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exercícios

1. (PUCCamp-SP) Texto para a questão.

Do brasil descoberto esperavam os portugueses a fortuna fácil de uma nova Índia. Mas o pau-brasil, única riqueza brasileira de simples extração antes da “corrida do ouro” do início do século XViii, nunca se pôde comparar aos preciosos produtos do oriente. […] o brasil dos primeiros tempos foi o objeto dessa avidez colonial. a literatura que lhe corresponde é, por isso, de natureza parcialmente superlativa. seu protótipo é a carta célebre de pero Vaz de caminha, o primeiro a enaltecer a maravilhosa fertilidade do solo.

MerQuior, José guilherme. De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira. rio de Janeiro: J. olympio, 1977. p. 3-4.

Uma vez que se considere que o conceito de literatura, compreendida como um autêntico sistema, supõe a pre-sença ativa de escritores, a publicação de obras e a resposta de um público, entende-se que:

I. ainda não ocorreu no Brasil a vigência plena de um sistema literário, capaz de expressar aspectos mais complexos de nossa vida cultural.

II. os primeiros documentos informativos sobre a terra a ser colonizada devem ser vistos como manifestações literá-rias esparsas, ainda não sistemáticas.

III. a carta de Caminha e os textos dos missionários jesuíticos fazem ver desde cedo a formação de um maduro siste-ma literário nacional.Atende ao enunciado o que está apenas em:

a) I.b) II.c) III.d) I e II.e) II e III.

2. (Espcex / Aman) Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar que: a) a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os quadros rígidos

da cultura medieval. b) o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro, as forças tra-

dicionais da cultura medieval. c) os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de Trento, em 1545. d) o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa e a literatura dominicana. e) a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja católica.

3. (UFSM-RS) A carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato sobre a terra que viria a ser chamada de Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo, mas também seu pasmo diante da exuberância da natureza da nova terra, que, hoje em dia, já se encontra degradada em muitos dos locais avistados por Caminha. Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.

esta terra, senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.

as proposições [i] e [iii] são incorretas, pois:[i] a literatura brasileira é fértil de autores cujas obras são reveladoras da complexidade da vida cultural do país (Fogo morto, de José lins do rego; Seara vermelha, de Jorge amado; Grande sertão: veredas, de guimarães rosa; Vidas secas, de graciliano ramos; etc.).[iii] a carta de pero Vaz de caminha e os textos dos missionários jesuíticos fazem parte de um conjunto de obras que integram a chamada literatura de viagem e de catequese, respectivamente. trata-se de testemunhos, cujos registros e observações tinham como objetivo informar o mundo sobre a realidade do brasil da época, ou seja, não constituíam ainda uma expressão literária nacional.

o Quinhentismo corresponde ao período inicial da literatura brasileira: a partir do ano 1500, início da colonização. apesar de essa crise na igreja caracterizar melhor o momento histórico vivido na europa, essa oposição entre material (“forças burguesas”) e espiritual (“forças tradicionais da cultura medieval”) também se dava no brasil na medida em que a literatura se dividia em relatos de natureza pragmática (informações a respeito das riquezas da terra conquistada à coroa portuguesa) e a literatura jesuítica.

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pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.

nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.

as águas são muitas e infindas. e em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.

castro, sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. porto alegre: l&pM, 2003. p. 115-116.

Esse fragmento apresenta-se como um texto:a) descritivo, uma vez que Caminha ocupa-se em dar

um retrato objetivo da terra descoberta, abordando suas características físicas e potencialidades de exploração.

b) narrativo, pois a Carta é, basicamente, uma narração da viagem de Pedro Álvares Cabral e sua frota até o Brasil, relatando, numa sucessão de eventos, tudo o que ocorreu desde a chegada dos portugueses até sua partida.

c) argumentativo, pois Caminha está preocupado em apresentar elementos que justifiquem a exploração da terra descoberta, os quais se pautam pela confia-bilidade e abrangência de suas observações.

d) lírico, uma vez que a apresentação hiperbólica da terra por Caminha mostra a subjetividade de seu relato, carregado de emotividade, o que confere à Carta seu caráter especificamente literário.

e) narrativo-argumentativo, pois a apresentação se-quencial dos elementos físicos da terra descoberta serve para dar suporte à ideia defendida por Caminha de exploração do novo território.

