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7/25/2019 Apostila Met Pesq Unid1 http://slidepdf.com/reader/full/apostila-met-pesq-unid1 1/19 B A C H A R E L T E O L O G I A METODOLOGIA DA PESQUISA FACULDADE LATINO-AMERICANA DE TEOLOGIA INTEGRAL O evangelho todo, para o homem todo, para todos os povos.

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B A C H A R E L

T E O L O G I A

METODOLOGIA

DA PESQUISA

FACULDADE LATINO-AMERICANA DE TEOLOGIA INTEGRALO evangelho todo, para o homem todo, para todos os povos.

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FLAM – FACULDADE LATINO-AMERICANA DE TEOLOGIA INTEGRALwww.flam.org.br

Diretor Geral: Ariovaldo Ramos

Diretora Acadêmica: Ivone Lima Botelho

Administrador: Jasiel Fausto Botelho

Departamento de Educação a Distância – FLAM ONLINEwww.flamonline.com.br/ead

Coordenação Geral: Prof. Enilson Elias de Castro Monteiro

Supervisão Pedagógica: Profª. Adriana Torquato Resende

Tutoria: Prof. Calebe [email protected]

Profª. Daniela Martins [email protected]

Disciplina: Metodologia da PesquisaProfessor Conteudista: Prof. Enilson Elias de Castro Monteiro

Revisão: Profª. Adriana Torquato Resende

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1 – O Conhecimento Científico

Conhecer é “estabelecer uma relação entre a pessoa que conhece e o objeto conhecido” (BÔAS,2011, p. 31). As formas de aquisição de conhecimento são os sentidos, o raciocínio, a tradição ea autoridade.

O conhecimento decorre da informação e esta, de um conjunto de dados. Os dados sãocompostos por fatos ou eventos isolados, sem significado inerente. Uma vez que os dadosadquiram significados, eles se transformam em informações.

As informações, por sua vez, possuem relevância, propósito e causam impacto no julgamento ou no comportamento da pessoa. Para que um conjunto de informações setransforme em conhecimento, é necessária a intervenção de uma pessoa, reconhecendo-as e/ ou

produzindo integração entre elas.

I - INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Sentidos: tudo o que é captado pela visão, a audição, o paladar, olfato e o tato;

Raciocínio: tudo o que é apreendido pela razão através dos processos mentais;

Tradição: tudo o que é aceito como verdadeiro ao longo do tempo, muitas vezes seestabelecendo como dogmas inquestionáveis;

Autoridade: tudo o que é aceito mediante o reconhecimento da autoridade de alguém – os pais,professores, governantes, líderes religiosos, etc. À medida que é dado crédito a essesconhecimentos, eles são tidos como verdadeiros.

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Segundo Davenport e Prusak (1998, apud CARBONE, et. al., 2009, p. 80), “oconhecimento está mais próximo da ação e está relacionado ao uso inteligente da informação:pode ser avaliado pela qualidade das ações ou das decisões a que leva”.

1.1 – Tipos de Conhecimento

a) Conhecimento popular: também chamado de senso comum, é o tipo deconhecimento que se estabelece a partir das experiências cotidianas e da herançasocial de um determinado grupo. Em geral, é uma opinião baseada em hábitos,preconceitos ou tradições.

Segundo Gonçalves (2005, p. 17), o conhecimento popular é um conhecimento:

valorativo: firmado nos valores pessoais que o sujeito constrói ao longo da vida;

reflexivo: limitado pela compreensão e familiaridade pessoal do sujeito com oobjeto;

assistemático: baseado na experiência pessoal, não possui um sistema organizadode ideias;

verificável: percebido na vida diária;

•Fatos ou eventosisolados

•Sem significadosinerentes

Dados

•Conjunto de dados

que adquiremsignificado•Possui relevância,propósito e impacto

Informação•Informaçõesreconhecidas eintegradas

•Sofre a intervençãodas pessoas

Conhecimento

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falível e inexato: baseado na compreensão subjetiva e superficial da realidade(“ouvi dizer...”).

b) Conhecimento filosófico: marcado por uma reflexão racional e pelo foco na lógica, oestudo filosófico busca ampliar a compreensão da realidade através doquestionamento da realidade do ser, da natureza, da existência, etc. Utiliza oraciocínio e a capacidade de reflexão, e tenta conceituar, definir e/ ou classificar oobjeto do conhecimento.

