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Autora Fernanda Mussalim 2009 Lingüística I Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

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AutoraFernanda Mussalim

2009

Lingüística I

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Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 80730-200 • Curitiba • PR

www.iesde.com.br

M989 Mussalim, Fernanda. / Lingüística I. / Fernanda Mussalim— Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.

152 p.

ISBN: 978-85-7638-803-6

1. Lingüística. 2. Gramática Comparada e Histórica. 3. Estru-turalismo. 4. Gerativismo. 5. Funcionalismo. 6. Interacionismo. 7. Teoria do Discurso. I. Título.

CDD 410

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Sumário

Linguagem humana e “linguagem” animal | 9Linguagem humana X comunicação animal | 9

Os estudos da linguagem e a constituição do campo da Lingüística | 17A reflexão em torno da linguagem | 17Estudos da linguagem X Lingüística: em pauta os critérios de cientificidade | 19Ferdinand Saussure e a constituição do domínio e do objeto da Lingüística | 21

Os estudos lingüísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica | 27Primeiras considerações | 27Um pouco do debate: formulações e reformulações em torno da problemática da mudança lingüística | 29

Ferdinand Saussure e a fundação da Lingüística sincrônica | 39O campo da Lingüística: domínio e objeto bem definidos | 39O recorte sincrônico como condição para a delimitação do sistema lingüístico e para a formulação da teoria do valor | 43

A operacionalidade da teoria saussuriana do valor | 49A abordagem de Mattoso Câmara sobre a flexão do gênero em nomes no português | 50

Níveis de análise lingüística | 61As operações de segmentação e substituição | 61Níveis de análise lingüística | 63

Biologia e linguagem: Gerativismo | 69O pressuposto do inatismo | 69

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O Funcionalismo em Lingüística: sistema lingüístico e uso das expressões lingüísticas | 81Funcionalismo e Estruturalismo | 81O Funcionalismo em Lingüística | 82Uma análise | 86

Linguagem e pensamento no Interacionismo Piagetiano | 93O desenvolvimento mental do ser humano | 94

Vygotsky e o componente social do Interacionismo: implicações para o Interacionismo na Lingüística | 103

Interacionismos | 103Vygotsky e as raízes genéticas do pensamento e da linguagem | 104O Interacionismo Social | 106

O Interacionismo no Círculo de Bakhtin | 115Os dois grandes projetos do Círculo | 115A natureza social e semiótica da interação | 118A concepção de linguagem do Círculo | 119

Análise do Discurso | 125O terreno fecundo do Marxismo e da Lingüística | 125A problemática da Lingüística e da análise de texto | 127A Psicanálise: uma teoria do sujeito pertinente ao projeto da AD | 128A especialidade da AD | 129

Gabarito | 137

Referências | 145

Anotações | 149

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Apresentação

O propósito deste livro é dar subsídios para o estudo e aprofun-damento de questões cruciais sobre a linguagem e a Lingüística. O foco de nossa proposta recai sobre a problemática da fundação da Lingüística como ciência, bem como sobre os grandes movimentos epistemológicos que constituíram a complexa e intrigante rede teórica desse campo do conhecimento. O livro compõe-se de 12 capítulos, que apresentaremos, sucintamente, a seguir.

No primeiro capítulo, intitulado “Linguagem humana e ´linguagem´ animal”, abordamos um clássico estudo realizado por Émile Benveniste, em que o lingüista compara a “linguagem” das abelhas à linguagem humana. Nosso intuito é apresentar como a Lingüística define critérios para caracteri-zar a linguagem humana e estabelecer suas propriedades definidoras.

No capítulo dois, “Os estudos da linguagem e a constituição do campo da Lingüística”, a partir de algumas reflexões levadas a cabo pelo lingüista brasileiro Joaquim Mattoso Câmara Jr., apresentamos alguns cri-térios que distinguem os estudos sobre a linguagem da Lingüística propria-mente dita. Essa distinção sustenta-se sobre o movimento de alguns teó-ricos – lingüistas do século XIX e, de modo especial, Ferdinand Saussure no século XX – que trabalharam para constituir, com base em critérios de cientificidade da época, a Lingüística como um campo científico de estu-dos da linguagem.

