métodos de esterilização e controle de qualidade

29
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS) NÚCLEO UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ – CAMPUS XIII CURSO: GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Adrielly Viana Bruna Rafaela Jaylen França Juliana Queiroz Lorrane Duarte Métodos de Esterilização e Controle de Qualidade

Upload: jaylenfranca

Post on 03-Aug-2015

202 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Métodos de esterilização e controle de qualidade

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS)

NÚCLEO UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ – CAMPUS XIII

CURSO: GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Adrielly Viana

Bruna Rafaela

Jaylen França

Juliana Queiroz

Lorrane Duarte

Métodos de Esterilização e Controle de Qualidade

Tucuruí – PA2012

Page 2: Métodos de esterilização e controle de qualidade

Adrielly Viana

Bruna Rafaela

Jaylen França

Juliana Queiroz

Lorrane Duarte

Métodos de Esterilização e Controle de Qualidade

Tucuruí - PA

2012

Trabalho apresentado como requisito de avaliação à disciplina de Centro Cirúrgico do 6° semestre, do curso de Graduação em Enfermagem.

Page 3: Métodos de esterilização e controle de qualidade

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................... 04

CAPÍTULO 1 – MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO............................... 05

1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 05

2. ESTERILIZAÇÃO.................................................................................. 05

2.1. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO......................................................... 05

2.1.1. Métodos Físicos................................................................................... 05

2.1.1.1

.

Vapor Saturado sob Pressão (autoclavação)........................................ 05

2.1.1.2

.

Calor Seco (Estufas ou Fornos de Pasteur).......................................... 06

2.1.1.3

.

Radiação................................................................................................ 07

2.1.2. Metodos Químicos............................................................................... 07

2.1.2.1

.

Esterilização por Glutaraldeído a 2%.................................................... 07

2.1.2.2

.

Formaldeído Líquido.............................................................................. 08

2.1.2.3

.

Ácido Peracético.................................................................................... 09

2.1.3. Métodos Físico-Químicos................................................................... 09

2.1.3.1

.

Óxido de Etileno (ETO).......................................................................... 09

2.1.3.2

.

Plasma de Peróxido de Hidrogênio....................................................... 10

2.1.3.3

.

Esterilização com vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (autoclave de formaldeído)....................................................................

10

CAPÍTULO 2 – CONTROLE DE QUALIDADE..................................... 11

1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 11

2. MÉTODOS DE MONITORIZAÇÃO DA ESTERILIZAÇÃO................... 11

2.1. TESTES FÍSICOS.................................................................................. 11

Page 4: Métodos de esterilização e controle de qualidade

2.1.1. Avaliador do Desempenho do Esterilizador...................................... 11

2.1.2. Qualificação Térmica (termopares).................................................... 11

2.1.3. Dosimetria de Radiação...................................................................... 11

2.2. TESTES QUÍMICOS.............................................................................. 12

2.2.1. Indicadores Químicos......................................................................... 12

2.3. TESTES BIOLÓGICOS......................................................................... 14

2.4. TESTE DE ESTERILIDADE DE CONTROLE BIOLÓGICO................. 14

2.5. AVALIAÇÃO DE ESTERILIZANTES QUÍMICOS.................................. 14

2.6. CONTROEL DE ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÕES IONIZANTES: GAMA E COBALTO 60.......................................................................... 14

2.7. MONITORIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO............ 15

2.8. PRAZO DE VALIDADE DA ESTERILIZAÇÃO...................................... 15

2.9. VALIDAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO...................... 15

CAPÍTULO 3 – ATRIBUIÇÕES DE ENFERMAGEM NA CME............ 17

1. CONSIDERAÇÕES................................................................................ 17

CONCLUSÃO........................................................................................ 18

REFERÊNCIAS...................................................................................... 19

Page 5: Métodos de esterilização e controle de qualidade
Page 6: Métodos de esterilização e controle de qualidade

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, com o avanço tecnológico e o desenvolvimento de

técnicas e instrumentos cirúrgicos, surgiu a necessidade de um aprimoramento de

métodos que atendessem ao tratamento dos materiais, no que diz respeito à

limpeza, preparo, esterilização e armazenagem e, consequentemente, de pessoal

capacitado para o desenvolvimento de tais tarefas.

