manual prático de direito do consumidor

26
2021 Cristiano Vieira Sobral Pinto Misael Montenegro Filho Manual Prático de Direito do Consumidor

Upload: others

Post on 03-Oct-2021

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Manual Prático de Direito do Consumidor

2021

Cristiano Vieira Sobral PintoMisael Montenegro Filho

Manual Prático de Direito do Consumidor

Page 2: Manual Prático de Direito do Consumidor

Parte I

1. UMA ABORDAGEM AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A nossa Constituição Federal de 1988 destaca em seu art. 5º, XXXII, que “o Estado irá promover, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Assim, é possível afirmar que não se trata de uma mera faculdade, mas de um dever de o Estado proteger o elo mais fraco na relação de consumo.

Ainda é possível encontrar uma determinação do constituinte no art. 48 do ADCT. Observe: “O Congresso Nacional, dentro de cento e vin-te dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do Consumidor”.

Não só nesses dispositivos está expressa a defesa do consumidor, como também pode ser observada nos arts. 24, VIII, 150, § 5º, e 170, V, da nossa lei maior.

A terminologia utilizada pela Lei n. 8.078/90 é perfeita, pois não se está diante de um código de consumo, mas sim de uma lei que tutela a proteção do consumidor.

Trata-se de uma lei que é um microssistema jurídico multidisciplinar. O que isso significa? Significa a máxima proteção desse vulnerável, que é transparecida por meio de tutelas específicas, como nos ramos civil (arts. 8º a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e, ainda, 105 e 106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104).

O art. 1º do CDC dispõe: “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos

Page 3: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho20

termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias” (grifos nossos).

O que é uma norma de ordem pública? Consiste em uma norma co-gente, de observância obrigatória. O CDC é uma norma de ordem públi-ca! Veja decisão:

Recurso especial (art. 105, III, “a”, da CRFB). Demanda ressarcitória de se-guro. Segurado vítima de crime de extorsão (CP, art. 158). Aresto estadual reconhecendo a cobertura securitária. Irresignação da seguradora. 1. Viola-ção do art. 535 do CPC1 inocorrente. Acórdão local devidamente funda-mentado, tendo enfrentado todos os aspectos fático-jurídicos essenciais à resolução da controvérsia. Desnecessidade de a autoridade judiciária enfrentar todas as alegações veiculadas pelas partes, quando invocada motivação suficiente ao bom desate da lide. Não há vício que possa nuli-ficar o acórdão recorrido ou ensejar negativa de prestação jurisdicional, mormente na espécie em que a recorrente sequer especificou quais te-mas deixaram de ser apreciados pela Corte de origem. 2. A redefinição do enquadramento jurídico dos fatos expressamente mencionados no acórdão hostilizado constitui mera revaloração da prova. A excepcional superação das Súmulas 5 e 7 desta Corte justifica-se em casos particula-res, sobretudo quando, num juízo sumário, for possível vislumbrar primo icto oculi que a tese articulada no apelo nobre não retrata rediscussão de fato e nem interpretação de cláusulas contratuais, senão somente da qualificação jurídica dos fatos já apurados e dos efeitos decorrentes de avença securitária, à luz de institutos jurídicos próprios a que se reportou a cláusula que regula os riscos acobertados pela avença. 3. Mérito. Viola-ção ao art. 757 do CC. Cobertura securitária. Predeterminação de riscos. Cláusula contratual remissiva a conceitos de direito penal (furto e roubo). Segurado vítima de extorsão. Tênue distinção entre o delito do art. 157 do CP e o tipo do art. 158 do mesmo Codex. Critério do entendimento do homem médio. Relação contratual submetida às normas do Código de Defesa do Consumidor. Dever de cobertura caracterizado. 4. Firmada pela Corte a quo a natureza consumerista da relação jurídica estabelecida entre as partes, forçosa sua submissão aos preceitos de ordem pública da Lei n. 8.078/90, a qual elegeu como premissas hermenêuticas a interpre-tação mais favorável ao consumidor (art. 47), a nulidade de cláusulas que atenuem a responsabilidade do fornecedor, ou redundem em renúncia ou disposição de direitos pelo consumidor (art. 51, I), ou desvirtuem direitos fundamentais inerentes à natureza do contrato (art. 51, § 1º, II). 5. Embora a aleatoriedade constitua característica elementar do contrato de seguro,

1. Correspondente ao art. 1.022 do CPC.

Page 4: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 21

é mister a previsão de quais os interesses sujeitos a eventos confiados ao acaso estão protegidos, cujo implemento, uma vez verificado, impõe o dever de cobertura pela seguradora. Daí a imprescindibilidade de se ter muito bem definidas as balizas contratuais, cuja formação, segundo o art. 765 do Código Civil, deve observar o princípio da “estrita boa-fé” e da “veracidade”, seja na conclusão ou na execução do contrato, bem assim quanto ao “objeto” e as “circunstâncias e declarações a ele concernentes”. 6. As cláusulas contratuais, uma vez delimitadas, não escapam da inter-pretação daquele que ocupa a outra extremidade da relação jurídica, a saber, o consumidor, especialmente em face de manifestações volitivas materializadas em disposições dúbias, lacunosas, omissas ou que com-portem vários sentidos. 7. A mera remissão a conceitos e artigos do Có-digo Penal contida em cláusula de contrato de seguro não se compatibi-liza com a exigência do art. 54, § 4º, do CDC, uma vez que materializa informação insuficiente, que escapa à compreensão do homem médio, incapaz de distinguir entre o crime de roubo e o delito de extorsão, dada sua aproximação topográfica, conceitual e da forma probatória. Dever de cobertura caracterizado. 8. Recurso especial conhecido e desprovido (REsp 1.106.827/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 16-10-2012, DJe de 23-10-2012).

