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Licenciatura em Sistemas e Tecnologias da Informação VOIP - Estudo de implementação e análise de soluções Disciplina: Plataformas Tecnológicas - Arquitecturas de TIC Docente: Professor Daniel Caçador Discentes: Nuno Ferreira, [email protected] José Cavalheiro, [email protected] Luís Neves, luí[email protected] Oeiras, Novembro de 2009

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Licenciatura em Sistemas e Tecnologias da

Informação

VOIP - Estudo de implementação e análise de

soluções

Disciplina: Plataformas Tecnológicas - Arquitecturas de TIC

Docente: Professor Daniel Caçador

Discentes: Nuno Ferreira, [email protected] José Cavalheiro, [email protected]

Luís Neves, luí[email protected]

Oeiras, Novembro de 2009

Resumo

Este trabalho pretende tratar o tema da telefonia IP ou VoIP (Voice over Internet

Protocol), abordando os principais pontos essenciais para a uma correcta

compreensão da tecnologia e sua à implementação no terreno. Sendo uma

tecnologia baseada em redes IP, ir-se-á analisar como funciona as redes IP e quais

as especificidades que terão de se ter em conta quando de uma implementação

para VoIP.

Após uma analise de toda a infra-estrutura que suporta o VoIP, terá de se ter em

atenção quais os protocolos existentes hoje em dia, quais os mais utilizados e o

modo como se interligam entre si. Tendo este trabalho uma componente

maioritariamente prática, os principais fabricantes e tecnologias utilizadas

actualmente no mercado serão também alvo de análise, referindo assim, as

tecnologias existentes em cada um deles e as suas vantagens e desvantagens.

Índice

1. Introdução 1

2. A Infra-estrutura de rede 2

3. Os Protocolos 6

1. SIP 6

2. H.323 7

3. IAX2- IAX - Inter Asterisk Exchange 9

4. Modos de interligação dos Sistemas 10 4. Soluções existentes no mercado 11

1. Microsoft OCS 2007 11 2. Asterisk 12 3. Cisco CallManager 13

Conclusão 14 Bibliografia 15

1

1. Introdução

O surgimento das redes globais e a democratização da Internet, vieram sem duvida

aproximar as relações a nível mundial e aumentar as exigências por parte das

empresas ao nível da flexibilidade, custo e facilidade de comunicar globalmente.

Com o sistema tradicional de telefonia PSTN (Public switched telephone network),

as três exigências indicadas no parágrafo anterior dificilmente poderiam ser

garantidas, principalmente devido à flexibilidade e ao custo. A rede PSTN é muito

pouco flexível, já que se baseava em canais dedicados ponto a ponto e o conceito

de mobilidade tão necessária nos nossos dias dificilmente poderá ser implementado

numa rede desse tipo. O custo neste tipo de redes também é um factor a ter em

consideração, já que numa rede PSTN o desperdício de largura de banda e o grau

de dependência das operadoras é enorme.

[1]Nos finais da década de 90, através da VocalTec começou a surgir um novo

conceito de telefonia, o VoIP, inicialmente só em telefones por software instalados

em computadores pessoais. A qualidade de comunicação na altura estava

altamente comprometida principalmente devido ainda à quase inexistente

disponibilização de redes em banda larga e à utilização de modems que resultava

numa qualidade de voz inferior ao que o sistema tradicional apresentava.

Só após a disseminação das redes da banda larga e o surgimento dos primeiros

telefones IP é que se começou realmente a ouvir falar de VoIP. Em 2003 com o

surgimento da Skype o conceito de VoIP começou a chegar ao mainstream e a uma

inevitável generalização da tecnologia, que está a ser muito rápida, principalmente

por parte das empresas e devido aos três factores referidos no inicio (flexibilidade,

custo e facilidade de comunicar).

