met. radiométricos - perfis nucleares (parte i)
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Mtodos Radiomtricos
(Perfis Nucleares)Parte I
Andr Andrade
2010
Partcula Alfa
Partcula Beta
Radiao Gama
Papel Alumnio Chumbo
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Introduo
Os mtodos radiomtricos, de modo geral, so todos aqueles que tratam
com a radiao. A geofsica utiliza, particularmente, a radioatividade ou a
radiao ionizante produzida no ncleo de certos elementos qumicos, para
inferir caractersticas do ambiente geolgico.
A descoberta da radioatividade deve-se a Roentgen, que em 1895,
identifica os raios-X. Em 1896, Becquerel identifica o urnio e em 1898,
Schmidt identifica o trio. Em seguida, Pierre e Marie Curie, o polnio e o rdio.
Outros pesquisadores tiveram seus nomes aliados radioatividade: Bermont
(Ra), Rutherford (partculas alfa e beta), Geiger, Crookes (uranium-X), Villardi(radiao gama), Soddy (istopos), Pauli e Fermi (neutrino), Chadwuick
(nutron), Heisenberg (ncleos-prtons e nutrons), Anderson e Dirac
(psitron), Gell-Mann (sistema de classificao sub-atmica), Zweig e Gell-
Mann (quarks), Rubbia (partculas W e Z).
Na geologia a radioatividade pode ser utilizada para:
1 - Geocronologia, ou datao de materiais geolgicos e determinao daidade da terra.
2 - Prospeco dos elementos radioativos, associados a minrios deinteresse comercial, como, o urnio, o trio e o potssio.
3 - Caracterizao de facies e estruturas, com a consequente confeco demapas geolgicos.
4 - Identificao da origem e da mistura de guas, atravs estudo doequilbrio qumico, a partir do comportamento dos elementos urnio etrio.
. Neste curso, o estudo e a aplicao da radioatividade esta voltada ao
campo da Geofsica de Poo, que se utiliza tanto da radioatividade natural,como da artificial para:
1 - Identificar a ocorrncia, determinar a profundidade e a espessura dacamada de rocha reservatrio.
2 - Calcular a porosidade.
3 - Identificar zonas de gs ao longo da profundidade do poo.
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I Radiao Eletromagntica
De modo geral, a radiao refere-se a qualquer processo no qual a
energia, originada ou emitida por um corpo, propaga-se em linha reta e emtodas as direes, atravs da matria ou do vcuo, at ser absorvida por outro
corpo.
A radiao eletromagntica caracterizada por uma onda com dois
componentes perpendiculares, um representado pelo campo eltrico e o outro,
pelo campo magntico, que oscilam em fase e na direo de propagao da
energia.
Uma onda eletromagntica pode ser caracterizada pela sua frequncia e
pela sua energia. A frequncia ( ) de uma onda sua taxa de oscilao,
medida em Hz (hertz), definida no SI, onde um hertz igual a uma oscilao
por segundo. Geometricamente, uma onda consiste em um conjunto de cristas
e vales sucessivos e a distncia entre duas cristas adjacentes define o
comprimento de onda ( ). A frequncia inversamente proporcional ao
comprimento de onda. A constante de proporcionalidade a velocidade de
propagao, de acordo com a equao
(1)
Figura 1 Esquema de uma onda eletromagntica.
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A energia de uma onda eletromagntica quantizada, no modelo
partcula para a radiao, uma onda consiste de pacotes discretos de energia,
ou ftons. A frequncia da onda proporcional magnitude da energia da
partcula. Alm disso, como os ftons so emitidos e absorvidos por partculas
carregadas, eles agem como transportadores de energia. A energia ( ) dos
ftons pode ser calculada pela equao de Planck-Einstein, ou
(2)
onde, a constante de Planck ( = 6.62606896 1034Js). Quando um fton absorvido por um tomo, ele interage com um eltron, elevando-o a um nvel
de energia mais alto. Se a energia suficientemente grande, o salto do eltron
para um nvel de maior energia pode possibilitar que ele seja liberado do tomo
em um processo chamado fotoionizao.