Por ser uma norma de ordem pública, o magistrado deveria ter o po-der de apreciar qualquer cláusula abusiva em um contrato de consumo de ofício, mas não é esse o posicionamento do STJ. Examine:

Agravo regimental no Recurso Especial. Afastamento de ofício de cláusulas abusivas. Impossibilidade. Cobrança do coeficiente de equiparação salarial. Possibilidade desde que pactuado. Agravo regimental a que se nega pro-vimento. 1. Encontra-se consolidado no Superior Tribunal de Justiça o entendimento acerca da impossibilidade de revisão de ofício de cláusulas consideradas abusivas em contratos que regulem relação de consumo. 2. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a cobrança do Coefi-ciente de Equiparação Salarial – CES é legal, mesmo antes do advento da Lei n. 8.692/93, desde que previsto contratualmente. 3. Agravo regimen-tal a que se nega provimento (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 957.158/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 21-8-2012, DJe de 29-8-2012).

Tal entendimento fica ainda mais forte diante da leitura da Súmula 381 do STJ que informa:

Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.

Page 5: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho22

Segue julgado confirmando o texto:

Agravo interno no agravo em recurso especial – Ação declaratória c/c pedi-do condenatório – Decisão monocrática que negou provimento ao reclamo. Irresignação da parte autora.1. Eventual vício na decisão monocrática que julga o recurso com base no art. 932 do NCPC é superado pelo exame colegiado da pretensão.2. Não se verifica violação aos arts. 128 e 460 do CPC/73, quando o Tri-bunal local pronuncia-se de forma fundamentada, clara e coerente sobre as questões postas para análise, ainda que contrariamente aos interesses da parte recorrente. Precedentes.3. Sem pedido expresso da parte autora, configura julgamento extra peti-ta a declaração de nulidade de cláusulas de contrato bancário.4. Agravo interno desprovido.Trecho do acórdão: “[...] a tese firmada na Súmula 381/STJ, vedando--se a declaração de nulidade de cláusulas de mútuo bancário sem pedido das partes, está consolidada na Segunda Seção desta Corte Superior [...]”. (Agint no Aresp 442.974/PR, rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 01-06-2020, DJe 10-06-2020)

A Súmula citada está de acordo com o art. 1º do CDC? Entende-se que esta é um verdadeiro contrassenso jurídico. Viola totalmente o que fora salientado no artigo da lei consumerista. O respeitável magistrado Gerivaldo Neiva faz as seguintes ponderações:

Ora, da forma em que foi editada a Súmula, quando o STJ diz que o Juiz não pode conhecer de ofício de tais cláusulas, por outras vias, está que-rendo dizer que os bancos podem inserir cláusulas abusivas nos contra-tos, mas o Juiz simplesmente não pode conhecê-las de ofício. Banco man-da, Juiz obedece!Conforme o jargão de uma comediante da televisão: Cláusula abusiva? “Pooooooode!!” Nesta lógica absurda, considerando que as cláusulas abusivas são sempre favoráveis aos bancos e desfavoráveis ao cliente, o STJ quer que os juízes sejam benevolentes com os bancos e indiferentes com seus clientes. Devem se omitir, mesmo sabendo que esta omissão será favorável ao banco, e não podem agir, mesmo sabendo que sua ação poderá corrigir uma ilegalidade2.

2. Disponível em: <http://www.bahianoticias.com.br/justica/artigo/3-reflexoes-sobre-a-sumu-la-381-do-stj.html>.

Page 6: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 23

Desse modo, descreve o art. 1º da legislação consumerista que norma de interesse social é aquela que visa à proteção de interesses individuais relativos à dignidade da pessoa humana e interesses metaindividuais, ou seja, da coletividade. Prolata o Tribunal da cidadania:

Direito do consumidor. Administrativo. Normas de proteção e defesa do consumidor. Ordem pública e interesse social. Princípio da vulnerabilidade do consumidor. Princípio da transparência. Princípio da boa-fé objetiva. Princípio da confiança. Obrigação de segurança. Direito à informação. Dever positivo do fornecedor de informar, adequada e claramente, sobre riscos de produtos e serviços. Distinção entre informação-conteúdo e in-formação-advertência. Rotulagem. Proteção de consumidores hipervul-neráveis. Campo de aplicação da lei do glúten (Lei n. 8.543/92 ab-rogada pela Lei n. 10.674/2003) e eventual antinomia com o art. 31 do Código de Defesa do Consumidor. Mandado de segurança preventivo. Justo receio da impetrante de ofensa à sua livre-iniciativa e à comercialização de seus produtos. Sanções administrativas por deixar de advertir sobre os riscos do glúten aos doentes celíacos. Inexistência de direito líquido e certo. De-negação da segurança (REsp 586.316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 17-4-2007, DJe de 19-3-2009).

Dica!Diante do exposto, fica clara a relação entre a Constituição Federal e o Código de Defesa do Consumidor. Por ter sido incluída a defesa do consumidor no art. 5º, XXXII, no rol dos direitos fundamentais, pode ser sustentado o chamado fenômeno da constitucionalização do direito privado. Dessa maneira, é possível aplicar os preceitos constitucionais nas rela-ções privadas, a chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Um dos maiores exemplos é a aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana nas relações de con-sumo. Também merece destaque o texto da Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.

2. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

Fica estabelecida a relação de consumo com a presença dos elementos subjetivos e objetivos. Os elementos subjetivos dividem-se em duas par-tes: consumidor e fornecedor. Já os objetivos, referem-se à prestação em si, isto é, o produto e o serviço.

2.1. Quem é o consumidor?

A lei transparece o assunto no art. 2º, perceba:

Page 7: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho24

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Esse é o tipo de consumidor intitulado standard, stricto sensu ou padrão.

O que significa ser um destinatário final? Encontra-se agora um dos pontos mais discutidos na doutrina e na jurisprudência. Uma primeira corrente sustenta que o consumidor é o destinatário final fático, isto é, uma pessoa que adquire o produto ou utiliza o serviço, sem que se releve se eles serão utilizados no desenvolvimento de uma atividade econômi-ca ou não. Em síntese, não é relevante se o consumidor fará uso parti-cular ou profissional do bem. Tal corrente é minoritária e chamada de maximalista ou objetiva. A segunda corrente defende que o conceito de destinatário final significa que o consumidor valer-se-á do produto ou serviço para fins pessoais. Essa corrente, adotada por nossos tribunais, é intitulada finalista ou subjetiva.

