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Página 1 de 33 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário Núcleo Gerador 5 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO DR4 – Tema: Comunicações Redes e Internet

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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário

Núcleo Gerador 5 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

DR4 – Tema: Comunicações Redes e Internet

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Tema 4: Redes e Internet

COMPETÊNCIA: Perceber os impactos das redes de Internet nos hábitos perceptivos,

desenvolvendo uma atitude crítica face aos conteúdos aí disponibilizados.

Internet: quando tudo começou

Até meados do século vinte, o computador não era uma máquina, mas a pessoa que tinha a função de

fazer contas. A palavra só passaria a ter o significado que tem hoje quando o jornal inglês London Times,

em 1944, publicou uma matéria sobre equipamentos inteligentes que poderiam substituir o esforço

humano de fazer cálculos. Referia-se ao ENIAC (Eletronic Numeral Integrator and Calculator) que pesava

28 toneladas, ocupava 167m2 de área e possuía 18.000 válvulas (construído por John Presper Eckert Jr. E

John William Mauchly, na Universidade de Pensilvânia) e que era capaz de fazer 5.000 cálculos por

segundo. Hoje, seu poder de processamento caberia num quadrado de silício com menos de meio

milímetro de lado. Em 1950, surgia a IBM, a maior produtora de computadores do mundo. Seis anos

depois do ENIAC, pesquisadores americanos criaram o UNIVAC (Universal Automatic Computer), da

Remington Rand, o primeiro que saiu dos laboratórios académicos e passou a ser vendido

comercialmente, mas, com a função específica de processar folhas de pagamento.

No final da década 50, em tempos de Guerra Fria, as agências americanas do Departamento de Defesa

estavam preocupadas com a manutenção das

telecomunicações no caso de Guerra Nuclear

surgindo a ArphaNet. O seu objetivo era

interligar centros militares, utilizando os

computadores de tal forma que a destruição

de um deles não impedisse a sobrevivência dos

demais. Incluía, também, um centro remoto,

instalado numa aeronave em voo. O chamado

“Projeto SAGE” mantinha equipamentos de

informáticos, distribuídos pelo território dos

Estados Unidos, que continham todas as

informações a respeito dos aviões que sobrevoassem as áreas e que permitiam o total patrulhamento de

uma região do país. Estes, interligados, tornavam viável saber tudo o que ocorria no espaço aéreo da

América do Norte. Estas redes iniciais passaram a ser conectadas também aos centros académicos que

realizavam pesquisas com fins bélicos. Quando a ameaça de guerra nuclear diminuiu, os militares

permitiram o acesso aos cientistas, interligando a comunidade científica em geral, mas, havia apenas

poucas centenas de computadores conectados. Mais tarde, nos anos 70, a permissão foi ampliada às

universidades americanas e, depois, às universidades de outros países. Ao longo da década de 80, estas

redes foram-se ampliando aos poucos e acrescentando novos serviços. Em 1989, é criada, na Suíça, a

World Wide Web. (...)

Hoje, vivemos a perda de públicos por parte dos jornais, rádio e televisão em resultado da criação de

multimeios onde a notícia, a instrução e entretenimento se interagem. A conexão global de informação é

uma realidade que cresce a cada dia que passa e os avanços tecnológicos promovem cada vez mais

interações virtuais. Uma única interface permite-nos ter acesso a informações de livros, jornais, revistas,

discos e fitas, telefone e rádio, cinema e televisão, ficando arquivadas nos computadores. Todo o sistema

ENIAC - Disponível na Internet em:

http://www.shawmultimedia.com/multimedia/lesson_new_media.html

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é processado pelos computadores em quantidades e

velocidades cada vez maiores. Estas transmissões hoje usam

cabos submarinos e satélites, tornando-se universais.

O aspeto mais espetacular da era digital está no poder

dos dígitos para tratar toda informação, som, imagem,

vídeo, texto, programas informáticos, com a mesma

linguagem universal, uma espécie de esperanto das

máquinas. Graças à digitalização e compreensão de dados,

todo e qualquer tipo de signo pode ser recebido, retocado,

tratado e difundido, via computador. Aliada à

telecomunicação, a informática permite que esses dados

cruzem oceanos, continentes, hemisférios, conectando

potencialmente qualquer ser humano no globo numa mesma rede gigantesca de transmissão e acesso

que vem sendo chamada de Ciberespaço. Catalizados pela multimédia e hipermédia, computadores e

redes de comunicação passam assim por uma revolução acelerada no seio da qual a internet, rede

mundial das redes interconectadas, explodiu de maneira espontânea, caótica, superabundante.

