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Manual da Pesquisaem Comunicação

Comunicação Organizacional

Unb | Brasília | 2011

Ficha Catalográfica

Curso de Comunicação Organizacional - UnB

Manual da Pesquisa em Comunicação. Brasília: FAC/UnB, 2011.

1. Metodologia Científica-Comunicação Organizacional.

CDU:

Realização: Carolina RiquelmeLorena PalmeiraMaria Luiza RosaNathalia Dourado Del CastiloOtacílio MarquesVanessa Negrini

Orientação:Professora Janara SousaDisciplina Metodologia de Pesquisa em Comunicação

Pesquisa e Revisão Textual:Otacílio Marques

Entrevistas e Degravação:Carolina Riquelme, Lorena Palmeira, Maria Luiza Rosa e Nathalia D. Del Castilo

Edição, Fotografias e Diagramação:Vanessa Negrini

Edição de Áudio:Lorena Palmeira

Colaboração: Gabriel Martins - Logomarca

Impressão e Acabamento:Digital Copy - Tel.: 3273-5201

Agradecimentos

Aos professores do curso de Comunicação Organizacional da Universidade de Brasília - UnB, Délcia Vidal, Elen Geraldes, Liziane

Guazina e Tiago Quiroga por compartilharem suas experiências.

À professora Janara Sousa, orientadora da disciplina Metodologia de Pesquisa em Comunicação, que nos inspira e motiva a

desbravar o universo da pesquisa científica.

Manual da Pesquisa em Comunicação

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Apresentação ...................................................................................

Introdução ........................................................................................

Depoimentos ....................................................................................O que é pesquisa em Comunicação? ....................................Características de uma boa pesquisa ....................................Os erros mais comuns ...........................................................A importância do método ........................................................Dicas para uma boa pesquisa ................................................Sua pesquisa mais significativa ..............................................

Passos para elaboração de um projeto de pesquisa ..........................

Métodos e técnicas de pesquisa ......................................................

Regras para apresentação de um trabalho acadêmico .....................Elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais .....................Formatação ............................................................................Referências ............................................................................

Mandamentos de quem quer ser um bom pesquisador ...................

Referências Bibliográficas ................................................................

Sumário

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Apresentação

A professora Janara Sousa, da disciplina Metodologia de

Pesquisa em Comunicação, do curso de Comunicação Organiza-cional da Universidade de Brasília - UnB, lançou um desafio a seus alunos: produzam um material - áudiovisual, gráfico ou fotográfico - que fale sobre o que é pesquisa em Comunicação.

Duplamente desafiadora a ta-refa. Tanto pela temática (ainda uma incógnita para os alunos de segundo semestre), quanto pela liberdade de escolha da forma de apresentação.

Perguntamos a nós mesmos: o que precisamos nesse momen-to, como alunos recém iniciados no universo da produção científi-ca, para decifrar o que é pesqui-sa em Comunicação? A resposta está consolidada neste Manual da Pesquisa em Comunicação.

Manual da Pesquisa em Comunicação

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Apresentação

Nosso grupo imaginou um guia de consulta para os iniciantes que, assim como nós, tomam contato pela primeira vez com o universo da pesquisa e, em especial, com a pesquisa em Comunicação.

Iniciamos nosso trabalho co-lhendo depoimentos de alguns professores da Faculdade de Co-municação. Délcia Vidal, Elen Geraldes, Liziane Guazina e Tiago Quiroga falaram conosco sobre o que é pesquisa em Co-municação, as características e as dicas para uma boa pesquisa, os erros mais comuns e a importân-cia do método.

Com a conceituação elucida-da, partimos para a parte prática. Sabíamos o que é pesquisa em Comunicação, agora era preciso saber como fazer uma.

Elaboramos então um passo-a-passo que mostra as etapas ne-

cessárias para realizar um projeto de pesquisa. Ao final, apresenta-mos as regras básicas para apre-sentação de um trabalho científi-co. Afinal, depois de tanto trabalho com o conteúdo, não se pode des-cuidar da forma. Ela também e im-portante e será avaliada.

Esperamos que este trabalho possa auxiliar os jovens pesquisa-dores, assim como nos ajudou. A partir dessa experiência, saímos mais confiantes e preparados para o mundo acadêmico-científico.

Brasília, 19 de maio de 2011.