Vejamos alguns acórdãos que abordam, respectivamente, as teorias maxilimalista e finalista:

Processo civil. Conflito de competência. Contrato. Foro de eleição. Rela-ção de consumo. Contratação de serviço de crédito por sociedade empre-sária. Destinação final caracterizada.- Aquele que exerce empresa assume a condição de consumidor dos bens e serviços que adquire ou utiliza como destinatário final, isto é, quando o bem ou serviço, ainda que venha a compor o estabelecimento empresarial, não integre diretamente – por meio de transformação, montagem, bene-ficiamento ou revenda – o produto ou serviço que venha a ser ofertado a terceiros.- O empresário ou sociedade empresária que tenha por atividade precípua a distribuição, no atacado ou no varejo, de medicamentos, deve ser conside-rado destinatário final do serviço de pagamento por meio de cartão de cré-dito, porquanto esta atividade não integra, diretamente, o produto objeto de sua empresa. (CC 41.056/SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, rel. p/ acórdão Ministra nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 23-06-2004, DJ 20-09-2004, p. 181) (grifos nossos)Conflito positivo de competência. Medida cautelar de arresto de grãos de soja proposta no foro de eleição contratual. Expedição de carta precató-ria. Conflito suscitado pelo juízo deprecado, ao entendimento de que tal cláusula seria nula, porquanto existente relação de consumo. Contrato firmado entre empresa de insumos e grande produtor rural. Ausência de

Page 8: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 25

prejuízos à defesa pela manutenção do foro de eleição. Não configuração de relação de consumo.

- A jurisprudência atual do STJ reconhece a existência de relação de consu-mo apenas quando ocorre destinação final do produto ou serviço, e não na hipótese em que estes são alocados na prática de outra atividade produtiva.

- A jurisprudência do STJ entende, ainda, que deve prevalecer o foro de elei-ção quando verificado o expressivo porte financeiro ou econômico da pessoa tida por consumidora ou do contrato celebrado entre as partes. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 33ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo – SP, suscitado, devendo o juízo suscitante cumprir a carta precatória por aquele expedida. (CC 64.524/MT, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 27-09-2006, DJ 09-10-2006, p. 256) (grifos nossos)

Dica!Em certos casos, o STJ busca abrandar o critério subjetivo aplicado pela lei desde que presente a vulnerabilidade, que é a principal característica do consumidor. Ocorre desse modo a denominada Teoria Finalista Aprofundada. Confira o teor do julgado:

Direito do consumidor. Consumo intermediário. Vulnerabilidade. Finalismo aprofundado. Não ostenta a qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que não é destinatária fática ou econômica do bem ou serviço, salvo se caracterizada a sua vulnerabilidade frente ao for-necedor. A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera des-tinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção do CDC o consumo inter-mediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pelo CDC, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mer-cado de consumo. Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de con-sumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando “finalismo aprofundado”. Assim, tem se admitido que, em determinadas hi-póteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço possa ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao con-sumidor. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulne-rabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisó-rio de compra). Além disso, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade

Page 9: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho208

prazo decadencial para o ajuizamento da ação é o previsto no art. 26, I, da Lei n. 8.078/90. Tratando-se de vício oculto, porquanto na aquisição das sementes, ele não era detectável, a contagem do prazo iniciou-se no momento em que aquele se tornou evidente para o consumidor, nos ter-mos do art. 26, § 3º, da Lei n. 8.078/90. Logo, o prazo já havia se escoa-do, há nove meses, quando da propositura da presente ação. Ademais, o prazo prescricional estabelecido no art. 27 do mesmo diploma legal so-mente se refere à responsabilidade pelo fato do produto (defeito relativo à falha na segurança), em caso de pretensão à reparação de danos. 4. Precedentes (REsp 114.473/RJ, 258.643/RR). 5. Recurso não conhecido (REsp 442.368/MT, Rel. Min. Jorge Scartezzini, Quarta Turma, julgado em 5-10-2004, DJ de 14-2-2005, p. 208).

12.3. Cláusulas abusivas

O rol do art. 51 do CDC é exemplificativo, ou seja, numerus apertus. Serão declaradas nulas de pleno direito as cláusulas que contrariem as normas estabelecidas na lei de proteção ao consumidor. Nesse sentido, por tratar o CDC de norma de ordem pública, qualquer cláusula que con-trariá-lo poderá ser decretada de ofício pelo magistrado, porém não é esse o entendimento do STJ, conforme analisado no início desta obra.

Adiante será abordada uma lista proposta pela lei.

12.3.1. Da cláusula de não indenizar

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do forne-cedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impli-quem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis.

Desse ponto de vista, qualquer cláusula inserida em um contrato de consumo será considerada nula de pleno direito. Em reforço ao exposto, atente-se para o art. 25 da lei de proteção ao consumidor:

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

Page 10: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 209

Vale ressaltar a importante súmula do STJ que faz cair por terra os dizeres clássicos dos estacionamentos de shoppings:

Súmula 130. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.

A Atenção!

No REsp 1431606/SP, ficou decidido que em casos de roubo, a juris-prudência do STJ tem admitido a interpretação extensiva da Súmula nº 130/STJ para entender configurado o dever de indenizar de estabeleci-mentos comerciais quando o crime for praticado no estacionamento de empresas destinadas à exploração econômica direta da referida atividade (hipótese em que configurado fortuito interno) ou quando esta for explo-rada de forma indireta por grandes shopping centers ou redes de hiper-mercados (hipótese em que o dever de reparar resulta da frustração de legítima expectativa de segurança do consumidor). A prática do crime de roubo, com emprego inclusive de arma de fogo, de cliente de lanchonete fast-food, ocorrido no estacionamento externo e gratuito por ela ofere-cido, constitui verdadeira hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior) que afasta do estabelecimento comercial proprietário da mencio-nada área o dever de indenizar (art. 393 do Código Civil).

Vejamos o julgado:

Ação indenizatória. Roubo de motocicleta. Emprego de arma de fogo. Área externa de lanchonete. Estacionamento gratuito. Fortuito externo. Súmula n. 130/STJ. Inaplicabilidade.

