mercado de capitais

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INTRODUÇÃO AO INTRODUÇÃO AO MERCADO DE CAPITAIS MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO BRASILEIRO Objetivo: Proporcionar o contato inicial Objetivo: Proporcionar o contato inicial do futuro investidor em renda variável e do futuro investidor em renda variável e do profissional apto a desempenhar do profissional apto a desempenhar funções que dependam de uma sólida funções que dependam de uma sólida formação financeira com o Mercado de formação financeira com o Mercado de Capitais bra Capitais bra sileiro. sileiro.

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Mercado de Capitais

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Page 1: Mercado de Capitais

INTRODUÇÃO AO INTRODUÇÃO AO MERCADO DE CAPITAIS MERCADO DE CAPITAIS

BRASILEIROBRASILEIRO

Objetivo: Proporcionar o contato inicial Objetivo: Proporcionar o contato inicial do futuro investidor em renda variável e do futuro investidor em renda variável e do profissional apto a desempenhar do profissional apto a desempenhar funções que dependam de uma sólida funções que dependam de uma sólida formação financeira com o Mercado de formação financeira com o Mercado de Capitais braCapitais bra sileiro.sileiro.

Page 2: Mercado de Capitais

SÃO PAULO, 08 DE AGOSTO DE 2007SÃO PAULO, 08 DE AGOSTO DE 2007

INTERFLOAT HZ CCTVM LTDAINTERFLOAT HZ CCTVM LTDA

ÍNDICE Capítulo 1: Visão Geral

a) Sistema Financeiro Nacional b) Mercados Monetários c) Mercado de Bolsa e Mercado de Balcão d) CVM – Comissão de Valores Mobiliários e) Bolsas de Valores f) Desmutualização das Bolsas g) Sociedades Corretoras h) CBLC – Central Brasileira de Liquidação e Custódia i) Membro de Compensação (MC) j) Operador Especial

Capítulo 2: BOVESPA a) Histórico b) Mercado primário e secundário c) Distribuição primária e secundária d) Ações Ordinárias e Preferenciais e) Eventos Societários

Page 3: Mercado de Capitais

f) Processo de Liquidação das operações (Ações e Opções de Ações) g) Mercado de Opções h) Mercado à Termo i) Empréstimo de Ações (BTC)

Capítulo 3: BM&F

a) Histórico b) Derivativos c) Principais Derivativos d) Principais Agentes Econômicos que Operam Derivativos e) Derivativos Financeiros (Índice Bovespa Futuro, Dólar Futuro e DI Futuro) f) Derivativos Agrícolas g) Míni Índice Bovespa Futuro e Míni Dólar Futuro h) Garantias, Pré-margem e Ajuste Diário i) Custos Operacionais

Capítulo 4: Riscos Associados ao Mercado de Capitais a) Risco Sistemático b) Risco Não Sistemático c) Risco de Mercado d) Risco de Crédito e) Risco de Liquidez f) Risco Operacional g) Risco Legal

Capítulo 5: Noções de Análise de Investimentos em Renda Variável a) Análise Fundamentalista b) Análise Técnica (Grafista)

Page 4: Mercado de Capitais

Capítulo 6: Sistemas Operacionais e Tipos de Ordens

a) Sistema Operacional

- Negociação a Viva-Voz - Negociação Eletrônica - Home Broker - After Market - WebTrading

b) Tipos de Ordens

Capítulo 1: Visão Geral

a) Sistema Financeiro Nacional

O sistema financeiro nacional é o conjunto de instituições e instrumentos

financeiros que possibilita a transferência de recursos dos agentes superavitários para os

tomadores finais, e cria condições para que os títulos e valores mobiliários tenham

liquidez no mercado.

O sistema financeiro nacional é constituído por um subsistema normativo e por

outro operativo. O subsistema normativo regula e controla o subsistema operativo. Sua

estrutura apresenta como órgão maior o Conselho Monetário Nacional (CMN), que

possui funções normativas. Diretamente ligados ao CMN, estão o Banco Central do

Brasil (BCB), como órgão executor, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que

responde pela regulamentação do mercado. Temos ainda a Superintendência de Seguros

Privados (SUSEP) e a Secretária de Previdência Complementar (SPC).

Já o subsistema operativo é constituído pelas instituições financeiras púbicas e

privadas, que atuam no mercado financeiro.

O conjunto de instituições pertencentes ao sistema é denominado mercado

financeiro. De acordo com as características, o Mercado Financeiro pode ser

segmentado em quatro mercados específicos: Cambial, Monetário, de Crédito e de

Capitais.

No mercado de capitais se efetua a distribuição de valores mobiliários com o

propósito de viabilizar o financiamento e a capitalização das empresas.

Page 5: Mercado de Capitais

As companhias abertas necessitam de recursos financeiros para realizar

investimentos produtivos, tais como: construção de novas plantas industriais, inovação

tecnológica, expansão da capacidade, aquisição de outras empresas ou mesmo o

alongamento do prazo de suas dívidas. Os investidores, por outro lado, possuem

recursos financeiros excedentes, que precisam ser aplicados de maneira rentável para

que possam valorizar-se ao longo do tempo, contribuindo para o aumento de capital do

investidor.

Existem companhias de diferentes portes, com necessidades financeiras

variadas. Ao mesmo tempo, investidores podem aplicar com o objetivo de obterem

retorno financeiro no curto, médio ou longo prazo, e com diferentes níveis de risco.

Para compatibilizar os diversos interesses entre companhias e investidores, estes

recorrem aos intermediários financeiros, que cumprem a função de reunir investidores e

companhias, propiciando a alocação eficiente dos recursos financeiros na economia. O

papel dos intermediários financeiros é harmonizar as necessidades dos investidores com

as das companhias abertas. Por exemplo, uma companhia que necessita captar recursos

para investimentos, se desejar fazê-lo através do mercado de capitais, deve procurar os

intermediários financeiros, que irão distribuir seus títulos para serem oferecidos a

diversos investidores, possibilitando mobilizar o montante de recursos requerido pela

companhia.

Esse processo ocorre da seguinte forma: primeiro, um intermediário financeiro

irá orientar a companhia sobre a melhor alternativa de financiamento, isto é, alternativas

para que a companhia possa se financiar mediante recursos financeiros de terceiros.

Caso a companhia decida pelo mercado de capitais, via emissão de ações, vários

procedimentos jurídicos e administrativos para a abertura do capital serão necessários.

O primeiro passo para isso é o registro de companhia aberta junto à CVM. O

intermediário financeiro irá pedir o registro em nome da companhia apresentando uma

série de documentos que são especificados pela CVM, entre eles os principais atos

societários, as últimas demonstrações financeiras, parecer de auditor independente, entre

outros.

Uma vez obtido o registro de companhia aberta junto à CVM, a empresa pode,

por exemplo, emitir títulos representativos de seu capital, as ações, ou representativos

de empréstimos tomados via mercado de capitais, como debêntures e notas comerciais

("commercial papers").

Page 6: Mercado de Capitais

Outros intermediários financeiros, por sua vez, irão oferecer aos investidores, os

valores mobiliários emitidos pela companhia aberta. Em geral, os intermediários

financeiros se associam, em consórcios, num esforço para vender todos os títulos ou

valores mobiliários emitidos pela companhia. A colocação inicial desses títulos ou

valores mobiliários se dá no chamado mercado primário, onde as ações e/ou debêntures,

por exemplo, são vendidas pela primeira vez e os recursos financeiros obtidos são

direcionados para a respectiva companhia.

Finalizada essa primeira etapa, os investidores que adquiriram esses títulos e

valores mobiliários podem revendê-los no chamado mercado secundário, onde ocorre a

sua negociação entre os investidores.

Os investidores podem negociar diretamente entre si para comprar e vender

ações e outros títulos e valores mobiliários. Contudo, na maioria dos casos, essa não é a

forma mais eficiente porque implica em altos custos de transação: como encontrar outro

investidor interessado numa determinada ação? Como saber qual é o preço justo da ação

num determinado momento? Como garantir que outro investidor irá pagar pelas ações

ou entregar aquelas que foram negociadas?

Para facilitar a negociação desses títulos no mercado secundário, foram criadas

instituições que têm por objetivo administrar sistemas centralizados, regulados e

seguros para a negociação desses títulos. A função básica dessas instituições é

proporcionar liquidez e/ou maior facilidade de se negociar um título, convertendo-o em

dinheiro os valores de emissão de companhias abertas, ou seja, possibilitar ao investidor

que adquiriu esses títulos vendê-los de forma eficiente e segura. São exemplos destas

instituições as bolsas de valores e as entidades administradoras de mercado de balcão

organizado, ambiente de negociação administrado por instituições auto-reguladoras,

autorizadas e supervisionadas pela CVM, que mantêm sistema de negociação

(eletrônicos ou não) e regras adequadas à realização de operações de compra e venda de

títulos e valores mobiliários, bem como à divulgação das mesmas.

