lÍngua portuguesa: aula 1. classes gramaticais;

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Sidney Martins LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais; As palavras do português podem ser enquadradas em dez classes gramaticais (ou classes de palavras). São elas: 1. Substantivo 6. Artigo 2. Adjetivo 7. Numeral 3. Verbo 8. Conjunção 4. Advérbio 9. Preposição 5. Pronome 10. Interjeição Neste capítulo, apresentamos uma visão panorâmica da maior parte dessas classes, focalizando as relações que elas estabelecem entre si (por exemplo, o substantivo com o adjetivo, o verbo com o advérbio, etc.) e os significados dos conectores (conjunções e preposições). Visão geral: os critérios semântico, morfológico e sintático de classificação As classes gramaticais podem ser definidas segundo três parâmetros: o critério semântico, o critério morfológico e o critério sintático. Para entender esses critérios, é preciso saber que eles estão diretamente associados a três componentes, ou subáreas, da gramática: Semântica, Morfologia e Sintaxe. Área Definição Exemplo Semântica Estuda o significado das palavras e das frases. Na frase Saí com você, a palavra “com” indica companhia Morfologia Estuda a estrutura interna da palavra. A palavra “mesa” está no singular, porque não tem o elemento -s. Sintaxe Estuda as relações entre os constituintes das sentenças. Na frase Ele comeu muito, a palavra muito está ligada à forma verbal comeu.

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Page 1: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

Sidney Martins

LÍNGUA PORTUGUESA:

Aula 1. Classes gramaticais;

As palavras do português podem ser enquadradas em dez classes gramaticais (ou classes de

palavras). São elas:

1. Substantivo 6. Artigo

2. Adjetivo 7. Numeral

3. Verbo 8. Conjunção

4. Advérbio 9. Preposição

5. Pronome 10. Interjeição

Neste capítulo, apresentamos uma visão panorâmica da maior parte dessas classes,

focalizando as relações que elas estabelecem entre si (por exemplo, o substantivo com o adjetivo, o verbo com o advérbio, etc.) e os significados dos conectores (conjunções e

preposições).

Visão geral: os critérios semântico, morfológico e sintático de classificação

As classes gramaticais podem ser definidas segundo três parâmetros: o critério semântico,

o critério morfológico e o critério sintático. Para entender esses critérios, é preciso saber que

eles estão diretamente associados a três componentes, ou subáreas, da gramática: Semântica,

Morfologia e Sintaxe.

Área Definição Exemplo

Semântica

Estuda o significado das

palavras e das frases.

Na frase Saí com você, a

palavra “com” indica

companhia

Morfologia

Estuda a estrutura

interna da palavra.

A palavra “mesa” está no

singular, porque não tem o

elemento -s.

Sintaxe

Estuda as relações entre

os constituintes das

sentenças.

Na frase Ele comeu muito, a

palavra muito está ligada à

forma verbal comeu.

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Conhecendo essas três subáreas da gramática, você poderá entender os três critérios

usados para definir as classes gramaticais. Vamos tomar como exemplo o advérbio.

Critério Definição de advérbio Exemplo

Critério semântico

O advérbio exprime

diferentes circunstâncias

Circunstância de tempo

(hoje, amanhã, etc.);

circunstância de lugar (aqui,

lá, etc.); circunstância de

modo (rapidamente,

tristemente, etc.), dentre

outras.

Critério morfológico

O advérbio é invariável,

porque não sofre flexão

(gênero, número, tempo,

modo). Por outro lado, pode

receber elementos que

indiquem grau (aumentativo,

diminutivo).

O advérbio não tem plural ou

feminino, mas tem

aumentativo

e diminutivo, que aparecem

no registro coloquial:

agorinha,

pertinho, lonjão...

Critério sintático

O advérbio se liga a verbos,

adjetivos e outros advérbios.

Comeu muito → advérbio de

intensidade ligado a verbo;

Está muito bonita → advérbio

de intensidade ligado a

adjetivo; Comeu muito

rapidamente → advérbio de

intensidade ligado a um

advérbio de modo.

As relações entre as classes de palavras

1. O substantivo e seus satélites

Exemplos:

1. Aqueles meus três amigos chegaram

2. Um livro do Zé ficou comigo

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3. Esses oito apartamentos serão vendidos.

4. Alguns poucos meninos pobres viajaram.

2. O advérbio e seus núcleos

Exemplos

1. Zé estudou demais.

2. Zé fez um plano de estudos árduo demais.

3. Zé estudou arduamente demais.

b) demais advérbios

Exemplos:

1. Francisco acordou tarde. (advérbio de tempo)

2. João apareceu aqui. (advérbio de lugar)

Diferença entre locução adjetiva e locução adverbial

A locução adjetiva e a locução adverbial têm a mesma estrutura mínima:

preposição + substantivo

Por isso, a única maneira de diferenciá-las é através do critério sintático. Veja:

Ela fez cara de medo. (de medo é locução adjetiva, pois está ligada ao substantivo cara)

Ela morreu de medo. (de medo é locução adverbial, pois está ligada à forma verbal morreu)

Aula 2. Acentuação gráfica, Ortografia e

semântica;

Quanto à acentuação tônica (sílaba mais forte), as palavras recebem as seguintes

classificações:

1. OXÍTONAS: A última sílaba é a tônica.

Ex. urubu, motel, marajá...

2. PAROXÍTONAS: A penúltima sílaba é a tônica.

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Ex. cigarro, janela, lápis...

3. PROPAROXÍTONAS: a antepenúltima sílaba é a tônica.

Ex. gramática, tóxico, semântica...

Casos Específicos de Acentuação:

a) Monossílabos tônicos: acentuam-se os terminados em: a(s), e(s), o(s)

Ex: má(s), ré(s), pó(s).

b) Oxítonos: acentuam-se os terminados em: a(s), e(s),o(s), em, ens

Ex: está(s), prevê(s), amém, reféns.

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c) Paroxítonos: acentuam-se os terminados em:

1) i(s), us: júri(s), vírus.

2) um, uns: álbum, álbuns.

3) on, ons: íon(s), prótons.

4) ôo, ôos: vôo(s).

5) r, x, n ou l: ímpar, látex, hífen, túnel.

6) ditongo: água, mágoa, série, ciência, órgão.

7) ps, ã(s): bíceps, ímã(s).

d) Proparoxítona: acentuam-se todas.

Ex. fósforo, partícula, álibi...

e) Hiatos: as vogais “i”, “u” receberão acento agudo quando forem

segunda vogal tônica de hiato e estiverem constituindo sílaba sozinhas ou acompanhadas de “s”.

Ex. baía, faísca, baú, balaústre...

SUPER OPA! REGRAS MODIFICADAS PELA REFORMA

ORTOGRÁFICA.

1 - Cai o acento dos ditongos abertos EI e OI nas palavras paroxítonas (sílaba tônica = penúltima).

Como era Como Ficou

idéia ideia

platéia plateia

jibóia jiboia

bóia boia

heróico heroico

Opa! Lembre-se de que a mudança só vale para as palavras paroxítonas (e não para as oxítonas ou monossílabos tônicos).

Ex: Contrói, Destrói, Dói, Fiéis.

Opa2! Quando a palavra paroxítona termina em R, o acento nos

ditongos ei e oi se mantém.

Ex: Méier, Destróier.

2. Cai o acento circunflexo nos hiatos com vogal repetida (OO; EE).

Como era Como ficou

Vôo Voo

Enjôo Enjoo

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Lêem Leem

Crêem Creem

Vêem Veem

3. Cai o acento nas vogais i e u antecedidas de ditongo decrescente nas palavras paroxítonas.

Como era Como ficou

Feiúra Feiura

Sauípe Sauipe

Opa! A regra de acentuação diz que I e U são acentuados em

HIATO (sozinhos na sílaba ou seguidos de S). Hiato é V + V. Nas palavras acima, o que temos é V + SV. Por isso, a regra do hiato

não deve mesmo se aplicar.

Note que a regra ainda se aplica em “Guaíba” ou “Guaíra”, uma vez que os ditongos são crescentes.

Opa2! Lembre-se de que a mudança só vale para as palavras

paroxítonas (e não para as oxítonas ou proparoxítonas). Ex: Tuiuiú, Piauí e Maiúscula.

4. Com relação ao U, caem o acento agudo e o trema nos ambientes

QUE/QUII, GUE/GUII

Como era Como ficou

Apazigúe Apazigue

Argúi Argui

Averigúe Averigue

Conseqüência Consequência

Lingüiça Linguiça

5. Acento Diferencial - deixa de existir a maioria dos casos de acento

diferencial; três casos ainda se mantêm.

COMO ERA COMO FICOU, NOS DOIS CASOS

Para (preposição) X Pára (verbo “parar”) Para

Pêlo (do corpo) X Pelo (por + o) Pelo

Pólo (Ex: Pólo Sul) X Polo (preposição arcaica)

Polo

Pêra (fruta) X Pera (preposição arcaica) Pera

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Côa/Côas (verbo “coar”) X Coa (com + a) Coa

(e Coas)

Casos em que o acento diferencial se mantém

CASOS COM ACENTO DIFERENCIAL

Pôr (verbo) X Por (preposição)

Pôde (passado) X Pode (presente)

Vem / Tem (singular) X Vêm / Têm (plural)

EXEMPLOS

Quis pôr o seu envelope por cima do outro.

Um dia ele pôde; hoje não pode mais.

Ele sempre vem. X Eles sempre vêm.

O rapaz tem sorte. X Os rapazes têm sorte.

A Ortografia estuda a forma correta de escrita das palavras de uma língua. Do

grego "ortho", que quer dizer correto, e "grafo", por sua vez, que significa escrita.

Ela se insere na Fonologia (estudo dos fonemas) e junto com a Morfologia e a

Sintaxe são as partes que compõem a gramática.

Além de ser influenciada pela etimologia e fonologia das palavras, no que respeita à

ortografia existem convenções entre os falantes de uma mesma língua que visam

unificar a sua ortografia oficial. Trata-se dos acordos ortográficos.

O ALFABETO A escrita é possível graças aos sinais gráficos ordenados que transcrevem os sons

da linguagem. Na nossa cultura, esses sinais são as letras, cujo conjunto é

chamado de alfabeto.

A língua portuguesa tem 26 letras, três das quais são usadas em casos especiais:

K, W e Y.

EMPREGO DAS LETRAS K, W E Y

• Siglas e símbolos: kg (quilograma), km (quilômetro), K (potássio).

• Antropônimos (e respectivas palavras derivadas) originários de línguas estrangeiras: Kelly, Darwin, darwinismo.

• Topônimos (e respectivas palavras derivadas) originários de línguas

estrangeiras: Kosovo, Kuwait, kuwaitiano. • Palavras estrangeiras não adaptadas para o

português: feedback, hardware, hobby.

USO DO X E DO CH O x é utilizado nas seguintes situações:

• Geralmente, depois dos ditongos: caixa, deixa, peixe. • Depois da sílaba -me: mexer, mexido, mexicano.

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• Palavras com origem indígena ou africana: xará, xavante, xingar.

• Depois da sílaba inicial -en: enxofre, enxada, enxame. Exceções:

1. A palavra "mecha" (porção de cabelo) escreve-se com ch. 2. O verbo "encher" escreve-se com ch. O mesmo acontece com as palavras

que dele derivem: enchente, encharcar, enchido.

Escreve-se com x

Escreve-se com ch

bexiga bochecha

bruxa boliche

caxumba broche

elixir cachaça

faxina chuchu

graxa colcha

lagartixa fachada

mexerico mochila

xerife salsicha

xícara tocha

USO DO H O h é utilizado nas seguintes situações:

• No final de algumas interjeições: Ah!, Oh!, Uh! • Por força da etimologia: habilidade, hoje, homem.

