mercado de capitais unidade i

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Autor: Prof. Alexandre Saramelli Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Prof. Paulo Fernando Minotti Mercado de Capitais

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Page 1: Mercado de Capitais Unidade I

Autor: Prof. Alexandre SaramelliColaboradores: Prof. Santiago Valverde Prof. Paulo Fernando Minotti

Mercado de Capitais

Page 2: Mercado de Capitais Unidade I

Professora conteudista: Alexandre Saramelli

Prof. Me. Alexandre Saramelli é nascido na cidade de São Paulo, contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e Mestre profissional em controladoria pela mesma universidade.

Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP.

Atualmente, é professor adjunto na Universidade Paulista, onde é coordenador do curso tecnológico de Gestão em

Finanças da UNIP Interativa, além de consultor empresarial.

Como entusiasta de tecnologia da informação e ambientes altamente informatizados, é um incentivador da pesquisa, difusão e uso eficiente e intensivo das modernas ferramentas de gestão, da transferência de conhecimento e do ensino a distância por telecomunicações.

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S243 Saramelli, Alexandre

Mercado de capitais. / Alexandre Saramelli - São Paulo: Editora Sol.

104 p., il.

1.Economia 2.Mercado de capitais 3. Bolsa de valores I.Título

CDU 336.76

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Prof. Dr. João Carlos Di GenioReitor

Prof. Fábio Romeu de CarvalhoVice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla TorreVice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo OkidaVice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-LopezVice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy

Prof. Marcelo Souza

Profa. Melissa Larrabure

Material Didático – EaD

Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão: Virgínia M. Bilatto

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Page 5: Mercado de Capitais Unidade I

SumárioMercado de Capitais

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................11

Unidade I

1 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) ..................... 171.1 Estrutura do sistema financeiro nacional .................................................................................. 191.2 As instituições financeiras ................................................................................................................ 22

2 ABERTURA DE CAPITAL DE EMPRESAS ................................................................................................... 292.1 Companhia aberta – conceito legal .............................................................................................. 292.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas ............................................................................. 32

2.2.1 Estrutura da sociedade anônima .................................................................................................... 332.3 Abertura de capital na estratégia empresarial ......................................................................... 342.4 Conceito de mercado monetário ................................................................................................... 35

2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip ................................................ 352.4.2 Títulos públicos ........................................................................................................................................ 372.4.3 Mercado aberto ...................................................................................................................................... 37

2.5 Conceito de mercado de crédito .................................................................................................... 382.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo ............................................................................................ 38

2.6 Conceito de mercado de câmbio .................................................................................................. 402.7 Conceito de mercado de capitais .................................................................................................. 41

2.7.1 Mercado futuro ...................................................................................................................................... 432.7.2 Mercado de opções ................................................................................................................................ 442.7.3 Derivativos - swap .................................................................................................................................. 45

Unidade II

3 OS TÍTULOS DO MERCADO DE CAPITAIS ................................................................................................ 503.1 Ações ......................................................................................................................................................... 51

3.1.1 A escolha de uma ação ......................................................................................................................... 533.2 Debêntures .............................................................................................................................................. 533.3 Commercial paper ................................................................................................................................ 54

4 MODALIDADES OPERACIONAIS DO MERCADO ACIONÁRIO .......................................................... 554.1 Operações no mercado à vista ........................................................................................................ 56

4.1.1 Formas de negociação .......................................................................................................................... 564.1.2 Liquidação .................................................................................................................................................. 574.1.3 Mercado de lote-padrão e mercado fracionário ........................................................................ 584.1.4 Os custos de transação ......................................................................................................................... 584.1.5 Tributação .................................................................................................................................................. 584.1.6 Riscos do mercado de ações .............................................................................................................. 58

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Unidade III

5 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO .................................. 625.1 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) .............................................................. 63

5.1.1 Procedimentos para rebalanceamento .......................................................................................... 655.1.2 Cisão de empresas .................................................................................................................................. 665.1.3 Início da negociação em bolsa .......................................................................................................... 66

5.2 Índice Brasil – IBRX ............................................................................................................................. 676 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO INTERNACIONAL ......................... 70

6.1 Índice Dow Jones – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) .............................................716.2 Índice S&P 500 – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) ................................................716.3 Índice composto Nasdaq ................................................................................................................... 726.4 Índice Nikkei – Bolsa de Valores de Tóquio ............................................................................... 726.5 Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres ........................................................... 73

Unidade IV

7 OPERAÇÕES NO MERCADO DE DERIVATIVOS ...................................................................................... 777.1 Conceito de mercado de derivativos ............................................................................................ 787.2 Definição de derivativos .................................................................................................................... 787.3 Mercado a termo .................................................................................................................................. 797.4 Mercado de opções .............................................................................................................................. 807.5 Fundos de investimento em ações ................................................................................................ 81

7.5.1 Tipos de fundos de investimento em ações ................................................................................. 837.5.2 Rating dos fundos .................................................................................................................................. 85

8 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA ..................................................................................................................... 868.1 Conceito ................................................................................................................................................... 868.2 Formação do preço justo de uma ação ....................................................................................... 878.3 Principais indicadores fundamentalistas .................................................................................... 888.4 Aspectos a serem observados na análise de uma empresa ................................................. 90

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APRESENTAÇÃO

Olá, aluno(a) UNIP.

Os mercados financeiros e de capitais sempre estão presentes na vida das pessoas, mesmo que elas não percebam (ou não queiram perceber isso). Até o indivíduo que vive isolado, em um local muito distante, terá contato em algum momento com o mercado, nem que seja para praticar uma troca, o chamado escambo.

Porém, se já temos tantas disciplinas que precisamos estudar ao longo do curso de Gestão em Finanças, qual é o motivo, ou ainda, qual é a justificativa para se estudar Mercado de Capitais?

Mercado de Capitais é um assunto que vemos todos os dias na televisão, na internet e nos jornais. Trata-se de um dos temas mais bem comentados em qualquer noticiário das principais mídias. Por isso, imagino que você tenha a sensação de que conhece esse assunto mais que o suficiente, o que certamente o(a) fará acreditar que o ideal seria substituir essa disciplina por outra qualquer, como contabilidade, negócios, estratégia, marketing, ou informática. Temos tantas outras coisas importantes para estudar, não é verdade?

Temos que observar também que o mercado de capitais, apesar de ser bem dimensionado no Brasil,

costuma ser uma realidade apenas para as grandes empresas e para as pessoas que têm conhecimento e gana de investidoras. Certamente, não é um assunto que você irá aplicar imediatamente em seu atual trabalho na cidade onde você mora, ou mesmo importante para a sua vida particular.

No entanto, Mercado de Capitais é o tipo de disciplina que não deve ser encarada apenas

como um elemento para constar no currículo, já que o MEC e/ou algum burocrata de Brasília exigem que as universidades abordem esse assunto. Não é uma disciplina para se estudar de forma cerimonial.

Com muita esperança, espera-se que você, no papel de aluno(a), não se prenda a argumentos diversos

e veja a disciplina Mercado de Capitais com empolgação e com muito interesse. Uma das recomendações, ao se estudar Mercado de Capitais, é se desvencilhar desse sentimento de

que a disciplina não tem utilidade. Pode até ser verdade que o mercado de capitais brasileiro seja um ambiente para poucos atualmente, mas é igualmente verdade que, cada vez mais, o mercado de capitais está recebendo a devida atenção dos governos nacionais e dos profissionais das mais diversas áreas, para que seja desenvolvido e faça parte da vida dos grandes, médios e pequenos empresários, além da vida particular das pessoas.

Entre as iniciativas mais importantes nesse sentido, destacam-se o processo de convergência contábil

internacional e a publicação do CPC-PME, o pronunciamento contábil brasileiro para pequenas e médias empresas, que, em linha com os pronunciamentos contábeis internacionais, tem a intenção de facilitar o acesso desse tipo de empresa ao mercado de capitais.

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Segundo dados da IASB (International Accounting Standards Board), entidade responsável pelas normas contábeis internacionais, há 52 bolsas de valores no mundo que, juntas, negociam ações de cerca de 45.000 empresas. O que chama a atenção é que, apenas na Europa, há aproximadamente 25 milhões de empresas atuando no setor privado.

As pequenas e médias empresas são uma força econômica invejável, mas o mercado de capitais não é uma opção para a captação de recursos para elas.

Nada irá mudar se profissionais e estudantes como você não olharem para o mercado de capitais com interesse. Além de incentivos, normas e regulamentos que facilitem o acesso das pequenas e médias empresas (e mesmo das grandes empresas), é necessário também um contingente de profissionais que conheçam além dos aspectos mais visíveis do mercado de capitais.

É nesse sentido que o estudo de mercado de capitais passa a ser imprescindível. Hoje, talvez, você ainda não use esse conhecimento, mas, daqui a pouco tempo, você poderá usá-lo e terá o mercado de capitais como uma forte opção para obter renda, seja na empresa onde está trabalhando, seja para sua vida particular.

Objetivos da disciplina:

Expomos aqui os objetivos da disciplina, que são as expectativas da universidade e dos coordenadores pedagógicos quanto ao que o professor deve proporcionar aos alunos. Dessa forma, a disciplina Mercado de Capitais visa propiciar a você, aluno(a), uma visão geral do mercado de capitais e sua importância para a criação de valor econômico das empresas e para a promoção do desenvolvimento social do país; além disso, também oferece condições de interpretar as variações de preços nas bolsas, a partir da composição das carteiras e da análise da macroeconomia.

Sugestões de estudo:

Sugerir como um aluno deve estudar é um exercício muito complicado, porque cada um de nós tem suas individualidades e manias.

Há pessoas que conseguem absorver bem o assunto a partir de uma leitura flutuante, rápida. Outros não conseguem entendê-lo sem uma leitura minuciosa, lenta e criteriosa.

Da mesma forma, para muitos, o ato de ler e estudar pode ser muito prazeroso, pois a sensação de adquir um conhecimento por si só já traz satisfação. No entanto, para outros, simplesmente saber que este livro-texto tem 180 páginas já é um motivo mais que suficiente para insatisfação.

Há alunos que preferem um livro cheio de gráficos, figuras, resumos, enquanto outros preferem um livro apenas com texto, que vá direto ao assunto e sem interferências. Há ainda aqueles que não gostam de teorias acadêmicas e citações de pesquisadores, ou seja, preferem livros que mostrem exemplos práticos e tragam o ambiente da prática empresarial.

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Quando este livro foi elaborado, pensou-se em trazer vários conteúdos para que se tornasse interessante a todos. A intenção aqui, ao se falar em “sugestão” de estudo, não é a de se estabelecer uma forma rígida para o curso, mas sim de trazer um guia sobre como agir para que a sua experiência ao estudar seja mais efetiva e prazerosa. É evidente que você tem liberdade para estudar da forma que acredita ser mais eficiente. Não é necessário seguir esta sugestão que proporemos aqui, mas é fundamental que se envolva com os assuntos com muito entusiasmo.

Nesse sentido, são sugeridos os seguintes passos:

1. Comece o seu estudo pela bibliografia. Isso mesmo. Vá até o final do livro-texto e verifique quais livros, artigos e referências foram utilizados na sua elaboração. Uma vez conhecida a bibliografia, é recomendado que você siga o roteiro sugerido no sumário, ou seja:

2. Estude a unidade I, na qual conhecerá o sistema financeiro nacional e os aspectos relacionados à abertura de capital nas empresas.

3. Em seguida, vá para a unidade II, em que são explorados os títulos do mercado de capitais e suas modalidades operacionais.

4. Depois siga para unidade III, em que são analisados os índices e os mercados de derivativos.

5. Finalmente, continue seus estudos com a unidade IV, em que irá estudar os fundos de investimento e as análises fundamentalistas.

Finalizando assim o seu estudo!

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Referências

Unidade I

Unidade II

Unidade III

Unidade IV

Saiba maisExercíciosTarefas

Figura 1: Esquema de estudo.

A palavra finalizar aqui deve ser apenas um referencial, porque a proposta é que, a partir de agora, o seu estudo sobre o mercado de capitais seja permanente.

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Leve suas dúvidas, comentários e pesquisas para os chats e/ou fóruns. Fazer boas perguntas aos professores é também uma forma muito eficaz de estudar, além de ser uma

ótima contribuição para os outros colegas e para próprio professor, pois abre possibilidade para que ele possa expandir a abordagem do livro-texto.

Caso você tenha dificuldades para entender algum assunto e entre na desconfortável situação de não saber nem o que perguntar, use como poderosas ferramentas as seguintes perguntas:

• Quem?

• Que?

• Como?

• Quando?

• Onde?

• Por quê?

Faça essas perguntas a você mesmo e, a partir desse exercício, conseguirá formular uma pergunta mais estruturada, ou até entender o assunto sozinho. Com essa ótima hipótese, ajude seus colegas a entender também as suas descobertas.

É muito importante saber que o livro-texto não esgota todas as possibilidades de estudo, ou seja, não deve ser tratado como a única fonte de referência no assunto.

Por isso, em cada uma das unidades, leia sempre os resumos iniciais e finais e busque as informações propostas nas áreas de saiba mais. Leia também os artigos e veja os filmes sugeridos. Faça os exercícios e as tarefas propostas. É fundamental que você use a sua curiosidade.

Ao final de cada unidade, será estudado o jargão específico da área de finanças, em que serão discutidos os significados dos termos que foram usados ao longo do conteúdo.

Além do significado de uma palavra na língua portuguesa ou em uma língua estrangeira (como o inglês, que é largamente empregado no mercado de capitais), é muito importante que você conheça o significado específico que uma palavra ou frase têm dentro do contexto estudado.

Caso, ao final do estudo, você sinta que ainda tem muitas dúvidas, a ponto de não saber responder às perguntas da prova, estude mais. Retorne às unidades anteriores quantas vezes achar necessário e tente entender o conteúdo sem a ansiedade por obter uma boa nota na prova, o que, não raramente, atrapalha o processo de aprendizagem.

No entanto, as sensações de dúvida e querer conhecer mais são o real objetivo de toda aula. Uma aula nunca acaba!

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INTRODUÇÃO

Figura 2: Touro da Bolsa de Nova York.

O touro da Bolsa de Nova York foi esculpido pelo artista ítalo-americano Arturo di Modica, em 1989, e é um dos símbolos de Wall Street.

O touro e o urso apresentam uma simbologia toda especial. Sabe-se que há momentos em que a bolsa está em alta e outros em que está em baixa. A “época do touro” é o como é chamado o momento em que a bolsa está em alta, porque esse animal, quando ataca, sempre ataca de baixo para cima. Já a “época do urso” é a expressão utilizada quando a bolsa está em baixa, pois esse animal ataca sempre de cima para baixo.

Para muitos, o touro representa uma superstição. A maioria dos nova iorquinos, ao passar pelo touro a caminho da bolsa de valores, costuma bater a pasta na estátua de bronze para dar sorte. Há os que dizem também que quem tocar nas partes íntimas do touro de bronze... Torna-se milionário!

Antes de iniciarmos os nossos estudos, imagine as seguintes situações:

Primeira situação:

De um lado da cidade, um comerciante tem uma ótima ideia: expandir seu negócio e/ou criar um novo produto. Essa ideia é muito boa, pois pode resolver um problema que muitas pessoas (prováveis clientes) enfrentam no seu dia a dia, além de movimentar a economia local. No entanto, resignado, esse comerciante irá dormir triste, porque não poderá pôr em prática essa ideia, já que não tem dinheiro, nem quem se interesse em injetar capital em seu comércio.

Do outro lado dessa mesma cidade, outra pessoa, que aqui chamaremos de investidor, também está com um problema: recebeu uma herança ou, por um motivo qualquer, tem certo estoque de dinheiro. Ele não quer deixar esse dinheiro parado, mas também não está disposto a abrir um

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negócio. Talvez, falte a essa pessoa uma boa ideia. Talvez, não tenha motivação ou conhecimento para trabalhar numa ativiade qualquer. Quem sabe, falta-lhe saúde, ou já está ocupado demais trabalhando em outro negócio. Por qualquer um desses motivos, seria muito bom para nosso investidor encontrar alguém sério e honesto, com uma boa proposta e, com essa pessoa, ganhar dinheiro.

No entanto, o dia terminará e nada de útil terá acontecido.

Preciso de dinheiro!

Onde invisto o meu dinheiro?

Figura 3: Onde invisto meu dinheiro?

Segunda situação:

Amanhece. Um operador de bolsa de valores acaba de iniciar o seu dia, em uma sala apertada de uma corretora de valores qualquer. Tempos difíceis. Todos estão muito nervosos na cidade. Na televisão, passa uma entrevista em que os jornalistas criticam acidamente o governo, que não toma “as medidas necessárias”. Uma senhora idosa, dentro de um supermercado, reclama da “caristia”. Os jornalistas discutem então as consequências de uma crise nos mercados internacionais. Tudo é incerto, a única certeza que se tem é a de que há diversos problemas por resolver na economia. Esse operador, no entanto, está confiante. Apesar de todas as dificuldades da economia e/ou do mercado, ele está com esperança de fazer bons negócios. Ás vezes, em tempos de crise é que as boas oportunidades acontecem. A qualquer momento poderá surgir uma ótima chance.

O telefone toca. Trata-se de um cliente pedindo para comprar ações da empresa X e vender ações da empresa Y. Mas, antes de fechar o negócio, ele gostaria de saber a opinião do corretor, que diz que não tem certeza se será uma boa oportunidade. Sugere, então, que não feche o negócio na parte da manhã e espere até o período da tarde, após os executivos da empresa Y anunciarem os resultados trimestrais. Caso o cliente não quisesse esperar, sugere também que compre as ações da empresa W, que, segundo os analistas e previsões da corretora, certamente irá ganhar muito dinheiro nos próximos meses porque, em um determinado país, estão precisando muito dos produtos que ela fabrica. Por conta de um problema na navegação marítima, os fornecedores tradicionais não estão conseguindo entregar a mercadoria.

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Repentinamente, o operador fala para o cliente:

– Estou vendo aqui e, ao mesmo tempo em que conversamos, todas as ações disponíveis para a W já foram vendidas. Fica, então, a sugestão de esperar até à tarde, após o anúncio da empresa Y.

Então, cliente pede que o corretor compre as ações da empresa H. Completamente espantado, ou melhor, abismado, o corretor diz:

– O senhor tem certeza? Essa empresa está em uma situação financeira desesperadora, as ações estão despencando, está todo mundo vendendo-as a preço de banana! Tudo indica que a crise que essa empresa está enfrentando é irreversível, não haverá recuperação.

O cliente, no entanto, com toda a naturalidade e segurança afirma:

– É isso mesmo. Ao contrário do que você diz, eu confio que a H não só irá se recuperar, como também ganhará muito dinheiro nas próximas semanas.

O corretor diz:

– Ok. Negócio fechado!

Diante das situações expostas, pergunta-se:

• Há diferença entre o perfil de investidor das personagens da primeira situação e da segunda situação?

• De que as personagens da primeira situação e da segunda situação têm medo? O medo é o mesmo para ambos, ou há um personagem mais avesso ao risco que o outro?

• Que problemas podem ocorrer em cada uma das situações anteriores?

• Qual o papel do sistema monetário nacional, no processo de organizar e criar confiança para que as pessoas possam realizar os seus negócios?

• Como profissional da área de finanças, o que você poderia fazer para prestar um bom serviço, caso estivesse interagindo com um desses personagens?

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MERCADO DE CAPITAIS

Unidade I

Figura 4: Sala do Conselho Monetário Nacional.