A atuação nas bolsas de valores e nos mercados de balcão, organizado e não

organizado, é restrita aos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários,

dentre estes as instituições financeiras e sociedades corretoras e distribuidoras

devidamente autorizadas a funcionar pela CVM e pelo Banco Central do Brasil, que

atuam em nome de seus clientes, os investidores, comprando e vendendo ações,

debêntures e outros títulos e valores mobiliários emitidos pelas companhias abertas.

Page 7: Mercado de Capitais

b) Mercados Monetários:

Como mencionado, o Sistema Financeiro Brasileiro é segmentado em quatro

grandes "mercados", que são:

Mercado monetário: é o mercado onde se concentram as operações para

controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a

liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a

chamada Política Monetária.

Mercado de crédito: atuam neste mercado diversas instituições

financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação de recursos de curto e

médio prazo para agentes deficitários que necessitam de recursos para consumo ou

capital de giro. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle,

normatização e fiscalização deste mercado.

Mercado de capitais: tem como objetivo canalizar recursos de médio e

longo prazo para agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de

títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. A

Comissão de Valores Mobiliários é o principal órgão responsável pelo controle,

normatização e fiscalização deste mercado.

Mercado de câmbio: é onde são negociadas as trocas de moedas

estrangeiras por reais. O Banco Central do Brasil é o responsável pela administração,

Page 8: Mercado de Capitais

fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio atuando através de

sua Política Cambial.

c) Mercado de Bolsa e Mercado de Balcão:

A negociação de títulos e valores mobiliários movimenta bilhões de dólares por

dia. Parcela significativa desses negócios é realizada em bolsas de valores. No entanto,

o mercado de balcão também se faz presente neste processo.

Mercado de bolsa: as negociações são abertas e realizadas por sistema

de leilão, ou seja, a venda acontece para quem oferece melhor lance. A arrematação

e/ou a negociação é feita por pregão, modalidade de leilão, em que se negociam,

verbalmente ou por meios eletrônicos, preços e quantidades dos ativos negociados de

viva-voz ou com auxílio de sistema informatizado.

Mercado de balcão: a negociação ocorre diretamente entre a instituição

financeira e outra instituição financeira ou não financeira. Os valores são negociados

apenas entre as partes envolvidas.

c) CVM – Comissão de Valores Mobiliários

Criada em dezembro de 1976, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma

autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, que age sob a orientação do

Conselho Monetário Nacional. Criada com o objetivo de fiscalizar, regulamentar e

desenvolver o mercado de valores mobiliários não-emitidos pelo sistema financeiro e

pelo Tesouro Nacional, a CVM se apresenta como o órgão máximo em matéria de

valores mobiliários, possuindo amplos poderes no controle do que acontece nos

mercados primário e secundário de ações, debêntures e outros títulos.

Dentre outras atribuições, a CVM busca assegurar o funcionamento eficiente e

regular os mercados de bolsa e balcão, estimulando a aplicação de poupança no

mercado acionário, assim como a educação dos investidores e agentes participantes.

Proteger os títulos de valores mobiliários e os participantes de mercado contra emissões

irregulares e outros tipos de ato ilegal que manipulem preços também se mostra como

Page 9: Mercado de Capitais

objetivos da CVM, que é a instituição responsável pelo registro das companhias abertas

e distribuições de valores mobiliários.

Além disso, a CVM procura promover a concorrência entre os participantes de

mercado e reduzir os custos e a burocracia do sistema de registros. A CVM visa ainda

assegurar o acesso igualitário às informações relativas aos títulos negociados e as

empresas que os tenham emitido.

e) Bolsas de Valores

As Bolsas de Valores constituem-se em associações civis, sem fins lucrativos ou

podem se constituir em uma sociedade anônima. Seu patrimônio é representado por

títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. As Bolsas de Valores possuem

autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas, no Brasil, estão sujeitas à

supervisão da CVM e obedecem às diretrizes e políticas emanadas pelo CMN.

A Bolsa de Valores Mobiliários (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros

(BMF&F) têm como principais objetivos e atividades:

Manter local, sistema adequado e todos os meios

necessários à pronta e eficiente realização das operações de compra e

venda de títulos e/ou valores mobiliários, proporcionando sempre

continuidade de preços e liquidez, além de rapidez, amplitude e detalhes

na divulgação das operações realizadas.

Criar mecanismos regulamentares e operacionais que

possibilitem o atendimento, pelas sociedades corretoras membros, de

quaisquer ordens de compra e de venda dos investidores, assim como

efetuar registro das operações, preservando sempre elevados padrões

éticos de negociação.

Page 10: Mercado de Capitais

Uma das responsabilidades básicas de uma bolsa é

assegurar que os negócios sejam realizados de forma competitiva, livres

de manipulação, onde todos os participantes sejam tratados de forma

justa e equânime.

Nos mercados de capitais eficientes, as bolsas de valores têm papel fundamental

no desenvolvimento econômico, beneficiando todos os indivíduos da sociedade e não

somente aqueles que detêm ações de companhias abertas.

Isso porque, além de induzir a uma alocação mais racional dos recursos da

economia e proporcionar oportunidade para uma grande variedade de pessoas adquirir

ações de companhias bem administradas, induz a melhores práticas de governança

corporativa e possibilita ambiente para as empresas levantarem capital para expansão,

em um movimento positivo para a economia como um todo.

g) Desmutualização das Bolsas:

Nas últimas décadas, bolsas de todo o mundo vêem passando por uma mudança

importante em sua estrutura organizativa, abandonando a tradicional forma associativa e

convertendo-se em instituições em que o acesso aos mercados que administram torna-se

desvinculado da propriedade de parte do patrimônio ou capital da entidade, e

freqüentemente tornando-se também empresas com finalidades lucrativas.

Atentas a esse movimento, que ocorreu em outros países, principalmente

naqueles que apresentam mercados financeiros mais desenvolvidos, a Bolsa de Valores

de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) estão em processo

de desmutualização, procedimento que poderá resultar, em um segundo momento, na

abertura de capital.

Ou seja, mesmo sem data prevista, após o fim do processo de desmutualização,

caso haja interesse e os órgãos reguladores, como Banco Central e CVM (Comissão de

Valores Mobiliários), autorizem, a Bovespa e BM&F poderão lançar ações e passar a

negociar estes papéis livremente no mercado.

Page 11: Mercado de Capitais

Além de se apresentar como uma evolução em sua estrutura, a transformação em

uma empresa de capital aberto abre espaço para o aumento da competição entre os

ambientes em que ocorrem as negociações com valores mobiliários e se apresenta como

o primeiro passo para a internacionalização da bolsa.

g) Sociedades Corretoras

Reguladas e fiscalizadas pelo BACEN e pela CVM, as sociedades corretoras são

instituições financeiras membros das bolsas de valores, constituídas como sociedades

anônimas ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada. A principal função

destas instituições é a de realizar de negócios com valores mobiliários, promovendo de

forma eficiente a aproximação entre compradores e vendedores de títulos, valores

mobiliários e ativos financeiros, dando a estes negociabilidade adequada.

As corretoras podem operar exclusivamente na Bolsa da qual é membro e

trabalham principalmente com a compra, venda e distribuição de títulos e valores

mobiliários. No entanto, as corretoras também efetuam lançamentos públicos de ações,

além de encarregarem-se da administração de carteiras de valores e da custódia de

títulos e valores mobiliários.

Outra atribuição das corretoras é instruir, organizar e administrar fundos e clubes

de investimento, assim como operar no mercado aberto, intermediar operações de

câmbio e prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento de cautelas,

recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos e valores

mobiliários, etc.

As corretoras também compram e vendem ativos financeiros, por conta de

terceiros, encarregando-se da administração da custódia de ativos. A corretora pode se

responsabilizar ainda pelo controle da conta do cliente junto à bolsa e à clearing house.

Ou seja, as corretoras devem manter registro das posições de cada cliente, coletando as

garantias exigidas pela clearing, recebendo e pagando as perdas e os ganhos incorridos

pelos clientes.

Controlar as ordens executadas e a executar, liquidar as operações quando do

vencimento dos contratos e assessorar o cliente em suas decisões também se apresentam

como atribuições de uma corretora de valores.