A flexibilidade na tecnologia VoIP é enorme, devido a estar assente numa

plataforma IP, sendo que as limitações geográficas ou a plataforma onde o

utilizador estabelece a comunicação são facilmente adaptadas às necessidades de

cada utilizador. Poderemos actualmente por exemplo ter um único contact center e

estabelecer comunicações "locais" para todo o mundo, assim como ter vários

contact centers espalhados pelo mundo. O custo à partida de uma comunicação

VoIP é zero, já que utiliza o acesso à Internet para estabelecer a comunicação, só

quando utilizamos operadores VoIP para adquirir números públicos ou ligar-se à

rede tradicional poderemos estar sujeitos a tarifas, sendo esta uma verdadeira

revolução em relação ao antigo cenário em que as operadoras tinham o controlo e

cobravam sempre que era utilizada a rede pública. A facilidade com que

comunicamos utilizando a tecnologia VoIP é tendencialmente superior ao sistema

tradicional, principalmente devido às diferentes formas como poderemos

estabelecer uma comunicação, podendo ser utilizado um telefone IP que do ponto

de vista de utilização é em tudo semelhante aos tradicionais, existindo ainda a

opção de se utilizar um soft phone instalado num computador pessoal ou até

mesmo aceder a um website onde existe uma pequena aplicação para estabelecer

essa comunicação.

A massificação das comunicações assentes na tecnologia VoIP veio aumentar a

exigência de toda a infra-estrutura de rede, o factor qualidade de serviço e

disponibilidade passou a ter uma importância cada vez maior quando do desenho e

implementação de uma rede seja ela local ou ao nível dos operadores. É

exactamente neste ponto que iremos começar o desenvolvimento deste trabalho

que tem por objectivo abordar de uma forma generalizada os principais factores a

ter em consideração aquando da implementação de uma solução VoIP.

2

2. A Infra-estrutura de rede

Até há 15 anos atrás, antes do conceito de VoIP, a infra-estrutura de voz e dados

eram dois mundos opostos que coexistiam nas empresas, utilizavam standards

diferentes, diferentes tipos de cablagem e os sistemas de gestão eram totalmente

autónomos uns dos outros. Este facto para as empresas traduzia-se numa maior

complexidade na gestão e infra-estrutura instalada, principalmente cablagem e

custos de manutenção, já que a equipa de gestão da rede de dados e a equipa de

gestão da rede de voz eram em regra diferentes.

Com a evolução da Internet e da tecnologia VoIP foi então possível começar a

pensar em interligar estes dois mundos, após este passo passou a ser possível

pensar na infra-estrutura de rede como um todo, já que a voz passou a ser

transportada tal como os dados baseados numa arquitectura de pacotes TCP/IP

Fig.1 - Interligação da infra-estrutura de voz e dados utilizando o VoIP.

Interessa então analisar um pouco como funciona a arquitectura TCP/IP para

melhor compreender e conseguir desenhar uma infra-estrutura que suporte

serviços de dados e voz.

[2]O TCP/IP não é mais que um conjunto de protocolos, facto este que faz com que

também seja conhecido como pilha TCP/IP, sendo esta pilha constituída por quatro

camadas:

Camada física - Responsável por tratar do "bit", engloba todos os

componentes eléctricos, cablagem e conectores necessários ao

estabelecimento da comunicação;

Camada de rede - Camada responsável pelo roteamento de pacotes entre a

origem e o destino, tornando transparente para as camadas superiores os

componentes eléctricos e electrónicos envolvidos na comunicação, é nesta

camada que surge a noção de IP;

Camada de transporte - Nesta camada são tratados os tipos de transporte

dos pacotes existindo essencialmente dois, TCP (Transmission Control

Protocol), transmissão orientada à conexão, existindo neste caso um

controlo, garantia de entrega do pacote e respectiva sequenciação e UDP

(User Datagram Protocol), transmissão não orientada à conexão, não

3

existindo neste caso garantias de entrega dos pacotes nem da sua

sequenciação;

Camada de aplicação - Oferece ao utilizador as ferramentas/protocolos para

que possa utilizar a rede, é nesta camada que temos transferência de

ficheiros (FTP), correio electrónico (SMTP), serviços de terminal (Telnet),

etc.

É no protocolo IP que está a base de toda a arquitectura, actualmente temos dois

tipos de protocolos IP a operar em simultâneo, o IPV4 e o seu sucessor IPV6. O

protocolo IP é um protocolo não orientado à conexão, não fiável, sendo das

camadas superiores essa garantia de transmissão.