4. (Enem-MEC)

Texto I

andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. e parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer

coisa que lhes davam. […] andavam todos tão bem--dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

castro, s. A carta de Pero Vaz de Caminha. porto alegre: l&pM, 1996 (fragmento).

Texto II

portinari, c. O descobrimento do Brasil. 2956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm

Disponível em: www.portinari.org.br. acesso em: 12 jun. 2013.

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens dife-rentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

3. trata-se de um texto descritivo, pois sua intenção é transmitir ao interlocutor as impressões e as qualidades da terra a que os portugueses haviam chegado: “grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos”, “praia redonda, muito chã e muito formosa”, “águas são muitas e infindas”.

4. a carta de pero Vaz de caminha revela a perspectiva otimista do colonizador (“andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes”), enquanto a obra de portinari revela a surpresa e a preocupação dos nativos ao apontar para o horizonte. assim, é correta a alternativa c, pois a carta é testemunho histórico-político do encontro do colonizador com as novas terras e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

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clássica e renascentista, os recursos expressivos necessários, levando-os ao máximo do exagero. não desejando nomear as coisas e os seres diretamente, esquivando-se da realidade, apesar da frequente trivialidade de temas e motivos, insis-tindo nas sugestões de luz, cor e som, buscando os estados contraditórios da condição humana, tornam-se processos característicos do cultismo e do conceptismo, a hipérbole, a perífrase, a alusão, a antítese, a metáfora, ou as construções alegóricas, dados a predominância deles e o exagero a que são submetidos.

canDiDo, a.; castello, José aderaldo. Presença da literatura brasileira. I. Das origens ao Romantismo. 2. ed. são paulo: Difusão europeia do livro, 1966. p. 17-18.

O legado literário do padre Vieira é enorme: compõe-se de quinze volumes que guardam centenas de sermões e cartas, textos exegéticos, profecias e relatórios públicos, documentos de teor político e diplomático, entre outros.

O estilo de Vieira é comentado por Antonio Candido e José Aderaldo Castello.

célebre como orador, epistológrafo, prosador em geral, o padre antônio Vieira conciliou muito bem os fundamentos de sua formação jesuítica com o estilo da época. atingiu o máximo da virtuosidade na expressão sutil, no fraseado de intrincada estrutura lógica, carregada de alegorias e antíteses. Mas soube comunicar suas ideias de maneira convincente, quer revelando extraordinária humanidade e sentimento patriótico, quer preocupação política, vigilância sobre a sociedade, ou desenvolvendo temas religiosos. nos sermões, sobretudo a riqueza das construções imagéticas, exaustivamente desdobradas, feria de cheio a substância das coisas, dos sentimentos e da condição humana nas suas relações com o divino, dando-nos o melhor exemplo do conceptismo em língua portuguesa.

o interesse estilístico e temático de sua obra é de portugal, do brasil e do barroco em geral.

canDiDo, a.; castello, José aderaldo. Presença da literatura brasileira. I. Das origens ao romantismo. 2. ed. são paulo: Difusão europeia do livro, 1966. p. 53.

Seus sermões desenvolvem-se a partir de um conceito-chave, ou seja, de um tema a ser ilustrado por fatos cotidianos e embasados moralmente em recortes do texto bíblico. Para ele, o texto precisava ser desdobrado diante da audiência, por isso, ele expunha todos os pontos de vista possíveis, para, em seguida, recolher aquilo que não cabia, deixando apenas as ideias que levariam a uma conclusão lógica.