Este conjunto de procedimentos é realizado na Central de Material

Esterilizado (CME), uma unidade de apoio à assistência prestada a toda instituição

hospitalar, pois a instrumentalização do cuidado é assegurada por ela.

O presente trabalho abordará os métodos de esterilização, controle de

qualidade e o papel do enfermeiro na CME.

5

Page 7: Métodos de esterilização e controle de qualidade

CAPÍTULO 1 - MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O processamento dos artigos hospitalares é um conjunto de procedimentos

que envolve seleção, limpeza, desinfecção, esterilização, embalagem e distribuição

destes materiais.

2. ESTERILIZAÇÃO

É o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana: bactérias,

fungos, vírus e esporos, mediante a aplicação de agentes físicos, químicos ou físico-

químicos. Considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de sobrevivência

dos microrganismos contaminantes é menor do que 1:1000.000 (BRASIL, 2000).

2.1.MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

A eleição do método de esterilização dependerá do tipo de artigo a ser

esterilizado. Estes métodos poderão ser físicos, químicos ou físico-químicos.

2.1.1. Métodos Físicos

De acordo com Brasil (2001), métodos físicos são aqueles que utilizam calor

em diferentes formas e alguns tipos de radição para esterilizar artigos. Nas Centrais

de Esterilização hospitalares o método mais utilizado e factível é a autoclavação por

vapor saturado sob pressão. O método de calor seco (estufa) tem entrado em

desuso pelas dificuldades operacionais e pelo avanço da tecnologia das autoclaves

a vapor.

2.1.1.1. Vapor Saturado sob Pressão (Autoclavação)

Segundo o mesmo autor, autoclaves a vapor são câmaras de aço inóx

equipadas com uma ou duas portas dotadas de válvula de segurança, manômetros

de pressão e um indicador de temperatura, geralmente localizado na linha de

drenagem da câmara. Para que haja esterilização é necessário que o vapor entre

em contato com todos os artigos colocados na câmara e isso só ocorre quando o ar

é removido adequadamente. As autoclaves podem ser divididas em:

Autoclave Gravitacional – esse processo é adequado para esterilização

de material desempacotado.

6

Page 8: Métodos de esterilização e controle de qualidade

Autoclave pré-vácuo – nesse sistema existe pouca chance de

permanência de ar residual, devido a isso, o processo é mais rápido e

eficiente. A bomba de sucção forma o vácuo num único pulso (alto vácuo)

ou através de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em

temperatura ligeiramente inferior a do processo (pulsos de pressurização).

O sistema mais eficiente é o de pulsos de pressurização, pois existe

grande dificuldade em obter vácuo numúnico pulso.

Autoclave Ultra-rápida – equipamentos de pequeno porte programados

para operar sem o ciclo de secagem e com material desempacotado.

Deve ser utilizado preferencialmente para resolver problemas

emergenciais, como a contaminação acidental de instrumentos utilizados

em cirurgias em curso.

Este é o processo de eleição nas unidades hospitalares, indicado para os

artigos termorresistentes, destrói os microrganismos por coagulação das proteínas.

Este sistema eleva as temperaturas para que fiquem próprias para a esterilização

(121 °C a 135 °C). O vapor pode ser obtido em vários estados físicos, cada um com

um efeito na qualidade da esterilização.

O Vapor Saturado Seco contém somente água no estado gasoso agregando

tanta água quanto possível para sua temperatura e pressão. É a forma mais efetiva

de vapor para esterilização

O Vapor Saturado Úmido (condensado) é normalmente formado quando a

água da caldeira ou condensador dos tubos são carregados pelo vapor saturado ao

ser injetado na câmara do autoclave, resultando em um excesso de água que

poderá comprometer a secagem da carga em processo.

O Vapor Saturado Superaquecido é formado a partir do vapor saturado, o

qual é submetido a temperaturas mais elevadas. O vapor torna-se deficiente em

umidade e consequentemente, com maior dificuldade de penetração.

