apostila mercado de capitais - final

44
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: ANÁLISE DE INVESTIMENTOS MERCADO DE CAPITAIS Prof. SAULO FABIANO AMÂNCIO VIEIRA LONDRINA

Upload: rafaelcarlos

Post on 18-Jan-2016

39 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apostila Mercado de Capitais - Final

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

DISCIPLINA:

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

MERCADO DE CAPITAIS

Prof. SAULO FABIANO AMÂNCIO VIEIRA

LONDRINA

Page 2: Apostila Mercado de Capitais - Final

2

CAPITULO 1 – ORIGEM DA MOEDA E INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

1.1 Atividade Econômica

Nesta unidade será valer-se-á de alguns conceitos macroeconômicos para analisar

o fluxo circulatório da renda que uma nação gera e suas repercussões no mercado

de capitais.

Identificação dos agentes econômicos

Os agentes econômicos são os responsáveis diretos pelas ações econômicas que

desenvolvem no sistema e podem ser divididos em:

� Famílias – engloba todos os tipos de unidades domésticas, unipessoais ou

familiares, com ou sem laços de parentesco, empregados ou não, que

formam o potencial de recursos para o processamento de atividades

produtivas e os que recebam transferências pagas pela previdência social a

outras entidades.

� Empresas – são os agentes econômicos para os quais convergem os

recursos da produção disponíveis. Reúnem-se as produtoras do setor

primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços).

� Governo – é um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de

unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas

para proporcionar bens e serviços úteis a sociedade como um todo. Suas

receitas resultam do sistema tributário.

� Setor externo – envolve as transações econômicas entre unidades

familiares, empresas, e governo do país com agentes de outros países.

Bens e Serviços

� De capital – são os bens utilizados na fabricação de outros bens e serviços,

mas não desgastam totalmente no processo produtivo. Ex. máquinas,

estradas, etc.

� De consumo – destinam-se à satisfação direta das necessidades humanas.

Dividem-se em Bens de consumo duráveis (automóvel, geladeira) e Bens de

consumo não-duráveis (alimentação, roupas).

Page 3: Apostila Mercado de Capitais - Final

3

� Intermediários – são os bens transformados ou agregados na produção de

outros bens e são consumidos totalmente no processo produtivo, ou seja,

necessitam transformar-se para se tornar bens de consumo. Ex. trigo, minério

de ferro.

Fatores de produção

� Trabalho – constitui-se de todas as pessoas disponíveis para trabalhar. É o

principal fator de produção.

� Terra – são os elementos naturais disponíveis, ou seja, incorporável às

atividades econômicas.

� Capital – compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade

(fábricas, edifícios, máquinas, escolas, hospitais) e é com elas que a

população ativa se equipa para exercício das atividades de produção.

O fluxo circular de renda inicia-se com a participação dos agentes, famílias e

empresas. Os primeiros detêm os fatores de produção que são utilizados pelas

empresas por determinado preço. Posteriormente as famílias consomem os bens de

consumo.

Em sociedades que possuem economia em equilíbrio a renda não é consumida

integralmente, e essa parte que não é consumida chama-se poupança.

Poupança pode ser considera a parcela de renda não consumida. Tal parcela se dá

em função dos seguintes fatores: capacidade de poupar dos agentes; desejo de

poupar e oportunidade de poupar. Esta poupança pode ser aplicada em atividades

produtivas através da realização de investimentos, ou seja, aplicação de recursos

em algo lucrativo que aumenta seu estoque de riqueza.

A atividade econômica apresenta descompassos temporais em seus fluxos de

recebimentos e pagamentos que geram aos sujeitos econômicos excessos de

liquidez ou necessidade de liquidez a investir/financiar durante um período de

tempo. Devido a isto é necessária a existência de alguns mecanismo que permita a

transferência de recursos de unidades econômicas com superávit de liquidez a

unidades econômicas com necessidade de liquidez.

Page 4: Apostila Mercado de Capitais - Final

4

Assim, tem-se que a existência de bens destinados à acumulação nos leva à

necessidade da utilização dos intermediários financeiros, e com isso surgem os

mercados financeiros.

Tem-se ainda que a necessidade da existência de bens públicos justifica a

incorporação do governo ao fluxo. Pode-se complementar dizendo que quando

numa economia a poupança domestica não é suficiente para financiar o

investimento e o déficit público, através da intermediação financeira se importará

poupança exterior para cobrir este descompasso.

Pode-se dividir o desenvolvimento da economia em três estágios:

� 1º - Economia de escambo

� 2º - Introdução da moeda

� 3º - Intermediação financeira

1º - Economia de escambo

O escambo é a troca direta, sem intervenção de um instrumento monetário.

Representa o estágio típico de economias com suas atividades econômicas voltadas

para o consumo direto. Neste estágio tem-se como inconvenientes: custo para

manter a acumulação em ativos reais; dificuldades de especialização e divisão do

trabalho; perda de eficiência na alocação de recursos.

2º - Introdução da moeda

Em um primeiro momento poderíamos entender moeda como um conjunto de notas

e moedas que se encontram circulando na economia em poder público. Entretanto

tal definição não contempla as diversas formas que circulam na economia,

demandando assim a compreensão de conceitos que envolvem moeda.

Moeda pode ser conceituada como um conjunto de ativos financeiros de uma

economia que os agentes utilizam em suas transações. Possui característica

Page 5: Apostila Mercado de Capitais - Final

5

diferenciada já que a mesma não produz nada, não é bem de consumo e tão pouco

bem de investimento.

As moedas podem ser agrupadas em três tipos:

� Moedas metálicas - emitidas pelo Banco Central, constituem pequena

parcela da oferta monetária e visam facilitar as operações de pequeno valor

e/ou com unidade monetária fracionária (troco).

� Pape-moeda – também emitido pelo Banco Central, representa parcela

significa da quantidade de dinheiro em poder do público.

� Moeda escritural – representada pelos depósitos a vista (depósitos em conta

corrente) nos bancos comerciais (é a moeda contábil, escriturada nos bancos

comerciais).

A moeda é vista como um bem de uso comum em todo o tipo de transação que

permite a participação de operação de troca, na qual se realiza compra ou venda

simultânea de mercadorias, em operações separadas de intercâmbio, trazendo

vários benefícios, entre eles:

� Aumento do grau de especialização;

� Redução no tempo gasto nas trocas;

� Eliminação da necessidade de dupla coincidência de desejos.

Na economia a moeda cumpre quatro papéis importantes:

1. Meio de pagamento: é a capacidade que a moeda tem de diminuir dívidas em

última instância, ou seja, é um ativo financeiro de liquidez imediata;

2. Reserva de valor: ser um repositório de poder de compra sobre o tempo, ou

seja, processo de poupar o poder de compra da hora que a renda é recebida

até a hora que a renda é gasta;

3. Unidade-padrão de conta: fornecer uma unidade de conta, ou seja, criar

mediação de valor na economia;

4. Intermediária de trocas entre agentes: meio ou instrumento de troca

geralmente aceito pelos agentes econômicos na concretização de suas

transações.

Page 6: Apostila Mercado de Capitais - Final

6

Oferta de Moeda

A moeda pode ser classificada de acordo com várias definições. Ao classificar-se o

total de moedas de um país, tornam-se necessárias definições de medidas de oferta

de moeda; a essa oferta chama-se agregados monetários ou meio de pagamento ,

que são definidos como estoque de moeda disponível para uso da coletividade

(setor privado e não bancário) a qualquer momento e que podem ou não incluir as

quase-moedas. Visa, com este conceito, medir a liquidez, ou seja, as necessidades

do setor produtivo privado (excluindo-se os bancos), para satisfazer a suas

transações de bens e serviços.

Podem ser considerados agregados monetários de maio relevância conceitual:

� Meio circulante – moeda em espécie (papel-moeda impresso e moedas

metálicas cunhadas);

� Papel-moeda emitido – é o total de papel-moeda legal existente, autorizado

pelo Banco Central;

� Papel-moeda em circulação – engloba todas as espécies emitidas do meio

circulante;

� Depósitos a vista no sistema bancário – também chamado de moeda

escritural, possui significativa relevância pois tem alto poder de expansão;

� Base monetária – consiste na soma de duas parcelas: o papel-moeda emitido

e as reservas voluntárias e compulsórias;

� Oferta monetária – em sentido restrito: totalização dos ativos monetários

mantidos pelo público (papel-moeda e depósitos a vista); em sentido amplo:

saldos totalizados de todos os ativos financeiros, monetários e quase

monetários.