A unidade de medida da energia do fton o eV (eletronvolt). Por
definio, um eletronvolt igual quantidade de energia cintica adquirida por
um nico eltron quando acelerado em um campo eltrico uniforme por uma
diferena potencial eletrosttico de um volt. O eltronvolt no uma unidade
do SI e seu valor deve ser obtido experimentalmente. No entanto, a unidademais comum, nas mais diversas reas da fsica (estado slido, nuclear, e
fsicas de partculas). Normalmente so usados o MeV e o KeV.,
I.1 Espectro Eletromagntico
O espectro eletromagntico o conjunto de todas as possveis
frequncias da radiao eletromagntica. O espectro eletromagntico de um
objeto mostra a distribuio caracterstica da radiao eletromagntica daqueleobjeto em particular.
O espectro eletromagntico se estende das menores frequncias
usadas nas transmisses de rdio ate as mais altas frequncias representadas
pela radiao de gama. Em termos de comprimento de onda, o espectro cobre
de milhares de quilmetros at uma frao do tamanho de um tomo.
A radiao eletromagntica classificada de acordo com a frequncia
da onda em ordem crescente, como: ondas de rdio, micro-ondas, radiao
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infravermelha, luz visvel, radiao ultravioleta, raios-X e radiao gama.
Destas formas de onda, as ondas de rdio tm os maiores comprimentos de
onda e a radiao gama tem o menor. Uma janela pequena de frequncias
forma o espectro da luz visvel, que pode ser percebido pelo olho de vrios
organismos
Frequncia
Comprimento
deonda
RaioGama
Ultravioleta
Raio X
Vsivel
Infravermelho
Microondas
Rdio eTeleviso
Figura 2 Espectro eletromagntico.
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I.2 Equao da Onda
Ondas eletromagnticas foram preditas pelas leis clssicas do
eletromagnetismo, conhecidas como as equaes de Maxwell.
Considerando a equao geral da onda,
(3)
onde, descreve um deslocamento qualquer e a velocidade de propagao
da onda no vcuo.
A aplicao da operao vetorial
(4)
ao conjunto de equaes simultneas de Maxwell para o vcuo e na ausncia
de fontes. As equaes de Maxwell podem ser escritas como,
(5)
(6)
(7)
(8)
Tomando o rotacional de ambos os lados da equao 6, tem-se
(9)Avaliando o lado direito da equao 9, utilizando a equao 4 e
considerando a equao 5, tem-se
(10)
Avaliando o lado esquerdo da equao 9 e considerando a equao 8,
tem-se
(11)
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Comparado as equaes 10 e 11, tem-se
(12)
Resultado semelhante encontrado, aplicando-se o mesmoprocedimento a equao 8, ou
(13)
Comparando-se os resultados expressos nas equaes 12 e 13 com a
equao 4, tem-se que a velocidade da radiao eletromagntica (luz) no
vcuo dada por,
(14)
Considerando a simultaneidade das equaes de Maxwell, a onda
eletromagntica possui como componentes ortogonais o campo eltrico ( ) e o
campo magntico ( ) e propaga-se na direo do vetor ( ).
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II Estrutura Atmica
O tomo a unidade bsica da matria e consiste em um ncleo central
denso e positivamente carregado, circundado por uma nuvem (eletrosfera) de
eltrons negativamente carregados. O ncleo atmico composto por uma
associao de prtons, positivamente carregados, e nutrons, eletricamente
neutros. Os fenmenos eltricos esto associados a eletrosfera, enquanto os
fenmenos nucleares esto associados ao ncleo.
O tomo de um elemento qumico identificado pelo nmero atmico
( ), que o nmero de prtons no ncleo. O istopo de um elemento
identificado pelo numero de massa ( ), que a soma do nmero de prtons ede nutrons, assim a variao do nmero determina os diferentes istopos.
As partculas constituintes de um tomo so o eltron, o prton e o
nutron. Porm, o hidrognio no tem nenhum nutron e um on positivo de
hidrognio no tem nenhum eltron.
II.1 Eletrosfera
a regio em torno do ncleo de um tomo com a maior probabilidadede se encontrar um eltron, em um dado instante. A eletrosfera formada por
orbitais. Um orbital consiste em um conjunto de estados qunticos, com um
particular valor de energia e s um conjunto discreto de orbitais pode existir ao
redor do ncleo atmico. Os eltrons podem se transferir entre orbitais
diferentes pela emisso ou absoro de ftons com energia maior que a
diferena em potencial dos orbitais. Por exemplo, isto acontece com o efeito
fotoeltrico, onde um fton incidente que excede a energia de ionizao dotomo absorvido pelo eltron, que ejetado da eletrosfera.
