion engines

gave birth to the necessity of motor transportation” (BASALLA, 1989, p.6-7). Assim, não basta

haver a necessidade — que poderíamos traduzir em termos evolutivos como “pressão seletiva”

— para que ocorra uma ou a variação favorável. Esse tipo de crítica não se trata de caso único ou

pioneiro. Antropólogos, por exemplo, tratam artefatos culturais como “invenções”, e tais não

podem ser explicados por “necessidades” ou “condições favoráveis”: precisam ser inventados.

Margareth Mead (1940) assim explica a guerra primitiva: essa não advém de fatores biológicos

(uma suposta agressividade ou belicosidade inata ao ser humano), nem de condições sociais

(como grande população e escassez de recursos). Há povos Por exemplo, a guerra primitiva,

segundo Margareth Mead (1940). Para ela, a guerra não pode ser explicada como necessidade

biológica para a guerra ou por fatores materiais, como grande população e escassez de recursos.

Há povos que entram sistematicamente em guerra, bem como outros que não se engajam,

mesmo atendendo aos critérios (biológicos ou sociológicos) tidos como necessários para tal. Os

inuítes (esquimós)frequentemente se engajam em violência interpessoal, roubo de esposas,

canibalismo, desencadeada pelo medo da fome: não são um povo pacífico, portanto. Entretanto,

apesar de dadas as condições necessárias para a guerra, essa não ocorre. Já os aborígenes

australianos estão frequentemente em guerras: não para conquistar terras, ganhar poder sobre

rivais ou expandir população, mas o fazem por ser esta sua tradição. Mead argumenta que

devemos tratar a guerra primitiva como uma “invenção”, assim como cozinhar, enterrar os

mortos, escrever, etc. Uma vez inventada, esta adquire autonomia, passando a ser imperativa:

faz- se guerras (preventivas) para impedir que o inimigo a faça primeiro, ou como numa profecia

auto-cumprida, o medo da guerra desencadeia a guerra. Novamente, posto em termos

evolutivos, ressalta-se ali que a pressão seletiva não gera automaticamente variações (invenções)

favoráveis. Já as descrições do tipo determinismo tecnológico — tão criticado na história da

ciência — supõe que tecnologias “melhores” serão sempre adotadas. Ele pode ser entendido em

termos evolutivos como a suposição de que dada uma variação “vantajosa”, essa será

necessariamente adotada, e que o critério desta seleção é sempre o mesmo: “adotar a tecnologia

mais vantajosa”. Entretanto, a história da tecnologia fornece diversos exemplos de que tal

suposição é demasiado simplista. Diversos fatores intervêm, como por exemplo, o

either.’ When scholars Maurice Daumas and Paul Gille investigated the background of the steamengine, they concluded that the atmospheric engine would probably have been invented in the firsthalf of the eighteenth century even if Newcomen had never lived.” (BASALLA, 1989, p.37-40).

11Como por exemplo, defendido por (NOLAN; LENSKI, 2009), mas naão soí por eles.

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tradicionalismo das classes dominantes, que podem ver na inovação um desafio à ordem social e

ao seu status enquanto dominantes (PERRIN, 1979), (WEBER, 1968, p.171)12. Além disso, há na

história da ciência diversos casos de variação tecnológica vantajosa que não foi selecionada. Há

diversos predecessores do Nobel Guglielmo Marconi, um deles foi o padre brasileiro Roberto

Landell de Moura que inventou um telégrafo sem fio e da voz humana por rádio, mas que não

obteve sucesso com sua invenção nem no Brasil nem fora dele.