O primeiro conceito de moeda, com o qual trabalhar-se-á é o mais restrito, composto

por dois elementos: moeda manual (moedas metálicas e notas em poder do público)

e moeda escritural (depósitos a vista em instituições financeiras), este é o conceito

de M1. Abaixo os demais conceitos de moedas:

� M1 = Moeda Manual (moedas metálicas e notas em poder do público)+

Moeda Escritural (depósitos a vista);

Page 7: Apostila Mercado de Capitais - Final

7

� M2 = M1 + títulos públicos (federal, estadual e municipal)

� M3 = M2 + Poupança

� M4 = M3 + Depósitos a prazo + Letras de câmbio + Letras hipotecárias

� M5 = M4 + Capacidade aquisitiva dos cartões de crédito

Oferta de Moeda pelos bancos comerciais – efeito multiplicador

Os bancos comerciais também podem aumentar a oferta de moeda (meios de

pagamento) com a multiplicação da moeda escritural ou depósito a vista. Tal

capacidade de multiplicar moeda dos bancos resulta da possibilidade de

manutenção de valores inferiores em espécie do total dos depósitos a vista

recebidos dos clientes. Isso ocorre devido a não utilização total dos recursos de

forma simultânea por parte dos clientes e do resultado do fluxo de entrada e saída

desses mesmos recursos. Por exemplo, a cada R$100,00 de depósito a vista os

bancos precisam deixar em caixa apenas de 3 a 5% de encaixe técnico, sendo que

o restante ele pode realizar empréstimos.

Controle de oferta de moeda pelo Banco Central – Instrumentos de política

monetária

O controle da oferta de moeda é realizada pelo Banco Central através dos seguintes

instrumentos:

� Controle das emissões

O Banco Central controla, por força de lei, o volume de moeda manual da

economia, cabendo a ele as determinações das necessidades de novas

emissões.

� Compulsório ou reservas obrigatórias

A taxa de reservas compulsórias é um instrumento de alta eficácia para controlar

o processo de multiplicação da moeda escritural. É uma conta corrente mantida

pelos bancos no Banco Central que tem que ser mantida de acordo com o

volume de negociações realizadas.

� Open market (mercado aberto)

São compras e vendas de títulos do governo pelo Banco Central. O Banco

Central coloca títulos no mercado através de leilões, dos quais participam as

Page 8: Apostila Mercado de Capitais - Final

8

instituições financeiras dealers de mercado. Os dealers são as instituições mais

atuantes no mercado e são também chamado de market makers.

� Redesconto

O Banco Central realiza empréstimos, conhecidos por empréstimos de

assistência a liquidez, que visa equilibrar necessidades de caixa de instituições

financeiras ocasionadas por um aumento significativo na demanda de recursos

pelos depositantes. A taxa de juros cobrada pelo Banco Central nessas

operações é chamada de taxa de redesconto.

3º - Intermediação financeira

Defini-se intermediação financeira como uma atividade que tem a finalidade de

viabilizar o atendimento das necessidades financeiras de curto, médio e longo

prazos, manifestadas pelos agentes econômicos carentes de recursos, aplicando ao

mesmo tempo o excedente monetário dos agentes superavitários, com mínimo de

riscos.

As pré-condições para a existência da intermediação financeira são:

� Superação do escambo;

� Existência de moeda

� Excedente financeiro;

� Bases institucionais para o funcionamento do mercado de intermediação

financeira;

� Existência de agentes econômicos dispostos a trocar ativos monetários por

ativos financeiros, dados os riscos e ganhos reais possíveis.

Para que haja intermediação financeira, além das precondições já citadas, é

necessário que também ocorra:

� Casamento entre captação/aplicação

� Capital próprio.

A intermediação financeira justifica-se pelas imperfeições apresentadas pelo

mercado que provocam a superioridade dos custos associados ao investimento

direto de valores quando comparados ais custos de intermediação. Estas

Page 9: Apostila Mercado de Capitais - Final

9

imperfeições, amplamente tratadas na literatura econômica, são basicamente os

custos de transação gerados pela mediação e a transformação de ativos, e a

existência de informação assimétrica.

A transferência de recursos entre os agentes superavitários e deficitários é

viabilizada pela transformação de títulos primários (emitidos diretamente pelos

tomadores iniciais) em títulos secundários (emitidos por terceiros), tornando-os

atrativos para os poupadores e aumentando sua liquidez.

Os intermediários financeiros interpretam papel importante na transformação dos

ativos financeiros, que tem uma forma pouco desejável para o grande público, em

outro tipo de ativos que esteja mais adequado com as necessidades dos

investidores. Essas transformações implicam algumas funções econômicas:

� Redução do risco mediante a diversificação – economias de escala na gestão

de carteiras de ativos, que por sua vez tem três razões principais:

o Indivisibilidade – nem todos os ativos estão disponíveis em todo o tipo

de valor nominal.

o Economias de gestão.

o Economia de transações.

� Adequação às necessidades de emprestadores e tomadores

� Gestão de mecanismos de pagamentos.

A atuação dos intermediários financeiros traz diversos benefícios aos sistema

econômico:

� Devido ao elevado grau de especialização e sofisticação, os intermediários

financeiros podem oferecer produtos e serviços mais adequados para uma

clientela diferenciada;

� Ao conectar-se com vários ofertantes e tomadores de recursos, os

intermediários financeiros podem aumentar a agilidade e reduzir custo através

da escala em que trabalha, diferentemente dos agentes econômicos que

operam isolado;

Page 10: Apostila Mercado de Capitais - Final

10

� Ao manejar um grande fluxo de informações sobre tomadores e ofertadores,

os intermediários podem evitar a alocação de recursos de forma improdutiva,

o que leva a perda desses para a economia;

� Os intermediários financeiros promovem a liquidez do mercado à medida que

viabilizam o fluxo de negociação com ativos financeiros.

Page 11: Apostila Mercado de Capitais - Final

11

CAPITULO 2 – SISTEMA FINANCEIRO

Conceitos e funções

Defini-se sistema financeiro de um país como um conjunto de instituições,

instrumentos e mercados agrupados de forma harmônica, com a finalidade de

canalizar a poupança das unidades superavitárias até o investimento demandado

pelas deficitárias.

Pode-se entender ainda o sistema financeiro como a soma das unidades

operacionais que o compõem e dos responsáveis pelas políticas monetárias,

creditícia, cambial e fiscal, que regulam seu funcionamento, bem como os fluxos

monetários entre os que dispõem de recursos financeiros e os que deles careçam,

para suas atividades de produção ou de consumo.

O sistema financeiro, de maneira simplificada pode assumir três funções básicas na

economia:

1. facilitar a designação temporal de recursos, permitindo que os agentes

transladem suas decisões de investimento e consumo entre distintos

momentos de tempo e áreas geográficas, aumentando suas possibilidades de

eleição;

2. permitir a canalização da poupança ao investimento, permitindo que a

poupança encontre seu uso alternativo mais produtivo;

3. proporcionar ferramenta para a redistribuição e diversificação dos riscos,

permitindo sua gestão por parte dos agentes.

Sempre haverá três elementos principais:

1. instituições ou intermediários financeiros;

2. mercados financeiros;

3. ativos financeiros.

A evolução do sistema financeiro pode ser distinguida em três etapas:

� Fase Baseada nos Bancos

Page 12: Apostila Mercado de Capitais - Final

12

A evolução caracteriza-se porque nela os bancos são os protagonistas no

desempenho das funções básicas que assumem os sistemas financeiros:

captação e investimento da poupança financeira; controle e disciplina da atuação

de seus clientes; e administração do sistema de pagamento da economia.

� Fase dirigida pelo mercado

Caracteriza-se pela aparição e crescente importância das instituições não

bancárias. Essas instituições introduzem novos instrumentos financeiros nos

mercados de capitais e monetários, competindo com os bancários na captação e

colocação de fundos.

