livro e-book a vida de um quarentener

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A Vida Crônica de um Quarentener

Bruno Henrique Bezerra

Natal, 2021

editora

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Catalogação da Publicação na Fonte.Bibliotecária/Documentarista:

Rosa Milena dos Santos - CRB 15/847

B574v Bezerra, Bruno Henrique.

A vida crônica de um quarentener / Bruno Henrique Bezerra. – Natal: Caule de Papiro, 2021.

54 p. : il.

ISBN 978-65-86643-57-2 (LIVRO VIRTUAL)

1. Crônica brasileira. 2. Literatura brasileira. 3. Coronavírus. 4. Covid-19. 5. Doenças respiratórias. I. Título.

RN CDU 821.134.3(81)-94:616.2

Caule de Papiro gráfica e editoraRua Serra do Mel, 7989, Cidade SatélitePitimbu | 59.068-170 | Natal/RN | Brasil

Telefone: 84 3218 4626www.cauledepapiro.com.br

©2021. Bruno Henrique Bezerra. Reservam-se os direitos e responsabilidades do conteúdo desta edição ao autor. A reprodução de pequenos trechos desta publicação pode ser realizada por qualquer meio, sem a prévia autorização do autor, desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei n. 9610/1998) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Editora

Revisão

Diagramação Eletrônica

Ilustrações

Rejane Andréa Matias Alvares Bay

Bruno Henrique Bezerra

Caule de Papiro

Marcílio Nóbrega

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Sumário7 Pandemia chegou, o que é isso?

10 Máscara12 Álcool em gel14 Delivery16 Supermercado18 Higienização da feira20 Comer fora22 EaD no estudo24 EaD no trabalho27 Atividade física30 Festas32 Encontros amorosos34 Viagens37 Fiscais da pandemia39 Solidão41 Cobranças43 Vivendo ou sobrevivendo45 Perdas

48 Vacinação

50 O que a pandemia te ensinou?

52 Vida sem Covid

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Pandemia chegou, o que é isso?

Você também tem a sensação de que a vida antes da pandemia da Covid-19 ultrapassa o espaço de tempo dos dois anos? Eu, sim. Lembro-me como se fosse hoje quando estava curtindo

o Carnaval em Salvador-BA em fevereiro de 2020 e já escutávamos notícias sobre um novo vírus que circulava na China, algo muito “longe” e “distante” da nossa realidade.

Ninguém deu muita atenção mesmo, afinal, como dar se seu próprio presidente até hoje não trata o assunto com a seriedade que deveria - eu julgo sim e você deveria fazer o mesmo. Enfim, vamos continuar na nossa reflexão que estava começando a engrenar. 

Finalizado o bom Carnaval, o ano finalmente se inicia e as notícias de casos e mortes pelo tal novo coronavírus vão se mul-tiplicando a níveis assustadores. 11 de março, a OMS declara a pandemia da Covid-19, uma vez que o estágio de transmissão da doença se torna global.

Pandemia chegou,o que é isso?

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Opa, parece que não é só uma gripezinha, não é mesmo? O acompanhamento epidemiológico é logo intensificado pela imprensa, fazendo com que a pandemia se torne o principal tema de discussão no mundo. Estados e municípios começam a organizar decretos e adotar medidas restritivas para conter o avanço do vírus. O assunto vai se polarizando ao mesmo tempo que as normas de biossegurança são intensificadas. 

De um lado, temos os apoiadores do presidente que criticam o fechamento dos estabelecimentos, as proibições de circulação e até, pasmem, o uso de máscaras. Do outro lado temos pessoas sensatas que cobram do Poder Público ações mais efetivas para reduzir a transmissão do vírus.

Agora, a normalidade é outra. Apesar de ser uma doença nova, sabíamos que a máscara evitava o contágio, assim como a higienização das mãos com álcool em gel ou sabão. Confraternizar com quem não mora na mesma casa que você? Nem pensar. Evitar o contato ao máximo. Ficar em casa. 

Porém, como se adaptar a essa grande leva de mudanças repentinas? A possibilidade de contaminar um ente querido ou amigo e dele agravar e vir a falecer parece o suficiente para você? Para mim sim. A partir daí, comecei a saga aqui conhecida como “vida crônica de um quarentener”.

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Máscara

Há mais de um ano, ganhamos um acessório tão indispensável quanto nossa roupa na hora de sair de casa, a máscara. Do início da pandemia para cá, ela foi evoluindo, ganhando

vários modelos, estampas, cores e materiais para atender aos mais diversificados gostos, chegando inclusive a ser sinônimo de separação entre “negacionistas” e pessoas sãs.

É difícil de acreditar que algo cientificamente comprovado como redutor de contágio seja tido como dispensável por algumas pessoas, não é mesmo? Mas essa é a realidade que vivemos no momento. Ah, e caso você esteja com dúvidas, vou te ajudar bem rápidão: opte pela PFF2 ou N95, mas se não for possível, certifique-se que a sua de pano tem pelo menos duas camadas tecido. Não tem como ter essa garantia? Reforce sua proteção usando uma cirúrgica com a sua de pano, também dá certo, mas nunca, veja bem, nunca, deixe de usar máscara ao sair de casa.

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Além desse pessoal que desacredita da ciência especialmente pela influência Daquele Que Não Deve Ser Nomeado - por favor, tenham referência, a máscara também tornou mais fácil de identificar diferentes fandoms. De longe, você consegue captar quem é torcedor fervoroso de algum time, muito religioso, otaku, geek e por aí vai. 