Page 12: Mercado de Capitais

A corretora pode ou não ser credenciada como membro de compensação.

Aquelas que não possuem o status devem contratar um membro de compensação, que se

responsabilizará financeiramente por suas operações junto à clearing house.

h) CBLC – Central Brasileira de Liquidação e Custódia

Responsável pela liquidação das operações e pela custódia das ações negociadas

no mercado brasileiro de ações, a CBLC foi criada em 16 de novembro de 1998,

respondendo a uma carência do mercado de capitais brasileiro, que até então não

dispunha de uma moderna e eficiente estrutura de Clearing e Custódia.

O órgão tem a tarefa de executar os serviços de compensação, liquidação e

controle de risco das operações realizadas na Bovespa, incluindo tanto os mercados à

vista, de opções e de futuros. A CBLC também produz relatórios descrevendo as

operações e posições de cada investidor no mercado acionário.

Atualmente, o serviço de custódia da CBLC responde pela guarda de mais de 6

trilhões de ações de companhias abertas, debêntures e certificados de investimento e é

responsável pela liquidação de 95% dos negócios realizados no mercado brasileiro de

ações.

O Serviço de Custódia Fungível CBLC, além de atuar como depositária de ações

de companhias abertas, foi desenvolvido para prover o mesmo tipo de serviço para

outros instrumentos financeiros como certificados de privatização, debêntures,

certificados de investimentos, quotas de fundos imobiliários e títulos de renda fixa.

Atualmente, no Brasil, poucas empresas emitem certificados físicos, como

títulos ao portador, assim, a maior parte dos valores em custódia na CBLC é mantida em

forma escritural (fungível), o que agiliza os processos e diminuiu a burocracia na hora

de efetuar a transferência dos ativos em negociação.

i) Membro de Compensação (MC)

O modelo da Clearing de Derivativos BM&F estabelece a figura do Membro de

Compensação como responsável, perante a Bolsa, pela liquidação de todas as operações

registradas sob sua responsabilidade. Além da aquisição do título e de sua caução em

favor da BM&F, o MC precisa atender a uma série de exigências. Dentre estas se

Page 13: Mercado de Capitais

destacam o capital de giro mínimo determinado pela BM&F e o depósito de garantia

para compor o Fundo de Liquidação de Operações. O MC também deve indicar o banco

liquidante que prestará o serviço de liquidação dos fluxos financeiros a serem pagos ou

recebidos da Clearing, por meio da conta de liquidação que esta mantém no Sistema de

Transferência de Reservas (STR).

As Corretoras e os Operadores Especiais são responsáveis pelas operações que

executam, desde o registro até a liquidação final, perante os Membros de Compensação

aos quais estejam vinculados. Eles também devem preencher critérios mínimos,

exigidos pela Bolsa em termos de capacidade operacional e financeira. Os Membros de

Compensação igualmente podem impor-lhes limites operacionais e deles exigir

garantias adicionais, independentemente de qualquer manifestação da BM&F.

j) Operador Especial

Os chamados Operadores Especiais, pessoas físicas ou firmas individuais que,

detendo o título patrimonial dessa categoria, operam diretamente, sempre em nome

próprio, sendo-lhes vedado realizar operações em nome de terceiros. Os Operadores

Especiais podem, porém, sob determinadas condições, prestar serviços para as

Corretoras de Mercadorias. Além destes, há os Operadores Especiais de Mercadorias

Agrícolas, cujo título não-patrimonial lhes autoriza a operar somente nos mercados de

commodities agropecuárias.

Page 14: Mercado de Capitais

Capítulo 2: BOVESPA

a) Histórico

Tida como um dos principais símbolos do mercado brasileiro de ações, a Bolsa

de Valores de São Paulo (Bovespa) foi fundada em 23 de agosto de 1890, época em que

a bolsa de valores era pouco conhecida pelo grande público. Durante muito tempo, as

bolsas brasileiras estiveram vinculadas à Secretaria de Finanças do Governo Estadual,

até que em meados da década de 60, com as reformas do sistema financeiro nacional e

do mercado de capitais, se tornaram associações civis sem fins lucrativos, com

autonomia administrativa, financeira e patrimonial, como nos dias de hoje.

A bolsa paulista criou em 1999 o Home Broker, e o After-Market, com vistas a

atrair os investidores de pequeno e médio portes. O Home Broker da Bovespa é uma

ferramenta que possibilita ao investidor, por meio dos sites das corretoras, transmitir

ordens de compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação. A bolsa brasileira

também foi pioneira ao introduzir o After-Market, mecanismo que permite a negociação

eletrônica após o encerramento do pregão tradicional.

Em 2000, com a integração das bolsas brasileiras, a Bovespa passou a concentrar

toda a negociação com ações, enquanto a Bolsa de Valores do Rio ficou responsável

Page 15: Mercado de Capitais

pelas transações com títulos públicos. Às demais bolsas regionais cabe atualmente as

atividades de desenvolvimento do mercado e de prestação de serviços locais. A

integração foi crucial para a criação de um único centro de liquidez e o fortalecimento

da bolsa brasileira.

A Bovespa atualmente concentra as negociações de ações em âmbito nacional, e,

como o fim do pregão viva-voz, tem seus negócios realizados somente através do

pregão eletrônico. No entanto, na bolsa paulista não são apenas negociadas ações:

também são objetos de negociação as opções sobre ações, direitos e recibos de

subscrição, bônus de subscrição, quotas de fundos, debêntures e notas promissórias.

Também são negociados os BDRs (Brazilian Depository Receipts), opções não-

padronizadas ou warrants e certificados de depósitos de ações de empresas do Mercosul.

b) Mercado primário e secundário:

O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que

proporciona liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabiliza o processo de

capitalização. Nesse processo, a negociação dos títulos ocorre primeiro no mercado

primário e posteriomente no secundário.

Mercado primário: As empresas ou o governo emitem títulos e valores

mobiliários para captar novos recursos diretamente dos investidores. O segmento tem a

finalidade de dinamizar o fluxo de poupança em direção aos investimentos produtivos.

Em princípio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação no mercado

primário.

Mercado secundário: é composto por títulos e valores mobiliários

previamente adquiridos no mercado primário, ocorrendo apenas a troca de titularidade,

isto é, a compra e venda. Não envolve mais o emissor e nem a entrada de novos

recursos de capital para quem o emitiu. Seu objetivo é gerar negócios, isto é, dar

liquidez aos títulos. Este mercado é tão importante quanto o primário, uma vez que sua

existência é condição para o bom funcionamento do outro.

Page 16: Mercado de Capitais

c) Distribuição primária e secundária:

O crescimento do mercado de ações é reflexo de uma série de fatores, como

estabilidade econômica, menores taxas de juros, aumento da renda e melhores

perspectivas de crescimento. Como conseqüência deste quadro, as empresas tendem a

encarar tal segmento como interessante alternativa para captar recursos.

Além de novas empresas que ingressam no mercado, através dos IPOs (ofertas

iniciais), a venda de ações por companhias já listadas também movimenta o mercado e

traz mais opções aos investidores. Além da diferenciação entre transações de empresas

estreantes e de companhias que já tinham ações em bolsa, os investidores também

devem considerar outra diferença: se a oferta é primária ou secundária.

Distribuição primária: corresponde à distribuição de novas ações,

sendo os recursos captados destinados a aumento de capital da companhia emissora.

Distribuição secundária: corresponde à distribuição de ações já emitidas e os

recursos captados se destinam aos acionistas vendedores, que podem ser investidores

estratégicos tais como os Fundos de Pensão, de "Private Equity" (Fundo de

Investimento em Participações), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social), etc.

d) Ações Ordinárias e Preferenciais

Uma ação é um título de renda variável emitido por uma sociedade anônima, que

representa a menor fração do capital da empresa emitente. As ações são, portanto,

títulos de propriedade, que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no

capital e nos lucros da empresa, bem como em suas obrigações.

No Brasil existem dois tipos básicos de ações: preferenciais (PN) e ordinárias

(ON), com relação diferente à natureza dos direitos e vantagens que outorgam a seus

possuidores:

Ordinárias: que concedem àqueles que as possuem o poder de

voto nas assembléias deliberativas da companhia;

Page 17: Mercado de Capitais

Preferenciais: que oferecem preferência na distribuição de

resultados ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia,

não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o.

As ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas, originando-se do

fato a notação ON ou PN depois do nome da empresa.