O capítulo três, intitulado “Os estudos lingüísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica”, tem por objetivo apresentar os estu-dos comparatistas e históricos do século XIX a partir do debate suscitado pelas formulações e reformulações que ocorreram em torno da problemá-tica da mudança lingüística e da história das línguas.

No quarto capítulo, “Ferdinand Saussure e a fundação da Lingüística sincrônica”, pontuamos as diretrizes colocadas e os deslocamentos realiza-dos pelo Curso de Lingüística Geral (1916), obra póstuma de Saussure, que colocaram a Lingüística em um outro eixo de reflexões. Para tanto, apresen-taremos as clássicas concepções saussureanas – as dicotomias sincronia/dia-cronia e língua/fala, bem como a noção de signo lingüístico –, relacionando-

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as de modo a tecer o coeso e coerente quadro teórico concebido por Saussure.

Em “A operacionalidade da teoria saussuriana do valor”, quinto capítulo deste livro, pretendemos mostrar a operacionalidade dessa teo-ria a partir da descrição do sistema lingüístico do português. Para tanto, consideramos um dos estudos clássicos de Joaquim Mattoso Câmara Jr., a saber, o estudo do mecanismo da flexão nominal em português – mais especificamente, seu estudo sobre a flexão do gênero em nomes.

No sexto capítulo, intitulado “Níveis de análise lingüística”, apre-sentamos, seguindo Émile Benveniste, quatro diferentes níveis de análise lingüística: o nível fonêmico, o morfêmico, o do lexema e o da frase. Apre-sentamos, também, duas operações a partir das quais se pode, de acor-do com Benveniste, estabelecer o procedimento de abordagem desses níveis de análise: a operação de segmentação e a operação de substitui-ção. O objetivo central é possibilitar a percepção de que o funcionamen-to da língua, em toda sua complexidade, opera em vários níveis que, mesmo distintos, afetam-se mutuamente.

No capítulo sete, “Biologia e linguagem: o Gerativismo”, apresen-tamos os pressupostos fundamentais da Gramática gerativa ou Gerati-vismo, uma das correntes mais produtivas do século XX na Lingüística e liderada pelo americano Noam Chomsky. Abordam-se, para tanto, aspec-tos que possam esclarecer sobre: a) a realidade biológica da linguagem; b) os critérios de distinção entre o que pode ser considerado criação cultural e o que é predisposição biológica; c) as hipóteses fundamentais de Chomsky a respeito da faculdade de linguagem.

No oitavo capítulo, “O Funcionalismo em Lingüística: sistema lin-güístico e uso das expressões lingüísticas”, buscamos dar visibilidade ao postulado central do paradigma funcionalista, a saber, de que o siste-ma lingüístico é estruturado (e reestruturado) pelo uso que os falantes fazem das expressões lingüísticas em condições reais de produção da linguagem. Nosso intuito é mostrar que, da perspectiva do Funciona-lismo, são as condições e as exigências comunicacionais que moldam o sistema lingüístico, que existe para cumprir funções essencialmente comunicativas. As línguas, portanto, são concebidas como instrumentos de interação social e devem, por isso, ser descritas e explicadas a partir do esquema efetivo da interação verbal.

No capítulo nove, intitulado “Linguagem e pensamento no Inte-racionismo Piagetiano”, iniciamos a abordagem da perspectiva teórica do Interacionismo. Neste capítulo, em específico, apresentamos uma das teorias sobre o desenvolvimento da inteligência humana mais conhecidas

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no cenário educacional brasileiro: o Cognitivismo construtivista do biólogo suíço Jean Piaget. Nosso interesse é pelo conceito de interação pressupos-to nas elaborações do biólogo – motivo pelo qual, não raras vezes, a teo-ria é referida como o Interacionismo Piagetiano –, bem como pelo modo como o autor concebe o processo de aquisição de linguagem.

O capítulo dez, “Vygotsky e o componente social do Interacionis-mo: implicações para o Interacionismo na Lingüística”, possibilita uma me-lhor compreensão da perspectiva interacionista de abordagem do fenô-meno da linguagem. Nele, apresentamos alguns estudos em aquisição da linguagem influenciados pelo pressuposto vygostskiano de que o com-ponente social é pré-requisito para que esse processo de aquisição ocor-ra. Esses estudos dão visibilidade ao fato de que há diferentes noções de interação e, conseqüentemente, vários interacionismos.