• Nos dígrafos ch, lh, nh: flecha, vermelho, manha. • Nas palavras compostas: mini-hotel, sobre-humano, super-homem.

Exceção: A palavra Bahia quando se refere ao estado é uma exceção. O acidente

geográfico "baía" é grafado sem h.

USO DO S E DO Z O s é utilizado nas seguintes situações:

• Nos adjetivos terminados pelos sufixos -oso / -osa que indicam grande quantidade, estado ou circunstância: bondoso, feiosa, oleoso.

• Nos sufixo -ês, -esa, -isa que indicam origem, título ou profissão: marquês, francesa, poetisa.

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• Depois de ditongos: coisa, maisena, lousa.

• Na conjugação dos verbos pôr e querer: pôs, quis, quiseram. O z, por sua vez, é utilizado nas seguintes situações:

• Nos sufixos -ez / -eza que formam substantivos a partir de adjetivos: magro - magreza, belo - beleza, grande - grandeza.

• No sufixo - izar, que forma verbo: atualizar, batizar, hospitalizar.

Escreve-se com s

Escreve-se com z

alisar amizade

análise aprazível

atrás azar

através azia

aviso desprezo

gás giz

groselha prazer

invés rodízio

jus talvez

uso verniz

USO DO G E DO J O g é utilizado nas seguintes situações:

• Nas palavras que terminem em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: presságio, régio, litígio, relógio, refúgio.

• Nos substantivos que terminem em -gem: alavancagem, vagem, viagem. O j, por sua vez, é utilizado nas seguintes situações:

• Palavras com origem indígena: pajé, jerimum, canjica. • Palavras com origem africana: jabá, jiló, jagunço.

Observações:

1. A conjugação do verbo viajar no Presente do Subjuntivo escreve-se com j:

(Que) eles/elas viajem. 2. Nos verbos que, no infinitivo, contenham g antes de e ou i, o g é

substituído para j antes do a ou do o, de forma a que seja mantido o

mesmo som. Assim: afligir - aflija, aflijo; eleger - elejam, elejo; agir - ajam, ajo.

3. A cidade Mogi das Cruzes escreve-se com g. A pessoa que nasce ou que vive é chamada de "mogiano". No entanto, a palavra "mojiano" existe e, de

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acordo com o dicionário Michaelis significa "Relativo ou pertencente à

região que era servida pela antiga Estrada de Ferro Mojiana (de São Paulo a Minas Gerais)."

Escreve-se com g

Escreve-se com j

angélico anjinho

estrangeiro berinjela

gengibre cafajeste

geringonça gorjeta

gim jeito

gíria jiboia

ligeiro jiló

sargento laje

tangerina sarjeta

tigela traje

A semântica é o estudo dos significados, não só da palavra, mas das orações, frases, símbolos e imagens, entre outros significantes. Esse

estudo da gramática está muito associado com a sintaxe. Caso seja feita alguma alteração na base sintática, uma alteração de pontuação ou de

palavras, o significado de toda a frase muda, mas também pode acontecer de o significado de apenas uma palavra mudar. Podemos usar o exemplo

de um desenho de uma cadeira. A sintaxe seria o desenho em si, a semântica é o significado que aquele desenho traz: uma cadeira. Se

fizermos qualquer alteração no desenho, o significado da cadeira pode mudar. Se apagamos o encosto do desenho da cadeira o significado muda,

aquilo não é mais uma cadeira, e sim um banco.

O processo de significação é o que possibilita a comunicação. Não adianta

apenas ter a forma e a estrutura das palavras e frases, é preciso saber os significados delas para que o receptor da mensagem a compreenda com

perfeição. A sintaxe e a semântica são usadas em níveis mais específicos para a criação artística e publicitária. O autor pensa nos significados que

quer transmitir, depois busca a melhor maneira e quais ou melhores elementos para fazer com que essa mensagem seja entendida. No estudo

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da gramática relacionado ao significado das palavras e frases, é preciso

levar em consideração três aspectos: sinonímia, antonímia e homonímia.

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

A sinonímia e a antonímia são aspectos muito importantes na hora de se

estudar os significados de uma palavra ou frase. Sinônímia é a relação entre dois ou mais significantes que possuem o mesmo significado, ou

seja, sinônimos são palavras diferentes que possuem o mesmo sentido. Antônimos são dois significantes que possuem significados opostos.

Palavras que se contradizem são antônimas entre si.

EXEMPLOS: “Morto” e “falecido” são sinônimos, pois ambos os termos têm

o mesmo significado. “Bondoso” e “malvado” são antônimos, pois seus

significados se opõem.

HOMÔNIMOS E POLISSEMIA

A homonímia é um aspecto muito importante e variado na gramática portuguesa, pois além de contemplar a escrita, também traz aspectos da

sonoridade das palavras. Os homônimos são significantes parecidos que possuem significados diferentes, ou seja, palavras parecidas ou iguais na

pronúncia, escrita ou nas duas coisas, mas com significados divergentes. Normalmente os homônimos são generalizados como polissêmicos, mas a

polissemia tem leves diferenças dos homônimos. A lista abaixo traz os

definições e exemplos de tipos homônimos e de polissemia.

• Homógrafas: São palavras homônimas que possuem a escrita igual,

mas são diferentes na pronúncia. EXEMPLO: Em “eu almoço tarde” e

“o almoço está pronto”, a palavra “almoço” (verbo) e “almoço”

(substantivo) tem a mesma grafia, mas não é pronunciada da mesma

maneira.

• Homófonas: São palavras homônimas que possuem a pronúncia

igual, mas distinguem-se na grafia. EXEMPLO: “Cinto”(substantivo) e

“sinto” (verbo) possuem a mesma oralidade, mas a escrita é diferente.

• Perfeitas: São palavras homônimas que tanto são homógrafas quanto

homófonas. EXEMPLO: “cedo”(do verbo ceder) e “cedo”(advérbio de

tempo) são escritas e pronunciadas igualmente, mas não têm o mesmo

significado.

• Paronímia: Palavras com grafia diferente, mas pronúncia muito

parecida. EXEMPLO: “descriminar” e “discriminar” têm pronúncias

muito próximas, mas a primeira palavra significa “tirar a culpa”, a

segunda quer dizer “diferenciar”.

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• Polissemia: Ocorre quando uma mesma palavra tem mais de um

significado. EXEMPLO: A palavra “graça” em “fez uma graça” e em “é

de graça” tem significados diferentes em cada uma dessas frases. Na

primeira remete a algo engraçado; na segunda, a algo que não tem

custo, que é gratuito.

HIPERÔNIMO E HIPÔNIMO

Os hiperônimos e hipônimos são como um conjunto e seus elementos da matemática. Os hiperônimos são palavras que têm sentindo mais

abrangente, como um conjunto que agrupa os seus elementos. Os hipônimos, por outro lado, são como os elementos que estão dentro deste

conjunto, são palavras com um significado mais específicos. Ambos são termos da semântica moderna, e são importantes, por exemplo, para que

evitemos repetições excessivas num texto ou mesmo na fala. EXEMPLOS: A palavra “automóvel” é o hiperônimo de “carro”, “moto” e “caminhão”.

As palavras “barata”, “mosca” e “besouro” são hipônimos de “inseto”.

Aula 3. Transitividade Verbal e

noções de análise sintática do

período simples;

Verbo transitivo

É o verbo que vem acompanhado por complemento: quem sente, sente algo; quem revela, revela algo a alguém. O sentido desse

verbo transita, isto é, segue adiante, integrando-se aos complementos, para adquirir sentido completo. Veja:

S. Simples Predicado

As crianças precisam de carinho.

1 2

1= Verbo Transitivo

2= Complemento Verbal (Objeto) O verbo transitivo pode ser:

a) Transitivo Direto: é quando o complemento vem ligado ao

verbo diretamente, sem preposição obrigatória. Por Exemplo:

Nós escutamos nossa música favorita.

b) Transitivo Indireto: é quando o complemento vem ligado ao

verbo indiretamente, com preposição obrigatória. Por Exemplo:

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Eu gosto de sorvete.

c) Transitivo Direto e Indireto: é quando a ação contida no

verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo.

Por Exemplo:

Ela contou tudo ao namorado.

VERBO INTRANSITIVO

É aquele que traz em si a ideia completa da ação, sem necessitar, portanto, de um outro termo para completar o seu sentido. Sua ação não transita.

Por exemplo: O avião caiu.

O verbo cair é intransitivo, pois encerra um significado completo. Se desejar, o falante pode acrescentar outras informações, como:

local: O avião caiu sobre as casas da periferia.

modo: O avião caiu lentamente.

tempo: O avião caiu no mês passado.

Essas informações ampliam o significado do verbo, mas não são necessárias para que se compreenda a informação básica.

Verbo de ligação

É aquele que, expressando estado, liga características ao sujeito, estabelecendo entre eles (sujeito e características) certos tipos de relações.

O verbo de ligação pode expressar:

a) estado permanente: ser, viver. Por Exemplo:

Sandra é alegre. Sandra vive alegre.

b) estado transitório: estar, andar, achar-se, encontrar-se. Por exemplo:

Mamãe está bem. Mamãe encontra-se bem.

c) estado mutatório: ficar, virar, tornar-se, fazer-se. Por exemplo:

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Júlia ficou brava.

Júlia fez-se brava.

d) continuidade de estado: continuar, permanecer. Por exemplo:

Renato continua mal. Renato permanece mal.

e) estado aparente: parecer. Por exemplo:

Marta parece melhor.

Observação: a classificação do verbo quanto à predicação deve ser feita de acordo com o contexto e não isoladamente. Um mesmo verbo pode aparecer ora como intransitivo, ora como de ligação. Veja:

1 - O jovem anda devagar. (anda = verbo intransitivo, expressa uma ação).

2 - O jovem anda preocupado.(anda= verbo de ligação, expressa um estado).

A análise dos termos da oração estabelece-se numa nítida hierarquia entre

os termos, classificados como: essenciais, integrantes e acessórios.

1.1. TERMOS ESSENCIAIS

Sujeito

Predicado

Predicativo (do sujeito ou do objeto)

1.2. TERMOS INTEGRANTES

Complementos verbais (objeto direto e indireto)

Complemento nominal

Agente da passiva

1.3. TERMOS ACESSÓRIOS

Adjunto Adnominal

Adjunto Adverbial

Aposto

1. SUJEITO

É o termo a que o verbo faz referência e com o qual concordará. Tem como núcleos o substantivo (ou palavra substantivada) e os pronomes

substantivos. Jamais se separa do predicado por vírgula ou vem precedido de preposição. Apresenta-se na ordem direta (antes do verbo) ou indireta ( após o verbo). O sujeito classifica-se em:

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a) SIMPLES - o sintagma nominal apresenta apenas um núcleo.

Ex: Os dias nublados entristecem as pessoas.

b) COMPOSTO - o sintagma nominal apresenta mais de um núcleo.

Ex: Pai e filho sempre foram amigos.

c) OCULTO/DESINENCIAL/ELÍPTICO

Ex: Na próxima semana, viajaremos com a nossa família.

d) INDETERMINADO - é aquele que não está expresso na oração e não pode ser reconhecido por elementos fornecidos por nenhum outro termo.

Nessas orações, em que só o predicado está expresso, não se pode ou não se quer determinar sobre quem recai a ação. Casos de indeterminação

do sujeito:

1) Emprego de verbo (intransitivo, transitivo indireto ou de ligação) na 3ª pessoa do singular + partícula SE (índice de indeterminação do sujeito).