Além destes dois tipos básicos, as empresas podem também emitir classes

diferenciadas de ações. Analisando com cuidado as ações listadas na Bovespa,

encontraremos não somente os tipos ON e PN, mas também as classes PNA, PNB,

PNC, entre outras.

Isto ocorre porque, além da distinção básica entre ON e PN, as empresas podem

diferenciar as classes de ações de acordo com critérios de distribuição de dividendos,

restrição quanto à posse de ações, etc. Essas diferenças variam de empresa para

empresa, portanto, não é possível fazer uma definição geral das classes de ações.

e) Eventos Societários

Os resultados aferidos pelo detentor de uma ação vêm de duas componentes

básicas, mas distintas: ganho ou perda de capital decorrente das oscilações das cotações

no mercado em relação ao preço pago; e a renda decorrente da distribuição de proventos

(dividendos, bonificações, direitos de subscrição, juros sobre capital e outros)

distribuídos por uma empresa a seus acionistas. Conheça a definição de alguns termos:

Dividendos: Os dividendos são pagamentos efetuados aos

acionistas através da distribuição de parte do lucro líquido da empresa,

subdivididos de acordo com as diferentes classes de ação. O montante é pago

em dinheiro e de forma proporcional à quantidade de ações possuídas. Pela

Lei das S.A., deverá ser distribuído um dividendo mínimo de 25% do lucro

líquido apurado em cada exercício. Para os acionistas os dividendos são

isentos de IR.

Juros sobre o capital próprio: Os juros sobre capital próprio

(JCP) são pagos com base no lucro retido pela empresa nos anos anteriores.

A empresa pode deduzir esse montante como custo de capital, enquanto que

os acionistas, ao receberem esses recursos, pagam 15% de IR na fonte.

Page 18: Mercado de Capitais

Bonificação: Ações novas, emitidas em função de aumento de

capital decorrente da incorporação de reservas, que são distribuídas

gratuitamente aos sócios. Outro tipo de bonificação é a bonificação em

dinheiro, que pode ser concedida pelas empresas como uma participação

adicional nos lucros.

Desdobramento: Também conhecido pelo termo em inglês

“split”, o desdobramento nada mais é do que uma divisão de uma ação em

várias. A operação em si não afeta o valor do investimento, uma vez que

consiste na emissão de um determinado número de ações sem que tenha

havido um aumento do capital social, mas reduz o preço dos papéis.

Grupamento: O grupamento, ou “inplit” ou “reverse split”, é

exatamente o inverso do desdobramento, ou seja, o número de ações

diminui, de forma que duas, três ou mais ações sejam grupadas em uma.

Subscrição Particular: Ações novas que são emitidas pela

companhia e vendidas preferencialmente aos atuais acionistas;

Subscrição Pública: Ações novas que são emitidas pela

companhia e vendidas para qualquer investidor nelas interessado, sem que

haja preferência na venda para os atuais sócios.

d) Processo de Liquidação das operações

As operações de compra de venda de uma ação são fechadas de forma imediata

quando realizadas via corretora ou pelo sistema eletrônico Home Broker. No entanto, a

liquidação física e financeira da operação obedece alguns tramites adicionais.

Executada a ordem de compra/venda de uma ação, ocorre a liquidação física e

financeira, processo pelo qual se dá a transferência da propriedade dos títulos e o

pagamento/recebimento do montante financeiro envolvido, dentro do calendário

específico estabelecido pela Bolsa para cada mercado.

No mercado a vista, vigora o seguinte fluxo de liquidação:

D+0: dia da operação;

D+1: prazo para os intermediários financeiros (Corretoras) especificarem

as operações por eles executadas junto à Bolsa;

Page 19: Mercado de Capitais

D+2: entrega e bloqueio dos títulos para liquidação física da operação,

caso ainda não estejam na custódia da CBLC;

D+3: liquidação física e financeira da operação;

A liquidação é realizada por empresas de compensação e liquidação de negócios,

que podem ser ligadas à Bolsa ou independentes.

A Bovespa utiliza a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia)

para liquidar as operações realizadas em seus mercados. As Corretoras da Bovespa e

outras instituições financeiras são os Agentes de Compensação da CBLC, responsáveis

pela boa liquidação das operações que executam para si ou para seus clientes.

A não entrega total ou parcial das ações objeto da negociação em D+3 ou a

ausência de apresentação de documentos necessários à liquidação caracterizam a falta

da entrega de ativos e resultam em multa ao vendedor das ações.

Caso os ativos não sejam entregues, a CBLC aciona, no mesmo dia, o

mecanismo de tratamento de falta de entrega - o Processo de Recompra de Ativos -

além de cobrar nova multa sobre o valor dos ativos não regularizados.

A ordem de recompra emitida em D+4 é o instrumento que autoriza a

contraparte a executar, a preço de mercado, uma nova operação de compra dos ativos

adquiridos em D+0 e não recebidos no prazo regulamentar por falta na entrega. Essa

ordem de recompra deve ser executada até D+6 e ter confirmada sua execução, perante

a CBLC, até D+7. O vendedor em falta com a entrega dos ativos arcará com a diferença

de preço da recompra, quando ela ocorrer.

Caso a recompra não seja executada até o prazo estipulado por qualquer que seja

o motivo, a CBLC, em D+8, reverterá a operação, retornando os valores financeiros ao

comprador da operação.

g) Mercado de Opções

Uma opção é um contrato de derivativo que confere ao investidor o direto de

comprar ou vender uma quantidade predeterminada de um ativo-objeto a um preço fixo,

ou preço de exercício, até a data de vencimento da opção. Por esse direito, o titular de

uma opção paga um prêmio, podendo exercê-lo a qualquer momento ou somente no dia

Page 20: Mercado de Capitais

do vencimento, dependendo do estilo da opção, ou revendê-lo no mercado durante o

período de validade da opção.

As opções podem ter como objeto, ou seja, "derivar" de diversos tipos de ativos,

tal como uma moeda estrangeira e commodities, por exemplo. No caso das opções

negociadas na Bovespa, estas dão o direito ao seu titular de comprar ou de vender ações

em uma data futura, ou seja, o ativo-objeto dessas opções são ações.

Quando o titular opta por comprar ou vender as ações como combinado, diz-se

que o titular está exercendo a opção. Assim, o ato de exercer a opção é chamado de

exercício. O preço de exercício, estabelecido anteriormente, pode também ser chamado

de strike price. Como toda opção tem uma validade, caso o titular opte por não exercê-

la, a opção expira, ou seja, perde a validade. O vencimento da opção é a data máxima

em que deve ocorrer o exercício.

Tipos de Opções:

Opção de Compra (Call): O direito de comprar uma quantidade

específica de um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em

prazo determinado.

Opção de Venda (Put): O direito de vender uma quantidade específica de

um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em prazo

determinado;

Opções Européias: O comprador da opção tem o direito de exercício

somente na data de vencimento;

Opções Americanas: O comprador da opção tem o direito de exercer a

opção a qualquer tempo até a data de vencimento;

Conceitos importantes:

Ativo Objeto: É o ativo a que a opção se refere;

Preço de Exercício: Preço ao qual a opção poderá ser exercida;

Prêmio: Preço negociado para adquirir o direito de exercício da opção;

Vencimento: Quando ou até que data esta opção pode ser exercida;

Page 21: Mercado de Capitais

Bloqueio de Posição: É a operação através da qual, o lançador impede o

exercício sobre parte ou a totalidade de sua posição, mediante prévia

compra de opção da mesma série da anteriormente lançada.

Série: São opções do mesmo tipo (compra ou venda) referentes ao

mesmo ativo objeto, tendo a mesma data de vencimento e o mesmo preço

de exercício.

Apenas dos investidores com posições lançadoras é exigida a prestação de

garantias. A finalidade da garantia é assegurar o cumprimento da obrigação assumida. O

lançador coberto deve depositar o ativo objeto da opção e o lançador descoberto deve

depositar margem em dinheiro ou outras formas de garantias, conforme calculo efetuado

pela Clearing. A margem depositada é o resultado da soma da margem de prêmio

(prêmio de fechamento do dia) e margem de risco (maior prejuízo potencial projetado

para o dia seguinte).

f) Mercado a Termo

Se apresentando como a primeira modalidade de derivativo conhecida pela

sociedade, a negociação de um contrato a Termo significa o compromisso de comprar

ou vender certa quantidade de um determinado bem para liquidação futura, onde o

comprador e o vendedor acertam a cotação e o prazo da operação, com a garantia de que

na data combinada o comprador entregará o dinheiro e receberá o ativo negociado.