É até engraçado como ela pode criar um espaço para o início de uma conversa ou paquera, já que aproxima duas pessoas que gostam da mesma coisa. Porém, como nem tudo são flores, ela também pode te ludibriar dando a entender que aquele sapo é um príncipe. Não entendeu? Peraí, que eu te explico. Sabe aquela pessoa que você olha e se apaixona porque ela tem todas as características que você julga ideal? Vá com calma, pois ela pode ser apenas “bonita de máscara”. 

Brincadeiras à parte, também tivemos a grata surpresa de como ela poderia ser uma fonte de renda para costureiras e outras pessoas com dons manuais que passaram a confeccionar e vender sob encomenda essa maravilhosa.

Dito isso, eu particularmente não consigo entender como alguém pode não gostar da máscara. Ela lhe deixa mais bonito, lhe alerta sobre as pessoas de quem você deve se afastar ou se apro-ximar e ainda lhe deixa PROTEGIDO - o mais importante, claro. Ah, mas eu fico sem ar com a máscara e ela estraga minha maquiagem? Meu amor, antes uma nebulização forçada do que uma infecção por Covid-19. Seja racional, seja responsável, ame e use a máscara!

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Álcool em gel

Quando íamos imaginar que o álcool em gel se tornaria um item tão indispensável na nossa vida? Sim, eu sei que algumas muitas pessoas já costumavam ter um frasqui-

nho em suas bolsas para uma eventual emergência, mas agora a realidade é outra. O que era exceção, como o uso de máscara, virou tão necessário quanto andar com a chave de casa, por exemplo.

Não demorou muito para que, assim como as máscaras, as versões personalizadas começassem a surgir. Texturas, cheiros e embalagens para todos os gostos. Para os que não gostam dos mais melequentos, tem a opção líquida. Para aqueles que gostam do perfuminho de colônia de bebê, tem a opção de uma certa marca que não me pagou e portanto não estarei citando o nome. Para os que não gostam do frasco discreto de farmácia, formatos coloridos e temáticos também resolvem o problema.

Além disso, o álcool em gel também virou fonte de renda para algumas pessoas que passaram a fazer suas próprias versões

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do produto. Especialmente no início da pandemia, quando houve um grande surto de estocar álcool 70 e papel higiênico, muitas pessoas começaram a produzir e comercializar suas mercadorias para familiares e pessoas mais próximas. Cá entre nós, se elas tinham qualificação para manusear os compostos, nunca saberei.

O fato é que o álcool em gel se fundiu às nossas vidas e dificilmente vai ser um item que iremos abandonar. Só para vocês não acharem que eu estou exagerando, uma pesquisa da Qualibest mostrou que entre 10 e 22 de março de 2020, comecinho da pande-mia, o consumo do produto aumentou em 67% entre os brasileiros.

Fedorento ou não, melequento ou não, o álcool em gel é uma das poucas armas que temos contra o coronavírus, o que automaticamente torna ele um dos nossos melhores amigos mais íntimos, assim como a máscara, distanciamento social e, é claro, a maior de todas, a vacina. 

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Delivery

O delivery sempre se apresentou como uma ótima oportu-nidade para aqueles dias que você não pode sair da onde você está para fazer sua refeição ou quer comer algo rápido,

sem precisar lidar com toda a logística que cozinhar envolve. Caso não tenha ficado claro, nesta crônica vamos falar sobre delivery de comida, ok? Apesar de que, se você não for tão literal, vai poder enxergar semelhanças com outros tipos de entregas. 

Então, o que antes era um processo fácil de ligar, mandar mensagem ou solicitar num aplicativo sua opção para o momento, com a pandemia virou preocupação com a limpeza e possível risco de contaminação. Será que o restaurante está seguindo todas as normas de biossegurança? Essa embalagem, será que ela foi higienizada? Ai meu Deus, e se o entregador não estiver com máscara e luvas?

Enfim, muitas perguntas passaram a pipocar nas nossas cabecinhas de jovens adultos quarentenados, levando-nos ao que eu chamo de “leves surtos diários”. No final das contas, você não vai

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conseguir todas as respostas que precisa sobre o seu pedido, mas a sua parte você pode fazer. Higienizar novamente as sacolas, os produtos em si e utilizar máscara ao se encontrar com o entregador são algumas dessas coisas.

Lembre-se também de verificar se aquele restaurante que você está pedindo lhe inspira credibilidade e tem bons feedbacks. Com o fechamento dos serviços não essenciais, restaurantes e bares passaram um bom tempo funcionando somente por delivery, o que os forçou a investir em melhorias nesse departamento. Isso não é regra, ok? Mas é uma vertente positiva a qual eu gosto de acreditar. Delivery ou não, o importante é se proteger e não passar fome! 

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Supermercado

Com o fechamento dos estabelecimentos comerciais não essenciais, a ida ao supermercado passou a ser a minha principal saída, virando sinônimo de escolher minha melhor

roupa e passar meu melhor perfume, pois era a minha oportunidade de socializar com outras pessoas fora da minha casa, mesmo que sem abraços e beijos.

Mas não pense que sempre foi assim, porque não foi mesmo. Nas primeiras vezes, eu lembro do medo que senti, da pressão em entrar rápido e sair mais rápido ainda, pensando loucamente em não tocar em ninguém, não levar a mão ao olho e em quantas pessoas que estavam ali comigo poderiam estar contaminadas. 