No capítulo onze, “O Interacionismo no Círculo de Bakhtin”, apresen-tamos a noção de interação presente nos trabalhos do Círculo de Bakhtin, a partir das reflexões levadas a cabo em Marxismo e Filosofia da Linguagem, visto que as formulações feitas nesse livro a respeito da problemática da interação são bastante representativas do pensamento do Círculo. Além disso, apresentamos, a partir das considerações de Bakhtin e Voloshinov, a concepção de linguagem que embasa os trabalhos desses estudiosos que, apesar de manterem relações distintas com a Lingüística, sustentam – e todos os estudiosos do Círculo – seus projetos a partir do postulado da primazia da interação sobre a abordagem formal da linguagem.

No capítulo doze, intitulado “Análise do Discurso”, tratamos da gênese dessa disciplina na França da década de 1960, abordando suas relações com a Lingüística, o Marxismo e a Psicanálise. O intuito é apresentar de que maneira a Lingüística constitui um dos pilares epistemológicos da Análise do Discurso e em que sentido a Análise do Discurso afeta a Lingüística.

Todo esse percurso, além de dar visibilidade às grandes teorias e teóricos da história da Lingüística, também possibilita que se percebam a seriedade, a relevância e a contribuição dos trabalhos de vários lingüistas brasileiros, dos quais citamos aqueles a quem mais diretamente fizemos referência aos trabalhos: Ana Paula Scher, Carlos Alberto Faraco, Cláudia T. Guimarães de Lemos, Erotilde Goreti Pezatti, Ester Mirian Scarpa, José Borges Neto, Luiz Carlos Travaglia, Maria Helena Moura Neves, Marina R. A. Augusto, Miriam Lemle, Roberto Gomes Camacho, Rodolfo Ilari, Rosane de Andrade Berlinck e Sírio Possenti. Além, obviamente, do clássico e mais proeminente lingüista brasileiro – Joaquim Mattoso Câmara Jr.

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Não tivemos a pretensão de esgotar a problemática dos temas tratados, nem tampouco de abordar tudo o que há de mais relevante em Lingüística. Ao contrário, esperamos que este livro cumpra o papel de estimular, instigar e abrir portas para o estudo da linguagem e da Lingüística, uma área que tem ocupado cada vez mais um lugar central na formação de alunos dos cursos de Letras.

Gostaríamos de agradecer, em especial, a duas pessoas: Tere-sa Cristina Ribeiro, pela tão gentil interlocução e cuidadosa revisão; e Heloisa Mara Mendes, professora de Lingüística, pelo constante e frutí-fero diálogo.

Aos alunos, desejamos um feliz e produtivo percurso de formação.

Fernanda Mussalim

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Linguagem humana e “linguagem” animal

Fernanda Mussalim*

A questão da natureza e da origem da linguagem humana sempre foi objeto de inúmeras espe-culações. Disciplinas como a Antropologia, a Psicologia, as Neurociências, a Filosofia e a Lingüística se interessaram de maneira especial por essa questão e desenvolveram pesquisas bastante interessantes – e também controversas – sobre o tema. Entretanto, não raras vezes, o desenvolvimento dessas pes-quisas se deu sobre uma base comparativista entre a linguagem humana e a linguagem animal, com o intuito de responder, basicamente, a duas questões:

O que caracteriza a linguagem humana, isto é, quais são suas propriedades definidoras?::::

Os animais, assim como os homens, possuem linguagem?::::

Neste capítulo, relataremos um clássico estudo, realizado pelo lingüista Émile Benveniste, que busca responder a essas questões1.

Linguagem humana X comunicação animal Benveniste, em seu texto intitulado “Comunicação Animal e Linguagem Humana” (2005), sub-

meteu o sistema de comunicação das abelhas a um estudo detalhado. O lingüista parte dos estudos realizados pelo zoólogo alemão Karl von Frisch, que demonstram, de modo experimental, que abelhas exploratórias, por meio da dança, transmitem a outras da mesma colméia informações a respeito da po-

* Doutora e Mestre em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Graduada em Letras pela Unicamp. Docente da Universidade Federal de Uberlândia, atua na graduação e na pós-graduação do Instituto de Letras e Lingüística dessa universidade.1 Sugerimos, para o conhecimento de outras pesquisas comparativistas entre a linguagem humana e a “linguagem” animal, três referências: o livro O Instinto da Linguagem: como a mente cria a linguagem, de Steven Pinker; o capítulo 1, intitulado “A linguagem humana”, do livro A Filosofia da Linguagem, de Sylvain Auroux; o capítulo 4, intitulado “As raízes genéticas do pensamento e da Linguagem”, do livro Pensamento e linguagem de Liev Semiónovitch Vygotsky.