Vantagens e desvantagens da internet: lado bom e mau da web

A internet é um facto. Boa para uns, nem tanto para outros, mas ela é um facto. Como tudo na vida,

há vantagens e desvantagens na internet, existe um lado bom e um lado menos bom ou até mau.

Conhecer as duas faces da internet é difícil pela sua dimensão, abstração e mesmo perceção que as

pessoas têm dela. Neste texto apresento algumas sugestões para demonstrar suas vantagens e

desvantagens.

Como vantagens, aspetos positivos

da internet podemos referir:

1- Acesso à cultura e à educação,

contribuindo para a sua

democratização. A educação é

milenar, mas nunca foi muito

democrática. A razão para tal, entre

outras, poderá ter estado na

dificuldade da comunicação do

conhecimento. A internet resolve

isso. Está claro que vivemos numa

cultura do conhecimento. Governos

e educadores precisam

urgentemente de tirar proveito da

internet para construir um modelo

educacional mais amplo e

democrático.

2- Outra das grandes vantagens da

internet é a conveniência. É rápida,

fácil e está ali a poucos cliques.

Podemos em poucos minutos ir ao

Disponível na Internet em: https://occupycorporatism.com/internet-governance-

11-nations-will-control-world-wide-web/

Conselhos aos pais sobre o modo como devem atuar na relação entre os filhos e a internet:

• Informem-se. Utilizem os meios eletrónicos e estejam atentos

ao vosso próprio consumo desses meios. • Descubram a internet em conjunto com o vosso filho/a.

Conversem com ele/a sobre o que ele faz na internet. Deixem que ele/a explique quais os jogos que utiliza.

• Esclareçam o vosso filho/a sobre os perigos possíveis na internet (amizades prejudiciais no chat, transmissão de vírus eletrónicos, etc.)

• Estipulem regras com o vosso filho/a, para que ele/a saiba quantas vezes, e durante quanto tempo, pode utilizar as diferentes medias eletrónicas. Prestem atenção para que seja cumprido o que ficou combinado.

• Motivem o vosso filho/a a dedicar tempo suficiente para praticar outras atividades, e para conviver com os amigos.

• Cuidem para que o vosso filho/a escolha jogos e filmes adequados à sua idade.

• Caso se sintam inseguros, conversem com outros pais, pois isto pode ajudar. Os centros de aconselhamento também oferecem apoio e informação.

• Esclareçam o vosso filho/a sobre as atividades passíveis de punição (delitos) na internet. Principalmente os ataques cibernéticos (cybermobbing), e a transmissão de dados extremos para o próprio computador, são delitos passíveis de punição.

In http://www.fisp-zh.ch/pdf/internet/internet_pt.pdf

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banco, fazer uma compra, pagar uma conta, emitir um documento, conversar com várias pessoas,

pesquisar aquela receita, entre outras coisas. As

pessoas compartilham nas redes sociais aquilo de

que gostam, interagem com outras pessoas. A

Internet cria um ambiente, ainda que virtual, de

convivência saudável com uma quantidade de

pessoas muito grande. Ajuda a passar o tempo e

também serve para descontrair.

3- A Internet facilita o acesso ao conhecimento, a

obtenção de serviços, pesquisas, entre outras.

Pela natureza gratuita da maioria dos conteúdos,

a internet proporciona uma inclusão social e

digital sem precedentes. Esta inclusão também

coloca as pessoas em contacto umas com outras e

de uma forma muito intuitiva as pessoas acabam

aprendendo permanentemente coisas novas.

4- A internet cumpre a função de memória

individual e coletiva, o acesso a bens culturais

numa escala sem precedentes (podemos referir

como exemplo, os museus virtuais, as bibliotecas

digitais, etc.), contribui para o desenvolvimento

de diferentes dimensões artísticas, entre elas a

arte digital.

5- Contribui para a eliminação de fronteiras.

Podemos ir ao Louvre em Paris, pesquisar uma

informação na Agência de Inteligência Americana,

dar uma olhada nas ruas de Tóquio pelo Google

Street View, ver os vídeos produzidos em

Jerusalém, entre outros. Nunca tivemos esta

liberdade e facilidade de locomoção pelo globo,

embora virtual.