Carolina Riquelme, Lorena Palmeira, Maria Luiza Rosa,

Nathalia Dourado Del Castilo, Otacílio Marques e

Vanessa Negrini

Introdução

A metodologia científica é uma ciência que nos ensina um

caminho para chegarmos a um fim científico. É a experiência do dia a dia, as constantes pesquisas feitas em todo mundo, a nos dar segurança para a utilização das normas dessa ciência.

Portanto, para nós, a metodo-logia se torna ciência porque é baseada numa experiência cons-tante em que cada ação é testada inúmeras vezes até que se possa ter segurança em sua utilização.

Ordem e Organização Quando vamos calçar sapatos

com meias, se eu coloco o sapato e depois tento colocar as meias, vou ter que voltar atrás e recome-çar a atividade, pois não fiz o pro-cedimento na ordem certa.

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Introdução

Organização é a disposição adequada de todos os fatores que serão utilizados em uma atividade.

Quando falamos de Organiza-ção, estamos falando da Ordem Prática, que é aquela que ajuda a ganhar tempo, que facilita o uso rápido do material organizado, ou seja, o método, que pode ser defi-nido como conjunto de etapas, or-denadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da ver-dade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim.

O método indica O QUE fazer, a forma COM QUE INSTRUMEN-TO se faz e a técnica COMO se faz. O método é o orientador ge-ral da atividade, é a estratégia da ação. A técnica é a tática, solucio-na o modo especifico e mais ade-quado pelo qual a ação se desen-volve em cada etapa. E a forma é a tecnologia adotada.

Para a concepção de traba-lhos acadêmicos, é necessário método e organização. E para isso alguns recursos são necessá-rios para o seu desenvolvimento. O intuito desse manual é demons-trar algumas normas e técnicas necessárias para o bom desenvol-vimento de trabalhos acadêmicos por alunos de graduação em Co-municação Organizacional.

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Manual da Pesquisa em Comunicação

Depoimentos

Profa Délcia Maria de M.Vidal Doutora (2009) e Mestre (2003) em Comunicação, Especialização em Estratégias de Comunicação e Marketing Social (2001), pela UnB. Graduada em Relações Pú-blicas pelo Ceub (1981). Atual co-ordenadora do curso de Comuni-cação Organizacional, ministra as disciplinas Introdução ao Marke-ting e Introdução à Comunicação. Linha de Pesquisa: Comunicação e Sociedade.

Profa Elen Cristina GeraldesDoutora em Sociologia (UnB, 2000), mestre em Comunicação (USP, 1995). Bacharel em Comu-nicação, habilitação Jornalismo (USP, 1991). Ministradas as disci-plinas Legislação e Direito em Co-municação, Comunicação e Socie-dade, Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania e Metodo-logia de Pesquisa em Comunica-ção. Linha de Pesquisa: Políticas de Comunicação e Cultura.

Ficha Técnica

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Prof Tiago Quiroga F. NetoDoutorado em Ciências da Co-municação pela ECA/USP (2009); Mestrado em Comunicação e Cul-tura pela ECO/UFRJ (2004); Es-pecializacão em Fotografia como Instrumento de Pesquisa em Ci-ências Sociais pela UCAM (2002); Graduação em Jornalismo pela ECO/UFRJ (2001). Ministra as dis-ciplinas Teoria da Comunicação e Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação.

Profa Liziane Soares GuazinaDoutoranda em Comunicação - Jornalismo, também pela UnB. Graduada em Comunicação - Jor-nalismo (1997) e mestre em Co-municação e Cultura (2001) pela Universidade de Brasilia (UnB). Pesquisadora do Núcleo de Estu-dos sobre Mídia e Política (NEMP/UnB). Ministra a disciplina de Pla-nejamento em Comunicação. Área de pesquisa: Jornalismo e política, mídia e política, telejornalismo.

Professores do curso de Comunicação Organizaional da

Unb respondem o que é pesquisa em Comunicação, as

características e as dicas para uma boa pesquisa, os erros

mais comuns e a importância do método.

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Profa Délcia Maria de M.Vidal É você pesquisar os fenômenos da Comunicação, seja pesqui-sar os meios de comunicação, seja pesquisar as mensagens de comunicação, seja pesquisar os emissores, seja pesquisar os re-ceptores, todos os sujeitos e ato-res envolvidos no processo de co-municação. A sua pesquisa pode ser direcionada para um veículo de comunicação, um meio de co-municação. O objeto da sua pes-quisa pode ser também o público, como o público está recebendo determinada mensagem, ou pode ser a própria mensagem.