[2]No IPV4 o endereço IP é definido por um conjunto de 32 bits normalmente

representado em notação decimal, dentro do seu datagrama não fornece quaisquer

indicações da prioridade do pacote transmitido nem quaisquer tipo de encriptações,

sendo sempre da responsabilidade de outros protocolos complementares essa

função.

[2]Com o IPV6 alem de aumentar o número de endereços possíveis na rede de 232

(4.294.967.296) para 2128

(340.282.366.920.938.463.363.374.607.431.768.211.456) veio trazer outras

inovações ao protocolo IP, tais como a introdução de diferentes tipos de

prioritização de pacotes (QoS) e formas de autenticação e privacidade dos pacotes

transmitidos.

Numa infra-estrutura destinada a suportar redes de voz e dados em simultâneo não

se poderá descurar alguns pontos que por vezes nas redes apenas destinadas a

dados eram consideradas de menor importância, então teremos de ter especial

atenção a qualidade de serviço (QoS), segurança, redundância e disponibilidade.

[2]A qualidade de serviço será sem duvida a questão mais crítica num serviço VoIP

e talvez a mais difícil de ser garantida, o QoS depende de vários factores tais como

a largura de banda disponível, a latência de transmissão, variação da latência e

fiabilidade do meio físico. Actualmente devido à importância que este assunto tem

nas redes informáticas estão definidos pelo IETF (Internet Engineering Task Force)

diversos mecanismos para a implementação de QoS, tais como: IntServ, MPLS,

Engenharia de Tráfego, Encaminhamento com QoS e DiffServ.

Num desenho de uma rede existem mecanismos para aumentar os níveis de QoS

tais como a implementação de Vlans (IEEE 802.1q) de forma a dividir o tráfego de

dados do tráfego de voz, a instalação de equipamentos de rede ao nível de switchs

e routers que tenham capacidade de prioritizar o tráfego e utilização de acesos à

Internet com maior qualidade de serviço e maior largura de banda tais como redes

em MPLS ou circuitos dedicados.

Fig.2 - Esquema de uma Vlan

4

[2]O tema da segurança sendo em si um assunto de enorme relevo nas redes

somente de dados, com a integração de serviços de voz nessa mesma rede passou

a ter um relevo ainda maior, quando uma comunicação de voz é estabelecida é de

enorme importância que se garanta a confidencialidade dessa comunicação, para

tal terá de se tomar medidas quando do desenho e escolha dos sistema de rede a

implementar, mais uma vez poderá ser implementado um sistema de Vlan para

segmentar e separar o tráfego de voz e dados e utilizar mecanismos de cifragem

dos pacotes de voz transmitidos ou utilização de firewalls para protecção do tráfego

VoIP.

A redundância e disponibilidade da rede são temas que poderão ser abordados

conjuntamente, já que os sistemas de redundância de uma rede não são mais que

mecanismos para aumentar a disponibilidade e dependência da mesma. [3]A

utilização de equipamentos de rede redundantes com rotas alternativas com a

implementação do protocolo spanning tree (IEEE 802.1d) entre os switch vai

diminuir drasticamente a dependência de um determinado equipamento de rede, já

que se o equipamento por alguma razão deixe de funcionar automaticamente será

criada uma nova rota para a transmissão do pacote e a comunicação não cairá.

Associado a este mecanismo a utilização de cópia de segurança no fornecimento de

energia eléctrica aos equipamentos de rede com recurso a UPS, os próprios

equipamentos de rede integrarem fontes redundantes, os switch e os terminais

telefónicos integrarem o [4] Power over Ethernet (IEEE 802.3af) o que possibilita a

alimentação eléctrica de dispositivos Ethernet pelo cabo de rede através do switch,

dispensando desta forma a alimentação local dos terminais telefónicos vão em

conjunto ser factores de enorme importância para garantir a disponibilidade de

serviço em caso de falha eléctrica ou avaria de equipamentos.