Nesta unidade, iremos estudar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e a função dos agentes intermediários e auxiliares, bem como compreenderemos como a intermediação desempenha papel fundamental no cenário econômico atual. Para isso, é fundamental uma abordagem histórica que explique o porquê da necessidade de se formar um sistema financeiro.

Saiba mais

Como comentado anteriormente na apresentação, este livro texto não deve ser visto como fonte única de estudos. Por isso, não deixe de consultar os seguintes livros que compõem a bibliografia básica do nosso curso:

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. e RUDGE, L. F. Mercado de capitais. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elisevier, 2009.

LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

O modelo a ser estudado será o brasileiro. Também iremos discutir a abertura de capital das empresas: o que representa para uma empresa participar da bolsa de valores e captar dinheiro no mercado, tanto a longo como a médio prazo, para a geração de capital de giro, e quais os diferentes tipos de mercado existentes e as estratégias que as empresas utilizam.

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As origens do mercado financeiro e de capitais são antigas e se confundem com a evolução da humanidade. Há muitos séculos, os romanos formaram uma bem organizada rede bancária internacional, pois era comum a atuação de banqueiros e agiotas. Em Veneza, na época do renascimento, por conta de sua excelente localização e do clima de efervescência social, o sistema financeiro desenvolveu-se ainda mais.

A origem das bolsas de valores é confusa. Há historiadores que atribuem aos romanos o seu surgimento, com o Collegium Mercatorum Romano; outros, aos gregos, com o Emporium Grego. Há ainda os historiadores que atribuem ao Fundack (bazar) Palestino.

Mas a origem mais aceita para as bolsas de valores, como as conhecemos atualmente, surge na cidade de Bruges, na atual Bélgica, em 1309. Bruges era a então capital de Flandres, pertencente à Liga Hanseática, onde havia uma importante rota comercial europeia e um mercado muito desenvolvido. Nesse ambiente, um senhor de nome Van der Burse abriu sua casa para a realização de reuniões de comerciantes, onde negociavam capitais.

Segundo De Clercq (1992), na fachada dessa casa, que pode ser observada na imagem a seguir, havia um escudo com três bolsas, que eram o brasão d´armas da família do Sr. Burse.

Figura 5: Prédio do Sr. Van Der Burse, conhecido como a primeira bolsa de valores, e o brasão d´armas de sua família, formado por um escudo e três pequenas bolsas.

Logo, as reuniões frequentes na casa do Sr. Van Der Burse foram conhecidas como as reuniões de Burse e, posteriormente, simplesmente como “bolsa”.

Joseph de La Vega, que narrou as histórias das bolsas em 1688, descreveu que a bolsa era uma pequena praça rodeada de pilares e se chamava assim por se encerrarem nela os mercadores, como em uma bolsa, e pelas diligências que cada um faz de ali encher a sua.

Independente dessas origens, podemos observar que os locais onde os comerciantes e as pessoas em geral buscam negócios e capitais financeiros são sempre relacionados à palavra “mercado”, no mesmo sentido do mercado onde as pessoas procuram um produto de que precisam, como alimentos e/ou roupas; ou seja, um local seguro e em condições para que os negócios sejam realizados de forma satisfatória.

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Fortuna (2007, p. 214) conceituou sistema financeiro como o “conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O sistema financeiro nacional é responsável pela regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas à circulação da moeda e do crédito”.

1 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)

Analisando o conceito de Fortuna, imagine um mercado de alimentos em que o telhado está quebrado, deixando vazar água. A temperatura do ambiente é quente ou fria demais. As condições de higiene são ruins e os alimentos facilmente são contaminados com bactérias nocivas à saúde. Os preços não são atribuídos de forma justa, os comerciantes são aproveitadores e as pessoas estão sujeitas a serem assaltadas por ladrões.

Os bons comerciantes buscam dar aos seus clientes boas condições para compra, mantendo o prédio onde estão alocados em bom estado estrutural e as instalações com bom asseio e higiene. Se o comércio fica em uma região sujeita a assaltos, certamente serão instaladas medidas antiassalto. Os preços praticados serão justos, de forma que o cliente se sinta bem e compre com confiança.

Não raramente, alguns comerciantes passam a ser conhecidos por conta de atributos nobres, como a honestidade e a gentileza. Porém, sabe-se que nem sempre isso ocorre. Há comerciantes sem escrúpulos que fazem tudo parecer bom para atrair clientes. Ou ainda, há casos conhecidos de comerciantes que são muito ousados e que acabam tendo comportamentos que prejudicam os demais.

Devido a esses fatores, os governos e autoridades públicas costumam interferir nos mercados no que diz respeito às relações entre particulares (que, supõe-se, deveriam ser praticadas livremente), exigindo ou impondo aos comerciantes comportamento ético e cumprimento de leis e normas. Nos mercados de alimentos, por exemplo, as prefeituras somente autorizam o estabelecimento de um novo comércio se o comerciante buscar uma licença sanitária. Caso isso não ocorra, o poder público poderá, se for o caso, solicitar o uso de força policial para, por exemplo, fechar o negócio.

No mercado financeiro, não poderia ser diferente. Os governos têm o importante papel de conferir aos mercados segurança e credibilidade. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é um instrumento que corrobora essa ação. O SFN atual é o resultado de anos de experiência e do desenvolvimento do mercado de capitais no país. Da mesma forma como ocorreu em outros países, esse desenvolvimento surgiu a partir de circunstâncias tanto positivas como negativas.

O órgão supremo do Sistema Monetário Nacional (SMN) é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que é responsável pela política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Os membros efetivos do CMN são o Ministro da Fazenda, o Ministro do Planejamento e Orçamento e o Presidente do Banco Central. É permitido ao presidente do conselho convidar outros ministros de estado e representantes de entidades públicas ou privadas apenas para participar das reuniões, no entanto, aos convidados, não lhes é dado o direito ao voto.

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O CMN é um órgão deliberativo/normativo, o que significa que é responsável pelo estabelecimento de diretrizes para o sistema financeiro nacional, e se reúne ordinariamente uma vez ao mês e, extraordinariamente, sempre que houver uma convocação pelo presidente.

Lembrete

A sala onde o Conselho Monetário Nacional se reúne está na foto do início desta unidade!

As principais atribuições do CMN são:

• Regular a constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras.

• Aplicar as penalidades previstas na Lei quando cabíveis.

• Estabelecer medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos.

• Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias.

• Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e externa.

• Autorizar as emissões de papel-moeda.

• Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras.

Saiba mais

Acompanhe as decisões do Conselho Monetário Nacional, que são publicadas no Diário Oficial e podem ser acessadas no seguinte site: <http://www.bcb.gov.br /?id=CMNATAS&ano=2010>.

Acesse também o site do Ministério da Fazenda, que sempre divulga as decisões do CMN, como se pode ver em: <http://www.fazenda.gov.br/>.

No sistema financeiro nacional há regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas à circulação da moeda e do crédito. A seguir, apresentamos uma breve cronologia das suas origens e de seus aspectos históricos, conforme Ferreira (2011, p.1):

Em 1952, foi fundado o atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

Em 1964, ocorreu a reforma bancária, por intermédio da Lei nº 4.595, que dispôs sobre a criação do Conselho Monetário Nacional, a transformação

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da Sumoc no Banco Central da República do Brasil, que, posteriormente, passou a ser denominado Banco Central do Brasil, e a composição original do sistema financeiro nacional: Conselho Monetário Nacional, Banco Central da Republica do Brasil (atual Banco Central do Brasil – Bacen), Banco do Brasil S/A, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES) e demais instituições financeiras públicas e privadas.

Entre 1964 e 1965, foi criado o Sistema Financeiro da Habitação – SFH –, tendo como principal operador o Banco Nacional da Habitação – BNH. As principais fontes de recursos do SFH são o Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho – FGTS – e o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE. Em 1986, o BNH foi extinto, e suas atribuições foram transferidas para a Caixa Econômica Federal.

A Lei do mercado de capitais, nº 4.728/65, estabeleceu normas relativas ao mercado de investimentos.

Em 1976, pela Lei nº 6.385, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários, que também integra o sistema financeiro nacional.

Em 1986, foi encerrada a conta movimento do Banco do Brasil perante o Banco Central, dando-se início ao processo de transferência de todas as atribuições de autoridade monetária responsável pela emissão de moeda ao Bacen (FERREIRA, 2011, p.1).

1.1 Estrutura do sistema financeiro nacional

Saiba mais

No Brasil, a Lei que rege o sistema financeiro nacional é a 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Consulte-a em: <http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/ Port/lei4595_Hist.asp?idpai=leis>.

Segundo Ferreira (2011), o sistema financeiro nacional é dividido em dois subsistemas:

• Subsistema de supervisão ou normativo: edita normas que definem os parâmetros para transferência de recursos dos poupadores aos tomadores e controla o funcionamento das instituições e entidades que efetuam atividades de intermediação financeira. O subsistema de supervisão é formado pelas seguintes entidades:

— Conselho Monetário Nacional.

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— Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

— Banco Central do Brasil S/A.

— Comissão de Valores Mobiliários.

— Conselho Nacional de Seguros Privados.

— Superintendência de Seguros Privados.

— IRB – Brasil Resseguros.

— Conselho de Gestão da Previdência Complementar.

— Secretaria de Previdência Complementar.

O Conselho Monetário Nacional, conforme estudamos anteriormente, é o órgão máximo do sistema financeiro nacional. Estudemos, então, as outras entidades.

Um dos principais componentes do subsistema normativo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada pela Lei 6.385, de 07/12/1976, e é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de capitais.

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA, 2010), a principal atribuição da CVM é promover medidas que incentivem os poupadores a investirem no mercado de capitais. A função do mercado de valores mobiliários na economia é o atendimento às necessidades de financiamento de médio e longo prazo por parte das empresas, bem como fiscalização, a fim de evitar irregularidades.

Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições operadoras do mercado de capitais é outra atribuição da CVM, que assegura um andamento eficiente e regular, assim como protege os investidores, com vistas a manter a confiabilidade do mercado, além de coibir qualquer tipo de irregularidade, como já mencionamos.

Assim segundo a Bolsa de Valores de São Paulo (2010), os principais objetivos da CVM são: fortalecer o mercado de títulos e valores mobiliários e assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores, de mercadorias e futuros e de instituições auxiliares que operem nesses mercados.

As principais funções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) são:

• Disciplinar e fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado.

• Disciplinar a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários.

• Fiscalizar a organização, o funcionamento e as operações das bolsas de valores e das bolsas de mercadorias e futuros.

• Fiscalizar a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários.

• Manter a fiscalização da auditoria de companhias abertas e dos serviços de consultores e analistas de valores mobiliários.

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• Fixar limites máximos de preços e comissões cobradas pelos intermediários e fiscalizar companhias de capital aberto.

• Suspender a negociação de valores mobiliários.

• Decretar recesso das bolsas de valores.

• Divulgar informações para orientar os participantes do mercado.

• Efetuar o registro para negociação em bolsa de valores e no mercado de balcão.

• Expedir normas aplicáveis às companhias abertas.

No subsistema normativo há também o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), criado pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, para fixar as diretrizes e normas da política governamental relativa aos seguros privados e à capitalização. É também responsável por aplicar normas às atividades de seguros nacionais.

Ainda no subsistema normativo, existe a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que fiscaliza o mercado de seguros, previdência aberta, capitalização, planos privado de assistência à saúde, além do IRB (Brasil Resseguros), que surgiu em 1997, após a quebra do monopólio das atividades de seguro no país, que cabia ao Instituto de Resseguros do Brasil.

Finalmente, nesse subsistema, temos o Conselho de Gestão da Previdência Complementar, que regula, coordena e normatiza as entidades fechadas de previdência complementar (os fundos de pensão) e é controlado e fiscalizado pela Secretaria de Previdência Complementar, assim como todas as instituições particulares de previdência complementar.

• Subsistema operativo: operacionaliza a transferência de recursos do poupador para o tomador, seguindo as regras estabelecidas pelas entidades integrantes do subsistema de supervisão. A composição do sistema operativo é a seguinte:

— Instituições financeiras bancárias ou monetárias.

— Instituições financeiras não bancárias ou não monetárias.

— Instituições do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos.

— Agentes especiais.

— Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.

— Instituições do Sistema de Liquidação e Custodia de Títulos e Valores Mobiliários.

— Instituições administradoras de recursos de terceiros.

— Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.

— Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.

— Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e de Previdência Complementar.

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1.2 As instituições financeiras

Neste capítulo, estudam-se as instituições financeiras e, segundo Ferreira (2011) e com base na lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, as pessoas jurídicas se consideram instituições financeiras, privadas ou públicas, quando atuam em atividade acessória à coleta, intermediação ou até aplicação de capital próprio ou externo, tanto em moeda nacional quanto estrangeira, levando em conta a legislação vigente.

Para que uma entidade ou empresário possam atuar no mercado financeiro nacional, é fundamental que peçam autorização ao Banco Central. Essa regra é fundamental, inclusive para instituições financeiras que já atuam no exterior e que tenham interesse em atuar também no Brasil, e a autorização deve ter a sanção do Presidente da República.

Saiba mais

Segundo a jornalista Ana Paula Ribeiro, do jornal Brasil Econômico, e a Associação Brasileira de Bancos, entre os anos de 2010 e 2011, vários bancos internacionais, como os britânicos Royal Bank of Scotland (RBS), Standard Chartered e o conhecido banco suíço UBS, antes de iniciar suas operações no Brasil, solicitaram autorização ao Banco Central. Saiba mais em: <http://www.abbc.org.br/m5_imprime.asp?cod_noticia=9326&cod_pagina=1187>.

As instituições financeiras são divididas em dois tipos:

• As instituições financeiras bancárias.

• As instituições financeiras não bancárias.

E recebem as seguintes classificações:

• Instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).

• Agentese especiais.

• Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.

• Instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários.

• Instituições administradoras de recursos de terceiros:

— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen.

— Fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM.

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— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM.

— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep.

• Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.

• Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e Previdência Complementar.

• Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.

• O caso específico do Banco do Brasil.

• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

• Caixa Econômica Federal – CEF.

• Bancos comerciais.

• Cooperativas de crédito.

• Sociedades de crédito, de financiamento e de investimento.

• Sociedades corretoras.

• Sociedades distribuidoras.

• Sociedades de arrendamento mercantil.

• Associações de poupança e empréstimos.

• Investidores institucionais e entidades fechadas de previdência privada.

• Companhias hipotecárias.

Analisemos a seguir essas classificações:

• As instituições financeiras bancárias são autorizadas a captar recursos junto ao público sob a forma de depósitos à vista. Com isso, têm permissão para criar moeda escritural. A seguir, exemplos de instituições financeiras bancárias:

— Bancos comerciais.

— Caixas econômicas.

— Cooperativas de crédito.

— Bancos cooperativos.

— Bancos múltiplos com carteira comercial.

• Já as instituições financeiras não bancárias (ou não monetárias) não são autorizadas a captar recursos sob a forma de depósito à vista. Alguns exemplos:

— Bancos de investimentos.

— Bancos estaduais de desenvolvimento.

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— Sociedades de arrendamento mercantil.

— Sociedades de crédito, financiamento e investimento.

— Companhias hipotecárias.

— Bancos múltiplos sem carteira comercial.

• As instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são autorizadas a captar recursos em forma de depósitos em caderneta de poupança, sendo que os recursos são encaminhados principalmente a atividades de financiamento habitacional. Exemplos de instituições ligadas ao SBPE:

— Sociedades de crédito imobiliário.

— Associações de poupança e empréstimos.

— Caixas econômicas (estaduais).

— Bancos múltiplos com carteira de credito imobiliário.

— Sociedades de crédito imobiliário.

• Instituições que executam funções atípicas, diferentes das demais instituições que são registradas no Banco Central, são denominadas agentes especiais. Geralmente, são entidades que atuam como instrumento de política de desenvolvimento do governo, fomentando negócios. Exemplos de agentes especiais:

— Banco do Brasil S.A.

— Caixa Econômica Federal.

— Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

— Banco do Nordeste do Brasil S/A.

— Banco da Amazônia S/A.

• As instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários prestam serviços a poupadores e tomadores, mediante compra e venda, como intermediários de títulos, valores mobiliários e câmbio. Exemplos:

— Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários.

— Sociedades corretoras de câmbio.

— Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários.

— Corretores de mercadorias e corretores de mercadorias agrícolas, operadores especiais de mercadorias agrícolas e corretores de algodão.

— Agentes autônomos de investimentos.

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• As instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários prestam serviços aos intermediários financeiros, proporcionando condições de mercado para a emissão e circulação de títulos e valores mobiliários. No entanto, essas instituições não efetuam operações de compra e venda. Exemplos:

— Bolsa de valores.

— Entidades de mercado de balcão organizado.

— Sociedades de compensação e liquidação de operações.

— Bolsa de mercadorias e futuros.

— Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic.

— Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos.

• As Instituições administradoras de recursos de terceiros reúnem poupadores que têm objetivos comuns para a aplicação de seus recursos. Aqui, temos:

— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen (Banco Central do Brasil), que são formados por:

- Fundos de investimento financeiro.

- Fundos de investimento financeiro – dívida estadual e/ou municipal.

- Fundos de aplicação em quotas de fundos de investimento financeiro.

- Fundos de renda fixa – capital estrangeiro.

- Fundos de investimento no exterior.

- Fundos de investimento extramercado.

— Os fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM possuem outras características. São compostos por:

- Fundos mútuos de investimento em ações.

- Fundos mútuos de investimento em ações – carteira livre.

- Fundo de investimento em quotas de fundos mútuos de investimentos em ações.

- Fundos setoriais de investimento em empresas emergentes.

- Fundos de investimento cultural e artístico.

- Fundos de privatização.

- Fundos de conversão – capital estrangeiro.

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�— Fundos Mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM, que possibilitam escolhas aos investidores, como:

- Fundos de investimento – capital estrangeiro.

- Fundos mútuos de investimento em ações do setor de mineração.

- Fundos mútuos de ações incentivadas.

- Fundos de investimento imobiliários.

- Fundos mútuos de privatização – dívida securitizada.

�— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep, que são formados pelo Fundo de Aposentadoria Programada Individual, (FAPI), assim como:

- Clubes de investimentos.

- Carteira de títulos e valores mobiliários.

- Sociedades de investimento – capital estrangeiro.

- Administradores de consórcio.

• As entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados são entidades que, juridicamente, não pertencem à categoria de instituição financeira, mas prestam serviços regulamentados. Como exemplo, temos as agências de fomento e/ou de desenvolvimento.

• Ainda segundo Ferreira (2011), as instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e Previdência Complementar são organizações mantenedoras de seguros de coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos, garantias, cosseguro, resseguro, retrocessão de seguros, planos de pecúlio ou de rendas e de assistência médica ou odontológica e planos de benefícios complementares ou assemelhados aos da Previdência Social, formados pelas sociedades seguradoras, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência privada com fins lucrativos, entidades abertas de previdência privada sem fins lucrativos, entidades fechadas de previdência privada, sociedades administradoras de planos de seguro-saúde e corretoras de seguros.

• As instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados não são organizações financeiras. Porém, prestam serviços tipicamente financeiros. Como exemplos, temos as sociedades administradoras de cartões de crédito e as sociedades de fomento mercantil.