O que é pesquisa em Comunicação?

Profa Elen Cristina GeraldesPesquisa em comunicação é uma tentativa de produção de conheci-mento na área de Comunicação, considerando tanto os meios de comunicação, os produtos de co-municação e os processos de co-municação.

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Prof Tiago Quiroga F. NetoPesquisa em Comunicação, de um modo geral, são todos os tra-balhos investigativos que querem entender o fenômeno da comuni-cação seja na atualidade, seja em outra época. É o que propriamen-te caracteriza todos os trabalhos que têm como objetivo produzir ou acumular conhecimento no campo da chamada Comunicação Social. A pesquisa em Comunicação, em-bora seja um tema muito amplo, pode ser definida como todas as tentativas de compreender, estu-dar e, sobretudo, discorrer sobre os fenômenos que caracterizam a nossa época, que tem a comuni-cação no centro do debate.

Profa Liziane Soares GuazinaÉ aventura, descoberta e produ-ção de conhecimento ao mesmo tempo. Aventura porque você vai por um caminho a partir de uma ideia, a partir de algo que te in-comoda, que você quer saber na área de Comunicação. Você não sabe o resultado desse caminho, então é uma aventura. Uma des-coberta porque você está pensan-do em um problema de Comunica-ção, que você vai descobrir como funciona ou porque funciona, se ele existe mesmo. E é produção de conhecimento científico, por-que você vai pensar a Comuni-cação a partir dos parâmetros da ciência. “

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Características de uma boa pesquisa

Profa Délcia Maria de M.Vidal Definir bem o seu objetivo de pes-quisa, ter o método adequado para observar determinado fenô-meno da comunicação, escolher bem a sua amostra, o seu recor-te, o seu objeto de pesquisa. Mas para a pesquisa ser legal mesmo, o pesquisador tem que ter vontade de fazer.

Profa Elen Cristina GeraldesTrês pilares. O primeiro é um bom problema, que se relacione com as demandas da área, da socie-dade, que tenha relevância social. Em segundo, uma boa fundamen-tação teórica. Você tem de ler mui-to, isso te ajuda a construir o pro-blema, entende-lo, a interpreta-lo. Em terceiro, a escolha e aplicação correta do método. Falo em tercei-ro, mas ele tem uma importância imensa. Principalmente na área de Comunicação deixamos o método para o ultimo lugar. Somos bons de teoria, nos preocupamos com problemas de relevância social, mas o método é frequentemente esquecido.

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Características de uma boa pesquisa

Prof Tiago Quiroga F. NetoUma boa pesquisa em Comunica-ção é aquela que consegue con-ciliar um trabalho de campo, um trabalho empírico, com as chama-das hipóteses ou prospecções te-óricas. É um trabalho que faz uma boa caracterização do assunto, trazendo autores, que vai colher o conjunto de informações empirica-mente e depois retorna para juntar essas duas coisas. Ou seja, uma boa pesquisa em Comunicação é aquela que constrói uma boa re-ciprocidade entre uma pesquisa teórica e uma pesquisa de campo.

Profa Liziane Soares GuazinaRigor no método é muito importan-te; acho que a transparência no método é um dos aspectos mais importantes. Um bom problema de pesquisa, um problema que seja exequível, um problema que seja original, um problema que seja re-levante para área, que não tenha sido estudado ou então que tenha pouca informação que você possa dar um olhar original para esse problema de pesquisa.

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Os erros mais comuns

Profa Délcia Maria de M.Vidal Um erro comum é, quando se faz uma análise dos dados, colocar um pouco da sua opinião. A pes-quisa, a sua análise, tem que re-fletir exatamente o que os dados trouxeram para você. É muito im-portante fazer a análise com base nos dados, nas informações, e fi-car o mais isento possível. É uma pesquisa científica, é um texto científico, não é um texto opinati-vo. E nós que somos de Comuni-cação temos a tendência de que-rer colocar alguma opinião.

