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Escola Profissional Dr. Francisco Fernandes Curso de Educação e Formação de Adultos Portaria nº 80/2008, alterada pela Portaria 74/2011 de 30 de Junho Projeto cofinanciado pelo Fundo Social Europeu Agente em Geriatria Nível 2 Formador: Carlos Aguiar Funchal, Julho de 2014 UFCD 3538 – Saúde da Pessoa Idosa – Cuidados Básicos (25 horas)

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    Curso de Educao e Formao de Adultos

    Portaria n 80/2008, alterada pela Portaria 74/2011 de 30 de Junho

    Projeto cofinanciado pelo Fundo Social Europeu

    Agente em Geriatria Nvel 2

    Formador: Carlos Aguiar

    Funchal, Julho de 2014

    UFCD 3538 Sade da Pessoa Idosa

    Cuidados Bsicos (25 horas)

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    NDICE

    NOTA INTRODUTRIA

    1. FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO ........................................................................... 4

    1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAO .............................................................................. 5

    1.2. PROMOO DA QUALIDADE DE VIDA METAS DA ORGANIZAO

    MUNDIAL DE SADE .................................................................................................................. 6

    1.3. ENVELHECIMENTO FSICO, PSICOLGICO E SOCIAL................................................. 7

    2. AGENTE EM GERIATRIA ................................................................................................... 28

    2.1. CARACTERSTICAS INERENTES AO AGENTE EM GERIATRIA ................................ 28

    3. PROCESSOS DE COMUNICAO E OBSERVAO .................................................... 34

    3.1. CARACTERSTICAS DA COMUNICAO E OBSERVAO /

    ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAO .............................................................. 34

    3.2. JOGOS E SIMULAES ...................................................................................................... 43

    4. CONFORTO DA PESSOA IDOSA ........................................................................................ 44

    4.1. SONO E REPOUSO ............................................................................................................... 44

    4.2. CAMA ARTICULADA ......................................................................................................... 53

    BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 57

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    NOTA INTRODUTRIA

    Este manual surge como um dos auxiliares pedaggicos da unidade de formao de

    curta durao n 3538 Sade da Pessoa Idosa: Cuidados Bsicos a ser desenvolvida

    na Escola Profissional Dr. Francisco Fernandes, especificamente no Curso de Agente

    em Geriatria.

    Objetivos

    Reconhecer alguns aspetos do envelhecimento da populao;

    Descrever as caractersticas do Agente em Geriatria;

    Descrever os processos de comunicao e observao;

    Prestar cuidados que proporcionem conforto pessoa idosa.

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    1. FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO

    O envelhecimento comea no momento em que nascemos. Uma criana cresce,

    torna-se adulta e a dada altura sofre uma degenerao funcional que culmina com a

    morte. este o processo habitualmente associado ao envelhecimento.

    Em toda a histria, o ser humano tem procurado encontrar o elixir da juventude

    que prolongue o perodo de vigor da juvenilidade saudvel.

    Durante o ltimo sculo, assistiu-se a um grande progresso na medicina dos pases

    desenvolvidos e a esperana de vida aumentou de forma notvel primeiro, a

    mortalidade na infncia tornou-se menos provvel, graas melhoria das condies

    sanitrias e ao desenvolvimento de vacinas e tratamentos para as doenas da infncia

    (antibiticos); segundo, o desenvolvimento da doena e a invalidez tornaram-se menos

    provveis ou aparecem mais tarde nos idosos porque melhoraram os cuidados de sade

    e a medicina preventiva.

    Apesar destas melhorias, mesmo as pessoas mais saudveis ou inclusive as com

    mais sorte nunca conseguiram ultrapassar os 130 anos. De acordo com o livro de

    recordes do Guinness, a pessoa que viveu mais tempo at hoje foi a francesa Jeanne

    Louise Calment, que morreu, em 1997, aos 122 anos e 164 dias.

    Envelhecer hoje ilustra como o crescente envelhecimento da populao se percebe

    num pas. Quem velho, quais os meios de que dispe, onde vive e qual a sua qualidade

    de vida, so interrogaes que merecem respostas pertinentes da nossa comunidade.

    (em anos) 1940 1960 1981 2001

    Homens 48,6 60,7 69,1 71,2

    Mulheres 52,8 66,4 76,7 80,5

    Tabela 1 - Esperana mdia de vida nascena INE, Estatsticas Demogrficas.

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    Grfico 1. - Inverso da Pirmide Etria, INE (2004)

    1.1.ENVELHECIMENTO DA POPULAO

    O aumento da esperana mdia de vida nos pases desenvolvidos um triunfo,

    mas traz o desafio de conseguirmos envelhecer saudavelmente, pois viver mais tempo

    nem sempre sinnimo de viver melhor.

    A migrao e a baixa taxa de natalidade, tambm tm contribudo, de forma

    importante, para o envelhecimento da populao em Portugal.

    A populao portuguesa est envelhecida: em 2011, 19,1% tinha 65 ou mais anos,

    situao que se prev que aumente para os 32% em 2050. Esta evoluo demogrfica

    est a alterar a forma da Pirmide etria o topo est a tornar-se mais largo e a base

    mais fina, como possvel visualizar no grfico 1 e nas tabelas seguintes.

    Grupo populacional/Ano

    2001 2011

    0-14 Anos 16,0% 14,9%

    15-64 Anos 67,6% 66,0%

    65+ Anos 16,4% 19,1%

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    Tabela 2. - Estrutura da Populao Portuguesa, INE, Censos 2001 e Censos 2012

    Grupo

    populacional/Ano 2020 2030 2040 2050

    0 14 Anos 13,8% 12,5% 12,2% 12,1%

    15-64 Anos 65,6% 63,3% 59,5% 56,0%

    65+ Anos 20,6% 24,2% 28,3% 32,0%

    Tabela 2.1. - Projees da populao Portuguesa at 2050, INE (2010)

    Embora consigamos viver mais anos no podemos afirmar que tenhamos uma

    melhor qualidade na ltima fase do nosso ciclo vital. O avanar da idade implica um

    maior risco de doena e, consequentemente, um maior ndice de dependncia.

    A perda progressiva de funes, a incapacidade fsica e a demncia so alguns dos

    efeitos visveis do envelhecimento, que envolve vrios processos fisiolgicos, que de

    algum modo contribuem para o desgaste natural do organismo.

    Do ponto de vista social, o envelhecimento e as doenas a ele associadas convergem

    para as situaes de solido e os sentimentos de inutilidade, que tendem a fazer com que

    o idoso se isole. necessrio compreender as alteraes dos papis familiares atuais,

    com a mulher, principal cuidadora, a assumir outras funes e, por conseguinte, a

    colocar dificuldades acrescidas prestao de cuidados informais, ou seja, aos seus

    familiares e em casa.

    1.2.PROMOO DA QUALIDADE DE VIDA METAS DA ORGANIZAO

    MUNDIAL DE SADE

    A OMS na II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento (2002) divulgou o

    conceito de envelhecimento ativo. Este depende de vrios fatores, que no envolvem

    apenas os indivduos, mas tambm as suas famlias e o prprio meio onde estes se

    inserem. A principal meta dos dias de hoje, tendo em conta o envelhecimento

    populacional, ganhar anos de vida com independncia, ou seja Capacidade para

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    realizar funes relacionadas com a vida diria, isto , a capacidade de viver com

    independncia na comunidade sem ajuda ou com pequena ajuda de outrem.

    As polticas de sade devem, assim, promover:

    O Envelhecimento bem-sucedido/ativo;

    A Coeso e interao familiar;

    A proteo do idoso de neglicncia, de ms prticas, de violncia fsica e

    psicolgica.

    Devemos pensar em formas de assistncia que mantenham a qualidade

    de vida do idoso, de preferncia no domiclio e que no sobrecarreguem

    a famlia/cuidador informal, de forma a diminuir a sua vulnerabilidade

    fsica e psicolgica.

    Figura 1. - Programa Nacional para a Sade das Pessoas Idosas

    1.3. ENVELHECIMENTO FSICO, PSICOLGICO E SOCIAL

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    Cada pessoa envelhece sua maneira, ou seja, desde o nascimento tem um ritmo

    prprio de envelhecimento. J deve ter reparado e comparado duas pessoas da mesma

    idade e concludo que uma delas aparenta ser mais jovem do que a outra. Isso significa

    que temos ritmos diferentes de envelhecimento biolgico. Assim, pessoas da mesma

    idade cronolgica podem apresentar diferentes idades biolgicas.

    A ONU considera idosos, para os pases desenvolvidos, indivduos com idade

    superior a 65 anos. Mas ser que podemos afirmar que as pessoas so velhas aos 65?

    Apesar de no ser possvel intervir no avano da idade cronolgica, no h dvida

    nenhuma de quem tem hbitos de vida mais saudveis contribui positivamente para

    evitar os principais sintomas do envelhecimento. A mudana dos hbitos, mesmo nas

    idades mais avanadas, traz sempre benefcios para a sade.

    Pertencer ao grupo da Terceira Idade no significa ser incapacitado para

    desempenhar atividades que requerem esforo fsico ou mental.