Ex: Precisa-se de carpinteiros.

2) Emprego de verbo na 3ª pessoa do plural, sem nenhuma referência

dentro do texto.

Ex: Atropelaram um cachorro na esquina.

OPA! ORAÇÃO SEM SUJEITO (ou SUJEITO INEXISTENTE)

É aquela que não possui nenhum ser ao qual o predicado possa ser

atribuído. O que importa, nesse caso, é o processo verbal em si. Os verbos das orações sem sujeito são chamados de IMPESSOAIS.

Tais verbos serão sempre mantidos na 3ª pessoa do singular, uma vez que não há sujeito com o qual concordar. Quando acompanhados de

verbos auxiliares, transmitem a eles a sua impessoalidade.

Ex: Havia poucas flores naquele jardim.

Devia haver poucas flores naquele jardim.

Casos de impessoalidade do verbo

a) Verbo HAVER exprimindo EXISTÊNCIA ou OCORRÊNCIA.

Ex: No meio do caminho, sempre haverá uma pedra.

b) Verbos HAVER e FAZER indicando tempo decorrido.

Ex: Há três meses não o vejo.

Deve fazer dois anos que tudo começou.

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c) Verbo SER nas indicações de tempo.

Ex: Já são duas horas.

Hoje são 22 de abril.

Agora é tarde.

d) Verbos que exprimem fenômenos da natureza (No sentido denotativo)

Ex: Choveu muito naquela cidade.

Opa! No sentido conotativo (linguagem figurada), há sujeito.

Ex: Choveram broncas na aula.

2. PREDICADO

É a parte da oração que contém a informação, a declaração a respeito

do sujeito. Basicamente, pode-se informar a respeito do sujeito uma ideia de ação, praticada ou sofrida, ou uma ideia de estado.

A partir disso, pode-se dizer que o núcleo informativo de um

predicado pode ser um verbo ou um nome. Há também predicados que têm um verbo e um nome como núcleos ao mesmo tempo. Os predicados classificam-se em:

a) PREDICADO VERBAL - é aquele que contém um verbo significativo (transitivo ou intransitivo). Tem como núcleo o verbo e não há nele nenhum predicativo.

Ex: As luzes da cidade surgiram à frente de todos.

b) PREDICADO NOMINAL - é aquele que contém um verbo de ligação e, consequentemente, um predicativo do sujeito. Tem como núcleo o predicativo.

Ex: As luzes da cidade estavam apagadas.

c) PREDICADO VERBO-NOMINAL - é aquele que contém um verbo significativo e um predicativo (do sujeito ou do objeto). Tem como núcleos o verbo e o predicativo.

Ex: O tribunal julgou culpado o réu.

3. PREDICATIVO

É o termo da oração que indica uma característica que se atribui ao sujeito ou ao objeto. O predicativo classifica-se em:

a) PREDICATIVO DO SUJEITO - é o termo que se liga ao sujeito,

atribuindo-lhe estado ou qualidade. Aparece em predicados nominais

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(com verbos de ligação) ou verbo-nominais (com verbos intransitivos ou

transitivos).

Ex: Aqui eu não sou feliz. / Ela baixou os olhos, amuada.

b) PREDICATIVO DO OBJETO - é o termo que se refere ao objeto, atribuindo-lhe um estado ou qualidade. Concorda com o objeto em gênero

e número. Pode vir precedido das preposições como, por, para, de. Ocorre, principalmente, com verbos do tipo: declarar, nomear, julgar,

chamar, ver, eleger, consagrar, considerar, achar, ter, tomar, fazer, deixar e dar.

Ex: Dr. Juca achou o negócio ótimo.

OPA!!!

1) Segundo vários gramáticos, o predicativo do objeto indireto só ocorre

com o verbo chamar, significando cognominar, atribuir um nome a.

Ex: Chamei-lhe de bobo.

2) Pode ocorrer predicativo do sujeito em frases com voz passiva sintética ou analítica. Nesse caso, o predicado será verbo-nominal e o predicativo

da voz passiva será analisado como o da voz ativa correspondente.

Ex: O jovem foi encontrado ferido pelo policial. / O policial encontrou o jovem ferido.

4. COMPLEMENTOS VERBAIS

a) Objeto Direto (substantivo ou pronome substantivo) – é o termo que

completa o sentido de um verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio de preposição obrigatória. É importante que só encontremos o

objeto direto depois de sabermos qual é o sujeito.

Ex: Recebi o prêmio.

Recebi o quê? o prêmio.

O.D.

a.1) Objeto Direto Preposicionado - o objeto direto pode apresentar-se preposicionado em alguns casos. Cuidado para não confundi-lo com o

objeto indireto.

Principais Casos:

a) COM PRONOME PESSOAL TÔNICO:

Ex: Ele não auxilia a mim.

b) PARA EVITAR AMBIGUIDADE:

Ex: Ao guarda o ladrão matou.

c) COM O PRONOME QUEM (INTERROGATIVO OU RELATIVO):

Ex: A quem convidaste?

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d) COM A PREPOSIÇÃO DE COM SENTIDO PARTITIVO:

Ex: Ele bebeu do meu vinho.

e) COM OS PRONOMES REFERENTES A PESSOAS (NINGUÉM, ALGUÉM, OUTROS, TODOS)

Ex: A menina a todos encantava.

f) COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO:

Ex: Colocaram a Vossa Excelência em má situação.

a.2) Objeto Direto Interno ou Cognato - quando representado por

palavra que repete a ideia já expressa pelo verbo.

Ex: Ele viveu uma vida gloriosa.

a.3) Objeto Direto Pleonástico - quando aparece repetido sob a forma de pronome oblíquo.

Ex: Esta esperança jamais a terei

b) Objeto Indireto (substantivo ou pronome substantivo) - é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto, ligando-se a ele com o auxílio obrigatório de uma preposição: A, COM, DE, EM, PARA, POR,

SOBRE.

Ex: O peixe depende da água.

5. COMPLEMENTO NOMINAL - termo que integra ou limita o sentido de um advérbio, adjetivo ou substantivo abstrato; aparece sempre

preposicionado.

Ex.: Agiu favoravelmente a ambos.

O fumo é prejudicial à saúde.

Tenho confiança em ti.

6. AGENTE DA PASSIVA - termo que, na voz passiva, pratica a ação

expressa pelo verbo, a qual é sofrida pelo sujeito.

Ex.: As ruas foram lavadas pelas chuvas.

Mariana era apreciada por todos quantos iam a nossa casa.

Opa!

1 – A voz passiva é privativa dos verbos TD;

2 – O termo “agente da passiva” vem sempre introduzido por preposição (por,

per, de);

3 – A voz passiva sempre apresenta sujeito, o qual é o paciente da ação

expressa pelo verbo;

4 – A voz passiva analítica ou verbal pode apresentar agente da passiva, mas a

voz passiva sintética ou pronominal nunca apresentará agente da passiva.

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Ex.: Cabral descobriu o Brasil. (VA) O Brasil foi descoberto por Cabral. (VPA)

Vendem-se flores. (VPS) Flores são vendidas. (VPA)

7. ADJUNTO ADVERBIAL - é o termo da oração que se relaciona ao verbo, ao

advérbio ou ao adjetivo a fim de acrescentar a um desses elementos uma

circunstância qualquer. Os advérbios e as locuções adverbiais desempenham a

função de adjunto adverbial

Ex: A prova de matemática foi muito fácil.

8. ADJUNTO ADNOMINAL - termo de valor adjetivo que serve para especificar

ou delimitar o significado do substantivo, podendo ser expresso por:

a) Adjetivo: Compareceram pessoas interessadas.

b) Locução Adjetiva: Era um homem de consciência.

c) Artigo: O mar era um lago sereno e azul.

d) Pronome Adjetivo: Minha camisa é igual à sua.

e) Numeral : Casara-se havia duas semanas.

f) Oração Adjetiva: Os cabelos, que eram fartos e lisos, caíram-lhe pelo rosto.

g) Pronome Oblíquo: "...te beijar a boca de um jeito que te faça rir...”

9. APOSTO - é o termo usado para explicar, enumerar, recapitular ou especificar

o seu antecedente. O núcleo do aposto é representado por um substantivo ou

palavra substantiva. Classifica-se em:

a) Aposto Explicativo: explica um termo anterior.

Ex: Londrina, cidade paranaense, é muito linda.

b) Aposto Enumerativo: enumera um termo anterior.

Ex: Dois países não assinaram o acordo: Brasil e Chile.

c) Aposto Recapitulativo: resume um termo anterior.

Ex: Os amigos, os parentes, os professores, todos o ajudaram.

d) Aposto Especificador: especifica um termo anterior.

Ex: A cidade de Fortaleza é muito visitada por turistas.

10. VOCATIVO - é o termo da oração usado para chamar, pelo nome, apelido

ou característica, o ser com quem se fala. O vocativo também é uma função

substantiva. Ele, como termo independente que é, não faz parte do sujeito nem

do predicado e aparece sempre isolado por pontuação, geralmente a vírgula.

Ex: Sossega, coração, não desesperes.

Pai, afasta de mim esse cálice.

Aula 4. Regência Verbal e Nominal;

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Regência Verbal

1- Agradar

a) no sentido de acariciar – VTD.

Ex.: Não é bom agradar demais as crianças.

b) no sentido de satisfazer, causar agrado. (preposição a) – VTI. Para o CEBRASPE também pode ser VTD, pois a banca adota o dicionário de regência do Celso Pedro Luft.

Ex.: O sítio agradou ao fazendeiro.

Ex.: Este chapéu lhe agradará.

2 – Aspirar

a- no sentido de cheirar, sorver: sem preposição - VTD. Ex.: Maradona aspirou o ar puro da manhã.

b- no sentido de almejar, pretender: exige a preposição a - VTI. Ex.:

Aspirava ao cargo de promotor de vendas.

3 – Assistir

a) no sentido de dar assistência, ajudar: com ou sem preposição – VTD ou VTI. Assim é aceito pelo CEBRASPE.

Ex.: O médico assistia os (aos) lutadores machucados

b) no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a - VTI. O objeto indireto não pode ser representado por lhe(s), apenas por a ele(s) a ela(s):

Ex.: Assistimos ao filme

Ex.: A criança assistiu ao espetáculo inteiro.

c) no sentido de caber, pertencer: exige a preposição a - VTI. Admite substituição pelos pronomes lhe(s), a ele(s), a ela(s).

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Ex.: Assiste ao homem o direito de permanecer calado. (Assiste-lhe ou

assiste a ele.)

d) no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em.

Ex.: Assistiu em Maceió por muito tempo.

4- Chamar

a) no sentido de convocar, sem preposição – VTD.

Ex.: A direção chamou os professores.

b) no sentido de apelidar, denominar, caracterizar – VTD ou VTI. É verbo transobjetivo (objeto + predicativo do objeto). Esse predicativo pode aparecer ou não com a preposição de.

Ex.:

Chamei-o de tolo.

Chamei-o tolo.

Chamei-lhe de tolo.

Chamei-lhe tolo.

5. Chegar/ ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em.

Ex.: Vou ao ortopedista./ Cheguei a Brasília.

6- Custar

a) no sentido de ser custoso, ser difícil: preposição a. Ex.: Custou ao aluno entender o fenômeno da crase.

b) no sentido de acarretar: sem preposição. Ex.: O valor da casa custou-me tudo o que tinha.

c) no sentido de ter valor de, ter o preço: sem preposição. Ex.: Imóveis custam caro.