Acho que só depois da quinta ou sexta ida que eu fui me acalmando e percebendo que eu estava fazendo o que era possível. A partir daí foi que comecei a aproveitar o passeio para reencontrar conhecidos, paquerar com o olhar aquelas pessoas bonitas de

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máscara, além de fazer meu estoque de mantimentos para não precisar passar por esse processo novamente.

Enfim, com uma máscara ou duas, face shield ou não, luvas ou não, o importante é ir com segurança e se você estiver se sentindo bem. Outra alternativa é o delivery, que agora se encontra bem mais popular entre os supermercados grandes, médios e pequenos.

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Higienização da feira

Eu imagino que você, assim como eu, também sempre tenha visto seus pais higienizando alguns itens da feira de casa, não é mesmo? Frutas, legumes, objetos enlatados, tudo isso

já fazia parte da nossa rotina, afinal, desde muito cedo, nós fomos educados sobre como bactérias, microrganismos e outros pequenos seres podem trazer doenças caso sejam ingeridos.

O que a gente jamais esperava era que a pandemia iria transformar a higienização da feira numa operação de guerra, uma assepsia digna de pré-cirúrgico. Não sei como é aí, mas aqui em casa nós montamos um esquema que funciona da seguinte forma: um tira das sacolas os produtos e os organiza na bancada, enquanto o outro já os pega e vai limpando com álcool 70 ou lavando com água e sabão. A terceira pessoa enxuga os produtos e os guarda devidamente higienizados.

Cansou? Eu espero que sim, porque caso contrário, você deve está fazendo algo errado. A feira virou literalmente sinônimo

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de exercício físico com a Covid e, assim como ela, agora a gente pensa 3 vezes antes de fazê-la. Uma chuva, um sono acumulado e até uma dor na unha são motivos reais e aceitáveis para não ter que encarar a realidade. É sobre isso e está tudo bem pessoal, contato que você não passe fome e nem deixe de lado esses cuidados. E sim, eu sei que há estudos que mostram que o contágio por superfície é difícil, já que a quantidade de vírus presente é pequena, mas melhor prevenir do que remediar, não é mesmo? 

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Comer fora

Depois de muitos meses sem poder funcionar na forma presencial, os bares e restaurantes reabriram com limita-ções na circulação de pessoas, espaçamento entre mesas

e outras normas de biossegurança. Eu, que ansiava por comer aquele bom prato naquele restaurante aconchegante e intimista que sempre gostei, agora teria a oportunidade de viver essa experiência novamente.

E aí vem o questionamento, valeria a pena? Você se sen-tiria seguro (a) depois de um longo período de isolamento social saindo somente para farmácia, supermercado e locais de extrema necessidade? Peso todos os prós e contras e sim, decido que vale a pena. Reservo mesa - quando precisa, chamo algum amigo e vou me aventurar.

Chegando no local, percebo que não sei o protocolo. Fico de máscara o tempo todo ou é normal tirá-la quando me sento à mesa? Se eu encontro alguém conhecido, devo me aproximar para

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cumprimentar ou só um tchauzinho de longe resolve? Aprendi que não há resposta definida, mas que devemos sempre recorrer ao bom senso.

Minha dica é: vá, peça sua comida preferida, chame seu amigo, namorado ou pessoa da sua preferência, se divirta, ria, aproveite, mas sem nunca esquecer que o álcool em gel, a máscara e todos os outros cuidados que você aprendeu de 2020 para cá continuam sendo necessário.

Se você não se sente seguro para frequentar esse tipo de local, há sempre a opção do delivery que falei anteriormente, não é mesmo? Você pode pedir seu prato daquele local preferido, montar seu cenário num local diferente da casa e fingir que está comendo fora. A imaginação e criatividade são coisas que só dependem de você e, o melhor de tudo, elas são gratuitas. 

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EaD no estudo

O que falar sobre as aulas online, meus amigos? Vou falar pela minha experiência de aluno que veio do presencial e somente - graças a Deus - no final do curso teve que lidar

com essa mudança. 

Imagine poder ir para a universidade, fazer esportes, discipli-nas de outros departamentos, intercâmbios e participar de diferentes projetos que vão lhe render experiência de vida e acadêmica. Lindo, né? Agora imagine você em casa, na frente de um computador ou celular, com internet oscilando, tendo que acompanhar virtualmente uma aula ou apresentar um trabalho para seus professores e colegas de sala. Pareceu diferente? Pior? Melhor?

Agora adicione os seguintes fatores externos: falta de estru-tura adequada em casa (mesa, cadeira, iluminação), barulho de obra, barulho de trânsito, interrupções corriqueiras de pessoas que moram com você, entre outros. E, aí? Qual a sua percepção agora?

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Assim como tudo na vida, há quem goste e há quem odeie. Não excluo ninguém, aceito quem diz que é uma modalidade que otimiza o nosso tempo, ao mesmo tempo que entendo quem não tem internet, ar condicionado e uma estrutura apropriada pedir pela volta do presencial.

É difícil, são muitos fatores para se botar na balança, mas acredito que já deixei minha opinião meio clara lá pelo parágrafo dois. No meu caso, o final do curso já é um momento complicado para o estudante, você já não tem mais o pique que tinha antes, você trabalha ou estagia praticamente o dia todo e ainda tem que se concentrar numa videochamada de mais ou menos duas horas.