    As pessoas idosas que esto na fase inicial (Mdia Idade) da Terceira Idade

    apresentam melhores condies de sade, quer fsica, quer mental e menores alteraes

    naturais do envelhecimento do que as outras. No entanto, a partir dos 80 anos que a

    necessidade de auxlio para a realizao de algumas atividades quotidianas acaba por ser

    importante, por exemplo, para se alimentarem, vestirem, tomarem banho, sentarem e

    levantarem, andarem, fazerem compras, preparem as refeies, e muitas outras

    atividades. Apesar de isto no ser uma regra, existem idosos de 80 anos que so mais

    saudveis do que outros com 60 anos, o que mostra a importncia do ritmo de

    envelhecimento, tendo em conta patologias (doenas); condies econmicas; herana

    gentica; cuidados primrios de sade; estilo de vida, alimentao, atividade ou

    exerccio fsico, ansiedade e stresse, integrao e aceitao social; entre outros, de cada

    indivduo.

    A classificao da pessoa pela idade engloba quatro idades:

    Idade Cronolgica definida como a idade que a pessoa tem, ou seja, a idade

    em anos. Esta forma numrica de idade nem sempre corresponde idade

    biolgica.

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    Idade Biolgica indica as condies de sade, fsica e psicolgica da pessoa.

    Esta idade carateriza os ritmos diferentes do envelhecimento.

    Idade Psicolgica relacionada com as competncias comportamentais que a

    pessoa pode mobilizar, incluindo a inteligncia, memria e motivao.

    Idade Social refere-se ao papel e aos hbitos da pessoa, relativamente aos

    outros membros da sociedade e muito influenciada pela cultura e pela histria

    de um pas.

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    Como envelhece o corpo Envelhecimento Fsico

    Sequeira (2010), refere que o envelhecimento como etapa de vida um processo

    biolgico inevitvel, mas no o nico,

    pois implica alteraes somticas e

    psicossociais. Desta forma, as referidas

    alteraes interagem de forma

    ininterrupta de acordo com a interao

    humana, onde cada uma afeta e afetada.

    Com a passagem dos anos, a maioria

    das pessoas toma conscincia das

    modificaes do prprio corpo. Algumas

    modificaes so bvias enquanto outras

    podero passar despercebidas at surgir

    alguma doena. Conhecer estas

    alteraes pode ajudar o indivduo a

    adaptar-se ao processo de

    envelhecimento.

    As clulas do corpo tm uma

    longevidade precisa e a sua capacidade

    para se dividir e multiplicar decresce com

    a idade. Como so organismos vivos,

    tambm envelhecem e morrem.

    Existe uma perda efetiva do nmero de clulas do nosso organismo, estimando-se

    que entre os 20 e os 70 anos, a perda ser de 30%.

    Os Olhos

    Figura 2 - Orgos afetados pela idade - Manual Merck

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    Entre os 40 e os 50 anos de idade, a maioria das pessoas nota que difcil ver

    objetos a uma distncia inferior a 60cm, pois os olhos, j no conseguem focar com

    facilidade os objetos prximos.

    Muitas pessoas tendem a ignorar esta dificuldade o maior tempo possvel, mas

    acabam por ter de usar culos para ler.

    Com o envelhecimento, torna-se, tambm, difcil ver em condies de pouca

    iluminao, pois ocorre entrada de menor quantidade de luz no olho. Em mdia, as

    pessoas de 60 anos necessitam de trs vezes mais de luz do que as de 20 anos (para ler

    um livro, por exemplo).

    Com o avanar da idade, a pupila reage mais lentamente s alteraes da luz. Por

    conseguinte, os idosos podem no ser capazes de ver quando entram numa sala escura.

    Ou podem ficar, momentaneamente, encadeados quando entram numa zona de intensa

    iluminao. Por exemplo, esta alterao particularmente incmoda quando um idoso

    entra ou deixa um cinema escuro ou entra ou sai de um tnel escuro. As cataratas

    aumentam o efeito descrito anteriormente. O idoso com cataratas torna-se muito mais

    sensvel ao encadeamento (luz forte que afeta diretamente ou refletida nos olhos).

    As cores so reconhecidas de forma diferente. O azul tende a perder o seu brilho e a

    parecer-se bastante com o cinzento, enquanto os vermelhos tendem a parecer mais

    vivos.

    Muitos idosos sentem-se incomodados com a sensao de olhos secos, pois as

    clulas produtoras dos lquidos que lubrificam os olhos diminuem com a idade,

    ocorrendo uma diminuio da produo lacrimal (lgrimas).

    O aspeto do olho pode sofrer alteraes. A parte branca (esclertica) dos olhos pode

    adquirir um tom amarelado ou acastanhado devido a muitos anos de exposio luz,

    vento e p. Podem, tambm, aparecer manchas espordicas no branco dos olhos, sendo

    mais frequentes nas pessoas de tez escura.

    Os problemas mais graves do olho que tendem a apresentar-se na idade avanada

    so provocados por doena e no pelo envelhecimento. So exemplos as patologias

    como o glaucoma, a retinopatia, a degenerescncia macular e as cataratas.

    Os Ouvidos

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    Muitas alteraes no ouvido so, provavelmente, devidas tanto exposio ao rudo

    como ao processo de envelhecimento. Com o tempo, a exposio a rudos fortes

    prejudica a capacidade dos ouvidos para ouvir.

    Com a idade, a capacidade auditiva pode diminuir, tornando o equilbrio,

    ligeiramente, mais difcil de manter. Estas alteraes apresentam-se, pois algumas

    estruturas do ouvido, que ajudam a audio e a manuteno do equilbrio, tendem a

    deteriorar-se. O cermen (cera do ouvido) tende, tambm, a acumular-se mais com a

    idade, diminuindo a audio.

    Os idosos podem apresentar uma determinada dificuldade em ouvir sons de tons

    agudos. Podem ter problemas em entender o que dizem as mulheres e as crianas, dado

    que a maioria das mulheres e crianas tem vozes com tons mais agudos que os homens.

    Falar em voz alta no til dado que se tende a acentuar mais as vogais (sons

    agudos) do que as consoantes (sons graves). Por exemplo, a frase Diz-me exatamente o

    que queres tomar soa como iz exaee o e e soar. A frase soa como se a pessoa que

    est a falar no pronunciasse claramente as palavras e o sentido perde-se.

    Muitos idosos tm dificuldade em ouvir nos locais cheios de pessoas ou em

    conversas de grupos, pois existe maior rudo de fundo. Os aparelhos de ajuda auditiva

    podem auxiliar as pessoas, com perda de audio, a ouvir melhor.

    A Boca e o Nariz

    Geralmente, depois dos 50 anos, os sentidos do paladar e do olfato comeam a

    diminuir gradualmente. As capacidades de reconhecer o paladar com a lngua e de

    cheirar com o nariz so necessrias para saborear a gama completa de sabores dos

    alimentos.

    Com o avanar da idade diminui o nmero e a sensibilidade dos recetores do

    paladar. Estas modificaes tendem a reduzir a capacidade de reconhecer os sabores

    doces e salgados mais do que os amargos ou cidos.

    O olfato s diminui ligeiramente. Os odores fortes continuam a ser fceis de cheirar,

    mas os mais subtis tornam-se mais difceis de reconhecer e de identificar.

    Consequentemente, muitas comidas tendem a ter um sabor mais amargo e menos

    salgado e os alimentos com odores leves podem tornar-se menos saborosos.

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    Os idosos podem apresentar a boca seca. Com a idade produz-se menos saliva,

    contudo a boca seca pode ser devido a uma perturbao ou utilizao de determinados

    medicamentos. A secura da boca reduz, igualmente, a capacidade de saborear e cheirar

    os alimentos.

    Todas estas alteraes contribuem para a perda do paladar. Para compensar, os

    idosos tendem a acrescentar mais especiarias aos alimentos, incluindo o sal, o que

    poder aumentar o risco de hipertenso arterial.

    Ao envelhecer, as gengivas recuam ligeiramente, colocando as partes mais baixas

    dos dentes expostas s partculas de comida, bem como s bactrias. Alm disso, o

    esmalte dos dentes tem tendncia a se desgastar com os anos. Estas alteraes fazem

    com que os dentes fiquem mais suscetveis formao de cavidades (cries).

    A Pele

    Com o avanar da idade, a pele tende a tornar-se mais fina, menos elstica, mais

    seca e finamente enrugada. Tambm a exposio luz solar, durante anos, contribui

    para a formao de rugas, que a pele se torne spera e apresente manchas.

    As pessoas que evitaram uma exposio prolongada luz solar parecem muito mais

    jovens que a sua idade real.

    A camada de gordura que se encontra debaixo da pele diminui. Esta camada de

    gordura atua como uma almofada para a pele, protegendo-a. Tambm ajuda a conservar

    o calor corporal. medida que esta camada se reduz, a pele lesada mais facilmente,

    sendo mais provvel o aparecimento de rugas e diminui a tolerncia ao frio.

    O nmero de clulas sensitivas (terminaes nervosas) da pele diminui. Como

    resultado, a perceo sensorial, incluindo a sensibilidade dor, pode estar reduzida e as

    leses podem ser mais provveis.

    O nmero de glndulas sudorparas (glndulas que produzem o suor) e de vasos

    sanguneos tambm se reduz com o avanar da idade. Assim, os idosos tm mais

    probabilidade de sofrer perturbaes devido ao excesso de calor, como as insolaes,

    bem como ao excesso de frio, como a hipotermia. Tambm a pele tende a cicatrizar

    mais lentamente quando o fluxo sanguneo reduzido.

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    O nmero de clulas que produzem melanina (pigmento que d cor pele) diminui.

    Por conseguinte, a pele fica menos protegida contra a radiao ultravioleta da luz solar.