7 - Esquecer/lembrar

a- Quando não forem pronominais: sem preposição - VTD. Ex.: Esqueci o

casaco dele.

b- Quando forem pronominais: preposição de - VTI. Ex.: Lembrei-me de todas as respostas

8 – Informar/certificar/cientificar/notificar/avisar /prevenir/ comunicar

a) no sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas

construções:

1) Alguém de algo – VTDI.

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Ex.: Informou todos do acidente.

2) Algo a alguém – VTDI.

Ex.: Informou a todos o acidente.

Ex.: Avisei-o de que eu faltaria.

9- Namorar – não se usa com preposição - VTD. Ex.: Elisa namora Otávio.

10- Obedecer/desobedecer – exigem a preposição a - VTI. Ex.: O bom filho obedece aos pais./ O candidato desobedeceu ao regulamento

11 - Pagar/ perdoar

a) Se o objeto é a coisa que sofre a ação do verbo: sem preposição – VTD.

Ex.: Ela pagou a conta de luz.

Ex.: O professor perdoou os erros do aluno

b) Se o objeto é pessoa que recebe a ação do verbo: são regidos pela preposição a – VTI.

Ex.: Perdoei a todos.

Ex.: O cliente pagou ao dono da loja.

Ex.: Cristo perdoou aos pecadores.

12- Preferir – Exigem um complemento sem preposição e outro com preposição a – VTDI

Ex: Prefiro futebol a vôlei

É errado usar este verbo reforçado pelas expressões ou palavras: antes,

mais, muito mais, mil vezes mais, etc.

Ex.: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.

13 – Querer

a) no sentido de desejar: sem preposição.

Ex.: Quero a risada mais gostosa

b) no sentido de querer bem, ter afeto: usa-se com a preposição a.

Ex.: Quero muito aos meus primos.

14- Simpatizar/ antipatizar – exigem a preposição com - VTI. Ex.: Sempre

simpatizei com você.

15 – Visar

a) no sentido de mirar ou dar visto: sem preposição – VTD.

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Ex.: Visou o alvo com precisão.

Ex.: Visaram os cheques.

b) no sentido de objetivar: preposição a – VTI. Para o CEBRASPE também pode ser VTD, pois a banca adota o dicionário de regência do Celso Pedro Luft.

Ex.: Viso a uma nova vida.

Aula 5. Crase;

A palavra crase provém do grego Krasis e significa “fusão”, “junção”. Em português, ocorre a crase com as vogais idênticas a + a. Tal fusão é

indicada por meio do acento grave (à). Pode ocorrer a fusão da preposição a com: artigo feminino (a / as), pronomes (aquele (s)/ aquelas (s)/

aquilo), pronome relativo (a qual/ as quais) ou com os demonstrativos (a / as = aquela/ aquelas).

prep. art. prep. art.

Fui a + a feira. Retornamos a + as praias.

Fui à feira. Retornamos às praias.

Fui a + aquele lugar.

Fui àquele lugar.

Regra geral.

Haverá crase sempre que o termo anterior exigir a preposição “a” e o termo posterior admitir o artigo “a” ou “as”.

Eu me referi a + a diretora.

Eu me referi à diretora.

Alguns casos merecem destaque:

1. A crase obviamente “não” ocorre diante de palavras que não podem ser precedidas de artigo feminino. É o caso:

a) dos substantivos masculinos:

Andamos a cavalo.

Íamos a pé.

b) dos verbos no infinitivo:

Não tenho nada a declarar.

Page 24: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Começamos a sofrer.

c) da maioria dos pronomes:

Entreguei a Vossa Excelência.

Diga a ela.

OPA: Alguns pronomes admitem artigos, como: senhora, dona, mesma, própria, senhorita e madame (e também outra e outras).

Com isso, poderá ocorrer crase.

Ex.: Estou-me referindo à mesma pessoa.

(ao mesmo homem)

d) de palavras femininas “no plural” precedidas de um a:

Dirigi-me a pessoas desconhecidas.

OPA: Nesses casos, o a é preposição, e os substantivos estão sendo usados em sentido genérico. Quando são usados em sentido

específico, os substantivos passam a ser precedidos do artigo as; ocorrerá então, a crase:

Ex.: Você está se referindo a vidas humanas?

Você está se referindo às vidas de nossos companheiros?

e) Não ocorre crase nas expressões formadas por palavras repetidas

femininas ou masculinas:

Cara a cara / Gota a gota / Dia a dia

2. Com as expressões adverbiais de lugar, deve-se fazer a verificação da ocorrência por meio da troca do termo regente:

Ex.: Vou à Bahia. Vim da Bahia. / Estou na Bahia.

Vou a Fortaleza. Vim de Fortaleza. / Estou em Fortaleza.

OPA: Merecem destaque as palavras casa (no sentido de lar,

moradia) e terra (no sentido de chão firme) que só admitirão crase, se estiverem especificadas.

Ex.: Cheguei a casa. / Cheguei à casa das minhas primas.

A tripulação da GOL desceu a terra. / A aeromoça da GOL chegou à

terra de seus tios.

3. O acento grave, indicativo de crase, é usado nas expressões adverbiais e nas locuções prepositivas e conjuntivas de que participam palavras

femininas.

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à tarde à proporção que à força de

à toa à procura de às escondidas

à noite à direita às ordens

1º OPA: Incluem-se nessas expressões as indicações de horas especificadas: à meia-noite, às duas horas, às três e quarenta.

2º OPA: Merece destaque a expressão “à moda de”, que pode estar

subentendida:

Ex.: Você fez um gol à (moda de) Pelé.

4. A crase é FACULTATIVA diante dos nomes próprios femininos, e após a preposição “até” que antecede substantivos femininos, e ainda, no caso

dos pronomes possessivos femininos.

Ex.: Dei um recado a Atadolfa. Dei um recado a Atadolfo.

Dei um recado à Atadolfa. Dei um recado ao Atadolfo.

Vou até a praia. Vou até o parque.

Vou até à praia. Vou até ao parque.

Refiro-me a minha amiga. Refiro-me a meu amigo.

Refiro-me à minha amiga. Refiro-me ao meu amigo.

Aula 6. Tipos de Sujeito,

Concordância Verbal e Nominal;

I. CONCORDÂNCIA NOMINAL

É o estudo das relações sintáticas existentes entre um núcleo (de natureza

substantiva) e seus determinantes.

MEU ------------ > CÃO < ------------

BRAVO

MEUS ------------ > CÃES <------------

BRAVOS

Principais casos de Concordância Nominal:

1. Adjetivo após vários substantivos:

a) mesmo gênero – O adjetivo vai para o plural ou concorda com o último

substantivo

Ex: Casa e igreja antigas (concordância gramatical)

Page 26: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Casa e igreja antiga (concordância atrativa)

b) gêneros diferentes – O adjetivo concorda com o último ou vai para o plural

Ex: Prédio e casa antiga

Prédio e casa antigos (o gênero masculino prevalece)

2. Adjetivo antes de vários substantivos

A concordância só poderá ser atrativa

Ex: Longa novela e filme.

3. Mesmo

a) Quando pronome, concorda com o substantivo (= próprias)

Elas mesmas irão lá.

b) Quando advérbio, é invariável (= realmente; de fato)

Elas irão mesmo lá.

4. Anexo

É adjetivo. Logo, concorda com o substantivo ao qual se refere.

Ex: As cartas estão anexas ao contrato.

Opa! A locução adverbial EM ANEXO é invariável. Ela é repudiada pelos

gramáticos, mas não podemos ignorá-la.

As cartas estão em anexo.

Seguem em anexo os documentos.

5. Bastante

a) Quando pronome indefinido, variável (referindo-se a substantivo)

Ex: Eles fizeram bastantes críticas ao projeto

b) Quando advérbio, invariável (referindo-se a verbo, advérbio ou adjetivo)

Ex: Eles estudaram bastante.

Eles chegaram bastante tarde.

Eles permanecem bastante irritados.

6. Meio

a) Quando numeral, concorda com a palavra à qual se refere. (= metade)

O alcoólatra só bebeu meia garrafa

b) Quando advérbio, invariável. (=mais ou menos)

A criança ficou meio cansada.

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7. É bom/ é proibido/ é necessário + substantivo

a) Se o substantivo está acompanhado de determinante (artigo ou pronome)

→ bom, necessário, proibido e outros adjetivos concordam com o substantivo.

Ex: É permitida a entrada de crianças. / A cerveja é gostosa.

b) Se o substantivo NÃO está acompanhado de determinante (artigo ou

pronome) → bom, necessário, proibido e outros adjetivos ficam no masculino

e singular.

Ex: É permitido entrada de crianças

Cerveja é gostoso.

II. CONCORDÂNCIA VERBAL

É o estudo das relações sintáticas existentes entre o verbo e o seu sujeito.

1. REGRA GERAL – O verbo concorda com o núcleo do sujeito.

Ex: A flor murchou. As flores murcharam.

Surgiu uma dúvida. Surgiram várias dúvidas.

2. SUJEITO COMPOSTO

Antes do verbo → verbo no plural.

Ex: Céu e terra passarão

Depois do verbo → verbo no plural ou concorda com o primeiro.

Ex: Sabes/Sabemos tu e eu. Cansei/Cansamos eu e ela.

Com núcleos ligados por ou → verbo no plural (exceto se houver exclusão)

Ex: Aída ou Eva estão em casa? Um ou outro ficará na chefia.

3. SER

a) hora, data, distância → verbo concorda com o número seguinte.

Ex: É uma hora. São 3 de maio. Da porta à rua são dez metros.

b) quantidade (muito pouco) → verbo no singular.

Ex: Dois minutos é pouco tempo. Dois quilos foi demais.

4. EXPRESSÕES COLETIVAS

Coletivo + plural → verbo no singular.

Ex: Um enxame de abelhas africanas aterrorizou a cidade.

A maioria de, a maior parte de + plural → verbo no sing./plural.

Ex: A maior parte das mulheres protestou/protestaram.

Page 28: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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5. MAIS DE, MENOS DE, CERCA DE

Verbo concorda com número seguinte.

Ex: Mais de um bar fechou. Cerca de cem bares fecharam.

6. VERBOS IMPESSOAIS

6.1 – Haver no sentido de existir, ocorrer e acontecer.

Ex: Haverá dúvidas em concordância.

6.2 – Verbos que expressam fenômenos da natureza em sentido denotativo

(real).

Ex: Choverá muitos dias seguidos (sentido real)

Opa! Em sentido figurado, há sujeito.

Ex: Choverão muitos exercícios. (sentido figurado)/ Choveram

granizos no sul. (Catacrese)

6.3 – Fazer: indicando tempo transcorrido ou clima

Ex: Faziam dez dias que eu não te via (erro!)

Fazia dez dias...(certo)

Fará dez dias de calor. (certo)

7. PRONOME APASSIVADOR “SE”

Vale a regra geral: verbo concorda com sujeito

Ex: A lei é cumprida./ Cumpre-se a lei

As leis são cumpridas./ Cumprem-se as leis.

8. QUEM e QUE

Sou eu quem → verbo concorda com quem ou seu antecedente.

Ex: És tu quem faz/fazes. Fomos nós quem venceu/vencemos.

Sou eu que → verbo concorda com antecedente de que.

Ex: És tu que fazes. Fomos nós que vencemos.

Aula 7. Pontuação, Colocação

Pronominal;

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USO DA VÍRGULA

- Dentro de uma oração:

1 - É recomendável o uso da vírgula

a) Para separar termos de idêntica função (coordenados)

Ex: Escolheram um garoto-propaganda feio, atrapalhado, desajeitado,

carente.

Bois, cavalos, bezerros e vacas vivem em harmonia aqui.