� Fase em que se produz forte desenvolvimento da titularização

Caracteriza-se pela transferência da função captação e alocação dos novos

fluxos de poupança dos intermediários financeiros para os mercados

diretamente.

O entendimento do sistema financeiro internacional inicia-se pela compreensão da

ordem monetária internacional. De maneira geral as diversas ordens monetárias

internacionais que se sucederam historicamente contemplaram os seguintes

aspectos:

� Definição dos participantes;

� Grau de adesão de cada membro ao conjunto de regras estabelecidas;

� Padrão monetário;

� Relação entre as várias moedas dos países participantes;

� Convertibilidade entre moedas;

� Financiamento dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos;

� Criação de instituições tutelares.

A evolução do sistema financeiro internacional registrou no século XX três fases

principais: o padrão-ouro, o padrão dólar e o padrão dos direitos especiais de giro.

Page 13: Apostila Mercado de Capitais - Final

13

Sistema Financeiro Nacional

O SFN é composto por um conjunto de instituições financeiras e instrumentos

financeiros que visam transferir recursos dos agentes econômicos (pessoas,

empresas, governo) superavitários para os deficitários.

� Órgão normativo máximo: Conselho Monetário Nacional

� Lei de Reforma Bancária de 1964

� Lei do Mercado de Capitais de 1965

� Lei de criação dos Bancos Múltiplos de 1988

Possui como Subsistema Normativo:

� CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN)

� BANCO CENTRAL (BACEN)

� (CVM) COMISSÃO VALORES MOBILIÁRIOS

� INSTITUIÇÕES ESPECIAIS (BANO DO BRASIL, BNDES, CEF)

CMN

FINALIDADE PRINCIPAL: FORMULAÇÃO DE TODA A POLÍTICA DE MOEDA E

DO CRÉDITO, OBJETIVANDO ATENDER AOS INTERESSES ECONÔMICOS E

SOCIAIS DO PAÍS.

Objetivos:

• Fixar diretrizes e as normas da política cambial

• Regulamentar as operações de câmbio

• Controlar a paridade da moeda e o equilíbrio do Balanço de Pagamentos

• Regulamentar as taxas de juros

• Regular a constituição e o funcionamento das instituições financeiras

• Fixar índices de encaixe, capital mínimo e normas de contabilização

• Acionar medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios

• Disciplinar o crédito e orientar na aplicação dos recursos

• Regular as operações de redesconto e as operações no mercado aberto

É composto pelo:

Page 14: Apostila Mercado de Capitais - Final

14

• Ministro da Fazenda

• Ministro de Planejamento

• Presidente do Banco Central

Comissões Consultivas: assessoram em assuntos tais como:

• Assuntos Bancários

• Mercado de Capitais e Mercados Futuros

• Crédito Rural

• Crédito Industrial

• Política Monetária

• Política Cambial

BACEN

• Executor das políticas traçadas pelo CMN e órgão fiscalizador do SFN.

• Banco fiscalizador e disciplinador do MF.

• Banco que aplica penalidades, na intervenção e na liquidação extrajudicial de

instituições financeiras.

• Banco gestor do SFN ao expedir normas e autorizações e promover o

controle das instituições financeiras.

• Banco executor da política monetária.

• Banco do Governo.

Atribuições do BACEN

• Fiscalizar as instituições financeiras.

• Autorizar o funcionamento, instalação e transferência de sedes, fusões e

incorporações das IF.

• Realizar e controlar operações de redesconto e as de empréstimo no âmbito

das IF bancárias.

• Emitir dinheiro e controlar a liquidez do mercado.

• Controlar o crédito, os capitais estrangeiros e receber os depósitos

compulsórios dos bancos.

• Efetuar operações de compra/venda de títulos públicos e federais.

• Supervisionar o sistema de compensação de cheques.

Page 15: Apostila Mercado de Capitais - Final

15

• Receber depósitos compulsórios das IF e executar operações de política

monetária.

CVM

Funções Básicas da CVM

• Incentivar a poupança no mercado acionário.

• Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições

operadoras do mercado acionário.

• Assegurar a lisura nas operações de compra/venda de valores mobiliários.

• Promover a expansão dos negócios do mercado acionário.

• Proteger aos investidores do mercado acionário.

INSTITUIÇÕES ESPECIAIS

Banco do Brasil

• Sociedade Anônima de capital misto, controlada pela União. Até 1986 foi

considerada uma autoridade monetária, atuando na emissão de moeda. O

privilégio foi revogado por decisão do CMN.

• Agente financeiro do Governo Federal: na execução de sua política creditícia

e financeira sob a supervisão do CMN.

• Banco Comercial: pode exercer atividades próprias dessas instituições.

• Banco de Investimento e Desenvolvimento: financia atividades rurais,

industriais, comerciais e de serviços, além de fomentar a economia de

diferentes regiões.

BNDES

• Empresa pública vinculada ao Ministério do Planeja-mento, principal

instrumento de médio e longo prazo de execução da política de financiamento

do Governo Federal.

• Objetivo: reequipar e fomentar empresas de interesse ao desenvolvimento do

país.

• Atua através de agentes financeiros, pagando uma comissão chamada del

credere.

• Esses agentes são co-responsáveis na liquidação da dívida junto ao BNDES.

Page 16: Apostila Mercado de Capitais - Final

16

CEF

• As caixas econômicas são instituições financeiras públicas, autônomas e que

apresentam um claro objetivo social.

• A CEF executa atividades características dos bancos comerciais e múltiplos.

• A CEF é o principal agente do SFH, atuando no financiamento da casa

própria.

• O SFH foi criado em 1964 e , com a extinção do BNH, a CEF se transformou

no seu órgão executivo.

• Os recursos para o SFH são originados pelo FGTS, cadernetas de poupança

e fundos próprios dos agentes financeiros.

• Outros objetivos da CEF:

– Administrar com exclusividade os serviços de loterias federais

– Constituir-se no principal arrecadador do FGTS

– Ter o monopólio das operações de penhor, que são empréstimos

garantidos com bens de valor e alta liquidez como jóias, metais

preciosos, pedras preciosas, etc..

Subsistema de Intermediação

Instituições Financeiras Bancárias

• Bancos Comerciais:

– Constituídas em forma de S.A.

– Executam operações de crédito de curto prazo

– Capacidade de criar moeda

– Tendência a concentração via fusões

– Prestação de serviços, pagamento de cheques, cobranças,

transferências, ordens de pagamentos, aluguel de cofres, custódia de

valores, operações de câmbio

– Classificação:

• Bancos de varejo: trabalham com muitos clientes

• Bancos de negócios: voltados a grandes operações

• Private bank: atende pessoas físicas de renda/patrimônio

elevado

Page 17: Apostila Mercado de Capitais - Final

17

• Personal bank: atende pessoas físicas de renda elevada e

pequenas e médias empresas

• Corporate bank: atende pessoas jurídicas de grande porte

• Bancos Múltiplos: formados com base nas atividades (carteiras) de quatro

instituições: banco comercial, banco de investimento e desenvolvimento,

sociedade de crédito, financiamento e investimento e sociedade de crédito

imobiliário.

• Para ser configurada como Banco Múltiplo, uma instituição deve operar pelo

menos duas das carteiras mencionadas, sendo uma delas a de Banco

Comercial ou Banco de Investimento.

• Sua criação foi uma evolução do mercado, que mostrava que a segregação

de operações impunha restrições ao setor financeiro com grandes disponibili-

dades em algumas IF e déficits em outras.

Instituições Financeiras não Bancárias

• Não têm capacidade de criação de moeda.

• Bancos de Investimento: grandes fornecedores de créditos de médio e longo

prazo, suprindo os agentes carentes de recursos com fundos para capital de

giro e capital fixo.

• Realizam operações de maior escala como repasse de recursos oficiais e

recursos do exterior.

• Avais, fianças, custódias, administração de carteiras de títulos e valores

mobiliários, etc.

• Usam recursos de terceiros provenientes da colocação de CDB, vendas de

cotas de fundos de investimento, empréstimos contratados no país e no

exterior.

• Não têm capacidade de criação de moeda.

• Bancos de Desenvolvimento: instituições públicas estaduais que visam

promover o desenvolvimento econômico e social da região de atuação.

• Apóiam o setor privado da economia por meio de empréstimos,

financiamentos e arrendamento mercantil.