Alem da redundância e segurança a nível da rede local, terá de se ter igual atenção

a conexão à Internet, sendo esta a porta de entrada e saída de toda a comunicação

da empresa, agora de dados e voz, se este porta não garantir a redundância e

disponibilidade que garanta a continuo funcionamento da empresa, esta pura e

simplesmente perde a conexão com o exterior com todos os prejuízos inerentes a

esse facto. Para garantirmos essa situação ter-se-á dentro do possível de conseguir

acessos à Internet com níveis e garantias de serviço o mais elevados possíveis e

estabelecer contratos de fornecimento do acesso com mais que um fornecedor que

idealmente forneçam o acesso por plataformas diferentes, como por exemplo, cabo

e ADSL.

Fig.3 - Exemplificação de uma rede com Spanning Tree

5

Por fim, no desenho de uma infra-estrutura e para melhor tirar partido da

mobilidade que oferece o protocolo IP, será de grande importância a

implementação de sistemas Wireless que permitam aos utilizadores terem

mobilidade e liberdade de se deslocar no seu local de trabalho. Na escolha de um

Access Point terá de se ter em atenção questões como a segurança, roaming e

qualidade de serviço.

Em relação à segurança terão de ser considerados dois pontos essenciais, a

integração do Access Point com as Vlan implementadas na rede e o nível de

encriptação que permite configurar no sistema. Actualmente e num contexto

empresarial será exigido um sistema baseado em [5] WPA2 (IEEE.11i) e a

utilização de autenticação através de um servidor [6]RADIUS (IEEE 802.1x). [7]O

roaming entre os Access Point (IEEE 802.11F) será um ponto essencial, já que será

este o factor que permitirá dar liberdade de movimentos a quem utiliza o sistema

móvel e principalmente para as comunicações de voz será de vital importância que

seja estabelecida sem falhas ou interrupções. [8] As redes Wireless sendo redes

mais expostas a falhas e congestionamentos na transmissão dos pacotes, para

suportar o serviço de voz terão de ser implementados equipamentos que agreguem

protocolos específicos que garantam qualidade de serviço (IEEE 802.11e) para que

a qualidade de uma comunicação em Wireless seja semelhante à comunicação

estabelecida por cabo.

Fig.4 - Rede Wireless com autenticação por Radius e segmentação através de Vlan

6

3. Os Protocolos

3.1. SIP

[9]O Protocolo de Iniciação de Sessão (Session Initiation Protocol - SIP) é

um protocolo de aplicação, que utiliza o modelo “requisição-resposta”, similar ao

Http, para iniciar sessões de comunicação entre utilizadores e é um standard da

Internet Engineering Task Force. O SIP é um protocolo que permite estabelecer

chamadas e conferências através de redes via TCP/IP. O estabelecimento,

mudança ou fim da sessão é independente do tipo de aplicação que está a ser

usada na chamada e uma chamada pode utilizar diferentes tipos de dados, como

áudio e vídeo. O SIP teve origem em meados da década de 90 (por esta altura o

Protocolo H.323, abordado mais a frente tinha já a sua definição toda estruturada)

para que fosse possível adicionar ou remover participantes dinamicamente numa

sessão multicast. Este desenvolvimento concentrou-se em ter um impacto tão

significativo quanto o protocolo HTTP, enquanto este efectua essa interligação

através de links em páginas web, o SIP pode integrar diversos tipos de conteúdos

nas diversas sessões estabelecidas. Acabando por ser adoptado como um padrão

para comunicações integradas e aplicações que utilizam o estado de

disponibilidade. (Estado de disponibilidade significa a aplicação estar consciente da

sua localização e disponibilidade). O SIP foi moldado e inspirado noutros protocolos

de Internet baseados em texto como por exemplo o SMTP (email) e o HTTP

(páginas da web) e foi desenvolvido para estabelecer, mudar e terminar chamadas

em um ou mais utilizadores numa rede IP de uma maneira totalmente

independente do conteúdo de dados da chamada. Como o HTTP, o SIP deixa ao

cliente o controle da ligação eliminando assim a necessidade de uma central de

comutação.

Como é que o SIP Funciona ?

Corpo das mensagens SIP para chamadas telefónicas são definidos no SDP - o

protocolo de descrição da sessão.

É um protocolo baseado em texto que usa a codificação UTF-8

Usa a porta 5060 tanto para UDP e TCP.