Opa! Quando ligados por E, não se usa vírgula.

Ex: Pedro estuda e trabalha.

b) Nas indicações de local e data

Ex: Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2019.

c) A vírgula separa o adjunto adverbial deslocado do seu lugar normal

Ex: Na virada do século, a operária Luiza trabalhava na fábrica têxtil Bangu.

Opa! Quanto maior a extensão, maior a obrigatoriedade em isolar o adjunto

adverbial por vírgula para a gramática tradicional. Contudo, para o CESPE

o adjunto adverbial deslocado com 3 ou mais palavras tem vírgula

obrigatória e para a FCC o tamanho do adjunto adverbial deslocado não

importa. A FCC considera a vírgula facultativa sempre nesses casos.

Ex: Ontem, (facultativa para qualquer banca) estudei Direito

Administrativo.

Na semana passada, (Facultativa para banca FCC e obrigatória para banca

CESPE) estudei Direito Constitucional.

d) Para isolar o Objeto pleonástico (enfático)

Ex: Esse dinheiro, nunca vou voltar a vê-lo.

e) Para isolar o vocativo

Ex: Mãe, acabei!

f) Para isolar certos tipos de aposto (sobretudo o explicativo)

Ex: A minha espingarda, a melhor do mundo, nunca falha.

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g) Para indicar a elipse do verbo

Dizem que os homens decidem com o cérebro; as mulheres, com o coração.

h) Para isolar palavras e expressões intercaladas que servem para resumir,

incluir, excluir, retificar, exemplificar.

Ex: Esse caso, por exemplo, pode ser resolvido rapidamente.

Em suma, sua função era fazer comida.

i) Para separar, quando deslocadas, as conjunções adversativas (mas, porém,

todavia, contudo, entretanto, no entanto) e as conclusivas (logo, portanto,

pois, por conseguinte)

Ex: Tenho certeza; não darei, portanto, o braço a torcer.

O trabalho é árduo; ele, porém, não pára

2 - É proibido o uso da vírgula

a) Entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seu objeto.

Ex: Os índios, acreditaram, nos invasores. (errado)

b) Entre o nome o seu adjunto adnominal.

Ex: A preocupação, do rapaz era enorme. (errado)

c) Entre o nome e seu complemento nominal.

Ex: A rua é paralela, ao rio (errado)

- Entre orações

1 – Usa-se a vírgula para:

a) Para separar as orações coordenadas

Ex: Foi lá no porão, pegou três oitão, deu tiro na mão do próprio irmão.

b) Para separar a oração subordinada adjetiva explicativa

Ex: João, que não se sentia bem, caiu no chão.

c) Para separar as orações subordinadas adverbiais deslocadas

Ex: Quando meu time voltar a ganhar, eu compro a camisa.

USO DO PONTO E VÍRGULA

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1 - Usa-se o ponto-e-vírgula para:

a) Separar orações que tenham vírgulas em seu interior.

Ex: Ela agia correto; ele, errado.

b) Separar os itens de uma enumeração:

Ex: O time estava escalado...

c) Para enfatizar ideias adversativas ou conclusivas

Ex: Estudou; portanto mereceu.

USO DOS DOIS-PONTOS

1 – Usam-se dois pontos para:

a) Introduzir uma fala, uma citação

Ex: A manchete estampava: “a meninha morreu”

b) Anunciar uma enumeração

Ex: Três meninas elegantes: cobra, jacaré e elefante.

c) Introduzir um exemplo:

Ex: um monossílabo tônico: pé.

d) Anunciar um esclarecimento ou explicação de termo anteriormente dito:

Ex: Ele é impaciente: não sabe ouvir.

Colocação dos pronomes átonos.

Os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as, lhe, lhes, me, te, se, nos, vos),

como todos os outros monossílabos átonos, apoiam-se na tonicidade de

alguma palavra próxima. Assim, esses pronomes podem ocupar três posições

na oração: antes do verbo; no meio do verbo; depois do verbo.

a) antes do verbo: nesse caso, ocorre a próclise, e dizemos que o pronome

está proclítico:

Ex.: Nunca me revelaram os verdadeiros motivos.

b) no meio do verbo: nesse caso, ocorre a mesóclise, e dizemos que o

pronome está mesoclítico. A mesóclise só é possível com o verbo no futuro

Page 32: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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do presente ou no futuro do pretérito do indicativo:

Ex.: Revelar-te-ei os verdadeiros motivos.

Ex.: Revelar-me-iam os verdadeiros motivos.

c) depois do verbo: nesse caso, ocorre a ênclise, e dizemos que o pronome

está enclítico:

Ex.: Revelaram-me os verdadeiros motivos.

Apresentamos, a seguir, algumas orientações acerca da colocação dos

pronomes oblíquos átonos.

Ênclise

A ênclise ocorre normalmente:

a) com o verbo no início da frase.

Ex.: Comenta-se que ele deverá recebe o prêmio.

b) com o verbo no imperativo afirmativo.

Ex.: Alunos, apresentem-se ao diretor.

c) com o verbo no gerúndio.

Ex.: Modificou a frase, tornando-a ambígua.

Opa!!!

Caso o gerúndio venha precedido pela preposição em, ocorrerá a

próclise.

Ex.: Em se tratando de cinema, prefiro filmes europeus.

d) com o verbo no infinitivo impessoal.

Ex.: Leia atentamente as questões antes de resolvê-las.

Próclise

A próclise ocorre geralmente em orações em que antes do verbo haja:

a) palavra de sentido negativo (não, nada, nunca, ninguém, etc.)

Ex.: Nunca me convidam para festas.

b) conjunção subordinativa

Ex.: "Quando te encarei frente a frente não vi o meu rosto." (Caetano Veloso)

c) advérbio

Ex.: Assim se resolvem os problemas.

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Opa! Caso haja pausa depois do advérbio (marcada na escrita por

vírgula), ocorrerá a ênclise.

Ex.: Assim, resolvem-se os problemas.

d) pronome indefinido

Ex.: Tudo se acaba na vida.

e) pronome relativo

Ex.: Não encontrei o caminho que me indicaram.

f) Ocorre também a próclise nas orações iniciadas por palavras interrogativas

e exclamativas e nas orações optativas (orações que exprimem um desejo).

Ex.: Quem te disse que ele não viria? (oração iniciada por palavra

interrogativa);

Ex.: Quanto me custa dizer a verdade! (oração iniciada por palavra

exclamativa);

Ex.: Deus te proteja. (oração optativa).

g) Com o infinitivo flexionado precedido de preposição.

Ex.: Foram ajudados por nos trazerem até aqui.

h) Com formas verbais proparoxítonas.

Ex.: Nós lhes desobedecíamos sempre.

i) Com certas conjunções coordenativas aditivas e certas alternativas antes

do verbo*

Ex.: Ora me ajuda, ora não me ajuda. / Não foi nem se lembrou de mim.

*nem, não só/apenas/somente...mas/como (também/ainda/senão)...,

tanto... quanto/como..., que, ou... ou, ora...ora, quer... quer..., já... já...

Mesóclise

A mesóclise só pode ocorrer quando o verbo estiver no futuro do presente ou

no futuro do pretérito do indicativo.

Ex.: Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Ex.: Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.

Caso o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo

venha precedido de alguma palavra que exija a próclise, esta será de rigor.

Ex.: Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.

CASOS FACULTATIVOS

01. Pronomes demonstrativos antes do verbo sem palavra atrativa.*

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Ex.: Aquilo me deixou triste / Aquilo deixou-me triste. *este (e variações),

isto; esse (e variações), isso; aquele (e variações), aquilo.

02. Conjunções coordenativas (exceto aquelas mencionadas nos

casos de próclise) antes do verbo sem palavra atrativa.

Ex.: Ele chegou e dirigiu-se a mim. / Ele chegou e se dirigiu a mim. Corri

atrás da bola, mas me escapou. / Corri atrás da bola, mas escapou-

me.

03. Sujeito explícito com núcleo pronominal (pronome pessoal reto e

de tratamento) antes do verbo sem palavra atrativa.

Ex.: Eu te amo. / Eu amo-te. Sua Excelência se queixou de você. / Sua

Excelência queixou-se de você. OPA! Com verbos monossilábicos, a eufonia

ordena que se use a próclise, segundo o Gramático Manoel Pinto Ribeiro: “Eu

a vi ontem, e não Eu vi-a ontem.”

04. Sujeito explícito com núcleo substantivo (ou numeral) antes do

verbo sem palavra atrativa.

Ex.: Camila te ama ou Camila ama-te. / Os três se amam ou Os três amam-

se. OPA! Para banca IBFC nesse caso a ênclise é obrigatória. Portanto, caberia

apenas a frase: Camila ama-te.

05. Infinitivo não flexionado precedido de “palavras atrativas” ou das

preposições “para, em, por, sem, de, até, a”.

Ex.: meu desejo era não o incomodar. / Meu desejo era não incomodá-lo.

Calei-me para não o contrariar. / Calei-me para não o contrariá-lo.

Corri para o defender. / Corri para defendê-lo. Acabou de se quebrar o painel.

/ Acabou de quebrar-se o painel. Sem lhe dar de comer, ele passará mal. /

Sem dar-lhe de comer, ele passará mal. Até se formar, vai demorar muito.

/ Até formar-se, vai demorar muito. Erro agora em lhe permitir sair? /

Erro agora em permitir-lhe sair? Por se fazer de bobo. Enganou a muitos. /

Por fazer-se de bobo, enganou a muitos.

Colocação dos pronomes oblíquos átonos nas locuções verbais e nos

tempos compostos

Nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no

gerúndio, o pronome oblíquo átono pode ser colocado, indiferentemente,

depois do verbo auxiliar (com hífen), antes do principal (sem hífen) ou depois

do verbo principal (com hífen).

Ex.: Quero-lhe apresentar os meus primos que vieram do interior.

Quero lhe apresentar os meus primos que vieram do interior.

Quero apresentar-lhe os meus primos que vieram do interior.

Ex.: Ia-lhe dizendo as razões da minha desistência.

Ia lhe dizendo as razões da minha desistência.

Ia dizendo-lhe as razões d a minha desistência.

Page 35: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Caso haja antes da locução verbal palavra que exija a próclise, o pronome

oblíquo poderá ser colocado, indiferentemente, antes do verbo auxiliar ou

depois do verbo principal.

Ex.: Não lhe quero apresentar os meus primos que vieram do interior.

Não quero apresentar-lhe os meus primos que vieram do interior.

Nos tempos compostos e nas locuções verbais em que o verbo principal está

no particípio, a colocação dos pronomes oblíquos átonos será feita sempre

em relação ao verbo auxiliar e nunca em relação ao particípio, podendo

ocorrer a próclise, a mesóclise ou a ênclise, conforme as orientações

apresentadas anteriormente.

Ex.: Havia-lhe contado os verdadeiros motivos da minha desistência.

Nunca o tinha visto antes.

Ter-lhe-ia procurado, se tivesse tempo.

Ex.: Ficou tímido, porque se sentiu rejeitado pelos colegas.

Se não o convidarem, sentir-se-á rejeitado pelos colegas.

Nas locuções verbais e nos tempos compostos, quando se coloca o pronome

oblíquo átono depois do verbo auxiliar, pode-se usar o hífen ou não.

Ex.: Vou-te devolver o livro amanhã.

Vou te devolver o livro amanhã.

Aula 8. Período Composto por

Coordenação e Período Composto por

Subordinação.

Como já sabemos, período é a frase organizada em orações.

Dependendo do número de orações que o compõem, o período pode ser

simples ou composto.