• Sua constituição e funcionamento dependem de autorização do Banco

Central.

Page 18: Apostila Mercado de Capitais - Final

18

• Não têm capacidade de criação de moeda.

• Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento: conhecidas como

financeiras, dedicam-se a financiar bens duráveis às pessoas físicas por meio

do mecanismo de crédito direto ao consumidor (CDC).

• Além dos recursos próprios, a fonte de recursos destas IF, consiste no aceite

e colocação de LC no mercado.

• As LC são emitidas pelo devedor e aceitas pela IF.

• Crédito com interveniência: a IF compra os créditos comerciais de uma loja. A

empresa comercial emite as LC e a financeira as aceita.

• Não têm capacidade de criação de moeda.

• Sociedades de Arrendamento Mercantil: realizam operações de leasing de

bens nacionais, adquiridos de terceiros e destinados ao uso dos

arrendatários.

• Os recursos são levantados pela emissão de debêntures e empréstimos no

país e no exterior.

• Os principais tipos de leasing são:

– Operacional: similar a um aluguel, realizado pelas empresas

fabricantes dos bens.

– Financeiro: realizado por bancos múltiplos e sociedades de

arrendamento mercantil. No final do prazo pode ser exercido o direito

de compra pelo valor residual.

– Lease - back: venda e aluguel automático de um bem.

• Não têm capacidade de criação de moeda.

• Cooperativas de Crédito: voltadas a viabilizar créditos a seus associados,

além de prestar determinados serviços.

• Sociedades de Crédito Imobiliário: voltam-se ao financiamento de operações

imobiliárias, que envolvem compra e venda de imóveis. Prestam apoio a

outras operações do setor imobiliário como loteamentos, incorporações, etc.

Os recursos são levantados por meio de letras imobiliárias e cadernetas de

poupança.

Page 19: Apostila Mercado de Capitais - Final

19

• Associações de Poupança e Empréstimo: IF que atuam também na área

habitacional, por meio de financia-mentos imobiliários.

INSTITUIÇÕES AUXILIARES

� Bolsas de Valores

� Sociedades Corretoras de Valores Mobiliários

� Sociedades Distribuidoras de Valores Mobiliários

� Agentes Autônomos De Investimento

Bolsas de Valores

• Proporcionam liquidez aos títulos negociados, atuando por meio de pregões

contínuos.

• Têm responsabilidade pela fixação de preços justos, formados pelo

mecanismo da oferta e da procura.

• Obrigam-se a divulgar todas as operações realizadas no menor tempo

possível.

Mercado de Balcão: resume operações realizadas com diversos papeis, sem

necessidade de registro em bolsa. Não possui lugar físico.

As Caixas de Liquidação (clearing) atuam nos pregões e têm a função de registrar,

liquidar e compensar as diversas operações.

Sociedades Corretoras

• Instituições que efetuam, com exclusividade, a intermediação financeira nos

pregões das bolsas de valores, das quais são associadas, por meio da

compra de um título patrimonial.

– Promovem ou participam de lançamentos públicos de ações.

– Administram e custodiam carteiras de títulos e valores.

– Organizam e administram fundos e clubes de investimento.

– Efetuam a intermediação em títulos e valores mobiliários.

– Efetuam compra/venda de metais preciosos.

– Operam em bolsas de mercadorias e futuros.

Page 20: Apostila Mercado de Capitais - Final

20

– Operam em câmbio.

– Prestam assessoria técnica em assuntos inerentes ao mercado

financeiro.

Outras Instituições Auxiliares

• Sociedades distribuidoras: também intermediam em títulos e valores

mobiliários, assemelhando-se seus objetivos aos das corretoras.

– Intermediação em títulos e valores mobiliários de renda fixa e variável.

– Operações no mercado aberto.

– Participação em lançamento público de ações.

• Agentes autônomos de investimentos: são pessoas físicas credenciadas

pelas IF intermediadoras para atuarem na colocação de títulos e valores

mobiliários e outros serviços, pelo recebimento de uma comissão.

Instituições não Financeiras

• Sociedades de Fomento comercial: conhecidas como empresas de factoring,

são empresas comerciais que operam por meio da compra de duplicatas,

cheques e outros títulos, de forma similar ao desconto bancário. A empresa

de factoring assume o risco do título negociado.

– Seus recursos são empréstimos bancários ou fundos próprios.

• Companhias Seguradoras: são consideradas no sistema financeiro porque

têm a obrigação de aplicar parte de suas reservas no mercado de capitais.

Page 21: Apostila Mercado de Capitais - Final

21

CAPITULO 3 – MERCADOS FINANCEIROS

Mercados Financeiros

Em uma economia, existem diversos tipos de mercados, que podem ser agrupados

em:

� Mercado de produtos, onde operam bens e manufaturados ou serviços; e

� Mercado de fatores, que corresponde aos fatores de produção.

Neste capitulo será abordado apenas o mercado financeiro, que pode ser definido

como o mecanismo ou ambiente através do qual se produz um intercambio de ativos

financeiros e se determinam seus preços. São marcados onde é realizada a

transferência de recursos das unidades superavitárias para deficitárias.

Dentro deste contexto, os mercados financeiros devem cumprir as seguintes

funções:

� Estabelecer o contato entre os agentes superavitários e deficitários;

� Ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para ativos; e

� Reduzir os prazos e os custos da intermediação.

Em relação às características que todo mercado financeiro pode ter, podemos

agrupa-las da seguinte forma: do tipo institucional e relacionadas à oferta e

demanda.

As de tipo institucional são:

� Transparência: possibilidade de obter informação relativa ao mercado de

forma fácil, barata e rápida;

� Liberdade: trata-se da não existência de limitações de entrada ou saída de

compradores e vendedores, a liberdade para negociar prazos e quantidades

desejadas, e enquanto a formação do preço.

As características relacionadas à oferta e à demanda são:

Page 22: Apostila Mercado de Capitais - Final

22

� Profundidade: um mercado é considerado profundo quando existem ordens

de compra e venda acima e abaixo do preço de equilíbrio, ou seja, existem

curvas de oferta e demanda.

� Amplitude: um mercado é amplo quando as ordens de oferta e demanda

existem e quantidade suficientes, ou seja, existe elasticidade nas curvas de

oferta e demanda do mercado.

� Flexível: m mercado é flexível quando diante de qualquer variação no preço

de um ativo aparecem rapidamente novas ordens de compra e venda.

A classificação dos mercados financeiros é tarefa difícil e função do grande número

de parâmetros utilizados para este fim. A seguir uma classificação proposta.

Grau de transformação dos ativos

Direto (sem transformação); e

Intermediado (com transformação, com intermediação de títulos primários

e secundários)

Forma de funcionamento

Busca direta – nesse tipo de mercado tanto os compradores como os

vendedores de ativos tem que se encarregar por si mesmos de buscar

sua contraparte sem ajuda de agentes especializados.

Prestadores de serviços (brokers) – agente altamente especializado que,

em troca de uma comissão, tratam de buscar uma contrapartida e/ou

negociar preços aceitáveis para operações específicas de seus

clientes.

Mediadores (dealers) – agentes especializados cujo papel é oferecer aos

participantes a liquidez implícita na execução imediata de suas ordens;

e

Leilão – o mercado leilão tem como característica permitir a todos os

participantes integrar-se num processo comum e único de fixação de

preços (todos os operadores têm acesso às ordens de compra e

venda).

Tipos de ativos

Monetários ou de dinheiro

Page 23: Apostila Mercado de Capitais - Final

23

Mercado de crédito (desconto comercial, crédito comercial, crédito

bancário, empréstimo de curto prazo)

Mercado de títulos (dívida pública de curto prazo, ativo de

empresas, ativos bancários)

Capitais

Crédito de longo prazo (empréstimos, operações de leasing,

operações de factoring, operações hipotecárias).

Mercado de valores

Ajudas oficiais

Fase de negociação – a classificação é baseada na transformação dos títulos

que são negociados no mercado financeiro

Primários – fase onde são criados os títulos ou em que ocorre a primeiro

negociação entre vendedores (agentes deficitários) e os compradores

(agentes superavitários).