Gonçalves (2005, p. 18) mostra que o conhecimento filosófico tem as seguintescaracterísticas:

valorativo: suas hipóteses não se submetem a observação;

não verificável: não pode ser submetido à experimentação científica;

racional: apresentado através de enunciados logicamente correlacionados;

sistemático: possui um sistema organizado de ideias;

infalível e exato: suas hipóteses não podem ser submetidas ao teste de observaçãoou experimentação.

c) Conhecimento religioso: também chamado de conhecimento teológico, é umconhecimento fundamentado na crença em verdades transmitidas/ recebidas porrevelação divina, experiência religiosa ou mística. Dado o caráter inquestionável dafé pessoal, este conhecimento se torna um dogma irrefutável e indiscutível.

Gonçalves (2005, p. 18) caracteriza o conhecimento religioso como:

valorativo: apóia-se em doutrinas firmadas em proposições sagradas;

inspiracional: recebido através da revelação sobrenatural;

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infalível: seus pressupostos são tidos como indiscutíveis e exatos;

sistemático: é um conhecimento organizado acerca do mundo, do destino, do

significado, da finalidade, etc.;

não verificável: a adesão é um ato de fé, impossível de ser provadacientificamente.

Segundo Dusilek (1989, p. 38), o fato de o conhecimento teológico aceitar arevelação não exclui a capacidade racional do ser humano, antes, ele “é desafiado aapropriar-se do conteúdo mesmo da revelação (...) Para a efetivação desta

apropriação, todas as suas faculdades como ser racional são convocadas”.

d) Conhecimento científico: lidando com ocorrências ou fatos, o conhecimentocientífico é expresso em uma linguagem precisa e suas conclusões são passíveis deverificação e reprodução experimental. É um conhecimento resultante dainvestigação reflexiva, metódica e ordenada da realidade. Deste modo, é um“conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e, por conseguinte, falível”(GONÇALVES, 2005, p. 15).

Para Gonçalves (2005, p. 19), o conhecimento científico tem as seguintescaracterísticas:

contingente: a experimentação prova sua veracidade ou falsidade;

sistemático: é ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teorias);

verificabilidade : suas hipóteses devem ser testadas, aprovadas ou reprovadas;

falível: sua verdade não é definitiva ou absoluta;

aproximadamente exato: novas proposições e técnicas podem reformular as teoriasexistentes.

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Segundo Cecília Bôas, “o conhecimento científico resulta de um trabalho paciente elento de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo ummistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo” (2011a, p 40).Ele não surge da experiência cotidiana, mas é construído pelo trabalho dainvestigação científica, que implica em “um conjunto de atividades intelectuais,experimentais e técnicas, realizadas com base em métodos” (BÔAS, 2011a, p. 40).

1.2 – Estudo

A produção do conhecimento científico exige estudo, ou seja, o ato de aplicar a inteligênciapara aprender, analisar, examinar e/ ou compreender fatos, fenômenos, ações, etc. SegundoMedeiros (2011, p. 5), “estudar é realizar experiências submetidas à análise crítica e à reflexão

com o objetivo de apreender informações que sejam úteis à resolução de problemas”.

Medeiros aponta ainda que o estudo também inclui a organização de trabalhos, a buscade informações, as anotações, leitura e elaboração de resumos, bem como a análise e o examesistemático daquilo que se está estudando (2011, p. 5).