Usualmente, os contratos a Termo são liquidados integralmente no vencimento.

Essa característica impede o repasse do compromisso a outro participante, como ocorre

no mercado de opções. No entanto, em alguns contratos a termo negociados em bolsa, a

liquidação da operação a Termo pode ser antecipada pela vontade do comprador.

O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores.

Normalmente os contratos podem ser liquidados em um prazo mínimo de 16 dias úteis e

máximo de 999 dias corridos, porém na Bovespa a liquidação ocorre entre 30 e 180

dias, sempre em múltiplos de 30 dias, a partir da data da negociação.

A operação pode ser realizada em pregão normal ou através do sistema

eletrônico de negociação, sendo que todas as ações negociadas na Bovespa (Bolsa de

Page 22: Mercado de Capitais

Valores de São Paulo) podem ser objeto de um contrato a Termo. As regras de

negociação do mercado a Termo são muito parecidas com as estabelecidas nos negócios

à vista, sendo obrigatória a participação de uma corretora, que responderá pela

intermediação do negócio, representando seu cliente, o investidor, em pregão.

É possível acompanhar, pela rede de terminais da Bovespa, todas as operações

do mercado a Termo realizadas em pregão. Além disso, após o fechamento do mercado,

todas as informações relevantes são registradas no site da Bovespa e publicadas

diariamente pela mídia especializada.

O preço a termo de uma ação resulta da adição, ao valor cotado no mercado a

vista, de uma parcela correspondente aos juros - que são fixados livremente em

mercado, em função do prazo do contrato.

Toda operação realizada no mercado a termo na Bovespa requer um depósito de

garantia na CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), órgão responsável

pela liquidação e controle de risco de todas as operações realizadas na Bolsa de Valores

de São Paulo. A corretora e o agente de compensação, responsáveis pela operação a

termo, poderão também impor a seus clientes garantias adicionais àquelas exigidas pela

CBLC. Habitualmente essas garantias são prestadas sob as formas denominadas

cobertura ou margem.

O investidor, no caso o vendedor a termo, pode realizar a cobertura do negócio,

se possuir os títulos-objeto da operação, depositando-os na CBLC. A grande vantagem

da "cobertura" é que o vendedor fica isento de prestar garantias adicionais.

Já a margem inicial representa a diferença entre o preço a vista e o preço a termo

do papel somado ao valor resultante da avaliação da volatilidade e liquidez histórica dos

papéis. Para se chegar a esse valor, a CBLC criou um sistema de avaliação classificando

determinadas ações em diferentes intervalos de margem. Desta forma, os ativos com

maior liquidez e menor volatilidade são classificados nos menores intervalos e requerem

menores depósitos iniciais.

Além disso, o investidor tem a obrigação de "reforçar" seu aporte inicial sempre

que, devido a variações na cotação dos títulos-objeto ou dos títulos depositados como

garantia do negócio, a margem inicial apresentar redução em seu valor. Além das

garantias exigidas, o investidor tem de arcar com outros custos como a taxa de

corretagem, taxa de registro, emolumentos, taxa cobrada pela CLBC e imposto de renda

que incide sobre todas as operações financeiras.

Page 23: Mercado de Capitais

Ao realizar uma operação a termo, o aplicador incorre nos seguintes custos:

Taxa de Corretagem - taxa livremente negociada entre as partes e

calculada sobre o valor dos negócios executados no pregão.

Taxa de Registro - à base de 0,012% do valor total do contrato, cobrado

de cada uma das partes.

Emolumentos - 0,019% cobrados sobre o valor da operação.

Custos CBLC

Taxa de Liquidação: 0,006% sobre o volume financeiro, cobrado de cada

uma das partes.

Taxa de Registro: 0,028% sobre o valor financeiro cobrado de cada uma

das partes.

Tributação - Imposto de Renda - incide sobre todas as operações, sendo

que os procedimentos são diferenciados para operações financeiras e não

financeiras.

i) Empréstimo ou Aluguel de Ações:

Assim como alugamos uma casa ou um automóvel, no mercado acionário

também existe a possibilidade de repassar temporariamente a propriedade de suas ações

para outros, mediante a contrapartida de uma remuneração, o chamado aluguel. O ponto

interessante é que com o "empréstimo" de ações, o investidor tem a vantagem de obter

um retorno adicional fixo ao seu patrimônio, sem abrir mão de qualquer beneficio

atribuído aos papéis no período.

Ao alugar suas ações, o acionista permanece como o proprietário das mesmas e

com direito sobre todos os eventos societários, como, por exemplo, dividendos, juros

sobre capital próprio e bonificações. A exceção fica com o direito ao voto, que, durante

a vigência do empréstimo, é o tomador – caso o mesmo não tenha vendido a vista as

ações objeto do empréstimo - que passa a ter o direito a participar da assembléia e votar.

O maior risco da operação está associado às oscilações das cotações no período,

uma vez que as ações não poderão ser vendidas durante o prazo do "empréstimo". A

CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) age como reguladora da

operação e exige uma garantia dos “tomadores” das ações alugadas, que, em geral, fica

Page 24: Mercado de Capitais

em torno de 100% do valor do aluguel mais um intervalo de margem determinado pela

própria reguladora, que deve estar disponível quando a operação é fechada.

Assim, como no mercado futuro, as margens são ajustadas diariamente, de forma

a proporcionar a garantia adequada. A margem varia de acordo com fatores de risco, em

geral ficando entre 5% e 20%. A garantia não precisa necessariamente ser em dinheiro.

A CBLC aceita também outros ativos financeiros, entre os quais títulos públicos

federais, ouro ativo financeiro, ações que compõem o Ibovespa, títulos privados, títulos

da dívida externa, cartas de fiança bancária e seguros de crédito.

Em relação aos custos da operação, as corretoras, que fazem a intermediação

entre os clientes e a CBLC, muitas vezes cobram taxas no aluguel de ações. Embora não

exista uma padronização entre as corretoras, níveis próximos a 0,5% do valor total do

aluguel são comuns. A CBLC cobra uma taxa de registro de 0,25% do tomador.

Para o doador há incidência de imposto de renda na fonte sobre o rendimento da

operação de empréstimo, tratada como uma operação de renda fixa. As alíquotas

aplicadas atualmente são:

Pessoa Física e Jurídica

Até 6 meses -22,5%

Entre 6 e 12 meses - 20%

Entre 12 e 24 meses - 17,5%

Acima de 24 meses - 15%

Outros

Investidor estrangeiro - 15%

Paraíso Fiscal - 25%

Instituição financeira - isento

Page 25: Mercado de Capitais

Capítulo 3: BM&F

a) Histórico:

Criada para desenvolver e operacionalizar um mercado de títulos e/ou contratos

futuros transparente e representativo, a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros)

concentra atualmente no Brasil as operações que vão desde produtos agropecuários,

como café, soja e boi gordo, a derivativos financeiros, como contratos de Ibovespa,

Juros e Dólar Comercial.

Para realizar tal tarefa de forma eficiente, a BM&F mantém local e sistemas

próprios para negociação, registro, compensação e liquidação de operações de compra e

de venda. Além de divulgar de forma rápida e abrangente as informações de todas as

operações realizadas, a BM&F oferece e desenvolve mecanismos e normas para o

acompanhamento e a regulação de seus mercados, além garantir aos participantes o

cumprimento das obrigações assumidas em seus sistemas de negociações.

Page 26: Mercado de Capitais

A BM&F é resultado de um acordo firmado entre a Bolsa de Mercadorias de São

Paulo (BMSP), fundada por empresários ligados à exportação, ao comércio e à

agricultura em outubro de 1917, com a Bolsa Mercantil & Futuros (BM&F) que surgiu

em julho de 1985, oferecendo, a partir de 31 janeiro de 1986, produtos financeiros

diversos. O acordo entre as duas foi firmado em maio de 1991, quando ambas uniram

suas atividades operacionais, surgindo a Bolsa de Mercadorias & Futuros, que manteve

a sigla BM&F.

Em busca de maior representatividade, a BM&F fechou em junho de 1997 um

novo acordo operacional, desta vez com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), fundada

em 1983. O objetivo novamente foi fortalecer o mercado doméstico de commodities e

consolidar a BM&F como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.

Em maio de 2004, a BM&F tornou-se a principal clearing da América Latina,

após adquirir as atividades da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)

e da Centralclearing de Compensação e Liquidação, centralizando operações com títulos

públicos e renda fixa, ativos emitidos por instituições financeiras, títulos privados e etc.

b) Derivativos

Como o próprio nome sugere, os derivativos são instrumentos financeiros cujo

preço deriva de outro ativo-objeto, como commodities, moedas, ações, juros, etc. Por

exemplo, um derivativo de dólar comercial tem o seu valor derivado do comportamento

do dólar comercial à vista.