Quanto à linguagem, seus textos são marcados pela propriedade vocabular, pela economia de adjetivos, pela precisão, pela clareza e pela elegância do estilo.

exercícios

1. (Ufes) Leia o texto e, depois, responda à questão.

A Christo S. N. Crucificado estando o poeta na última hora de sua vida.

Meu Deus que estais pendente em um madeiro,em cuja lei protesto de viverem cuja santa lei hei de morreranimoso, constante, firme e inteiro.

neste lance, por ser o derradeiro,pois vejo a minha vida anoitecer,É, meu Jesus, a hora de se vera brandura de um pai, manso cordeiro.

Mui grande é vosso amor e meu delito,porém pode ter fim todo pecar,e não o vosso amor, que é infinito.

esta razão me obriga a confiar,Que por mais que pequei, neste conflitoespero em vosso amor de me salvar.

Matos, gregório. in: aMaDo, James (org.). Obras completas de Gregório de Matos. salvador: ed. Janaína, 1968. v. i, p. 47.

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Sobre as características do autor e do momento li-terário que ele representa encontradas no soneto, é correto afirmar:

I. O poema ilustra uma das razões de Gregório de Ma-tos ter sido chamado de “Boca do Inferno”: a ousa-dia de criticar a Igreja católica e o constante desafio dirigido a Deus, que, para provar a infinitude de seu amor, seria obrigado a perdoá-lo.

II. No poema, por força da iminência da morte, o poeta se expressa numa contrição de fé religiosa, com a admissão humilde da condição de pecador e a con-fiança de merecer a misericórdia de Deus, com o perdão de seus pecados.

III. Há, no poema, um jogo de ideias característico des-se momento literário, que se expressa numa retóri-ca de campos opostos: condição humana, pecado e punição, de um lado e, de outro, condição divina, misericórdia e perdão.

IV. As expressões “vejo a minha vida anoitecer” (v. 6) e “manso Cordeiro.” (v. 8), além das contradições entre “viver” (v. 2) e “morrer” (v. 3) bem como entre “ter fim” (v. 10) e “infinito” (v. 11) revelam o uso de figuras de linguagem e de pensamento que caracte-rizam o Barroco.

V. Dentre as categorias que caracterizam o conjunto da obra de Gregório de Matos publicada pela Academia de Letras – Sacra, Lírica, Graciosa, Satírica e Última – este poema se insere na segunda categoria.A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a:

a) I e II. b) II e IV. c) IV e V.d) II, III e IV.e) I, III e IV.

2. (ESPM-SP) Leia o texto a seguir para responder à questão.

Ao mesmo assunto e na mesma ocasião

corrente, que do peito destilada sois por dois belos olhos despedida; e por carmim correndo dividida Deixais o ser, levais a cor mudada

não sei quando caís precipitada, Às flores que regais tão parecida, se sois neve por rosa derretida, ou se rosa por neve desfolhada.

essa enchente gentil de prata fina, Que de rubi por conchas se dilata, faz troca tão diversa e peregrina,

Que no objeto, que mostra, ou que retrata, Mesclando a cor purpúrea, à cristalina, não sei quando é rubi, ou quando é prata.

gregório de Matos

Os versos transcritos relatam um acontecimento emocional (traduzido pelas lágrimas) que remete a uma decepção ou perda amorosa. Assinale a alter-nativa não condizente.

a) Há uma oposição cromática que metaforicamente contrapõe o quente e o frio.

b) É possível associar os termos “rosa”, “rubi”, “car-mim”, “cor purpúrea” ao amor carnal.

c) É possível associar os termos “corrente”, “neve”, “prata”, “enchente”, “cristal” ao amor espiritual.

d) Pelo jogo de palavras, pelas metáforas e pelos as-pectos sensoriais, afirma-se que predomina o estilo conceptista do Barroco.

e) O poeta conclui que não há dissociação entre amor carnal e espiritual, pois ambos estão unidos.