• O Banco do Brasil representa um caso à parte. Até janeiro de 1986, essa instituição assemelhava-se a uma autoridade monetária, efetuando serviços de política econômica do governo mediante ajustamentos da conta movimento do Banco Central do Brasil (Bacen) e do Tesouro Nacional (TN). Porém, atualmente, é considerado um banco comercial comum, embora ainda seja responsável pela Câmara de Confederação.

• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é responsável pela política de investimento de longo prazo. É conhecido atualmente como a principal instituição

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financeira de fomento do Brasil, cumprindo o importante papel de atenuar os desequilíbrios regionais, promover o crescimento das exportações, entre outras funções. Para tal, usa recursos de programas e fundos de fomento. As principais formas de atuação do BNDES são:

— Financiamento direto, podendo ser concedido a empresas e instituições privadas ou públicas, bem como a seus acionistas, para que estes participem do aumento de capitais.

— Financiamento para a compra de máquinas e equipamentos.

— Financiamentos indiretos, mediante linhas de crédito operadas por agentes financeiros credenciados (bancos comerciais, de investimento, desenvolvimento etc.) e por meio de participação acionária.

— Apoio ao capital privado para a complementação, consolidação e modernização da base industrial do país.

— Aval de repasse de linhas de crédito externo para financiamento de importação de equipamentos e insumos.

— Apoio ao lançamento de ações (operações underwriting).

— Apoio à construção naval com recursos do fundo da Marinha Mercante.

— Apoio a operações de interesse do país, como fazendas de silvicultura (madeira) e programas de TV digital e audiovisual.

• A Caixa Econômica Federal (CEF) mantém a forte característica de ser um instrumento governamental de financiamento social, estando voltada a demandas importantes para o país, como o financiamento habitacional e o saneamento básico.

• Os bancos comerciais são intermediários financeiros. A sua principal função é a de transferir recursos dos agentes superavitários para os deficitários. Esse mecanismo cria moeda por meio do efeito multiplicador, por isso, os bancos são fortemente fiscalizados pelo Banco Central (o “banco dos bancos”), que efetua depósitos compulsórios para diminuí-lo. Os bancos comerciais prestam os seguintes serviços:

— Desconto de títulos.

— Realização de operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente.

— Realização de operações especiais de crédito rural, de câmbio e de comércio internacional.

— Captação de depósitos à vista e a prazo fixo.

— Obtenção de recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes.

— Entre outros serviços.

• As cooperativas de crédito, geralmente, atuam em setores primários da economia brasileira, equiparando-se às instituições financeiras. No entanto, são formadas entre os funcionários das próprias organizações.

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• As sociedades de crédito, de financiamento e de investimentos são organizações de intermediação de crédito que captam recursos por meio de letras de câmbio. Sua principal função é a de financiar bens de consumo duráveis aos consumidores finais. São os conhecidos crediários.

• As sociedades corretoras desenvolvem operações por meio de títulos e valores mobiliários por conta de terceiros. São aquelas organizações que dependem diretamente do Banco Central do Brasil (Bacen) para constituírem-se e são reguladas pelo órgão mais importante desse segmento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

• As sociedades distribuidoras subscrevem as emissões de títulos e ações, intermediam e realizam operações no mercado aberto. Essas sociedades não têm acesso às bolsas de valores.

• As sociedades de arrendamento mercantil efetuam operações conhecidas como leasing, uma palavra em inglês que significa locação de bens. Nessa operação de leasing, o locatário pode, ao final do contrato, renová-lo, adquirir o bem por valor residencial ou devolver o bem locado à sociedade. As operações de leasing tornaram-se muito comuns atualmente. As sociedades de arrendamento mercantil costumam captar os recursos financeiros dos agentes superavitários por meio de títulos conhecidos como debêntures.

• As associações de poupança e empréstimos são sociedades civis em que os associados têm direito à participação nos resultados. Essas associações captam recursos financeiros por meio de cadernetas de poupança, cujo objetivo é principalmente o financiamento de imóveis.

• Os investidores institucionais são os fundos mútuos de investimentos, condomínios abertos que aplicam seus recursos financeiros em títulos e valores mobiliários. O principal objetivo desse tipo de instituição é oferecer aos condomínios maiores retornos e menores riscos possíveis aos seus patrimônios. Nessa classificação, podemos citar também as entidades fechadas de previdência privada, que são organizações mantidas por contribuições de um grupo de trabalhadores e de uma mantenedora. Por meio de uma determinação legal, parte de seus recursos financeiros devem ser destinados ao mercado acionário.

• As companhias hipotecárias atuam prioritariamente em financiamentos imobiliários e administração de crédito de longo prazo de bancos de desenvolvimento, destinando-se a financiamentos privados de capital fixo e de giro.

• Os bancos múltiplos, como o próprio nome já dá a entender, atuam em vários setores do sistema financeiro nacional. Como obrigação jurídica, devem possuir pelo menos duas das seis carteiras a seguir:

— Comercial.

— De investimento.

— De crédito imobiliário.

— De aceite.

— De desenvolvimento.

— De leasing.

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• Os bancos cooperativos surgiram das cooperativas de crédito e tornaram-se verdadeiros bancos comerciais. São restritos a atuar apenas em uma Unidade da Federação (UF) para impulsionar o desenvolvimento local, porque a intenção é que os recursos fiquem na região e não migrem para outros estados e/ou cidades. Como peculiaridades, esses bancos oferecem condições para que um agente econômico superavitário, que não tenha a intenção de aplicar seus recursos financeiros excedentes em algum empreendimento próprio, seja colocado em contato com outro agente econômico deficitário que tenha como objetivo realizar investimentos em alguma atividade que emane capital superior às suas disponibilidades.

Observação

No mercado, costuma-se utilizar a expressão em inglês going public para a empresa que almeja abrir o seu capital. E, quando a empresa lança a sua primeira oferta de ações, costuma-se utilizar a expressão IPO - Initial Public Offering.

2 ABERTURA DE CAPITAL DE EMPRESAS

Neste tópico, iremos entender o conceito legal e o desenvolvimento das empresas estabelecidas como Sociedades Anônimas (S.A.). Um fator relevante para este estudo é a análise das estratégias das empresas que almejam captar recursos e alavancar resultados.

2.1 Companhia aberta – conceito legal

Considera-se uma companhia aberta aquela que efetua a colocação de valores mobiliários em bolsa de valores ou em mercado de balcão. Em muitos casos, emitir ações é uma excelente estratégia de captação de recursos para as empresas.

Saiba mais

Um exemplo muito interessante de companhia aberta é a RENAR Maçãs S.A., a primeira empresa do setor hortifrutigranjeiro a abrir seu capital. Nos seguintes sites, é possível conhecer o histórico em torno da abertura de capital da empresa, com um exemplo da atuação de sociedades corretoras que ajudaram esse processo:

<www.renar.agr.br>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/RevistaBovespa/94/Empresas.shtml>.

<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/07/06/renar-macas-fara-aumento-de-capital-de-r-16-milhoes.jhtm>.

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Fortuna (2007, p. 116) ressalta que “para que uma empresa possa abrir o seu capital, o primeiro passo é estar estabelecida como sociedade anônima, ou seja, estar adequada à regulamentação disposta na Lei 10.303, de 30/10/2001, a nova Lei das sociedades anônimas.” Não é um processo simples para a empresa se adequar ao disposto na lei 10.303/01. Não raramente, é necessário investir uma boa quantidade de recursos financeiros, porque as exigências são muito grandes. A empresa deve publicar frequentemente suas demonstrações contábeis, por exemplo.

Além disso, os sócios devem aprovar a transformação da empresa em sociedade anônima, com moldes determinados pelo estatuto social em assembleia geral ou por escritura pública. O valor do capital social deve ser subscrito por um número mínimo de acionistas e posteriores alterações devem ser dispostas.

Deve-se determinar também o número de ações de acordo com:

• A divisão do capital.

• A proporção entre preferenciais e ordinárias.

• Suas classes.

• Posse ou não de valor nominal.

• Fixação de dividendo mínimo.

• Possibilidade de se manter ações em tesouraria.

• Criação do Conselho de Administração – CA.

• Criação da diretoria que delibera futuros aumentos de capital.

O processo de abertura de capital e o registro são basicamente compostos por três etapas:

• Nomeação do diretor de relações com investidores.

• Contratação de auditoria independente, da qual os auditores devem ser credenciados pela CVM.

• Apresentação da documentação necessária para cumprimento das normas legais.

Dessa forma, o diretor de relações com investidores é um profissional responsável por prestar informações à CVM e aos acionistas, divulgando as atividades e decisões da companhia, além de esclarecer dúvidas.

Os auditores independentes devem ser credenciados pela CVM e auditarão anualmente as demonstrações contábeis, apresentando um parecer. É muito importante que os auditores sejam de fato independentes, ou seja, não tenham vínculos de qualquer tipo com a empresa, para não gerar conflito de interesses.

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Saiba mais

Para entender melhor o trabalho do diretor de relações com investidores, visite o site do Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores): <http://www.ibri. org.br/home/>.

Fortuna (2007, p. 131) comenta que “a operação de lançamento de valores mobiliários precisa ser coordenada por uma instituição financeira, que pode ser um banco de investimento, um banco múltiplo, uma sociedade corretora ou sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários.” Por sua vez, essa instituição financeira coordenadora responsabiliza-se também pelo registro dos valores mobiliários nas bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão e pelos processos de registro na CVM.

Como comentado anteriormente, a abertura de capital de uma empresa geralmente é uma operação complexa, envolvendo o dispêndio de altas somas de recursos financeiros para pagar os custos de exigências legais, como:

• Contratação de auditoria externa.

• Taxa de fiscalização do registro de emissão junto à CVM.

• Pagamento de anuidade à bolsa, de acordo com seu porte.

• Serviço de ações escriturais e taxa de fiscalização de manutenção de companhia aberta junto à CVM.

• Custos de divulgação.

• Prospectos e material informativo aos acionistas.

• Atendimento a analistas de investimentos e investidores.

• Custos de intermediação financeira.

Além desses custos, há também os custos de cunho interno para a empresa, tais como:

• Formação de grupo de estudos sobre a abertura.

• Consultoria externa de mercado de capitais.

• Departamento de acionistas.

• Estrutura da diretoria de relações com o mercado.

Basicamente, para uma empresa abrir o seu capital e estar em uma bolsa de valores, é muito importante que seja apresentada com muita transparência para os acionistas e para a sociedade em geral.

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Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo instituiu, no ano de 2000, uma classificação do nível de governança corporativa das sociedades anônimas, com o objetivo de criar segmentos especiais que proporcionassem um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias. O novo mercado é direcionado às empresas que venham abrir capital, enquanto os níveis diferenciados 1 e 2 destinam-se a empresas que já possuem ações negociadas na BM&F Bovespa.

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse: <http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/download/Folder_

NovoMercado.pdf>.

Observação

A operação de underwriting (best effort) ou “o melhor esforço” é a intermediação que as entidades financeiras fazem em relação à oferta pública de títulos. Caso não encontrem interessados em quantidade para a compra das ações, as próprias entidades financeiras as comprarão. Assim, quando uma empresa anuncia um IPO ou uma captação de recursos, há a certeza de que esses recursos realmente serão captados.

2.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas

Conforme Borba (1997) o desenvolvimento das sociedades anônimas ocorreu em três sistemas distintos de formação:

• O sistema de privilégios.

• O sistema da autorização.

• O sistema da livre criação.

No sistema de privilégios, a criação de uma sociedade anônima dependia apenas de um ato do governo. As sociedades não eram criadas por conta da vontade das partes, mas sim por uma concessão do Estado por meio de um ato legislativo. Por isso, não se aplicava às demais empresas. Ser uma sociedade anônima era um privilégio. Esse sistema vigorou entre os séculos XVII e XVIII.

No sistema de autorização, segundo Borba (1997 p.95), “a sociedade era criada pelos interessados, mas dependia de uma autorização preliminar do governo.”

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Já no sistema de livre criação, que é o modelo atualmente em vigor, os interessados são livres para criar as sociedades anônimas, não há necessidade de prévia autorização governamental, mas são obrigadas a se registrarem nos órgãos competentes.

Segundo a Lei das sociedades por ações, 6.404/76, com as alterações das Leis 9.457/97 e 10.303/2001, existem duas espécies de sociedade anônima:

• A companhia aberta.

• A companhia fechada.

Segundo Borba (1997), a companhia aberta é aquela que procura captar recursos junto ao público. Já a fechada não possui registros junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Elas possuem o capital social representado por ações, mas, os títulos e valores mobiliários de sua emissão não são permitidos à negociação em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

Observação

Um exemplo de sociedade anônima de capital aberto é a empresa Dasa (Diagnósticos da América S.A.), que é atualmente a maior empresa da área de diagnósticos da América Latina.

Já um modelo de sociedade anônima de capital fechado é a Tac Motors (Tecnologia Automotiva Catarinense S.A.), uma empresa automobilística especializada em veículos especiais.

Saiba mais

Visite os sites da Dasa e da Tac Motors, conheça o seus históricos como sociedades anônimas e compare as duas propostas empresariais em:

<www.dasa.com.br>.

<www.tacmotors.com.br>.

2.2.1 Estrutura da sociedade anônima

Segundo Almeida (2011), as sociedades anônimas devem possuir, necessariamente, três órgãos:

• A assembleia geral.

• A diretoria.

• O conselho fiscal.

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A assembleia geral e a diretoria devem ter funcionamento permanente, conforme dispuserem os estatutos. Nas companhias abertas e de economia mista, deve-se manter também um conselho de administração. No entanto, esse órgão é facultativo para as empresas de capital fechado.

Almeida (2011) expõe que os acionistas têm obrigação pessoal perante a sociedade e não apenas de caráter patrimonial. Obrigam-se a integralizar as ações subscritas pelo seu preço de emissão e não pelo seu eventual valor nominal. Por outro lado, essa integralização não torna os acionistas condôminos do patrimônio social, dando a eles o direito apenas ao que remanescer desse patrimônio, no caso de dissolução da sociedade.

O autor ainda destaca o papel dos controladores, que, dentro do conjunto de acionistas, são aqueles que são titulares de direito de voto. Isso lhes assegura, de modo permanente, a maioria das deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. Os administradores, por usa vez, poderão ou não ser acionistas da empresa, mas são responsáveis por eventuais abusos que cometerem no exercício de suas funções.

2.3 Abertura de capital na estratégia empresarial

De acordo com Mellagi Filho (2000):

[...] a crescente globalização dos mercados e a reestruturação pela qual a economia brasileira vem passando, vêm trazendo para o nosso meio uma quantidade expressiva de experientes e exigentes investidores internacionais, que, somados ao processo de aprendizado e sofisticação de nossos investidores institucionais – que aprenderam, quando da aquisição de ações ofertadas à venda nos processos de privatização das empresas estatais, a atuar em defesa de seus direitos –, começamos a conviver com pleitos crescentes no sentido de se assegurar uma forma mais efetiva de governança corporativa (MELLAGI FILHO, 2000, p. 87).

Mellagi Filho (2000) comenta também que:

Diversas operações de reestruturação que procuraram se mobilizar com o objetivo de melhor defender os interesses têm como estratégia a incorporação da sociedade controladora pela sociedade controlada, que permite a utilização do ágio pago quando da aquisição do controle, com vantagem fiscal, originando aumento do capital social da sociedade incorporadora e a consequente diluição da participação dos acionistas minoritários. Nessas operações, foram debatidos os critérios utilizados para determinar a avaliação das empresas envolvidas e para estabelecer a relação de troca de ações (valor patrimonial, valor de mercado das ações e valor econômico), assim como a eliminação do direito de recesso nas operações de cisão de sociedades e nas operações de incorporação e de fusão em que há liquidez de mercado das ações (porque integram índice de bolsa de valores) ou dispersão acionária relevante (MELLAGI, 2000, p. 88).

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A Comissão de Economia da Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo elaborado pelo Deputado Emerson Kapaz ao projeto de Lei n.º 3.115, de 1997, que engloba os projetos de Lei números 3.519/97 e 1.000/99.

2.4 Conceito de mercado monetário

Assaf Neto (2003, p. 118) declara que “o mercado monetário visa ao controle da liquidez monetária da economia, em que os papéis negociados têm como parâmetro de referência a taxa de juros, que se constitui em sua mais importante moeda de transação.” Os papéis que lastreiam as operações do mercado monetário são caracterizados pelos reduzidos prazos de resgate e alta liquidez.

Ainda segundo Assaf Neto (2003),

[...] os papéis negociados são aqueles emitidos pelo Banco Central do Brasil, voltados à execução da política monetária do Governo Federal (BBC – Bônus do Banco Central), e pelo Tesouro Nacional, emitidos com o objetivo de financiar o orçamento público (NTN – Notas do Tesouro Nacional, LTN – Letras do Tesouro Nacional), além de diversos títulos públicos emitidos pelos estados e municípios (ASSAF NETO, 2003, p. 119).

Também são negociados no mercado monetário os Certificados de Depósito Interfinanceiros (CDI), exclusivamente entre instituições financeiras, e títulos de emissão privada, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e debêntures.

2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip

Grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário são escriturais, ou seja, não são emitidos fisicamente, exigindo maior organização em sua liquidação e transferência.

As negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois sistemas especiais, denominados Selic e Cetip. Assaf Neto (2003, p. 123) descreve Selic “como o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), em 1979, voltado a operar com títulos públicos de emissão do Bacen e do Tesouro Nacional.

Saiba mais

O Banco Central do Brasil conceitua Selic como sistema informatizado que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro Nacional e ao registro e à liquidação de operações com esses títulos.

O Banco Central disponibiliza um manual de utilização do Selic, que pode ser acessado em: <http://www.bcb.gov.br/?SELICINTRO>.

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A Cetip, também é um sistema de controle e custódia, mas para transações entre particulares. Atualmente, a Cetip é uma sociedade anônima de capital aberto. Você pode conhecer mais sobre a Cetip acessando o seguinte site: <http://www.cetip.com.br/index.asp>.

A seguir, o histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e a evolução da taxa Selic:

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11,25

11,75

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ExpectativaFocus

famoso período eleitoral

Taxa Selic (Expectativa 25/03/11)Taxa Selic

Figura 6: Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic.

A Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados) é um sistema semelhante ao Selic, porém controla títulos privados como CDB, RDB, debêntures, CDI etc., podendo operar também com títulos públicos que estão em poder do setor privado da economia.

Assaf Neto (2003) informa que:

Na Cetip, os negócios não são liquidados imediatamente como no Selic, porque as transferências de recursos são efetuadas por meio de ordens de pagamentos equivalentes. Toda compra de títulos terá sua liquidação no dia seguinte ao da operação, após a compensação bancária (ASSAF NETO, 2003, p.128).

A taxa Selic tem maior relevância, porque é a referência do custo do dinheiro no mercado financeiro, e a taxa Cetip é ligeiramente mais elevada que a Selic, porque embute maior risco decorrente do fato de sua liquidação ser efetivada no dia seguinte. Por isso, existe a possibilidade de se atuar de forma especulativa, aproveitando-se dos conhecimentos das tendências e informações obtidas no mercado.

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2.4.2 Títulos públicos

A respeito dos títulos públicos, Assaf Neto (2003) explica que:

Os governos federal, estadual e municipal captam recursos no mercado por intermédio da emissão de títulos representativos da dívida pública. Os títulos estaduais e municipais apresentam baixa liquidez no mercado, motivo pelo qual possui circulação mais restrita. Os títulos públicos federais têm maior aceitação e liquidez (ASSAF NETO, 2003, p. 204).