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sição de um campo de flores. Analisando os resultados a que chega Frisch, Benveniste conclui que o sistema de comunicação das abelhas não é uma linguagem, mas um código de sinais. Vejamos de forma mais detalhada as considerações do lingüista.

O autor, de início, já afirma que a noção de linguagem aplicada ao mundo animal “só tem crédito por abuso de termos” (BENVENISTE, 2005, p. 60), já que os animais não dispõem, nem de forma rudimen-tar, de um modo de expressão que tenha os caracteres e as funções da linguagem humana. Entretanto, apesar de a linguagem animal não possuir as particularidades da linguagem humana, Benveniste afir-ma que os estudos de Frisch oferecem subsídios para crer que, no caso específico das abelhas, existe comunicação: a organização de suas colônias, suas atividades coordenadas, a capacidade que têm de reagirem coletivamente diante de situações imprevistas – tudo isso permite supor que elas têm apti-dões para trocar verdadeiras mensagens2.

De todas essas aptidões, a que mais de perto interessou os observadores foi a maneira pela qual as abelhas de uma colméia são avisadas quando uma delas descobre uma fonte de alimento. O proce-dimento do experimento de Frisch que permitiu o registro dessa forma de comunicação se deu, basica-mente, da seguinte maneira, conforme nos relata Benveniste (2005, p. 61):

Uma abelha operária colhedora, encontrando, por exemplo, durante o vôo uma solução açucarada por meio da qual cai numa armadilha, imediatamente se alimenta. Enquanto se alimenta, o experimentador cuida em marcá-la. A abelha volta depois à sua colméia. Alguns instantes mais tarde, vê-se chegar ao mesmo lugar um grupo de abelhas entre as quais não se encontra a abelha marcada e que vêm todas da mesma colméia. Esta deve ter prevenido as companhei-ras. É realmente necessário que estas tenham sido informadas com precisão, pois chegam sem guia ao local, que se encontra, freqüentemente, a grande distância da colméia e sempre fora de sua vista. Não há erro nem hesitação na localização: se a primeira escolheu uma flor entre outras que poderiam igualmente atraí-la, as abelhas que vêm após a sua volta se atirarão a essa e abandonarão as outras. Aparentemente, a abelha exploradora indicou às companheiras o lugar de onde veio.

Mas como isso se dá? Karl von Frisch estabeleceu os princípios de uma solução. Ele observou, em uma colméia transparente, o comportamento da abelha que volta depois de uma descoberta de ali-mento. Ela é imediatamente rodeada por suas companheiras que estendem as antenas em sua direção, a fim de recolher o pólen de que vem carregada ou absorver o néctar que vomita. Posteriormente, essa mesma abelha executa danças, seguida das companheiras. Esse é o próprio ato da comunicação.

Nesse processo, ela se entrega a uma de duas danças diferentes. Em uma, traça círculos horizon-tais da direita para a esquerda e, depois, da esquerda para a direita. Em outra, realizando uma vibração contínua do abdômen (“dança do ventre”), ela imita a figura de um 8: voa reto, depois descreve uma volta completa para a esquerda; voa reto novamente e recomeça uma volta completa para a direita, e assim por diante. Após as danças, algumas abelhas – sem a companhia da abelha que executou a dança – deixam a colméia e voam diretamente para a fonte que a abelha operária colhedora havia visitado. Depois de saciarem-se, voltam à colméia e realizam as mesmas danças, que provocam novas partidas, de modo que, após várias idas e vindas, centenas de abelhas já foram ao local indicado pela primeira – aquela que descobriu a fonte de alimento.