2.1.1.2. Calor Seco (Estufas ou Fornos de Pasteur)

São aparelhos elétricos equipados com resistência, termostato para

regulagem de temperatura, contactor, lâmpada piloto, termômetro e interruptor. O

calor é irradiado das paredes laterais e da base do equipamento. Este processo

7

Page 9: Métodos de esterilização e controle de qualidade

requer longo tempo de exposição para que se atinjam altas temperaturas nos artigos

e possa ocorrer a morte microbiana pelo processo de oxidação das células

(MARTINS, 2001).

Este processo só deverá ser utilizado para óleos e pós recomendação feita

por organismos internacionais de controle de infecções hospitalares.

2.1.1.3. Radiação

A radiação ionizante age como esterilizante por produzir modificações no

DNA das células, provocando lesões estruturais, o que acarreta alterações

funcionais graves por difusão de radicais livres no volume adjacente da célula

microbiana.

A forma mais utilizada é a radiação gama, cujo elemento mais utilizado é o

cobalto 60, que possui grande poder de penetração de materiais. É utilizado

principalmente em implantes.

O tempo de permanência de material frente à bomba de cobalto é calculado a

partir da distancia do material à fonte, das condições de atividade da fonte e da

natureza do material a esterilizar. O processo é monitorado por painel

eletromecânico que avalia os riscos, ou seja, os níveis de radiação no equipamento.

Cada lote de artigos é monitorado por dosímetros que controlam a quantidade de

radiação recebida.

2.1.2. Métodos Químicos

É a esterilização por imersão do artigo em produto químico do grupo dos

aldeídos eoutros, de eficácia comprovada. São utilizados para artigos que não

possam seresterilizados pelo calor. Os artigos devem estar limpos e secos, serem

imersos nasolução, dentro de recipiente plástico e tampado conforme orientação do

fabricantee aprovação do órgão oficial (BRASIL, 2000).

2.1.2.1. Esterilização por Glutaraldeído a 2%

O glutaraldeído é um dialdeído saturadocom potente ação biocida, seu

mecanismo de ação é em forma de atividade bactericida, viruscida, fungicida e

esporicida em tempo que varia de 8 a 10 horas de acordo com a orientação do

fabricante. Este produto é utilizado como esterilizante de materiais termossensíveis

8

Page 10: Métodos de esterilização e controle de qualidade

compatível com instrumentos com lentes (endoscópio), metal, borracha e plástico.

Não deve ser utilizado em superfícies por ser muito tóxico e de alto custo.

Pontos a observar:

Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que a água altere a

concentração da solução;

Utilizar solução recém ativada;

Medir a concentração de glutaraldeído, com fita teste própria;

Utilizar a solução apenas se a concentração estiver a 2% ou mais;

Utilizar equipamento de proteção individual (EPI);

Imergir completamente o artigo na solução, mantendo o recipiente tampado;

Rotular o recipiente com a hora do início e término do processo;

Enxaguar abundantemente os artigos, após a esterilização, com água

destilada ou deionizada estéril. Evitar soro fisiológico, pois pode promover

depósito acelerando a corrosão do metal;

Utilizar o material imediatamente (não é recomendado o armazenamento).

Toxicidade: Quando o trabalhador de saúde processa os equipamentos e

artigos pode ocorrer exposição ao vapor de glutaraldeído, que pode causar irritação

dos olhos, nariz ou garganta. Este problema pode ser minimizado com ventilação

adequada, recipientes que contém a solução hermeticamente fechadase utilização

de EPIs. Devido ao risco de impregnação do glutaraldeído em alguns materiais,

principalmente plásticos e borrachas é fundamental o enxágue abundante dos

mesmos, para evitar iatrogenias, como bronquites e pneumonite química.

2.1.2.2. Formaldeído Líquido

Ainda de acordo com Brasil (2000), esse produto é apresentado em duas

formas básicas:

Aquosa a 10%: composta de tensoativos sequestrantes, antioxidantes,

dissolvidos em glicerina, que não libera vapores irritantes, mas conserva

as propriedades germicidas do formaldeído.

Alcoólica a 8%: composta de tensoativos sequestrantes, antioxidantes e

etanol a 70%.

9

Page 11: Métodos de esterilização e controle de qualidade

O formaldeído é bastante utilizado como esterilizante de dialisadores em 50%

dos Centros de Hemodiálise do mundo. Para evitar problemas de saúde para o

paciente hemodialisado, o material deve ser submetido à lavagem com soro

fisiológico e testado quanto à existência de formol, antes do uso.