Período Simples: é formado por uma única oração, organizada em torno de

um verbo ou uma locução verbal.

Ex.: "Minha vida era um palco iluminado." (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa)

Ex.: Amanhã poderá chover.

A oração que forma um período simples recebe o nome de oração absoluta.

Período composto: é formado por mais de uma oração. Dependendo de como

as orações se relacionam, pode ser:

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- composto por coordenação: é formado exclusivamente por orações

coordenadas.

Ex.: No outro dia tomei o trem / , peguei no sono / e acordei na estação

oração coord. assindética oração coord. assindética

oração coordenada sindética aditiva

Ex.: Cheguei cedo ao teatro / , mas não arranjei um bom lugar.

oração coord. assindética oração coordenada sindética

adversativa

- composto por subordinação: é formado de oração principal e oração(ões)

subordinada(s) à principal.

Ex.: Um relance de olhos revelou-me / que sua fisionomia não era estranha.

oração principal oração subordinada

Ex.: Não conheço a pessoa / que ela estava procurando.

oração principal oração subordinada

I. Orações Coordenadas

Orações coordenadas são aquelas que, no período, não exercem função

sintática umas em relação às outras. Uma oração coordenada, portanto,

nunca será termo das outras coordenadas com as quais se relaciona.

Ex.: Acordei cedo / , tomei o café / , paguei a conta / e deixei o hotel.

oração coordenada oração coordenada oração coordenada oração coordenada

Verifique que, no exemplo acima, temos quatro orações sintaticamente

independentes; cada oração é, do ponto de vista sintático, uma unidade

autônoma.

1. Classificação das Orações Coordenadas Sindéticas

As orações coordenadas sindéticas classificam-se, de acordo com a conjunção

que as introduz, em: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e

explicativas.

a) aditivas: exprimem ideia de soma, adição. As principais conjunções

aditivas são: e, nem, mas também, mas ainda.

Ex.: Pedro estuda / e trabalha.

or. coord. assindética or. coord. sind. aditiva

b) adversativas: exprimem ideia de adversidade, oposição, contraste. As

principais conjunções adversativas são: mas, porém, todavia, contudo,

entretanto, no entanto.

Ex.: Pedro trabalha muito / , mas ganha pouco.

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or. coord. Assindética or. coord. sind. adversativa

c) alternativas: exprimem ideia de alternância, escolha. Haverá alternância

quando a ocorrência de um fato implicar a não ocorrência de outro. As

principais conjunções alternativas são: ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer,

já...já, seja... seja.

Ex.: Venha agora / ou perderá a vez.

or. coord. assindética or. coord. sind. alternativa

d) conclusivas: exprimem ideia de conclusão. As principais conjunções

conclusivas são: logo, portanto, então, pois (posposto ao verbo).

Ex.: As árvores balançam / , logo está ventando.

or. coord. Assindética or. coord. sind. Conclusiva

e) explicativas: exprimem idéia de explicação, justificação, confirmação. As

principais conjunções explicativas são: pois (anteposto ao verbo), porque,

que.

Ex.: Venha imediatamente / , pois sua presença é indispensável.

or. assindética or. coord. sind. Explicativa

2. O papel das conjunções

Como já foi dito no em Conjunção, é fundamental notar que o contexto

determina o tipo de relação estabelecido pela conjunção, pois uma mesma

conjunção pode estabelecer relações diferentes entre orações.

a) Pedro trabalha de dia e estuda à noite.

b) Pedro queria viajar nas férias e não podia.

c) Siga este conselho e terá sucesso.

Observe que, em a, a conjunção e estabelece relação de adição entre as duas

orações. Já em b e c essa mesma conjunção assume outros matizes,

indicando adversidade e explicação, respectivamente. As frases b e c

equivalem, respectivamente, a:

Pedro queria viajar nas férias, mas não podia.

Siga este conselho, pois terá sucesso.

3. Orações Intercaladas

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Orações intercaladas (também conhecidas como orações interferentes) são

orações independentes que não pertencem à sequência do período.

As orações intercaladas são utilizadas para um esclarecimento, um aparte,

uma citação.

Ex.: Eu - retrucou o advogado - não concordo.

oração intercalada

Ex.: "- Tem razão, Capitu / , concordou o agregado./ Você não imagina

como a Bíblia é cheia de expressões cruas e grosseiras." (Machado de Assis)

As orações intercaladas vêm separadas por vírgula ou travessões.

Relações de subordinação entre orações

e entre termos da oração.

II. Orações Subordinadas

No período composto, as orações se relacionam de tal modo que umas podem

exercer funções sintáticas em relação a outras. Toda oração que exerce uma

função sintática em relação à outra denomina-se oração subordinada. As

orações subordinadas, conforme a função sintática que exerçam, classificam-

se em substantivas, adjetivas ou adverbiais.

a) substantivas: exercem as funções próprias de um substantivo (sujeito,

objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto).

As subordinadas substantivas são introduzidas, em geral, pelas conjunções

integrantes que e se, as quais não desempenham nenhuma função sintática.

b) adjetivas: exercem a função sintática de adjunto adnominal, comumente

exercida pelo adjetivo. As subordinadas adjetivas são introduzidas por

pronomes relativos - que, quem, quanto, como, onde cujo (e flexões), o qual

(e flexões). Os pronomes relativos desempenham diferentes funções

sintáticas na oração por eles introduzida.

c) adverbiais: exercem a função sintática de adjunto adverbial, característica

do advérbio. As subordinadas adverbiais são introduzidas pelas conjunções

subordinativas (exceto as integrantes) e exprimem circunstâncias de tempo,

consequência, causa, comparação, concessão, proporção, condição,

conformidade e finalidade. Tais conjunções não desempenham função

sintática.

1. Orações Subordinadas Substantivas

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As orações subordinadas substantivas, conforme a função sintática que

desempenham, classificam-se em subjetivas, objetivas diretas,objetivas

indiretas, predicativas, completivas nominais ou apositivas.

a) subjetivas: exercem a função de sujeito do verbo da oração principal.

I: Seu casamento / é urgente.

sujeito

II: Que você case / é urgente.

or. subord. subst. subjetiva or. principal

No exemplo I, em que temos um período simples, o núcleo do sujeito é

representado por um substantivo - casamento. No exemplo II, um período

composto formado de duas orações, o sujeito da oração principal é

representado por uma oração - que você case - que exerce a mesma função

sintática do substantivo casamento no exemplo I. A essa oração, que exerce

a função sintática de sujeito de outra oração, dá-se o nome de oração

subordinada substantiva subjetiva:

-oração subordinada, por quê?

Porque exerce uma função sintática subordina-se a outra

- substantiva, por quê?

Porque exerce uma função própria do substantivo

- subjetiva, por quê?

Porque exerce a função sintática de sujeito da oração principal

Note as ocorrências mais frequentes de orações subordinadas substantivas

subjetivas:

Ex.: É provável/ que ele chegue ainda hoje.

Ex.: Convém / que ele chegue ainda hoje.

Ex.: Conta-se / que ele chegará ainda hoje.

Or. Principal Or. Sub. Substantiva Subjetiva

OPA! Quando há oração subordinada substantiva subjetiva, a oração

principal apresenta o verbo na terceira pessoa do singular e não possui sujeito

nela mesma.

b) objetivas diretas: exercem a função sintática de objeto direto do verbo da

oração principal:

Ex.: Espero / que você case.

Ex.: Desejo / que ele volte.

Page 40: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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or. principal or. subord. subst. objetiva direta

c) objetivas indiretas: exercem a função sintática de objeto indireto do verbo

da oração principal.

Ex.: Necessitávamos / de que nos ajudassem.

Ex.: Gostaria / de que todos me apoiassem.

or. principal or. subord. subst. objetiva indireta

Nesses exemplos os verbos da oração principal exigem uma preposição, a

qual antecede a conjunção integrante.

d) predicativas: desempenham a função sintática de predicativo do sujeito da

oração principal.

Ex.: Meu maior desejo era / que todos voltassem.

Ex.: Minha esperança é / que sejas feliz.

or. principal or. subord. subst. predicativa

Observe a presença do verbo de ligação na oração principal.

e) completivas nominais: exercem a função sintática de complemento de um

nome da oração principal.

Ex.: Tenho medo / de que me traias.

Ex.: Sou favorável / a que o condenem.

or. principal or. subord. subst. completiva nominal

Observe que as completivas nominais (assim como o complemento nominal)

se ligam ao nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) por meio de preposição.

f) apositivas: desempenham a função sintática de aposto de um nome da

oração principal.

Ex.: Desejo uma coisa: / que sejas feliz.

Ex.: Espero sinceramente isto:/ que vocês não faltem mais.

Or. Principal or. subord. subst. apositiva

Note que, assim como no caso do aposto, as orações apositivas

separam-se da principal por sinal de pontuação.

Page 41: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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OPA!!! As orações subordinadas substantivas, como vimos,

começam geralmente pelas conjunções subordinativas integrantes

(que e se). Podem, no entanto, vir introduzidas por outras palavras:

Ex.: Não sei/ como ele se comportou.

Ex.: Perguntei/ quando era o exame.

Ex.: Não sei/ por que és tão vaidosa.

Ex.: Perguntamos/ quanto custava o produto.

Ex.: Não sabemos/ quem escondeu os documentos.

2. Orações Subordinadas Adjetivas

As orações subordinadas adjetivas são, como já definimos, aquelas que

exercem a função sintática de adjunto adnominal, própria do adjetivo. Estão

relacionadas a um nome da oração principal e vêm introduzidas por um

pronome relativo.

I. Admiramos os alunos estudiosos.

adjetivo

II. Admiramos os alunos /que estudam.

or. subord. adjetiva

No exemplo I, em que temos um período simples, o adjetivo estudiosos

exerce a função sintática de adjunto adnominal. Já no exemplo II, um período

composto, a função sintática de adjunto adnominal não é mais exercida por

um adjetivo, mas por uma oração que equivale a um adjetivo - que estudam

- a qual funciona como adjunto adnominal do núcleo do objeto direto alunos.

A essa oração dá-se o nome de oração subordinada adjetiva:

- Oração subordinada?

Porque exerce uma função sintática, sendo determinante de outro termo.

- Adjetiva?

Porque exerce a função de adjunto adnominal, própria do adjetivo.

É muito fácil reconhecer uma oração subordinada adjetiva, já que ela sempre

virá introduzida por um pronome relativo. A oração adjetiva pode vir depois

da oração principal ou estar nela intercalada:

Ex.: Serão premiados os alunos / que conseguirem melhor nota.

or. principal pron. rel. or. subord. adjetiva

Page 42: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Os alunos / que conseguirem melhor nota/ serão

premiados.

or. principal pron. rel. or. subord. adjetiva or.

principal

Quanto ao sentido, as orações subordinadas adjetivas classificam-se em

restritivas ou explicativas.

a) restritivas: restringem a significação do nome a que se referem.

Ex.: O homem / que fuma / vive menos.

or. principal or. subord. adj. restritiva or. Principal

Verifique que a característica expressa pela oração adjetiva que fuma não se

aplica a todos os elementos da espécie humana. Dizemos, então, que ela

restringe a significação do nome a que se refere: abrange não todos os

homens, apenas aqueles que fumam.

Outros exemplos:

Ex.: Os jogadores / que foram convocados / apresentaram-se ontem.

or. principal or. subord. adj. restritiva or. principal

Ex.: O homem / que trabalha / vence na vida.

or. Principal or. subord. adj. restritiva or. principal

Ex.: Resolveram os exercícios / que faltavam.

or. principal or. subord. adj. restritiva

b) explicativas: não restringem a significação do nome; pelo contrário,

acrescentam uma característica que é própria do elemento a que se referem.