O estudante deve ter uma “vida universitária organizada, com método e disciplina”,afirma Gonçalves (2005, p. 11). Para essa autora, tais atitudes possibilitarão o desenvolvimentoe o aprofundamento do pensar científico. Através de uma participação ativa nas aulas, quer

ConhecimentoPopular

valorativo

reflexivo

assistemático

verificável

falível

inexato

ConhecimentoFilosófico

valorativo

não verificável

racional

sistemático

infalível

exato

ConhecimentoReligioso

valorativo

inspiracional

infalível

sistemático

não verificável

ConhecimentoCientífico

contingente

sistemático

verificabilidade

falível

aproximadamenteexato

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presenciais ou a distância, o aluno elucidará dúvidas e fará a primeira aproximação com oconteúdo das disciplinas. Logo depois, buscando um aprendizado eficiente, deverá separartempo para as leituras, exercícios, revisão dos assuntos, fichamentos, resumos e esquematizaçõesde textos, etc.

Para a realização de um bom estudo, Medeiros (2011, p. 6-8) afirma que são necessários:

a) Motivação: relaciona-se com os interesses internos do indivíduo, independendo deestímulos externos. Se existe motivação interna, porém, os estímulos externos afavorecem ainda mais;

b) Organização: relaciona-se com o estabelecimento de um cronograma, reservandodatas, horários e locais adequados, bem como objetivos bem definidos. Essas açõesmaximizam o aproveitamento dos estudos;

c) Material de consulta e pesquisa: dicionários, livros-textos, livros de consulta,periódicos científicos, seleção dos materiais digitais (como artigos e/ ou informaçõesna internet) ou impressos (jornais, revistas especializadas, etc.). Uma análise prévia

dos materiais ajuda a evitar desperdício de tempo e de energia com leiturasinjustificáveis e improdutivas;

d) Técnicas diversas: técnicas de anotação, de esquematização do texto/ informação,transformação do texto em um roteiro, realização de resumos e fichamento dasideias relevantes, etc.

A revista Nova Escola de novembro de 2011 traz algumas estratégias de estudoque auxiliam o estudante a retomar os conteúdos lidos, discutidos e observados.Veja um resumo de quatro delas na página 8, logo abaixo.

1.3 – Anotação

Anotação é a seleção de informações para uso posterior. Durante a anotação, o estudante devetomar o cuidado de não sintetizar a informação ao ponto de dificultar o entendimento do que

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foi registrado. O processo de anotação pode ser utilizado em palestras, aulas, consultasbibliográficas, etc.

Nas exposições orais, as anotações podem focar as palavras-chaves utilizadas, como porexemplo: “três pontos fundamentais... primeiro...”. Nos textos escritos, as anotações podem sercorridas, esquemáticas ou resumidas. Vejamos:

Anotação corrida: a) leitura integral do texto; b) segunda leitura com apontamentosde palavras, conceitos e informações desconhecidas relevantes à compreensão dotexto; c) pesquisa em outras fontes (dicionários, enciclopédias, etc.) dosapontamentos feitos; d) destaque de trechos e palavras-chave; e) redação da anotaçãocorrida: uma breve sentença que resume o texto lido;

Anotação esquemática: a) realizada apenas após a anotação corrida; b) transforma asinformações do texto em um esquema vertical, hierarquizando as ideias; c) podeutilizar chaves e diagramas para melhor esquematização;

Anotação resumida: a) realizada após as duas etapas anteriores; b) envolve a coesão e

a coerência das anotações realizadas; c) implica no reconhecimento do assunto (areferência), a ideia que o autor defende ao longo de todo o texto (tema), e a própriaestrutura do texto. Resumo é a “condensação de um texto, reduzindo-o a suas ideiasprincipais, respeitando-se sua estrutura e a inter-relação das ideias” (MEDEIROS,2011, p. 13).