3. (UPE) Sobre a fundamentação do Barroco no Brasil, assinale a alternativa correta.

a) Tem como marco introdutório a publicação da epo-peia, referenciada como a maior obra do gênero épico da língua portuguesa cuja autoria é atribuída a Luís Vaz de Camões, publicada em 1640, ano em que Portugal e consequentemente o Brasil voltam a se tornar autô-nomos em relação à dominação espanhola.

b) A poesia barroca de Gregório de Matos e os sermões do padre Antônio Vieira são, do ponto de vista esté-tico, distintos, pois o poeta tece críticas ferrenhas à sociedade baiana de seu tempo, ao passo que os sermões do religioso se eximem de qualquer relação com os problemas a ele contemporâneos.

c) Tanto a poesia satírica de Gregório de Matos quanto os sermões do padre Vieira revelam o envolvimento de ambos os autores com acontecimentos da época. Daí o poeta ser apelidado de “Boca do Inferno”, e o padre jesuíta ter sido condenado ao silêncio por dez anos pela igreja à qual pertencia.

d) Um texto barroco bem caracterizado é aquele que reflete os anseios de um homem equilibrado, domina-do pela razão, além de ter como riqueza a metáfora e

2. a única alternativa incorreta é a d, pois o estilo barroco cultista preza pelo jogo de palavras, metáforas e aspectos sensoriais, tais quais são encontrados em “ao mesmo assunto e na mesma ocasião”. a leitura do soneto indica o eu lírico envolto no conflito entre amor carnal e espiritual, metaforizados nas cores e sensações despertadas durante a descrição da cena. o estilo conceptista, ao contrário deste, preza pelo jogo de ideias, com a finalidade de persuasão.

3. as opções a, b, d e e são incorretas, pois: a) o marco considerado pela crítica como introdutor do barroco no brasil é o poema épico Prosopopeia, de bento gonçalves, publicado em 1601; b) padre antônio Vieira também teceu críticas severas aos responsáveis pela escravidão dos índios, atacando os seus algozes (“sermão da primeira dominga da Quaresma”), assim como a escravidão dos africanos (“sermão 14 do rosário”), entre outros temas que tratavam de problemas do seu tempo; d) retórica exuberante, apelo emocional, textos que fazem refe-

rência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade, predominância de antíteses e oximoros revelam os conflitos do homem ainda preso aos valores teocentristas da idade Média em confronto com os do renascimento. também é incorreto considerar que nos sermões de padre Vieira predomina o cultismo, quando o desenvolvimento das ideias com forte argumentação a referendar a tese

inicial comprovam, fundamentalmente, a presença do conceptismo; e) Prosopopeia é a obra mais famosa de bento gonçalves e única reconhecida e aceita como de sua autoria. a prisão em olinda não esteve relacionada com publicação de sonetos eróticos, mas com o assassinato que cometeu contra a esposa.

i. incorreta. gregório de Matos foi apelidado de “boca do inferno” em decorrência da acidez de sua obra satírica. o poema “a christo s. n. crucificado estando o poeta na última hora de sua vida” não se enquadra nessa categoria.V. incorreta. entre as categorias que caracterizam o conjun-to da obra de gregório de Matos publicada pela academia de letras – sacra, lírica, graciosa, satírica e Última –, esse poema se insere na primeira categoria: “sacra”.

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a metonímia, as quais tornam a linguagem concisa e clara. Tal ocorrência é facilmente identificada tanto na poesia conceptista de Gregório como nos sermões cultistas do padre Vieira.

e) O Barroco produzido no Brasil se restringiu a duas personalidades importantes, Gregório de Matos e padre Vieira. Por essa razão, Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, não é reconhecido como poeta lírico, apesar de ter criado sonetos de reconhecido valor estético sobre o amor erótico, o que lhe rendeu a prisão pela Santa Inquisição em Olinda.