2 Alguns estudos recentes têm demonstrado a ocorrência de transmissão cultural entre alguns primatas, o que permite supor que os princípios do elemento que caracteriza o ser humano – a cultura – já existiam antes mesmo de fazermos parte do reino animal (ver a esse respeito o Texto Complementar deste capítulo). Assim, algumas espécies animais podem desenvolver, além de sistemas comunicacionais (como é o caso das abelhas), tradições culturais. Entretanto, como veremos, isso não implica a possibilidade de desenvolverem a linguagem, nos moldes como a conhecemos nos humanos.

Lingüística I

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Com base nessas observações, Frisch pôde, sem muita hesitação, supor que tanto a dança em cír-culos, quanto a que a abelha colhedora executa vibrando o ventre e descrevendo oitos são verdadeiras mensagens que comunicam à colméia a descoberta do alimento. Mas qual a diferença das duas danças? Ambas se reportam à distância que separa a colméia do achado. A dança em círculo anuncia que o local do alimento está a uma pequena distância – mais ou menos a um raio de cem metros da colméia. A outra indica que a fonte de alimento está a uma distância superior a cem metros e até seis quilômetros. Nessa última, a mensagem comporta duas informações: uma sobre a distância, outra sobre a direção. A distância é dada pelo número de figuras (oitos) desenhadas em um tempo determinado – quanto maior a distância, mais lenta é a dança. Por exemplo: quando a abelha realiza de nove a dez oitos completos em quinze segundos, a distância do alimento é de cem metros; quando realiza sete, o alimento está a duzentos metros; quando realiza quatro oitos e meio, a distância é de um quilômetro; quando realiza apenas dois, a distância é de seis quilômetros. Em relação à direção em que se encontra o achado, essa informação é dada com base no eixo do oito em relação ao sol, isto é, se ele se inclina mais à direita ou à esquerda, indicando o ângulo que o lugar da descoberta forma com o sol3.

Benveniste considera que a descoberta de Frisch possibilita, a partir do modo de comunicação empregado em uma colônia de insetos, que se especifique, com alguma precisão (e pela primeira vez!), o funcionamento de uma “linguagem” animal. Descrever esse funcionamento permite, por sua vez, assi-nalar “aquilo em que ela é ou não é uma linguagem e o modo como essas observações sobre as abelhas ajudam a definir, por semelhança ou por contraste, a linguagem humana” (BENVENISTE, 2005, p. 64).

O autor avalia que as abelhas mostram-se capazes de produzir e compreender uma verdadeira mensagem que contém três dados: a existência de uma fonte de alimento, a sua distância e a sua dire-ção. Além disso, são capazes de conservar esses dados na memória e de comunicá-los, simbolizando-os por comportamentos somáticos. Em outras palavras, as abelhas manifestam aptidão para simbolizar, fato observável na correspondência convencional existente entre seu comportamento (físico) e o dado que ele traduz. Nesse sentido é que Benveniste (2005, p. 64) afirma que

[...] encontramos, nas abelhas, as próprias condições sem as quais nenhuma linguagem é possível – a capacidade de formular e de interpretar um “signo” que remete a uma certa “realidade”, a memória da experiência e a aptidão para decompô-la.

É possível, pois, perceber pontos de semelhança entre a “linguagem” das abelhas e a linguagem humana, visto que os processos comunicacionais desses insetos transpõem objetivos em gestos for-malizados, que comportam elementos variáveis, mas de “significação” constante. A situação e a função também são de uma linguagem, visto que o mesmo sistema comunicacional “é válido no interior de uma comunidade determinada e que cada membro dessa comunidade tem aptidões para empregá-lo ou compreendê-lo nos mesmos termos” (BENVENISTE, 2005, p. 64).

Entretanto, apesar desses pontos de semelhança, o autor enumera várias diferenças que podem ajudar a esclarecer o que efetivamente caracteriza a linguagem humana. Apresentaremos essas diferen-ças no quadro a seguir:

3 De acordo com Frisch (1950), as abelhas são capazes de se orientarem mesmo com o tempo encoberto, devido a uma sensibilidade particular à luz polarizada.

Linguagem humana e “linguagem” animal

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Lingüística I

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Todas essas diferenças entre a linguagem humana e a “linguagem” animal levam Benveniste a concluir que o termo mais apropriado para definir o modo de comunicação entre as abelhas – que se ca-racteriza pela fixidez do conteúdo, a invariabilidade da mensagem, a referência a uma única situação, a natureza indecomponível da mensagem, a transmissão unilateral (adialógica) – não como “linguagem”, mas como “código de sinais”.