A incidência do disposto na Súmula 130/STJ não alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonete, praticado mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e gra-tuito oferecido pelo estabelecimento comercial.

A matéria devolvida ao conhecimento do STJ se limita a definir se há res-ponsabilidade de lanchonete por roubo de motocicleta ocorrido nas de-pendências do estacionamento mantido pelo estabelecimento, quando o consumidor retornava a seu veículo após a refeição. Sobre o tema, cum-pre salientar que, a teor da Súmula 130/STJ “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacio-namento”. Ocorre, porém, que o caso em apreço não se amolda à orientação expressada no aludido enunciado sumular, porquanto não se trata aqui de simples subtração (furto) ou avaria (dano) da motocicleta pertencente ao

Page 11: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho210

autor, mas da subtração desta mediante grave ameaça dirigida por terceiros contra sua pessoa, ou seja, verificou-se a ocorrência do crime de roubo, que foi praticado, inclusive, com emprego de arma de fogo, o que evidencia ainda mais a inevitabilidade do resultado danoso. Como consabido, o art. 393 do Código Civil de 2002 elenca a força maior e o caso fortuito como causas excludentes do nexo causal e, por consequência, da própria respon-sabilidade civil. O parágrafo único do mencionado dispositivo, por sua vez, dispõe que ambos se configuram na hipótese de fato necessário, cujos efei-tos se revelem impossíveis de evitar ou impedir. A ideia que subjaz é, por isso mesmo, a de que o “agente” não deve responder pelos danos causados na hipótese em que não lhe era possível antever e, sobretudo, impedir o acontecimento. Destaca-se também que não se pode comparar a situação em apreço com a de estacionamentos privados destinados à exploração di-reta de tal atividade ou a daqueles indiretamente explorados por grandes shopping centers e redes de hipermercados. Nesse aspecto, cumpre observar que, no primeiro caso – relativo a demandas indenizatórias promovidas em desfavor de empresas voltadas especificamente à exploração do serviço de estacionamento –, esta Corte Superior tem afastado a alegação defensiva de ocorrência de força maior por considerar configurado fortuito interno, haja vista serem inerentes à atividade comercial explorada, nessa hipótese, os riscos oriundos de seus deveres de guarda e segurança que constituem, em verdade, a própria essência do serviço oferecido e pelo qual demanda contraprestação. No segundo caso – em que figuram no polo passivo de demandas análogas hipermercados ou shopping centers –, a responsabilida-de tem sido reconhecida pela aplicação da teoria do risco (risco-proveito) conjugada com o fato de se vislumbrar, em situações tais, a frustração de legítima expectativa do consumidor, que termina sendo levado a crer, pe-las características do serviço agregado (de estacionamento) oferecido pelo fornecedor, estar frequentando ambiente completamente seguro. No caso concreto, nenhuma dessas circunstâncias se faz presente. Afinal, pelo que se pode facilmente colher dos autos, o autor foi vítima de assalto na área de estacionamento aberto, gratuito, desprovido de controle de acesso, cercas ou de qualquer aparato que o valha, circunstâncias que evidenciam que nem sequer se poderia afirmar ser a lanchonete responsável por eventual expectativa de segurança criada pelo consumidor. REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cue-va, por maioria, julgado em 15/08/2017, DJe 13/10/2017.

A Importante!

“O estabelecimento de uma tarifa mínima para a utilização do esta-cionamento do shopping center, ainda que o consumidor não venha a usar a totalidade do tempo ali abrangido – pratica comercial largamente

Page 12: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 211

utilizada pelo segmento em exame – não encerra pratica comercial abu-siva. [...] O empreendedor, levando-se em consideração uma serie de fa-tores atinentes a sua atividade, pode eleger um valor mínimo que repute adequado para remunerar o serviço colocado a disposição do publico, a fim de remunerar um custo inicial mínimo, cabendo ao consumidor, in-discutivelmente ciente do critério proposto, a faculdade de utilizar ou não o serviço de estacionamento do shopping center, inexistindo imposição ou condicionamento da aquisição do serviço a limites quantitativos sem justa causa”. (REsp 1855136/SE, Rel. Ministro MARCO AURELIO BEL-LIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2020, DJe 18/12/2020)

12.3.2. Impedimento de reembolso

Art. 51. [...]II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste Código.

Imagine que o consumidor venha a comprar algum produto pela inter-net e exerça o seu arrependimento. Caso a fornecedora do produto esta-beleça o impedimento do reembolso, a cláusula será nula de pleno direito.

A Importante!

Plano de saúde. Despesas médico-hospitalares realizadas fora da rede cre-denciada. Reembolso. Restrição a situações excepcionais. Inexistência ou insuficiência de estabelecimento ou profissional credenciado no local. Ur-gência ou emergência do procedimento. Art. 12, VI da Lei n. 9.656/1998. O reembolso das despesas médico-hospitalaes efetuadas pelo beneficiário com tratamento/atendimento de saúde fora da rede credenciada pode ser admitido somente em hipóteses excepcionais, tais como a inexistência ou insuficiência de estabelecimento ou profissional credenciado no local e ur-gência ou emergência do procedimento.A Segunda Seção, em apreciação aos embargos de divergência, pacificou o entendimento que encontrava dissonância no âmbito do Tribunal com relação ao reembolso das despesas efetuadas pelo usuário do plano de saúde fora da rede conveniada.À vista disso, constata-se que o acórdão embargado, proferido pela Quar-ta Turma do STJ reformou o acórdão estadual sob o fundamento de que a jurisprudência desta Corte Superior entende que o reembolso das des-pesas efetuadas pelo usuário do plano de saúde fora da rede conveniada somente é admitido em casos excepcionais, conforme prevê o art. 12, VI, da Lei n. 9.656/1998.