Mas a internet também gera problemas, o seu uso também pode acarretar consequências negativas:

1- Um dos aspetos que podemos considerar perigoso é o da falta de privacidade. Na internet muitas

pessoas ficam expostas e com isto acabam por ser vítimas de golpes, roubos entre outros crimes.

Muitos reclamam da falta de privacidade nas redes sociais. São novos tempos a exigirem algumas

precauções designadamente quando expomos fotos, vídeos e informações pessoais como endereços,

números de telefones, entre outros.

2- Muitas ilegalidades e pequenas fraudes são cometidas a todo momento na Internet. A internet

pode ser utilizada indevidamente, com o intuito de molestar as crianças e de comprometê-las de

forma inadequada. Um perigo considerável na utilização da Internet decorre do facto de muitos se

esconderem atrás de um suposto anonimato para cometerem crimes e fraudes dos mais diversos

tipos. Pessoas desconhecidas servem-se do anonimato na internet, e aproveitam-se da curiosidade das

crianças e dos jovens, fazendo com que elas entreguem informações pessoais, sejam molestadas ou

mesmo vítimas de encontros que acabam por ocorrer no mundo real.

Informação útil sobre o uso da internet

Sinais, aos quais os pais devem ficar atentos:

• O computador, a consola de jogos é utilizado diariamente, por quatro horas ou mais.

• O filho/a quase não se encontra ou encontra-se pouco com os amigos.

• O filho/a deixou de ter interesse por outras atividades ou passatempos.

• O aproveitamento na escola ou na aprendizagem profissional piora cada vez mais.

• O filho/a deixa de cuidar da higiene pessoal e não tem mais apetite. Também se sente frequentemente cansado durante o dia.

• O filho reage de forma agressiva e deprimida, quando não pode usar o computador.

Regras de segurança para proteger-se de ataques e de ser molestado

• Não divulgar dados pessoais (nome, endereço, número de telefone etc.)

• Não marcar encontros com amizades desconhecidas provenientes da internet.

• Não abrir dados ou mensagens de e-mail enviadas por desconhecidos.

• Não enviar fotos pessoais a desconhecidos na internet.

• Nas plataformas de internet, do tipo Facebook, só permitir o acesso às fotos a pessoas conhecidas e amigos.

• Procurar aconselhamento, caso se sinta inseguro. Regras para a segurança técnica

• Não aceder a qualquer ligação (link) através do clique, e não selecionar “OK” / “ENTER” apressadamente.

• Não copiar programas desconhecidos da internet para o próprio computador.

• Procurar aconselhamento, caso se sinta inseguro.

In Flavia Reginato / Luísa Meier. Disponível em: http://www.fisp-h.ch/pdf/internet/internet_pt.pdf

(Adaptado)

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3- Outra desvantagem da internet é a abordagem muitas vezes superficial dos assuntos

apresentados. Isto não chega a ser um problema tão sério como os mostrados anteriormente, mas não

deixa de gerar consequências que não devem ser ignoradas. É diferente a abordagem encontrada na

web com a abordagem de um livro por exemplo. Este último tem começo, meio e fim. Na internet às

vezes as coisas ficam no ar.

4- A internet permite o acesso, mesmo de menores, a certos conteúdos problemáticos, como cenas

de violência ou de pornografia o que pode ter consequências para o desenvolvimento integral dos

indivíduos. O uso intensivo da internet pode criar dependência e afetar a vida social dos indivíduos. No

caso dos estudantes, pode fazer baixar o aproveitamento escolar. O tempo voa quando se está na

internet. Podemos perder-lhe a noção. Quando há um uso intensivo da internet, diminui-se a

frequência dos contactos no mundo real. Os jogos e conversas online (“chates”) podem causar

dependência.

5- Uma desvantagem está associada à falta de controlo que passámos a ter sobre o que publicamos.

Uma vez publicados, é quase impossível apagá-los, tais como fotos, endereços ou números de

telefone.

6- Existe o risco de vermos o equipamento atacado por vírus ou por outros programas eletrónicos,

podendo-o danificar.

Mas a maior desvantagem da internet poderá ser mesmo a dificuldade que muitos têm para conseguir

aceder-lhe. Ainda é muito caro e a qualidade nem sempre é a melhor. (...)

Que balanço podemos então fazer da Internet?