Os títulos da dívida pública do governo federal são classificados de acordo com sua natureza de emissões e características de negociação, como:

• Títulos do Tesouro Nacional.

• Títulos do Banco Central.

• LTN – Letras do Tesouro Nacional.

• BBC – Bônus do Banco Central.

• LFT – Letras Financeiras do Tesouro Nacional.

• LBC – Letras do Banco Central.

• NTN – Notas do Tesouro Nacional.

• NBC – Notas do Banco Central.

• CTN – Certificado do Tesouro Nacional.

• CFT – Certificado Financeiro do Tesouro.

2.4.3 Mercado aberto

O mercado monetário é um instrumento do Estado para controlar a liquidez monetária da economia. Com esse objetivo, negociam-se compras e vendas de títulos públicos.

Se a autoridade monetária decide reduzir a oferta monetária da economia, coloca (vende) títulos de sua emissão junto aos agentes econômicos, retirando do sistema monetário parte do dinheiro em circulação.

Se a autoridade monetária decide fazer o contrário, ou seja, expandir os meios de pagamento, recompra, então, os títulos anteriormente vendidos. Com isso, aumenta-se a oferta de moeda.

Dessa forma, a liquidez monetária da economia pode ser regulada e as necessidades do Tesouro Nacional podem ser supridas de forma mais dinâmica e imediata. Esse sistema é tão flexível que, atualmente, é possível regular diariamente o nível de oferta monetária e a taxa de juros em curto prazo.

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2.5 Conceito de mercado de crédito

Segundo Assaf Neto (2003, p. 209), o mercado de crédito “visa fundamentalmente suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazo dos vários agentes econômicos, seja por meio da concessão de créditos às pessoas físicas, seja por empréstimos e financiamentos às pessoas jurídicas.”

Essas operações são realizadas dentro de uma política de especialização do sistema financeiro nacional por instituições financeiras bancárias, sendo essas bancos múltiplos e comerciais.

2.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo

As instituições bancárias oferecem várias modalidades de créditos. As mais conhecidas e/ou as que mais se destacam são:

• Descontos de cheques.

• Contas garantidas.

• Créditos rotativos.

• Hot money.

• Empréstimos para capital de giro e para pagamento de tributos das empresas.

• Vendor.

• Repasse de recursos externos.

• Crédito direto ao consumidor.

• Assunção de dívidas.

• Adiantamento de contratos de exportação.

As modalidades de crédito anteriores são clássicas. Atualmente, há muita criatividade no mercado financeiro e as instituições financeiras lançam, vez ou outra, novas modalidades de crédito. A seguir, conheceremos um pouco mais dessas modalidades mais comuns, conforme as descrições de Assaf Neto (2003):

• Desconto bancário de títulos: é uma operação de crédito típica do sistema bancário, que envolve principalmente duplicatas e notas promissórias. Para ser efetuado o desconto é necessária uma garantia do recebimento de um crédito futuro de um título representativo para que a instituição conceda um empréstimo.

O desconto bancário de títulos é uma forma de antecipar o recebimento do crédito por meio da cessão de seus direitos a um mutuante. Após o título ser transferido para a instituição financeira, é de responsabilidade do tomador de recursos (cedente) a liquidação do título negociado perante o banco.

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• Contas garantidas: é um limite de crédito rotativo para suprir eventuais necessidades de recursos. As contas garantidas são movimentadas geralmente mediante cheques, cobrindo o saldo devedor existente. Os encargos financeiros são calculados sobre o saldo que permanecer descoberto e cobrados dos clientes normalmente ao final de cada mês.

• Créditos rotativos: são linhas de crédito abertas pelos bancos que visam ao financiamento das necessidades de curto prazo (capital de giro) e são movimentadas por meio de cheques.

• Operações hot money: são operações de curto prazo para cobertura de necessidades mais permanentes de caixa das empresas. As taxas de hot money são formadas com base nas taxas do mercado interfinanceiro (taxa CDI). Essas taxas podem ser mudadas rapidamente de posição, de acordo com as variações que ocorrerem nos percentuais.

• Empréstimos para capital de giro e pagamento de tributos: constituem adiantamentos concedidos às empresas para liquidação de impostos e tarifas públicas, como IPI, ICMS, IR, INSS, entre outros.

Os empréstimos são formalizados por meio de contratos que estabelecem condições básicas, como garantias, prazo de resgate e encargos financeiros.

• Operações de vendor: é uma operação de crédito em que a instituição bancária paga à vista a uma empresa comercial os direitos relativos às vendas realizadas e recebidas em cessão, em troca de uma taxa de juros de intermediação. No vendor, a empresa vendedora atua como cedente do crédito, e o banco como cessionário e financiador do comprador.

O objetivo das operações de vendor, que vêm sendo cada vez mais usadas em substituição a operações mais tradicionais, como o desconto de cheques, é viabilizar as vendas comerciais a prazo, permitindo que a empresa vendedora receba à vista e, ao mesmo tempo, repasse um crédito ao comprador.

• Repasse de recursos externos: configura um repasse de recursos contratados por meio de captações em moeda estrangeira efetuada pelos bancos comerciais e múltiplos e bancos de investimentos. Esses recursos são captados no exterior por meio de empréstimos ou colocação de títulos e repassados às empresas nacionais visando ao financiamento de capital de giro e capital fixo.

• Crédito direto ao consumidor: conhecido no mercado como CDC, é uma operação tipicamente destinada a financiar aquisições de bens e serviços por consumidores ou usuários finais. A concessão do crédito é efetuada por uma sociedade financeira, e a garantia da operação é a alienação fiduciária do bem ou objeto do financiamento.

• Assunção de dívidas: é uma operação destinada a empresas com recursos em caixa para quitação de uma dívida futura. O banco negocia a liberação de recursos equivalentes ao valor de liquidação da dívida vincenda, garantindo uma aplicação financeira a taxas superiores às praticadas para os fundos a serem utilizados na quitação. Com isso, a empresa consegue baratear o custo de sua dívida.

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Nos casos de dívida internacional, o devedor transfere a responsabilidade de seu pagamento a uma instituição financeira mediante sua liquidação antecipada. Essa operação pode ser vantajosa porque, nesse caso, é concedido um desconto (deságio) em relação ao montante pago.

• Adiantamento de contrato de câmbio: o denominado ACC, é uma operação que representa um incentivo de crédito aos exportadores. É desenvolvida com o objetivo de dinamizar as exportações nacionais, tornando-as mais competitivas no mercado. As instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio adiantam aos exportadores recursos lastreados nos contratos de câmbio firmados com importadores estrangeiros, antecipando os recursos às empresas nacionais vendedoras.

2.6 Conceito de mercado de câmbio

Assaf Neto (2003, p. 216) define mercado de câmbio como o “segmento financeiro em que ocorrem operações de compras e vendas de moedas internacionais conversíveis, ou seja, em que se verificam conversões de moeda nacional em estrangeiras e vice-versa.”

As operações de câmbio também precisam de intermediação de instituições financeiras regulamentadas pelo Banco Central e são realizadas por operadores de câmbio, que são especialistas vinculados a essas instituições, e por corretoras de câmbio.

As taxas de câmbio, conforme expõe o autor, são determinadas por diversos fatores que formam as paridades no mercado de câmbio. Um desses fatores é a influência das reservas monetárias que um país deseja manter.

Assim como o governo controla a liquidez da economia por meio da oferta e compra de títulos públicos, a autoridade monetária promove intervenções no mercado de moedas estrangeiras e altera as taxas de câmbio, o que incentiva o aumento das exportações e inibe as importações.

A liquidez da economia também é um fator que atua sobre a taxa de câmbio. Quando a liquidez está mais restrita, os importadores de bens e serviços costumam adiar suas aquisições. Da mesma forma, os importadores e os exportadores procuram antecipar seus negócios para realizarem recursos de caixa. Essas decisões costumam elevar a oferta de moeda estrangeira, promovendo uma redução da taxa de câmbio.

Além disso, as taxas de câmbio também costumam sofrer influências por fatores domésticos, como a posição das reservas cambiais, a situação do balanço de pagamentos, a condução da política econômica etc.

Lembrete

As empresas que atuam em mercados estrangeiros, seja com exportação, importação, recebendo repasses de capitais e/ou enviando capitais para outros países, costumam formar políticas de proteção contra variações bruscas na política cambial. Para isso, adotam as chamadas operações de Hedge, derivativos que estudaremos nas próximas unidades.

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2.7 Conceito de mercado de capitais

Segundo Bovespa (2010), a função primordial dos mercados financeiros é aproximar agentes econômicos normalmente separados no mercado: o superavitário e o deficitário. A Bovespa (2010) também conceituou mercado de capitais como:

[...] um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização.

É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.

No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas — as ações — ou de empréstimos tomados, via mercado, por empresas — debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e commercial papers —, que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico.

O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e demais derivativos autorizados à negociação (BOVESPA, 2010, p. 10).

Para Gitman e Joehnk (2005, p.21), mercado de capitais “é o mercado em que títulos a longo prazo, como ações e títulos de dívida, são comprados e vendidos.”

O mercado de capitais divide-se em dois:

• Mercado primário.

• Mercado secundário.

O mercado primário, ainda sob a definição de Gitman, “é o mercado em que novas emissões de títulos são vendidas ao público.” É nesse mercado que as empresas realizam as ofertas iniciais ou conhecidas como IPO´s, conforme estudamos anteriormente.

Saiba mais

O maior IPO, ou a maior captação de recursos em bolsas, foi realizado pela empresa brasileira Petrobrás, no segundo semestre de 2010, conforme é demonstrado no jornal de relações com investidores da empresa, que pode ser acessado no seguinte endereço: <http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/ 126/arq_126_12105.pdf>.

Esse também é um exemplo de meio de comunicação com os acionistas, uma atividade obrigatória por lei.

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Já o mercado secundário, conforme Gitman e Joehnk (2005), é o mercado em que os títulos são negociados depois de emitidos e são conhecidos também como aftermarkets ou pós-mercado. Esse mercado permite que se negocie títulos que já estão circulando.

Lembrete

Lembra-se das situações apresentadas na introdução deste livro-texto?

A primeira situação representava uma operação tipicamente de mercado primário, em que uma pessoa precisa de dinheiro e outra precisa investir. Esse também foi o mercado utilizado pela Renar Maçãs, mencionada numa das observações que estudamos anteriormente.

Já a segunda situação mostrava um investidor que está interessado em ações que já estão circulando no mercado, ou seja, ações em mercado secundário. Nesse caso específico, nos é revelado que as ações dessa empresa estavam desvalorizadas e ninguém gostaria de comprá-las. No entanto, isso pode mudar repentinamente e esse investidor poderá ganhar muito dinheiro. É claro que esse investidor aceita trabalhar com um risco muito elevado, em uma ação especulativa.

Observação

Mercado de balcão:

Várias vezes, citamos neste livro-texto a expressão mercado de balcão. Pois bem, o chamado mercado de balcão é, atualmente, segundo Gitman e Joehnk (2005), uma rede amplamente disseminada de telecomunicações pela quais são realizadas transações tanto de ofertas públicas iniciais, como IPO´s de títulos que já estão em circulação. No passado, realmente as ações costumavam ser transacionadas nos balcões das corretoras, (daí o nome) mas, atualmente, o comum é que as ações sejam negociadas por meio das telecomunicações, seja por telefone, seja pela internet.

É muito comum as corretoras disponibilizarem aos seus clientes os chamados home brokers, que são sistemas de computador que podem ser acessados de casa ou de qualquer lugar pela internet e que dispensam ou minimizam a necessidade do atendimento ao cliente por um corretor.

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MERCADO DE CAPITAIS

O mercado de capitais, ao ser praticado de forma saudável, acaba por provocar um aumento da eficiência microeconômica das empresas. Isso também gera efeitos macroeconômicos positivos. Esse efeito é devido ao fato de que, quando uma empresa aceita abrir o seu capital e ter ações na bolsa de valores, está também assumindo um compromisso com terceiros, na maioria das vezes, de longo prazo. Além disso, passa a pulverizar também os seus riscos, pois um universo de investidores se torna conivente com o sucesso dessa empresa.

Naturalmente, a empresa se vê com a necessidade de fornecer ao mercado informações detalhadas sobre seu desempenho, seu passado, seus planos e compromissos para o futuro. Com isso, os investidores acompanham os resultados das empresas, apontam falhas, premiam os acertos e dão sugestões para a melhoria das atividades, o que cria um ambiente muito saudável para os negócios.

No mercado de capitas, é possível também captar recursos para capital de giro e capital fixo. Como afirma Assaf Neto (2003), o mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades de investimentos dos agentes econômicos por meio de diversas modalidades de financiamento a médio e longo prazo, para capital de giro e capital fixo.

A seguir, serão analisados alguns exemplos de como é possível captar recursos para capital de giro e capital fixo.

2.7.1 Mercado futuro

O mercado futuro opera por meio de contratos em que se estabelece um compromisso entre comprador e vendedor, na venda de um determinado ativo a um preço predefinido, numa data futura. A principal característica do mercado futuro é a padronização de contratos, que facilita a formação de preços e implementa a liquidez, agilizando sua negociação. Assim, caso o investidor tenha comprado um contrato futuro de determinado produto, não terá dificuldades em vendê-lo.

O mercado futuro é uma boa alternativa para os empresários, que, ao negociar antecipadamente suas mercadorias, evitam o risco de não ter a quem vendê-las no futuro. As mercadorias negociadas nesses mercados são conhecidas pelo nome de commodities e podem tanto ser aço, algodão, boi gordo, como camisetas, desde que possam ser padronizadas.

Porém, há também algumas dificuldades nos contratos futuros, que não são flexíveis em comparação aos contratos a termo. Nem sempre os compradores e vendedores conseguem compatibilizar os seus interesses. Um comprador de algodão, por exemplo, pode desejar que a mercadoria seja entregue em um prazo diferente daquele que o vendedor tem condições de entregar. Por isso, esses períodos de defasagem precisam ser administrados.

A seguir, segue a variação do preço e do número de contratos do boi gordo, negociados na BM&F:

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26/2

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2010

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0

mai/10 out/10 Contratos negociados (mai +out)

Figura 7: Variação do preço e do número de contratos do boi gordo negociados na BM&F.

2.7.2 Mercado de opções

O mercado de opções confere apenas direitos ao comprador e obrigações ao vendedor de opções, o que não ocorre nos mercados a termo e futuros. Ao titular dá-se o direito sobre algo e, ao vendedor, uma obrigação futura requisitada pelo comprador. Por exemplo: a opção de compra chamada em inglês de call fornece ao titular o direito de comprar o ativo da transação a um preço predeterminado, numa data certa.

Nos contratos de opções, é necessário pagar um prêmio para se ter o direito e somente uma das partes incide em obrigações. Isso porque o titular já cumpriu com sua obrigação no acordo, que é o pagamento do prêmio.

Nesse mercado e nas bolsas em geral, existe uma grande variedade de estratégias, com opções de muita criatividade que podem resolver grandes problemas. Há ainda a possibilidade de combinação de varias opções, que é conhecida no jargão do mercado de capitais como “trava”. Essas combinações são conhecidas também por outras denominações, como:

• Butterfly.

• Condor.

• Straddle.

• Box.

• Conversion.

• Entre outras.

Operações com opções dão margem a especulações refinadas, em que é possível efetuar bons negócios.

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MERCADO DE CAPITAIS

2.7.3 Derivativos - swap

As operações de swap, um termo em inglês que significa troca, são um tipo de operação de derivativos em que o objetivo é trocar o fluxo financeiro de determinado ativo ou passivo, sem que se troque o principal.

Por exemplo, é muito comum as empresas trocarem entre si fluxos de moedas diferentes. Sabe-se que as empresas possuem vantagens competitivas em determinados mercados e algumas conseguem obter melhores taxas de financiamento no mercado de juros flutuante. Assim, as empresas optam em trocar essas vantagens entre elas.

Existem alguns tipos de swap, mencionados a seguir:

• Swap pré.

• Swap dólar.

• Swap forward.

• Swap IGP-M.

A seguir, conheceremos mais a fundo essas modalidades:

• O swap pré é uma taxa pré-fixada por uma taxa pós-fixada. Nessa operação o cliente ficará passivo a uma taxa pós-fixada e ativo a uma taxa pré-fixada. No final do período do swap efetua-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap dólar é um swap da variação cambial acrescido de uma taxa de juros contra uma taxa pós-fixada. Na operação, o cliente fica passivo a uma taxa pós-fixada e ativo em variação cambial acrescida de uma taxa de juros. Ao final do swap, realiza-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap forward é um swap de variação cambial contra uma taxa pré-fixada, derivada de uma estimativa da variação cambial no período da operação. O cliente ficará passivo a uma taxa pré-fixada e ativo em variação cambial na transação. Ao final do swap realiza-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap IGP-M é um swap de uma taxa pós-fixada contra o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado). Ao final do swap realiza-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

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2.7.3.1 Objetivos das operações com derivativos

Saiba mais

O cartoon Buy-buy-sell-sel, de autoria de Kevin Kallaugher, mais conhecido como Kal, mostra uma situação típica do mercado de capitais: uma pessoa anuncia, em um dia normal de trabalho na “mais importante instituição financeira da nação”, que tem uma ação muito interessante. A partir daí, desencadeia-se uma série de atitudes das pessoas, que ora mostram-se calmas, ora mostram irritabilidade, desespero, fúria, dúvida, temores e sentimentos diversos em torno da ação, que “parece” ser interessante.

Desde então, essa imagem, em sua simplicidade, é usada para representar o ambiente do mercado de capitais, que nem sempre é possível expressar por palavras.

O quadrinho Buy-buy-sell-sel, do Kal, foi feito para a capa de uma das edições da revista The Economist, em 1989, e pode ser visto no site: <http://shop.kaltoons.com/collections/prints/products/buy-sell-print/>.

Dentro do mercado de capitais, o mercado de derivativos destina-se a dar transparência/visibilidade na formação de preços dos ativos e commodities, a permitir transferências de risco de preços e a oferecer possibilidades de alavancagem de preços e de definição do custo futuro do dinheiro na formação das taxas de juros.

Nas operações com derivativos, alguns objetivos são destacados, como:

• Especulação.

• Hedge.

• Arbitragem.

• Financiamento.

Na especulação, o ganho é baseado na expectativa e existe uma assunção de risco no ativo. Nas operações de hedge há proteção de posição do ativo-objeto e redução de risco.

Em arbitragem, o ganho é baseado no desequilíbrio do mercado e não existe risco.

Em financiamento existe uma operação de aplicação/captação e não há risco do ativo-objeto.

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Saiba mais

Os filmes a seguir propiciam uma relação com o conteúdo que você estudou nesta unidade:

STONE, Oliver. Wall Street: poder e cobiça. EUA, 1987, 126 min.

Mostra os bastidores do mundo dos grandes negócios da década de 1980 e a ganância e a cobiça da ascensão capitalista por causa do acúmulo de riqueza e poder nas mãos de poucos.

STONE, Oliver. Wall Street: o dinheiro nunca dorme. EUA, 2010, 127 min.

Continuação de Wall Street: poder e cobiça, esse filme mostra o mundo dos grandes negócios na atualidade.

Resumo

Nesta unidade, estudamos a estrutura e os objetivos do sistema financeiro nacional, as instituições financeiras e suas várias classificações, bem como o papel de cada um dos agentes financeiros.