Outro ponto de extrema importância a ser observado é que não é apenas uma ou algumas das características referentes à linguagem humana o que faz surgir a sua diferença essencial em relação à linguagem animal, mas o conjunto de todas elas. A esse respeito, Sylvain Auroux (1998, p. 51) faz uma consideração mais que esclarecedora. Ele afirma que só é possível sustentar que a linguagem (tal como a conhecemos nos homens) é radicalmente inacessível aos animais se assumirmos “uma atitude teórica holística que consiste em sustentar que a linguagem humana é um todo irredutível à soma das proprie-dades que se supõe caracterizarem-na”.

Texto complementar

Tradições selvagens(WILHELM, 2007, p. 80-85)

Durante toda a manhã um grupo de macacos se locomove ao longo do riacho na Reserva Biológica Lomas Barbudal, Costa Rica. É período de seca: as fontes de água estão se esgotando e a maioria das árvores perdeu as folhas. Às margens do rio, onde a floresta ainda é verde, uma espécie de macaco-prego, o Cebus capucinus, encontra comida. Os animais procuram ansiosamente por alimento e só se acalmam por volta do meio-dia, quando o calor aumenta. No alto de uma árvore, um casal troca carícias: cada macaco estica o braço, toca o rosto do outro e coloca o dedo dentro do nariz. Eles parecem totalmente relaxados: respiram fundo e fecham os olhos. Os corpos balançam suavemente, como se estivessem em transe. Machos e fêmeas permanecem nesse ritual por aproxi-madamente 20 minutos antes de tocar com os dedos os olhos do parceiro.

A equipe coordenada pela bióloga Susan Perry, da Universidade da Califórnia, descreveu es-sas encenações como “farejar a mão” e “furar os olhos”. Perry pesquisa os macacos-prego desde 1990 e descobriu um dos exemplos mais expressivos de aprendizado por imitação. Esse comporta-mento dos macacos lembra as convenções ou tradições sociais transmitidas culturalmente e com as quais o homem organiza sua vida. O uso de ferramentas pelos chimpanzés é o exemplo mais difundido dessa transmissão, mas o espectro parece ser bem mais amplo: novos estudos identi-ficaram o uso de ferramentas por imitação em outras espécies, o que parece ser, algumas vezes, apenas diversão, sem vantagem evolutiva aparente. É o caso dos golfinhos que usam esponjas-do-mar como máscara de proteção do focinho durante a busca de alimentos; tudo indica que se trata de um comportamento aprendido.

Linguagem humana e “linguagem” animal

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Mas o que seria cultura, afinal? Se consideramos a capacidade de produção de obras como a Mona Lisa, sinfonias ou viagens ao espaço, o homem seria classificado como o único “ser cultural”.Cientistas, entretanto, têm questionado essa afirmação. O biólogo Michael Krutzen, da Universidade de Zurique, acredita que comportamentos culturais são aprendidos e transmitidos dentro de uma população.

A imitação é, de fato, o primeiro critério a ser considerado quando se estuda cultura em prima-tas não-humanos, mas é difícil diferenciar, em pesquisas de campo, o que é aprendizado individual e o que é transmissão de hábitos. Além disso, grupos da mesma espécie vivendo em ambientes diferentes adotam, vez por outra, condutas de motivação ecológica e não-cultural. Em terceiro lu-gar, comportamentos que ocorrem apenas raramente podem estar relacionados a características genéticas e precisam ser desconsiderados.

[...]

Em busca de confiançaSusan Perry acredita na existência de funções para as tradições sociais. Ao tocar os olhos do ou-

tro, por exemplo, os macacos-prego estariam, segundo a bióloga, buscando cumplicidade: “O primeiro animal provoca certo estresse e avalia a reação do parceiro”, explica. Se o parceiro responde com caute-la, isso poderia sugerir que é possível contar com ele. Já se for grosseiro e agressivo, provavelmente não será confiável. Para os machos de macacos-prego essa informação é muito importante, pois, na fase adulta, quando saem em busca de novos bandos, precisam muito de aliados. Essas incursões geral-mente terminam em morte, já que os machos do grupo invadido resistem ao ataque. Pesquisadores da Reserva Lomas Barbudal concluíram que a coalisão é praticada desde cedo pelos macacos-prego e descrevem situações em que três adolescentes brincam juntos, até que surge um desentendimen-to e dois animais se unem para derrotar o terceiro.