Atire a primeira pedra quem não tirou a câmera e desligou o áudio para fazer outra coisa ou até mesmo tirar um cochilo enquanto a aula rolava? Não me orgulho disso e sei que você também não, mas, às vezes, o nosso dia a dia com a pandemia nos faz fazer coisas as quais não faríamos normalmente. 

Resumo da ópera, se esforce, se cobre, mas também saiba se dar o tempo que você precisa para respirar e ficar bem. Todos nós estamos passando por tempos difíceis e concluir um curso no meio disso não é para qualquer um. Todos vamos entender quando você precisar dar aquela “piscada pesada”, desde que não se torne costume. Força, ícone!

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EaD no trabalho

Eu amo trabalhar à distância. Sim, eu sei que no quesito estudo eu disse que odiava, mas aula e trabalho são coisas completamente diferentes. Talvez seja porque desde antes da

pandemia eu já trabalhava nessa modalidade e não senti o impacto da mudança, mas o fato é que me adaptei super bem ao estilo EaD.

Primeiramente, é incrível não ter que se preocupar em acordar mais cedo do que você precisa para: 1) escolher uma roupa, 2) tomar café da manhã, 3) pegar trânsito e tantos outros pontos que eu poderia preencher uma carta-rolo em um segundo. Isso não significa dizer que você vai poder trabalhar e fazer o que você quiser na hora que você quiser.

A rotina é essencial para que você não se perca nos prazos e consiga equilibrar seus afazeres de trabalho e da vida cotidiana. Eu, por exemplo, cumpro minhas oito horas - quase sempre mais, mas isso é algo para outra crônica, dentro de horários bem específicos que incluem pequenos intervalos e tempo de almoço. 

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Dá certo? Sim, dá super certo. Consigo dormir minhas boas horas de sono, consigo produzir o que preciso, consigo almoçar sem engolir a comida de uma vez e consigo encerrar meu expediente a tempo de fazer exercício físico, passear com meu pet, entre outras tantas coisas que um ser humano normal faz na vida fora do trabalho.

Ah, mas você não sente falta do escritório? De algumas coisas sim. A fofoca com os colegas de trabalho é o principal. Nada fortalece mais a relação do que as reclamações diárias compartilhadas por colegas que vivem o mesmo que você, não é mesmo? Também sinto falta dos happy hours pós-expediente e da estrutura que o local proporciona - ar condicionado, cadeira adequada, mesa, etc. Tudo isso você consegue readaptar, mesmo que em níveis diferentes.

Você realmente não tem nada de ruim para falar do trabalho remoto? Claro que tenho, não sejamos hipócritas. Se você não mora sozinho, sempre vão haver interrupções familiares, além de barulhos de terceiros e o pior de tudo, muitas reuniões. Impressionante a quantidade de reuniões criadas que poderiam ser evitadas com um simples e-mail, mas a pessoa faz questão de ver a sua cara na tela para poder ter certeza de que a informação foi captada. Dos males, o menor.

Espero ter lhe convencido de que o trabalho à distância veio como uma ótima opção para vários tipos de profissão. Mas se depois de tudo isso, você ainda prefere o presencial, também não vou te julgar. Lembre-se que os cuidados com a Covid precisam ser mantidos, afinal, seus colegas moram em locais diferentes do seu e convivem com outros círculos de pessoas, o que acaba aumentando a possibilidade de transmissão do vírus. 

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Atividade física

Logo que a quarentena começou para valer, a geração “maromba” ficou desesperada em não ter as academias abertas para praticarem suas atividades físicas. E agora,

como é que eu vou fazer para manter meu shape que ninguém vai poder ver fisicamente já que ninguém está podendo sair? Problemão, né? Mas isso foi logo resolvido com os pacotes de treinos online e até gratuitos que vários personais começaram a disponibilizar na grande rede mãe chamada internet. 

Com estrutura adequada ou não, você poderia fazer seu treino e manter sua rotina de exercícios em casa, sem precisar se preocupar em ter que encontrar aquele conhecido que você não gosta ou de ter que dividir aparelhos. Bom, né? Para algumas pessoas, nem tanto. Muitos reclamaram e pediram a reabertura das academias e similares com a justificativa de que eram essenciais para a saúde.

Muitos meses depois, eis que há a retomada tão “esperada”. As pessoas voltam a fazer seus exercícios nesses locais e o que se

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vê? Pasmem, pessoas treinando sem máscara, com a máscara no queixo, com a máscara cobrindo só a boca e com tantas outras utilidades que desafiam a criatividade do mais criativo. As limitações por pessoa obviamente são ignoradas, assim como o distanciamento entre máquinas e alunos. Porém, nem tudo são críticas, porque o totem de álcool em gel geralmente funciona.

Então, é melhor malhar em casa ou na academia? Eu, que prefiro o esporte, faço meu bom treino de vôlei ao ar livre e com máscara, sempre tentando não julgar o próximo, mas um “aí, eu passo mal fazendo atividade física de máscara” é demais para mim. Não deixe sua saúde de lado, especialmente nesse período de pandemia, mas levando em conta os riscos e seguindo os protocolos de biossegurança que vão lhe mandar mais do que saudável, vivo.

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Festas

O tema desta crônica é uma das minhas maiores saudades da qual eu falo com toda propriedade. Festa para mim sempre foi sinônimo de alegria, seja em barzinho, boate

ou na casa de alguém, o importante era estar reunido com um grupo de amigos que iria fazer meu dia valer com muitas risadas e situações das mais variadas.