Profa Elen Cristina GeraldesA pesquisa deve ser efetuada com rigor. Ela tem de ter uma sólida fundamentação teórica, uma fun-damentação metodológica, para evitar que os erros sejam muito primários, muito infantis. E mes-mo assim é possível que os erros aconteçam. Estamos suscetíveis a eles, mas a ciência tem um pro-cesso de autocorreção. As vezes você se equivoca em um concei-to, ou o seu momento histórico não permite que você entenda um conceito, uma associação, uma relação, mas chega um outro pesquisador, talvez com ferramen-tas de outro momento histórico e aprofunda aquilo que você iniciou.

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Prof Tiago Quiroga F. NetoEu não sei se a palavra seria erro. Talvez uma das principais dificul-dades seja justamente como fazer uma pesquisa. O que é uma pes-quisa? Por que fazer uma pesqui-sa? Por que uma pesquisa é dife-rente do senso comum? Para que serve a pesquisa para o merca-do? Quais são as pesquisas que o mercado demanda? A pesquisa que se faz de mercado é igual à pesquisa que se faz na pós-gradu-ação? Essa compreensão do que é a pesquisa, é a grande dificulda-de dos alunos.

Profa Liziane Soares GuazinaO primeiro erro é um problema muito genérico, muito amplo para ser respondido. Você tem uma dúvida, mas a sua dúvida é muito genérica e difícil de ser realizada do ponto de vista da ciência, que exige método, exige definição de amostra, exige um aporte teórico. O problema muito amplo é uma das questões que implica numa pesquisa mal feita, mal dirigida, que não consiga respostas sufi-cientes.

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A importância do método

Profa Délcia Maria de M.Vidal Você tem métodos e técnicas. Se você não utilizar uma metodolo-gia adequada, sua pesquisa aca-ba não trazendo os dados reais e aí você acaba emitindo, fazendo uma análise dos dados que não são verdadeiros, que não são cor-retos. O ideal é você ter análise em cima de dados, se o método que você escolhe para recolher esses dados, para colher essas informações não é o correto, con-sequentemente pode ser que ele tenha informações que não são corretas para analisar.

Profa Elen Cristina GeraldesO método é o caminho. Então, imagine que você deseja ir daqui para Planaltina. Provavelmen-te, você pode ir por dois ou três caminhos, mas em um você vai gastar muito mais tempo. Então, o melhor método é aquele que se adequa melhor ao seu objeto, mas também que se adequa melhor ao conhecimento do pesquisador.

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Prof Tiago Quiroga F. NetoNa realidade você está em contato com as diversas formas de produ-zir conhecimento. As pesquisas podem ser empíricas, qualitativas, quantitativas, elas podem ser ape-nas teóricas, há modos de pesqui-sar, digamos assim, diversos.

Profa Liziane Soares GuazinaAcho que existem pesquisas cujo método é falho, existem pesquisas com a utilização errada de méto-do, mas algum método tem que ter para se caracterizar uma pes-quisa.

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Dicas para uma boa pesquisa

Profa Délcia Maria de M.Vidal Primeiro é trabalhar com temas que você realmente goste, que você tenha vontade de pesquisar. Grande parte do êxito do trabalho está na nossa vontade em pes-quisar, por que realizar uma pes-quisa é uma coisa cansativa, que demanda horas de trabalho, muita leitura e criação de texto. Se você está lendo uma coisa que não gosta, esse trabalho se torna en-fadonho. Outra coisa é ter a noção dos limites que temos como pes-quisadores. Não adianta querer pesquisar determinado objeto se você não tem condições de aces-so total a ele. A pesquisa não vai ficar correta.

Profa Elen Cristina GeraldesLeiam outras pesquisas. O primei-ro passo é ler para se familiarizar com a linguagem da ciência. En-tão leiam, conheçam outras pes-quisas. Esse é o primeiro passo para você elaborar a sua.

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Prof Tiago Quiroga F. NetoO mais importante hoje é que os alunos façam perguntas. Que vo-cês tenham perguntas, tenham questões. Que queiram conhecer melhor alguma coisa, aprofundar melhor o interesse. Que vocês não se preocupem em ter as respos-tas e sim as perguntas, formular perguntas é o começo para se ter uma boa pesquisa. Sem pergunta não tem pesquisa. Se você já tem uma resposta para aquilo por que fazer uma pesquisa?