II.1.1 EltronO eltron uma partcula subatmica com carga eltrica negativa. No
possui nenhuma subestrutura conhecida. Os eltrons participam em interaes
gravitacionais, eletromagnticas e fracas. Um eltron esta ligado ao ncleo de
um tomo pela ao da fora Coulombiana de atrao. O eltron possui
propriedades qunticas e propriedades mecnicas de uma partcula e uma
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onda, assim eles podem colidir com outras partculas e podem ser difratados
como luz. Cada eltron ocupa um estado quntico que descreve seu
comportamento aleatrio na medio de seus parmetros fsicos, como sua
energia ou orientao de giro (spin). Pelo princpio da excluso de Pauli, dois
eltrons no podem apresentar o mesmo estado quntico em um mesmo
instante de tempo.
Caractersticas Fsicas:
i. Massa = 9,10938215x1031 kg
ii. Carga = 1,602176487x1019 C
Baseado no princpio da equivalncia entre massa-energia de Einstein, amassa do eltron corresponde a uma energia de 0,511 MeV. A relao entre a
massa do prton e do eltron de aproximadamente 1836. Esta relao uma
das constantes fundamentais de fsicas. A carga eltrica do eltron usada
como a unidade padro, como carga elementar para partculas subatmicas.
II.2 Ncleo Atmico
O ncleo a regio mais central e densa de um tomo, formado por umconjunto de prtons e nutrons, que so mantidos unidos pela ao da fora
nuclear, conhecida como fora forte residual. Quase toda a massa em um
tomo concentrada no ncleo, com uma pequena contribuio dos eltrons
na eletrosfera. O dimetro do ncleo da ordem de 10-15 m (para o hidrognio)
a aproximadamente 15x10-15 para os tomos mais pesados, como urnio.
Estas dimenses so muito menores que o tamanho do prprio tomo por um
fator de cerca de 23000 para o urnio e aproximadamente 145000 para ohidrognio.
As foras nucleares (fora forte e fora forte residual) so altamente
atrativas a distncias extremamente pequenas e por isto subjugam a repulso
devido fora de Coulomb entre cargas eltricas de mesmo sinal, mantendo a
estabilidade do ncleo. Porm, como a intensidade das foras nucleares decai
muito rapidamente com a distncia, somente ncleos com pequenos dimetros
so estveis. O maior ncleo estvel conhecido chumbo-208, que contm um
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total de 208 nutrons e prtons. Ncleos maiores apresentam uma grande
tendncia instabilidade nuclear.
Os prtons e os nutrons esto compostos de partculas elementares
chamadas quarks. O quark pertence ao grupo de fermion de partculas, e um
dos dois componentes bsicos de matria, o outro sendo o lepton do qual o
eltron um exemplo. H seis tipos de quarks, cada um apresentando um
valor fracionrio da carga eltrica de ou +2/3 ou -1/3.
II.2.1 Prton
O prton uma partcula subatmica com carga eltrica elementar
positiva. normalmente encontrado no ncleo atmico, mas tambm por sis estvel como no on de hidrognio (H+).
O prton composto por 3 partculas fundamentais, dois quarks up (u),
com carga eltrica individual igual a +2/3 e um quark down (d), com carga
eltrica igual a -1/3. Da soma das cargas dos quarks resulta a carga liquida
positiva do prton.
Caractersticas Fsicas:
i. Massa = 1,672621637x1027 kg
ii. Carga = +1,602176487x1019 C
Figura 3 Estrutura do prton.
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II.2.2 Nutron
O nutron uma partcula subatmica sem carga eltrica e massa
pouco maior que a massa do prton. Normalmente, esto presentes no ncleo
atmico. O nmero de nutrons determina o istopo de um elemento qumico.
Por exemplo, o carbono-12 tem 6 prtons e 6 nutrons, enquanto o carbono-14
tem 6 prtons e 8 nutrons. Enquanto nutrons nos ncleos so estveis, os
nutrons livres so extremamente instveis.