Os derivativos apresentam muitas variações e podem ser utilizadas de diferentes

formas, uma vez que possibilitam o desenvolvimento de estratégias operacionais

flexíveis, tais como a alavancagem, hedge (proteção) ou arbitragens entre preços à vista

e futuro, e taxas de juros.

Os contratos derivativos são considerados instrumentos de mercado bastante

eficazes para eliminar o risco da variação de preços dos bens econômicos, permitindo a

permuta desses riscos (ou sua transferência para os especuladores), sendo esta uma de

suas funções mais básicas.

A idéia é a de obter ganho financeiro nas operações com derivativos, de forma a

compensar possíveis perdas nas operações de uma empresa causada pelas oscilações de

Page 27: Mercado de Capitais

preços de matérias-primas, da taxa de câmbio, da taxa de juros, etc. Por exemplo, um

agricultor de soja pode fixar o preço de venda do produto antes mesmo da colheita,

assim como um fabricante de tecido pode acordar com grade antecedência o preço de

compra do algodão.

c) Principais mercados de derivativos:

Mercado a Termo: Uma operação a termo nada mais é do que a compra

ou venda de ativos para liquidação futura, onde o comprador e o vendedor acertam a

cotação e o prazo dos papéis, com a garantia de que na data combinada o comprador

entregará o dinheiro e receberá as ações.

Mercado Futuro: Os contratos futuros são compromissos de compra ou

de venda de determinado ativo, em uma data futura, a um preço certo. No entanto, na

prática, poucas operações terminam com a entrega efetiva do bem negociado. A maioria

das operações é liquidada mediante pagamento ou recebimento de moeda, pela

diferença entre o valor de compra e o de venda. Os acertos dessas diferenças são feitos

diariamente, por meio do mecanismo de ajustes diários.

Mercado de Opções: O mercado de opções é o mercado em que são

negociados direitos de compra ou venda de um ativo, com preços e prazos de exercício

preestabelecidos. O investidor que adquirir tal direito deve pagar um prêmio ao

vendedor tal como num acordo de seguro.

Mercado de Swap: Entende-se como swap um contrato de troca de

indexadores, permitindo conseqüentemente aos participantes do mercado se protegerem

dos riscos inerentes aos ativos que operam. As trocas (swaps) mais comuns são as de

taxas de juro, moedas e commodities.

d) Principais agentes econômicos que operam com derivativos são:

O Hedger: A principal preocupação do hedger não é obter lucro no

mercado de derivativos, mas garantir o preço de compra ou venda de um ativo em data

futura e se proteger de variações adversas de preços. O hedger encontra-se entre os

Page 28: Mercado de Capitais

produtores e/ou usuários de mercadorias, bens ou ativos financeiros: suas operações

básicas estão nos mercados físicos desses bens, ativos ou mercadorias.

O Especulador: Sem o intuído de receber fisicamente o produto

negociado, ao contrário do hedger, o objeto principal do especulador é obter lucro, de

preferência o mais rápido possível. Dificilmente um contrato é carregado até a data de

seu vencimento. Apesar de muitas vezes receber uma conotação pejorativa, a figura do

especulador é fundamental ao mercado futuro. O especulador é o único que assume

riscos e assim viabiliza, por exemplo, as operações de hedge, fornecendo liquidez ao

mercado.

O Arbitrador: O arbitrador é o participante que tem como meta o lucro,

mas não assume risco nenhum. A estratégia do arbitrador é comprar no mercado (à vista

ou futuro) em que o preço está mais barato e vender no mercado que está mais caro,

lucrando em uma operação completamente imune a riscos, porque sabe exatamente por

quanto irá comprar e vender.

O Financiador: Em uma operação de financiamento, o investidor compra

um ativo no mercado à vista e vende, ao mesmo tempo, contratos no mercado futuro.

Ao fazer isso, ele está fixando um retorno para o valor que foi aplicado no mercado à

vista, como se fosse uma operação de renda fixa. O inverso do financiamento é a

operação de caixa. Nela, o investidor vende no mercado à vista e compra no mercado

futuro. Por exemplo, um investidor precisa de recursos por um período curto de tempo e

não quer se desfazer de um ativo, pois acredita no potencial do mercado no médio

prazo.

Ao vender as posições que tem no mercado à vista e comprar futuros, ele pode

estar se financiando a uma taxa mais baixa do que seria obtida em um empréstimo no

banco, por exemplo. Neste período, vale lembrar, ele não se beneficiará de potenciais

ganhos do mercado de ações.

e) Derivativos Financeiros

Os contratos futuros financeiros mais negociados na BM&F são os seguintes:

Page 29: Mercado de Capitais

Contrato Futuro de Índice Bovespa;

Contrato futuro de Dólar Comercial;

Contrato futuro de DI.

Esses contratos representam aproximadamente 80% dos contratos futuros

negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

f) Derivativos Agrícolas

Os contratos futuros agrícolas negociados na BM&F são os seguintes:

Açúcar;

Bezerro;

Boi Gordo

Café Robusta Conillon;

Soja;

Álcool;

Algodão;

Café Arábica;

Milho;

Etanol.

g) Míni Índice Bovespa Futuro e Míni Dólar Futuro

Com o objetivo de elevar a participação do investidor pessoa física e de

pequenas e médias empresas, a BM&F desenvolveu os contratos futuros míni, contratos

com características particulares, a começar pelo tamanho, sempre bem menor que o dos

contratos futuros padrão de cada um dos produtos.

O contrato futuro de Ibovespa negociado no sistema WTR tem o tamanho (valor

do contrato) equivalente a 20% do contrato-padrão de Índice BOVESPA negociado na

BM&F. Ou seja, R$ 0,20 vezes os pontos de índice BOVESPA futuro. O vencimento se

dá nos meses pares, conforme autorização da BM&F.

Já o contrato futuro de dólar negociado no WTR da BM&F tem o tamanho

(valor do contrato) igual a 10% do contrato-padrão correspondente, que é de US$

Page 30: Mercado de Capitais

50.000,00. Segundo a própria BM&F, a menor escala dos mínis em comparação com os

contratos-padrão é o que possibilita popularizar os mercados futuros, disseminando o

uso desses importantes instrumentos de hedge e de aplicação financeira.

O tamanho (valor) de um minicontrato de dólar é de US$ 5 mil e o investidor

pode comprar ou vender quantos minicontratos quiser, ressalvado o limite permitido por

sua margem de garantia. O vencimento se dá todos os meses.

As principais vantagens dos minicontratos de Ibovespa e Dólar são:

Acesso à pessoa física a um mercado antes somente disponibilizado aos

traders e grandes “players” do mercado.

Agilidade, transparência e eficiência nas operações, uma vez que as

ofertas de compra e de venda são feitas diretamente pelo investidor através de sistema

de negociação automatizado que permite o acompanhamento da evolução dos preços em

tempo real.

O valor do contrato é uma fração do contrato padrão tradicional e,

conseqüentemente, os mínis são muito mais acessíveis.

A BM&F, juntamente com o Banco do Brasil, criou o Fundo BB/BM&F

para que a margem de garantia depositada em dinheiro, e que também representa o

limite operacional, não fique parada.

h) Garantias, Pré-margem e Ajuste Diário

As negociações realizadas no WebTrading BM&F (WTr), sistema de negociação

via internet desenvolvido pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), utilizam um

modelo de risco que adota o conceito de pré-margem, no qual todas as operações dos

participantes têm seus riscos avaliados antes, durante e após as negociações.

O modelo de pré-margem é um mecanismo em que o cliente transfere recursos à

corretora para liquidar ajustes potenciais negativos, para aportar valores de margem de

garantias ou ainda, para liquidar custos e demais obrigações. A margem de garantia é

Page 31: Mercado de Capitais

um dos elementos fundamentais da dinâmica operacional dos mercados futuros, pois

assegura o cumprimento das obrigações assumidas pelos participantes.

O sistema de risco WTr monitora e gerencia o risco dos seus participantes

através dos conceitos de margem inicial e margem de manutenção, sendo a margem

inicial o montante financeiro em reais que o participante deve manter como garantia em

sua conta margem para cobrir eventuais perdas associadas às movimentações do

mercado.

O cálculo dessa margem de garantia é relativamente complexo e procura cobrir

perdas potenciais nas posições em aberto, por dois ou três dias úteis. Quanto maior a

volatilidade do ativo-objeto, maior o valor da margem de garantia exigida pela BM&F.