2.1.2.3. Ácido Peracético

O Ácido peracético é um componente de uma equilibrada mistura entre ácido

acético, peróxido de hidrogênio e água. É bactericida, fungicida e esporicida através

da desnaturação de proteínas e alteração da parede celular. Sua ação

esporicidaocorre a baixas temperaturas, mesmo em presença de matéria orgânica.

Como desvantagem apresenta-se como um poderoso oxidante podendo causar

corrosão em cobre, bronze, aço e ferro galvanizado, esses efeitos podem ser

contornados através de aditivos e alterações de pH.

É utilizado como desinfectante de alto nível ou esterilizante de materiais

termossensíveis; como endoscópios. A inativação de microorganismos é

dependente do tempo, temperatura e concentração: microorganismos mais

sensíveis em 5 minutos a uma concentração de 100ppm e esporos em 30 minutos a

uma concentração de 1000ppm.

2.1.3. Métodos Físico-Químicos

De forma geral os métodos físico-químicos são processos realizados em

equipamentos especiais, que utilizam substâncias químicas esterilizantes e baixas

temperaturas. Conforme Brasil (2000), estes métodos são indicados para

esterilização de materiais termossensíveis e/ou sensíveis à umidade.

2.1.3.1. Óxido de Etileno (ETO)

É um gás inflamável e explosivo. Quando misturado com gás inerte é uma

das principais opções para esterilização de materiais termossensíveis, desde que

obedecidos alguns parâmetros relacionados com a concentração do gás,

temperatura, umidade e tempo de exposição.

O ETO tem boa penetração em embalagens e lúmens, podendo ser usado na

maioria dos artigos hospitalares. Entretanto, sua utilização é muito complexa, de alto

custo e toxicidadeexigindo uma estrutura física específica. A sua ação letal é

10

Page 12: Métodos de esterilização e controle de qualidade

atribuída a alquilação das cadeias protéicasmicrobianas, impedindo a multiplicação

celular.

2.1.3.2. Plasma de Peróxido de Hidrogênio

São esterilizadores que operam a baixa temperatura utilizando peróxido de

hidrogênio como substrato para formação de plasma, que é formado pela geração

de um campo eletromagnético (rádio freqüência).

Este processo é uma alternativa viável para submeter artigos sensíveis ao

calor e umidade. Os materiais compatíveis com o sistema incluem: alumínio, bronze,

acetato de vinil etílico (EVA), craton, látex, polietileno de baixa densidade, polietileno

de alto peso molecular, policarbonatos, poliolefinas, polipropileno, poliuretano,

cloreto de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, vidro, borrachas, acrílico,

fibras ópticas, equipamentos e materiais elétricos e pneumáticos.

O equipamento deve ser monitorizado pelo menos uma vez por semana, toda

vez que sofrer manutenção e quando não for testado a esterilização de materiais.

2.1.3.3. Esterilização com vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso

(autoclave de formaldeído).

A esterilização é conseguida com formaldeído gasoso na presença de vapor

saturado. As fases do ciclo de esterilização: evacuação do ar, injeção, difusão,

remoção de ar, secagem.

É indicado para esterilização de materiais sensíveis ao calor, tais como

endoscópios rígidos, equipamentos elétricos, vários objetos fabricados com plásticos

sensíveis ao calor, entre outros. São aplicáveis os mesmos procedimentos de

embalagem para esterilização em autoclave a vapor d’água.

11

Page 13: Métodos de esterilização e controle de qualidade

CAPÍTULO 2 – CONTROLE DE QUALIDADE

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Brasil (2001), o Controle de qualidade é um processo

contínuo e a validação do processo de esterilização por qualquer método perpassa

por todas as fases do protocolo e é da responsabilidade do profissional gerente da

Central de Esterilização.

2. MÉTODOS DE MONITORIZAÇÃO DA ESTERILIZAÇÃO

2.1.TESTES FÍSICOS

2.1.1. Avaliador de Desempenho do Esterilizador

São instrumentos que fazem parte do equipamento esterilizador e servem

para apontar as condições internas da autoclave. São eles: termômetro, responsável

por medir a temperatura que deve estar no mínimo em 121°C; e manômetro, para

medir a pressão que deve estar no mínimo em 28 libras de vapor. A leitura destes

instrumentos deve ser feita a cada 3 minutos, durante a fase de esterilização

(BRASIL, 2001).