O nutron composto por 3 partculas fundamentais, dois quarks down
(d), com carga eltrica individual igual a -1/3 e um quark up (u), com carga
eltrica igual a +2/3. Da soma das cargas eltricas dos quarks resulta a carga
nula do nutron.
Caractersticas Fsicas:
i. Massa = 1,67492729x1027 kg
ii. Carga = 0,0 C
Figura 4 Estrutura do nutron.
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III Radioatividade
Radioatividade o processo natural e espontneo pelo qual o ncleo
instvel de um istopo de um elemento transforma-se em outro elemento, com
ncleo mais estvel, emitindo o excesso de energia na forma de partculas ou
radiao. Estas emisses possuem suficiente energia para ionizar os tomos
do meio material nas suas vizinhanas e so chamadas como radiao
ionizante.
Os nutrons e prtons, no interior do ncleo atmico, esto sujeitos a
inmeras interaes em funo da atuao das forcas nucleares (nuclear forte,
nuclear fraca e eletrosttica). Para alguns istopos (tomos com mesmonumero atmico e diferentes massas atmicas) o excesso de nutrons pode
lev-los a uma instabilidade energtica. A tendncia natural deste tipo de
ncleo buscar um estado estvel de energia. O processo de estabilizao
denominado decaimento radioativo, o qual caracterizado pela emisso
natural de energia, na forma de partculas eletricamente carregadas ou de
ondas eletromagnticas, atravs de uma reao nuclear, na qual um istopo
instvel (elemento qumico pai) transforma-se em outro elemento qumico,denominado como filho. Este um processo aleatrio ou estatstico em nvel
atmico e recebe o nome de radioatividade, sendo impossvel predizer quando
um particular istopo sofrer um decaimento, mas considerando um grande
nmero de istopos semelhantes, a taxa de decaimento, em mdia, previsvel
e constante.
III.1 Decaimento RadioativoO modelo matemtico mais comum para o decaimento radioativo
considera que os ncleos instveis estejam em equilbrio secular, ou seja, a
taxa de decaimento de um elemento proporcional ao numero inicial de
tomos deste elemento, ou
(15)
A soluo da equao diferencial leva a
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(16)
Onde, o numero inicial de tomos instveis e a constante de
decaimento.A funo exponencial representa o chamado decaimento exponencial e
apenas uma aproximao, pois a funo exponencial contnua, mas a
quantidade de tomos somente assume valores inteiros e positivos. No
entanto, quantidade de tomos um nmero extremamente grande
(comparvel ao nmero de Avogadro) e a funo exponencial mostra-se como
uma aproximao razovel.
Um parmetro comumente usado a meia-vida ( ). Dado uma amostrade um istopo instvel, a meia-vida definida como o tempo para que metade
do nmero de tomos se transforme atravs do decaimento radioativo. A meia
vida definida em termos da constante de decaimento por
(17)
Em termos do tempo de meia-vida tem-se que os istopos radioativos
presentes atualmente na natureza possuem tempos de meia-vida semelhantes
a idade da terra.
III.2 Formas de Decaimento Radioativo
As reaes nucleares que levam a estabilizao do ncleo pelo
decaimento radioativo se processam pela produo de radiao ionizante, que
consiste na produo de partculas subatmicas ou ondas eletromagnticas,
com energia suficiente para retirar eltrons dos tomos na vizinhana. A
capacidade de ionizao depende da energia cintica das partculas, ou da
energia eletromagntica associada s ondas, no influenciando a sua
quantidade. Uma grande quantidade de partculas ou ondas no causar
ionizao se estas partculas ou ondas no possurem suficiente energia para
produzir a ionizao. De modo geral, partculas ou ftons com energias
maiores que alguns eltronvolts (eV) podem ser ionizantes.
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Exemplos de partculas ionizantes so as partculas alfa, as partculas
de beta e os nutrons. A radiao eletromagntica ionizante (ftons)
representada pela radiao gama.
III.2.1 Partculas Alfa
As partculas alfa consistem em dois prtons e dois nutrons unidos
como uma nica partcula, idntica ao ncleo do gs nobre hlio. Elas so uma
forma de partcula altamente ionizante por possurem carga eltrica positiva e
apresentam baixa penetrao na matria.