    Sentidos e Propriocepo

    Efeitos com o avanar da

    idade

    Viso

    Diminuda, necessidade de

    culos para ler e de maior

    luminosidade.

    Audio Diminuda

    Equilbrio Diminudo

    Olfato Ligeiramente diminudo

    para odores subtis.

    Gosto Diminudo para os doces e

    salgados.

    Dor Capacidade de sentir dor diminuda

    Tato Diminudo

    Temperatura Capacidade para se adaptar ao frio

    e ao calor diminuda.

    Tabela 3 - Efeitos com o avanar da idade nos sentidos e propriocepo

    Os Ossos e as Articulaes

    Com a idade, os ossos tornam-se mais frgeis e mais propensos a fraturas. Nas

    mulheres, a perda de densidade ssea aumenta depois da menopausa.

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    Os ossos ficam mais frgeis, por um lado porque a quantidade de clcio (principal

    mineral que d fora aos ossos) diminui e, por outro lado, porque a absoro de clcio

    pelo sistema digestivo diminui e os nveis de Vitamina D (que ajuda o corpo a utilizar o

    clcio para os ossos) baixam ligeiramente.

    Os ossos mais afetados so o fmur, a plvis (anca), as extremidades dos ossos do

    brao (rdio e cbito), os ossos do pulso e os ossos da coluna vertebral (vrtebras).

    No centro dos ossos encontra-se a medula ssea, onde se produz a maioria das

    clulas do sangue (glbulos vermelhos e glbulos brancos). Ao envelhecer a quantidade

    de medula ssea diminui, o que leva a uma menor produo de clulas sanguneas.

    Podem surgir problemas quando a necessidade de clulas sanguneas muito

    aumentada, por exemplo, no caso de uma anemia (diminuio dos glbulos vermelhos),

    infeo ou hemorragia.

    Ao envelhecer, a cartilagem que reveste as articulaes tende a ficar mais fina. As

    superfcies de uma articulao podem no deslizar to bem uma em cima da outra e a

    articulao pode tornar-se, ligeiramente, mais suscetvel s leses. Traumatismos

    repetidos, ou a utilizao das articulaes durante toda a vida, conduzem, muitas vezes,

    a uma osteoartrite, uma das perturbaes mais frequentes da idade avanada.

    Os ligamentos, que unem as articulaes, tendem a ser menos elsticos com a idade,

    pelo que as articulaes se tornam rgidas ou duras. Por consequncia, a maioria dos

    idosos, torna-se menos flexvel. As ruturas dos ligamentos tendem a surgir com maior

    facilidade, e, quando surgem, a cura mais lenta.

    Os Msculos

    Ao envelhecer, a quantidade de tecido muscular (massa muscular) e a fora dos

    msculos tende a diminuir. A perda de massa muscular inicia-se aos 30 anos e continua

    ao longo da vida, pois os nveis da hormona do crescimento e da testosterona que

    estimulam o desenvolvimento muscular, diminuem com a idade.

    A maioria das pessoas mantm uma massa muscular e uma fora suficiente para

    realizar todas as atividades necessrias. Muitas pessoas idosas continuam a ser atletas. O

    exerccio fsico regular pode retardar, significativamente, a perda de massa muscular e

    de fora.

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    Durante os perodos de inatividade, os idosos comparativamente s pessoas mais

    jovens perdem, com maior rapidez, massa muscular e fora. Assim, depois de um dia de

    repouso na cama, as pessoas idosas necessitam de retomar, progressivamente, as suas

    atividades durante uma ou duas semanas, para conseguirem, de novo, a fora muscular

    que tinham anteriormente. Com uma atividade regular, at as pessoas que nunca fizeram

    exerccio podem aumentar a massa e a fora muscular.

    O Crebro e o Sistema Nervoso

    Com a idade, o nmero de clulas nervosas (neurnios) do crebro s se reduz

    levemente. Vrios fatores ajudam a compensar essa diminuio. Ao perderem-se

    clulas, estabelecem-se novas ligaes entre os neurnios restantes. Podem, tambm,

    formar-se novos neurnios em algumas reas do crebro, inclusive durante a velhice.

    Alm disso, o crebro possui mais neurnios do que necessita para levar a cabo a

    maioria das atividades.

    Contudo, as substncias e as estruturas implicadas no envio de mensagens do

    crebro para o resto do corpo e vice-versa alteram-se. Os nveis de alguns mensageiros

    qumicos (neurotransmissores), bem como os seus recetores sofrem alteraes. Devido a

    estas alteraes, o crebro pode funcionar, ligeiramente, pior. As pessoas idosas reagem

    e executam tarefas mais lentamente. Algumas funes mentais podem estar um pouco

    reduzidas. Entre elas incluem-se o vocabulrio, a memria a curto prazo, a capacidade

    de reter novas aprendizagens e a de recordar palavras.

    Depois dos 60 anos, o nmero de neurnios na medula espinal comea a diminuir.

    Em consequncia, os idosos podem notar uma diminuio das sensaes (viso, olfato,

    audio, paladar e tato). Os neurnios conduzem os sinais mais lentamente. Esta

    alterao , com muita frequncia, to pequena que as pessoas no se apercebem.

    Os neurnios, na pessoa idosa, podem autorreparar-se de modo incompleto e mais

    lentamente que nos jovens. Os idosos so, assim, mais vulnerveis a leses e a outras

    perturbaes nervosas.

    O Corao e os Vasos Sanguneos

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    Com o avanar da idade, o corao e os vasos sanguneos alteram-se em muitos

    sentidos. As paredes do corao tornam-se mais rgidas, dificultando o enchimento do

    corao com sangue.

    As paredes das artrias ficam, igualmente, mais rgidas e mais grossas. As artrias

    tornam-se, assim, menos elsticas, no respondendo, devidamente, s variaes da

    quantidade de sangue que passa por elas. Consequentemente, a presso arterial mais

    alta nas pessoas idosas. Apesar destas modificaes, um corao idoso saudvel

    funciona bem. Em repouso, as diferenas entre um corao jovem e um velho, so

    insignificantes. As diferenas s se tornam evidentes quando necessrio um maior

    trabalho por parte do corao, como acontece quando algum executa uma atividade

    fsica intensa ou quando est doente. Um corao mais velho no pode aumentar tanto a

    frequncia dos batimentos nem to rapidamente como um corao jovem. O exerccio

    fsico regular reduz muitos dos efeitos do envelhecimento sobre o corao e sobre os

    vasos sanguneos.

    Os Msculos da Respirao e os Pulmes

    Ao envelhecer, os msculos utilizados na respirao, como, por exemplo, o

    diafragma, tendem a debilitar-se. Alm disso, absorve-se um pouco menos de oxignio

    do ar respirado.

    Nas pessoas que no fumam ou que no tm uma perturbao pulmonar, os

    msculos da respirao continuam a funcionar, suficientemente, bem para cobrir as

    necessidades do corpo durante as atividades dirias habituais. No entanto, estas

    modificaes podem tornar mais difcil a atividade fsica intensa (por exemplo, correr

    ou andar de bicicleta energicamente).

    As pessoas idosas podem, tambm, ter dificuldade em respirar a elevadas altitudes.

    Os pulmes tornam-se menos aptos para combater as infees, pois as clulas que

    eliminam os produtos txicos da respirao so menos capazes de o fazer.

    A tosse, que tambm ajuda a limpar os pulmes, costuma ser mais fraca.

    Sistema Digestivo

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    O envelhecimento afeta o sistema digestivo de diferentes modos. Os msculos do

    esfago contraem-se com menor fora, contudo no afetado o movimento da comida

    no esfago. Os alimentos so eliminados mais lentamente pelo estmago que, para alm

    disso, no pode reter grandes quantidades de comida, uma vez que menos elstico.

    No entanto, na maioria das pessoas estas modificaes so to leves que passam

    despercebidas. Porm, em alguns indivduos, a diminuio do tempo de esvaziamento

    do estmago pode, inclusivamente, contribuir para a obstipao.

    O sistema digestivo produz menor quantidade de lactase, uma enzima necessria

    para a digesto do leite. Como resultado mais frequente que os idosos desenvolvam

    uma intolerncia aos produtos lcteos (intolerncia lactose).

    O fgado tambm muda, irrigado por menor quantidade de sangue e tende a torna-

    se mais pequeno. Certas enzimas produzidas no fgado trabalham menos eficazmente.

    Estas enzimas ajudam o organismo a metabolizar os alimentos provenientes de dieta,

    bem como a processar os medicamentos e outras substncias. Como resultado, o fgado

    pode ter mais dificuldade em eliminar do corpo os medicamentos (os efeitos destes

    duram mais tempo) e outras substncias txicas.

    Os Rins e o Sistema Urinrio

    Com o envelhecimento, os rins tentem a tornar-se mais pequenos (uma vez que o

    nmero das clulas dos rins diminui) e flui menos sangue por eles.

    A partir dos 30 anos, os rins comeam a filtrar o sangue com menor eficcia. Com a

    passagem dos anos, no eliminam to bem os produtos do metabolismo do nosso corpo

    (desperdcio). Podem tambm eliminar demasiada gua, pelo que a desidratao se

    torna mais provvel.

    No entanto, quase sempre funcionam suficientemente bem para cobrir as

    necessidades do organismo.

    O sistema urinrio modifica-se de diferentes maneiras que podem tornar mais difcil

    o controlo da mico (urina).

    O mximo volume de urina que a bexiga pode reter diminui. As pessoas idosas

    possuem uma capacidade menor de reter a mico depois de terem notado o primeiro

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    estmulo para urinar. Os msculos da bexiga podem tambm contrair-se de forma

    espordica, independentemente da necessidade de urinar.