Profa Liziane Soares GuazinaLeitura, principalmente. Você pre-cisa ler bibliografia atualizada da área, o que se pesquisa nessa área, o que se pesquisa em co-municação. Quais são as tendên-cias? O que já tem conhecimento acumulado? O que eu posso des-cobrir de novo que ainda não foi descoberto? O que eu posso olhar de maneira diferente que ainda não foi feito? Para saber isso, você precisa ler o que foi feito.

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Sua pesquisa mais significativa

Profa Délcia Maria de M.Vidal Foi a minha pesquisa de mestra-do. Foi sobre a divulgação das ações sociais das empresas, como divulgar e porque ter uma, e certa resistência da grande im-prensa em divulgar isso. É o que chamamos de jornalismo da boa notícia, da cidadania, o porquê dessa dificuldade.

Profa Elen Cristina GeraldesFoi a minha pesquisa de doutora-do, uma pesquisa sobre a relação entre a Comunicação, o Estado e a Sociedade na erradicação da poliomielite no Brasil.

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Prof Tiago Quiroga F. NetoNa verdade são muitas, mas uma questão que me interessa muito é entender os fenômenos historica-mente, fazer da história uma for-ma de produção de conhecimento, ou seja, fazer com que a comuni-cação seja hoje um marco de uma atualidade, porque na realidade a ideia de atualidade é muito impor-tante em uma pesquisa.

Profa Liziane Soares GuazinaFoi a que eu fiz na época da gradu-ação num projeto de PIBIC (Pro-grama Institucional de Bolsas de Iniciação Científica). Fui pesquisar os valores da política em progra-mas de entretenimento, as teleno-velas. Tive um contato muito legal com os entrevistados. Uma parte dessa pesquisa era para fazer estudo de recepção. Conversar com as pessoas sobre o que elas pensavam a respeito da política foi muito interessante; pessoas que moravam em lugares diferentes, pessoas que não tinham ideia da-quilo que eu estava pesquisando, foi muito legal. Foi uma descober-ta pra mim. “

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Passos para elaboração de um projeto de pesquisa

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a escolha do tema e sua delimitação, a formulação do problema, a elaboração de hipóteses, a elaboração de objetivos gerais e específicos, a metodologia... (GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São

Paulo: Atlas, 1988, p. 21).

““

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Etapa

Escolher o tema, delimitar e justificar

Formular e identificar o problema

Elaborar hipóteses

Elaborar os objetivos gerais e específicos

Definir a metodologia

Construir o referencial teórico

Definir a forma de desenvolvimento do trabalho

Planejar o cronograma

Fazer a previsão orçamentária

Elencar a bibliografia básica

Caracterizar o autor da pesquisa

Pergunte-se

Por que a escolha desse tema? Qual a relevância?

O que você quer tentar resolver?

Quais possibilidades vou investigar para o meu problema?

Qual o foco da minha pesquisa?

Caminho a seguir: como fazer?

O que já foi dito sobre o tema? Qual a relação com a pesquisa?

Qual esquema do trabalho (sumário preliminar)?

Quando será feita cada etapa?

Quanto vai custar?

Onde buscar a informação?

Quem fará a pesquisa?

Métodos e técnicas de pesquisa

Existem diversos métodos e técnicas, quantitativas e qua-

litativas, que podem ser utilizadas numa pesquisa. A seguir veremos as características das principais delas:

Pesquisa DocumentalColeta de dados restrita a docu-mentos, sejam eles escritos ou não, constituindo o que se deno-mina de fontes primárias. Pode ocorrer no momento em que o fato ou fenômeno pesquisado aconte-ce ou depois. Tem como principais fontes de pesquisa os arquivos públicos, arquivos particulares, fontes estatísticas. Os documen-tos podem ser escritos, orais, ico-nografias, objetos, vestuário. Pode resultar em uma análise qualitativa

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EntrevistaÉ um encontro entre duas pesso-as, a fim de que uma delas obte-nha informações a respeito de de-terminado assunto, mediante uma conversação de natureza profis-sional. É um procedimento utiliza-do na investigação social, para a coleta de dados, a partir da experi-ência subjetiva de uma fonte.

QuestionárioInstrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordena-da de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

FormulárioInstrumento essencial para a in-vestigação social, cujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entre-vistado.

Método BiográficoConsiste em retratar a história de vida de uma pessoa selecionada,

(conteúdo do material) e quantita-tiva (quantidade de informações).