Page 13: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho212

Por sua vez, os acórdãos paradigmas, proferidos pela Terceira Turma do STJ, entenderam que a exegese do artigo supracitado deve ser extensiva, em homenagem aos princípios da boa-fé e da proteção da confiança nas relações privadas.Importante deixar assente que o contrato de plano de assistência à saúde, por definição, tem por objeto propiciar, mediante o pagamento de um preço (consistente em prestações antecipadas e periódicas), a cobertura de custos de tratamento médico e atendimentos médico, hospitalar e la-boratorial perante profissionais, rede de hospitais e laboratórios próprios ou credenciados.Dessa forma, a estipulação contratual que vincula a cobertura contrata-da aos médicos e hospitais de sua rede ou conveniados é inerente a esta espécie contratual e, como tal, não encerra, em si, nenhuma abusividade.Não obstante, excepcionalmente, nos casos de urgência e emergência, em que não se afigurar possível a utilização dos serviços médicos próprios, credenciados ou conveniados, a empresa de plano de saúde, mediante reembolso, responsabiliza-se pelas despesas médicas expendidas pelo contratante em tais condições, limitada, no mínimo, aos preços de servi-ços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo produto.Trata-se, pois, de garantia legal mínima conferida ao contratante de plano de assistência à saúde, a ser observada, inclusive, no denominado pla-no-referência, de cobertura básica, de modo que não se pode falar em ofensa ao princípio da proteção da confiança nas relações privadas, já que os beneficiários do plano estarão sempre amparados, seja pela rede credenciada, seja por outros serviços de saúde quando aquela se mostrar insuficiente ou se tratar de situação de urgência. EAREsp 1.459.849-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por maioria, julgado em 14/10/2020, DJe 17/12/2020. (Inf. n. 684).

Plano de saúde ou seguro saúde. Reembolso de despesas médico-hospitalares previstas em cláusula contratual. Prazo prescricional decenal. É decenal o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de des-pesas médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora.

Inicialmente, ressalta-se que, consoante a jurisprudência do STJ, não in-cide a prescrição ânua própria das relações securitárias nas demandas em que se discutem direitos oriundos de planos de saúde ou de seguros saúde, dada a natureza sui generis desses contratos.A presente pretensão reparatória também não se confunde com aque-la voltada à repetição do indébito decorrente da declaração de nulidade de cláusula contratual (estipuladora de reajuste por faixa etária), que foi debatida pela Segunda Seção, por ocasião do julgamento dos Recursos

Page 14: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE I 213

Especiais 1.361.182/RS e 1.360.969/RS, que observaram o rito dos repeti-tivos. Destaca-se que a ratio decidendi dos recursos especiais citados teve como parâmetros: (a) a revisão de cláusula contratual de plano ou de se-guro de assistência à saúde tida por abusiva, com a repetição do indébito dos valores pagos (fatos relevantes da causa); e (b) a consequência lógica do reconhecimento do caráter ilegal ou abusivo do contrato é a perda da causa que legitimava o seu pagamento, dando ensejo ao enriquecimen-to sem causa e direito à restituição dos valores pagos indevidamente, e, como resultado, atrai a incidência do prazo prescricional trienal previsto no art. 206, § 3º, IV, do Código Civil de 2002 (motivos jurídicos determi-nantes que conduziram à conclusão).Assim, em havendo pontos de fato e de direito que diferenciam o presente caso da hipótese de incidência delineada nos recursos piloto, não há fa-lar em tipificação do comando normativo posto, devendo-se afastar, por conseguinte, o prazo trienal com fundamento no enriquecimento sem causa.De outro lado, revela-se evidente que a hipótese dos autos encontra-se mesmo compreendida pela exegese adotada pela Segunda Seção e na Corte Especial, quando dos julgamentos dos EREsp 1.280.825/RJ e EResp 1.281.594/SP respectivamente, no sentido de que, nas controvérsias rela-cionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (art. 205 do Código Civil de 2002) que prevê dez anos de prazo prescricional.Assim, diante da inexistência de norma prescricional específica que abranja o exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-hos-pitalares supostamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (que não se confunde com a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa), deve incidir a regra da prescrição decenal estabelecida no art. 205 do Código Civil de 2002. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 11/03/2020, DJe 03/06/2020. (Inf. n. 673)

A Atenção!

COVID-19: Observe a Lei n. 14.034/2020 que dispõe sobre medidas emergenciais para a aviação civil brasileira em razão da pandemia da Co-vid-19 e trata do direito ao reembolso:

[...] Art. 3º O reembolso do valor da passagem aérea devido ao consumi-dor por cancelamento de voo no período compreendido entre 19 de mar-ço de 2020 e 31 de dezembro de 2021 será realizado pelo transportador no prazo de 12 (doze) meses, contado da data do voo cancelado, observadas a atualização monetária calculada com base no INPC e, quando cabível, a

Page 15: Manual Prático de Direito do Consumidor

Parte II

QUESTÕES PROCESSUAIS RELACIONADAS À PRÁTICA NO DIREITO DO CONSUMIDOR

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Na Parte 1, o Professor Cristiano Sobral fez uma ampla abordagem sobre as questões relacionadas ao direito material, aplicáveis às ações fundadas nas relações de consumo, esgotando o assunto. Com a intenção de aliar a teoria à prática, analiso as questões processuais que envolvem as mesmas ações, iniciando pelo exame da sua dinâmica, pelo rito co-mum e pelo rito sumaríssimo, do primeiro ao último ato, passando pelo estudo dos principais atos processuais, finalizando com a apresentação de petições comentadas.

Page 16: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho250

1. DINÂMICA DAS AÇÕES DE RITO COMUM QUE VERSAM SOBRE RELAÇÃO DE CONSUMO

Petição inicial54

Determinação de emenda da petição inicial55, indeferimento56, julgamento liminar do pedido57 ou designação da audiência de conciliação ou da sessão

de mediação58

Emenda da petição inicial59, interposição do recurso de apelação60 ou

realização da audiência de conciliação ou da sessão de mediação

Apresentação da defesa61

54. Que deve preencher os requisitos relacionados no art. 319 do CPC, além de requisitos espe-cíficos, como o dano, o ato do agente e o nexo de causalidade, nas ações de indenização por perdas e danos.

55. Quando o magistrado constatar a existência de vício sanável, e que, por isso, pode ser eli-minado. O pronunciamento em que o magistrado determina que o autor emende a petição inicial não está inserido na relação constante do art. 1.015 da lei processual, e por isso, não pode ser atacado pelo recurso de agravo de instrumento. A emenda da petição inicial deve ser providenciada pelo autor no prazo de 15 (quinze) dias uteis.