A interao fundamental responsvel pela forma de decaimento
radioativo pela emisso de partcula alfa a fora eletromagntica, como
resultado da repulso Coulombiana entre a partcula alfa e o restante do
ncleo, ambos com carga eltrica liquida positiva.Quando um ncleo emite uma partcula alfa ocorre uma reduo do
numero atmico, com a perda de dois prtons e da massa atmica, com a
perda de dois prtons e dois nutrons. Exemplos de decaimento radioativo pela
emisso de partculas alfa so as transformaes do urnio (U-234) em trio
(Th-230) e do rdio (Ra-226) em radnio (Rn-222), que supre a ocorrncia
deste gs nobre na atmosfera.
Figura 5 Partcula Alfa.
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A energia cintica das partculas alfa varivel. As maiores energias
esto associadas s partculas alfa que so emitidas por grandes ncleos. Em
media, as partculas alfa tem energias de entre 3 e 7 MeV.
Por causa da sua carga eltrica e grande massa, as partculas alfa so
facilmente absorvidas pela matria e podem atravessar apenas alguns
centmetros no ar e podem ser absorvidos por leno de papel ou as camadas
exteriores de pele humana (aproximadamente 40 micrmetros).
III.2.2 Partculas Beta
As partculas beta so eltrons (psitrons) com alta velocidade econsequentemente, grande energia cintica, emitidos por certos ncleos
radioativos como potssio (K-40).
O decaimento radioativo com a emisso de partculas beta classificadoem funo da carga eltrica da partcula emitida:
1 - Emisso de eltron
Um ncleo instvel com um excesso de nutrons pode decair,
emitindo um eltron, quando um nutron ( ) convertido em um
prton( ), um eltron ( ) e um eltron do tipo antineutrino
( )(antipartcula do neutrino)
Figura 6 Partcula Beta.
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Este processo mediado pela ao da forca nuclear fraca. O
nutron se transforma em um prton pela transformao um quark downem um quark up acompanhado da produo de um eltron e de um
eltron do tipo antineutrino.
2 - Emisso de psitron
Alguns ncleos instveis com excesso de prtons podem decair
com a emisso de um psitron (antimatria do eltron) quando um
prton convertido em um nutron associado a um psitron e um
eltron do tipo neutrino ( ):
O prton se transforma em um nutron pela transformao um
quark up em um quark down acompanhado da produo de um psitron
e de um eltron do tipo neutrino.
III.2.3 Radiao Gama
A radiao gama ou raios gama so produzidos frequentemente ao lado
das outras formas de decaimento radioativo (partculas alfa ou beta). Quando
um ncleo instvel decai emitindo uma partcula com alta energia, o ncleo
filho, muitas vezes ainda instvel. A forma mais comum do ncleo filho
excitado alcanar um menor nvel energtico ocorre com a emisso de raios
gama. Este processo semelhante ao que ocorre quando um eltron orbital
salta para um nvel de menor energia emitindo luz visvel ou radiaoultravioleta.
Ainda pode ocorrer o aparecimento de raios gama em processos
subatmicos como a aniquilao de um par psitron-eltron.
Os raios gama possuem comprimento de onda da ordem de 10-15
metros, freqncias tpicas em torno de 1019 Hz e energias da ordem de 100
keV.
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O raio gama (radiao ionizante) a forma de decaimento radioativo
capaz de penetrar mais profundamente na matria, que as partculas alfa ou
beta.
Figura 8 Esquema de decaimento do cobalto(Co-60) para o nquel (Ni-60) com a emisso deraios gama.
Figura 7 Radiao gama.
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IV Raios Gama
A Geofsica de Poo tem especial interesse nos raios gama devido a sua
grande extenso de penetrao na matria.
Normalmente, realizada a medida de dois tipos de raios gama. O
primeiro originado naturalmente das rochas sedimentares e est associado
ao contedo de argila, que define maior ou menor qualidade ao possvel
reservatrio. O segundo tipo de raio gama originado artificialmente e a sua
medida, aps sua interao com a rocha nas vizinhanas do poo, est
relacionada ao volume do poro ou a capacidade armazenadora da rocha
reservatrio.
IV.1 Estudo dos Choques ou Colises
O estudo da interao do raio gama com a matria realizado a partir
dos conceitos da fsica clssica de choques ou colises entre partculas,
assumindo o comportamento como partcula do raio gama, o fton.