O SIP oferece todas as potencialidades do VOIP e tem as seguintes características :

Poder efectuar chamadas em voz ou realizar a interligação de conteúdos

multimédia (Vídeo).

Efectuar chamadas em modo de conferência

Reter chamadas

No fundo o SIP pode ser considerado como um protocolo de viabilização para a

telefonia e voz sobre IP (VoIP). As principais funcionalidades que o SIP apresenta e

que desempenham um papel fundamental nas comunicações VoIP são :

Localização do utilizador e mapeamento: Garantir que a chamada chega ao

destino independentemente de onde eles estão localizados e a realização

de mapeamentos das informações descritivas e de localização.

Negociação : Para permitir que o grupo que tentou iniciar uma chamada

(esta pode ser uma chamada de conferência) possa chegar a acordo sobre

os recursos disponíveis por cada um para que a sessão possa ser

estabelecida.

7

Gestão de Participantes da Chamada: Durante uma chamada este pode

trazer outros utilizadores para a mesma ou cancelar ligações. Além disso,

os utilizadores poderão ser transferidos ou colocados em espera.

Gestão de Recursos da Chamada: O utilizador deve ser capaz de alterar as

características de chamada no decurso da mesma. Por exemplo, uma

chamada pode ter sido criada como sendo apenas de "voz", mas no

decurso desta, pode ser activada a função de vídeo, por exemplo.

Negociação de Codecs: Os mecanismos inerentes SIP, permitem a selecção

do codec apropriado para o estabelecimento de uma chamada entre os

vários dispositivos. Desta forma, dispositivos com versões diferentes de

software podem participar na chamada, desde que o codec apropriado

exista.

Fig.5 - Redes de voz baseadas no protocolo SIP

3.2. H.323

[10]O H.323 é um conjunto de protocolos definidos pelo ITU-T, para transmissão

de voz sobre Internet (VoIP), a sua especificação é do tipo, guarda-chuva

(umbrella), porque inclui vários padrões da ITU-T na sua arquitectura. Além das

aplicações de voz, o H.323 fornece também mecanismos para a comunicação de

vídeo e colaboração de dados, em combinação com os padrões ITU-T série T.120,

assim sendo, estas características tornaram o H.323 como um dos principais

protocolos VOIP. A especificação do H.323 foi publicada pela primeira vez em 1996

e a versão mais recente (v5) foi concluída em 2003.

Existem cinco tipos de troca de informações que são permitidas na arquitectura do

H.323:

Áudio

Vídeo

Dados

Controle da Comunicação (troca de funções de suporte, canais de lógica de

controle, etc)

8

Controle das ligações (inicio e fim de sessões estabelecidas.)

Como já referido, o H.323 é um guarda-chuva, que faz uso de vários protocolos do

ITU. Os protocolos que compõem o núcleo de qualquer sistema H.323 são:

H.225.0 Registration, Admission and Status (RAS), que é usado entre uma

extremidade e um servidor H.323 para fornecer a resolução de endereços e

serviços de controle de admissão.

H.225.0 - Call Signaling, é usado entre duas entidades H.323, a fim de

estabelecer a comunicação.

H.245 - Protocolo de controle de comunicação multimédia, descreve as

mensagens e os procedimentos utilizados para a troca de capacidade,

abertura e encerramento de canais lógicos de áudio, vídeo e dados.

Real-time Transport Protocol (RTP) - É usado para o envio ou recepção de

informações multimédia (voz, vídeo ou texto) entre dois clientes.

Muitos sistemas H.323 implementam também outros protocolos definidos pela ITU-

T de forma a prestar serviços e funcionalidades complementares. Algumas dessas

recomendações são:

H.235 - Para implementação segurança adicional ao H.323.

H.239 - Descreve o fluxo em videoconferência, geralmente um para vídeo ao

vivo e outro para as imagens fixas.

H.460.18 - Para que os sistemas possam fazer Network Address Translation

(NAT) / Firewall (PF) de passagem.