    Os msculos da bexiga debilitam-se. Em consequncia, fica uma maior quantidade

    de urina dentro da bexiga depois de acabada a mico. Estas modificaes explicam,

    pelo menos em parte, por que razo a incontinncia urinria (perda de urina

    incontrolvel) se torna mais comum com a idade.

    Nas mulheres idosas, a uretra (que transporta a urina para fora do corpo) torna-se

    mais curta e mais fina. O msculo que controla o peso da urina pela uretra (esfncter

    urinrio) menos capaz de se fechar de modo adequado e prevenir as perdas de urina.

    Estas modificaes podem ser o resultado da diminuio dos nveis de estrognios que

    se verifica na menopausa.

    Nos homens, ao envelhecer, a prstata tende a aumentar de volume. Em muitos

    homens aumenta o suficiente ao ponto de bloquear parcialmente a passagem da urina.

    Sistema Reprodutor

    Os efeitos do envelhecimento no sistema reprodutor so mais bvios nas mulheres

    que nos homens.

    Nas mulheres, a maior parte destes efeitos esto relacionados com a menopausa,

    quando os nveis das hormonas femininas (sobretudo os estrognios) diminuem, as

    menstruaes param definitivamente e ento a gravidez j no possvel.

    A diminuio dos nveis de hormonas femininas determina a reduo das dimenses

    dos ovrios e do tero.

    Os tecidos da vagina tornam-se mais finos, mais secos e menos elsticos (uma

    afeo chamada de vaginite atrfica). Os seios tornam-se menos firmes e mais fibrosos,

    pelo que tendem a perder a sua turgidez.

    Algumas das modificaes que se iniciam na menopausa podem afetar a vida

    sexual. No entanto na maioria das mulheres, o envelhecimento no afeta, de modo

    importante, a atividade sexual.

    Nos homens, as modificaes do sistema reprodutor so menos dramticas. A

    maioria dos homens continua a ser frtil at morte, embora os nveis de testosterona se

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    reduzam, o que se traduz numa menor quantidade de esperma e numa diminuio da

    libido ().

    A maioria dos homens pode continuar a ter erees e alcanar o orgasmo durante

    toda a vida. No entanto, as erees podem ser mais breves ou menos rgidas.

    Alm disso, o tempo necessrio para conseguir uma segunda ereo pode aumentar

    significadamente. A disfuno erctil (impotncia) torna-se mais comum com a idade.

    Sistema Endcrino

    O sistema endcrino formando por numerosas glndulas e orgos que produzem

    hormonas. As hormonas comportam-se como mensageiros

    para ajudar na regulao e na coordenao das atividades

    de todo o organismo. Com a idade, os nveis e a atividade

    de algumas hormonas (para alm das hormonas sexuais)

    reduzem-se. Por exemplo, o nvel da hormona do

    crescimento diminui, o que causa modificaes nos

    msculos, como o caso da diminuio da massa

    muscular. O nvel de aldosterona, uma hormona produzida

    pelas glndulas suprarrenais, tambm diminui. Esta

    diminuio pode tambm contribuir para a tendncia das

    pessoas idosas para a desidratao.

    A maioria das modificaes hormonais no tem um

    efeito sobre as funes do organismo. No entanto, em

    algumas circunstncias, as funes do corpo podem ser

    afetadas. Por exemplo, depois da ingesto de uma comida

    forte, a insulina libertada pelo pncreas pode no ser

    utilizada de modo to eficaz como era habitualmente.

    A insulina ajuda a controlar o nvel de acar (glicose) no sangue. Se a funo da

    insulina for menos eficaz, o nvel de acar no sangue bobe mais do que o normal e

    demora muito mais tempo a voltar aos valores normais. Esta modificao pode ter

    Figura 3 - Principais glndulas endcrinas - Manual Merck

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    efeitos no evidentes. No entanto, em algumas pessoas, pode ser um sinal precoce de

    diabetes.

    Sistema Imunolgico

    Ao envelhecer, o sistema imunitrio torna-se menos eficaz. No entanto, a alterao

    to leve que a maioria das pessoas idosas no a percebem. Muitos indivduos s notam

    que o corpo menos capaz de se defender das infees quando estas persistem ou se

    tornam graves.

    Os indivduos que foram infetados pela tuberculose no incio da idade adulta podem

    no apresentar sintomas at velhice. Desenvolvem-se, ento os sintomas porque o

    sistema imunitrio est mais frgil.

    O sistema imunitrio pode ser menos capaz de distinguir as clulas do corpo das

    substncias estranhas que invadem o organismo. Por conseguinte, tornam-se mais

    frequentes as perturbaes naqueles cujo sistema imunitrio ataca as clulas do prprio

    corpo (doenas autoimunes).

    As clulas do sistema imunitrio destroem mais lentamente as clulas cancerosas, as

    bactrias e outras substncias estranhas. Esta lentido pode ser uma das razes pelas

    quais o cancro mais frequente nas pessoas idosas. Alm disso, as vacinas costumam

    proporcionar menos proteo s pessoas idosas. Estas modificaes do sistema

    imunitrio ajudam a explicar a razo que algumas infees, como a pneumonia e a

    gripe, so mais frequentes nas pessoas idosas e muitas vezes provocam a morte.

    As modificaes do sistema imunitrio tm tambm um efeito benfico. Os

    sintomas alrgicos tornam-se muito menos severos.

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    Envelhecimento Psicolgico

    Segundo Erikson (1983), a velhice enquadra-se no oitavo e ltimo estdio da sua

    teoria de desenvolvimento pessoal:

    Integridade pessoal versus desespero permanece o desejo de sentir prazer em

    viver e envelhecer com dignidade e a ansiedade associada antecipao da idade

    avanada, da perda de autonomia e da morte. Inicia-se, em mdia, a partir dos 65 anos.

    Segundo a teoria do desligamento de Cumming, os idosos mostram uma inclinao

    natural para diminuir o seu envolvimento afetivo com o meio circundante, estreitando o

    seu espao de vida e preocupando-se cada vez mais consigo prprios. Trata-se de um

    mecanismo natural influenciado pela reduo da energia mental e fsica ligada idade.

    Contudo, estudos atuais mostram que o envelhecimento no corresponde fatalidade de

    um caminhar sombrio e confinado. Os acontecimentos so analisados numa perspetiva

    diferente e mais equilibrada. A forma como cada um v e se sente inserido, com as suas

    caractersticas peculiares fulcral na sua interao com o meio e, consequentemente, na

    aquisio de um maior ou menor grau de satisfao e bem-estar.

    Infelizmente, muitos de ns, quando falamos de pessoas idosas, atribumos

    conotaes negativas a esta faixa etria. Principalmente devido aos mitos e esteretipos

    enraizados na nossa sociedade/cultura.

    Os principais problemas de sade mental que existem nas pessoas idosas so:

    A depresso (A depresso comum nos idosos, mas tende, muitas vezes, a

    no ser diagnosticada, ou confundida com outras doenas, devido ao mito

    de pessoa idosa ter uma perspetiva mrbida da vida e de muitos idosos

    recusarem-se a admitir que esto deprimidos);

    A ansiedade;

    O isolamento;

    O suicdio;

    Perturbaes do sono;

    O alcoolismo.

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    No podemos esquecer que existem tambm alteraes mentais causadas por

    medicamentos ou outras intervenes que visam a cura ou o tratamento das pessoas

    idosas (causas iatrognicas) assim como, devido ao estresse relacionado com o

    internamento (hospital, lar).

    Fatores que influenciam o envelhecimento psicolgico:

    O estado de sade fsica - Existem pessoas que tm a capacidade de se

    julgarem saudveis, ainda que apresentem algumas patologias crnicas ou

    agudas. Estas pessoas tm a capacidade de se adaptarem s suas limitaes.

    Assim, mais importante do que o estado de sade a perceo que cada um tem

    da sua prpria sade;

    A mudana de papel - A passagem de um papel utilitrio tanto para a famlia

    como para a sociedade, para um papel mais passivo traz habitualmente

    problemas psicolgicos. Para se ultrapassar esta fase necessrio que a pessoa

    idosa adquira novos papis, mantendo-se ativa e til. A falta de ocupao tem

    efeitos nefastos sobre a perceo de si e pode conduzir depresso;

    A personalidade - O indivduo que ao longo da sua vida sempre demonstrou

    capacidade de adaptao ter mais facilidade em se adaptar a situaes de

    privao ou de estresse;

    O estatuto familiar e conjugal A famlia e os amigos constituem muitas

    vezes a principal rede de suporte das pessoas idosas. A separao da famlia ou

    dos amigos, qualquer que seja a causa, aumentar os sentimentos de solido,

    que por sua vez iro dilatar a insegurana e diminuir seriamente a capacidade

    de adaptao;

    Funes cognitivas - uma diminuio das funes cognitivas poder ser vivida

    de forma dramtica pelo prprio e pela famlia.

    Efeitos do envelhecimento no desempenho cognitivo

    O termo cognio resume a capacidade de percecionar o que nos rodeia. Abrange a

    perceo, ateno, memria, raciocnio, tomada de decises, soluo de problemas e a

    formao de estruturas complexas do conhecimento. (Blazer & Busse, 1999).

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    As funes mais atingidas so a velocidade de pensamento, memria de

    trabalho/imediata e as habilidades visuoespaciais.