56. Com fundamento no art. 330 do CPC, quando o magistrado constatar a existência de vício insanável, como a ilegitimidade da parte, a ausência do interesse de agir, ou quando verificar que o autor formulou pedido indeterminado, o que é vedado pelo inciso II do § 1º do mesmo dispositivo, ressalvadas as hipóteses em que é permitida a formulação de pedido genérico.

57. Com fundamento no art. 332 do CPC, o que não é frequente nas ações fundadas nas relações de consumo.

58. Se o autor manifestar interesse pela autocomposição, na petição inicial (inciso VII do art. 319 do CPC).

59. No prazo legal de 15 (quinze) dias uteis.60. No prazo legal de 15 (quinze) dias uteis. 61. Sob a forma da contestação, no prazo legal de 15 (quinze) dias uteis, contado em dobro, se a

ação for proposta contra pessoa jurídica de direito público (art. 183/CPC), contra réu represen-tado pela defensoria pública (art. 186/CPC) ou contra réus (litisconsórcio passivo) representa-dos por diferentes procuradores, que integrem escritórios de advocacia igualmente distintos, e desde que o processo tenha curso em autos físicos, o que não é a regra (art. 229/CPC). Além de contestar, o réu pode opor reconvenção, na própria contestação (art. 343/CPC), contra o autor e contra terceiro (§ 3º do mesmo dispositivo), como na situação em que, mesmo sendo culpado por acidente de trânsito, o autor propõe ação contra o proprietário do outro veículo envolvido na colisão, que contesta a demanda e opõe reconvenção contra o autor e a seguradora.

Page 17: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE II 251

Réplica62

Saneamento do processo63

Julgamento antecipado do mérito ou do pedido (expressões sinônimas, do

ponto de vista processual)64 ou designação de dia e hora para a realização da audiência de instrução e julgamento

Produção de provas

Razões finais65

Sentença

Embargos de declaração66

Julgamento dos embargos de declaração67

62. No prazo legal de 15 (quinze) dias uteis (art. 351/CPC), em cuja petição o autor se manifesta sobre preliminares arguidas pelo réu e/ou sobre documentos que instruíram a contestação.

63. Com fundamento no art. 357 do CPC.64. Com fundamento no art. 355 do CPC, quando o réu for revel ou quando o magistrado enten-

der que as provas constantes dos autos são suficientes para a formação do seu convencimento, não havendo necessidade da produção de outras provas.

65. Que devem ser apresentadas por escrito ou oralmente, a depender da complexidade da causa.66. Com fundamento no art. 1.022 do CPC, quando a parte entender que o pronunciamento é

omisso, obscuro e/ou contraditório, ou que apresenta erro material. O recurso de embargos de declaração deve ser apresentado no prazo de 5 (cinco) dias uteis, e interrompe o prazo para a interposição da apelação, em favor de ambas as partes.

67. Independentemente da intimação da outra parte para impugnar o recurso, exceto quando for interposto com pretensão modificativa ou infringente.

Page 18: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho252

Interposição da apelação68

Apresentação das contrarrazões69

Encaminhamento dos autos ao Tribunal70

Negativa de seguimento da apelação71, julgamento monocrático72 ou designação de dia e hora para a realização da sessão de julgamento73

Interposição do recurso de agravo interno ou sessão de julgamento

Interposição do recurso de embargos de declaração74

Julgamento do recurso de embargos de declaração

Interposição do recurso extraordinário e/ou do recurso especial75

68. No prazo legal de 15 (quinze) dias uteis, exceto quando o apelante for beneficiado pela regra da contagem dos prazos em dobro.

69. No prazo legal de 15 (quinze) dias uteis.70. Independentemente da realização de juízo de admissibilidade pelo juiz (§ 3º do art. 1.010/CPC).71. Por decisão monocrática do relator, com fundamento no inciso III do art. 932 do CPC, que

pode ser atacada pelo recurso de agravo interno, no prazo legal de 15 (quinze) dias uteis.72. Pelo relator, com fundamento no inciso IV ou no inciso V do art. 932 do CPC, pronunciamento

que pode ser atacado pelo recurso de agravo interno, no prazo legal de 15 (quinze) dias uteis.73. Que deve ser antecedida da publicação da pauta, no mínimo 5 (cinco) dias antes da sessão de

julgamento.74. No prazo legal de 5 (cinco) dias uteis, sobretudo para prequestionar a matéria, preparando

a interposição do recurso especial e/ou do recurso extraordinário, evitando a aplicação da Súmula 282 do STF.

75. No prazo geral de 15 (quinze) dias uteis, com fundamento no inciso III do art. 102 e/ou no inciso III do art. 105 da CF. Como esses recursos não são dotados do efeito suspensivo, a partir desse momento, o vencedor pode requerer a instauração da execução provisória, com fundamento no art. 520 da lei processual.

Page 19: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE II 253

2. DINÂMICA DAS AÇÕES DE RITO SUMARÍSSIMO QUE VERSAM SOBRE RELAÇÃO DE CONSUMO

Apresentação da queixa76

Designação de audiência una ou da audiência de tentativa de conciliação

Realização de acordo, apresentação da defesa77, manifestação do autor78,

produção de provas

Sentença

Interposição do recurso de embargos de declaração79

ou do recurso inominado80

Apresentação de impugnação ou de contrarrazões pelo vencedor

Encaminhamento dos autos ao Colégio Recursal

Julgamento do recurso inominado

76. Que, quando apresentada por escrito, não exige o preenchimento dos requisitos relacionados no art. 319 do CPC, limitando-se a conter o nome, a qualificação e o endereço das partes, os fatos e os fundamentos, de forma sucinta, e o objeto e seu valor (incisos I, II e III do § 1º do art. 14 da Lei 9.099/95).