Vimos também como as empresas se tornam sociedades anônimas, as exigências para que uma empresa abra seu capital em bolsa e como captar recursos financeiros junto ao público. Além disso, você conheceu os vários tipos de mercado, do cambial ao mercado de capital, os mercados primário e secundário, as estratégias e variedades de transações que as empresas podem realizar no mercado de capitais para captar capital de giro e capital a médio e longo prazos, além de táticas para se proteger, os chamados derivativos.

É fundamental observar a importância do mercado de capitais para o país e entender que existe toda uma estrutura formada pelo SFN com suas instituições especializadas, tanto para normatização quanto para operação, visando dar tranquilidade e segurança aos interessados em participar dos mercados.

Com esse conhecimento, iremos passar para a unidade II, em que estudaremos os títulos do mercado de capitais, bem como suas modalidades operacionais.

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Exercícios

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

Underwriting

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Swap

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Arrendamento mercantil

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Trava

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) O mercado financeiro e de capitais é importante para a economia de um país? Por quê?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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b) É recomendável, para uma empresa pequena, captar recursos na bolsa de valores? O que é necessário?

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Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais conceitos estudados:

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Figura 8: Fachada do prédio da Bovespa.

Nesta unidade, iremos estudar os títulos do mercado de capitais e as suas modalidades operacionais.

Sabe-se que, com o crescente processo de globalização, o mercado acionário tem apresentado grande importância no cenário financeiro. Objetivando o desenvolvimento das economias de nações emergentes, a abertura de capitais vem sendo constante nesses países, uma vez que permite o crescimento das empresas com geração de novos empregos e contribui para o progresso.

Assim, serão abordados conceitos básicos sobre o funcionamento das bolsas, como e por que investir, bem como um aprofundamento sobre os títulos de mercado de capitais.

A maior ou menor oferta/procura de determinado papel está diretamente relacionada ao comportamento histórico dos preços, às perspectivas futuras das empresas emissoras de ações e à política de dividendos?

3 OS TÍTULOS DO MERCADO DE CAPITAIS

Observaremos aqui que, para se custear o desenvolvimento econômico, é de fundamental importância que o capital circule. E, nesse contexto do mercado de capitais, as ações, que são os principais títulos negociados, são os representativos do capital de empresas e dos títulos de

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empréstimos tomados, dos quais destacamos as debêntures conversíveis em ações, os bônus de subscrição e os commercial papers.

3.1 Ações

Ação é uma fração do capital social de uma empresa representada por títulos nominativos negociáveis.

As sociedades anônimas têm seu capital dividido em ações. Dessa forma, o acionista de uma S.A. é proprietário de uma parte da companhia, ou seja, ao adquirir ações, o acionista passa a ser sócio da empresa.

A emissão de ações é uma das formas que as empresas têm de captar recursos no mercado. Imagine que uma empresa X queira fazer um investimento para aumentar a produção, mas que não tenha recursos para isso. Nesse caso, ela poderia aumentar seu capital emitindo novas ações e as colocando no mercado. Assim, os recursos provenientes da venda dessas ações seriam utilizados na expansão da companhia.

A legislação brasileira dispõe que as ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confirmam a seus titulares (os acionistas), são classificadas em espécies. As duas espécies mais comuns de ações são:

• As ordinárias.

• As preferenciais.

As ações ordinárias oferecem ao acionista direitos equivalentes aos de um sócio comum, com destaque para os direitos de receber dividendos e votar em assembleia, na proporção de um voto por ação.

Assim, os acionistas que detêm ações ordinárias podem decidir os rumos da empresa, já que a assembleia geral tem poderes para decidir todos os negócios e tomar as resoluções que julgar convenientes.

Já as ações preferenciais também oferecem direito à participação nos lucros, mas os detentores não têm direito a voto. Em compensação, possuem prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso de capital, em caso de dissolução da sociedade.

A escolha da melhor espécie de ação depende do perfil e dos anseios do investidor. Se ele estiver interessado em participar das decisões da empresa, provavelmente optará por ações ordinárias. Porém, se estiver mais interessado no recebimento de dividendos, certamente irá optar por ações preferenciais.

Os detentores das ações preferenciais podem passar a ter direito a voto quando a companhia, pelo prazo não superior a três exercícios consecutivos, previsto no estatuto, deixar de pagar os dividendos

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fixos ou mínimos aos investidores. No entanto, se a companhia retornar o pagamento dos dividendos, as ações preferenciais deixam de proporcionar esse direito.

Independente de serem ordinárias ou preferenciais, as ações são sempre nominativas. São representadas, após o nome (ou sigla) da empresa, pelas denominações:

• ON (Ordinárias Nominativas).

• PN (Preferenciais Nominativas).

Além dessa representação, podem ser adotadas variáveis, como as nominativas registradas, na hipótese de haver um registro de controle de propriedade feito pela empresa ou por terceiros, sendo possível haver emissão de certificado e escrituras nominativas. Isso ocorre quando há a designação de uma instituição financeira credenciada pela CVM, que atua como fiel depositária dos títulos, administrando-os via conta corrente de ações.

A empresa pode definir, no estatuto social, classes variáveis para as ações, que são representadas por alguma outra letra após a denominação ON ou PN. Não há uma definição geral de classes, porque cada empresa é livre para estabelecer as suas.

A quantidade de ações que uma empresa emite e/ou mantém sofre as seguintes influências ou razões:

• Subscrição de novas ações ou aumento de capital.

• Bonificação em ações.

• Desdobramento do número de ações.

• Dividendos.

• Juros sobre o capital.

Analisemos essas razões.

Quando a empresa emite novas ações no mercado para captar recursos novos, naturalmente emite uma determinada quantidade de ações.

Se há um aumento de capital, em que há incorporação de reservas acumuladas, também são emitidas novas ações que são oferecidas aos acionistas na forma de ações bonificadas.

Caso a empresa decida desdobrar o número de ações, mas apenas realizando uma divisão da quantidade, ocorre, como é conhecido no jargão do mercado de capitais, o split, ou “fatiamento” das ações já existentes.

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Ao final de cada exercício social, são distribuídos dividendos aos acionistas que correspondem à parcela de lucro. Segundo a lei das sociedades anônimas, a companhia deve distribuir, no mínimo, 25% de seu lucro líquido ajustado.

Há ainda uma situação em que a empresa opta por remunerar seus sócios com juros sobre o capital, modalidade que pode ser contabilizada como custos, sendo então um incentivo fiscal que reduz o montante de imposto de renda a ser recolhido.

3.1.1 A escolha de uma ação

Já estudamos anteriormente que os investidores costumam escolher as ações entre ordinária ou preferencial, de acordo com o seus anseios particulares. Mas há que se ressaltar que também costumam escolher as ações de acordo com o valor de mercado.

Devido à força da dinâmica entre a demanda e a oferta de cada papel, os preços das ações sofrem oscilações ao longo do pregão. Isso torna a cotação praticada confiável em relação ao valor que é determinado pelo mercado. Assim, as ações podem sofrer variações a qualquer momento, pois os investidores adquirem os papéis de uma empresa quando acreditam que terão lucro ou que o valor da ação subirá.

Essa movimentação sofre influência das condições do mercado e das análises dos investidores e analistas, pois, no momento em que os investidores acabam por acreditar que o ambiente está ruim para os negócios e cessam os investimentos, ou começam a vender as ações que dispõem, a tendência é de que o preço dos papéis sofra desvalorização. São muito comuns esses movimentos no mercado, determinados pelo comportamento dos investidores.

Lembrete

Na introdução deste livro-texto, na segunda situação que lhes foi mostrada, é possível ver uma simulação desses movimentos de mercado. O corretor não recomendava a compra de ações de uma empresa que estava com dificuldades. No entanto, o cliente decidiu comprá-las, mesmo ciente de que todos estavam evitando. Certamente esse investidor confiava que as ações iriam subir e que, com isso, ganharia um bom dinheiro.

3.2 Debêntures

Silva Neto (1998) conceitua debêntures como valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito contra a companhia emissora.

Para captar recursos no mercado, as companhias utilizam a emissão de debêntures. No entanto, a captação por meio de debêntures só pode ser feita por sociedades anônimas abertas ou

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fechadas. E somente as de capital aberto com registro na CVM podem efetuar emissões públicas deste recurso.

As debêntures poderão assegurar ao seu titular os seguintes benefícios:

• Juros fixos ou variáveis.

• Participação no lucro da companhia.

• Prêmio de reembolso.

O Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários decidiram que as debêntures de distribuição pública somente podem remunerar com taxa de juros prefixada ou por remunerações básicas, ajustadas para mais ou para menos, por taxa fixa.

Como taxa fixa, aceita-se:

• A Taxa Referencial (TR) ou Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), observado o prazo mínimo de um mês para vencimento ou período de repactuação.

• Taxa Básica Financeira (TBF), observado o prazo mínimo de dois meses para vencimento ou período de recuperação.

• Alternativamente à forma de remuneração prevista, é admitida a emissão de debêntures com cláusulas de correção, com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da dívida pública federal, na variação da taxa cambial ou em índice de preços ajustados por taxa fixa.

A base para o cálculo do prêmio das debêntures é a variação da receita ou o lucro da companhia emissora e o emissor é o responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda. O cálculo do prêmio não pode ter como base a TR, a TBF, a TJLP, o índice de preços, a variação da taxa cambial nem qualquer outro referencial que se baseie em taxa de juros.

3.3 Commercial paper

Em 27 de junho de 1990, após muita discussão, o Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução 1.723, autorizou a emissão de notas promissórias como valor mobiliário das sociedades por ações.

Commercial Paper (CP) ou Nota Promissória (NP) é um título de crédito de curto prazo emitido por sociedades anônimas com o objetivo de captar recursos para financiar seu capital de giro. Não é permitido à instituição financeira emitir commercial paper. Elas são emitidas sem garantia real, podendo ser asseguradas por fiança bancária. Dependendo do conceito de crédito, a empresa deverá conceder garantias adicionais, quando for o caso.

Os rendimentos periódicos produzidos pelo título, bem como qualquer forma de remuneração adicional aos rendimentos prefixados, serão submetidos à incidência do imposto de renda na fonte, por ocasião do seu pagamento ou crédito.

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Conforme Martins (2011), as notas promissórias são uma modalidade de título muito antiga, sendo usada há vários séculos. Há relatos da sua utilização no mercado de capitais norte-americano ainda no ano de 1790, mas somente veio a ser instituída nesse país a partir de 1830 e, desde então, nunca deixou de ser usada, por conta de sua praticidade. No entanto, é um título que não traz nenhuma garantia e depende da confiança que empresa tomadora de recursos merece junto ao público.

Baseando-nos ainda em Martins (2011), em algumas ocasiões, grandes e conhecidas empresas, que gozam de boa situação patrimonial e perspectivas interessantes de rentabilidade, costumam emitir commercial papers diretamente, para se beneficiarem com um desconto do valor de face, já que não há a necessidade de pagar por um intermediário ou dealer. No entanto, o comum é que as empresas busquem a intermediação de uma instituição financeira.

De acordo com o autor, há três tipos básicos de emissão com intermediação de dealers:

• O tipo mais básico é aquele em que a empresa emissora recebe no ato o valor do titulo, deduzidos o desconto e a comissão, correndo, por conta do intermediário, o risco de vir a revender a CP com deságio maior ou com ajuste de um prêmio.

• Existe também o chamado bought as sold, em que o intermediário, sob a responsabilidade da sociedade tomadora dos recursos, busca no mercado o melhor preço para a transação, que é totalmente repassado à emissora, deduzida a comissão devida.

• Outro tipo de comercialização é uma mistura dos dois open rates, em que a empresa tomadora, quando da entrega ao intermediário, recebe adiantadamente parte do valor da face do titulo. Após as vendas no mercado, o montante apurado é entregue à empresa, já deduzidos o montante adiantado e o valor da comissão devida.

4 MODALIDADES OPERACIONAIS DO MERCADO ACIONÁRIO

Neste tópico, as modalidades operacionais do mercado financeiro são destacadas pelas operações à vista, que envolvem a formação do preço, a negociação, os tipos de ordem (compra ou venda), liquidação e tributação.

• Mercado de ações: dentro do mercado de capitais, o mercado de ações é onde ocorrem a compra e venda de participações no capital das sociedades (as ações). Já estudamos alguns dos aspectos do mercado de ações na unidade I, e vimos que esse mercado é praticado nos mercados de bolsas e de balcão.

• Mercado de bolsas: são locais que proporcionam condições para que os negócios sejam realizados a contento. As bolsas são fiscalizadas e regulamentadas pelas autoridades, para permitir maior transparência sobre as operações realizadas. No Brasil, basicamente temos a BM&F-Bovespa, em São Paulo.

• Mercado de balcão: são chamadas de balcão aquelas operações realizadas fora das bolsas, fechadas diretamente entre as partes ou com a intermediação de instituições financeiras. Como discutimos, as telecomunicações estão sendo muito usadas nesse mercado nos dias de hoje.

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4.1 Operações no mercado à vista

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo(2010), operação à vista é a compra ou venda de uma determinada quantidade de ações estabelecida a um preço em pregão. Quando há a realização de um negócio, cabe ao comprador arcar com o valor financeiro envolvido na operação e ao vendedor fazer a entrega dos títulos nos prazos estabelecidos pela bolsa de valores e pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

Os preços são formados em pregão, de acordo com a dinâmica da demanda e da oferta. Há muitos outros fatores que interferem também na formação de preços, como o interesse dos investidores em determinado momento.

Em relação à negociação no mercado à vista, é imprescindível, de acordo com a Lei das sociedades anônimas, que os negócios sejam realizados com a intermediação de uma sociedade corretora, que executa a ordem de um cliente por meio de seus representantes e operadores ou autoriza a utilizar um sistema de computador, o home broker, que geralmente pode ser acessado pela internet.

4.1.1 Formas de negociação

Há várias formas para a negociação das ações, conforme expomos a seguir:

• Viva voz.

• Sistema eletrônico de negociação.

• Compra ou venda, por:

— Ordem a mercado.

— Ordem administrada.

— Ordem discricionária.

— Ordem limitada.

— Ordem casada.

— Ordem de financiamento.

— Ordem on-stop.

— Day trade.

• Viva voz: os representantes das corretoras gritam as ofertas de viva voz, ou seja, oferece como se estivessem em uma feira de rua. Eles especificam o nome da empresa, o tipo da ação e a quantidade e preço de compra ou de venda. O sistema viva voz atualmente não é utilizado no Brasil, mas continua a ser usado em outros países, geralmente para negociações de ações de empresas conhecidas e com maior liquidez.

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• Sistema eletrônico de negociação: as sociedades corretoras cumprem ordens de clientes cadastrados, de seus escritórios, por meio do sistema eletrônico de negociação. Assim como no pregão viva voz, há ofertas e demandas de ações e compras e vendas sendo realizadas por meio de computadores. O fechamento dessas transações são realizados pela Bovespa.

• Tipos de ordens de compra ou venda:

— Ordem a mercado: o investidor especifica para a corretora somente a quantidade e as características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender.

— Ordem administrada: o investidor especifica para a corretora somente a quantidade e as características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender e a execução da ordem fica a critério da corretora.

— Ordem discricionária: as condições são estabelecidas pela pessoa física ou jurídica que administra a carteira de títulos e valores mobiliários. Ou ainda, representantes de mais de um cliente estabelecem as condições de execução da ordem.

— Ordem limitada: o investidor especifica para a corretora um preço e a corretora somente irá executar a ordem se o preço for igual ou melhor que o indicado.

— Ordem casada: a ordem somente pode ser executada quando determinado ativo puder ser vendido e outro comprado. Pode-se especificar qual das operações deseja-se ver executada em primeiro lugar.

— Ordem de financiamento: o investidor determina ao operador uma ordem de compra ou venda de um valor mobiliário ou direito em determinado mercado e, simultaneamente, a venda ou compra do mesmo valor mobiliário ou direito no mesmo ou em outro mercado, com prazos de vencimento distintos.

— Ordem on-stop: especifica ao operador o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada.

— Day trade: a corretora deve realizar uma compra e a venda das ações deve ser realizada no mesmo dia.

4.1.2 Liquidação

A liquidação das operações realizadas na Bovespa é realizada por uma empresa, a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

A CBLC efetua também a guarda de ativos e se encarrega da atualização e repasse dos proventos distribuídos pelas empresas. O processo de transferência da propriedade dos títulos e do pagamento e recebimento do montante financeiro envolve duas etapas:

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• Entrega dos títulos: os títulos são disponibilizados para a CBLC pela sociedade corretora ou pela instituição responsável pela custódia dos títulos do vendedor. Essa etapa ocorre no terceiro dia útil (D+3) após a realização do negócio em pregão. Após o pagamento, as ações são disponibilizadas ao comprador.

• Pagamento da operação: é o acompanhamento da quitação do valor total da operação pelo comprador, o recebimento pelo vendedor e a transferência das ações para o comprador.

4.1.3 Mercado de lote-padrão e mercado fracionário

Segundo a Bovespa (2010), para se assegurar uma boa formação de preço aos ativos negociados em seus pregões, mantém-se o perfil de negociação mais observado: padroniza-se a quantidade mínima de títulos, ou seja, cada título com quantidade de papéis por negócio (volume financeiro por transação) é distribuído pelos diferentes lotes uniformizados por negociação. Quando os negócios precisam ser realizados em volumes inferiores aos parâmetros estabelecidos, forma-se um outro mercado, chamado de “fracionário”.

4.1.4 Os custos de transação

Conforme afirma a Bovespa (2010), taxas de corretagem incidem sobre as operações realizadas no mercado à vista. Estas são cobradas livremente entre o cliente e a corretora e incidem sobre o movimento financeiro total.

4.1.5 Tributação

Nas operações de mercado à vista, incide o imposto de renda de acordo com a as alíquotas vigentes, quando ocorrer ganho de renda, que é calculado subtraindo-se o preço de compra dos custos de transação, corretagem e taxas do preço de venda.

Os prejuízos obtidos no mercado de capitais e em outros mercados podem ser compensados, com exceção das operações que foram iniciadas e encerradas no mesmo dia, como, por exemplo, o day trade, que somente poderá ser recuperado com ganhos da mesma espécie.

4.1.6 Riscos do mercado de ações

Segundo declara a Bovespa (2010), as ações são ativos de renda variável que não oferecem ao investidor uma rentabilidade garantida, previamente estabelecida, dependendo muito das condições do mercado.

Assim, o retorno financeiro ao investidor depende de diversos fatores econômicos, como o desempenho da empresa e o comportamento do mercado nacional e internacional. Como não há garantia de rentabilidade no investimento em ações, pode haver prejuízo na aplicação.

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Portanto, é aconselhável que os indivíduos que queiram investir no mercado de capitais não dependam somente do recurso de aplicações em ações. Geralmente, esta atividade confere um bom retorno, mas deve-se evitar o imediatismo e esperar os resultados em médio e longo prazo.

Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo mantém um espaço permanente para visitação pública, onde oferece palestras e a oportunidade de conhecer o seu funcionamento, tanto no aspecto teórico como no prático.

O Espaço Bovespa fica na rua XV de novembro, 275, Centro, São Paulo.

Caso você não possa vir a São Paulo, a Bovespa também preparou vídeos que informam sobre o seu funcionamento e estão disponíveis na TV Bolsa, no seguinte endereço: <http://www.tvbvmf.com.br/Videos/573>.

Resumo

Nesta unidade, aprendemos sobre as debêntures, os commercial papers e outros títulos que são comumente usados no mercado de capitais.