4. (ESPM-SP) O texto a seguir se refere à próxima questão.

será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? um estilo tão empeçado¹, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? boa razão é também essa. o estilo há de ser muito fácil e muito natural. por isso cristo comparou o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte […] não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. se uma parte está branco, da outra há de estar negro […] como hão de ser as palavras? como as estrelas. as estrelas são muito distintas e muito claras. assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito claro.

Sermão da Sexagésima, pe. antônio Vieira.

¹empeçado: com obstáculo, com empecilho. A expressão que traduz a ideia de rebuscamento no estilo é:

a) “púlpitos”b) “semear”

c) “céu”d) “xadrez de palavras”

e) “estrelas”

estudo orientado

exercícios

1. (Cefet-MG) Texto para a próxima questão.

neste mundo é mais rico, o que mais rapa:Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;com sua língua, ao nobre o vil decepa:o Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;Quem menos falar pode, mais increpa:Quem dinheiro tiver, pode ser papa.

a flor baixa se inculca por tulipa;bengala hoje na mão, ontem garlopa,Mais isento se mostra o que mais chupa.

para a tropa do trapo vazo a tripae mais não digo, porque a Musa topaem apa, epa, ipa, opa, upa.

Matos, gregório de. Poemas. belo horizonte: autêntica ed., 1998. p. 56.

carepa: caspa, sujeira.galorpa: instrumento utilizado pelos carpinteiros para aplainar madeira.increpar: censurar.

a expressão “xadrez de palavras” está relacionada à ideia de “rebuscamento no estilo” ao se estabelecer uma relação metafórica entre “xadrez”, jogo de tabuleiro conhecido por sua dificuldade ao impor o uso da lógica, e “rebuscamento”, associado à ideia de “requinte”.

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1. (Enem-MEC)

Soneto VII

onde estou? este sítio desconheço:Quem fez tão diferente aquele prado?tudo outra natureza tem tomado;e em contemplá-lo tímido esmoreço.

uma fonte aqui houve; eu não me esqueçoDe estar a ela um dia reclinado:ali em vale um monte está mudado:Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,Que faziam perpétua a primavera:nem troncos vejo agora decadentes.

eu me engano: a região esta não era;Mas que venho a estranhar, se estão presentesMeus males, com que tudo degenera!

costa, c. M. Poemas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. acesso em: 7 jul. 2012.

No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma:

a) angústia provocada pela sensação de solidão. b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

2. (PUCCamp-SP) Para responder à questão a seguir, considere o texto abaixo.

também no brasil o século XViii é momento da maior importância, fase de transição e preparação para a independência. De-marcada, povoada, defendida, dilatada a terra, o século vai lhe dar prosperidade econômica, organização política e administrativa, ambiente para a vida cultural, terreno fecundo para a semente da liberdade. […] a literatura produzida nos fins do século XViii reflete, de modo geral, esse espírito, podendo-se apontar a obra de tomás antônio gonzaga como a sua expressão máxima.

coutinho, afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. 7. ed rio de Janeiro: eDle, 1972. p. 127-138.

Manifestações socioculturais do período de que trata o texto assumem grande importância para o crítico Afrânio Coutinho na medida em que:

a) representaram a libertação de nossa literatura dos vínculos estéticos com a tradição europeia. b) exprimiram um sentimento nativista que iria desembocar num nacionalismo libertário. c) deram voz a correntes superiores de pensamento, ligadas ao movimento da Contrarreforma. d) documentaram o primeiro estágio do complexo processo de colonização do Brasil.e) reagiram contra a derrocada do império português, que não interessava ao país naquele momento.