In http://www.luis.blog.br/vantagens-e-desvantagens-da-internet-o-lado-bom-e-ruim-da-web.aspx (Adaptado e acrescentado)

Redes Sociais: As Vantagens e Desvantagens da Comunicação Virtual

A internet tem vindo a expandir-se gradativamente por todo o lado e, a cada dia que passa, mais e

mais pessoas estão conectadas graças a este novo universo virtual. Grande parte delas possui uma conta

em alguma rede social (facebook, twitter, blogs, entre outros) mudando gradualmente o paradigma da

comunicação. Neste sentido, não se pode falar de exclusão digital. Dizer que a internet e o computador

criaram uma nova forma de exclusão, a

“exclusão digital”, é o mesmo que dizer

que, ao inventar a impressão com tipos

móveis, Gutenberg criou o analfabeto. (...)

Se há anos era difícil expor uma opinião

para um número considerável de pessoas,

sendo difícil conquistar espaço nos meios

de comunicação de massa, a internet

possibilitou o surgimento de novos campos

para que qualquer pessoa conectada à

grande rede possa opinar, criticar, expor a

sua visão de mundo, transmitir

informações, participar no cenário mundial

da comunicação, não só como consumidor de notícias, mas agora também como produtor. Isso tudo

possibilita que muitos passem a considerar a internet e o espaço disponibilizado pelas redes sociais como

Disponível na Internet em: http://administracaoesucesso.com/tag/redes-sociais/

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um avanço na democratização dos media, dando voz aqueles que a não tinham, razão pela qual a grande

rede é considerada um media alternativa.

Nesse novo universo tecnológico, concebido

para ser imune a qualquer forma de censura,

controle ou limitação, foram também rompidas as

barreiras mecânicas e quantitativas relativas à

composição e à transmissão da escrita e da

imagem. É também um novo tipo de agência de

notícias. Como tal, rompe a verticalidade e a

concentração das agências tradicionais e alimenta

não apenas jornais a partir de escritórios centrais,

mas liga também ONGs, produtores intelectuais

independentes e movimentos políticos e sociais. O

acesso ao sistema também é ilimitado, tanto pelo emissor como pelo recetor. E graças ao baixo custo

operacional, a mensagem seja qual for o seu tamanho, pode ser enviada a um número quase infinito de

recetores.

Seguindo essa linha de raciocínio, fica claro tanto do ponto de vista económico, como político, que as

facilidades para a exposição de opiniões e informações se alargaram graças à internet. Mesmo assim, até

onde vão as vantagens desse novo instrumento de comunicação, fatalmente das redes sociais, quando

qualquer um publica o que bem entende? Percebe-se que a informação não é sistematizada e a notícia

surge de tantas fontes - muitas delas não confiáveis - e são produzidas por pessoas que não respeitam os

valores éticos do jornalismo, extrapolando o direito à liberdade de expressão e ferindo a privacidade de

muitos.

Por outro lado, a Internet criou condições para a concentração da produção informativa, a chamada

comunicação cruzada. Essa comunicação, que também atingiu o novo media, envolve grandes portais da

internet, redes via satélite, grandes provedores, emissoras de rádio e televisão que fazem parte desses

megablocos que fomentam ainda mais a concentração dos media: jornais impressos, portais online,

rádios, canais de televisão abertos e fechados, entre outros.

A comunicação na internet também traz alguns problemas éticos, pois derrubou a demarcação entre

os conceitos de público e privado. O pessoal e o social misturam-se na internet, transformando

comunicação pessoal em comunicação social, sem existir um código de ética que indique se e quando tal

pode ser feito. É a exposição desenfreada e sem controlo da vida pessoal dos utilizadores. A informação e

a venda misturam-se na medida em que num site

podemos informarmo-nos sobre uma mercadoria e, ao

mesmo tempo, realizar a transação comercial,

enaltecendo ainda mais a ideia de mercantilização da

informação veiculada na grande rede.

O direito autoral acaba por se esvaziar pois a cópia

de documentos, inclusive de sons e imagens, é muito

facilitada na internet, inclusive nas redes sociais, com o

chamado compartilhamento, inaugurando uma nova

era, que atinge até mesmo a produção da informação.

Os jornalistas atuais às vezes mais parecem robôs,

difusores de notícias, perdendo a sua função de

contadores de histórias, analistas e comentadores,

aquando o conteúdo, amiúdes vezes, por perder qualidade. A Interne permite também o “falseamento

Disponível na Internet em: http://junior-jr1.blogspot.pt/

Disponível na Internet em: jornal Público, edição de 24/1172015

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dos fatos”, causado pela irresponsabilidade de muitos, pois fofocas, boatos, mentiras e circulam com

grande facilidade como sendo verdades na grande rede. Parte desse falseamento começa, infelizmente,

nas redes sociais.