Quanto aos codecs, o H.323 utiliza tanto os que estão definidos pela UIT-T como

fora. Os mais utilizados são :

Codecs de áudio: G.711, G.729 (incluindo G.729a), G.723.1, G.726, G.722,

G.728, Speex

Codecs Texto: T.140

Codecs Video: H.261, H.263, H.264

Fig.6 - Protocolo H323

9

3.3. IAX2- IAX - Inter Asterisk Exchange

[11]Dado o crescimento que a solução Asterisk tem tido nos últimos anos no

mercado de soluções VOIP, não poderíamos deixar de falar deste protocolo, porque

apesar de não ser o mais utilizado, pensamos ser importante contextualizar e

explicar de forma mais reduzida a história e modo de funcionamento deste. Depois

de Mark Spencer ter criado o Asterisk, o PABX "Open Source", ele verificou como a

falta de simplicidade pode ser uma barreira para o mercado de VoIP. Como solução

resolveu criar um novo protocolo chamado IAX. Os objectivos para a criação deste

novo protocolo foram : minimizar a largura de banda necessária para sinalização e

transporte de multimédia, fornecer suporte interno para a tradução de endereços

de rede NAT (transparência), sendo que não é necessária qualquer configuração

adicional para que o IAX possa atravessar firewalls e fazer NAT.

IAX2- IAX (acrónimo para “ Inter Asterisk Exchange”) é então um protocolo

desenvolvido por Mark Spencer (Digium) com o objectivo de estabelecer

comunicação entre servidores Asterisk de uma forma simples e eficaz, no fundo o

IAX é um protocolo de transporte, tal como o SIP e o H.323, no entanto utiliza

apenas um único porto UDP (4569) tanto para sinalização como para streams RTP,

o facto de utilizar apenas um porto é, como já referido, uma vantagem em cenários

em que existam Firewalls e ou seja necessário fazer NAT.

O protocolo IAX2 (IAX2 é versão 2 do IAX.) pode transportar tanto a sinalização

como os dados no mesmo pacote, incluindo os comandos e parâmetros, dado que

todas as extensões tem que ter um código numérico alocado, podem, caso o

destino seja ela, responder, de forma a optimizar a comunicação entre servidores,

em vez de enviar comandos de texto, como o envelope SIP, o IAX usa pacotes

binários de dados para um rápido processamento e as respostas são enviadas de

volta para o servidor de origem, em vez de serem negociadas com um endereço IP

externo, para que o servidor possa saber se os destinatários estão em linha, este

envia consultas de ping-pong e assim efectuar o controle destes. Esta modelação é

efectuada após os dados internos passarem por módulos de processamento do

Asterisk, utilizando um único fluxo de dados UDP (habitualmente na porta 4569)

para estabelecer a comunicação entre pontos finais, tanto para sinalização como

para dados. O tráfico de voz é transmitido in-band, ou seja transmite pacotes de

áudio com apenas 4 bytes de cabeçalho por forma a reduzir ao máximo a utilização

da largura de banda tornando assim o IAX mais leve e fácil de ser enviado, este

efeito é particularmente sentido em redes wireless. Estes são os principais

contrastes deste com o protocolo SIP e o H323 em que são utilizados RTP's out-

bands para entregar e controlar as informações de fluxo de áudio, vídeo e dados. O

IAX2 suporta o fork de chamadas e a criação de canais de multiplexação numa

única ligação, quando o fork é efectuado, os dados das múltiplas chamadas são

unidos num único 'set' de pacotes, o que significa que um pacote IP pode entregar

informações para mais de uma chamada, reduzindo assim o gasto efectivo de

tráfego sem criar latência adicional, sendo esta outra das grandes vantagens deste

protocolo.

10

3.4. Modos de interligação dos Sistemas - Codecs & Transcoders

[12]Os codecs utilizados nas tecnologias VoIP são algoritmos que permitem

converter voz em dados digitais, e a compressão destes em pacotes IP para

optimização da largura de banda existente, assim que os dados tenham chegado ao

seu local de destino a descompressão é efectuada. Basicamente, os Codecs

permitem executar a conversão através da replicação dos dados de áudio fazendo o

varrimento da frequência de voz milhares de vezes por segundo, por exemplo, o

codec G.722 efectua amostras de dados áudio 16.000 vezes por segundo, estas

taxas de amostragem diferem de codec para codec fazendo com que os níveis de

compressão destes difiram, quanto maior a amostragem da frequência de voz,

maior nitidez temos na voz e maior utilização da largura de banda. Os mais usados

em VoIP são o codec G.729 que tem uma taxa de varrimento de 8.000 vezes por

segundo.