77. Que pode ser escrita ou oral.78. Oralmente, na própria audiência.79. No prazo de 5 (cinco) dias, quando a parte entender que o pronunciamento é omisso, obscu-

ro e/ou contraditório ou que apresenta erro material.80. Que deve ser interposto no prazo de 10 (dez) dias, dispondo o recorrente do prazo de 48

(quarenta e oito) horas para realizar e comprovar o preparo.

Page 20: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho254

Interposição do recurso de embargos de declaração ou do recurso extraordinário81

Apresentação de contrarrazões pelo vencedor

Encaminhamento dos autos ao STF

3. ESTUDO DOS PRINCIPAIS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS NAS AÇÕES QUE VERSAM SOBRE RELAÇÃO DE CONSUMO

3.1. Petição inicial

Como toda e qualquer ação, a que advém de uma relação de consumo deve ser iniciada por meio da apresentação de uma petição inicial, que se submete ao preenchimento dos requisitos relacionados no art. 319 do CPC, adiante transcrito:

“Art. 319. A petição inicial indicará:I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;IV - o pedido com as suas especificações;V - o valor da causa;VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de infor-mações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

81. No prazo de 15 (quinze) dias, com fundamento no inciso III do art. 105 da CF.

Page 21: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE II 255

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao dis-posto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça”.

Entendemos que a petição inicial se constitui num dos atos mais im-portantes do processo, por definir os chamados elementos da ação (par-tes, causa de pedir e pedido), e por limitar a atuação do magistrado, em respeito ao princípio da correlação, da adstrição ou da congruência (art. 141 do CPC82).

Por conta da aplicação desse princípio, se o autor ajuíza ação e requer que o réu seja condenado ao pagamento de indenização por danos mo-rais, em valor simbólico, o juiz não pode arbitrar indenização em mon-tante superior ao postulado pelo demandante, mesmo que entenda que o prejuízo é maior do que o que foi relatado na primeira peça.

Nas próximas seções, estudamos cada um dos requisitos considera-dos como sendo essenciais, com base nas normas processuais, nas nor-mas específicas que constam no CDC e na jurisprudência.

3.1.1. O juízo a que é dirigida

Em decorrência da exigência de preenchimento do requisito que es-tudamos nesta seção, é que encontramos as expressões “Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Niterói” ou “Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Florianópolis”, no cabeçalho da primeira página da petição inicial, que nada mais é do que o endereçamento feito pelo autor, a uma autoridade jurisdicional.

A competência é definida por exclusão, o que nos faz inicialmente examinar se seria hipótese de competência da justiça federal, com base no art. 109 da CF, adiante transcrito:

“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública fe-deral forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opo-nentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

82. “Art. 140. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado co-nhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa das partes”.

Page 22: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho392

Agravo de instrumento

Designação de dia e hora para a realização do leilão

Arrematação do bem

Pagamento ao credor

Extinção da execução

3.14. Algumas petições iniciais de ações que versam sobre relação de consumo

3.14.1. Redução de mensalidade escolar

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca do Recife - a quem a presente demanda vier a ser distribuída.

JOÃO DE DEUS, brasileiro, casado, advogado, inscrito no CPF/MF sob o nº 000.222.333 – 54, residente e domiciliado na Rua 10, nº 8, no bair-ro da Boa Viagem, município do Recife, Estado de Pernambuco, por seu advogado infra-assinado, conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional sito na Rua Cel. Anízio Rodrigues Coelho, nº 464, sala 902, no bairro da Boa Viagem, nesta capital, local em que rece-berá as intimações que se fizerem necessárias, vem, por meio desta, com fundamento no art. 476 e seguintes do Código Civil, no art. 319 e seguin-tes do CPC e nos demais dispositivos legais aplicáveis à matéria, propor

AÇÃO DE RITO COMUM COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

contra o COLÉGIO JOÃO E MARIA, pessoa jurídica de direito pri-vado, inscrita no CNPJ sob o nº 01.200.200/0001 – 35, sediada na Rua 27, nº 49, no bairro da Boa Viagem, município do Recife, capital do Esta-do de Pernambuco, de acordo com as razões de fato e de direito adiante aduzidas:

Page 23: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE II 393

DOS FATOS

01. O autor é genitor da menor BEATRIZ DE DEUS, regularmente ma-triculada na instituição demandada, sendo aluna do estabelecimento desde o ano de 2018, encontrando-se, atualmente, com 4 (quatro) anos de idade.

02. Acessando a plataforma wikipedia.org, obtemos a informação de que a educação infantil consiste “na educação de crianças, com idades entre 0 e 5 anos (entre 0 e 6 anos de idade para nascidos no segundo semes-tre). Neste tipo de educação, as crianças são estimuladas – através de atividades lúdicas, brincadeiras e jogos – a exercitar as suas capacidades e potencialidades emocionais, sociais, físicas, motoras, cognitivas e a fazer exploração, experimentação e descobertas. A educação infantil é ministrada em estabelecimentos educativos divididos nas modalidades creches e pré-escolas”.

03. Como percebemos, a educação infantil é base para o aprendizado dos alunos, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelec-tuais e sociais, complementando a ação da família e da comunidade (LDB, art. 29).

04. A importância da educação infantil é detalhada pelo MEC no por-tal www.educacaointegral.mec.gov.br, do qual extraímos as seguintes informações:

“Esse tratamento integral das várias dimensões do desenvolvimento infantil exige a indissociabilidade do educar e do cuidar no atendimento às crianças. A educação infantil, cuja matrícula na pré-escola é obrigatória para crianças de quatro a cinco anos, deve ocorrer em espaços institucionais, coletivos, não domésticos, públicos ou privados, caracterizados como estabelecimentos educacionais e submetidos a múltiplos mecanismos de acompanhamento e controle social”.

05. A educação infantil, repita-se, base para o aprendizado, exige o contato constante do aluno com os professores, não se concebendo, sequer, que o ensino à distância possa complementar essa exigência.

06. Como é do conhecimento desse douto Juízo, a pandemia causada pelo coronavírus, dentre outras consequências e efeitos, impôs modificação da rotina educacional no país, tendo o MEC editado a Portaria nº 343, de 17 de março de 2020, em que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, por 30 (trinta) dias, prorro-gáveis a depender da orientação do Ministério da Saúde e dos órgãos estaduais, municipais e distrital (§ 1º do art. 1º).