É pois facilmente constatável que o novo cenário da comunicação virtual trouxe, além de um espaço

mais nítido e palpável de exposição da informações, diversos problemas éticos e até mesmo sociais que

precisam urgentemente ser encarados sob pena de atingirmos um nível de total falência da

comunicação social. Faz falta uma espécie de “Constituição" da rede, definindo direitos e deveres dos

utilizadores e provedores da web. O debate sobre a necessidade de criar regras para o funcionamento da

Internet, está pois aberto. (...)

In Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Almeida, Ademilson António Lopes de e tal. “Redes Sociais: As Vantagens e Desvantagens da Comunicação Virtual”. Disponível em:

http://www.portalintercom.org.br/anais/centrooeste2014/expocom/EX41-0420-1.pdf (Adaptado)

Big data: nova forma de fazer sentido

Cerca de 90% dos dados existentes atualmente foram gerados nos últimos quatro anos. O

emaranhado de informação é cada vez mais complexo e obriga as empresas a repensarem a forma

como fazem negócios.

A cólera chegou a Londres numa manhã durante o verão de 1854. E a razão por que esse momento é

hoje em dia recordado no mundo dos negócios prende-se com duas palavras: Big Data.

Os primeiros registos da doença na Grã-Bretanha datam de 1831. Um ano depois, a bactéria chegou à

capital inglesa e esteve na origem de três grandes surtos, o primeiro dos quais em 1841. Mas é do de

1854 que ainda hoje se fala em muitas conferências de negócios. Porquê? Porque o mapeamento dos

casos, feito pela primeira vez por um médico, John Snow, permitiu identificar a origem do problema.

Há duas semanas, em Lisboa, durante a conferência Mobile Edge 15, que se realizou na sede da

Microsoft Portugal, Kevin Benedict, analista da Cognizant, voltou a destacar a importância e o caráter

inovador do trabalho de John Snow, que no seu tempo viu mais de 600 pessoas morrerem em menos de

15 dias. Quando naqueles dias entrou na paróquia de St. James, para dar conta da mortandade, Snow não

levava uma lista de mortos, mas sim um mapa

com a localização das moradas dos primeiros 83

mortos. Rapidamente se percebeu que essas

vítimas viviam todas à volta de uma fonte de

água, na então chamada Broad Street. “Ele pôs

os dados em contexto. Não só ajudou a fundar

a epidemiologia como é um exemplo da

relevância que a análise de dados tem no nosso

dia-a-dia””, frisou Kevin Benedict.

Moral da história: graças a Snow e ao seu

“Big Data state of mind” — como lhe chamou

Alon Peled, professor associado de Ciência

Política na Universidade Hebraica de Jerusalém

e doutorado por Harvard —, de repente pôs-se

a hipótese de a cólera poder ser transmitida por

água contaminada, quando antes se acreditava que ela se transmitia por via aérea, graças ao “mau ar”,

isto é, do ar poluído.

O que o caso de Snow nos mostra é, na essência, o que hoje fazem cada vez mais empresas em todo o

planeta: extrair conhecimento a partir de dados. Só que, atualmente, “as fontes de dados são mais

Disponível na Internet em: http://karenalberti.com.br/em-apenas-60-segundos/

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diversas e dispersas”, salienta Pedro Campos, professor de Economia da Universidade do Porto. “O que

tem mudado nos últimos anos, a grande velocidade, é a quantidade e a dispersão das fontes de dados

com que temos de lidar”, assinala este docente

que coordena uma pós-graduação em Business

Intelligence. (...)

Para se ter uma ideia da ordem de grandeza

da quantidade de dados que a humanidade

está a gerar diariamente — e de como essa

criação de dados está a acelerar —, basta

pensar que 90% dos dados existentes no

mundo hoje foram criados nos últimos quatro

anos, de acordo com números publicados pela

IBM. (...) Cada dia de atividade na Bolsa de

Nova Iorque gera um terabyte de informação.

Uma ninharia, quando comparado com o que

se passa na Internet, ou nas redes sociais, como YouTube (4000 milhões de horas de vídeo visualizados

todos os meses) ou Facebook (30 mil milhões de pedaços de conteúdo partilhados todos os meses).