Secundários – fase em que os títulos são renegociados (a negociação

ocorre entre o primeiro adquirente do título e outros interessados em

adquiri-lo)

Prazo ou condições – classificação conforme necessidade de recursos em

prazos específicos

A vista ou spot

Futuros

Opções

Tipo de moeda

Moeda nacional

Internacional

Grau de intervenção

Livres – o volume negociado e o preço dos ativos são determinados pela

oferta e a demanda.

Regulados – onde o governo pode exercer orientação a respeito do

volume negociado e preço dos ativos.

Grau de formalização

Organizados – é aquele no qual são negociados grandes volumes de

títulos de forma simultânea com determinados parâmetros. Ex. Bolsa

de Valores.

Page 24: Apostila Mercado de Capitais - Final

24

Não organizados – é aquele no qual não há regra estrita para negociações

e não há necessidade da existência de um lugar concreto para sua

operacionalização.

Grau de concentração de recursos financeiros

Centralizados – grande importância mundial, Ex. Wall Street em Nova

York.

Não centralizados - pouca importância mundial.

Necessidades dos clientes

Crédito – supre as necessidades de crédito de curto prazo, ex. capital de

giro para as empresas e consumo para as famílias.

Capitais – supre as necessidades de financiamento e longo prazo, ex.

investimentos para empresas e aquisição de bens duráveis para as

famílias.

Cambial – supre as necessidades quanto a realização das operações de

compra e venda de moeda estrangeira (fechamento de câmbio). Como

exemplo dessas necessidades tem-se as importações (necessidade de

compra de moeda estrangeira) e as exportações (necessidade de

venda de moeda estrangeira) por parte das empresas.

Monetária – supre as necessidades do governo de fazer política monetária

e dos agentes intermediários de caixa. Nesse segmento são realizadas

operações de curto e curtíssimo prazo e sua liquidez é regulada pelas

autoridades monetárias.

Ativos ou produtos

Um ativo financeiro é um instrumento que canaliza a poupança até o investimento.

As empresas em busca por financiamento podem acudir ao mercado mediante os

ativos financeiros emitindo ações ou emitindo títulos de dívida. AS funções que

tradicionalmente atribui-se aos ativos financeiros são as seguintes:

Transferências de fundos entre os diferentes agentes econômicos, dos

superavitários aos deficitários. Dessa forma, converte-se em instrumentos

idôneos de canalização da poupança gerada;

Page 25: Apostila Mercado de Capitais - Final

25

Transferência de riscos do emissor ao receptor dos ativos, posto que os ativos

consistem basicamente num compromisso de pagamento que será sujeito às

variações positivas ou negativas da atividade do emissor do ativo.

As características principais dos ativos financeiros concentram-se em:

� Liquidez – que é a facilidade com que o investidor possa obter os recursos

investidos no ativo. Capacidade de conversibilidade em outros ativos ou bens.

� Risco – é entendido como a variabilidade ou instabilidade na rentabilidade

esperada ou a possibilidade de que o emissor descumpra com o pactuado,

isto é, o pagamento do principal e juros.

� Rentabilidade – é a capacidade de o ativo produzir juros ou outros

rendimentos para o adquirente como pagamento de sua cessão de fundos e

sua assunção de riscos ao longo de um período de tempo determinado.

Capacidade de ganho que esses ativos podem auferir aos seus possuidores.

O retorno esperado de um ativo financeiro esta diretamente relacionado com a

noção do preço. Dados fluxo de caixa efetivo esperado de um ativo financeiro e seu

preço, pode-se determinar sua taxa de retorno esperada.

Classificação

Os ativos financeiros podem ser classificados em:

� Ativos indiretos

o Nas complexas sociedades modernas nas quais os agentes

econômicos encontram-se dispersos e suas necessidades são cada

vez mais sofisticadas, o sistemas financeiro tem um papel chave.

Subscreve ou adquire uma parte importante das emissões de títulos

levadas a cabo pelas unidades demandantes de fundos ou deficitárias,

ao mesmo tempo em que emite outros passivos mais ajustados às

necessidades dos poupadores ou unidades de gasto superavitárias ao

objeto de arrecadar os fundos que precisa para sua atividade de

intermediação.

Page 26: Apostila Mercado de Capitais - Final

26

� Ativos Primários

o São ativos emitidos pelos tomadores últimos, os demandantes últimos

de fundos ou as unidades de gasto com déficit, colocados em contato

direto pelos mediadores financeiros para negociarem com os

poupadores últimos ou unidades de gasto com superávit.

o Títulos de renda fixa – prometem rendimento fixo (taxas pré-fixadas) ou

determinado por parâmetros conhecidos (taxas pós-fixadas).

� Públicos

� Privado

o Títulos patrimoniais – representam participação na propriedade da

empresa. Sua remuneração é baseada nos dividendos que a empresa

possa pagar e na valorização de seus ativos (valorização variável).

o Títulos Derivativos – têm seus rendimentos determinados ou derivados

dos preços de outros ativos, como os contratos de opções e de futuro.

Títulos de renda fixa

� Envolvem uma programação determinada de pagamento (investidores

conhecem antecipadamente os fluxos monetários que vão receber)

� Representam promessas de pagamentos futuros de valores específicos em

datas determinadas;

� Os detentores desses títulos têm três direitos fundamentais:

o Receber os juros periódicos predeterminados;

o Devolução do principal, uma vez finalizada a vida do produto;

o Transmissão do produto.

� Um título de renda fixa é um título de dívida, trata-se de um contrato por meio

do qual você empresta dinheiro ao emissor do papel que, em troca, lhe paga

quantias fixas a intervalos regulares.

Títulos de renda variável

� São aqueles em que não há um conhecimento prévio dos rendimentos futuros

e o valor de resgate pode assumir valores superiores, iguais ou inferiores ao

valor aplicado.

� As ações e as debêntures conversíveis em ações são produtos de renda

variável;

Page 27: Apostila Mercado de Capitais - Final

27

� As ações são títulos de participação negociáveis que representam parte do

capital social de uma sociedade anônima. Portanto, uma ação é parte

proporcional do capital social de uma empresa.

� Principais características das ações:

o Para o investidor

� O retorno não é previamente definido

� Não há obrigatoriedade do retorno do capital e/ou pagamentos

de dividendos;

� O investidor torna-se acionista da empresa

o Para a emissora

� É um título patrimonial

� Não representa uma obrigação perante a terceiros.

Page 28: Apostila Mercado de Capitais - Final

28

CAPITULO 4 – MERCADO DE CAPITAIS

O Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições responsáveis pela

captação de recursos financeiros, distribuição e circulação de valores e pela

regulação desse processo. Nesse sistema, a intermediação financeira (troca de

recursos entre agentes) desenvolve-se de forma segmentada em quatro sub-

divisões do mercado financeiro: o mercado monetário (transações de curtíssimo

prazo), o mercado de crédito (operações de financiamento de curto e médio prazos,

destinados aos ativos permanentes e/ou capital de giro das empresas e ao crédito

direto ao consumidor); mercado de câmbio (mercado de troca de moeda entre

agentes); e, o mercado de capitais, foco deste capitulo.

O Mercado de Capitais contempla as operações com valores mobiliários (ações,

debêntures, commercial paper, bônus de subscrição) de médio e longo prazo.

Objetivo : proporcionar liquidez aos títulos de emissão das empresas e viabilizar seu

processo de capitalização. Tal objetivo se da pelo fato das empresas requererem

volumes expressivos de recursos, que serão aplicados a prazos longos.

Considerando a aversão dos investidores em comprometer recursos por longos

períodos, os mercado de capitais tem como missão tornar tais investimentos líquidos

e, consequentemente, menos arriscados e mais atraentes para s investidores.

Constituição : o mercado de capitais é constituído pelos mercados de balcão e de

bolsa e tem como agentes as clearings, as sociedades corretoras, as sociedades

distribuidoras de valores mobiliários, além de outras instituições financeiras

autorizadas a realizar serviços de custódia e intermediação financeira de títulos.

� Clearings – são empresas que se dedicam a gerenciar sistemas de garantias

para a liquidação das operações realizadas e para a custódia (guarda e

administração dos valores mobiliário negociados). No Brasil a Companhia

Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) é responsável por 95% das

operações com ações realizadas no mercado a vista da Bovespa. O Sistema

Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é um sistema de registro eletrônico

Page 29: Apostila Mercado de Capitais - Final

29

de operações criado em 1979 para integrar a negociação, custódia e

liquidação dos títulos públicos.