Para maiores detalhes, veja os exemplos oferecidos por João Bosco Medeiros emseu livro Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas (11.ed., Editora Atlas, 2011, p. 8-13).

Lembre-se: em todas as anotações se faz necessário oregistro das informações da fonte: autor, título da obra, lugar,editora, ano da publicação e número das páginas consultadas.

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QUATRO ESTRATÉGIAS DE ESTUDO

Fonte: Revista Nova Escola (edição nº 247, São Paulo : Abril, 2011, p. 46-53)

Eleger Informações:

• O que é: “procedimento de leitura que consiste em grifar (marcar, sublinhar) um númeroreduzido de passagens do texto com o objetivo de resssaltar as informações que melhorsintetizam seu conteúdo” (p. 49).

• Como trabalhar: antes de tudo, ler todo o material para ter uma noção geral; identificar oassunto; selecionar e suprimir informações (ressaltando dados essenciais e desconsiderandotermos acessórios, conceitos repetidos e exemplos); evitar marcar longos trechos ou palavrasisoladas do contexto; se necessário, fazer anotações laterais.

Resumir:

• O que é: “procedimento de leitura para organizar informações e facilitar a compreensão doconteúdo, elegendo os aspectos mais relevantes. Permite articular os comportamentos leitorese escritores em situação de estudo” (p. 50).

•Como trabalhar: fazer uma primeira leitura; eleger as informações essenciais; dispensar osdados secundários; evitar fazer o resumo enquanto lê o texto (constatado por repetições defrases); no novo texto, manter a coesão entre as frases e obedecer a regras de sintaxe.

Tomar Notas:

• O que é: “Fazer anotações das informações consideradas importantes durante uma aula,palestra ou apresentação oral para retomar posteriormente o conteúdo ouvido e visto” (p. 51).

• Como trabalhar: organizar as informações utilizando o auxílio de subtítulos; atentar ao tema eao objetivo da explanação; selecionar os dados que merecem registros, cuidar para nãoregistrar dados incorretamente ou incompletos; utilizar técnicas de anotações comoabreviações, frases inteiras, tópicos, esquemas e desenhos.

Esquematizar:

• O que é: “Representar graficamente um tema. A organização do esquema reflete uma síntese,com seus principais conceitos e a relação entre eles” (p. 52).

• Como trabalhar: reconhecer a ideia principal e destacá-la (palavra-chave); eleger asinformações relacionadas à ideia principal; identificar a relação entre os conceitos e destescom a palavra-chave; estabelecer uma hierarquia entre as ideias gerais e específicas; utilizarsetas, linhas e palavras de ligação entre os termos do esquema; construir um esquema sucintoe coerente.

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Passo 1: Levantar

questionamentos;

Passo 2: Supor respostaspara os questionamentos

(hipóteses );

Passo 3: "Testar" asrespostas possíveis e

impossíveis e verificar os

elementos que interferemem seus resultados(variáveis );

Passo 4: Através daexperimentação e coletade dados, chegar a umaconstante de resultados;

Passo 5: A partir daconstante de resultados,buscar generalizações.

2 – O Método Científico

Segundo Mary Rangel (2010, p. 9), a palavra latinamethodus origina-se do gregometa (isto é,

meta, objetivo) ethodos (caminho, percurso, trajeto ou os meios de alcançar algo). Daí afirmar-seque método significa “caminho para chegar a um fim”.

Em ciência, método “é o conjunto de processos para conhecer uma realidade, produzirum objeto ou desenvolver certos comportamentos” (BÔAS, 2011a, p. 48). Gonçalves, citandoCervo e Bervian, considera que o método científico significa “um conjunto de processosmediante os quais se torna possível chegar ao conhecimento de algo”, bem como “um conjuntode processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade”(2005, p. 33).