A pandemia chegou e, com toda e mais absoluta razão, as festas foram proibidas. Lugares apertados, com pouca ventilação, bebida, música alta e muita, muita gente circulando. Um prato cheio para o coronavírus, não é mesmo? Nada mais justo que suspender esses eventos enquanto a vacinação não chegava, ponto final.

E aí, qual é a alternativa? Para mim, foi a chamada de vídeo. Logo eu que tanto odiava - e sigo odiando - videochamada, me vi encantado com a possibilidade de reunir vários amigos num mesmo lugar, escutando a música que quiser, bebendo e comendo à vontade,

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sem hora para acabar e, o mais importante, sem precisar enfrentar fila para ir ao banheiro.

As nossas festas virtuais viraram programação fixa do final de semana. Sexta, sábado e até mesmo na matinê de domingo, nos reuníamos na frente do computador para colocar o papo em dia. Amigos de outras cidades e até mesmo os que moravam em outros países com fusos completamente diferentes faziam questão de participar, já que esse era um momento de manter a proximidade e se fazer presente na vida do outro. 

E, para não cair na mesmice, implementamos as festas temá-ticas. Sexta trevosa, sábado de lual e domingueira do samba eram apenas alguns dos nossos preferidos. Apesar de alguns reclamarem no início de que não tinha roupa, no final acabaram amando a aventura de ter que se produzir para participar do grande evento.

É fato que as grandes festas e shows vão ser as últimas coisas a serem retomadas em sua plenitude como conhecíamos antes da pandemia. Até lá, a gente pode ir trabalhando com o que tem, usando nossa criatividade para pensar em alternativas mais seguras como a videochamada ao invés de festas clandestinas, fica a dica! 

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Encontros amorosos

A quarentena para o pessoal solteiro à procura de um rela-cionamento sério representou uma grande pedra nesse árduo e longo caminho. Se antes da pandemia já estava

difícil encontrar alguém legal - cada um com o seu critério de pessoa ideal - para sair, conversar e eventualmente namorar, imagine agora que os lugares de socialização como barzinhos e festas estavam sem poder funcionar.

Agora, as únicas alternativas pareciam ser os aplicativos e sites - para os mais tradicionais - de relacionamentos. Tinder, Badoo, Grindr, entre tantos outros tiveram um aumento de 30% e 400%, dependendo da região do país, segundo dados da Pew Research. Isso mesmo, o brasileiro queria um aconchego e os aplicativos eram o meio para conseguir isso.

Vamos lá, digamos que eu tenha baixado um aplicativo, dedi-cado um bom tempo escolhendo fotos para o meu perfil e gastado mais alguns muitos minutos procurando um pretendente ideal. E aí,

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como proceder? É de bom tom chamar para um encontro presencial em plena pandemia? E se ele não for igual as fotos? E se a conversa não se desenvolver como no virtual?

A resposta para todos esses e mais questionamentos é simples, a videochamada. Assim como as reuniões de negócios e festas virtuais, através da videochamada você poderia ver seu pretendente ao vivo sem edição, escutar sua voz, observar suas expressões, ouvir uma boa música enquanto come um bom jantar, tudo isso na segurança da sua casa. 

Os pontos positivos não param por aí. Você também pode ter mais de um date num único dia, sem precisar pensar em diferentes combinações de looks ou em ter que chegar ao local do encontro. Vocês podem assistir filmes juntos e combinar para comer a mesma refeição enquanto se desenvolvem a conversa, “igualzinho” você faria num local presencial. 

Dito isso, eu mesmo não tive sorte com esse tipo de encontro à distância, porém conheço algumas pessoas que tiveram e super recomendam a experiência. Eu sei que parece meio estranho de início, especialmente para quem já estava acostumado a sair para dates em restaurantes, bares, cinemas e afins. Mas, com o risco de contaminação do vírus em alta, você realmente teria coragem de se expor a troco de um encontro que poderia ser uma grande laranjada? Melhor não, né?

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Viagens

Os amantes das viagens, assim como eu, ficaram bastante tristes e preocupados com a chegada da pandemia da Covid-19. Fronteiras internacionais fechadas, restrições

de circulação de pessoas em diferentes estados e cidades, além do funcionamento das atividades comerciais. Viajar como e para ver o quê, se tudo está fechado ou funcionando com limitações?

A alternativa foi priorizar destinos com natureza, com poucas ou nenhuma circulação de pessoas a não ser você e as pessoas do seu convívio diário. Alugar casas em praias, fazendas ou em locais mais afastados do fluxo das metrópoles funcionou para mim.

Por mais que não eu não saísse da casa para passeios turís-ticos ou para nada que não fosse realmente essencial, eu estava experienciando outra rotina, conhecendo outros lugares e desfru-tando de coisas que eu não teria se estivesse trancado no meu apartamento, como piscinas, mar e muito verde.

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Quanto ao meio de transporte, priorizei locais que eu pudesse ir de carro, já que andar de avião não me passava a segurança que eu precisava. Só de imaginar ter que pegar um Uber até o aeroporto e estar no aeroporto com um fluxo enorme de pessoas indo e vindo me dava aflição. 

Sim, eu sei que os protocolos de biossegurança teoricamente estavam sendo seguidos, mas qual garantia eu tinha de que aquela pessoa na minha frente na hora do embarque não estava contami-nada? Ou que aquele comissário de bordo que me entregou minha água não estava positivado? Por via das dúvidas, preferi não arriscar.