� Sociedades corretoras – são instituições financeiras membros da bolsa de

valores, habilitadas a negociar com exclusividade no pregão físico (viva-voz)

ou eletrônico destas.

� Sociedade distribuidoras de valores – são agentes auxiliares que

participam da intermediação de valores mobiliários no mercado primário,

colocando-os à venda para o público.

Segmentação do Mercado

Mercados primário e secundário

Os principais títulos negociados no mercado de capitais são os representativos do

capital de empresas (as ações) ou de empréstimos tomados, via mercado, por estas

(debêntures simples, conversíveis em ações e comercial papers). Tais negociações

podem ocorrer tanto no mercado primário quanto no secundário.

Mercado Primário – compreende a oferta pública de novos valores mobiliários, com

aporte de recursos à companhia. Ao oferecer novas ações ao mercado, a empresa

esta vendendo parte de seu capital e admitindo sócios em seu negócio. Ao oferecer

títulos de dívidas, esta admitindo credores.

Para proceder à colocação de títulos a empresa deverá promover a abertura de seu

capital (companhia aberta – sociedade por ações), cujos valores mobiliários são

admitidos à negociação nos mercados organizados e que se encontra registrada em

órgão competente (no Brasil a CVM), que deverá registrar e autorizar a operação.

Quando tal operação é realizada pela primeira vez, convenciona-se dizer que a

empresa esta realizando seu Initial Public Offering (IPO). Tanto a primeira quanto as

colocações subseqüentes de títulos no mercado pela empresa ocorrem via operação

de underwriting (subscrição pública).

Page 30: Apostila Mercado de Capitais - Final

30

Underwriting (subscrição pública) é o processo pelo qual uma instituição financeira

coordena e eventualmente garante a colocação dos títulos da companhia no

mercado. O coordenador (ou Underwriter) pode ser um banco de investimento, uma

sociedade corretora ou uma sociedade distribuidora de valores mobiliários.

Os tipos mais comuns de underwriting são:

� Puro – a instituição mediadora subscreve todo o lote de títulos, paga-os

integralmente à empresa emissora e se encarrega de coloca-los

posteriormente no mercado;

� Garantia Firme – a instituição mediadora compromete-se a absorver os

títulos eventualmente não vendidos, garantindo à empresa o recebimento da

totalidade dos recursos previstos;

� Melhores esforços – o risco da não colocação dos títulos corre única e

exclusivamente por conta da empresa emissora. A instituição mediadora

compromete-se apenas a fazer o melhor esforço na venda.

São atribuições do coordenador ou underwriter:

1. o assessoramento na definição do perfil da operação;

2. a elaboração do prospecto de emissão;

3. encaminhamento dos processos à CVM (companhia e emissão)

4. o registro dos valores mobiliários em bolsa ou mercado de balcão

organizado;

5. o marketing da operação;

6. a distribuição dos títulos (em conjunto com as demais participantes do

pool de distribuição);

7. a liquidação da operação;

8. o anúncio de encerramento da distribuição.

Mercado secundário – uma vez ocorrido o lançamento inicial ao mercado, as ações

ou títulos de dívida passam a ser negociados no mercado secundário, que

compreende os mercados balcão, organizados (regulados pela CVM) ou não, e as

bolsas de valores. Esse mercado tem como finalidade da liquidez aos títulos

emitidos no mercado primário.

Page 31: Apostila Mercado de Capitais - Final

31

Os Mercados de Bolsa e de Balcão

Bolsa de Valores

As bolsas de valores são associações civis, sem fins lucrativos e com funções de

interesse público. Seu patrimônio é representado por títulos que pertencem às

sociedades corretoras membros. As bolsas possuem autonomia financeira,

patrimonial e administrativa, sendo sua diretoria escolhida entre os membros das

corretoras. Estão, no Brasil, sujeitas à supervisão da CVM e obedecem as diretrizes

estabelecidas pelo CMN.

A negociação de títulos em bolsas (mercado secundário) é feita exclusivamente

pelas sociedades corretoras, tanto no pregão físico (viva voz) quanto no eletrônico.

As corretoras atuam como intermediárias especializadas prestando serviços como:

diretrizes para seleção de investimentos, intermediação de operações de câmbio,

assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures, renovação

do registro de capital entre outros.

Mercado Balcão

O mercado Balcão caracteriza-se por ser um mercado de titulo sem lugar físico

determinado para as transações, as quais são realizadas por telefone e/ou via

computadores entre as instituições financeiras. Nesses mercados são negociadas

ações de empresas não listadas na Bolsa de Valores, além de outras espécies de

títulos.

No Brasil, a Sociedade Operadora do Mercado de Ativos (SOMA) foi o primeiro

mercado de balcão organizado. O ambiente de negócio SOMA consiste num sistema

de negociação que interliga e fecha eletronicamente ordens de compra e venda das

instituições credenciadas no Brasil. Como diferencial conta com a atuação de

formadores de mercado, mais conhecidos como market makers.

Market makers - são instituições credenciadas que se responsabilizam por

promover a liquidez a um ou mais papeis negociados na SOMA. Para isto, eles são

obrigados a abrir, de forma contínua, ofertas de compra e venda de lotes mínimos

desses ativos a preços que devem obedecer a um percentual máximo pré-

Page 32: Apostila Mercado de Capitais - Final

32

estabelecido de diferença entre o preço de compra e o preço de venda (spread). Os

ativos negociados na SOMA são custodiados e liquidados na CBLC.

Principais Títulos do Mercado de Capitais

Títulos privados de renda variável

Ações

São títulos de renda variável, emitidos pelas companhias abertas, que representam

a menor fração de seu capital. O investidor em ações é um co-proprietário da

sociedade por ações da qual é acionista, participando dos seus resultados. As ações

são conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela negociação em bolsa de

valores ou no mercado balcão.

Tipo de ações:

� Ordinárias : proporcionam participação nos resultados da empresa e

conferem ao acionista o direito de voto em assembléias gerais.

� Preferenciais : tem prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso

de capital em caso de liquidação ou dissolução da sociedade. O número de

ações preferenciais sem direito a voto no mercado brasileiro não pode

ultrapassar a 2/3 do capital da empresa. As ações preferenciais sem direito a

voto adquirirão esta prerrogativa caso a companhia deixe de distribuir os

dividendos fixos mínimos a que fizerem jus durante o prazo de 3 exercícios

consecutivos.

Tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais, são sempre nominativas,

originando-se do fato da notação ON (ordinária nominativa) ou PN (preferenciais

nominativas) depois do nome da empresa.

As ações ainda podem ser divididas em:

� Blue chips ou de 1 linha: são ações de grande liquidez (grande quantidade de

negócios) e procura no mercado por parte dos investidores; em geral emitidas

por empresas tradicionais, de grande porte e com excelente reputação;

� De 2 linha: são ações menos líquidas, emitidas por empresas de boa

qualidade, em geral de grande e médio porte;

Page 33: Apostila Mercado de Capitais - Final

33

� De 3 linha: são ações com pouca liquidez, em geral emitidas por companhias

de médio e pequeno porte (porém, não necessariamente de menor

qualidade), cuja negociação se caracteriza pela decontinuidade.

Rentabilidade das ações

É variável. Parte dela é composta de dividendos ou participações nos resultados e

benefícios concedidos pela empresa, advindos apenas da posse da ação, outra

parte advêm de eventual ganho de capital da venda da ação.

� Dividendos : a participação nos resultados de uma sociedade é feita sob a

forma de distribuição de dividendos em dinheiro, em percentual a ser definido

pela empresa, de acordo com os seus resultados. Quando uma empresa

obtêm lucro, em geral, destina parte desse lucro para re-investimento, parte

para reservas e parte para pagamento de dividendos. A companhia aberta

deve distribuir, no mínimo 25% de seu lucro líquido ajustado como dividendo

do período.

� Juros sobre o capital próprio (JSCP) : as empresas, na distribuição de

resultados a seus acionistas, podem optar por remunera-los por meio do

pagamento de juros sobre o capital próprio, em vez de distribuição de

dividendos.