Vimos também como são os procedimentos da bolsa de valores, como a negociação das ações e o trabalho das sociedades corretoras. Além disso, conhecemos rapidamente alguns aspectos importantes, como tributação e riscos inerentes ao mercado acionário.

É fundamental observar e absorver com naturalidade a rotina com que os negócios são realizados e as tarefas do cotidiano.

Então, como já estudamos o funcionamento do sistema financeiro nacional e a rotina operacional, vamos examinar, na unidade III, como todo esse trabalho é avaliado, quer dizer, os índices das bolsas de valores (tanto o índice Bovespa como alguns índices de bolsas de valores estrangeiras).

Exercícios

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados no jargão de mercado de capitais.

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Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

Commercial paper

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Debêntures

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Ações ordinárias

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Operação à vista

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) Alguém lhe pergunta como escolher uma ação. O que você responderá para essa pessoa?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Você enviou a uma corretora uma ordem casada. O que você quer dizer com isso?

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Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais conceitos estudados:

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Unidade III

Figura 9: Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Tóquio – Japão.

Nesta unidade, iremos estudar os índices do mercado de capitais.

Nas duas primeiras unidades, pudemos compreender o sistema financeiro nacional, o funcionamento das bolsas e do mercado de capitais, bem como seus documentos, rotinas e particularidades.

A partir de agora, aqui e na unidade seguinte, exploraremos os resultados do mercado de capitais e como extrair oportunidades a partir das análises desses.

Em seguida, vamos identificar os índices acionários, tanto da Bovespa como de outros países, e sua relevância para as bolsas de valores, bem como sua formação, composição, divulgação e a utilização de seus históricos para projeções futuras.

Além disso, estudaremos também as operações no mercado de derivativos.

É possível mencionar os índices como um importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações?

5 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO

Nesta seção, iremos compreender o índice Ibovespa, sua finalidade e metodologia de cálculo; assim como o índice IBRX, composto por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa.

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5.1 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa)

O Ibovespa, segundo a Bovespa (2010) é:

O mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato de o Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis negociados na Bovespa e também de sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação, em 1968 (BOVESPA, 2010, p.3).

No Brasil e mesmo em outros países, é muito comum surgirem críticas a respeito do fato de que os índices e regras de cálculo estão sempre mudando e não há um padrão histórico para análise. Certamente, não é o caso do índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, que foi constituído em 02/01/1968 e, desde então, não foi modificado. Observe que esse aspecto é muito evidenciado pela Bovespa (2010), pois, de acordo com a bolsa, o Ibovespa:

É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 2/1/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética.

Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos recebidos do valor apurado com a venda de direitos de subscrição e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação. Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes.

Extremamente confiável e com uma metodologia de fácil acompanhamento pelo mercado, o índice Bovespa representa fielmente o comportamento médio das principais ações transacionadas e o perfil das negociações à vista observadas nos pregões da Bovespa (BOVESPA, 2010, p. 3).

Sendo assim, o Ibovespa é basicamente um apanhado de ações, que, desde então, é observado. Foram efetuadas algumas adequações ao índice para divulgação e transparência da metodologia de cálculo sem prejuízos.

A seguir, de acordo com os dados da Bovespa, algumas das adequações para efeito de cálculo:

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1 – divisão por 100, em 03/10/1983.

2 – divisão por 10, em 02/12/1985.

3 – divisão por 10, em 29/08/1988.

4 – divisão por 10, em 14/04/1989.

5 – divisão por 10, em 12/01/1990.

6 – divisão por 10, em 28/05/1991.

7 – divisão por 10, em 21/01/1992.

8 – divisão por 10, em 26/01/1993.

9 – divisão por 10, em 27/08/1993.

10 – divisão por 10, em 10/02/1994.

11 – divisão por 10, em 03/03/1997.

Quadro 1: Algumas adequações para cálculo do Ibovespa.

O cálculo do Ibovespa é computado em tempo real e é realizado pela própria Bovespa, considerada a responsável pela segurança e pela divulgação do índice, que é um indicador médio de comportamento do mercado. Sua composição procura aproximar-se o melhor possível da real configuração das negociações à vista na bolsa.

Veja a seguir o gráfico da evolução do índice Ibovespa entre 1994 até 2010:

1995 2000 2005 2010

2000

040

000

6000

00

Figura 10: Ibovespa de 1994 a 2010.

Metodologia de cálculo:

Para o cálculo do Ibovespa, cria-se uma carteira (um grupo de ações) composta pelas ações que atenderam a três critérios, nos últimos doze meses:

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• A carteira deve representar 80% do valor acumulado de todos os índices individuais incluídos na relação de ações.

• Em termos de volume, deve apresentar participação superior a 0,1% do total.

• No período referido, deve ter sido negociada em mais de 80% do total dos pregões.

Segundo a Bovespa (2010), há uma relação direta entre representatividade dos títulos no mercado à vista e a participação de cada ação ajustada ao tamanho da amostra, devido ao número de negócios e volume financeiro.

Caso a carteira não consiga atender a pelo menos dois critérios de inclusão, será excluída do índice e ressalta-se que empresas que estiverem em recuperação judicial, em processo falimentar ou em situações sujeitas a um prolongamento dos períodos de suspensão de negociação, não poderão integrar o índice Ibovespa.

Ocorrendo suspensão de uma ação pertencente ao Ibovespa, é utilizado o preço do último negócio registrado na bolsa, até que seja feita a normalização das negociações com o papel. A contar da data de suspensão, não havendo liberação para negociação nos próximos 50 dias, a ação será excluída da carteira. Ocorrendo essa situação, serão efetuadas alterações de ajustes para garantir a continuidade do índice.

A representatividade do Ibovespa, ou seja, sua composição da carteira, é reavaliada a cada 4 meses. A cada avaliação identificam-se as alterações na participação relativa de cada ação no índice, como também sua permanência ou exclusão e, de acordo com o cenário econômico e condições das empresas de capital aberto, a possibilidade de novos papéis.

5.1.1 Procedimentos para rebalanceamento

A cada quatro meses, a Bolsa de São Paulo realiza um rebalanceamento da carteira e, para efetuar esse trabalho, são adotados os seguintes procedimentos, segundo Bovespa (2010):

Nos últimos doze meses a Bovespa calcula o índice de negociabilidade para cada uma das ações nela negociadas. Em ordem decrescente, os índices são colocados em uma tabela e uma coluna apresenta a soma de tais índices, à medida que se percorre a tabela do maior para o menor. Individualmente, cada índice de negociabilidade é calculado em relação à soma total, listando as ações até que o montante de suas participações atinja 80%.

Atendendo aos dois critérios de inclusão, as ações listadas vão compor a carteira do índice. Se não os atendam, elas são substituídas pelas ações que vierem a seguir na listagem decrescente, e que consigam atender a tais parâmetros.

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Identificar as ações que pertencem à carteira vigente é o passo seguinte, identificar se alguma delas será excluída, também.

Novamente, os índices de negociabilidade das ações escolhidas são listados, apura-se o percentual de cada papel em relação à soma dos índices de todas as ações da carteira.

A determinação do peso inicial, que é o número de pontos do índice, é realizada a partir da participação ajustada de cada ação, aplicada sobre o valor do índice do último dia do quadrimestre anterior.

O número teórico de cada ação, resultante da divisão de sua parcela na composição do índice (peso) pelo seu preço de fechamento no último dia do quadrimestre anterior, será constante pelos quatro meses de vigência da carteira, sendo que somente haverá alteração caso ocorra distribuição de proventos, como dividendos, bonificações, e subscrições por parte da empresa (BOVESPA, 2010, p. 6).

5.1.2 Cisão de empresas

Quando uma empresa com ações listadas na carteira do Ibovespa anuncia que pretende realizar uma cisão, não se altera a carteira teórica do índice. As ações da empresa permanecerão na carteira do índice com uma marcação indicando que está com cisão.

A partir do momento em que efetivamente ocorre a cisão, aguarda-se a operacionalização das empresas resultantes, considerando-as como uma unidade de negociação na carteira.

Segundo a Bovespa (2010), a efetivação da cisão significa, para efeito de negociação na bolsa, o ato pelo qual as ações das empresas originadas pela cisão passam a ser negociadas em pregão.

5.1.3 Início da negociação em bolsa

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo (2010), a quantidade de títulos e o preço teórico para cada empresa incluída no índice serão determinados em função da razão de proporção de cisão patrimonial informada pela empresa.

Quanto à apuração do índice Ibovespa (BOVESPA, 2010), aplicam-se os critérios e fórmula para calculá-lo.

O Ibovespa é a somatória dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo seu último preço) das ações integrantes de sua carteira teórica. Assim sendo, pode ser apurado, a qualquer momento, por meio da seguinte fórmula:

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Ibovespa Pi t Qi tti

n

==∑ , * ,

1

Em que:

• Ibovespa t = índice Bovespa no instante t.

• n = número total de ações componentes da carteira teórica.

• P = último preço da ação i, no instante t.

• Q = quantidade teórica da ação i na carteira, no instante t.

5.2 Índice Brasil – IBRX

Conforme nos mostra a Bovespa (2010), o IBRX - índice Brasil é um índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, em termos de número de negócios e volume financeiro:

Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado.

De acordo com o índice de negociabilidade medido nos últimos doze meses, o IBRX será composto por 100 papéis escolhidos em uma relação de ações classificadas em ordem decrescente, por liquidez e ações que foram negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.

Uma ação será excluída do índice quando deixar de atender aos critérios de inclusão nas reavaliações periódicas, que são efetuadas no final de cada quadrimestre. Caso, durante a vigência da carteira, a empresa emissora entrar em regime de recuperação judicial ou falência, as ações de sua emissão serão excluídas da carteira do índice.

A oferta pública que resultar em retirada de circulação de parcela significativa de ações do mercado terá suas ações excluídas da carteira. Nessas eventualidades, serão efetuados os ajustes necessários para garantir a continuidade do índice (BOVESPA, 2010, p. 3).

Analisemos o IBRX Brasil por meio do gráfico a seguir, no período de dezembro de 2010 a maio de 2011.

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Figura 11: Índice IBRX Brasil de dezembro de 2010 a maio 2011.

Em relação ao critério de ponderação, segundo a Bovespa (2010):

O IBRX medirá o retorno de uma carteira teórica composta pelos papéis que atenderem a todos os critérios discriminados anteriormente, ponderados pelo seu respectivo valor de mercado no tipo pertencente à carteira.

A base do IBRX foi fixada em 1.000 pontos para a data de 28 de dezembro de 1995, e sua divulgação teve início em 02 de janeiro de 1997. Para adequar-se à base inicial, o valor de mercado da carteira foi ajustado por um redutor (coeficiente de ajuste), designado pela fórmula do índice.

Índice inicial = valor da carteira / = 1.000

O redutor do índice será alterado sempre que necessário, para acomodar inclusões ou exclusões de ações na carteira, à época de seu rebalanceamento periódico ou quando ocorrerem ajustes decorrentes de proventos/eventos concedidos pelas empresas.

O peso específico de cada ação no índice poderá alterar-se ao longo da vigência da carteira, em função da evolução dos preços de cada ação e/ou da distribuição de proventos pela empresa emissora.

Quando da distribuição de proventos por empresas emissoras de ações pertencentes ao índice, se efetuará os ajustes necessários de modo a assegurar que o índice reflita não somente as variações das cotações da ação, como também o impacto da distribuição dos proventos.

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Em função dessa metodologia, o IBRX - índice Brasil é considerado um índice que avalia o retorno total (total return) das ações componentes de sua carteira (BOVESPA, 2010, p. 4).

Relativamente aos ajustes, em caso de ofertas públicas de aquisição de ações, a Bovespa (2010), assegura que:

Se uma empresa efetuar uma oferta pública que resulte na aquisição de parte expressiva de suas ações, a Bovespa adotará um de dois procedimentos: quando a aquisição for inferior a 2/3 (dois terços) das ações em circulação, retirar do índice o percentual do capital em circulação que foi comprado pela empresa; ou retirar a ação do índice quando a aquisição for superior a 2/3 (dois terços) das ações em circulação e incluir outra ação em substituição (a próxima da fila da lista de ações ordenadas segundo os critérios de inclusão, utilizada na última recomposição quadrimestral) (BOVESPA, 2010, p.11).

O IBRX pode ser calculado por meio pela seguinte fórmula:

IBrX IBX

Qi Pi

Qi Pit t

t ti

n

t ti

n( ) ( ) *

*

*

= −

−=

− −=

∑1

11

1 11

Em que:

IBRX (t) = valor do índice no dia t.

IBRX (t - 1) = valor do índice no dia t – 1.

n = número de ações integrantes da carteira teórica do índice (100).

Qit-1 = quantidade teórica da ação i disponível à negociação no dia t - 1. Na ocorrência da distribuição de proventos em ações do mesmo tipo pela empresa, refere-se à quantidade teórica da ação i disponível à negociação no dia t - 1, recalculada em função desse rendimento.

Pit = preço da ação i no fechamento do dia t.

Pit-1 = preço de fechamento da ação i no dia t - 1, ou seu preço ex-teórico no caso da distribuição de proventos nesse dia.

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Saiba mais

No dia 27/09/07, os jornalistas brasileiros, entre eles os da revista Exame, noticiaram que a Bovespa atingiu a marca histórica dos 60.000 pontos.

Entre os vários motivos para tal feito, os jornalistas concluíram que o Brasil teria superado dificuldades provocadas pelos efeitos da crise hipotecária nos Estados Unidos (que na verdade estava apenas começando) e alcançado maior prestígio e confiabilidade entre os investidores internacionais.

Leia essa matéria jornalística no seguinte endereço: <http://exame.abril.com.br/ s eu-d inhe i ro /no t i c i a s / bove spa-a t i nge-a-marca-h i s to r i c a -de60000pontosm0139487>.

No site da Bovespa, é possível verificar que de fato, a partir do ano de 2007, o Brasil superou a marca histórica dos 60.000 pontos no Ibovespa e, no ano de 2008, atingiu um recorde exatamente no dia 20/05/08. Após esse período, o mundo experimentou uma grave crise entre 2008 a 2010, mas mesmo assim, o índice Ibovespa se manteve sempre acima dos 60.000 pontos.

Tabela 1: Evolução do Ibovespa de 2001 a 2010, em que se verifica que o recorde do índice Ibovespa foi no dia 20/05/08, com 73.516,80 pontos.

Ano Nominal Pregão

2001 17.889,00 26/01/01

2002 14.471,20 04/03/02

2003 22.236,30 30/12/03

2004 26.196,20 30/12/04

2005 33.629,40 14/12/05

2006 44.526,30 27/12/06

2007 65.790,80 05/12/07

2008 73.516,80 20/05/08

2009 69.349,40 14/12/09

2010 72.995,60 04/11/10

Fonte: <http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoEvolucaoDiaria.aspx?Indice=IBOVESPA&idioma=pt-br>.

6 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO INTERNACIONAL

Os índices de ações servem como termômetro para o mercado, pois as ações tendem a seguir um movimento em grupo, desvalorizando-se ou valorizando-se conjuntamente.

A partir de agora, buscaremos entender os conceitos dos índices do mercado acionário internacional e sua relevância para a bolsa de valores.

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6.1 Índice Dow Jones – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)

Segundo a ADVFN (2009), a Dow Jones Industrial Average foi fundada por Charles Dow, em 26 de maio de 1896, e representou a média do dólar de 12 ações das principais indústrias americanas. Anteriormente, em 1884, o Sr. Dow tinha composto uma média de estoque inicial chamada médias Dow Jones, que continha nove ferrovias e duas empresas industriais que apareceram no Cliente Afternoon Letter, uma página de notícias financeiras, que foi a precursora do The Wall Street Journal.

A empresa responsável pelo cálculo do índice Dow Jones, a ADVFN (2009), afirma que, atualmente, o cálculo é feito considerando uma carteira das 30 maiores e mais importantes empresas norte-americanas com ofertas públicas de ações. Essas empresas podem vir a ser substituídas, com o objetivo de acompanhar mudanças no mercado.

Ainda conforme ADVFN (2009), quando acontece uma substituição nas empresas que constituem a carteira usada pelo Dow Jones, é necessário fazer uso de um fator de ajuste para que o índice não seja diretamente afetado. Inicialmente, o índice era composto por apenas 12 ações e seu cálculo era uma simples média aritmética da soma dos preços. Com o passar dos anos, devido a todos os ajustes que aconteceram e à elevação do número de empresas para 30, o índice passou a ser calculado por uma razão onde o numerador é a soma do preço destas 30 ações. O denominador é um valor chamado de divisor Dow.

DJIAp

d= ∑

O valor do divisor Dow é 0.132319125, o que significa que o valor do índice Dow Jones é, na verdade, maior que a soma do preço de todas as 30 ações que o constituem.

6.2 Índice S&P 500 – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)

De acordo com a ADVFN (2010), o índice S&P 500 foi criado em 1957. Trata-se de um índice ponderado de valor de mercado (valor do ativo multiplicado pelo número de ações em circulação), em que o peso de cada ativo é proporcional ao seu preço.

O índice é composto por 500 ativos negociados nos Estados Unidos e selecionados de acordo com o seu tamanho de mercado, a liquidez e sua representação dentro de seu grupo industrial.

Ainda conforme a ADVFN (2010), o S&P 500 é o índice mais usado no acompanhamento do mercado financeiro norte-americano e também é considerado um termômetro da economia do país. As empresas incluídas no índice são selecionadas pelo índice S&P Comitê, uma equipe de analistas e economistas da Standard & Poor’s. O S&P 500 é ponderado de valor de mercado, ou seja, o peso de cada ação é proporcional ao seu valor de mercado.

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Esse é o mais conhecido entre os diversos índices publicados pela Standard & Poor’s, empresa de consultoria financeira que é a principal provedora de informações para os mercados financeiros globais, e também a principal fonte de ratings de crédito, índices, pesquisas de investimento, avaliações de risco e dados.

6.3 Índice composto Nasdaq

A ADVFN (2010) considera o Nasdaq Composite o índice de referência da Nasdaq (National Association of Security Dealers Automated Quotations), que é a bolsa de valores que concentra o maior volume de negociação de ações dos Estados Unidos, tanto em número de negócios quanto em valor financeiro.

Para a Nasdaq, esse índice reflete o comportamento da chamada nova economia, porque essa bolsa engloba em sua listagem empresas menos tradicionais que as empresas listadas na NYSE (New York Stock Exchange). As empresas da nova economia desenvolvem e fabricam produtos de alta tecnologia.

O principal índice utilizado nas negociações do mercado eletrônico Nasdaq expressa a variação média diária das cotações de todas as empresas, incluindo empresas não norte-americanas.

Esse índice utiliza uma média ponderada, de acordo com o valor de mercado das cotações de cerca de 3.000 ativos. Entre as principais empresas que compõem esse índice estão a Microsoft, a Cisco e a Intel.

6.4 Índice Nikkei – Bolsa de Valores de Tóquio

Conforme descreve a ADVFN (2010), o Nikkei é o índice de ações mais tradicional do mercado japonês. Ainda segundo a ADVFN (2010):

O mais conhecido entre os índices asiáticos começou a ser calculado pela Bolsa de Valores de Tóquio em 7 de setembro de 1950, o índice Nikkei se refere a flutuações das cotações de uma carteira formada por 225 ações inscritas na primeira seção da Bolsa de Valores de Tóquio, [...] as ações mais negociadas e de maior capitalização desse mercado.