Foi só depois de quase um ano de pandemia, quando real-mente precisei viajar a trabalho para Brasília, que peguei um avião. Morrendo de medo, com duas máscaras, me esforçando ao máximo para não tocar em nada e nem em ninguém, embarquei e sobrevivi a quase 3 horas de voo. 

Moral da história: você que anseia por viajar pode programar seu roteiro sem necessariamente ter que cruzar com locais de grande aglomeração de pessoas. Viajar é bom, mas não pegar Covid-19 é melhor ainda. 

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Fiscais da pandemia

Você também já deve ter se deparado com algum fiscal da pandemia, afinal, eles estão por todos os lugares. Eles não foram contratados e nem fizeram concurso público para

ocupar tal cargo, mas vestem com orgulho a camisa da empresa. No geral, são pessoas extremamente corretas, que nunca cometeram um deslize em suas vidas e, por isso, se acham na razão de julgar e condenar toda e qualquer atitude dos coleguinhas. Reconheceu alguém?

Não importa o que você faça, você vai estar errado na visão deles. “Meu Deus, você foi numa praia que não tinha ninguém para tomar um banho de mar? Você está louco?” ou “Eu não acredito que você, que mora sozinha, foi encontrar seu namorado na casa dele que também mora sozinho assumindo todos os riscos que isso pode acarretar!”

Veja bem, você acha mesmo que pode levantar o dedo para acusar alguém de “furar” a quarentena? Não estou falando daquelas

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pessoas que vão para festas clandestinas, das que andam sem máscara e gritam aos quatro cantos que não irão tomar vacina. Essas aí a gente largou a mão faz tempo.

Eu to falando daquele seu amigo que se sentiu só e chamou outro amigo para conversar em sua casa ou daquela pessoa que pegou um avião para ver parte da sua família em outro estado. Dá mesmo para apontar o dedo e dizer que todo mundo está errado? 

Estamos vivendo uma realidade completamente nova e deses-peradora para a grande maioria da população. Não dá para você comparar e jogar todo mundo no mesmo barco. O trabalhador que precisa pegar ônibus todos os dias e se expor no seu emprego e, no final de semana, se reúne com amigos e família para desopilar é um vilão? Acho que me fiz entender, né?

Antes de apontar seu dedo julgado, Lumena - por favor, tenha referência, lembre-se que você muito provavelmente já fez algo que alguém também recriminaria. Você não é melhor do que ninguém. Você, na grande maioria das vezes, vive num privilégio de ter condições de cumprir seu isolamento social e esqueceu que outras muitas pessoas não tem.

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Solidão

Para muitas pessoas que já moravam com alguém, a quaren-tena se apresentou como uma oportunidade de fortalecer a relação, estreitar os laços e de realmente se reconectar com

o outro. Querendo ou não, você estava fadado a passar 24h sob o mesmo teto com aquela pessoa, a não ser que você ou ela trabalhasse em algum tipo de emprego que fazia parte das atividades essenciais. 

Entretanto, para outra leva da população, a quarentena significou ficar isolado sozinho em casa. Nada de saída para a academia, para o escritório, para o barzinho. Só você e o seu lar doce - às vezes nem tão doce assim - lar. E então, o que fazer para se sentir menos sozinho?

No meu caso e acredito que no de muitas pessoas, a internet se apresentou como um porto seguro, uma opção infalível para os dias de melancolia, de baixo astral e sentimentos tristes. De 2020 para cá, desbravei como nunca imaginei a Netflix, Amazon Prime,

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Disney+, Globoplay e tantos outros streamings de séries e filmes que você possa imaginar.

Séries curtas, longas, filmes estrangeiros, documentários, animações, o importante era assistir algo que prendesse minha atenção e tirasse minha cabeça daqueles pensamentos não tão legais. Risos, sensação de aconchego e até sustos eu tava aceitando, desde que não fosse um drama para me fazer chorar mais do que a normalidade estava fazendo.

Além disso, outra coisa que me ajudou e segue ajudando é ser pai de pet. Se você, assim como eu, ama bicho, na quarentena eu tenho certeza que esse amor multiplicou por números infinitos. Minha filha quase humana me ajuda a manter uma rotina, conversa comigo - do jeitinho dela, me dá atenção, carinho e até a sensação de que eu não estou sozinho, só pela presença dela em casa.

Caso você seja alérgico ou não se sinta em condições de ter um bichinho em casa, as plantas podem se apresentar como uma ótima opção. Apesar de serem mais quietas, elas são mais econômicas que os pets e também irão puxar de você uma rotina de cuidados bem positiva. Tenho uma amiga que diz que criar planta é como fazer a primeira tatuagem, depois da primeira, é um caminho sem volta - ela começou com 2 e hoje o apartamento dela é praticamente uma Amazônia. 

Se sentir só morando só numa quarentena é inevitável. O importante é não se deixar tomar por esse sentimento e buscar válvulas de escape como as que eu mencionei que vêm funcionando para mim. Lembre-se, tudo é passageiro, até a solidão. 

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Cobranças

Com as mudanças e as séries de adaptações acarretadas pela pandemia, muitos - eu incluso - tiveram e têm dificuldades em lidar com as cobranças. Seja no trabalho, na família ou

no seu ciclo de amigos, aqueles comentários em tom de alfinetada seguiram firmes cumprindo os seus papéis de agregar um total de zero coisas na vida de quem os escuta.