2.1.2. Qualificação Térmica (termopares)

Segundo o autor supracitado, consiste em uma técnica que determina o

tempo de penetração do calor dentro dos pacotes e frascos. São necessários dois

fios metálicos fundidos numa extremidade que informará a temperatura dentro do

equipamento, na outra extremidade, fora do equipamento, é feita a leitura da

temperatura por meio de um registrador.

É um método utilizado quando se dá a instalação ou após grandes reparos de

autoclaves ou estufas. Seu custo é muito alto e não há necessidade de ser feito

rotineiramente.

2.1.3. Dosimetria de Radiação

Consiste na avaliação da quantidade de energia absorvida pelo material

tratado. São utilizados dosímetros que indicam se a dose recebida foi compatível

com o processo de esterilização.

12

Page 14: Métodos de esterilização e controle de qualidade

2.2.TESTES QUÍMICOS

2.2.1. Indicadores Químicos

Consistem de tiras de papel impregnadas com tinta termocrômica que mudam

de cor quando expostas à temperatura por tempo suficiente, indicando que as

condições em que se processou a esterilização estavam corretas. Classificam-se em

Indicadores de Processo e Indicadores de Esterilização (BRASIL, 2000).

Indicadores de Processo: São usados para evidenciar o funcionamento

correto ou não do processo realizado pelo equipamento. Porém não atestam se o

material foi realmente esterilizado.

Existem dois tipos de indicadores de processo:

Indicadores Externos/Fita Indicadora Rolo/Fita Teste: São fitas auto-

adesivas utilizadas unicamente para diferenciar os pacotes processados

dos não processados. Sendo um indicador visual, facilita a detecção de

problemas nos equipamentos e falhas do servidor responsável pela

esterilização. A fita indicadora possui listras claras que se tornam escuras

(marrom/grafite) após a passagem pelo calor; não deixa resíduo após

autoclavagem e deve estar presente em todos os pacotes de materiais

estéreis distribuídos pelo hospital.

Indicadores Internos/Teste de Bowie & Dick/Indicador de ar residual:

É usado para determinar aeficácia do sistema de vácuo na autoclave de

pré - vácuo. Foi desenvolvido paradetectar bolhas de ar e avaliar a

habilidade do equipamento em reduzir o ar residualda câmara a um nível

suficiente para prevenir a compactação da carga quando ovapor é

introduzido após a eliminação do ar.O teste deve ser feito diariamente no

primeiro ciclo do dia, após o ciclo deaquecimento (antes da primeira carga

processada); seguindo asorientações do fabricante da autoclave sobre o

tempo, a temperatura e o usocorreto do indicador.

A folha indicadora deverá ser colocada no interior de um pacote a ser

esterilizado sobre o dreno (purgador), com a câmara vazia. Este pacote pode ser

preparado utilizando-se campos lavados e dobrados, empilhados até a altura de 25

13

Page 15: Métodos de esterilização e controle de qualidade

a 28cm. Este indicador mudará para a cor preta após completado o ciclo,

evidenciando a ausência de bolhas de ar. A presença de áreas mais claras indica ar

residual na câmara.

Tira de indicador químico para vapor- Ex: Comply: Utilizado em cada

pacote, aponta problemas locais causados por falhas humanas ou mecânicas na

autoclave.

É uma tira composta por substâncias químicas que reagem às condições do

processo. Oferece resposta através de uma nítida mudança de coloração, (-) grafite

e (+) cinza claro/outros. Monitora a pressão do vapor saturado no interior do pacote

e caixas, assegurando a exposição dos artigos às condições mínimas de tempo e

temperatura.

Indicadores de Esterilização: Incluem todas as variáveis do processo de

esterilização ( temperatura, tempo e pressão ). Dividem-se em dois tipos: Integrador

Químico e Indicador Biológico.