O antropólogo Joseph Manson, integrante do projeto na Costa Rica, ressalta que o estabeleci-mento de coalisões exige inteligência desses animais: eles precisam motivar companheiros a com-partilhar o risco e saber que os aliados não irão fugir no momento da luta. Os macacos-prego têm um conjunto de códigos para testar tais parcerias. Segundo Manson, trata-se de uma solução criada pelos primatas para garantir a confiança, vital nas relações sociais. [...]

No Instituto de Atlanta, a equipe do primatologista Franz de Waal viu um aperto de mão de macacos em 2006. O hábito foi instituído por uma fêmea, Geórgia, e se espalhou rapidamente entre animais amigos, acostumados à catação de piolhos. Os primatologistas consideram que relações sociais, tanto amistosas quanto agressivas, são importantes na assimilação de tradições. Baseado em estudo de 2004 com babuínos-cinzentos africanos (Papio anubis), De Wall afirma que a violência e a agressividade são comportamentos culturais. [...]

Outras espécies de mamíferos são capazes de transmitir tradições. Na década de 1990, um pes-cador procurou os biólogos da estação de pesquisa Shark Bay, Austrália, para informar uma defor-mação física num golfinho. Ele esperava que os cientistas pudessem ajudar o animal, possivelmente vítima de um grande tumor no focinho. Foi constatado, porém, que a suposta doença era na verda-de uma esponja-do-mar utilizada como máscara. Cerca de 40 golfinhos, entre os 800 estudados em Shark Bay, utilizavam esse tipo de “proteção”. “A esponja provavelmente os protege dos espinhos

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do ouriço quando rastreiam o fundo do mar em busca de alimentos”, explica o biólogo Michael Krutzen, da Universidade de Zurique. Em 2005, ele examinou o genótipo dos animais e descobriu predominância de fêmeas com parentesco próximo. Para Krutzen, o uso da esponja seria uma tra-dição familiar transmitida pelas fêmeas por várias gerações. Golfinhos machos, segundo ele, não teriam tempo para aprender tal procedimento, devido a obrigações como fazer a corte e procriar.

Esses estudos deixam clara a fusão de limites entre o Homo sapiens e outras espécies. É claro que um chimpanzé, um macaco-prego ou um golfinho nunca vão nos contar histórias, criar obras de arte, compor sinfonias ou pisar na Lua, mas os princípios do elemento que caracteriza o ser hu-mano – a cultura – já existiam antes de nós fazermos parte do reino animal.

Estudos lingüísticos1. Por que Benveniste nomeia a “linguagem” das abelhas como “código de sinais”?

2. Para comunicar a descoberta de uma fonte de alimento, a abelha colhedora executa duas danças. Quais as informações transmitidas por essas danças?

Linguagem humana e “linguagem” animal

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3. Quais são as condições, de acordo com Benveniste, sem as quais nenhuma linguagem é possível?

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Gabarito

Linguagem humana e “linguagem” animal

1. A “linguagem” das abelhas não é propriamente uma linguagem pelo fato de caracterizar-se pela fixidez do conteúdo, a invariabilidade da mensagem, a referência a uma única situação, a natureza indecomponível da mensagem e a transmissão unilateral (a-dialógica). Todas essas características, radicalmente distintas das propriedades da linguagem humana, levam Benveniste a concluir que a expressão mais apropriada para definir o modo de comunicação entre as abelhas é código de sinais.

2. As duas danças se reportam à distância que separa a colméia do achado. A dança em círculo anuncia que o local do alimento está a uma pequena distância – mais ou menos a um raio de cem metros da colméia. A outra indica que a fonte de alimento está a uma distância entre cem metros e seis quilômetros. Nessa última, a mensagem comporta duas informações: uma sobre a distância, outra sobre a direção.

3. Para Benveniste, a capacidade de formular e de interpretar um “signo” que remete a uma certa “realidade”, a memória da experiência e a aptidão para decompô-la são condições sem as quais nenhuma linguagem é possível.

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