“Nossa, como você engordou”; “Menina, que cabelo é esse?” e “Já concluiu aquelas 500 coisas que eu acabei de te pedir sem prazo estabelecido?” são apenas alguns exemplos de cobranças que cumprem o único propósito de colocar a pessoa para baixo e num lugar de dúvidas sobre si mesmo.

Você, assim como eu, já deve ter ouvido algum tipo de cobrança absurda sobre sua aparência física, produtividade no trabalho e na faculdade. É perfeitamente normal você não ter o mesmo ânimo que você tinha antes para realizar todas as atividades que você fazia com facilidade.

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Reflita comigo, quem não se desmotivaria com um presidente da República que faz e fala coisas como Jair Bolsonaro diariamente? Quem não se desmotivaria depois de perder uma pessoa próxima para uma doença que já existe vacina, mas infelizmente ainda é inacessível para todos? Quem não se desmotivaria para ir a uma academia sabendo dos inúmeros riscos de contaminação que o lugar traz consigo?

Difícil, né? Eu bem sei. O que me ajuda a sair disso? Buscar coisas que me deem prazer. Uma série, um livro, terapia, uma viagem, enfim, você vai encontrar algo que lhe dê aquela boa reenergizada para definir o que realmente é prioridade e precisa ser concluído, e o que pode ser deixado para um outro momento ou até mesmo descartado permanentemente.

Quanto aos comentários ácidos? Sabemos bem que eles sempre vão existir. O meu truque é ignorá-los completamente, assim como faço com as pessoas que os fazem. Não gaste tempo e nem energia respondendo ou alimentando esse tipo de coisa, é disso que eles vivem.

Por último, tenha cuidado como você trata o outro. Ele também está tentando sobreviver em meio a uma pandemia. Uma palavra grosseira ou uma frase maldosa podem tornar ainda mais difícil para ele. Siga sempre a dica da sua mãe que não tem erro: “não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.

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Vivendo ou sobrevivendo

Eu não sei você, mas desde o início da pandemia, fico sempre na dúvida se estou vivendo ou sobrevivendo. É uma sensação esquisita de que os dias vão passando, vão virando meses

e consequentemente anos e eu sigo estacionado no mesmo canto, como se tivesse esperando a pandemia acabar para poder retomar exatamente da onde parei. Por favor, diga que também sente isso.

São tantos eventos especiais que a gente foi deixando de experienciar como antes. Casamentos, aniversários, formaturas, chás de panela, tudo isso parece que ficou lá para trás, em uma realidade alternativa que algum dia a gente viveu. Eu, sinceramente, não consigo imaginar quando poderemos ter todos esses rituais sociais retomados em sua plenitude como tínhamos em 2019, por exemplo. Você consegue?

Costumo brincar que eu estacionei na minha idade de 2020 - faço aniversário em fevereiro - e que só vou voltar a envelhecer

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quando as coisas voltarem ao normal, ou seja, quando eu puder realmente viver um aniversário, com muita aglomeração e bagunça. 

Planos de viagens longas e outros projetos pessoais foram pausados, sem previsão de retomada. Isso é o pior, não ter previsão. No final das contas, a gente não sabe quando e se as coisas realmente vão voltar à normalidade antes conhecida. 

Viver em incerteza, para um aquariano com ascendente em áries como eu, é terrível e a pandemia potencializou isso. Porém, mais terrível ainda é não estar vivo para aproveitar tudo que ainda segue aqui. Aproveitemos, amigos, a Covid mostrou que a vida é mais curta do que nós esperávamos! 

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Perdas

Afirmo com 100% de certeza que você teve ou conhece alguém que teve alguma perda de familiar ou ente querido nesta pandemia, afinal, são mais de 550 mil mortos pela

doença só no Brasil. Um irmão, uma mãe, uma namorada, um tio, um vizinho, o fato é que você deve ter ouvido ou vivido a morte de uma pessoa próxima nesses muitos meses de pandemia.

Sei que sou privilegiado por não ter perdido familiares e amigos por esse vírus tão avassalador, mas acompanhei pessoas próximas que perderam os seus e posso imaginar - em menor proporção, é claro, o que é ter alguém acometido por essa doença.

De uma dor de cabeça para uma grande falta de ar, de um exame de tomografia para uma intubação, é assim que a gente vê o caso se agravar num piscar de olhos. Parece sempre muito rápido e realmente é. Eu vi pais de amigos, no auge dos seus 50 e poucos anos, serem diagnosticados com o vírus e três dias depois falecerem.

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Assustador. Como lidar com esse luto tão imediato? Como lidar com essa ausência completamente inesperada? 

Não sei, acho que ninguém deve saber ainda. O que a gente sabe é como se prevenir, apesar de muitos insistirem que os cuidados básicos já podem ser deixados de lado. Melhor do que ter que lidar com a perda, é proteger os seus. Use máscara, higienize bem as mãos, mantenha sempre que possível o distanciamento social e se vacine. Não tem outro caminho, não existe remédio para cura. Projeta-se para proteger quem você ama! 

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Vacinação

Olha ela, a mais mais, a mais comentada, a mais esperada - por alguns nem tanto, a mais aclamada. Sim, ela chegou, a vacina contra a Covid-19 está entre nós. A felicidade é

tanta que perco até as palavras para falar dessa maravilhosa que carrega nos ombros o peso de ser o item mais desejado de um mundo inteiro.