Pesquisa BibliográficaAbrange toda bibliografia já tor-nada pública em relação ao tema estudade, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, revistas. São conhecidas como fontes secundárias. Tem por fina-lidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre de-terminado assunto.

Pesquisa de CampoÉ aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um pro-blema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontanea-mente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variá-veis que se presume relevantes, para análisa-los.

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produção da pesquisa de forma que os resultados sejam utilizados pelo grupo investigado. O pesqui-sa tem o propósito de solucionar algum problema ou dificuldade do grupo investigado.

Pesquisa de OpiniãoTambém conhecida como sur-vey, possibilita a coleta de ampla quantidade de dados de grande número de entrevistados. Permi-te a investigação do problema em ambiente reais. Deve-se ter cui-dado com possíveis interferências ou manipulações do pesquisador, que podem ocorrer intencional-mente ou não. Os dados podem ser coletados de várias formas: entrevista pessoal, entrevista por telefone, questionário por correio, pela internet. A amostra deve ser bem definida, dentro de critérios probabilísticos adequados.

Grupo FocalTrata-se de uma espécie de entre-vista coletiva que tem por objetivo

a partir da coleta de informações em documentos oficiais e não ofi-ciais, correspondências, clippings, testemunhos orais, questionários, fotos e diários, dentre outros.

Pesquisa Etnográfica ou ParticipanteEtnografia significa “descrição densa”. Velho conhecido da An-tropologia, o método etnográfico ganha espaço cada vez maior nas pesquisas em Comunicação. Exi-ge uma imersão do pesquisador no objeto de estudo. No diário ou caderno de campo o pesquisador registrará suas observações sobre o grupo no qual estiver inserido. O pesquisar se insere no ambiente que ocorre o fenômenos e inte-rage com a situação investigada (mas não se confunde ou se faz passar por membro do grupo).

Pesquisa-AçãoO pesquisador além de comparti-lhar do ambiente investigado per-mite que o investigado participe da

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identificar tendências. Possibilita obter respostas enriquecedoras, com profundidade e qualidade.

Estudo de CasoTipo de pesquisa que utiliza o ra-ciocínio indutivo, com princípios e generalizações emergindo da análise de dados particulares.

Auditoria da ComunicaçãoPesquisa que tem por objetivo examinar e melhorar os processos de comunicação de uma organiza-ção, do ponto de vista da eficácia e eiciência. Para tanto, podem ser utlizados questionários, entrevis-tas, diagnósticos, análises de re-des, canais e produtos de comu-nicação.

Análise de ConteúdoDedica-se à análise da mensagem a partir de requisistos de sistema-cidade e confiabilidade.

Análise do DiscursoAnalisar significa dividir. Logo, fa-

zer uma análise do discurso signi-fica desconstruir o texto do discur-so em vozes, com o intúito de se identificar as construções ideológi-cas presentes em cada fala.

Auditoria de Imagem Pesquisa que identifica a presença e avalia a imagem de determinada organização junto a um público específico. Inclui a mensuração qualitativa do espaço ocupados pela organização na mídia.

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Manual da Pesquisa em Comunicação

Regras para apresentação de um trabalho acadêmico

Segundo a NBR 14724, refe-rente à apresentação de tra-

balhos acadêmicos, a estrutura de uma tese, dissertação, monografia ou trabalho de conclusão de cur-so (TCC) compreende: elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

São os elementos que vem an-tes do texto, podem ser obrigató-rios ou opcionais.

1. Capa (obrigatório)2. Lombada (opcional)3. Folha de rosto (obrigatório)4. Errata (opcional)5. Folha aprovação (obrigatório)

6. Dedicatória(s) (opcional)7. Agradecimento(s) (opcional)8. Epígrafe (opcional)9. Resumo na língua de origem

(obrigatório)10. Resumo em língua estrangei-

ra (obrigatório)11. Lista de ilustrações (opcional)12. Lista de tabelas (opcional)13. Lista de abreviaturas e siglas

(opcional)14. Lista de símbolos (opcional)15. Sumário (obrigatório)

ELEMENTOS TEXTUAIS

1. Introdução: Parte inicial do texto, onde deve constar a de-limitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros

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elementos necessários para situar o tema do trabalho.