Em 1971, o jornal Nikon Keizai Shimbun adquiriu os direitos para o cálculo e divulgação do índice, mais tarde rebatizado de Nikkei Stock Average. A metodologia de cálculo do índice Nikkei é semelhante à metodologia do índice Dow Jones, ou seja, reflete a média aritmética das variações de preços das ações que compõem a sua carteira. Esse indicador, entretanto, apresenta uma composição mais variada (225 ações) que a do índice Dow Jones.

Os 225 títulos que constituem o índice Nikkei são beneficiados pela mesma ponderação: base em 50 ienes por ação. Não existe ponderação setorial.

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O valor do Nikkei pode ser calculado pela soma das cotações dos seus componentes (valor das ações), dividindo o valor obtido por um divisor preestabelecido.

A composição do índice é revisada todos os anos, durante o mês de setembro, e as suas eventuais alterações são aplicadas no início do mês de outubro (ADVFN, 2010).

A seguir, apresentamos um gráfico com a evolução do índice Nikkei 225, por um ano:

11000

10500

10000

9500

9000

8500

Jun 09 Aug 09 Jan 09

Figura 12: Gráfico histórico Nikkei 225 Índex - 1 ano.

6.5 Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres

Conforme no explica a ADVFN (2010), o FTSE (Financial Time Stock Exchange) é uma companhia independente, de propriedade do lendário jornal The Financial Times e da Bolsa de Valores de Londres (London Stock Exchange).

A ADVFN (2010) comenta que:

Esse grupo é responsável pela elaboração e manutenção de mais de 120.000 índices de ações, títulos e classes alternativas de ativos.

Com escritórios em Londres, Frankfurt, Hong Kong, Pequim, Boston, Xangai, Madri, Paris, Nova Iorque, São Francisco, Sidnei e Tóquio, o grupo FTSE possui parceiros e clientes em 77 (setenta e sete) países.

Os índices elaborados pela FTSE são amplamente utilizados, tanto por investidores individuais quanto por consultores de investimento,

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empresas de asset management, administradores de fundos de investimento, bancos de investimentos, bolsas de valores e corretoras de valores mobiliários.

Um comitê independente de avaliação, formado por administradores de fundos de investimento com larga experiência mercadológica, revisa e aprova qualquer alteração de algum índice, com o objetivo de assegurar a confiabilidade do processo de manutenção e alteração dos índices do grupo FTSE (ADVFN, 2010).

Resumo

Nesta unidade, estudamos os índices do mercado de capitais, tanto os brasileiros como estrangeiros.

Como comentamos aqui, pudemos entender não apenas a estrutura e o funcionamento do sistema financeiro e de capitais, mas também seus resultados e a oportunidade de usar o conhecimento obtido para projeções futuras.

Aprofundamos-nos também nas particularidades do mercado de derivativos.

É fundamental prestar a atenção nas diferentes metodologias que são usadas para a formação dos índices, na constância com que são calculados e divulgados e na importância que têm para a análise e tomada de decisões.

Se, nessa unidade, aprendemos a analisar o resultado geral do mercado de capitais, na próxima, compreenderemos casos particulares de empresas, análise fundamentalista, aspectos a serem observados, além de analisar os resultados de uma empresa em específico.

Exercícios

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

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Mercado a termo

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Índice

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Índice Brasil IBX

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Índice Nikkei

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) Qual é a diferença do índice Dow Jones e do índice Nikkei? E qual a diferença desses dois índices em comparação ao Ibovespa?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Um industrial têm planos de construir uma fábrica de processamento de alimentos, mas não sabe se conseguirá comprar frutas, verduras e legumes em quantidade razoável para aproveitar bem os recursos das máquinas que serão adquiridas. O que esse industrial pode fazer?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Questão 3. Nesta atividade, é necessário que você acompanhe diariamente, pelos meios de comunicação, o fechamento do índice Ibovespa, pelo período de uma semana (você pode acompanhar por um período maior).

A cada dia, anote o índice Ibovespa e tente montar o gráfico.

Procure saber, a cada dia, o(s) motivo(s) que levou(aram) o índice Ibovespa a sofrer alta ou baixa.

Datas / / / / / / / / / / / /

80000

75000

70000

65000

60000

40000

20000

Questão 4. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais conceitos estudados:

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Unidade IV

Figura 13: Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Nova York – EUA.

Nesta unidade, estudaremos quais são os fundos de investimento e como são geridos pelas sociedades, além de conhecer a análise fundamentalista. Identificaremos também quais são os critérios utilizados para efetuar essa administração dos recursos.

Nas três primeiras unidades, discutimos os aspectos genéricos do mercado de capitais, bem como sua estrutura, funcionamento e resultados. O intuito foi de compreender esse mercado como um todo. A partir de agora, veremos os resultados do mercado de capitais de uma forma mais particular, além de aprender a observar os resultados e oportunidades de uma empresa.

No atual cenário econômico, é de fundamental importância a ferramenta analítica que possibilita a avaliação do histórico das empresas?

7 OPERAÇÕES NO MERCADO DE DERIVATIVOS

Buscaremos aqui entender quais investimentos e negociações de commodities pertencem ao mercado de derivativos e quais as formas de fomento no mercado a termo, de opções e futuro.

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7.1 Conceito de mercado de derivativos

A negociação de mercadorias básicas está relacionada à origem dos derivativos. Alguns autores informam que sua origem se deu na China Antiga, outros dizem que seu início está na Idade Média, com a especialização do comércio. Independentemente de sua origem histórica, o aparecimento de derivativos deu-se como forma de acelerar e dar maior segurança à negociação de commodities.

A possibilidade de antecipar vendas era uma forma de garantir ao produtor a comercialização de seus produtos, por meio de um contrato em que ele se comprometia a entregar futuramente determinado volume de mercadoria a determinado preço. Dessa forma, o comprador poderia considerar o contrato como uma garantia do preço do produto na quantidade solicitada, da qualidade e do local previamente contratados.

Silva Neto (1998), expõe uma versão sobre o surgimento desse mercado no tempo dos samurais, no Japão do século XIX, em que o arroz, além de alimento básico era também um meio de troca e, por conta disso, servia de parâmetro para o estabelecimento de preços. O autor afirma também que a cidade de Osaka, um conhecido centro de comercialização do produto, sentia as fortes oscilações de preço provocadas pela lei da oferta e da procura. Essa situação despertou o interesse de um comerciante que, ao perceber oportunidades de ganho, passou a adquirir o produto para revendê-lo a preços superiores e acabou por tornar-se um ponto de referência de comércio e de preço do arroz.

A confiança nas relações foi fundamental nesse período, porque, com o aumento das negociações, os ofertantes passaram a levar apenas amostras do produto e não um carregamento completo, como faziam anteriormente, pois acreditavam que o produto teria a mesma qualidade. Com isso, os comerciantes deram início à modalidade de venda para entrega sob encomenda e, posteriormente, verificaram que poderiam negociar inclusive o arroz ainda a ser colhido.

Surge, assim, a operação de venda para entrega futura. Mais tarde, devido ao aumento dos prazos dos contratos, os compradores, com receio de firmar um acordo em que o pagamento fosse feito apenas no momento da entrega do produto e com o valor definido a posteriori (na data da entrega, com o preço vigente no momento), decidiram fechar contratos em que o valor fosse definido na época do fechamento do negócio. Esse procedimento passou a ser conhecido como mercado a termo.

7.2 Definição de derivativos

Derivativos são instrumentos financeiros que constituem acordos formais e que têm a função de transferir risco de uma parte à outra, sem deslocar o ativo básico, como ações, moedas, commodities ou título de dívida.

Para fins de investimentos, os instrumentos financeiros derivam de algum ativo que tenha, por finalidade, razoável utilização. Os preços dos derivativos são formados a partir do preço de um bem principal, denominado ativo subjacente. Dessa forma, o preço de um contrato futuro de dólar vai depender do preço desse ativo no mercado à vista.

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Conclui-se que os derivativos são contratos firmados entre partes, pois têm como objetivo a troca somente de valor de ativos, commodities agrícolas ou minerais e índices.

Os derivativos objetivam a troca de um resultado financeiro obtido por meio da aplicação da variação do valor de índices ou projeções de preços, em um determinado período, sobre um montante teórico inicial. São utilizados para alterar a característica do risco de caixa, ou da carteira de uma empresa, por conta da possibilidade de alteração no valor de determinado ativo.

O mercado de derivativos pode ser dividido em quatro mercados principais:

• Mercado a termo.

• Mercado futuro.

• Mercado de opções.

• Mercado de swaps.

7.3 Mercado a termo

Fortuna (2007) conceitua que:

[...] os mercados a termo são semelhantes aos mercados futuros, pelo fato de serem acordos de compra e venda de um ativo em uma data futura, por preço previamente estabelecido. No entanto, não são negociados em bolsas com as mesmas características dos contratos futuros, já que são acordos particulares entre duas instituições financeiras e seus clientes (FORTUNA, 2007, p. 315).

No mercado a termo, são negociados contratos nos quais é definido o produto a ser entregue ao comprador pelo vendedor, prezando quantidade e qualidade, além do local, preço e uma data futura para a entrega. Esses termos são acordados entre ambas as partes. O vendedor compromete-se com entrega do bem na forma estipulada, enquanto o comprador obriga-se a pagar o preço previamente ajustado.

Como o comprador não necessariamente precisa possuir o dinheiro prometido e nem o vendedor o produto comercializado, surgiu uma sensação de risco muito grande no mercado, o que gerou, em um primeiro momento, uma procura por esse tipo de operação. Para diminuir essa insegurança e garantir a liquidação do contratos, criaram-se as chamadas câmaras de compensação (clearing house). Nessas câmaras, a partir do capital dos participantes, mediante uma cobrança de taxas em cada operação realizada, os contratos são liquidados mesmo que uma das partes não possa cumpri-los. Em contraponto, as câmaras de liquidação passaram a exigir depósitos de garantias para evitar o comprometimento com contratos de grande valor.

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A vantagem principal desse tipo de operação é permitir que os investidores protejam preços de compra, diversifiquem riscos, obtenham recursos e alavanquem ganhos. Um investidor que espera um aumento nos preços de um ativo pode comprar a termo, fixando o preço e beneficiando-se com a alta.

Os contratos a termo não são ajustados diariamente, porque as partes liquidarão a operação apenas na data de entrega acertada. Então, o preço no mercado a termo é estabelecido adicionando-se ao preço à vista a expectativa de juros, fixada livremente no mercado, pelo prazo do contrato.

Os tipos básicos de operações a termo são:

• Simples.

• A prazo fixo.

• A prazo com prêmio.

• De report e deport.

As operações simples e a prazo fixo consistem na compra ou venda para liquidação em data futura. O comprador e o vendedor acertam a cotação e o prazo e, na data combinada, o comprador entrega o dinheiro e recebe os ativos.

A operação a prazo com prêmio é uma transação a termo firmada com a condição de que uma das partes possa desistir mediante o pagamento de um prêmio previamente estipulado. A desistência pode aplicar-se ao vendedor, ao comprador ou a ambas as partes.

A operação de report é a compra à vista de ativos e a sua venda simultânea a prazo pelo primitivo vendedor, realizada no mesmo ato.

A operação de deport limita-se a vender à vista e, vinculadamente, comprar a prazo do primitivo vendedor, ou seja, equivale a tomar dinheiro emprestado a taxas pré-fixadas.

7.4 Mercado de opções

No mercado de opções, negociam-se, instrumento financeiros em que o titular adquire o direito (apenas o direito e não a obrigação) de comprar ou vender um determinado ativo, que pode ser um bem qualquer, por um determinado valor.

Uma analogia muito interessante para bem entender o conceito de “opção” é o sinal, ou seja, um adiantamento para a compra de um imóvel. Quando alguém recebe um sinal, garante o preço fixo, mesmo que esse imóvel venha a se valorizar até o momento do seu pagamento efetivo.

Imagine, por exemplo, que um indivíduo queira adquirir um lote de mercadorias que está sendo ofertado a um preço muito bom, mas ainda não tem o dinheiro disponível. Nesse caso, essa pessoa pode comprar a opção de comprar essa mercadoria, adquirindo o direito (importante, apenas o direito, não a obrigação) de compra sobre o produto.

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7.5 Fundos de investimento em ações

Como vimos com muita ênfase nas unidades anteriores, o mercado financeiro e de capitais exige sabedoria para lidar com o risco. Quem tem conhecimento das particularidades do funcionamento do mercado e acompanha as notícias e informações sobre as empresas tende a conseguir melhores ganhos.

Operadores de mercado de capitais, não raramente, são pessoas cercadas por computadores e fontes de informação a todo instante. Com o avanço das telecomunicações, é muito comum que decisões ocorridas em países distantes surtam impactos imediatos, não importando nem mesmo o fuso horário. Dessa forma, sabe-se que é necessária a dedicação diária, porque mesmo o mais bem informado operador de ontem poderá estar desatualizado hoje.

Entretanto, não são todas as pessoas que têm tempo, vontade ou vocação para se dedicar ao mercado financeiro. Ou, talvez, nem gostem muito dessa atividade. Além disso, pode ser que mesmo a pessoa que goste das rotinas do mercado de capitais, por força de sua profissão ou outros compromissos, não possa se dedicar.

Os fundos de investimento são boas opções para pessoas com esse perfil. Da mesma forma como existem condomínios de casas e/ou apartamentos, em que as pessoas dividem as despesas e usufruem dos benefícios, existem os fundos de investimento, na forma de condomínios.

De acordo com a legislação brasileira, fundos de investimento são uma comunhão de recursos constituída sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros.

Para efeito da composição do patrimônio do fundo, consideram-se ativos financeiros:

• Títulos da dívida pública.

• Contratos de derivativos.

• Ações.

• Debêntures.

• Bônus de subscrição, seus cupons, direitos, recebidos de subscrição e certificados de desdobramento.

• Certificados de depósito de valores mobiliários.

• Cédulas de debêntures.

• Cotas de fundos de investimento.

• Notas promissórias, desde que a emissão ou negociação esteja registrada ou autorizada pela CVM ou quaisquer outros valores mobiliários.

• Títulos ou contratos de investimento coletivo, registrados na CVM e ofertados publicamente.

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• Certificados ou recibos de depósito emitidos no exterior com lastro em valores mobiliários de emissão de companhia aberta brasileira.

• O ouro, ativo financeiro, desde que negociado em padrão internacionalmente aceito.

• Quaisquer títulos, contratos e modalidades operacionais de obrigação ou coobrigação de instituição financeira.

• Warrant.

• Contratos mercantis de compra e venda de produtos, mercadorias ou serviços para entrega ou prestação futura.

• Títulos ou certificados representativos desses contratos e quaisquer outros créditos.

• Títulos e modalidades operacionais desde que expressamente previstos no regulamento (CCB, CPR, Warrants etc.).

Há fundos de investimento que oferecem cotas. Esses são conhecidos normalmente pela sigla FI e devem manter, no mínimo, 95% de seu patrimônio investido em cotas de fundo de investimento da mesma classe. Essa regra só não vale para os FIC`s (Fundos de Investimento em Cotas) classificados como multimercado, ou seja, que têm autorização para investir em cotas de fundos de classes distintas.

Os outros 5% do patrimônio do fundo podem ser mantidos em depósitos à vista ou aplicados em títulos públicos federais, títulos de renda fixa de emissão de instituição financeira ou operações compromissadas, de acordo com a regulação específica do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Os fundos de investimento são constituídos em forma de condomínio. Assim, cada investidor detém uma parte do valor que está aplicado. A rentabilidade gerada será atribuída a cada um deles, na justa proporção de sua participação no fundo. O mesmo procedimento é adotado para o rateio das despesas geradas.

A cota é uma fração ideal do patrimônio do fundo e pode ser escritural e nominativa. Ao aplicar seus recursos em um fundo, o investidor adquire um determinado número de cotas que é obtido dividindo-se o valor aplicado pelo valor da cota da data da aplicação ou do dia útil posterior (conforme regulamento do fundo).

Compete privativamente à Assembleia Geral de Cotistas deliberar sobre:

• Demonstrações contábeis apresentadas pelo administrador.

• Substituição do administrador, do gestor ou do custodiante do fundo.

• Fusão, incorporação, cisão, transformação ou liquidação do fundo.

• Aumento da taxa de administração.

• Alteração da política de investimento do fundo.

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• Emissão de novas cotas no fundo fechado.

• Amortização de cotas, caso não esteja prevista no regulamento.

• Alteração do regulamento.

Os fundos de investimento são constituídos seguindo duas formas:

• Fundos abertos.

• Fundos fechados.

Nos fundos abertos, os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer momento. Portanto, o ingresso e a saída de cotistas se dão automaticamente por solicitação junto ao administrador do fundo.

Nos fundos fechados, as cotas podem ser resgatadas somente ao término do prazo de duração do fundo ou de sua liquidação. Logo, nos fundos fechados, não há resgate de cotas. Nesse caso, as cotas podem ser negociadas em mercado secundário, apresentando diferentes níveis de liquidez.

Há uma série de informações relevantes à qual o cotista de um fundo de investimento deve ter acesso. Essas informações são disponibilizadas por meio do regulamento e do prospecto do fundo.

O regulamento é o documento em que estão estabelecidas as regras básicas de funcionamento do fundo. Entre essas regras, merecem destaque aquelas que se referem aos ativos que serão adquiridos e às estratégias de investimento adotadas, uma vez que estão diretamente relacionadas com o risco do investimento.

O prospecto é o documento que apresenta as informações relevantes para o investidor a respeito da política de investimento do fundo e dos riscos envolvidos. Deve estar atualizado e à disposição dos investidores potenciais durante o período de distribuição.

O termo de adesão, assinado pelo investidor, é a prova da qual dispõe o administrador do fundo de que o cotista conhece as principais características do investimento feito e os riscos a ele inerentes. É obrigatório, para o ingresso no fundo, que o cotista assine o termo de adesão correspondente, que será fiscalizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A taxa de administração é uma cobrança da instituição para cobrir as despesas dos serviços de administração de um fundo de investimento.

7.5.1 Tipos de fundos de investimento em ações

A seguir, examinaremos os vários tipos de fundos de investimento em ações. Os fundos de ações deverão ter como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado.

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No mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) de seu patrimônio líquido deverá ser composto pelos seguintes ativos:

• Ações admitidas à negociação em bolsa de valores ou entidade de balcão organizado.

• Bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações admitidas à negociação em bolsa de valores ou entidades de balcão organizado.

• Cotas de fundos de ações e cotas dos fundos de índice de ações, negociadas em bolsa de valores ou entidades de balcão organizado.

• BDR (Brazilian Depositary Receipts) classificados como nível II e III.

Os fundos são classificados em:

• Fundo setorial de investimento em ações.

• Fundo mútuo de investimento em ações do setor de mineração.

• Fundo de ações fechado.

• Clube de investimento – CI.

Os fundos setoriais de investimento em ações e os fundos mútuos de investimentos em ações do setor de mineração investem em ações de empresas de setores específicos da economia, como telecomunicações e energia, ou de empresas que tenham alguma outra característica comum, como a privatização.

No entanto, os fundos mútuos de investimentos em ações do setor de mineração devem ter no mínimo, 75% de seu patrimônio investido em valores mobiliários das mineradoras, adquiridas por subscrição privada e/ou em ações e debêntures de emissão de companhias de mineração registradas na CVM, adquiridos em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado. Desse percentual mínimo, no máximo 75% poderão ser constituídos por debêntures de empresas mineradoras.