    As habilidades que se mantm inalteradas so a inteligncia verbal, ateno

    bsica, habilidade de clculo e a maioria das habilidades de linguagem.

    A velocidade em que a informao processada representa a alterao mais

    evidente do idoso. A lentificao cognitiva influencia todas as outras funes como a

    ateno e a memria, sendo responsvel pelo dfice cognitivo. Esta observada em

    idosos, aquando da sua dificuldade em compreender textos, da necessidade de

    explicaes mais extensas e de maior tempo para executar clculos.

    A inteligncia fluida processo bsico de informao, capacidade de raciocinar,

    perceber a relao entre os objetos, criar novas ideias, adaptar-se e organizar a

    informao em situaes concretas atinge o seu potencial mximo aos vinte e cinco

    anos, iniciando-se a partir da o seu declnio (Sequeira, 2010).

    A inteligncia cristalizada processo de aquisio do conhecimento centrado na

    educao (acumulao de informaes), no conhecimento e na experincia que os

    indivduos adquirem no contexto sociocultural aumenta a sua capacidade ao longo da

    vida. Assim, o desempenho de atividades, independentemente da sua natureza, tem

    influncia de forma positiva nas funes intelectuais e contribui para uma maior

    eficincia mental (Morris, 1991 citado por Sequeira, 2010).

    A memria constitui uma das funes cognitivas fundamentais para um

    envelhecimento ativo. Com o avanar da idade ocorre uma diminuio da velocidade de

    recuperao dos vrios recursos da memria, ocorre tambm declnio na memria

    imediata, de curto prazo ou de trabalho, o que dificulta o processo de aprendizagem. H

    maior comprometimento da ateno (dificuldade para selecionar a ateno por vrios

    tpicos) e da recuperao das informaes, previamente armazenada e tambm na

    consolidao de informaes recentes (memria episdica recente, por exemplo,

    localizao de objetos, recados, repetir nmeros de forma inversa, etc.)

    A memria remota, tambm designada por memria de recordao, mantm-se

    estvel ou declina muito pouco com a idade. Torna-se difcil medir esta memria com

    preciso, pois no possvel controlar a informao exata indicada pelo sujeito.

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    Os idosos so capazes de adquirir novos conhecimentos quando colocados nas

    situaes apropriadas, isto , em situaes em que o fator tempo no primordial.

    Alm disso, na maioria dos casos, a aprendizagem depende mais da motivao do que

    da memria (Berger, 1995).

    de extrema importncia referir que existe uma grande plasticidade cognitiva e

    capacidade de reserva ao longo da vida. Estas podem melhorar atravs da interveno,

    com programas de estimulao cognitiva tanto em pessoas com demncia, como em

    pessoas idosas saudveis (Fernndez-Ballesteros, 2009 citado por Teixeira, 2010).

    Fatores que influenciam o envelhecimento cognitivo

    Spar e La Rue (2005) citados por Sequeira (2010) realam, um conjunto de

    variveis que influenciam o nvel da cognio no envelhecimento normal os

    fatores genticos (que explicam cerca de 50% da variabilidade cognitiva na terceira

    idade); a sade (as pessoas saudveis apresentam menos alteraes cognitivas); a

    escolaridade (um nvel de instruo mais elevado funciona como fator protetor das

    funes cognitivas); a atividade mental (as atividades mentalmente estimulantes

    apresentam uma correlao com melhor desempenho cognitivo); a atividade fsica (a

    boa forma aerbica est relacionada com uma melhor preservao das aptides

    cognitivas); a personalidade, humor, meio social e cultural, treino cognitivo, sexo e

    conhecimentos especializados (influenciam positiva ou negativamente reas como a

    memria ou a ateno).

    Envelhecimento Social

    O envelhecimento relaciona-se, tambm, com as alteraes da participao ativa do

    idoso. As redes sociais alteram-se de acordo com o contexto familiar, laboral,

    participao na comunidade, entre outros.

    As redes de apoio so indispensveis para a sade mental, satisfao com a vida e

    envelhecimento timo, pelo que, de forma a manter a independncia e a participao

    social, necessrio reorganizar as redes de apoio informal, colmatando a falta de

    pessoas significativas (companheiros, famlia, etc.), que vo desaparecendo.

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    Redes sociais, interao social e apoio social, so conceitos interligados mas

    nem sempre associados.

    Redes sociais - so o nmero de elementos, estrutura da famlia, amigos e

    proximidade fsica;

    Interao social - a frequncia e durao de contactos afetivos estabelecidos

    com a rede social;

    Apoio social - refere-se ao tipo de ajuda que uma pessoa recebe a partir da sua

    rede social; assistncia dos contactos pessoa dependente.

    Segundo a teoria da desinsero (que caiu em desuso desde 1961), o

    envelhecimento acompanha-se de uma desinsero recproca da sociedade e do

    indivduo, ou seja, o idoso pe fim ao seu empenhamento e retira-se da sociedade que,

    por sua vez, lhe oferece cada vez menos.

    A teoria que se seguiu diz respeito teoria da continuidade que refere que o idoso

    mantm a continuidade nos seus hbitos de vida, preferncias, experincias e

    compromissos, elementos integrantes da sua personalidade.

    Alteraes sociais atuais

    Diminuio das famlias alargadas que cuidam de todos os seus membros;

    Predominncia de famlias nucleares com diminuio da estabilidade familiar

    (incremento do nmero de divrcios e novos casamentos que criam

    instabilidade e dificuldade nos processos de cuidar).

    Coexistncia de vrios tipos de famlia (monoparentais, unies de facto, etc.);

    Dificuldade e competitividade no trabalho (maior mobilidade geogrfica dos

    elementos familiares, fragilizando a solidariedade familiar);

    Reduzida dimenso das habitaes (dificulta a coabitao de vrios membros a

    famlia); entre outros.

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    O envelhecimento um processo dinmico e complexo, em que surgem diversas

    alteraes, quer a nvel biolgico e psicolgico, s quais os indivduos tm de se

    adaptar.

    O envelhecer definitivamente real, mas no existe um ideal natural, independente

    de ideais, imagens e prticas sociais que o representam. Assim, no se poder respeitar a

    pessoa idosa, sem ter em conta a sua personalidade, mediada pela sua experincia,

    condio social e valores culturais.

    Cada idoso dotado de uma entidade prpria que deve ser respeitada e que

    envelhecer e morrer, tal como nascer e crescer, ser sempre parte do ciclo de vida

    orgnico.

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    2. AGENTE EM GERIATRIA

    O Agente em Geriatria o profissional que presta cuidados de apoio direto a idosos,

    no domiclio e em contexto institucional, nomeadamente, lares e centros de dia, zelando

    pelo seu bem-estar fsico, psicolgico e social, de acordo com as indicaes da equipa

    tcnica e os princpios deontolgicos.

    2.1.CARATERSTICAS INERENTES AO AGENTE EM GERIATRIA

    Um bom profissional dever possuir caratersticas especficas para o

    cuidar/relacionamento humano. Um bom profissional deve saber ser:

    Responsvel; Paciente;

    Meigo; Bem-disposto;

    Educado; Humilde;

    Assduo; Honesto;

    Atento; Justo;

    Simptico; Bom ouvinte;

    Flexvel; Competente;

    Dedicado; Profissional.

    Um bom profissional deve saber:

    Colocar-se no lugar ou situao dos idosos (empatia);

    Prestar-lhes a devida ateno;

    Respeitar o idoso, os colegas e superiores hierrquicos;

    Ter boa apresentao;

    Ter capacidades psicolgicas, sociais e de relacionamento com os outros,

    especialmente com os idosos;

    Considerar o idoso como um ser humano, com todas as suas necessidades;

    Mostrar disponibilidade para o idoso;

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    Ajudar o idoso a exercitar as suas aptides fsicas e intelectuais, promovendo

    ao mximo as suas capacidades e autonomia.

    Um bom profissional deve possuir conhecimentos necessrios para cuidar dos

    idosos em reas como:

    Alimentao (dietas, cuidados com sondas, etc.);

    Sade e primeiros socorros (como atuar em caso de asfixia, administrao de

    medicamentos, cuidados a ter com as alglias, etc.);

    Higiene e preveno de acidentes (higiene pessoal, posicionamentos, preveno

    de quedas etc.);

    Comunicao e atividades de animao;

    Processo de envelhecimento, cultura, hbitos e crenas.

    Principais atividades do Agente em Geriatria:

    Prestar/auxiliar cuidados de higiene ao idoso;

    Distribuir e auxiliar nas refeies;

    Administrar medicao (ter ateno sua toma);

    Auxiliar, se necessrio, na deslocao ao WC, colocao de fraldas e/ ou urinis

    e arrastadeiras;

    Prevenir quedas e acidentes, organizando o espao fsico onde o idoso se insere;

    Organizar e promover atividades de lazer e animao adequadas s capacidades

    dos idosos;

    Acompanhar o idoso nas idas a consultas e tratamentos.

    Principais deveres do Agente em Geriatria:

    Respeitar sempre a privacidade do idoso, guardando sigilo, sempre que ele o

    solicite, sobre qualquer assunto;

    Ser sempre responsvel pelas suas aes, reconhecendo e assumindo os erros

    cometidos, como prova de humildade e honestidade;

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    Assegurar, quanto possvel, que os seus servios no so mal utilizados,

    respeitando as indicaes dadas pelos superiores hierrquicos;

    Respeitar o sigilo profissional, no divulgando situaes e informaes

    relacionadas com os idosos, colegas de trabalho ou instituio obtidas no

    decorrer do horrio de trabalho.