3. (PUCCamp-SP) Para responder à questão a seguir, considere o texto a seguir.

finalmente, a bandeira. tiradentes propôs que fosse adotado o triângulo representando a santíssima trindade, com alusão às cinco chagas de cristo crucificado, presente nas armas portuguesas. Já alvarenga propôs a imagem de um

ao longo do soneto, o eu lírico manifesta estranheza pelas mudanças que observa na natureza: “Quem fez tão diferente aquele prado?”, “ uma fonte aqui houve; eu não me esqueço”, “ali em vale um monte está mudado”, “nem troncos vejo agora decadentes”. no último terceto, reconhece que também nele aconteceu a mesma deterioração que encontra na natureza: “Mas que venho a estranhar, se estão presentes / Meus males, com que tudo degenera!”. nesse sentido, deduz-se que existe empatia entre os sofrimentos do eu lírico e a deterioração da terra, como se afirma em e.

a opção b sintetiza a opinião de afrânio coutinho sobre a produção literária brasileira do século XViii, momento histórico em que o mais importante centro literário se estabelece na região de Minas gerais. nesse período, formam-se academias literárias que reúnem escritores contrários à retórica e aos excessos do barroco e defendem o retorno da poesia aos padrões clássicos da antiguidade e do renascimento, como é o caso da obra de tomás antônio gonzaga.

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índio quebrando os grilhões do colonialismo, com a inscrição Libertas quae sera tamen (“liberdade, ainda que tardia”), do poeta latino Virgílio, e que foi adotada e consagrada.

Mota, carlos guilherme e lopeZ, adriana. História do Brasil: uma interpretação. 4. ed. são paulo: ed. 34, 2015. p. 261.

A referência ao poeta latino Virgílio faz lembrar que:a) entre os nossos poetas românticos, os ideais clássicos ganharam novo alento. b) Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga opuseram-se aos artifícios clássicos. c) as lutas nacionalistas do século XIX deveram muito aos pensadores do Classicismo. d) a religiosidade medieval incorporou-se às lutas libertárias do século XVIII. e) nossos árcades e inconfidentes mostraram-se sensíveis aos valores da poesia clássica.

4. (Cefet-MG) Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

XIV

Quem deixa o trato pastoril amadopela ingrata, civil correspondência,ou desconhece o rosto da violência,ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladadono gênio do pastor, o da inocência!e que mal é no trato, e na aparênciaVer sempre o cortesão dissimulado!

ali respira amor sinceridade;aqui sempre a traição seu rosto encobre;um só trata a mentira, outro a verdade.

ali não há fortuna, que soçobre;aqui quanto se observa, é variedade:oh ventura do rico! oh bem do pobre!

costa, cláudio Manuel da. obras poéticas de glauceste satúrnio. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. acesso em: 6 out. 2013.

No poema, não há a retomada do tema clássico do(a):a) carpe diem. b) fugere urbem. c) locus amoenus. d) aurea mediocritas.

estudo orientado

exercícios

1. (IFSP)

eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que viva de guardar alheio gado;De tosco trato, de expressões grosseiro,Dos frios gelo e dos sóis queimado.tenho próprio casal e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,e mais as finas lãs de que me visto.graças, Marília bela,graças à minha estrela!

Disponível em: <fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm> (adaptado).

o arcadismo, ou neoclassicismo, é a retomada de valores clássicos greco-romanos; é esperado, portanto, que se recorra à poesia clássica, a exemplo de Virgílio, para escrever a bandeira representativa do movimento inconfidente.

a temática do carpe diem não está presente nos versos apresentados, de cláudio Manuel da costa. percebem-se, porém, em sua leitura: ocorrência de fugere urbem (b), na oposição entre campo e cidade, ilustrada na oposição entre os pastores e os cortesãos na 2a estrofe; ocorrência de locus amoenus (c), na valorização do campo, conforme se verifica em “Que bem é ver nos campos transladado / no gênio do pastor, o da inocência!”; ocorrência de aurea mediocritas (d), na valorização da vida tranquila apartada de excessos, como se lê em “ali não há fortuna, que soçobre; / aqui quanto se observa, é variedade”.