2. Desenvolvimento:Parte prin-cipal do texto, que contém a exposição ordenada e porme-norizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do mé-todo.

3. Conclusão: Parte final do texto, na qual se apresentam conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses.

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

1. Referências (obrigatório)2. Glossário (opcional)3. Apêndice(s) (opcional)4. Anexo(s) (opcional)5. Índice(s) (opcional)

FORMATAÇÃO

Os textos devem ser apresen-tados em papel formato A4, no an-verso da folhas. Recomenda-se, a utilização de fonte tamanho 12 para o texto e tamanho 10 para citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação e le-gendas das ilustrações e tabelas. O espaçamento deve ser 1,5. As margens esquerda e superior de-vem ser de 3 cm; a direita e infe-rior de 2 cm.

REFERÊNCIAS

Segundo a NBR 6023, referên-cias são a forma convencionada para transcrição e apresentação da informação originada do docu-mento e/ou outras fontes.

Uma referência é constituí-da de elementos essenciais e, quando necessário, acrescida de elementos complementares. Os elementos essenciais, são as in-

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Manual da Pesquisa em Comunicação

formações indispensáveis à identi-ficação do documento. Esses ele-mentos devem ser apresentados em sequências padronizadas.

Elas devem ser alinhadas so-mente à margem esquerda do texto e de forma a se identificar individualmente cada documen-to, separadas entre si por espaço duplo. O elemento titulo deve ser destacado em negrito, itálico ou sublinhado.

MODELOS DE REFERÊNCIAS

Livros e trabalhos acadêmicos:GOMES, L. G. F. F. Novela e so-ciedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.

Livros e trabalhos acadêmicos em meio eletrônico:ALVES, Castro. Navio negreiro. Rio de Janeiro: Virtual Books, 2000. Disponível em: <HTTP://www.terra.com.br/virtualbooks.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002.

Parte de livros e trabalhos acadêmicos:ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHIMIDT, J. (Org.). História dos jovens 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7-16.

Artigo ou matéria de periódico:GURGEL, C. Reforma do Estado e segurança pública. Política e Ad-ministração, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 15-21, set. 1997.

Imagens em movimento (filmes, DVDs):OS PERIGOS do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de An-drade. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 videocassete.

Documento Iconográfico (pintu-ra, gravura, ilustração, fotogra-fia, desenho técnico, diapositi-vo, diafilme, transparência):KOBAYASHI, K. Doença dos xa-vantes. 1980. 1 fotografia.

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Mandamentos de quemquer ser um bom pesquisador

1 - Lerás

2 - Não sucumbirás ao plágio

3- Reverenciarás os pares com referências à suas obras

4 - Não cairás na tentação da pesquisa fácil na internet

5 - Apaixonar-te-ás pelo seu tema

6 - Seguirás as normas ABNT

7 - Redigirás com esmero, sem vícios de linguagem

8 - Serás disciplinado e organizado

9 - Seguirás fielmente o método eleito

10 - Terás humildade para reconhecer que a ciência pode ser refutada.

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Manual da Pesquisa em Comunicação

Referências Bibliográficas

ABNT. NBR 6028. Resumos. Rio de Janeiro: ABNT, jun. 2001.

ABNT. NBR 6023. Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, ago. 2002.

ABNT. NBR 14724. Informação e documentação - Trabalhos Acadêmicos - Apre-sentação. Rio de Janeiro: ABNT, ago. 2002.

BARROS, Antonio; DUARTE, Jorge (orgs.). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. 2ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010. 380 p.

BURSZTYN, Marcel; DRUMMOND, José Augusto; NASCIMENTO, Elimar Pi-nheiro. Como escrever (e publicar) um trabalho científico. Rio de Janeiro: Gara-mond Universitária, 2010. 112 p.

GERALDES, Elen; SOUSA, Janara. Manual de Projetos Experimentais em Co-municação. Brasília: Casa das Musas, 2006.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1988_______________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de meto-dologia científíca. São Paulo: Atlas, 2005.

PEDRON, Ademar João. Metodologia Científica: auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa. [S.l.]: 2001.

Informações, notícias, eventos, dicas de leitura, resenhas, trabalhos, cursos. Tudo o que é da Comunicação Organizacional você encontra no www.comorgunb.wordpress.com.

http://comuniqueiro.blogspot.com/

http://www.fac.unb.br/campusonline/