Ex.: O homem / , que é um ser racional / , aprende com os erros.

or. Principal or. subord. adj. explicativa or. principal

Ex.: O Sol / , que é uma estrela / , é o centro do nosso sistema

planetário.

or. principal or. subord. adj. explicativa or. principal

Ex.: Capitu / , que é uma personagem de Dom Casmurro/ , tinha olhos de

ressaca.

Page 43: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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or. Principal or. subord. adj. explicativa or. principal

As orações subordinadas adjetivas explicativas são obrigatoriamente

separadas da principal por vírgula.

3. Orações Subordinadas Adverbiais

Orações subordinadas adverbiais são, conforme definimos anteriormente,

aquelas que exercem a função sintática de adjunto adverbial, própria do

advérbio. Observe:

I. Saímos tarde.

advérbio

II. Saímos / quando era tarde.

or. subord. Adverbial

No exemplo I, em que temos período simples, o advérbio tarde exerce a

função sintática de adjunto adverbial. Já no exemplo II, período composto, a

função sintática de adjunto adverbial não é mais exercida por um advérbio,

mas por uma oração equivalente - quando era tarde. A essa oração dá-se o

nome de oração subordinada adverbial:

- Oração subordinada?

Porque exerce uma função sintática sobre outro termo

- Adverbial?

Porque exerce a função de adjunto adverbial, própria do advérbio

As orações subordinadas adverbiais iniciam-se pelas conjunções

subordinativas, exceto as integrantes (que, como vimos, introduzem as

orações subordinadas substantivas).

a) causal: exprime uma circunstância de causa, aqui entendida como motivo,

ou seja,aquilo que determina ou provoca um acontecimento. As principais

conjunções e locuções conjuntivas causais são: porque, como (equivalendo a

porque), visto que, já que, uma vez que.

Ex.: Não viajamos / porque estava chovendo.

or. Principal or. sudord. adv. Causal

b) comparativa: exprime circunstância de comparação, que é o ato de

confrontar dois elementos a fim de estabelecer semelhanças ou diferenças

entre eles. As principais conjunções comparativas são: como, que (precedido

de mais ou de menos):

Ex.: Choveu / como chove em Belém.

or. principal or. sudord. adv. comparativa

Opa!

Muitas vezes as orações comparativas vêm com o verbo elíptico.

Page 44: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Ex.: Choveu / como em Belém. (= choveu como chove em Belém. Verbo

elíptico: chove)

Ex.: Falava mais / que papagaio. (= Falava mais que papagaio fala. Verbo

elíptico: fala)

c) consecutiva: exprime circunstância de consequência (resultado ou efeito

de uma ação qualquer). A principal conjunção consecutiva QUE é precedida

de um termo intensificador: tão, tal, tanto, tamanho.

Ex.: Choveu tanto / que o jogo foi suspenso.

or. Principal or. sudord. adv. Consecutiva

d) concessiva: exprime circunstância de concessão, que é o ato de conceder,

de permitir, de não negar, de admitir uma idéia contrária. As principais

conjunções e locuções conjuntivas concessivas são: embora, conquanto, se

bem que, ainda que, mesmo que, por mais que, por menos que.

Ex.: Choveu / embora a meteorologia previsse bom tempo.

or. principal or. sudord. adv. Concessiva

e) condicional: exprime circunstância de condição, entendida como uma

obrigação que se impõe ou se aceita para que um determinado fato se realize.

As principais conjunções e locuções conjuntivas condicionais são: se, caso,

contanto que, desde que.

Ex.: Viajaremos / se não chover amanhã.

or. principal or. sudord. adv. Condicional

f) conformativa: exprime circunstância de conformidade, isto é, de acordo,

de adequação, de não-contradição. As principais conjunções conformativas

são: conforme, segundo, consoante, como.

Ex.: Choveu, / conforme era previsto.

or. principal or. sudord. adv. Conformativa

g) final: exprime circunstância de finalidade, entendida como o objetivo, a

destinação de um fato. As principais conjunções e locuções conjuntivas finais

são: a fim de que, para que, que.

Ex.: Os lavradores esperavam a chuva / a fim de que não perdessem

safra.

or. principal or. sudord. adv.final

h) proporcional: exprime circunstância de proporção, entendida como a

relação entre duas coisas, de modo que qualquer alteração em uma delas

Page 45: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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implique alteração na outra. As principais locuções conjuntivas proporcionais

são: à proporção que, à medida que.

Ex.: À proporção que a civilização progride, / o romantismo se extingue.

or. Sudord. adv.proporcional or. principal

i) temporal: exprime circunstância de tempo. As principais conjunções e

locuções conjuntivas temporais são: quando, enquanto, logo que, desde que,

assim que.

Ex.: Choveu / quando eram dez horas.

or. principal or. sudord. adv. temporal

Orações Subordinadas Reduzidas

Muitas vezes, as orações subordinadas (substantivas, adjetivas, adverbiais)

podem aparecer sob a forma de orações reduzidas. As orações subordinadas

reduzidas têm duas características:

1. apresentam o verbo em uma das formas nominais: gerúndio, particípio ou

infinitivo;

2. não vêm introduzidas por conectivos (conjunções e locuções conjuntivas

subordinativas ou pronomes relativos).

As orações subordinadas reduzidas classificam-se, de acordo com a forma

verbal que apresentam, em:

3. subordinada reduzida de gerúndio;

4. subordinada reduzida de particípio;

5. subordinada reduzida de infinitivo.

Para analisar uma oração subordinada reduzida, basta fazer o seguinte:

a. desenvolvê-la, ou seja, tirá-la da forma reduzida, fazendo aparecer o

conectivo;

b. analisar a oração desenvolvida;

c. aplicar a análise da oração desenvolvida à reduzida, acrescentando as

palavras reduzida de gerúndio, particípio ou infinitivo, conforme o caso.

Observe atentamente o exemplo que segue:

Ex.: Penso / estar doente.

Desenvolvendo:

Ex: Penso / que estou doente.

or. principal or. sudord. subst. obj. dir.

Page 46: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Analisando a oração desenvolvida, temos: oração subordinada substantiva

objetiva direta. Agora, basta aplicar a classificação à oração reduzida e

acrescentar as palavras reduzida de infinitivo. Portanto:

Ex.: Penso / estar doente.

or. principal or. sudord. subst. obj. dir. reduzida de infinitivo

Vejamos outro exemplo:

Ex.: Vi guardas / conduzindo presos.

Desenvolvendo:

Ex.: Vi guardas / que conduziam presos.

or. principal or. sudord. subst. adj. restritiva

Aplicando a análise à oração reduzida, temos: oração subordinada adjetiva

restritiva, reduzida de gerúndio.

Examinemos agora uma terceira hipótese:

Ex.: Terminado o baile, / todos saíram.

Desenvolvendo:

Ex.: Quando terminou o baile, / todos saíram.

or. sudord. adverbial temporal or. principal

Aplicando a análise da oração desenvolvida à reduzida, temos: oração

subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.

Aula 9. Coesão Textual e Figuras de

Linguagem;

Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um

texto possa ser considerado um texto, e não um aglomerado de

palavras. A textualidade conta com dois ingredientes básicos: a

coesão e a coerência.

COESÃO TEXTUAL

Ligação existente entre as ideias, feita por meio de conectivos apropriados,

como conjunção, pronomes e artigos.

Page 47: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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O texto não é um emaranhado de palavras e nem uma colocação mecânica

de sentenças – há uma interação feita por meio de conectivos.

Ex: Eu ajudei os trabalhadores. Deixei-os felizes.

I. Coesão Referencial – Quando há remissão a outros itens do discurso

(elemento do texto)

1. Coesão Referencial

a. Anafórica (antes)

Ex: Felicidade era o que ele desejava. Isso era o que nós também

desejávamos.

A vida é bela. Isso é verdade.

As autoridades chegaram a SP. Lá estava frio.

O gorila fugiu da jaula. No entanto, ele já foi recuperado.

b. Catafórica (depois)

Ex: Só te pergunto isto: quem vai ficar com Poly?

Falarei uma coisa com toda certeza: o Flamengo não vai ser campeão.

c. Exofórica (dêixis)

Ex: A vida é bela, mas há os que digam que não.

2. Coesão Lexical

a. Com hipônimos e hiperônimos.

Ex: O gorila fugiu da jaula. No entanto, o animal já foi recuperado.

O garfo estava bem na ponta da mesa. Mamãe gritou, mas o talher caiu no

meu pé

b. Com metonímia

Ex: Adoro Dom Casmurro. Não deixo de ler Machado.

c. Com sinônimos

Ex: O papa nunca desistiu da paz. Sua Santidade dedica-se a essa causa.

3. Coesão Elíptica

Ex: O Treinador do time reclamou bastante da arbitragem após o jogo. Disse

que ia recorrer à Justiça Desportiva

Page 48: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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O gorila fugiu da jaula. No entanto, foi recuperado.

4. Coesão Transfrástica com famílias etimológicas

Ex: Júlia e Marcelo se amavam. Esse amor era radiante.

COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência é um dos fundamentos da textualidade. Ela se refere às ligações

de sentido construído no texto, que podem estar relacionadas a diferentes

fatores: lógico-linguísticos, textuais ou culturais.

Fatores de incoerência

I. Fatores lógico-linguísticos

• um determinado conjunto de palavras que participa da construção de uma

frase tem que estar ligado semanticamente de forma adequada: assim,

podemos dizer homem enérgico, árvore frondosa, rua engarrafada, mas não

faz qualquer sentido dizer-se homem frondoso, rua enérgica ou árvore

engarrafada. Na história das palavras de uma língua, cada uma delas, por

sua origem e, principalmente, por seu uso, adquire determinados

significados, excluindo qualquer significado diferente de suas possibilidades

de emprego; assim, é possível construir-se incoerência a partir do mau

emprego de vocábulos.

A linguagem figurada é uma “permissão” oficial de incoerência, em muitos

casos, mas, para que seja aceita, deve ser vista como tal: assim, ao dizer-se

que Um homem é um touro, o leitor compreende que tal homem é muito

forte e, em nenhum momento, que seja um animal.

• as relações lógicas estabelecidas entre palavras e entre segmentos de

palavras devem ser estabelecidas de forma clara, não podendo chocar-se com

essas mesmas relações no mundo conhecido; assim, é possível dizer-se Não

fui à universidade porque estava chovendo muito, estabelecendo-se uma

justa relação entre um fato e sua causa, mas não se pode dizer Não fui à

universidade embora estivesse chovendo, pois a concessão não cabe nesse

contexto. Do mesmo modo,

a frase Por falta de insegurança deixei de visitar aquela cidade traz uma

incoerência lógica, já que se trata, logicamente, de falta de segurança.

II. Fatores culturais

• informações: as informações presentes num texto devem também estar

adequadas ao nosso conhecimento de mundo: assim, a frase Pedro Álvares

Cabral, depois de proclamar nossa independência, voltou a Portugal não faria

Page 49: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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sentido para um leitor sabedor de que Pedro Álvares Cabral foi nosso

descobridor e nada tem a ver com nossa independência política. No entanto,

certas informações equivocadas podem ganhar coerência, como sabemos, se

modificamos as condições de leitura do texto, gerando sua aceitabilidade. Nas

fábulas, por exemplo, os animais falam e pensam como seres humanos, nas

narrativas do realismo mágico podem ocorrer ações impossíveis no mundo

real etc.