Integrador Químico para Ciclo de Vapor- Ex: Sterigage: É um

dispositivo que indica se os materiais dentro do pacote foram expostos às

três variáveis críticas: temperatura, tempo e presença de vapor saturado,

condições necessárias para esterilização. Pode ser utilizado em todos os

processos de esterilização a vapor. Aconselha-se colocar, no mínimo, um

integrador por ciclo de esterilização e também no interior de caixas e

pacotes grandes. A leitura é fornecida de maneira precisa e de fácil

interpretação, pela mudança de coloração.

Indicador Biológico – Ex: Attest: É um sistema que contém suspensão

de esporos do tipo Bacillusstearothermophilus (autoclave) e

Bacillussubtilis (estufa ou peróxido de hidrogênio ). É uma preparação

padronizada de esporos bacterianos de modo a produzir suspensões

contendo em torno de 106 esporos por unidade de papel filtro. É o único

meio capaz de assegurar que todas as condições de esterilização estão

adequadas porque os microrganismos são testados quanto ao seu

crescimento ou não, após a aplicação do processo. Esse teste deve ser

14

Page 16: Métodos de esterilização e controle de qualidade

feito diariamente, para validar os equipamentos de esterilização, após o

teste de Bowie & Dick.

2.3.TESTES BIOLÓGICOS

São os indicadores utilizados para o controle da esterilização. A frequência

destes testes é semanal. O teste biológico consiste: na colocação de indicadores

dentro de um pacote selecionado, em um local de difícil acesso a penetração do

vapor; deve ser reservado um indicador piloto com intuito de testar o incubador; o

material é esterilizado e logo após o resfriamento são retirados os indicadores de

dentro do material; o indicador incubado é retirado juntamente com o indicador

controle; deve-se observar a colocação correta das ampolas no cesto; deve ser

realizada em toda carga que contenha prótese (BRASIL,2001).

2.4.TESTE DE ESTERILIDADE DE CONTROLE BIOLÓGICO

São testes realizados em laboratório, diretamente no material processado,

para que seja verificada eficácia da esterilização. Exige pessoal habilitado para que

o resultado seja confiável; é útil na ocorrência de surtos de infecção hospitalar.

2.5.AVALIAÇÃO DE ESTERILIZANTES QUÍMICOS

Consiste em testes que utilizam diferentes diluições do germicida em relação

a inibição de crescimento bacteriano.

2.6.CONTROLE DE ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÕES IONIZANTES: GAMA OU

COBALTO 60

É um método amplamente empregado na indústria, com alto custo, e visa

garantir a manutenção das características de funcionalidade, biocompatibilidade e

atoxicidade dos artigos após o processo.

Os indicadores dosimétricos são distribuídos na carga para assegurar que a

dose mínima determinada seja atingida em todas as dimensões do produto. As

instalações deverão ser qualificadas para o processo e todos os instrumentos de

mensuração devem ser aferidos e calibrados regularmente.

15

Page 17: Métodos de esterilização e controle de qualidade

2.7.MONITORIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

Para obter a monitorização adequada do processo é necessário qualificação

operacional no momento da instalação; controle rotineiro do equipamento e

checagem da função após concertos, reformas e grandes mudanças no tipo de

carga e/ou embalagens.Este controle deve ser formalmente documentado e deve

contar com a presença do responsável pela Central de Esterilização e do serviço de

engenharia clínica do hospital.

Ao término do processo deverão ser feitas as recomendações e os relatórios

checados pelo Controle de Infecção Hospitalar da Instituição. Nestes relatórios

devem estar contidos todos os procedimentos executados, bem como as condições

dos ciclos, disposição das cargas, tipos de artigos e embalagens.

É importante lembrar que nenhum método de esterilização ou meio de

controle será eficaz, os artigos não estiverem rigorosamente limpos e secos.

2.8.PRAZO DE VALIDADE DA ESTERILIZAÇÃO

O prazo de validade deve ser estabelecido por cada serviço, de acordo com

as características de cada invólucro.

Considera-se condições ideais de estocagem: setor fechado, janelas vedadas,

ambiente limpo, com controle de temperatura e umidade por termohigrômetro e

armários de fácil visualização para controle de lotes.

Condições toleráveis para estocagem, porém não ideais: setor fechado,

janelas fechadas ou teladas e ambiente limpo.

Nas instituições em que o material esterilizado não puder permanecer

estocado na Central de Esterilização, o mesmo deve ficar o menor tempo possível

nos setores, visto que estes podem não oferecer condições adequadas de

armazenagem.