Os fundos de ações fechados são regulamentados pela Instrução nº 215 da CVM e se destinam a atender a nichos específicos de mercado, do ponto de vista do administrador em relação ao cotista. É a opção para o investidor que quer sacrificar segurança e liquidez, em troca de maior perspectiva de rentabilidade indireta. Pelos estatutos desses fundos, o cotista investe por um prazo determinado, e só pode resgatar a aplicação ao final do período. A única alternativa para resgatá-la é vender as cotas para outro investidor, via bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.

Os fundos fechados podem ser divididos em função das características dos papéis que os comporão, em:

• Setoriais.

• De renda (ações com dividendos garantidos).

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• De “micos” (ações com relação entre cotação e valor patrimonial muito baixa).

• De índices das bolsas.

• De opções e índice futuro.

• De valor (ações cuja vantagem não apareça em balanço, mas sim em logomarcas e reservas inexploradas).

• De empresas exportadoras e de recuperação econômica.

Esses fundos normalmente não possuem taxa de administração. As taxas incidentes normalmente são equivalentes às operações com ações e/ou opções, dependendo da carteira do fundo fechado.

Os Clubes de Investimento (CI) foram normalizados pela Instrução nº 40 da CVM, de 07/11/94, e é o condomínio constituído por pessoas físicas para aplicação de recursos comuns em títulos e valores mobiliários sujeitos às normas da instrução, quando vinculados a banco de investimento, DTVM e CTVM. As cotas do CI corresponderão às frações ideais da divisão do seu patrimônio, devendo contemplar um número mínimo de 3 e máximo de 150 pessoas, a não ser que seja integrado por funcionários de uma mesma empresa ou que estejam ligados por vínculo associativos, desde que autorizados pela CVM.

A carteira do CI será composta por, no mínimo, 51% em ações, bônus de subscrição e debêntures conversíveis em ações de companhias abertas, adquiridas em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado por entidades autorizadas pela CVM, ou durante período de distribuição pública.

7.5.2 Rating dos fundos

Há algumas empresas que se especializaram em avaliar fundos de investimento, usando para tal uma classificação denominada rating. Nessa classificação, também se analisam o país de origem e a instituição gestora do fundo.

Na elaboração do rating, todos os riscos que podem impactar o retorno do investimento são cuidadosamente avaliados. Os riscos mais importantes em cada caso são:

• Países (possibilidade de reestruturação unilateral de dívida, confiscos, impostos etc.).

• Instituições financeiras (solidez financeira).

• Empresas de asset management (histórico de desempenho e tecnologia de gestão de ativos).

• Títulos (capacidade de repagamento do emissor e a estrutura legal do título) e fundos de investimento (composição de carteira e consciência da performance ao longo do tempo).

• Risco de crédito:

— Investment grade – AAA/AA/A e BBB. (grau qualitativo) (excelente) (bom).

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— Speculative Grade – BB/B/CCC/CC/D. (grau especulativo) (especulativo) (falência – default).

• Risco de mercado:

— Baixo risco: V1 + /V1/V2 (não compromete o principal investido).

— Risco moderado: V3/V4.

— Risco moderado a alto: V5/V6/V7.

— Risco especulativo: V8/V9/V10 (pode haver perda do principal).

O rating é importante porque é uma forma rápida de um investidor poder comparar as diferentes alternativas de investimento e decidir onde aplicar. Além disso, o rating de uma empresa de asset management é uma avaliação de sua solidez e capacidade de fornecimento de bons serviços aos seus clientes.

Ao aplicar em um fundo analisado por agências de rating, o investidor deve ter ciência dos critérios utilizados para a classificação.

8 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

Nesta fase de nosso estudos, entenderemos como a análise fundamentalista é relevante para o processo de exame da situação financeira de uma empresa.

Iremos abordar a formação do preço justo de uma ação, por meio do modelo de precificação de ativos financeiros, para determinar a taxa de retorno de um ativo.

8.1 Conceito

Segundo a ADVFN (2008), a análise fundamentalista é um importante instrumento utilizado para se examinar o investimento em ações. O princípio dessa análise está baseado na avaliação quantitativa da empresa.

A ADVFN (2008) descreve o trabalho do analista fundamentalista:

O analista fundamentalista busca estudar a situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa e suas expectativas e projeções para o futuro.

O objetivo principal dessa análise é avaliar o comportamento da empresa com vistas a determinar o valor intrínseco da ação. Os principais subsídios desse critério de análise são os demonstrativos financeiros da empresa e os diversos dados e informações referentes ao setor econômico de atividade, ao mercado acionário e à conjuntura econômica.

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Em contraposição à análise técnica, a análise fundamentalista não se baseia no estudo das cotações de bolsa e dos seus movimentos, mas sim nos fundamentos econômicos no qual a empresa está inserida.

A análise fundamentalista interpreta dados fundamentais de uma empresa obtidos por meio dos principais demonstrativos financeiros, como: balanço patrimonial, demonstrativo de resultado, fluxo de caixa, demonstração de origens e aplicações de recursos. A justificativa para o uso desse tipo de análise é antecipar o comportamento futuro de uma determinada empresa no mercado (ADVFN, 2008).

8.2 Formação do preço justo de uma ação

Segundo a ADVFN (2008), o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), mais conhecido mundialmente pela sigla em inglês CAPM (Capital Asset Pricing Model), é utilizado em finanças para determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em relação a uma carteira de mercado perfeitamente diversificada:

[...] o modelo leva em consideração a sensibilidade do ativo ao risco não diversificável (também conhecido como risco sistêmico ou risco de mercado), representado pela variável conhecida como índice beta ou coeficiente beta (β), assim como o retorno esperado do mercado e o retorno esperado de um ativo teoricamente livre de riscos.

O CAPM considera que, num mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao β. Segundo o CAPM, o custo de capital corresponde à taxa de rendibilidade exigida pelos investidores como compensação pelo risco de mercado ao qual estão expostos. O CAPM considera que, num mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao β.

Na sua forma simples, o modelo prevê que o prêmio de risco esperado, dado pelo retorno esperado acima da taxa isenta de risco, é proporcional ao risco não diversificável, o qual é medido pela covariância do retorno do ativo com o retorno do portfólio composto por todos os ativos no mercado ou pelo β, que mede a contribuição do ativo para a variância dos retornos do portfólio de mercado.

Todos os investidores têm idênticas expectativas quanto às médias, variâncias e covariâncias dos retornos dos diferentes ativos no fim do período, isto é, têm expectativas homogêneas quanto à distribuição conjunta dos retornos.

O CAPM é um modelo de precificação de ativos tomados individualmente ou de carteiras de ativos. No primeiro caso, fazemos uso da linha do mercado de ativos, conhecida pela sigla em inglês SML (Security Market Line), e de

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sua relação com retorno esperado e risco sistemático (beta) para entender como o mercado deve precificar ativos individualmente em relação à classe de riscos a que pertencem.

Assim, quando a taxa de retorno esperada para qualquer ativo é deflacionada pelo seu coeficiente beta, o excesso de retorno em relação ao risco para qualquer ativo individual no mercado é igual ao excesso de retorno do mercado:

E R RE R Ri

imm

( )( )

−= −ƒ

ƒβ

Em que:

E(Ri) é o retorno esperado do ativo.

Rƒ é a taxa de juros livre de riscos.

βim é o coeficiente beta, que representa a sensibilidade dos retornos do ativo em relação aos do mercado.

E(Rm) é o retorno esperado do mercado.

E(Rm) - Rƒ é, por vezes, chamado de prêmio de mercado ou prêmio de risco e representa a diferença entre a taxa de retorno esperada do mercado e a taxa de retorno livre de riscos (WIKIPÉDIA, 2011).

Segundo a Bovespa (2010), o preço da ação é formado pelos investidores do mercado que, dando ordens de compra ou venda às corretoras das quais são clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura de cada papel, fazendo com que se estabeleça o preço justo da ação.

8.3 Principais indicadores fundamentalistas

De acordo com a ADVFN (2008), os principais indicadores fundamentalistas são os seguintes:

• Índice preço/lucro:

[...] também conhecido por múltiplo de lucros ou PLPA, é um índice usado para medir quão baratos ou caros os preços das ações estão. É provavelmente o mais consistente indicador de ressalva quanto ao otimismo excessivo no mercado. Serve também como um marcador de problemas e de oportunidades de negócio. Relacionando o preço e os lucros por ação de uma companhia, pode-se analisar a avaliação de mercado das ações de companhias relativa à riqueza que a empresa está criando realmente. O

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conceito do índice deve ser dinâmico, ou seja, sua utilização deve conter as perspectivas de desenvolvimento da empresa e de seus lucros, de acordo com os prazos ideais (do ponto de vista do investidor) para sua aplicação no papel em questão.

O índice P/L é calculado da seguinte forma:

Índice P/L = preço por ação lucro por ação

A razão principal de se calcular o índice P/L é tornar comparável para os investidores duas ou mais ações de empresas de diferentes setores. Se uma ação tiver um P/L duas vezes maior que de outra ação, esse provavelmente é um investimento menos atrativo (quanto maior for o P/L, mais cara estaria a ação) (ADVFN, 2008).

• Cash-yield:

Esse instrumento decorre da verificação do dividendo pago em dinheiro por ação. Para muitos investidores, que preferem retornos em dinheiro para suas aplicações, o cash-yield, combinado com levantamentos estatísticos sobre a periodicidade e a época do pagamento dos dividendos, constitui importante instrumento de apoio às suas decisões.

Um aspecto muito importante, que confere ao cash-yield características diferentes do P/L, é que a legislação societária brasileira permite que, em certas ocasiões, efetue pagamentos de dividendos à conta de saldos de reservas de lucros, ainda que a empresa não tenha apresentado lucro em seu último balanço ou balancete (BASTTER, 2011).

• Cotação/valor patrimonial:

Esta relação, como se verifica diretamente no seu nome, resulta do quociente entre a cotação de um determinado papel, em certo momento, por seu valor patrimonial.

Esse último valor, por sua vez, é obtido pela divisão do montante global do patrimônio líquido da empresa pelo número de ações em poder dos diversos acionistas.

Como se sabe, o patrimônio líquido de uma empresa é o somatório de todos os recursos da companhia que não são exigíveis, a não ser por seus próprios acionistas (capital integralizado, reservas diversas e lucros acumulados).

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O resultado desse cálculo revela a relação existente entre os bens da empresa e o valor da ação. O valor patrimonial não deve ser analisado individualmente, muito menos utilizado como fator determinante de uma compra ou venda de ativos (BASTTER, 2011).

8.4 Aspectos a serem observados na análise de uma empresa

Segundo Bastter (2011) e a Bovespa (2010), os seguintes aspectos necessitam ser observados ao se analisar uma empresa:

O faturamento líquido é o saldo dos valores recebidos pela empresa, como remuneração por uma atividade social, subtraídos os valores referentes a impostos diretos, descontos concedidos, devoluções e eventuais parcelas repassadas a terceiros, mas que tenham composto seu preço final.

A maior ou menor oferta/procura por determinada ação, que influencia o processo de valorização ou desvalorização de uma ação, está relacionada ao comportamento histórico dos preços e principalmente às perspectivas futuras de desempenho da empresa emissora da ação (BASTTER, 2011).

Tais perspectivas podem ser influenciadas por notícias sobre o mercado no qual a empresa atua, divulgação do balanço da empresa (com dados favoráveis ou desfavoráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças tecnológicas e muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa emissora da ação.

Cabe ressaltar que, para as instituições bancárias, essa informação não costuma ser aplicada, sendo mais significativa a referente aos ativos totais, enquanto que, para as empresas holding adiciona-se ao seu faturamento líquido próprio o resultado da equivalência patrimonial (BOVESPA, 2010).

Bastter (2011) também cita algumas metodologias de acordo com Matarazzo (1998):

Liquidez corrente: trata-se do quociente que avalia a capacidade de pagamento da organização de curto prazo, significando que a empresa pode ter insuficiência de recursos para obrigações quase imediatas. É calculada por meio da seguinte fórmula:

LC = ativo circulante anual/passivo circulante anual.

Endividamento: é a participação de capital de terceiros sobre a dívida total, ou seja, a avaliação da qualidade das obrigações da organização. Podendo este ser calculado por meio da seguinte fórmula:

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Part. capital de terceiros = (pc + pelp/ passivo total) X 100.

Em que:

PC = passivo circulante.Pelp = passivo exigível a longo prazo.

Taxa de retorno do patrimônio líquido: é o quociente entre o lucro líquido de uma companhia e seu patrimônio líquido. Representa, em outras palavras, o percentual de retorno dos recursos totais aplicados pelos acionistas nos negócios (e à disposição dos administradores da empresa), permitindo a previsão no tempo necessário para a recuperação do capital próprio investido. Esse índice obviamente permite comparações entre empresas dos mais diversos setores e é calculado da seguinte maneira:

TRPL = (lucro líquido anual/patrimônio líquido anual) X 100.

Margem líquida: é a relação entre o lucro líquido (após o imposto de renda) e o faturamento líquido. Demonstra para os analistas quanto resta do faturamento para as destinações decididas pelos acionistas (reservas livres, dividendos etc.).

A margem líquida é calculada por meio da seguinte fórmula:

M. líquida = (lucro líquido/receita líquida anual) X 100. (MATARAZZO, 1998, p.161, 173, 183 e 186; apud BASTTER, 2011).

Lembrete

Lembra-se de que, na apresentação deste livro-texto, comentamos que o mercado de capitais é algo ainda muito restrito no Brasil e que a mudança depende de nós, que estudamos seus principais conceitos?

Pois bem, como profissional da área, é possível que você não aplique imediatamente ou mesmo a médio e curto prazo os conceitos que você aprendeu no ambiente profissional. Contudo, como cidadão, você pode ajudar (e muito) a curto prazo, organizando, entre seus colegas de trabalho, amigos, ou ainda em algum grupo específico, a formação de um CI (Clube de Investimento).

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Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo incentiva a criação de CI´s (Clubes de Investimento). Nos últimos anos, centenas de clubes foram criados e essa pode ser uma excelente oportunidade para investir o rico dinheirinho que sobra no final do mês.

Visite os seguintes sites e saiba como criar um clube de investimento:

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/download/clube-de-investimento.pdf>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/clubes-de-investimento/ clubes-de-investimento.aspx?idioma=pt-br>.

Resumo

Na unidade IV, estudamos a estrutura e funcionamento dos fundos de investimento e as técnicas de análise fundamentalista e de análise de aspectos de empresas.

Conhecemos também os fundos de investimento e como são geridos pelas sociedades. Além disso, identificamos quais são os critérios utilizados para se efetuar a administração dos recursos.

Finalizamos então o estudo do mercado de capitais, sob a disciplina Mercado de Capitais. No entanto, a palavra final não significa que a pesquisa acaba por aqui. Lembre-se sempre de que este livro-texto não deve ser visto como única fonte de seus estudos, estude também consultando os livros básicos e complementares que constam da ementa da disciplina.

Exercícios

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

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MERCADO DE CAPITAIS

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Rating

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Investment grade

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Análise fundamentalista

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Cash yield

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) O que é mais interessante: investir individualmente na bolsa de valores ou participar de um clube de investimento? Qual é a diferença?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Um importante investidor pergunta a você se é interessante investir em algumas das empresas que foram citadas ao longo deste livro-texto. Antes de responder é importante que você faça uma análise. Como deve ser feita essa análise?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais conceitos estudados:

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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 2

DAVIDSON, M. Touro da Bolsa de Nova York. 1 foto, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Wall_Street>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 4

TORRES, T. Sala do Conselho Monetário Nacional. 1 foto, color. Acervo ACS/GMF. Disponível em: <http://200anos.fazenda.gov.br/galeria-de-imagens/ministerio-da-fazenda-df/Sala-CMN-GALERIA.jpg/view>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 5

Prédio do Sr. Van Der Burse e o brasão d´armas da família. 1 foto, color. In: DE CLERCQ, G., et al. À la Bourse: histoire du marché des valeurs en Belgique de 1300 a 1990. Paris: Duculot, 1992.

Figura 6

Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://financasfaceis.wordpress.com/2011/03/31/brasil-perspectiva-2011-mar11/>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 7

Variação do preço e do número de contratos do boi gordo negociados na BM&F. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=7881>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 8

Fachada do prédio da Bovespa. 1 foto, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_Valores_de_S%C3%A3o_Paulo>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 9

Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Tóquio – Japão. 1 foto, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_Valores_de_T%C3%B3quio>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 10

Ibovespa de 1994 a 2010. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ibovespa.png>. Acesso em: 29 jul. 2011.

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Figura 11

Índice IBRX Brasil de dezembro de 2010 a maio 2011. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://www.bolsafinanceira.com/cotacoes/grafico/IBRX%20BRASIL>. Acesso em: 29 jul. 2011.

Figura 12

Gráfico histórico Nikkei 225 Índex - 1 ano. Disponível em: <http://br.advfn.com/p.php?pid=qkquote&symbol=NIK^NI225>. Acesso em: 29 jul. 2011.

Figura 13

Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Nova York – EUA. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/User:Djmutex/Gallery>. Acesso em: 29 jul. 2011.

REFERÊNCIAS

Audiovisuais

STONE, Oliver. Wall Street: poder e cobiça. EUA, 1987, 126 min.

STONE, Oliver. Wall Street: o dinheiro nunca dorme. EUA, 2010, 127 min.

Textuais

ADVFN. Análise fundamentalista. 2008. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/ pt/%C3%8Dndice_Pre%C3%A7o/Lucro#.C3.8Dndice_Pre.C3.A7o.2FLucro>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Análise fundamentalista: índice preço/lucro. 2008. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/An%C3%A1lise_Fundamentalista:%C3%8Dndice_Pre%C3%A7o/Lucro>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Índice Nikkei 225. 2010. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/%C3% 8Dndice_Nikkei_225>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Financial Time Stock Exchange (FTSE). 2009. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/Grupo_FTSE>. Acesso em: 29 jul. 2011.

ALMEIDA, A. P. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

ASSAF NETO, A. F. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

BASTTER.com. Análise fundamentalista. 2008. Disponível em: <http://www.bastter.com/mercado/aprendizado/entendendo-o-mercado/analise-fundamentalista/default.aspx>. Acesso em: 29 jul. 2011.

BERTOLDI, M. M. Curso avançado de direito comercial. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, v. 1.

Page 97: Mercado de Capitais Unidade I

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BOLSA de Valores de São Paulo. Mercado à vista. São Paulo: Bovespa, mar/2010.

BOLSA de Valores de São Paulo. Ibovespa. São Paulo: Bovespa, abr/2010.

BOLSA de Valores de São Paulo. IBRX. São Paulo: Bovespa, abr/2010.

BORBA, J. E. T. Direito societário. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1997.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. e RUDGE, L. F. Mercado de capitais. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elisevier, 2009.

COMISSÃO de Valores Mobiliários. Cartilha Sistema Financeiro Nacional. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 10 mai. 2010.

CONSELHO Monetário Nacional. Resolução 1.723 de 27 de junho de 1990. Autoriza a emissão de notas promissórias, como valor mobiliário, pelas sociedades por ações. Disponível em: <http://www.cnb.org.br/CNBV/resolucoes/res1723-1990.htm>. Acesso em: 29 jul. 2011.

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LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MELLAGI FILHO, A. e ISHIKAWA, S. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Atlas, 2000.

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