    Cuidados a ter em considerao relativos higiene pessoal:

    Tomar banho diariamente;

    Promover a sade oral;

    Unhas curtas (no rodas), limpas e sem verniz;

    Mos e antebraos limpos. Manter ps secos;

    Evitar passar as mos no nariz, orelhas, cabea, boca ou outra parte do corpo

    durante a prestao de cuidados;

    Homens: evitar a barba e bigode;

    Evitar trabalhar com ferimentos nas mos ou se estiver doente (diarreia, febre,

    vmitos, contacto com pessoas com doenas infecto-contagiosas, infees os

    olhos, garganta, nariz ouvidos pele, etc.);

    Comunicar situao de doena;

    Assoar o nariz em lenos de papel e posteriormente rejeitar e lavar as mos;

    No limpar o suor com as mos, panos ou uniforme (mas sim em toalha

    descartvel).

    Cuidados a ter relativos apresentao pessoal, linguagem e atitude:

    Cabelos limpos, apanhados e protegidos (sem tocar no uniforme);

    No usar adornos (anis, brincos, relgio, pulseiras, colares, piercing, etc.). No

    utilizar utenslios que foram colocados na boca;

    Utilizar equipamento de proteo individual;

    Evitar maquilhagem e perfumes com cor e/ou odor intenso (utilizar

    desodorizante sem cheiro ou com odor suave);

    Apresentar identificao adequada (nome, fotografia e funo);

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    Evitar falar, cantar, tossir ou espirrar sobre os outros ou alimentos;

    No mascar pastilhas elsticas ou fumar durante o trabalho;

    No manusear dinheiro;

    O fardamento deve ser feito apenas no local de trabalho;

    Cacifo para colocar a roupa pessoal do funcionrio.

    Cuidados relativos higiene e apresentao pessoal:

    Para uma prestao de cuidados adequados e seguros aos idosos, necessrio ter em

    conta alguns aspetos relativos higiene e apresentao pessoal do prestador de cuidados

    no sentido de manter uma boa apresentao pessoal e principalmente prevenir as

    infees.

    Uso de farda limpa

    A farda de trabalho um instrumento de trabalho pessoal que dever estar sempre

    limpa. diferente consoante a instituio ou local de trabalho e identifica o cargo dos

    diferentes profissionais.

    Idealmente, a farda de trabalho deve ser trocada diariamente; a sua lavagem dever

    ser feita a uma temperatura superior a 60C, para que a remoo da sujidade e a

    eliminao de microrganismos seja eficaz. Quando existem ndoas que, aps lavagem,

    no saem utiliza-se lixvia. Posteriormente, a farda dever ser lavada novamente a uma

    temperatura superior a 60C. Depois de lavada e seca deve ser bem passada a ferro.

    Calado

    Tal como a farda deve ser unicamente usado no local de trabalho. Dever ser seguro e

    adequado ao desempenho das suas funes, principalmente com sola de borracha e

    antiderrapante.

    A apresentao pessoal correta e adequada bem como o uso de uma farda

    limpa para alm de prevenir infees so o espelho do nosso asseio e a imagem que

    transparecemos da instituio onde trabalhamos.

    Atitude

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    A atitude positiva consiste na reao que um indivduo tem em relao a um objeto,

    pessoa ou situao. Um profissional de sade com esta atitude vai se sentir

    entusiasmado, criativo, vai contagiar os outros com a sua boa disposio e isso vai se

    refletir na qualidade do seu trabalho.

    Mas como conseguir essa atitude positiva? Deve ser um trabalho dirio e de

    cada indivduo.

    Usar o humor no dia-a-dia, pois nem tudo pode ser mau e rir ajuda a relaxar os

    nervos, melhora a circulao sangunea e a digesto;

    Pensar e desenvolver vitrias concentrar-se no que bom. Ex: se ouvir

    msica faz bem, ento deve faz-lo;

    Simplificar libertar-se de preocupaes e complicaes;

    No se isolar falar sobre os problemas;

    Mostrar uma atitude positiva aos outros, isso vai deix-las positivas tambm;

    Olhar mais para si e gostar de si prprio;

    Desenvolver uma autoestima positiva, cuidar da aparncia;

    Estabelecer objetivos, criar metas.

    Quem o cliente? Qual o seu perfil?

    Ter conhecimento sobre as tarefas a executar no posto de trabalho importante, mas

    no tudo. tambm necessrio conhecer os clientes e adaptar-se a estes.

    O cliente deve ser considerado a pessoa mais importante, pois dele que depende o

    trabalho do agente em geriatria. Este no deve ser alvo de juzos de valor e deve ser

    tratado de forma individual, respeitando as suas caratersticas.

    Para tal, o profissional deve evitar:

    EFEITO HALO No se deve formular uma opinio sobre um cliente, baseado na

    generalizao de uma caraterstica. Exemplo: desconfiana;

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    EFEITO LGICO No se deve supor que certas qualidades do cliente se

    encontram associadas s suas atitudes. Exemplo: um cliente indeciso, no quer dizer

    que no v marcar uma consulta;

    EFEITO DOS ESTERETIPOS No se deve qualificar os clientes somente

    porque detetamos caratersticas nele que nos permitem enquadr-lo em certos tipos

    pr-qualificados. Exemplo: se um cliente tem excesso de peso, no quer dizer que

    seja simptico e falador;

    EFEITO DA TENDNCIA CENTRAL no se deve classificar os clientes como

    sendo todos iguais, sem considerar as diferenas individuais. (personalidade,

    crenas, cultura). Exemplo: Os utentes so todos iguais.

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    3. PROCESSOS DE COMUNICAO E OBSERVAO

    Comunicao

    um processo de criao e de recriao de informao, de troca, de partilha e de

    colocar em comum sentimentos e emoes entre indivduos. A comunicao transmite-

    se de maneira consciente ou inconsciente pelo comportamento verbal e no-verbal, e de

    modo mais global, pela maneira de agir dos intervenientes. Por seu intermdio,

    chegamos, mutuamente, a apreender e a compreender as intenes, as opinies, os

    sentimentos e as emoes sentidas pela outra pessoa e, at, criar laos significativos

    com ela.

    3.1. CARACTERSTICAS DA COMUNICAO/ELEMENTOS DO PROCESSO DE

    COMUNICAO

    Elementos do processo de comunicao:

    Os elementos do processo de comunicao devero estar presentes e adequados

    para que a sua mensagem atinja a eficcia desejada.

    Figura 4 - Polos da Comunicao na Sade

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    Estmulo: motiva uma pessoa a comunicar com outras. Pode ser um objeto,

    experincia, emoo, ideia ou um ato;

    Emissor: pessoa que inicia a comunicao interpessoal ou a mensagem. O

    emissor pe o estmulo dentro de uma forma de modo a poder ser transmitido e

    assume responsabilidade quanto preciso do contedo e ao tom emocional da

    mensagem;

    Mensagem: informao enviada ou expressada pelo emissor. Pode consistir em

    smbolos de linguagem verbal e no-verbal (palavras faladas, expresses faciais

    ou gestos). Uma apropriada quantidade de informao deve ser transmitida e o

    Recetor deve estar pronto para ouvir a mensagem.

    Recetor: pessoa para quem a mensagem enviada, atravs dos cinco sentidos

    viso, audio, paladar, tato e olfato. A mensagem do emissor incita o recetor a

    descodificar e a responder. Idealmente, a inteno do emissor recebida pelo

    recetor;

    Figura 5 Elementos do Processo de Comunicao

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    Canal de transmisso: meio atravs do qual as comunicaes so transmitidas

    entre os intervenientes ar, voz, carta, livro, rdio, telefone, rede de tv, fax,

    correio, internet, etc.;

    Codificao da mensagem: escolha de uma forma verbal ou no verbal

    (palavras escritas ou faladas, gestos ou aes) capaz de transferir e transmitir

    significado. O cdigo um conjunto de sinais com significado;

    Descodificao: atribuio de significado aos smbolos;

    Retroalimentao ou feedback: retorno da informao que permite ao emissor

    verificar se a comunicao foi ou no perfeitamente percecionada.

    Ao elaborar uma mensagem o emissor deve verificar:

    Cdigo comum ao recetor;

    O que transmite claro e compreensvel;

    O recetor possui as capacidades necessrias para a descodificao.

    Nveis de comunicao:

    Comunicao Intrapessoal

    Comunicao Interpessoal

    Comunicao Pblica

    Importncia da comunicao nas relaes interpessoais:

    As relaes interpessoais desenvolvem-se no processo de interao entre duas

    fontes:

    O EU e o OUTRO.

    A maior ou menor eficcia no relacionamento depende do nosso poder e

    habilidade na comunicao;

    Cerca de 75% do tempo passado a relacionar-se com outras pessoas.

    Para desenvolver a sensibilidade social e a flexibilidade de comportamento

    precisamos:

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    Melhor conhecimento de ns prprios;

    Melhor compreenso dos outros, interpretando-os pelo que eles so e no pelo

    que desejaramos que eles fossem;

    Melhor convivncia em grupo, pela perceo dos vrios comportamentos em

    grupo, o seu funcionamento e a interao dos indivduos.

    No so as palavras utilizadas que nos ferem, mas antes as atitudes com que

    so pronunciadas, as emoes que as subentendem e que nos fazem reagir.