A Evolução Cultural

Há grande variedade de teorias na sociologia e/ou que procuram explicar dinâmicas culturais

em termos evolutivos. Há os trabalhos pioneiros em ecologia urbana ou “ecologia humana” de

Robert Park e a Escola de Chicago da Sociologia(Robert E. Park, 1984), tendo aplicações no

estudo do crime13. Lenski foi um dos principais responsáveis pela reintrodução da teoria evolutiva

no mainstream da sociologia com “Human Societies” (NOLAN; LENSKI, 2009). Talcott Parsons

chegou a incorporar elementos da teoria evolutiva (no caso, a confluência ou co-ocorrência de

invenções sem terem uma origem comum), mas não conseguiu desenvolver uma teoria

verdadeiramente evolutiva (PARSONS, 1964). Na Antropologia autores como Leslie White (1949),

Sahlins e Service (1960) (embora esses não se utilizem necessariamente de uma abordagem

darwinista), e mais recentemente há os trabalhos de Ingold (1986), para ficar aqui em apenas

alguns dos exemplos.

Paralelamente às ciências sociais, do biólogo Richard Dawkins (1976) surgiu a memética, que

entende artefatos culturais como análogo aos genes. Assim como genes são egoístas (no sentido

de “buscarem” reproduzirem a si próprios, não importando tanto o indivíduo que os porta),

memes também operariam da mesma forma. SuzanBlackmore (1999) radicalizou ainda mais

Walter Runciman (2001)(RUNCIMAN, 2005) tenta uma a releitura da tese de Max Weber acerca da

contribuição da ética protestante pra o surgimento do capitalismo através da memética. No caso

da ciência, a memética concebe-a como uma espécie de “meta-memes”, memes que selecionam

outros memes. Há memes que, para se propagarem, mimetizam outros tipos de memes: é a

explicação da religião.

12“No iníício de toda eí tica e das condiçoã es econoê micas que dela derivam aparece por toda parte otradicionalismo, a santidade da tradiçaão... De pronto, certos interesses materiais podem contribuir para amanutençaão do tradicionalismo: quando por exemplo, na China, intentou-se modificar determinadasformas de transporte, ou poê r em praí tica certos comportamentos mais racionais, puseram-se em perigo asrendas de determinados funcionaí rios. Coisas semelhante aconteceu na Idade Meídia e na Moderna, ao seintroduzirem as ferrovias. Estes interesses dos funcionaí rios, senhores territoriais, comerciantes, etc.colaboraram com o tradicionalismo para impedir o faí cil desenvolvimento da racionalizaçaão. Tambeím, eímuito intensa a influeência que exerce a magia estereotipada do comeírcio, a grande aversaão a introduzirmodificaçoã es no regime de vida comum, por temor de provocar transtornos de caraí ter maígico” (WEBER,1968, p.171). 13 ver tambeím (VILA, 1994).

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A memética também procurou explicar o conhecimento. A religião, a ciência e a consciência

são tidas como “memplexes” (Blackmore) e “metamemes” (HEYLIGHEN, 1999), isto é, memes

que selecionam outros memes. Dawkins tenta distinguir entre memeplexes úteis — como a

ciência — das viróticas, como a religião, tida como “viruses of the mind”, que se espalha usando

vários truques de mimetismo, e que pode ter consequências desastrosas para aqueles infectados,

principalmente as crianças, que estariam mais propensas a “mental infections” (BLACKMORE,

1999, p.22). Se na tradição popperiana é possível a eliminação de crenças falsas, e isso seria o

esperado de acontecer; já a a memética tem certa vantagem ao aceitar que teorias tidas como

“falsas” podem perdurar. Entretanto, trata-se de teoria simplista tanto do conhecimento

científico ( adotam um realismo ingênuo) como da dinâmica religiosa.

Trabalhos importantes na evolução sociocultural tem sido feitos por Robert Boyd (2005), um

dos nomes mais importantes, bem como David Sloan Wilson. Turchin (2007) também tem

utilizado de modelos evolutivos para tentar explicar a ascenção e a queda de impérios com a

chamada “cliodinâmica”.

Niklas Luhmann

Chegamos agora na árdua tarefa de explicar a teoria de Luhmann em poucas linhas.