Um choque pode ser entendido como o contato fsico de duas partculas
em movimento em um dado ponto no espao. No estudo deste fenmeno estenvolvida a energia cintica e o momento linear.
Energia cintica, por definio a energia associada ao movimento ou
(18)
Onde, a massa da partcula e a sua velocidade. Por sua vez, o momento
linear ( ) definido pelo produto da massa ( ) pela velocidade ( ) da partcula,
ou
(19)
Para partculas sem massa como o fton, o momento linear definido
por
(20)
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Onde , a constante de Planck, , o comprimento de onda e , a velocidade da
luz.
Para um sistema fechado de partculas, considerando-se apenas as
foras associadas a seus movimentos e a ausncia de foras externas, tanto a
energia cintica (lei da conservao da energia), quanto o momento linear (lei
da conservao do momento) sero conservados no interior do sistema. Assim
os choques podem ser classificados como:
1- Choque Elstico: A energia cintica e o momento linear do sistema
antes da coliso so iguais aps a coliso.
2- Choque Inelstico: A energia cintica do sistema antes da coliso , ao
menos em parte, transformada em energia interna nas partculas (calor)
aps o choque. O momento linear do sistema integralmente
conservado.
IV.2 Interao do Raio Gama com a Matria
Os raios gama interagem com os tomos circunvizinhos (matria)
imediatamente aps a sua emisso pelo ncleo do elemento radioativo. O tipo
da interao depende, fundamentalmente, da energia do raio gama. Em termos
da sua energia, o raio gama interage com a matria das seguintes formas:
I. Efeito Fotoeltrico ( < 100 KeV)
II. Espalhamento Compton (100 KeV < < 1 MeV):
III. Produo de Pares ( > 1 MeV)
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Oestudo da interao do raio gama com a matria ocorre, em termos da
fsica clssica, considerando o comportamento do raio gama como partcula
(fton) e a interao como um choque entre partculas, o fton e o tomo
(eletrosfera ou ncleo atmico) do material. A natureza de qualquer emisso
radioativa estatstica. Assim, toda e qualquer interao do raio gama com o
meio material no radioativo, no qual a fonte est imersa, determinado por
um parmetro estatstico denominado, seo de choque ( ) [barn ( )].
A grosso modo, a seo de choque pode ser interpretada como uma rea
aparente que o tomo do material oferece ao choque do fton. A probabilidade
de ocorrncia de um choque, depende da energia do raio gama e das
caractersticas do material. Assim, quanto maior a probabilidade de ocorrnciade uma interao, maior o valor da seo de choque.
Estatisticamente, podem-se considerar os ncleos ou os eltrons de um
tomo como esferas pontuais distribudas no plano. Do mesmo modo, uma
emisso radioativa qualquer pode ser considerada como outra esfera pontual.
A probabilidade para que a esfera incidente passe a uma distncia de
uma das esferas fixas no plano dada por,
Na realidade, se h esferas fixas e distribudas em uma rea do
plano, a probabilidade de ocorrncia de um choque ( ) ou simplesmente, a
seo de choque a razo entre a rea das sees transversais das esferas
hipotticas de raio e a rea do plano. Se pensarmos nos tomos como discos
de ao impenetrveis e a radiao incidente como uma bala de dimetro
desprezvel, a seo de choque a probabilidade da bala acertar um dos
discos Esta noo pode ser estendida a qualquer interao entre as emisses
radioativas e a matria. Por exemplo, a probabilidade que uma partcula alfa
que colidindo com o ncleo de um tomo de berilo (Be-9) produza um nutron
pode ser expressa como a seo de choque equivalente do berilo para este
tipo de reao.
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IV.2.1 Efeito Fotoeltrico
Os raios gama chocam-se elasticamente com um eltron orbital,
aniquilando-se e cedendo a este toda a sua energia. Na dependncia da
energia do raio gama e da camada energtica ocupada pelo eltron, este
ejetado de sua orbita, como fotoeltron. A captura de um fotoeltron por outro
tomo com deficincia de eltrons, normalmente, acompanhada da emisso
de luz caracterstica.