• campo semântico: caso interessante, nesse aspecto, é a incoerência gerada

pela intromissão de um vocábulo inesperado em um grupo de que

semanticamente não faz parte: assim, numa frase como O professor entrou

em sala com os livros, o apagador, o giz, o maiô e o cacho de banana, o que

fazem aí os dois últimos elementos citados?

• esquemas culturais: muitas ações apresentam determinada organização

estabelecida no meio cultural em que estão presentes e, alterar essa

organização também pode provocar incoerência. Assim, pode causar

estranheza o fato de alguém entrar em um restaurante e solicitar ao garçom,

inicialmente, que lhe sirva a sobremesa e, depois, um prato salgado.

III. Fatores textuais

Um outro fator de incoerência é a ruptura de esquemas previamente

estabelecidos e de conhecimento do leitor como os esquemas textuais: cada

um dos modos de organização discursiva apresenta uma estrutura básica,

estabelecida em sua própria história, e perturbar essa estruturação provoca

incoerência. Assim, numa narrativa, a sucessão de fatos cronologicamente

apresentados sempre parte

do menos para o mais intenso; daí que uma narrativa que faça o oposto,

salvo situações especiais, provoca estranhamento em sua leitura.

Do mesmo modo, os tipos textuais apresentam características básicas que,

se subvertidas, podem trazer incoerência: um cartaz publicitário que, em

lugar de elogiar o produto a ser vendido, o deprecie, certamente trará

espanto ao leitor.

Assim também, certas estruturas frasais esquemáticas podem, se

modificadas, causar estranhamento: a frase: Não compre um apartamento

barato, compre um apartamento bom, provocou ruptura na oposição entre

contrários (barato – caro), causando estranhamento temporário.

FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem denominadas também de figuras de estilo são recursos que

escritores utilizam para provocar efeito interpretativo do leitor. Esses artifícios usados

na linguagem apresentam como aspecto a exposição de pensamentos que não

abrangem o significado literal das palavras.

Page 50: LÍNGUA PORTUGUESA: Aula 1. Classes gramaticais;

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Revisão de denotação e conotação

Existem dois conceitos importantes que são fundamentais revisar antes de estudar as

figuras de linguagem. São eles: denotação e conotação. A conotação diz respeito as

expressões no sentido figurado, ou seja, a depender do contexto os termos apresentam

diferentes significados. É caracterizado por possuir termos criativos e que despertam

sentimentos no receptor.

Já a denotação remete às palavras no sentido literal, ou seja, independente do

contexto, termos denotativos apresentam significado original do dicionário.

AS CLASSIFICAÇÕES DAS FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem possuem quatro classificações. Elas podem ser:

• Figuras de palavras: esse diz respeito ao significado das palavras;

• Figuras de pensamento: envolve a combinação de pensamentos;

• Figuras de sintaxe: modificam a estrutura gramatical da frase;

• Figuras de som: diz respeito a sonoridade dos termos.

Aliteração é uma das figuras de som. (Foto: Educa Mais Brasil)

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As figuras semânticas

As figuras semânticas ou conhecidas como figuras das palavras. Têm-se como

exemplos: metáfora, metonímia, catacrese, comparação, sinestesia, perífrase, além de

outros.

Metáfora

Uma das figuras de linguagem conhecida é a metáfora. Nela as palavras apresentam

aspectos que não são comuns no sentido literal ou concreto. Observe o trecho da

canção "Meteoro" de Luan Santana:

Você é raio de saudade,

Meteoro da paixão (...)

Nessa canção as palavras raio e meteoro são usadas de maneira figurativa.

Metonímia

A metonímia, por sua vez, diz respeito a figura de linguagem que expressa substituição

de uma palavra por outra por aproximação. Perceba o exemplo abaixo:

“Adriana ler Clarice Lispector”.

Na frase acima ocorre a substituição da obra pelo autor. Nesse sentido, Adriana ler a

obra de Clarice Lispector. Perceba outro exemplo de metonímia.

“Lucas usou a gillete”

Nesse sentido, aplicou-se a marca do produto. Ao invés de “Lucas usou a lâmina de

barbear”.

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Comparação

Já figura de linguagem comparação remete a ação de atribuir semelhanças. Para isso,

é comum utilizar termos como: assim, igual a, como, que nem, tal qual, assim como,

além de outros.

Sinestesia

A sinestesia diz respeito a figura de linguagem que abrange a união de sentidos

distintos. Por exemplo:

“A voz de Rogério era doce”.

A voz corresponde a audição, no entanto, aplicado ao sentido do paladar.

Catacrese

A figura de linguagem catacrese é empregada quando utiliza-se para denominar algo

que não tem um significado específico. Abaixo o exemplo:

“Ele retirou três dentes do alho”

“O braço da cadeira estava danificado”

As figuras de pensamento

As figuras de pensamento expressam uma combinação de ideias. Podemos citar:

hipérbole, ironia, eufemismo, paradoxo, antítese, prosopopeia, além de outros.

Hipérbole

A hipérbole é uma figura de linguagem que indica exagero. O trecho abaixo da música

“exagerado” do cantor Cazuza é um exemplo de hipérbole.

"Paixão cruel, desenfreada

Te trago mil rosas roubadas

Pra desculpar minhas mentiras

Minhas mancadas (...)"

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O eu-lírico expressa um exagero quando diz “te trago mil rosas roubadas”. Portanto,

torna-se um exemplo de hipérbole.

Eufemismo

O eufemismo também é uma figura de linguagem. Esse apresenta como aspecto o uso

de palavras suaves para informar ou comunicar algo grave. Perceba o exemplo abaixo:

“José passou dessa para melhor.” (indica que o sujeito morreu)

“O deputado enriqueceu por meios ilícitos.” (indica o termo roubar)

Lucas faltou com a verdade para a mãe. (expressa mentira)

Ironia

A ironia aponta o sentindo da palavra diferente do habitual. Observe o exemplo abaixo:

“Ela é tão corajoso que correu ao ver o rato”.

Antítese

Já a antítese ao uso de palavras que tem sentidos opostos. Como por exemplo: riqueza

e pobreza, guerra e paz, alegria e tristeza, amor e ódio, dormir e acordar, continuar e

parar, claro e escuro, dentre outros.

Paradoxo

O paradoxo trata-se de ideias que demonstram falta de coerência. Portanto,

corresponde as expressões que se anulam. O trecho da música “Não é normal” da

banda Nx Zero é um exemplo da figura de linguagem paradoxo:

"O tempo todo, o tempo todo é tempo demais

Não é pra sempre, o pra sempre sempre se vai

Nem tudo que acaba, tem final (...)"

A canção expressa vários trechos com paradoxos, um deles: “nem tudo que acaba tem

final” quando na verdade o termo “acabar”, no sentido literal, expressa justamente o fim

de algo ou alguém.

Prosopopeia ou personificação

A personificação ou a prosopopeia é uma figura de linguagem que compreende a

incumbência de qualidades e sentimentos a seres irracionais. Observe o trecho da

música “Cruzando raios” de Orlando Moraes.

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"Estrelas vão fugindo

Entre os faróis e o mar

Neste azul, que azul (que azul)"

Sabe-se que as estrelas não fogem, portanto, é atribuindo nelas a personificação.

AS FIGURAS DE SOM

As figuras de som, como o próprio nome sugere, expressam mensagens através da sonoridade

com o uso da alternância ou repetição de letras.

Onomatopeia

Essa figura de linguagem indica a reprodução de ruídos ou sons. Por exemplo: A música

“bate coração” da cantora Elba Ramalho.

Oi, tum, tum, bate coração

Oi, tum, coração pode bater

Oi, tum, tum, tum, bate coração

Que eu morro de amor com muito prazer

O “tum, tum” representa a batida do coração.

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Onomatopeia de representação de um riso (Foto: Pixabay)

Aliteração

A aliteração expressa a repetição de fonemas iguais na mesma frase.

“O rato roeu a roupa do rei de Roma”.

A repetição da letra “r” indica aliteração. Perceba em outro exemplo:

“Um tigre, dois tigres, três tigres”.

Repetição da letra “t” e o encontro “gr”.

AS FIGURAS DE SINTAXE

A elipse, o pleonasmo, a zeugma, a anáfora, a silepse, além de outros são exemplos de

figuras de linguagem de sintaxe.

Elipse

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A elipse é uma figura de linguagem que corresponde a omissão de palavras que podem

ser localizadas na frase facilmente. Por exemplo:

“Daniela tem um vestido vermelho e um rosa. Prefere da cor rosa”.

Portanto, a frase corresponde a "Daniela tem um vestido vermelho e um rosa. Ela

prefere da cor rosa".

Pleonasmo

Consiste na repetição de palavras que possuem o mesmo significado ou apresentam a

mesma ideia. Em síntese, é uma figura de linguagem que expressa a redundância.

Observe o trecho do texto de Vinícius de Moraes, Soneto da Fidelidade.

"E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento."

No trecho “rir e riso” é um exemplo de pleonasmo.

Aula 10. Tipologia Textual e

Interpretação de Textos.

1 - LEIA COM ATENÇÃO E EM VOZ ALTA (leve balbuciar) Leia o texto com perspicácia e sutileza para não perder nenhum

detalhe. A leitura em voz alta é fundamental para ter atenção

aos detalhes.

2 - ATENÇÃO AO QUE SE PEDE Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e

por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral do

texto.

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3 - SEJA CURIOSO Na hora dos estudos, utilize um dicionário e encontre o

significado das palavras do texto que você não sabe o

significado.

4 - CUIDADO COM A INTERPRETAÇÃO

Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ideias do

autor.

5 - DIVIDA O TEXTO

Para melhor compreensão, divida o texto em parágrafos ou

partes.

6 - CUIDADO COM VOCÁBULOS

"Destoa, não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto e outras", são palavras que aparecem

nas perguntas e que, às vezes, dificultam entender o que o

enunciado está pedindo.

7 - DÚVIDA ENTRE DUAS ALTERNATIVAS Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a

mais exata ou a mais completa.

8 - PALAVRAS CRUZADAS Além da leitura de textos, um bom exercício para ampliar seu

conhecimento léxico é fazer palavras cruzadas. Isso aumenta

seu vocabulário e sua cultura.

9 - MAIS EXERCÍCIOS

Faça exercícios de palavras sinônimas e antônimas para

ampliar suas chances de sucesso.

Reconhecimento de tipos e gêneros

textuais.

TIPOLOGIA TEXTUAL / MODOS DE ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

1. Narração

Modalidade em que um narrador, participante ou não, conta um fato, real ou

fictício, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos

personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de

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anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.

Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis

até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula,

crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.

2. Descrição

Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um

animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o

adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata,

pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de

anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do

objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem

a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmente aos outros

tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em gêneros como:

cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.

3. Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre

ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou

argumentativo.

3.1 Dissertação-Exposição

Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico.

Apresenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias

de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um

determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex.: aula, resumo,

textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.

3.1 Dissertação-Argumentação

Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de

vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor,

objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de

ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em:

sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica,

editorial de jornais e revistas.

4. Injunção / Instrucional

Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os

verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-

se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo

indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para

montagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de

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comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito);

receitas, cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).

OPA: Muitos estudiosos do assunto listam apenas os tipos acima. Alguns

outros consideram que existe também o tipo predição.

5. Predição

Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma

coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros:

previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões

escatológicas/apocalípticas.

OPA 2: Alguns estudiosos listam também o tipo Dialogal, ou Conversacional.

Entretanto, esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado em certos

contextos, pois toda conversação envolve personagens, um momento

temporal (não necessariamente explícito), um espaço (real ou virtual), um

enredo (assunto da conversa) e um narrador, aquele que relata a conversa.

Dialogal / Conversacional

Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos

gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat etc.