[13]O Transcoding de Codecs fornece um meio para converter o tráfego de modo

que duas redes VoIP usando codecs diferentes possam comunicar sem fazer

alterações ao formato de codec que utilizam. O Transcoding é uma forma eficiente

e eficaz de interligar o tráfego num ponto de troca da rede, permitindo assim a

rede de cada prestador de serviços usar um codec a sua escolha. A localização é

outro factor chave no Transcoding dado que os codec são convertidos num ponto

central, permitindo ao prestador de serviços uma maior flexibilidade na utilização

de diferentes codecs em diferentes cenários.

Fig.7 - Interligações de redes VoIP com codecs diferentes

11

4. Soluções existentes no mercado

4.1. Microsoft OCS2007

[14]O Office Communications Server 2007 é o sistema de VoIP da Microsoft que

tem por objectivo disponibilizar aos seus clientes a flexibilidade e o controlo que

precisam sobre o serviço. Com a possibilidade de automatizar processos de negócio

com instant messaging (IM), voice e e-mails workflows através de ferramentas de

desenvolvimentos da Microsoft. A Microsoft apresenta esta solução integrada no

pacote de Office precisamente para reforçar a ideia de integração com as demais

ferramentas aplicacionais de Office oferecidas pela Microsoft, sendo exemplos disso

mesmo as seguintes aplicações com as quais o OCS apresenta possibilidades de

integração:

- Microsoft Dynamics CRM;

- Microsoft Exchange Server;

- Microsoft Office Outlook;

- Microsoft Sharepoint Server;

Além da integração entre a família de produtos Microsoft, possibilita a integração

através de Mediation Servers interligação com outras soluções de voz de terceiros.

A Microsoft não oferecendo soluções de hardware, o servidor será instalado tal

como a restante família de servidores Microsoft, sendo que em relação aos

terminais telefónicos existem no mercado diversas marcas a oferecer equipamentos

das quais destacamos a Snom e a Polycom.

Fig.8 – Integração do OCS com Exchange Server e interligação com serviços de voz de terceiros

12

4.2. ASTERISK

[15]O Asterisk é uma aplicação para troca e gestão de chamadas telefónicas, vulgo,

PABX, criado em 1999 por Mark Spencer da Digium. Como qualquer PBX, permite

anexar um telefone para fazer chamadas para um outro, e para ligar a serviços

telefónicos, incluindo a rede telefónica pública comutada (PSTN) e Voz sobre

Protocolo Internet (VoIP).É distribuído sob um modelo de licença dupla, usando o

GNU General Public License (GPL) como uma licença de software livre e uma licença

de software proprietário para permitir que a quem esteja licenciado para a

distribuição de propriedade, componentes do sistema inédito. Originalmente

concebido para Linux, o Asterisk agora também funciona numa variedade de

sistemas operacionais diferentes, incluindo o NetBSD, OpenBSD, FreeBSD, Mac OS

X, e Solaris.

O software Asterisk inclui muitos recursos disponíveis em sistemas proprietários

PBX: correio de voz, chamada em conferência, resposta de voz interactiva menus

(telefone) e distribuição automática de chamadas. Os usuários podem criar novas

funcionalidades ao escrever scripts de plano de marcação em várias línguas

próprias das plataformas Open Source.

Para ligar telefones analógicos tradicionais para uma instalação do Asterisk, ou para

se ligar ao PSTN, o servidor deve estar equipado com hardware especial. Digium e

uma série de outras empresas que vendem placas PCI para ligar telefones, linhas

telefónicas, linhas T1 e E1 e analógico e outros serviços de telefone digital para um

servidor.

Talvez de maior interesse para os implementadores, o Asterisk também suporta

uma ampla gama de Vídeo e Voz sobre protocolo IP, incluindo SIP, MGCP e H.323..

Como referido anteriormente os criadores do Asterisk também desenvolveram um

novo protocolo, Inter-Asterisk IAX2 (eXchange), para trunking eficiente de

chamadas entre PABX Asterisk, e aos prestadores de serviços VoIP que o servem.