CoronaVac, Astrazeneca, Pfizer, Sputnik, Janssen, entre outras. Sejam todas muito bem vindas aos nossos organismos. É assim que elas deveriam ser recebidas por todos, mas infelizmente o que vemos no Brasil é outra resposta. Pessoas deixando de se vacinar motivadas por um louco na presidência. Pessoas escolhendo marcas de imunizante por acharem que a A ou a B são mais fortes ou por fazerem questão de dose única.

Como pode? Estamos há mais de um ano esperando pela bendita vacina que é o único caminho para controlar a pandemia e nos trazer de volta a realidade e vocês, bonitões, dificultando o

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processo mais do que o governo que segue penando para prover a quantidade suficiente de vacinas. 

Ah, mas tem umas que dão muita reação, tenho medo. Meu povo, eu não sei se vocês lembram, mas todo mundo tem marquinha no braço por conta da vacina BCG e ninguém deixou de tomar por isso. Qual a razão de justamente agora vocês estarem tão preocupados se a vacina vai dar uma dorzinha de cabeça ou febre nas primeiras 48 horas?

Vacina salva, meus amigos. Vacina ajuda a conter o espalha-mento do vírus e quebra dificulta a existência de mais variantes, caso a maior parte da população esteja imunizada. Vocês tem noção do que isso significa? Você, que tanto reclamou das medidas restritivas, deveria estar dando pulos de alegria com a vacinação.

Se você tem dúvidas de que elas funcionam, é só olhar para países como Israel, Estados Unidos e muitos outros que conseguiram vacinar uma grande parcela da sua população e consequentemente reduzir as proibições e medidas restritivas. 

Tome a vacina, se não for por você, faça por alguém que você gosta. A vacinação é um esforço coletivo e só assim vamos poder dar uma baixada na autoestima do coronavírus. Vacina sim!

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O que a pandemia te ensinou?

A pandemia veio como um trator nas nossas vidas, derrubando crenças, levando pessoas e fazendo uma grande bagunça em tudo aquilo que a gente achava que controlava, mas viu

que não era bem assim. E aí, passado o furacão, o que mudou na sua vida? Que ensinamentos você leva para si? O que de bom você tirou disso tudo?

Bem, é até difícil se colocar numa posição de distância e avaliar o resultado de tanta coisa negativa que a Covid causou nas nossas vidas. Eu, por exemplo, aprendi que consigo suportar muito mais coisa do que eu achava que conseguia antes. Consegui visualizar traços da minha personalidade que eu tinha e não valorizava, assim como defeitos que sobressaíram e eu nem sabia que tinha.

Também aprendi a ser mais imediatista. Se estou sentindo alguma coisa, não guardo mais, boto para fora e resolvo. Aprendi a pedir ajuda quando as coisas parecem que vão me soterrar, afinal,

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eu não estou sozinho. Mas, o maior aprendizado de todos, foi o dizer quão importante algumas pessoas são para mim. 

Nesses últimos tempos, mais do que nunca, a vida se mostrou curta demais, evidenciando o quão necessário é você demonstrar, seja em palavras ou em atitudes, o quanto você ama alguém. O hoje é tudo o que a gente tem, o coronavírus tá aí que não me deixa mentir.

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Vida sem Covid

Gostaria de pedir a você, minha amiga ou amigo leitor, que forçasse sua imaginação ao máximo e pensasse em como você imagina que será a vida pós-pandemia. Eu sei que é um

pedido bastante puxado, ainda mais para o ritmo lento de vacinação que temos no Brasil, mas por favor, vamos fazer esse esforço.

Vou começar, ok? A vacinação avançou, conseguindo contem-plar mais de 70% da população. Controlamos o contágio e a criação de novas variantes. A rede de saúde pública e privada quase não registra mais casos graves ou até mesmo pacientes com a doença. Governadores e prefeitos diminuem ainda mais as restrições, até suspender completamente o uso de máscaras.

Festas voltam a acontecer, especialmente as de grande porte como micaretas e shows internacionais. Sim, agora não há mais limitações nos aeroportos e você está liberado para viajar para onde quiser, desde que comprove que está com a vacina em dia.

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No dia do anúncio oficial que a pandemia foi controlada, fogos e muita gente na rua. Muita gente mesmo. Pense numa Av. Salgado Filho completamente lotada de gente pulando, se abraçando e chorando ao receber a notícia. É declarado feriado nacional. Espaços de eventos, bares, boates, parques, tudo lotado, afinal, todo mundo quer estar na rua, se cumprimentando, se aproximando, se reconectando. 

Aquele idoso ou pessoa de risco que você não via a mais de dois anos, agora você consegue abraçar e beijar o quanto ela permitir. O Carnaval é estendido para uma semana em comemoração especial pós-Covid. O Carnatal também. A cidade vive uma festa e alegria constante com a notícia mais esperada nos últimos tempos.

Utópico, né? Eu sei. Muito provavelmente quase nada disso vai se tornar realidade nem tão cedo. Mas eu disse pra sonhar, usar bastante a imaginação, foi o que fiz. Prefiro me agarrar a essa ideia de esperança do que um mundo completamente triste com variantes se multiplicando e a doença cada vez mais forte. Não sei se o pior realmente já passou, mas tenho fé que a ciência e a vacina nos levará para um cenário tão positivo quanto esse que eu descrevi. 

Espero que tenha servido de acalento para você também. Agradeço a sua companhia nessa jornada de quarentener. Seguimos firmes, tchau!

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