Obviamente, muitos aspectos importantes da teoria serão negligenciados13. Luhmann foi

chamado de “Hegel da sociologia”, devido à sua enorme tentativa de síntese das ciências sociais,

bem como de “onívoro”, por transitar por assuntos como lógica não-aristotélica, teologia

medieval, teoria evolutiva, etc. A teoria evolutiva em Luhmann é uma das bases em sua tríade de

teorias da evolução/comunicação/sistemas usadas na caracterização de sistemas sociais.

Luhmann utiliza essa tríade para explicar, não só a ciência, mas também o direito, a religião, os

meios de comunicação de massa, a política, o sistema de ensino, etc. que ele chama de

“subsitemas da sociedade”, no caso, da sociedade moderna. Tais subsistemas da sociedade são

globais ou globalizados, não estando mais restritos ao Estado-nação; só o subsistema da política

continua a utilizar tal divisão.

Luhmann adota como epistemologia a cibernética de segunda ordem, que, no seu caso,

levou-o ao construtivismo operativo. A cibernética de segunda ordem, ou a cibernética da

cibernética, foca em processos cognitivos. Há observadores que observam o mundo (observação

de primeira ordem) e há observadores observando como outros observadores observam o

mundo (observação de segunda ordem). Esta parte de um ponto de vista relativista: a pergunta

13 Por exemplo, Luhmann ainda destacou a verdade como um meio de comunicaçaão simbolicamentegeneralizado, assim como poder, dinheiro, etc. e submetido aà variaçoã es na confiança (inflaçaão edeflaçaão).

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inicial é sempre “quem é o observador?”. O observador pode ser uma pessoa, mas também o

sistema imunológico (que diferencia entre estados corporais) (LUHMANN, 2004, p.148), ou

também sistemas sociais. A cibernética de segunda ordem não implica em afirmações realistas

(no sentido filosófico). As observações feitas por um observador (de primeira ordem) podem ser

feitas por outro observador, mas a distinção utilizada pelo observador não lhe é acessível no

momento da observação. Somente com uma nova observação dessa observação anterior é

possível observar a anterior. Dito de outro modo, não se pode observar o óculos e através dos

óculos ao mesmo tempo. Tal relativismo refere-se aos critérios adotados para a observação, não

significa que qualquer afirmação em qualquer sistema seja possível: não implica em “tudo vale”.

Para Luhmann, sistemas de consciência ou sistemas sociais são fechados

informacionalmente, isto é, não é possível importar informação do ambiente; todo conhecimento

é uma construção do sistema. O ambiente pode apenas aniquilar o sistema (o sistema morre), ou

pode “irritar” o sistema, mas somente de modo estabelecido previamente pelo sistema. O que é

tal irritação é uma interpretação determinada sempre pelo sistema, nunca é importado de seu

ambiente. Se bato num vidro que não havia percebido, houve ali uma irritação em meu sistema

de consciência e irei interpretar tal irritação como “uma porta de vidro imprevista”; já a mosca

que bate insistentemente ali, terá outra interpretação. Apesar desse fechamento operativo,

sistemas podem estabelecer acoplamentos operativos ou operacionais. Um sistema pode irritar o

outro, mas sem transferir informação. Assim, sistemas de consciência evoluem em coevolução

com sistemas sociais; um depende do outro e um não existe sem o outro. Tais formulações se

aplicam, por exemplo, ao processo de ensino. O professor não consegue transferir informações

aos alunos, ele consegue apenas “irritar” os alunos, que irão interpretar e aprender com base

naquilo que já sabem (são sistemas fechados!). Assim, diferentes sistemas estabelecem

diferentes critérios para sua mudança. Teorias falsas para a ciência, podem ter grande sucesso

comercial em algum produto “milagroso” na economia; os meios de comunicação de massa

podem realçar exageradamente um tipo de crime, passando a impressão de que há aumento

desse.