O uso do método implica em observação, interpretação e comparação (MEDEIROS,2011, p. 31). Entre os objetivos para a utilização do método científico destacamos a produçãode conhecimento aplicável aos fenômenos (prevendo-os, explicando-os e controlando-os) e apossibilidade de verificar, compartilhar e reproduzir o sistema de conhecimento.

Bonetti afirma que “a construção do conhecimento científico deve ser pautada peladefinição de procedimentos metodológicos” (2011, p. 5). O autor apresenta os cinco passos dométodo científico (p. 5-6):

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A metodologia cientifica auxilia o estudante/ pesquisador a analisar “as condições emque o conhecimento científico é construído” (GONÇALVES, 2005, p. 24). Para que isso sejapossível, o pesquisador deve possuir o “espírito científico”, ou seja, uma atitude crítica (analisar,questionar, examinar, julgar), deve buscar evidências (explicações, o “como” e os “porquês” dosfenômenos), ser objetivo (apegar-se às evidências dos fatos mesmo contra sua vontade) e criativo(elaborando hipóteses, processos, utilizando instrumentos, etc.).

Quais são as condições para se construir o pensamento teológico? É possívelutilizar métodos científicos para aprofundar, desenvolver e aplicar o

conhecimento teológico?

2.1 – Tipos de Métodos

a) Indutivo: princípio segundo o qual se devepartir das partes para o geral, isto é, coletarcasos particulares e, após certo númerodeles, extrair uma conclusão genérica, ouseja, sempre que a situação se repetir, oresultado será o mesmo;

b) Dedutivo: princípio segundo o qual se deve partir do geral para o particular, isto é, apartir de uma lei geral, observar casos particulares para confirmá-la ou negá-la.Assim, busca-se transformar enunciados complexos em particulares. Sua “função

básica é demonstrar aquilo que implicitamente já se encontra do antecedente”(MEDEIROS, p. 31);

Pedro, José e João são homens.Pedro, José e João são mortais.Logo, todos os homens são mortais.

Todo homem é mortal (premissa geral)

José é homem (premissa particular)Logo, José é mortal (conclusão particular).

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DIFERENÇAS ENTRE O MÉTODO INDUTIVO E O MÉTODO DEDUTIVO

Fonte: Bôas (2011a, p. 53)

c) Hipotético-dedutivo: busca o equilíbrio entre os métodos indutivo e dedutivoatravés da formulação de um problema (P1), ao qual se apresenta uma soluçãoprovisória (TT), passando à crítica da solução (falseamento/ experimentação) noobjetivo de eliminar o erro (EE). O processo é repetido, dando origem a novosproblemas (P2) (GONÇALVES, 2005, p. 40);

Os autores que tratam da metodologia científica destacam os mais diversos métodos.Medeiros, por exemplo, relaciona apenas os métodos indutivo e dedutivo e reconhece que,modernamente, também se fala em métodos hipotético-dedutivo e dialético. Além destes, oautor fala dosmétodos de procedimento , isto é, aqueles que se relacionam mais precisamente comas etapas do trabalho. Ele os subdivide em histórico, comparativo e estatístico (2011, p. 32).

Gonçalves, por sua vez, faz um inventário mais abrangente e destaca, além do método

dialético, vários métodos de procedimento, os quais define como “aqueles que têm comofinalidade explicar os fenômenos de forma menos abstrata” (2005, p. 43).

P1

• ProblemaInicial

TT

• Teoria-tentativa

EE

• Elimina-ção doErro

P2

• NovoProblema

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Bonetti, porém, nos apresenta uma lista sucinta com sete métodos procedimentais(2011, p. 6-11). São eles:

Método observacional: utiliza a observação como técnica científica sistematicamenteplanejada, registrada, ligada a proposições e submetida a verificações e controle devalidade e precisão;

Método comparativo: realiza a análise de dados concretos e procede a explicaçãosegundo as semelhanças e diferenças, buscando detectar o que é comum em dois oumais grupos;

Método histórico: investiga fatos e acontecimentos ocorridos no passado com oobjetivo de levantar possíveis projeções de sua influência na atualidade;

Método experimental: envolve o experimento, isto é, a coleta de dados, aintervenção, o estabelecimento de causa e efeito, o levantamento de resultados, etc.;

Método “estudo de caso”: faz a descrição analítica de um evento ou de determinadasituação em busca de possíveis conclusões;

Método funcionalista: interpreta objetos ou fatos tendo por base a função deles emdada sociedade;

Método estatístico: busca representar e explicar sistematicamente as observaçõesquantitativas numéricas com base em dada amostragem.