� Bonificações em ações : advém do aumento de capital de uma sociedade,

mediante a incorporação de reservas e lucros, quando são então distribuídas

gratuitamente novas ações a seus acionistas, em número proporcional às já

possuídas.

� Bonificações em dinheiro: excepcionalmente, além dos dividendos, uma

empresa poderá conceder a seus acionistas uma participação adicional nos

lucros, por meio de uma bonificação em dinheiro.

� Direitos de subscrição: é o direito de aquisição de novo lote de ações pelos

acionistas antigos - com preferência na subscrição – em quantidade

proporcional à possuídas.

Opções sobre ações

São direitos de compra ou de venda de um lote de ações, a um preço determinado

(preço de exercício), durante um prazo estabelecido (vencimento). Para se adquirir

Page 34: Apostila Mercado de Capitais - Final

34

uma opção, paga-se ao vendedor (que poderá ser a própria empresa emissora das

ações ou um investidor) um prêmio, cuja negociação é realizada em bolsa de

valores. A rentabilidade é dada em função da relação preço/prêmio, existente entre

os momentos de compra e venda das opções.

� Opções de compra : são aquelas que garantem a seu titular o direito de

comprar do lançador (o vendedor) um lote determinado de ações, ao preço de

exercício, a qualquer tempo até a data de vencimento da opção.

� Opções de venda : são aquelas que garantem a seu titular o direito de vender

ao lançador (vendedor da opção) um lote determinado de ações, ao preço de

exercício, na data de vencimento da opção.

Principais Títulos privados de renda fixa

Debêntures e debêntures conversíveis em ações

São títulos emitidos pelas sociedades por ações, representativos de parcela de

empréstimo contraído pela emissora com o investidor (chamado debenturista), a

médio e/ou longo prazos, garantidos pelo ativo da empresa.

Classificam-se:

� Quanto a conversibilidade em ações

o Conversíveis – podem ser convertidas em ações;

o Não Conversíveis – não podem ser convertidas em ações. Neste caso

os empréstimos são liquidados normalmente no prazo previsto.

� Quanto a garantia

o Com garantia real – debêntures garantidas por bens integrantes do

ativo da emissora ou de terceiros, sob a forma de penhor (garantia

representada por bens móveis da empresa ou de terceiros) e hipotecas

(garantia representada por bens imóveis).

o Com garantia flutuante – asseguram privilégio geral sobre os ativos da

emissora, em caso de falência desta. Os bens, entretanto, não ficam

vinculados à emissão, permitindo à emissora dispor deles sem prévia

autorização dos debenturistas.

Page 35: Apostila Mercado de Capitais - Final

35

A emissão de debêntures pode ser pública ou privada. A primeira é direcionada ao

público investidor em geral e deve ser feita por uma companhia aberta registrada na

CVM. A segunda é dirigida a um grupo restrito de investidores, não sendo requerido

o registro junto a CVM.

São características comuns das debêntures:

� Valor nominal: valor de face do título; representa a quantia em dinheiro que a

empresa toma emprestada e promete repagar na data do vencimento;

� Cupom: montante de juros pagos a cada semestre ou ano, expresso de forma

fixa como percentual do valor nominal (por exemplo 6%aa) ou taxas

flutuantes (baseado no rendimento do IGPM, TJLP, Selic, etc).

� Repactuação: datas nas quais as condições atuais dos títulos podem ser

alteradas a critério da emissora.

� Resgate antecipado: dá à emissora o direito (ao custo de juros mais elevados,

em geral) de recomprar os títulos de dívidas antes do vencimento, geralmente

pagamento prêmio sobre o valor nominal.

� Acordo de recompra: dá ao investidor o direito de revender o título à empresa

emissora;

� Fundo de amortização: de forma a garantir que o vencimento dos títulos

ocorrerá sem sobressaltos ou ameaça de dificuldades financeiras, a empresa

pode retirar do mercado pequenos lotes de títulos a cada ano.

� Cláusulas restritivas: estabelecem condições que visam proteger o investidor,

caso não cumpridas, podem deflagrar um evento de avaliação ou de

amortização (vencimento antecipado dos títulos a critério dos debenturistas).

Comercial papers ou Notas Promissórias

São títulos de emissão de sociedades por ações abertas, representativos de dívida

de curto prazo (mínimo de 30 e máximo de 360 dias). Em geral, são emitidos com

deságio e não prevêem pagamento de cupom.

Page 36: Apostila Mercado de Capitais - Final

36

Custos de capitação pelo mercado de capitais

A abertura de capital em bolsa (mercado primário) exige o cumprimento de uma

série de etapas (e a aceitação dos custos a elas associados). Tais etapas são:

1. análise preliminar sobre a conveniência da abertura;

2. escolha da auditoria independente;

3. escolha de intermediário financeiro (underwriter);

4. estudos técnicos para a definição do preço e volume da operação;

5. adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais;

6. contratos de coordenação e distribuição da emissão;

7. assembléia geral extraordinária deliberativa da operação e do período de

preferência;

8. processos de obtenção de registros na CVM;

9. processo de registro da empresa em bolsa de valores;

10. formação do pool de distribuição (conjunto de instituições financeiras que

auxiliará o coordenador no processo de distribuição dos títulos);

11. marketing para atingir investidores potenciais;

12. anúncio de início de distribuição pública;

13. subscrição dos novos títulos ou leilão na bolsa;

14. liquidação financeira (repasse dos recursos levantados à companhia

emissora);

15. anúncio de encerramento de distribuição pública;

16. manutenção da condição de companhia aberta;

17. política de distribuição de resultados.

Dessa forma constituem-se custos relacionados à abertura de capital:

Custos legais

� contratação de auditoria externa;

� taxa de fiscalização do registro de emissão e de manutenção de companhia

aberta na CVM;

� anuidade à bolsa;

� serviço de ações escriturais;

� registro de escritura de debêntures no cartório de registro de imóveis

(emissão de debêntures)

Page 37: Apostila Mercado de Capitais - Final

37

� honorários do agente fiduciário (emissão de debêntures)

Custos de divulgação

� custo de elaboração e publicação de demonstrações financeiras, prospectos

e anúncios de início e de encerramento de distribuição em jornais;

� financiamento de visitas à empresa emissora e apresentações aos

investidores;

� comissão de coordenação (em torno de 1,5% do montante emitido);

� comissão de garantia (se houver, em torno de 4% do montante emitido)

� comissão de colocação (em torno de 4,5% do montante emitido);

� estrutura da diretoria de relações com o mercado.

Existem ainda custos indiretos associados à abertura de capital, a saber:

underpricing (as ações ofertadas a um preço menor do que o preço de fechamento

no primeiro dia de negociações) e a perda de confidencialidade (informações

relevantes para a competitividade da empresa que devem ser divulgadas aos

investidores).

Page 38: Apostila Mercado de Capitais - Final

38

CAPITULO 5 – ANÁLISE TOP DOWN

A análise fundamentalista é uma importante instrumento utilizado para a análise de

investimento em ações. Esta análise utiliza os fundamentos econômico-financeiros

para determinação do valor da empresa.

Assim, conceitua-se análise fundamentalista como o estudo de toda a informação

disponível no mercado sobre determinada empresa, com a finalidade de obter seu

verdadeiro valor, e assim formular uma recomendação de investimento.

Objetivo Principal: avaliar o comportamento da empresa visando a determinação

do valor dela. Parte do princípio de que as ações tem valor intrínseco, que esta

associado com a performance da companhia emissora e com a situação geral da

economia.

Justificativa: é antecipar o comportamento futuro de uma determinada empresa no

mercado, ou seja, o preço de uma ação não reflete o verdadeiro valor da empresa,

mas sim uma tendência de que isso ocorra em um futuro próximo.

Para estimar o valor de uma ação em determinado instante, a análise

fundamentalista baseia-se em três pontos:

1. demonstrações financeiras passadas;

2. situação atual da economia e estimativas futuras de variáveis com influência

sobre o preço;

3. grau de confiança do investidor em relação ao grau de intervenção

governamental.

Pode ser ainda estimado o valor da empresa em função:

- do lucro esperado em exercícios futuros;

- dos investimentos realizados e à realizar;

- das fontes de financiamento utilizadas.