    Estilos de comunicao:

    Existe algo que pode facilitar ou dificultar a nossa comunicao com as pessoas o

    nosso estilo de comunicao. Os quatro estilos de comunicao so Passivo,

    Agressivo, Manipulador e Assertivo.

    Passivo:

    Evita os conflitos;

    Espera que as pessoas compreendam o que deseja;

    Muito preocupado com a opinio dos outros a seu respeito;

    Culpa-se de tudo;

    No capaz de se defender;

    Justifica-se excessivamente;

    Tem dificuldade em dizer que no.

    Expresso corporal:

    Voz hesitante, mnimo contacto visual, quieto, atitude defensiva, postura encolhida,

    mexendo as mos, inquieto.

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    Agressivo:

    Ansioso por vencer, mesmo custa dos outros;

    Muito preocupado com os seus desejos e vontades;

    Culpa os outros;

    Crtica os outros, mas no a si prprio;

    Interrompe com frequncia;

    Autoritrio;

    Conflituoso.

    Expresso corporal:

    Mximo contacto visual, Voz alta Grita. Postura cerra os punhos ou aponta o

    dedo como uma espada.

    Manipulador:

    Utiliza a simulao;

    Evita dizer o que verdadeiramente pensa;

    Manipula a informao e as pessoas;

    No olha a meios para atingir os fins.

    Expresso corporal:

    A linguagem corporal no coincide com a verbal.

    Assertivo:

    Vontade de defender os seus direitos, mas ao mesmo tempo capaz de aceitar que

    os outros tambm tenham os seus;

    Ouve bastante procura entender;

    Trata as pessoas com respeito;

    Aceita acordos, solues;

    Vai direito ao assunto sem ser spero.

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    Expresso corporal:

    Contacto visual suficiente para dar a entender que est a ser sincero;

    Tom de voz moderado, neutro, mas firme;

    Postura comedida e segura;

    Expresso corporal de acordo com as palavras.

    Em cada um de ns pode haver um pouco de cada uma destas formas de comunicar

    com o outro. Existem pessoas que so passivas no local de trabalho, mas em casa so

    agressivas ou assertivas, por exemplo.

    Mas h um que predomina!

    Princpios gerais da comunicao:

    A comunicao encontra-se em toda a parte;

    impossvel no comunicar;

    A comunicao situa-se nos planos cognitivo e afetivo;

    A comunicao pode ser intencional ou acidental;

    Em mensagens verbais e no-verbais contraditrias, o significado da

    mensagem no-verbal que retido;

    A comunicao dificilmente reversvel;

    Os primeiros minutos da comunicao so muito importantes: do o tom

    relao.

    Emoes na comunicao:

    Podemos ento perceber que numa mesma situao podemos agir de duas formas

    muito diferentes que provocam, em ns e nos outros, EMOES muito diferentes.

    Emoes negativas: tristeza, zanga, raiva, inveja, frustrao, entre outras.

    Emoes positivas: felicidade, amor, alegria, entusiasmo, entre outras.

    As emoes so contagiosas. Um estudo (grupos de pessoas no seu local de

    trabalho), realizado na Escola de Gesto da Universidade de Yale, chegou concluso

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    que a alegria e o calor so as emoes que se espalham mais facilmente, enquanto a

    irritabilidade menos contagiosa e a depresso quase no se espalha. Esta maior taxa de

    difuso dos estados de esprito favorveis tem implicaes diretas para os resultados nas

    empresas.

    Em sentido neurolgico, o riso a distncia mais curta entre duas pessoas, porque

    liga instantaneamente os seus sistemas lmbicos (corrente lmbica).

    Uma boa gargalhada (riso como reao a observaes vulgares e no como reao

    a gracejos) transmite uma mensagem amistosa que d segurana: estamos na mesma

    onda, entendemo-nos bem. Indica confiana, bem-estar mtuo, sentimentos comuns

    sobre o mundo. Tal como o ritmo de uma conversa, rir um sinal de que, de momento,

    est tudo bem.

    Observao

    Observao o ato ou efeito de observar. Exame. Anlise. Acompanhar a evoluo,

    o comportamento ou o funcionamento.

    Observar examinar atentamente os indivduos e ou o ambiente que os rodeiam.

    Instrumento de coleta de dados que subsidia o processo de cuidar. Elemento

    fundamental no trabalho cientfico e em toda a ao inteligente. Baseia-se no

    conhecimento, interesse e ateno do observador, dentro deste mtodo de reunio de

    informaes.

    A observao a primeira etapa ou passo que conduz ao do agente em

    geriatria, ou seja, a execuo de todos os cuidados necessrios na assistncia ao cliente.

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    Caratersticas do processo de observao

    As informaes coletadas atravs da observao chegam ao crebro do observador

    por intermdio dos sentidos:

    Viso: observamos a cor da pele, o aspeto geral, a postura, os movimentos do

    corpo, fazemos a leitura de instrumentos (termmetro, ECG, monitores, etc.);

    Audio: presena de rudos respiratrios, intestinais, etc.;

    Olfato: sentimos odores caractersticos de alguns quadros clnicos:

    Hlito cetnico (ma podre) no Diabetes descompensado;

    Odor caraterstico de algumas secrees (infees);

    Substncias txicas em casos de intoxicaes, etc.

    Paladar: podemos verificar o tempero dos alimentos.

    Tato: utilizado para detetar texturas, temperatura da comida e corporal, pulso,

    turgor da pele, entre outros;

    Intuio (sexto sentido): so sensaes descritas como um estado de alerta

    que nos leva a perceber que algo est fora do padro normal, mas no

    conseguimos evidenciar exatamente do que se trata.

    Devemos compreender que observar perceber com todos os rgos dos

    sentidos o mundo que nos rodeia, porm, nossas percees podem sofrer

    influncias de experincias anteriores, expectativas, motivaes e emoes,

    podendo alterar o resultado de nossas observaes.

    Tipos de observao:

    Observao Assistemtica:

    As observaes assistemticas ou no estruturadas so aquelas que realizamos

    espontaneamente, sem utilizarmos meios tcnicos especiais, roteiros ou perguntas

    especficas.

    Ocorre em uma experincia casual, sem que se tenha determinado de antemo

    quais os aspetos relevantes a serem observados e que meios utilizar para observ-los.

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    Observao Sistemtica:

    A observao sistemtica, tambm chamada de estruturada ou planeada, aquela

    que fazemos para responder a propsitos preestabelecidos, ou seja, sabemos de antemo

    o qu, como e quando vamos observar.

    A grande vantagem da observao sistematizada que os dados j so colhidos de

    forma organizada, alm do que, o mesmo roteiro pode ser utilizado por diversos

    observadores. Desde que eles compreendam as situaes e os detalhes da mesma forma.

    A escolha do tipo de observao utilizada ficar na dependncia do fenmeno ou

    situao que queremos estudar.

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    3.2.JOGOS E SIMULAES

    O jogo tem um papel essencial na educao e na animao e tem um papel

    importante no processo de socializao e de desenvolvimento intelectual, social e

    motor.

    A realizao de jogos com grupos de crianas, adultos ou idosos das melhores

    formas de transmisso de mensagens, de aprender e de diverso.

    Com o jogo consegue-se:

    Aumentar o grau cultural e o compromisso coletivo;

    Aumentar o nmero de amizades e relacionamentos;

    Canalizar a criatividade;

    Divertir;

    Libertar tenses e emoes;

    Obter integrao intergeracional;

    Orientar positivamente as angstias quotidianas;

    Refletir;

    Ter predisposio para realizar outros trabalhos.

    Jogos e Rbulas

    Os jogos de mesa e as rbulas ou pardias so um excelente promotor de

    entretenimento e lazer entre os idosos, estabelecendo o convvio e a interao entre eles.

    Alguns jogos que podem ser desenvolvidos so as damas, o pictionary (jogo em que

    necessrio adivinhar uma palavra atravs de desenhos), o domin, o xadrez, o

    monoplio (jogo em que o objetivo ganhar dinheiro com a venda e compra de

    imveis), trivial pursuit (jogo de cultura geral), o Scrable (jogo de construo de

    palavras), jogo galo, entre outros.

    Nas rbulas esto includas as anedotas, histrias, pequenos atos teatrais, mmica,

    provrbios, entre outras.

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    Jogos de Magia

    Os jogos de magia no so utilizados com frequncia na animao, mas podem

    proporcionar bons momentos de entretenimento. Existem truques simples de cartas,

    cordas ou moedas, que qualquer idoso pode aprender para depois apresentar aos colegas

    numa festa ou passeio.

    Desporto e Recreio

    Esta animao engloba atividades fsicas que podem ser praticadas em equipa ou

    individualmente, com ou sem fins competitivos. Os desportos mais aconselhveis para

    os idosos so o atletismo, os jogos tradicionais, a natao, o tnis, a pesca, o golfe e a

    marcha.

    As atividades recreativas so realizadas em e para o grupo e tm por objetivo o

    recreio, o convvio, a solidificao das relaes sociais e o desenvolvimento

    comunitrio. Os bailes (carnaval, final de ano, etc.), os torneios de jogos de cartas, os

    desfiles de moda, as marchas populares, as festas de aniversrio e dos santos populares,

    as procisses, os jornais de parede, os piqueniques, a decorao de casas ou ruas com

    flores e outros adereos de papel, concursos de poesia, prosa ou fotografia, entre outras,

    so exemplos de atividades recreativas.