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1. (UPF) Considere as afirmações a seguir, referentes às três gerações da poesia romântica brasileira.I. Gonçalves de Magalhães, com seus Suspiros poéticos e saudades, traduz fielmente, na forma e nos temas, o espí-

rito do Romantismo, sendo considerado até hoje, pela crítica, como o maior expoente da primeira geração.II. Nos autores da segunda geração, como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, o nacionalismo e o indianismo da

geração precedente cedem lugar a uma poesia marcada pelo individualismo, pela confissão íntima e pelo extrava-samento subjetivo.

III. Em Castro Alves, representante principal da terceira geração, a poesia social e a defesa de causas humanitárias andam, lado a lado, com poemas dedicados à mulher e ao amor sensual.Está correto apenas o que se afirma em:

a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

2. (PUCCamp-SP) Para responder à questão a seguir, considere o texto abaixo.

nos poemas indianistas, o heroísmo dos indígenas em nenhum momento é utilizado como crítica à colonização euro-peia, da qual a elite era a herdeira. ao contrário, pela resistência ou pela colaboração, os indígenas do passado colonial, do ponto de vista dos nossos literatos, valorizavam a colonização e deviam servir de inspiração moral à elite brasileira. […] Já o africano escravizado demorou para aparecer como protagonista na literatura romântica. na segunda metade do século XiX, castro alves, na poesia, e bernardo guimarães, na prosa, destacaram em obras suas o tema da escravidão.

napolitano, Marcos e VillaÇa, Mariana. História para o ensino médio. são paulo: atual editora, 2013. p. 436-437 (adaptado).

Entende-se do texto que o indianismo, no Brasil, identificou-se como um movimento romântico que:a) se dedicou a expressar com fidedignidade o processo de aculturação dos nativos brasileiros. b) traduziu os aspectos típicos e essenciais da cultura indígena, exaltando-os em si mesmos. c) se opôs aos rumos tomados pela Abolição, uma vez que se considerava prioritária a atenção aos indígenas. d) idealizou o caráter dos indígenas, tomando-o como paradigma de moralidade a ser seguido. e) valorizou a bravura dos nossos indígenas, para melhor sublinhar as fraquezas da cultura civilizada.

3. (PUCCamp-SP) Para responder à questão a seguir, considere o texto abaixo.

há no romantismo nacional uma expressão evidente do culto da nacionalidade, o qual, tomado num sentido mais amplo, se manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e determina a exaltação de valores e tradições. esse sentimento é tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época.

canDiDo, antonio e castello, José aderaldo. Presença da literatura brasileira I. Das origens ao romantismo. são paulo: Difel, 1974. p. 207-208 (adaptado).

Deve-se depreender do texto que, no século XIX:

[i] incorreta. o livro Suspiros poéticos e saudades tem o mérito de trazer o romantismo europeu para o brasil. o autor não continuou a carreira literária, mas, apesar de os versos não serem considerados tão belos na forma, eles narram as aventuras do poeta em suas viagens e experiências em outras terras e histórias.[ii] correta. os poetas citados são representantes da segunda geração romântica no brasil, que enfatizava a confissão e o extravasamento das emoções mais subjetivas.[iii] correta. em castro alves, tem-se uma poesia que trata de temas humanitários, como a abolição da escravatura, e também prima pelos versos apaixonados.

a adaptação que os escritores brasileiros fizeram da figura do índio resultou da necessidade de transpor para o espaço nacional o herói medieval do romantismo europeu. como o brasil não teve idade Média, o “herói medieval” passou a ser o habitante do período pré-cabralino, o ser ainda intocado pela civilização, fiel representante nacional do “bom selvagem” de rousseau. portanto, é correta a opção d, pois o movimento romântico brasileiro idealizou o caráter dos indígenas, transformando-o no símbolo do homem brasileiro: independente, bravo e honrado, em perfeita harmonia com a natureza.