Outro importante conceito que se faz necessário para a compreensão da análise

fundamentalista é o de eficiência de mercado. Denomina-se mercado eficiente o

Page 39: Apostila Mercado de Capitais - Final

39

mercado em que seus preços reflitam toda informação relevante disponível e o

ajuste a nova informação seja instantâneo. Características deste mercado: ser

competitivos, transparentes, ter liquidez e ter um tamanho tal que se reduza os

custos de transação.

Etapas do trabalho do analista fundamentalista

1ª ETAPA: PESQUISA

- coleta de informações sobre a empresa;

- fontes de pesquisa:

- entrevista pessoal

- Leitura de:

Relatórios macroeconômicos;

Relatórios setoriais

Relatório da administração

Demonstrações contábeis publicadas

Informações em tempo real

Imprensa especializada

Publicações especiais.

- Base de dados

- Apresentações na bolsa de valores

2ª ETAPA: TRANSFORMAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM IDÉIA

- corresponde ao desenvolvimento propriamente dito da análise e nela será

demonstrado o conhecimento do tema.

3ª ETAPA: COMUNICAÇÃO DAS IDÉIAS

- transmitir de forma adequada ao demandante as informações.

Análise Top Down e Botton up

Page 40: Apostila Mercado de Capitais - Final

40

A análise fundamentalista, como outros métodos de análise, engloba distintos

enfoques e sistemas de utilização. O primeiro enfoque utilizado é a análise Top

Down (de cima para baixo) e em contraposição a ele a análise Botton Up.

Na análise Top Down os analistas crêem que o que movem as bolsas a longo prazo

são as principais variáveis macroeconômicas. Na Botton Up pensam que o que tem

de ser feito é analisar o comportamento e as perspectivas de cada empresa para

detectar quais oferecem melhor oportunidade de investimento. Ambos os enfoques

não são excludentes.

A análise top down é utilizada pelos analistas que partem de um contexto global,

para a formulação de uma conclusão sobre a empresa que ele deve recomendar.É

direcionada do estudo da macroeconomia ao estudo da micro economia.

Durante seu desenvolvimento, são realizadas análises da economia em geral, do

setor de atuação da empresa, e mais especificamente da empresa em si,

objetivando a determinação de oportunidades e ameaça no ambiente externo da

empresa.

Os passos básicos para a realização da análise top down estão descritos a seguir:

Análise Macroeconômica

Análise Setorial

Análise dos Fundamentos das Empresas

Análise macroeconômica

Fornece os parâmetros para a mensuração da atividade econômica geral de um

dado sistema econômico. A justificativa para a realização de uma análise

macroeconômica é que a bolsa de valores deve refletir de alguma forma o

desempenho da economia na qual ela está inserida.

Page 41: Apostila Mercado de Capitais - Final

41

O objetivo da macroeconomia é o estudo de um conjunto de variáveis

macroeconômicas cujas inter-relações presidem ao funcionamento do sistema

econômico.

Estrutura Básica de um modelo macroeconômico PARTE DA ECONOMIA MERCADOS VARIÁVEIS

Real

Bens e serviços

Nível de renda e produto nacional Nível de preços (inflação) Poupança agregada Investimentos agregados Exportações globais Inportações globais

Trabalho Nível de emprego Taxa de salários monetários

Monetária

Monetário Taxas de juros Estoque de moeda

Títulos Preço dos títulos Divisas Taxa de câmbio

É possível identificar alguns indicadores econômicos mais importantes, cuja

relevância afeta significativamente o comportamento do mercado de capitais, como,

por exemplo:

Impactos de variáveis econômicas VARIÁVEIS ECONÔMICAS IMPACTO NO MERCADO DE AÇÕES Crescimento do PIB Impacto positivo – é bom para o mercado Produção industrial Aumentos contínuos são um sinal de força, o

que é bom para o mercado Inflação Em detrimento dos preços das ações, a

inflação mais alta leva a taxas de juros mais altas e menores multiplicadores preço/lucro, e geralmente torna as ações menos atrativas.

Lucros empresariais Grandes lucros são bons para o mercado Desemprego Um depressor – um aumento do desemprego

significa que os negócios estão começando a desacelerar.

Resultado primário Superávits são bons para as taxas de juros e os preços das ações. Já os déficits podem causar inflação.

Taxa de juros Outro depressor – taxas crescentes tendem a ter efeito negativo no mercado de ações.

Oferta de moeda O crescimento moderado pode ter um impacto positivo na economia e no mercado. Mas o rápido crescimento é inflacionário e, portanto, prejudicial para o mercado de ações.

Page 42: Apostila Mercado de Capitais - Final

42

Taxa de cambio

A taxa de cambio, que é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda

estrangeira, nos permite calcular a relação de troca, ou seja, o preço relativo entre

diferentes moedas.

A taxa de cambio de uma economia depende de variáveis, como por exemplo

� Aumento nos preços dos produtos (inflação)

� Balança comercial

� Conta de capitais do balanço de pagamentos

Uma queda na taxa de cambio, ou seja, uma diminuição no poder de compra da

moeda local, induz a um aumento nas exportações da economia.

Taxas de juros

Taxa de juros é uma variável chave no comportamento bursátil, e isto por várias

razões. Expectativas de lucros que guiam decisões de investimento são

extremamente imprevisíveis. Se as taxas de juros caem, os investidores vão a bolsa

buscando maior rentabilidade, a demanda de ações sobe e com ela os preços das

ações.

Quando as taxas de juros da economia caem, os investidores buscam novas formas

de obter rentabilidade, migram para as aplicações de renda variável. Taxas de juros

baixas supõem menos custos financeiros para as empresas e maior consumo de

famílias e empresas.

Quando as taxas de juros da economia estão baixas, as pessoas tendem a consumir

mais e os custos financeiros das empresas passam a ser menores.Estes fatores

geram um aumento no potencial de ganho das empresas e reflete nas cotações de

suas ações que passaram a ter preço mais alto.

Page 43: Apostila Mercado de Capitais - Final

43

Todas as variáveis que influem nas taxas de juros devem ser consideradas pelo

analista: maior inflação provocará altas das taxas de juros; maior déficit público

provocará altas de taxas; uma taxa de cambio em queda pode provocar também

altas nas taxas de juros.

A estimativa das taxas de juros é uma das mais difíceis atribuições em

macroeconomia. De qualquer forma podemos utilizar como parâmetros os fatores

que determinam seu nível, como por exemplo:

- oferta de poupança interna;

- demanda por investimentos das empresas;

- oferta/demanda de recursos do governo;

- taxa esperada de inflação.

Crescimento Econômico

O crescimento econômico produz aumento nos lucros empresariais e, portanto, no

lucro por ação. Com o aumento no lucro por ação, os fluxos futuros de ganhos

proporcionados pela ação também serão maiores e os seus preços,

consequentemente, subirão.

Assim, o crescimento econômico é caracterizado pelo aumento da capacidade

produtiva de bens e serviços da economia, num determinado período de tempo.

Como exemplo de alguns fatores que determinam a sensibilidade dos lucros da

empresa para com crescimento econômico temos:

- sensibilidade nas vendas;

- alavancagem operacional;

- alavancagem financeira.

Inflação

Definimos inflação como sendo o aumento generalizado nos preços de uma

economia. Esse aumento pode ser obtido com a variação de uma cesta de produtos

Page 44: Apostila Mercado de Capitais - Final

44

que constituem o consumo médio de uma família. Com o aumento geral do nível de

preços, a inflação surge como uma variável macroeconômica que afeta diretamente

a situação financeira da empresa, devido ao grande excesso de circulação de

moeda no mercado, causando grande aumento do consumo e com conseqüência

aumento dos preços.

Os principais índices que medem a inflação no Brasil:

• Índice geral de preços do IBGE

• Índice geral de preços do mercado da FGV

• Índice de preços ao consumidor da FIPE

• Índice nacional de preços do consumidor (INPC) do IBGE

• Índice da Cesta Básica (Procon - Dieese)

A inflação afeta a bolsa de valores da seguinte forma:

- obriga as autoridades monetárias a reduzir a oferta monetária da economia e com

isso aumenta o preço do dinheiro (taxa de juros);

- dificulta o crescimento econômico em função do desestimulo à produção.

Conclui-se que a inflação ascendente gera queda na bolsa de valores, sendo que o

inverso estimula as negociações nesse mercado.