    4. CONFORTO DA PESSOA IDOSA

    4.1. SONO E REPOUSO

    O sono uma necessidade bsica dos seres humanos e, portanto, tem influncia na

    nossa qualidade de vida. Sabe-se que a experincia de um sono insatisfatrio ou

    insuficiente muito desagradvel, refletindo no desempenho da pessoa em suas

    atividades dirias, comportamento e bem-estar. Particularmente para os idosos, as

    perturbaes do sono tambm representam fatores de risco ligados institucionalizao

    e mortalidade.

    Consequncias da privao de sono

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    Sonolncia;

    Fadiga e falta de vigor;

    Ansiedade e irritabilidade;

    Falta de concentrao;

    Confuso;

    Distores de perceo;

    Alucinaes;

    Lapsos e acidentes;

    Defeitos de compreenso da linguagem verbal

    Sono como ritmo biolgico

    O mundo organiza-se em torno de uma periodicidade de 24 horas, determinada pelo

    movimento de rotao da Terra. Os nossos ritmos biolgicos mais conhecidos tm

    periodicidade semelhante e so chamados de ritmos circadianos (do latim circa diem,

    em torno de um dia).

    O ritmo circadiano sincronizado de acordo com fatores:

    Geofsicos a alternncia entre o claro (dia) e o escuro (noite) e as estaes do ano.

    De origem social horrios dos diversos compromissos sociais, trabalho, escola.

    Fases do sono

    O sono constitudo por diferentes estgios, de acordo com a frequncia e a

    amplitude tpicas das ondas eltricas cerebrais geradas durante o fenmeno. A

    organizao e a proporo que ocupam os vrios estgios so conhecidas como o padro

    do sono, que se modifica com o envelhecimento.

    Sono NREM (N1, N2 e N3) Sono lento, sincronizado. No h movimento

    rpido dos olhos. Caracterizado por um EEG (eletroencefalograma) em que

    dominam as frequncias baixas; ativao parassimptica dominante;

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    temperatura central decresce ligeiramente; a atividade cognitiva persiste, embora

    os sonhos sejam facilmente esquecidos; Possu trs nveis, N1, N2 e N3. A

    qualidade do sono da fase N1 fase N3 torna-se sucessivamente profunda,

    medida que as ondas cerebrais se tornam progressivamente mais lentas e

    mais difcil acordar uma pessoa.

    Sono REM (Rapid Eyes Movement) paradoxal. Existncia de movimentos

    rpidos dos olhos; ocorre 90 minutos aps incio do sono; sonhos

    predominantemente emocionais, vividos e mais facilmente retidos se acordar

    nesta fase.

    Uma noite de sono constituda por ciclos com durao mdia de 70 a 100

    minutos, que se repetem de 4 a 5 vezes, sendo que um ciclo tpico constitudo

    das fases N1, N2 e N3 do NREM seguidos por um perodo de sono REM. Sabe-

    se ainda que na primeira metade da noite, o sono mais profundo (predomnio

    da fase NREM) e na segunda metade da noite predomnio das fases mais

    superficiais (N1 e N2) do sono NREM e de sono REM.

    Funes do sono

    A principal funo do sono manter-nos acordados.

    O ser humano o nico ser vivo capaz de adiar propositadamente o sono,

    contudo esta capacidade no excede os dez dias;

    So segregadas todas as hormonas anabolizantes, que permitem o crescimento, a

    duplicao celular.

    So estabilizados processos imunolgicos A reduo do sono aumenta a

    probabilidade de ter doenas infeciosas. So estabelecidos e sedimentados

    diversos processos cognitivos, sobretudo os que tm a ver com a memria, com

    o encontrar solues e com a aprendizagem, entre outros;

    Atravs dos sonhos restabelecido o equilbrio emocional e so reforados os

    comportamentos prprios da espcie.

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    Fatores que alteram o sono

    Na origem de uma perturbao do sono, frequentemente, ocorre a combinao de

    um ou mais fatores:

    Doena fsica;

    Frmacos e substncias;

    Estilo de vida;

    Padres habituais de sono e sonolncia diurna excessiva;

    Estresse emocional e Ambiental;

    Rudo;

    Exerccio e fadiga;

    Alimentos e ingesto calrica.

    Padres de sono e modificaes com o envelhecimento

    O ciclo viglia-sono (perodos de sono e de viglia ao longo das 24 horas) sofre

    importantes modificaes durante o envelhecimento do indivduo. Nos bebs, o sono

    fragmentado ao longo do dia e da noite; os adultos, em geral, dormem apenas durante a

    noite, exibindo um padro chamado de monofsico; e as pessoas idosas costumam

    apresentar um padro de sono mais fragmentado, com episdios ocorrendo durante o dia

    e a noite, em diferentes propores.

    Com o envelhecimento o padro do sono sofre algumas alteraes:

    Diminuio da durao do sono profundo (N3 e NREN);

    Aumento da durao das fases N1 e N2 do sono NREM (sono superficial);

    Maior nmero de transies de um estgio para o outro, inclusive para a viglia,

    e maior nmero de interrupes no sono

    A eficincia do sono a proporo entre o tempo que uma pessoa consegue

    realmente dormir e o tempo despendido na cama com esse objetivo. Constitui um

    parmetro fundamental na avaliao da qualidade do sono.

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    Uma pessoa que se deita s 22 horas e se levanta s 6 horas da manh seguinte; ela

    ter 100% de eficincia do sono se dormir oito horas (oito horas de sono divididas por

    oito horas no leito), 75% se dormir seis horas (seis horas de sono divididas por oito

    horas no leito), e assim por diante.

    As pessoas idosas apresentam reduo da eficincia do sono para cerca de 70% a

    80%, variando conforme o sexo e a idade (em adultos jovens esse valor da ordem de

    90%).

    No processo de envelhecimento, o sono sofre mudanas quantitativas e

    qualitativas que so percebidas pelo idoso como perturbaes e podem ser

    apresentadas na forma de queixas. So elas:

    Dificuldade em manter o sono noturno (os idosos demoram para adormecer e

    acordam vrias vezes durante a noite);

    Perceo do sono como mais leve e menos satisfatrio (menor eficincia do

    sono);

    Despertar muito precoce. Alguns estudos sugerem que, com o envelhecimento,

    torna-se necessrio um avano no sistema circadiano para que o organismo se

    ajuste periodicidade do ambiente e da organizao social (como se um relgio

    interno fosse adiantado), o que determinaria a escolha de horrios precoces para

    o incio do sono e para o despertar, por exemplo.

    Maior tendncia a dormir durante o dia, intencionalmente ou no (sesta e

    cochilos). Parte dos idosos j no est sob a influncia de pistas temporais

    importantes, como horrios de trabalho, e, assim, pode no ter interesse,

    motivao ou necessidade de manter horrios regulares para levantar-se, deitar-

    se, alimentar-se ou executar quaisquer outras atividades, o que contribui para

    acentuar ainda mais a fragmentao do sono.

    Tais modificaes, quando muito acentuadas, podem trazer alguns problemas:

    Distrbio do incio e manuteno do sono (DIMS), que a exacerbao da

    dificuldade em conciliar e em manter o sono noturno, queixa frequente entre as

    pessoas idosas;

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    Despertar muito precoce (em torno das 3 ou 4 horas da manh), que pode

    ser indcio de um quadro depressivo;

    Sonolncia diurna excessiva, resultante de sndrome da apneia do sono,

    mioclonia noturna ou outros distrbios.

    A qualidade percebida do sono uma experincia subjetiva.

    No cabe ao cuidador afirmar que a pessoa idosa dormiu muito bem e est se

    queixando toa, apenas por ter observado que ela dormiu uma noite inteira, de forma

    aparentemente profunda e tranquila. A observao contnua ao longo da noite no o

    habitual; o que se costuma fazer so observaes intermitentes, entre as quais podem

    ocorrer episdios de interrupo do sono que passam despercebidos pelo observador.

    O cuidado com o sono requer, inicialmente, uma avaliao de seu padro

    habitual:

    Existem ou no queixas;

    Horrios de dormir e despertar;

    Quanto tempo demora para adormecer;

    Nmero, durao e motivo das interrupes do sono;

    Nmero e durao de sestas ou cochilos;

    Queixas relatadas pelo companheiro ou outras pessoas prximas;

    Satisfao do idoso com a qualidade do sono, bem como sensao de bem-estar

    ao despertar;

    Sonolncia ou fadiga durante o dia.

    preciso verificar se o idoso possui uma rotina que precede o ato de deitar-se para

    dormir (ex.: tomar banho ou fazer outro tipo de higiene, rezar o tero, fazer uma

    refeio leve), a sua regularidade e a sua possvel influncia na qualidade do sono. O

    ambiente fsico em que o idoso dorme tambm tem de ser observado (a temperatura,

    iluminao, sons, presena de outrem, caractersticas da cama e segurana do local).

    Alm disso, deve-se analisar a qualidade da viglia, pois alguns fatores, tpicos de

    quando se est acordado, podem contribuir decisivamente para a qualidade do sono,

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    bem como sofrer a influncia desta (realizao de atividades de lazer, prtica de

    exerccios fsicos, presena de interao social, qualidade da alimentao do idoso, entre

    outros).

    Recomendaes quanto ao uso de medicamentos para dormir

    Os idosos costumam ser responsveis por grande parte do consumo de

    medicamentos para dormir (de diversos tipos). A utilizao de medicamentos no

    assegura um sono de melhor qualidade.

    A pessoa idosa torna-se mais vulnervel aos efeitos colaterais dos

    medicamentos indutores do sono, bem como a indesejvel sonolncia durante o

    dia que aum