Pelo Principio da conservao pode-se escrever,
(21)
Onde, a energia do fton incidente, a energia de ligao do eltron e
a energia cintica adquirida pelo eltron ejetado. Assim,
(22)
Nas equaes acima, a constante de Planck, a frequncia de
ocorrncia do efeito fotoeltrico, a massa do eltron e a vleocidade
adquirida pelo eltron ejetado.
Figura 9 Efeito fotoeltrico.
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A seo de choque para o efeito fotoeltrico dada por
Onde, o numero atmico do elemento alvo.
IV.2.2 Espalhamento Compton
O efeito de Compton ou o espalhamento Compton a reduo da
energia (aumento do comprimento de onda) do raio gama ou fton quando
interage com a matria. Esta interao ocorre fundamentalmente entre o raio
gama e um eltron orbital. Devido variao da energia do raio gama, o efeito
Compton um processo no elstico de espalhamento.
A interao entre eltrons e ftons de alta energia (maior que 100 keV)
resulta no choque de um raio gama incidente com um eltron orbital, que
recebe parte da sua energia (realizando um salto orbital) e produzindo o desvio
da trajetria inicial do raio gama, que continua se deslocando com menor
energia.
O raio gama com energia no intervalo Compton desviado de sua
trajetria original quando choca-se elasticamente com um eltron orbital. O raio
gama cede ao eltron parte de sua energia, o suficiente para ejeta-lo de sua
orbita original, na forma de eltron livre e prossegue interagindo com os outros
tomos na vizinhaa, sucessivamente perdendo energia, at ser aniquilido
atravs efeito fotoeltrico.
A energia ( ) do raio gama aps a coliso relaciona-se energia do
raio gama incidente ( ), por
(23)
Com, , o fator de converso massa em energia do eletrom e ,
o ngulo de espalhamento Compton do raio gama.
Para o caso do efeito Compton tem-se a seo de choque ( )
independente do tomo alvo.
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IV.2.3 Produo de Par
Raios gama de alta energia so atraidos pelo campo eltrico do ncleo
atmico e so aniquilados, com a consequente produo de pares eltron-
positron (sub-particula atmica com massa iqual a do eltron e carga eltrica
positiva, tambm conhecida como anti-matria). Estas particulas so
imediatamente aniquiladas no ambiente, com a emisso de dois raios gama,
com energia de 501 KeV e direes opostas.
e-
Figura 10 Espalhamento Compton.
e-
e+
Figura 11 Produo de Par..
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IV.3 Radioatividade Natural
A radioatividade natural causada pelo decaimento radioativo de
istopos, com altos valores de meia-vida, na ordem de grandeza da idade daTerra (4,5 bilhes de anos), como os istopos do Potssio, do Trio e do
Urnio.
IV.3.1 Potssio
um metal alcalino, com nmero atmico 19 ( ), que ocorre
associado a outros minerais e na gua do mar. O potssio constitui cerca de2,4% em peso da crosta terrestre, sendo o stimo elemento mais abundante.
Devido a sua insolubilidade muito difcil obter o metal puro a partir dos seus
minerais ( carnalita, langbeinita, polihalita e silvina ). So conhecidos dezessete
istopos de potssio, trs deles naturais (93,26%), (0,012%) e
(6,73%). O o istopo radioativo, com meia-vida de anos, com
duas formas de decaimento, para o Argnio (11,2%) com emisso de partcula
beta e raio gama, com um nico pico espectral de ou para o Clcio(88,8%), sem emisso de radiao gama.
Tabela 1 Istopos do potssio
IstopoOcorrncia
(%)
Meia-vida
(anos)Emisso Produto
K39
93,26 Estvel
K40 0,012 1,27x109Ca40
Ar40
K40 6,73 Estvel
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Figura 12 Feldspato, rocha rica em potssio.
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IV.3.2 Trio
um metal radioativo, com nmero atmico 90, que ocorre em pequena
quantidade nas rochas e solos. O trio, a partir de seu istopo radioativo (Th-
232), decai por uma longa srie at o chumbo (Pb-208). A sua identificao no
espectro de energia gama feita atravs do pico espectral de 2,62 MeV
correspondente ao raio gama produzido pelo decaimento do tlio (Tl-208).