Page 24: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho394

07. Contudo, e no que toca à educação infantil, não há norma prevendo a possibilidade do oferecimento do curso à distância, considerando a peculiaridade da faixa etária dos alunos.

08. Mesmo que a adoção dessa técnica fosse permitida, no ensino infantil, a adversa parte não vem a oferecendo, o que significa dizer que a filha do autor se encontra sem qualquer atividade efetiva desde o dia 15.3.2020, exceto atividades esporádicas, que representam apenas 30% (trinta por cento) da carga horária mensal prevista para ser ministrada, como con-dição para totalizar 800 (oitocentas) horas no ano, exigidas pelo MEC.

09. O peticionário enviou notificação extrajudicial para a adversa parte, propondo a redução da mensalidade escolar em 70% (setenta por cen-to) do valor original, não recebendo qualquer resposta, o que denota a existência de conflito de interesses, a ser dirimido por órgão do Poder Judiciário.

DO DIREITO

10. O art. 476 do CC apresenta a seguinte redação:

“Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum contratante, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.

11. Interpretando a norma, a doutrina nos fornece a seguinte lição:

“Trata-se de se garantir ao contratante a sustação em atender o que lhe com-pete, enquanto não satisfaz a outra parte a obrigação que lhe foi incumbida. É o que se convencionou chamar de exceção do não cumprimento do con-trato, ou da ‘exceptio não adimpleti contractus’, que não remonta do direito romano, apesar de ter se consagrado universalmente como a denominação dada pela língua latina” (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio de Janeiro: Forense. 3. ed. 2003).

12. No caso dos autos, não há dúvidas de que a adversa parte não vem adim-plindo a principal obrigação que assumiu, como tal, a de prestar serviços educacionais, o que já se estende por mais de 40 (quarenta) dias.

13. O peticionário não discute se esse descumprimento obrigacional é ou não voluntário, tendo consciência de que a paralisação da atividade educacional no Brasil (e em grande parte do mundo) decorre de deter-minação do poder público.

14. Contudo, é evidente que, não prestado o serviço (que seria a prestação), não há que se falar na exigência do pagamento das mensalidades esco-lares (contraprestação), pelo menos não de forma integral.

Page 25: Manual Prático de Direito do Consumidor

PARTE II 395

15. O réu se propôs a ministrar aulas no sistema virtual, mas não vem se desincumbindo a contento do encargo, disponibilizando aulas grava-das com duração muito inferior à da carga horária exigida pelo MEC.

DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

16. Como é do conhecimento desse douto Julgador, a concessão da tutela provisória de urgência está condicionada à comprovação da coexistên-cia da probabilidade do direito e do perigo de dano ou do risco ao re-sultado útil do processo.

17. Quanto à probabilidade do direito, é inquestionável, já que a LBD não permite que as escolas que se propõem a prestar serviços na educação infantil ministrem aulas exclusivamente on line, para esse público, nem mesmo em momentos de pandemia.

18. Além disso, e mesmo que a lei permitisse a adoção dessa técnica, a ad-versa parte não vem prestando serviço satisfatório, ministrando aulas que preenchem apenas 30% (trinta por cento) da carga horária exigida pelo MEC, o que, por si só, já poderia fundamentar o pedido de resci-são do contrato de prestação de serviços celebrado entre as partes.

19. Contudo, a despeito de ter o direito de requerer a rescisão do contra-to, de extrema boa-fé, o peticionário se limita a requerer a redução das mensalidades escolares, na proporção do serviço que vem sendo prestado.

20. No que toca ao perigo de dano, também é inquestionável, já que o pe-ticionário sofreu severa redução da sua renda mensal, por ser advoga-do, estando a justiça fechada desde o dia 20.3.2020, com a consequente suspensão dos prazos dos processos físicos e eletrônicos, como dispõe a Resolução 314 do STJ.

DOS PEDIDOS

21. Pelo exposto, demonstrado o interesse e a legitimidade do peticionário em propor a ação sub examine, este requer se digne Vossa Excelência a:

(a) Conceder TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECI-PADA, initio littis e inaudita altera parte, determinando que a ad-versa parte reduza o valor das mensalidades escolares da filha do demandante, em 70% (setenta por cento) do valor cobrado no mês de março do ano em curso, emitindo boletos com os valores redu-zidos, já em relação à mensalidade a se vencer no dia 10.5.2020, e

Page 26: Manual Prático de Direito do Consumidor

MANUAL PRÁTICO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Cristiano Vieira Sobral Pinto e Misael Montenegro Filho396

até a revogação do decreto que reconheceu o estado de calamida-de pública no Brasil, sob pena do pagamento de multa diária, na quantia de R$ 1.000,00 (mil reais).

(b) Designar dia e hora para a realização da audiência de tentativa de conciliação (inciso VII do art. 334 do CPC), manifestando seu in-teresse pela autocomposição.

(c) Determinar o aperfeiçoamento da citação do réu, para que con-teste a ação no prazo legal (não havendo acordo na audiência de tentativa de conciliação), sob pena de revelia.

(d) Ao final, JULGAR A AÇÃO PELA PROCEDÊNCIA DOS PEDI-DOS, para modificar provisoriamente o contrato celebrado entre as partes, reconhecendo o direito do autor de adimplir a princi-pal obrigação assumida (pagamento das mensalidades escolares de sua filha) com a redução de 70% (setenta por cento) do valor previsto no contrato, durante o período de duração da pandemia causada pelo coronavírus, com a consequente condenação do réu ao pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorá-rios advocatícios, que devem ser fixados no percentual máximo.

22. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como a juntada de novos documentos e a ouvida de testemunhas.

23. Dá à causa a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Nome do advogado

Número de inscrição na OAB

3.14.2. Extravio de bagagem

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca do Recife – a quem a presente ação vier a ser distribuída.

JOÃO DE DEUS, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/PE sob o nº 100.00, e no CPF/MF sob o nº 001.002.003 – 04, e sua esposa, MARIA DE DEUS, brasileira, funcionária pública federal, inscrita no