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aula 11 Literatura

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a) há uma relação de causa e efeito entre a eclosão do movimento abolicionista e a do indianismo. b) a poesia abolicionista de um Castro Alves integra a valorização que então se empresta à luta pelos direitos humanos. c) a riqueza do teatro, da ficção e da poesia da época é integralmente devedora do sentimento nacionalista. d) é a retomada de valores e tradições do século anterior que dá base às conquistas do Romantismo. e) os ideais abolicionistas foram decisivos para a estabilização dos gêneros da poesia, do teatro e da ficção no Brasil.

4. (UPE / SSA 2) Em relação à produção literária de Gonçalves Dias e Castro Alves, ambos preocupados, em suas te-máticas, com a problemática das etnias, que determina o homem brasileiro como ser culturalmente híbrido, analise as afirmativas e coloque V nas verdadeiras e F nas falsas.

( ) A poética de Gonçalves Dias trata do homem indígena em sua essência, apresentando-o integrado aos aspectos culturais de seu grupo.

( ) A poética de Castro Alves toma como princípio a defesa dos negros, escravos que eram vendidos aos colonos no Brasil para serem explorados pelos senhores, principalmente no plantio da cana e no fabrico do açúcar.

( ) Tanto Gonçalves Dias quanto Castro Alves ficaram alheios às questões históricas brasileiras, pois produziram poe-mas de tonalidade épica, embora neles não fossem contempladas as temáticas indígena e abolicionista.

( ) Nos poemas líricos, eles exaltaram o sentimento amoroso de modo diversificado. Enquanto Gonçalves Dias idealiza a ima-gem feminina, Castro Alves imprime-lhe um sentido sensual, o que já prenuncia o movimento posterior ao Romantismo.

( ) Na poesia condoreira de Castro Alves, o poeta descreve como os negros são desterritorializados, os maus-tratos que sofrem nos navios negreiros e o modo como perdem a liberdade ao serem vendidos como escravos aos se-nhores de engenho. Analise a alternativa que contém a sequência correta.

a) F – F – V – V – F b) V – V – V – F – F c) F – V – F – V – V d) F – F – F – F – V e) V – V – F – V – V

estudo orientado

exercícios

O texto a seguir se refere às questões 1 e 2.

Vagabundo

eu durmo e vivo ao sol como um cigano,fumando meu cigarro vaporoso;nas noites de verão namoro estrelas;sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso!

ando roto, sem bolsos nem dinheiroMas tenho na viola uma riqueza:canto à lua de noite serenatas,e quem vive de amor não tem pobreza.[…]

3. o texto apresentado menciona os “direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época”, o que será tema constante da 3a geração romântica, principalmente nos versos de castro alves.as demais alternativas estão incorretas, pois: em a, não há relação de causa e efeito entre abolicionismo e indianismo: trata-se de temas nacionalistas românticos, típicos, respectivamente, da 3a e da 1a geração; em c, a temática desenvolvida por tais obras foi predominantemente ultrarromântica; em d, não houve retomada de valores árcades, e sim sua superação; em e, o romantismo já era um movimento consolidado quando a temática abolicionista se fez presente.

V

V

f

V

V

i. Verdadeiro. gonçalves Dias é representante da 1a geração romântica brasileira, cuja preocupação era mostrar o heroísmo do indígena e sua cultura, como tão bem representa em I-Juca Pirama.ii. Verdadeiro. castro alves é representante da 3a geração romântica brasileira, cujo objetivo era defender a causa abolicionista. para tanto, recorre a imagens um tanto hiperbólicas com a intenção de sensibilizar o público.iii. falso. os autores, como explicado nos itens anteriores, fazem da poesia uma forma de divulgar a história brasileira.iV. Verdadeiro. gonçalves Dias idealiza a amada, com índices de subjetividade; já castro alves, afastando-se dos tradicionais moldes românticos, ainda supervaloriza a mulher amada, porém faz menção direta à sensualidade. em castro alves, portanto, coexistem valores subjetivos e objetivos – estes relacionados ao estilo posterior, o realismo.V. Verdadeiro. tal abordagem se faz presente em obras como Os escravos e O navio negreiro.