Foram caracterizados vinte e sete radioistopos, o mais abundante Th-
232, estvel e com uma meia-vida de 14.05 bilhes anos. O Th-230 possui
meia vida de 75.380 anos. O Th-229 possui meia vida de 7.340 anos e Th-228
com uma meia vida de 1,92 anos. Todos os demais istopos radioativos tem
meia vida menor que trinta dias e a maioria destes possui meia vida menor que
dez minutos.
Figura 13 Monazita, rocha rica em trio.
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IV.3.3 Urnio
Elemento qumico metlico radioativo pertencente famlia dos
actindeos, de massa atmica igual a 238 e nmero atmico 92 (92 prtons e
146 nutrons). temperatura ambiente, o urnio encontra-se no estado slido.
Quando puro, muito duro e denso, de aspecto cinza branco prateado, muito
semelhante a colorao do nquel. O urnio ocorre naturalmente como trs
istopos principais: urnio-238 (99.28% abundncia natural), urnio-235
(0.71%), e urnio-234 (0.0054%). Todos os trs istopos so radioativos. O
istopo mais abundante o urnio-238 com uma meia-vida de 4,51109 anos
(perto da idade da Terra). Os outros istopos possuem meia-vida de 7,1 108
anos para o urnio-235 e de 2,4 105 anos para o urnio-234. O urnio (U-238)
decai por uma srie bastante complexa at o chumbo (Pb-208), com meia-vida
de 4,4 bilhes de anos. A identificao espectral do urnio ocorre no pico de
1,76 MeV do raio gama produzido pelo decaimento do bismuto (Bi214).
Figura 14 Uranita, rocha rica em urnio .
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Trio
Urnio
Potssio
Figura 14 Sries radioativas naturais.
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V Deposio de Elementos Radioativos
As rochas gneas so as principais fontes dos elementos radioativos,
que devido aos processos de eroso e transporte so espalhados nos corpos
dgua e nas bacias sedimentares. A reteno ou incorporao destes
elementos s rochas sedimentares depende do tipo ocorrncia do elemento (na
forma de fragmento, suspenso ou soluo em gua) e da presena, na fase
deposicional, de organismos vivos, que apresentam uma grande capacidade de
absoro de elementos radioativos, que aps a mineralizao da matria
orgnica incorporam-se rocha sedimentar.
A principal fonte do potssio nas rochas sedimentares deve-se a
ocorrncia dos evaporitos potssicos, como a silvita (KCl) e minerais, como o
feldspatos, as micas (biotita, muscovita) e dos argilominerais, como a ilita, a
caulinita e a glauconita. A alterao dos feldspatos potssicos (ortoclsio) para
caulinita a principal fonte de potssio nas guas intersticiais.
A monazita (Ce,Y,La,Th)PO4 o principal mineral, responsvel pela
presena do trio, que, normalmente, encontra-se na constituio de minerais
acessrios das rochas gneas intrusivas, como o granito, o granodiorito e asienita. Os compostos de trio, em baixas temperaturas, tm uma solubilidade
limitada na gua. A maioria do trio presente nas rochas sedimentares origina-
se de partculas insolveis provenientes da rocha matriz. Os compostos de
Trio e de seus elementos filhos, em condies de alta temperatura, so
transportados em forma de soluo, estes compostos podem depositar-se nos
locais por onde ocorreu o fluxo de fluido.
O urnio o elemento radioativo que apresenta a geoqumica maiscomplexa. Os compostos de urnio, com at 20.000 ppm, so solveis em
gua quando oxidados e, insolveis, quando reduzidos. Quando solveis eles
so transportados em soluo e depositam-se em poros ou fraturas presentes
nos corpos rochosos. O urnio pode, ainda, ser adsorvido na superfcie dos
argilominerais.
De um modo geral, as condies de transporte e afinidade pela matria
orgnica dos elementos radioativos propiciam a sua concentrao nos
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sedimentos de granulometria fina e consequentemente nas rochas como os
folhelhos e siltitos. A Figura 16 mostra a variao esperada para a radiatividade
natural nas rochas sedimentares, no entanto, dissolues e precipitaes
diagenticas podem promover a sua redistribuio e alterar esta variao.
Calcrio
Dolomita
Arenito
Folhelho
Silvita
Figura 16 Variao terica da radioatividade natural nasrochas sedimentares.