Para Luhmann, diferentes sistemas possuem diferentes lógicas de funcionamento ou diferentes

formas de observação. A ciência opera distinguindo verdade de não-verdade, o direito opera

diferenciando entre legal/ilegal, a religião diferencia entre imanente/transcendente, por exemplo.

Isso implica que os sistemas tem capacidade de seleção, e assim, uma mesma comunicação pode ter

diferentes desfechos depender do sistema de referência. Na política não importa tanto a verdade,

mas sim se algo pode ou não dar ou não mais poder. Um político pode tentar passar uma

mensagem/imagem de otimismo aos seus eleitores para assim influenciar o pleito, e não comunicar

uma avaliação realista de sua situação.

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Os sistemas sociais são para Luhmann três: os sistemas de interação (como uma conversa na fila,

uma reunião, uma conversa em família. Requer aqui a presença dos participantes); os sistemas de

organização (como burocracias estatais, empresas, clubes, partidos políticos, hospitais, universidades,

igrejas, etc.) e um terceiro nível estão os sistemas societais ou subsistemas da sociedade em geral.

Tais sistemas interagem, mas um não traduz fielmente o outro. A verdade científica não é

representada por uma escola somente, universidades podem mediar interesses do governo, do

sistema de ensino, da ciência e da economia. Visto desse modo, estudos que focam apenas na

interação dos cientistas no laboratório não podem ser tidos como dizendo tudo de importante da

ciência. Ou mais do que isso, ao analisar somente cientistas em suas interação, isso deixa de fora

justamente o sistema científico, ou a ciência “em ação”. Cientistas estão em acoplamento com as

interações, que estão em acoplamento com organizações que estão em acoplamento com o sistema

científico. O sistema científico para Luhmann é um sistema autopoiético em que teorias científicas

geram teorias científicas, assim como o direito é um sistema autopoietico em que leis geram leis. Não

é possível entender a dinâmica da ciência abrindo mão de sua “história internalista”, e isso não

implica também abrir mão da influência externa (mas não determinação de fatores externos); a

ciência, por exemplo precisa de financiamento para funcionar. Se o programa forte da sociologia do

conhecimento acreditava ser possível explicar causalmente o conteúdo de teorias científicas (BLOOR,

2009) , com Luhmann a explicação causal de sistemas autopoieticos — seja ele a ciência, ou a política,

economia, ou mesmo a consciência das pessoas — são tidas como sistemas não triviais (ou não-

lineares). A expressão é de Heinz von Foerster, e denota que há sistemas triviais (de mesmos inputs

se seguem os mesmos outputs, seguindo o modelo tradicional de causalidade que supõe que de

causas semelhantes se seguem efeitos semelhantes), mas há também sistemas não-triviais. Estes são

sistemas com dinâmica própria, com história, e assim, com diferentes configurações ao longo do

tempo. São sistemas que evoluem e aprendem (a ciência de hoje não é a mesma de uma década ou

século atrás). Em sistemas não-triviais, de mesmos inputs podem seguir diferentes outputs, ou de

diferentes inputs podem se seguir os mesmos outputs (também chamado de equifinalidade). Assim,

considerar a ciência como um sistema social autopoiética — e portanto, não trivial — implica na

impossibilidade de explicar a ciência de modo causal a partir de fatores externos a ela.

A ciência aqui opera também de forma semelhante à evolução como descrita por Popper, de

modo semelhante às conjecturas e refutações. Entretanto, diferentemente do falsificacionismo, o

ambiente ou a realidade não são capazes de dizer “não”, não é capaz uma refutação de teorias

pela “realidade”, mas aqui — e essa é uma diferença importante — nem mesmo o “não” vem do

ambiente, mas é também um construto do sistema, uma interpretação do ambiente realizada

pelo estado atual dos sistema científico. Formulado dessa forma, uma consequência possível é

que mesmo teorias tidas como “falsas” (por um observador, de modo post-hoc), podem perdurar

sem serem falsificadas pela “realidade”.

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