2.2 – Teoria Científica

O conhecimento científico está baseado num sistema de ideias interligadas de forma lógica. Aesse sistema de ideias chamamos teoria , ou seja,

um sistema ordenado e coerente de proposições ou enunciados baseados emum pequeno número de princípios, cuja finalidade é descrever, explicar eprever do modo mais completo possível um conjunto de fenômenos,

oferecendo suas leis necessárias (BÔAS, 2011a, p. 43).

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A teoria científica busca descrever a conclusão de uma experiência realizada. Visto que ateoria pode ser experimentalmente testada, quanto maior o número de testes, maior o seu graude confirmação e mais razoável a sua aceitação.

Visto que a teoria deve ser testada e confirmada para ser aceita, o que dizer dasteorias sobre a evolução do homem, tão asseveradas pela ciência? Podem sertomadas como verdadeiras e descritivas da realidade?

Nenhuma teoria pode ser provada com absoluta certeza. Por isso, optar por determinadateoria não significa crer numa verdade absoluta. Afirmar que dada teoria é verdadeira nãosignifica dizer que ela é uma lei absoluta, mas que, apenas, a verificação experimental tem sidocomprovada. Contudo, mesmo a teoria já provada por muitos testes pode ser reprovada nopróximo.

3 – A Pesquisa Científica

O conceito de ciência diz respeito a “um conjunto de procedimentos que permite a distinçãoentre a aparência e a essência dos fenômenos perceptíveis pela inteligência humana”, o queimplica a utilização de “técnicas especializadas de verificação, interpretação e inferência darealidade” (MEDEIROS, p. 29).

Para Gonçalves (2005, p. 48), “a pesquisa científica permite a formação e a ampliação doespírito científico e da consciência crítica do investigador”. A pesquisa é uma atividade criativa esistemática, realizada com o objetivo de expandir o conhecimento científico e utilizá-lo emnovas aplicações.

A pesquisa científica deve ser sistematicamente planejada e sua investigação deve serrealizada conforme critérios rigorosos de processamento das informações, ou seja, segundo asnormas metodológicas consagradas pela ciência (MEDEIROS, p. 30).

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Quanto à sua natureza , a pesquisa pode ser básica (objetiva a expansão do saber mas não

vincula-se a uma utilização prática imediata) ouaplicada (objetiva gerar inovações e solucionarproblemas).

Quanto aos seus objetivos, a pesquisa científica pode ser:

a) exploratória: “estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de umapesquisa e visa oferecer informações sobre o objeto da pesquisa e orientar aformulação de hipóteses”;

b) descritiva: “estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico sem a

interferência do pesquisador”;

c) explicativa: “registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas”(MEDEIROS, p. 30).

Quanto ao objeto , a pesquisa pode ser: de campo (observação de fatos ou fenômenos ecoleta os dados onde eles ocorrem), de laboratório (realizada de forma rígida e controlada,valendo-se de instrumentais precisos) e/ oubibliográfica (utiliza textos impressos e/ ou digitais).

Pesquisacientífica

Quanto ànatureza:

pesquisa básica

pesquisaaplicada

Quanto aosobjetivos:

pesquisaexploratória

pesquisadescritiva

pesquisaexplicativa

Quanto aosprocedimentos:

de campo

de laboratório

bibliográfica

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Segundo Gonçalves (2005, p. 50), o início de uma pesquisa tem como questionamentosprévios:

Sobre o que pesquisar?