2.9.VALIDAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

Validar é constatar com experiencias práticas e registradas se um processo

de esterilização cumpre seu objetivo. Deve-se realizar validação na instalação de

equipamentos novos ou recém instalados; após manutenções não preventivas, onde

existam troca de componentes ou mesmo instalação de filtros; nas modificações do

tipo de carga e embalagem.

16

Page 18: Métodos de esterilização e controle de qualidade

Na aquisição do equipamento, a validação será feita pelo fabricante

acompanhada por técnico especialista da instituição. Nesta fase a avaliação será

feita pela verificação das condições mecânicas do equipamento, e pela realização

dos testes com indicadores químicos e biológicos. A programação de ciclos em

esterilizadores digitalizados deverá ocorrer na fase de validação.

17

Page 19: Métodos de esterilização e controle de qualidade

CAPÍTULO 3 – ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA CME

1. CONSIDERAÇÕES

A função do enfermeiro do CME tem início na fase de planejamento da

unidade. A ele cabe a escolha dos recursos materiais e humanos condizentes com

as atividades do setor. Este tem total responsabilidade pela seleção e treinamento

de pessoal, assim como qualificação, educação permanente e avaliação de

desempenho dos profissionais. (PEZZI e LEITE, 2010).

As atribuições do enfermeiro na CME, descritas abaixo, estão contidas na

Resolução do COFEN Nº 424/2012.

Incube ao enfermeiro ainda planejar, coordenar, executar, supervisionar e

avaliar todas as etapas relacionadas ao processamento de produtos para saúde,

recepção, limpeza, secagem, avaliação da integridade e da funcionalidade, preparo,

desinfecção ou esterilização, armazenamento e distribuição para as unidades

consumidoras; além depropor a utilizaçãode indicadores de controle de qualidade do

processamento de produtos para saúde, sob sua responsabilidade.

O enfermeiro deve garantir a aquisição de produtos para saúde,

equipamentos e insumos, avaliando a qualidade dos produtos fornecidos por

empresa processadora terceirizada e definir critérios de utilização de materiais que

não pertençam ao serviço de saúde, tais como prazo de entrada no CME, antes da

utilização; necessidade, ou não, de reprocessamento, entre outros;

É necessário o acompanhamento e documentação das visitas técnicas de

qualificação da operação e do desempenho de equipamentos da CME; participação

em ações de prevenção e controle da infecção hospitalar e garantia de utilização de

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pela equipe.

É importante que se oriente e supervisione as unidades que utilizamos

produtos fornecidos pela CME dentro do sistema hospitalar, quanto ao transporte e

armazenamento dos mesmos. O profissional de enfermagem deve atualizar-se,

continuamente, sobre as inovações tecnológicas relacionadas ao processamento de

produtos para saúde.

18

Page 20: Métodos de esterilização e controle de qualidade

CONCLUSÃO

Mediante o exposto, percebemos que, praticamente, nada acontece no

hospital, no que tange a procedimentos, sem que os artigos utilizados passem pela

CME, o que indica sua grande relevância logística.

Os profissionais que atuam na CME possuem grande responsabilidade no

combate às infecções hospitalares, pois têm o propósito de reduzir ou causar a

morte microbiana, que está contida nos artigos hospitalares.

Portanto, evidencia-se a necessidade de atualização das atividades do

profissional de enfermagem como gerenciador a partir das fundamentações teóricas,

a fim de garantir o adequado processamento dos artigos hospitalares, contribuindo

diretamente para a redução dos índices de infecção hospitalar.

19

Page 21: Métodos de esterilização e controle de qualidade

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de documentos. Rio de Janeiro, 2002.

BRASIL. Central de Material e Esterilização Manual Técnico. GDF- Secretaria de Saúde-SES. Fundação Hospitalar do Distrito Federal –FHDF. Núcleo Normativo de Enfermagem-NNE. Departamento de Recursos Médico-Assistenciais-DRMA. Brasília, 2000.

BRASIL. Orientações Gerais para Central de Esterilização. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde, Coordenação-Geral das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de Janeiro – Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

MARTINS M. A. Manual de Infecção Hospitalar, 2º ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2001.

20