Esse valor pode mudar a qualquer momento, em função das condições do

mercado. A esse mecanismo é dado o nome de ajuste diário, que representa a

equalização de todas as posições detidas no mercado futuro, de acordo com a variação

negativa ou positiva no valor das posições detidas. Assim, os participantes recebem seus

lucros e pagam seus prejuízos de modo que o risco assumido pela câmara de

compensação das bolsas se dilua diariamente até o vencimento do contrato.

i) Custos Operacionais

Ao abrir e fechar posições no mercado futuro, o investidor incorre nos seguintes

custos operacionais, que devem ser pagos em D+1:

TOB – taxa operacional básica;

Taxa de Emolumentos;

Taxa de Registro.

Nas operações que são encerradas na eventual entrega física, no caso de

commodities, a taxa operacional básica é substituída pela TL (Taxa de Liquidação).

Além desses custos, os participantes dos mercados futuros devem pagar uma

taxa de permanência, que incide sobre o número de contratos mantidos em aberto no dia

seguinte.

Page 32: Mercado de Capitais

Capítulo 4: Riscos Associados ao Mercado de Capitais

O risco está presente no cotidiano das pessoas. Mesmo assim, sua conceituação

se apresenta como uma tarefa não muito simples. A primeira percepção de muitas

pessoas é de que o risco se apresenta como a possibilidade de perdas. Uma visão mais

ampla, no entanto, nos remete a definição de risco como a probabilidade de

experimentar retornos diferentes do que se espera, sejam eles positivos ou negativos.

Além da dificuldade de conceituação, outro ponto que carrega grande polêmica

está relacionado à dificuldade em se mensurar a aversão ao risco. Enquanto alguns

classificam determinadas situações como de alto risco, outros poderão classificá-las

como de risco aceitável.

No mercado financeiro, essa situação não se apresenta como um problema. Pelo

contrário, essa divergência de postura é que, em muitos casos, fomenta a ocorrência de

negócios. A classificação de risco carrega aspectos bastante subjetivos. No entanto, a

compreensão de alguns conceitos se faz necessária e pode ajudar no processo de tomada

de decisão, principalmente aos participantes do mercado financeiro.

Page 33: Mercado de Capitais

a) Risco Sistemático

O risco sistemático, também conhecido como sistêmico ou conjuntural, é o risco

de mercado afetado pelos sistemas econômico, político e social, que vistos de forma

ampla, possa afetar a economia como um todo e, consequentemente, os preços dos

ativos, sejam eles financeiros ou não.

Ou seja, crises políticas, indícios de recessão, gargalos de infra-estrutura, podem

afetar a economia como um todo e a percepção dos agentes econômicos, usualmente

penalizando os preços dos ativos como um todo.

b) Risco Não Sistemático

Já o risco não sistemático ou específico representa o risco intrínseco ao ativo e

ao subsistema ao qual pertence. Em outras palavras, o risco não sistemático é gerado por

fatos que atingem diretamente uma determinada empresa ou seu setor e não atinge os

demais ativos: por exemplo: greves, mudanças no perfil do consumidor, novos projetos

de investimentos, não se sujeitando a nenhum outro fator da economia.

c) Risco de Mercado

O risco de mercado pode ser entendido como o risco de perdas em decorrência

de oscilações em variáveis econômicas e financeiras, como taxas de juros, taxas de

câmbio, preços de ações e de commodities. Atualmente, ferramentas como o VAR

(Value at Risk, ou Valor em Risco) permitem que usuários qualifiquem o risco de

mercado de maneira sistemática.

Os riscos de mercado podem ser classificados como absolutos, expressos em

perdas monetárias, e relativos, quando comparamos o desempenho de uma carteira a de

um índice de referencia, por exemplo.

O risco de mercado também pode ser classificado em risco direcional e risco

não-direcional. O risco direcional trata de exposição dos movimentos das variáveis

financeiras, tais como os preços das ações, as taxas de juro, as taxas de câmbio e os

preços das commodities. O risco não-direcional trata dos demais riscos, que consistem

em exposições não-lineares e exposições a posições imunizadas ou a volatilidades.

Page 34: Mercado de Capitais

d) Risco de Crédito

Como a concessão de crédito representa o repasse de um valor presente

mediante uma promessa de pagamento desse mesmo valor no futuro, usualmente

acrescido de juros, o risco de crédito representa a incapacidade ou decisão de uma das

partes contrapartes de não cumprir suas obrigações contratuais. Existe uma fronteira

pequena entre o risco de mercado e o risco de crédito, uma vez que o risco de mercado

poderá influenciar as decisões dos agentes.

São muitos tipos de risco de crédito. Apenas para ilustrar alguns casos, temos:

risco de inadimplência, risco de degradação creditícia (principal, garantias, etc.), risco

de concentração de crédito, risco soberano e risco de contraparte.

e) Risco de Liquidez:

O risco de liquidez assume duas formas distintas porém intimamente

relacionadas: risco de liquidez de ativos e risco de liquidez de financiamento.

O risco de liquidez dos ativos, também conhecido como risco de liquidez de

mercado/produto, ocorre quando uma transação não pode ser efetuada aos preços de

mercado prevalecentes, em razão do tamanho da posição quando comparada ao volume

normalmente transacionado. As principais moedas ou títulos do Tesouro Americano

possuem mercados líquidos nos quais as posições podem ser liquidadas facilmente, com

pouco impacto nos preços. Na outra ponta, derivativos exóticos e alguns mercados

emergentes possuem liquidez reduzida e qualquer transação pode rapidamente afetar os

preços.

Já o risco de liquidez de financiamento, também conhecido como risco de fluxo

de caixa, refere-se à incapacidade de honrar pagamentos, o que pode obrigar a uma

liquidação antecipada, transformando perdas escriturais em perdas reais. Há interação

entre o risco de fluxo de caixa e o risco de liquidez de mercado/produtos se a carteira

possui ativos ilíquidos, caso apareça a necessidade de liquidação imediata e mediante a

um preço inferior ao planejado.

Page 35: Mercado de Capitais

f) Risco Operacional

Muitos estudiosos definem o risco operacional como aquele oriundo de erros

humanos, tecnológicos ou de acidentes. Isso inclui fraudes, falhas de gerência e

controles e procedimentos inadequados.

Para o Banco Central, risco operacional é definido como a possibilidade de

ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos

internos, pessoas e sistemas , ou de eventos externos.

g) Risco Legal

Como já apresentado, instituições ofertantes de recursos estão expostas a

diversos tipos de fatores de risco. O risco legal permeia todos eles, sendo difícil

segregá-lo para mensurar seu impacto e relevância.

Basicamente, o risco legal está presente quando uma transação pode não ser

amparada por lei, seja por ausência de regras especificas, por erro na elaboração de

contratos e processos, por mudanças radicais nas regras que regem o desenvolvimento

dos negócios firmados ou por esforços realizados por uma das partes contratantes, que

pode encontrar meios legais de invalidar uma transação.

Page 36: Mercado de Capitais

Capítulo 5: Noções de Análise de Investimentos em Renda

Variável

Existem muitas formas de se avaliar uma alternativa de investimento no mercado

de renda variável, assim como o momento ideal para comprar e vender uma ação. São

muitos os conceitos e indicadores disponíveis, e inúmeras combinações podem ser feitas

ao se desenvolver uma estratégia de investimento.

Estudiosos defendem, que além de fatores técnicos, parâmetros

macroeconômicos e específicos do ativo em estudo devem ser sempre considerados

pelos aplicadores. Isso, no entanto, é apenas uma recomendação, uma vez que diferentes

perfis e objetivos demandam estratégias diferenciadas.

Mesmo assim, é interessante deter uma visão sobre os princípios básicos que

balizam os conceitos elaborados e sugeridos pelas escolas fundamentalistas e técnica.

a) Análise Fundamentalista

Page 37: Mercado de Capitais

A análise fundamentalista tem uma preocupação maior nos fundamentos da

empresa, sendo utilizada, principalmente, para aplicação de médio e longo prazo. É uma

metodologia de análise para determinar o preço justo de uma ação.

Fundamentalista quer dizer que o preço justo de uma ação se fundamenta nas

expectativas de lucros futuros esperados pelo investidor.