Qual pergunta responder?

Que passos são necessários para respondê-la?

Quais as prováveis respostas a essa pergunta?

Qual a confiabilidade e a garantia das respostas?

De que ângulo, perspectiva, o assunto será abordado?

Qual a tese ou ponto de vista que se pretende defender?

Para responder essas perguntas, é fundamental que a pesquisa seja planejada. Oestudante/pesquisador deve levar em consideração os seguintes aspectos:

Objetivos

• Por quê? Para quê? Para quem? •Definição do que se deseja alcançar com a pesquisa.

Fontes

• Onde? Como? Quais? •Seleção de fontes (primárias ou secundárias) de consulta, coleta de dados, onde elasse localizam, como acessá-las, etc.

Equipe

• Quem? De que maneira? •Definição se a pesquisa é individual ou em grupo, tarefas, instrumentos necessários,etc.

Recursos

• Quanto? Quando? •Previsão dos gastos necessários, necessidade de financiamento, cronograma eprazos de realização da pesquisa.

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3.1 – Pesquisa Bibliográfica

Segundo Medeiros (2011, p. 36), a pesquisa bibliográfica significa o “levantamento dabibliografia referente ao assunto que se deseja estudar”. Isso consiste na identificação das obrasque tratam do assunto. Elas podem ser livros impressos ou virtuais, revistas, jornais, periódicosou sites especializados, artigos científicos, etc.

Para Gonçalves (2005, p. 58), o objetivo desta pesquisa é conhecer as contribuiçõescientíficas sobre o assunto, bem como revisar a literatura existente a respeito. Cecília Bôasdestaca, também, que a pesquisa bibliográfica “deve anteceder todos os tipos de pesquisas, poiscoloca o pesquisador em contato com o que existe sobre o seu tema” (2011b, p. 24).

Gonçalves (2005, p. 59) apresenta as seguintes etapas da pesquisa bibliográfica:

Na próxima unidade discutiremos o projeto de pesquisa, o fichamento e os diversostipos de produção científica, como resumos, resenhas e monografias.

Para maiores detalhes sobre os outros tipos de pesquisa, consulte o Manual de

Metodologia da Pesquisa Científica de Hortência de Abreu Gonçalves (Editora

Avercamp, 2005, p. 57-102).

escolha do tema

levantamentobibliográficopreliminar

formulação doproblema

elaboração doplano provisório do

assunto

busca das fontes

leitura do material fichamento

organização domaterial/assunto

redação do texto

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7/25/2019 Apostila Met Pesq Unid1

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Referências da Unidade

BÔAS, Cecília Maria Villas.Metodologia do trabalho acadêmico (Apostila do curso dePedagogia, 5º semestre). São Paulo: Unip Interativa, 2011a.

BÔAS, Cecília Maria Villas.Métodos de pesquisa (Apostila do curso de Pedagogia, 6ºsemestre). São Paulo: Unip Interativa, 2011b.

BONETTI, Franco.Trabalho de conclusão de curso (Apostila do curso de Pedagogia, 6ºsemestre). São Paulo: Unip Interativa, 2011.

CARBONE, Pedro Paulo et. al. Gestão por competências e gestão do conhecimento . 3. ed.Rio de Janeiro: FGV, 2009.

DUSILEK, Darci.A arte da investigação criadora : introdução à metodologia da pesquisa. 9. ed.Rio de Janeiro: Juerp, 1989.

GONÇALVES, Hortência de Abreu.Manual de metodologia da pesquisa científica . SãoPaulo: Avercamp, 2005.

MEDEIROS, João Bosco.Redação científica : a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2011.

RANGEL, Mary.Métodos de ensino para a aprendizagem e a dinamização das aulas. 6. ed.Campinas: Papirus, 2010.