Alguns telefones suportam o protocolo IAX2 directamente.

Ao apoiar uma mistura de tradicional e serviços de telefonia VoIP, Asterisk permite

aos implementadores construir novos sistemas de telefonia, ou gradualmente

migrar os sistemas existentes às novas tecnologias.

Fig.9 - Sistema VoIP baseado em Asterisk

13

4.3. CISCO CallManager

[16] [17]Cisco CallManager é a solução de VoIP apresentada pela Cisco Systems,

empresa líder mundial na área das comunicações IP, apresentando no seu portfólio

toda o hardware e software necessário para construir uma solução de voz sobre IP

independentemente da dimensão da solução a construir.

Solução esta que começou a ser desenvolvida em 1994 pela Selsius Systems com o

nome de Multimedia Manager 1.0, sendo na altura desenhado para controlar sinais

de vídeo ponto a ponto. Após a Selsius Systems ter sido adquirida pela Cisco

Systems em 1998 foi apresentada a primeira versão do Cisco Call Manager em

2000 com sob a designação Cisco CallManager 3.0. Actualmente a versão do

CallManager vai na sua versão 7 estando previsto para breve a saída da versão 8.

A cisco é uma solução bastante escalável sendo que poderá ser aplicado numa rede

desde os 5 posto de trabalho até a soluções em cluster até 30.000 utilizadores,

apresentando sistemas avançados de redundância, balanceamento de carga e

possibilidades de evolução do sistemas até às mais recentes tecnologias de

colaboração tais como a telepresença, solução esta que extravasa o conceito de

VoIP que temos tratado até agora.

Internamente o Cisco CallManager utiliza protocolos proprietários (SCCP),

possibilitando ligações com outros sistemas através de SIP Trunk. Em resumo a

solução encontrada com o Cisco CallManager é uma solução de VoIP topo de gama,

escalável a quaisquer organizações independentemente da dimensão, apresentando

um portfólio de equipamentos que permite implementar toda a infra-estrutura de

rede e toda a solução de voz baseado somente em equipamentos Cisco Systems

assegurando à partida uma maior compatibilidade e estabilidade do sistema.

Fig.10 - Sistema em cluster do Cisco CallManager interligado com sistemas SIP de terceiros

14

Conclusão

Voice over IP ou VoIP é um conceito que já entrou no vocabulário dos nossos dias,

todos os grandes fabricantes apresentam um portfólio completo de soluções

destinadas a implementar sistemas deste tipo, assim como os operadores de

telecomunicações já têm nos seus serviços soluções baseadas na tecnologia.

Todos estes factos confirmam a tecnologia VoIP, como uma tecnologia

implementada no mercado, com standards e linguagens de comunicação

perfeitamente estabelecidos e interoperáveis, podendo então se considerar com

maturidade suficiente para poder substituir os sistemas de telefonia tradicionais,

levando para isso ainda bastante tempo, devido sobretudo à complexidade e custos

inerentes dessa operação.

Com vantagens claras em relação à telefonia tradicional, como constatado ao longo

do trabalho, sobretudo no meio empresarial, devido à redução de custos, menor

complexidade da infra-estrutura necessária e a introdução de novos conceitos tais

como mobilidade e presença, que eram bastante complicados e dispendiosos de

conseguir em sistemas tradicionais.

Espera-se que a tecnologia VoIP continue a crescer e a evoluir em áreas tais como

a integração da voz com os sistemas de CRM, e ERP das empresas, integração com

os sistemas de vídeo, apresentando soluções como a apresentada pela Cisco com o

conceito de Telepresença, assim como o aparecimento de novas soluções baseadas

em Open Source que permitirão democratizar a tecnologia e ajudar à sua

massificação tanto no meio empresarial como doméstico. Também nos operadores

de telecomunicações se sente uma aderência em apresentar cada vez mais serviços

baseados em VoIP, respondendo às solicitações por parte dos sues clientes tanto

empresariais como domésticos de forma a não perder a corrida face aos seus

concorrentes, que sendo agora num conceito VoIP, uma concorrência ainda maior e

a nível global.

15

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