As decisões de investimento em ações, baseadas em análise fundamentalista, são

dirigidas pelo relacionamento direto existente entre a “lucratividade esperada” e o

“risco”. A lucratividade esperada é avaliada pelo índice P/L (relação entre o preço da

ação no mercado e o seu respectivo Lucro por Ação projetado para o exercício social

em curso). O nível de risco de cada ação negociada no mercado pode ser avaliado pelo

índice de liquidez da ação e pelo índice beta.

b) Análise Técnica (Grafista)

A análise técnica foca no estudo dos padrões de preços, podendo ser usada, deste

modo, não somente no mercado de ações, mas para todos os ativos financeiros que

tenham uma série histórica. A análise grafista é muito utilizada para investimentos de

curto prazo e os principais tipos de gráficos são:

Gráfico formado por barras, demonstra o movimento dos preços durante

determinado período, tais como o preço de abertura, o preço máximo, o preço mínimo e

o de fechamento. Este tipo de gráfico foi amplamente utilizado até meados dos anos 90,

quando os gráficos sob a forma de candlesticks começaram a ser mais utilizados nos

Estados Unidos.

máximo máximo abertura fechamento fechamento abertura mínimo mínimo

De origem Japonesa, o gráfico de velas ou “candlestick” foi criado há

aproximadamente 200 anos pelos comerciantes de arroz. Demonstra o

movimento dos preços durante determinado período, tais como o preço de

Page 38: Mercado de Capitais

abertura, o preço máximo, o preço mínimo e o de fechamento. A diferença entre

o preço de abertura e o de fechamento é chamada de corpo. A ponta superior

representa o preço máximo e a ponta inferior representa o preço mínimo. A

principal diferença entre o gráfico de barras e o de velas japonesas está na

relação entre o preço de abertura, de fechamento e nos padrões que incluem

várias velas. Os japoneses atribuem maior importância na relação entre abertura

e fechamento, enquanto que os ocidentais dão mais importância no fechamento

da barra do período e sua relação com o fechamento da barra do período

anterior.

Capítulo 6: Sistemas Operacionais e Tipos de Ordens

Para comprar e vender títulos e valores mobiliários no mercado de capitais

brasileiro, os investidores precisam estar cadastrados em uma corretora de valores ou

em uma sociedade financeira membro da Bolsa de Valores. Cumprida essa primeira

etapa, vários tipos de ordens e sistemas operacionais podem ser utilizados.

a) Sistema Operacional

- Sistema de Negociação a Viva-Voz

Compreende as operações realizadas dentro da sala de negociação das Bolsas de

Valores. A sala de negociações é onde os operadores (funcionários das Corretoras) se

reúnem e, de acordo com as ordens recebidas dos investidores, realizam negócios de

compra ou venda de ações.

Os Operadores Especiais também possuem permissão de acesso ao ambiente de

negociação, porém suas ordens são realizadas sem a interferência de outros investidores,

ou seja, realizam operações para si.

máximo fechamento

máximo

abertura

mínimo

abertura

mínimo

fechamento

Page 39: Mercado de Capitais

Na Bovespa, as operações do pregão viva-voz foram encerradas em setembro de

2005. Devido à informatização dos processos, as operações acabaram migrando para o

pregão eletrônico, tornando obsoleta as rodas de negociação.

- Sistema de Negociação Eletrônica

Na Bovespa, o pregão eletrônico foi iniciado em 1990, com a implantação do

sistema Cats (Computer Assisted Tradind System), que operava simultaneamente com o

sistema tradicional de pregão viva-voz. Em 1997, um sistema mais moderno foi

implantado: o Mega Bolsa, em uso até os dias atuais. Com um sistema tecnológico mais

avançado, o Mega Bolsa ampliou o volume potencial de processamento de informações

da Bovespa.

Na BM&F, desde setembro de 2000, o mercado de derivativos conta com

operações eletrônicas por intermédio do sistema de negociação Global Trading System

(GTS). A partir de 17/9/2001, a BM&F entrou em nova fase da negociação eletrônica,

implantando novos produtos e modalidades de operação, juntamente com a nova versão

do GTS.

- Home Broker

Desde março de 1999, os investidores podem comprar e vender ações no

mercado acionário brasileiro por meio da internet. Denominado Home Broker, o sistema

permite que o investidor envie ordens de compra e venda de ações através do site de sua

corretora na internet.

O Home Broker pode ser comparado aos serviços de home banking oferecidos

pela maioria das instituições financeiras, já que este mecanismo se trata, basicamente,

de um canal de relacionamento entre os investidores e as corretoras autorizadas pela

Bovespa a operarem na modalidade on-line. Graças às facilidades do sistema e do baixo

custo operacional, o Home Broker é considerado como um dos responsável pela

popularização do mercado.

- After Market

Também com o intuído de ampliar o acesso dos investidores ao mercado

acionário, a Bovespa criou o After Market, que possibilita aos investidores realizar

operações na Bovespa mesmo após o encerramento do pregão regular, que tem início às

10h00 e se encerra às 17h00.

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Nos meses em que a Bovespa encerra seu pregão regular às 17h00, o After

Market tem início às 17h30 e, até às 17h45, tem-se a fase de pré-abertura, na qual será

permitido o cancelamento das ofertas registradas no período regular de negociação. A

partir desse horário até às 19h00 acontece a fase de negociação. Vale lembrar que, nos

meses quando o pregão regular se encerra as 18h00, este cronograma é atrasado em uma

hora.

No After Market, as operações são dirigidas por ordens e fechadas

automaticamente por meio do sistema eletrônico Mega Bolsa. A totalidade de ordens

enviadas tem um limite de R$ 100 mil por investidor para o período e os preços das

ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima positiva ou

negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do pregão diurno.

- WebTrading

Também atenta às novas tendências tecnológicas, a Bolsa de Mercadorias &

Futuros (BM&F) inaugurou em novembro de 2004 seu sistema de negociação via

Internet para clientes pessoa física. Batizado WebTrading (WTR), o sistema permite a

negociação de contratos futuros míni.

Assim como no Home Broker da Bovespa, no WebTrading, o próprio cliente

insere ofertas de compra e venda em seu nome, utilizando o site de uma das corretoras

associadas na qual estiver cadastrado. A corretora cadastra o cliente, confere os pré-

requisitos e, através do seu site, dá uma senha para que ele possa ter acesso ao sistema

de negociação.

Para operar na BM&F por meio do WTr, o investidor deve depositar uma

margem de garantia, a fim de cobrir suas obrigações junto a sua corretora. Essa margem

assegura o cumprimento das obrigações assumidas. O WTr permite a realização de

negócios apenas dentro dos limites de risco impostos pelo total de recursos previamente

depositados como margem de garantia.

Page 41: Mercado de Capitais

Estão autorizados à negociação no WTr o contrato futuro mini de Ibovespa, o

contrato futuro mini de boi gordo denominado em reais, o contrato futuro mini de taxa

de câmbio de reais por dólar comercial e o contrato futuro mini de café arábica.

b) Tipos de Ordens

- Ordem do Tipo Start: ação é comprada/vendida quando o preço no mercado

atingir ou ultrapassar o preço pré-determinado pelo cliente (preço start).

- Ordem Tipo Stop: ação é vendida/comprada quando o preço bater ou ficar

abaixo/acima do limite determinado pelo investidor (preço stop).

- Ordem Stop Simultâneo: disparo é definido por dois parâmetros diferentes.

Por exemplo: o investidor que tenha comprado uma ação a R$ 10,00 pode

limitar seu prejuízo a R$ 9,00 por ativo e seu lucro a R$ 12,00 por papel.

- Ordem do Tipo Stop Móvel: ordem acompanha uma possível alta do mercado

ajustando o preço limite para cima e o preço stop conforme determinação.

- Ordem limitada: tipo de ordem que, obrigatoriamente, terá um preço máximo

de compra e um preço mínimo de venda.

- Ordem administrada: especifica somente as características do ativo que

deseja negociar, além de especificar a quantidade. A corretora deve executar a

ordem assim que esta for recebida, na melhor condição de preço de mercado.

- Ordem casada: condiciona a execução de uma ordem de compra de um

determinado ativo à possibilidade de execução de uma ordem de venda de outro

ativo.

- Ordem Discricionária: é aquela que um administrador de carteira, pessoa

física ou jurídica, ou o representante de mais de um cliente, estabelece as

condições de execução de uma ordem, especificando o nome do investidor, ou

investidores, a quantidade de títulos a ser atribuída a cada um deles e o preço da

transação.

- Ordem de Financiamento: constituída por uma ordem de compra de um ativo

no mercado à vista, e outra de venda de opção do mesmo ativo.

- Ordem Monitorada: ordem em que o cliente, em tempo real, decide e

determina à corretora as condições de execução.