“Dados de redes sociais, plataformas móveis e de sensores cada vez mais espalhados pelas nossas

vidas permitem, conjuntamente com os dados internos da organização, a construção de análises mais

detalhadas e com maior exactidão sobre os clientes dessas organizações”, observa Roberto Henriques.

“Contudo, a proliferação de dados relativos às escolhas, preferências e características dos clientes vem

lançar novos desafios às tradicionais fontes de vantagem competitiva das empresas. A distinção de

informação relevante para o negócio versus todo o ruído gerado só é possível com a combinação de

novas formas de armazenar, analisar e gerir estes dados.”

A questão crítica para ter essa competência é a existência de pessoal qualificado, já que do lado das

máquinas podemos contar com o contínuo crescimento da capacidade de processamento e de

armazenamento, com a cada vez maior utilização da cloud. Já em relação ao fator humano, como salienta

Pedro Campos, ainda há um défice. Recentemente, a União Europeia publicou um documento em que

afirmava que a Europa tem um milhão de vagas por ocupar no setor dos Sistemas de Informação, uma

área vasta de atividade que inclui muitas indústrias e serviços, e do qual o Big Data, oBusiness

Intelligence e a análise de dados é apenas uma parte. “O mercado do Big Data em Portugal está a dar os

primeiros passos”, corrobora Roberto Henriques. “Muitas são as empresas que estão a iniciar este

processo de inclusão de Big Data nas suas análises, mas não são ainda muitos os exemplos de integração

do Big Data com o Business Intelligence mais tradicional. (...)

Para as empresas, ter ou não ter Big Data já não é uma questão, afirma Pedro Campos. A logística, o

marketing, o apoio ao cliente, as operações, a estratégia empresarial são áreas alimentadas pelo Big Data,

e o conhecimento que é extraído a partir daí dá suporte à decisão de gestores de topo ou operacionais.

“O impacto nas empresas é assim a diferença entre ser ou não capaz de conhecer melhor os clientes,

conseguir entendê-los, melhorando os serviços de acordo com a tendência dos mesmos em quererem

cada vez mais um serviço individualizado e único’”, destaca, por seu lado, Roberto Henriques.

Desde ajustar a oferta à procura em empresas como a Uber — ou como um fornecedor de energia

poderá vir a fazer no futuro quando a rede de distribuição estiver ligada à Internet — passando pela

gestão mais eficaz e eficiente de stocks ou matérias-primas numa indústria (ou num hospital), até

elaborar perfis de consumidores de empresas de retalho, que hoje em dia registam um sem número de

dados que lhes permitem compreender quem são os clientes e como podem gerir o seu negócio em

função deles, há um sem número oportunidades, mas também de riscos. Como a fraude ou falhas de

cibersegurança.

“Com o Big Data muda-se não apenas o paradigma em que os dados são recolhidos de forma

individual e não anónima, mas também a forma como se faz essa medição, passando da perceção

Disponível na Internet em: http://www.bit.pt/big-data-arte-transformar-dados-em-informacao/

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humana para o registo de eventos. Por exemplo, perguntar a um cliente, de forma anónima, quantas

horas dorme por noite, ou a quantidade de exercício

físico feito, é diferente de ter acesso aos dados

registados por inúmeros sensores que medem o regime

físico, os hábitos de sono, os percursos feitos em cada

dia, etc. Estes dados comportamentais, sendo muito

mais interessantes e ricos, podem ainda levar a maiores

esforços e, consequentemente, a ataques mais

sofisticados à segurança dos mesmos”, explica o mesmo

docente da Universidade Nova. “Outras variáveis como a

computação em nuvem e as diversas e distribuídas

fontes de dados tornam a segurança dos mesmos um

processo mais complexo de gerir.”

Mas também há o reverso da medalha: com as redes de distribuição inteligentes, um fornecedor de

energia poderá detetar mais facilmente acessos fraudulentos ou desvios irregulares no consumo, a partir

do tratamento e análise de dados. Ou a banca, com um tratamento adequado dos dados, pode mais

facilmente tomar decisões de grande impacto sobre a concessão de crédito, por exemplo, ou

desenvolvimento de produtos. (...)

Victor Ferreira in Público publicado em 24 de novembro de 2015 (adaptado)

A Internet está a mudar a nossa forma de pensar?

Todos admitem que ninguém sai ileso da Internet Mike Blake/Reuters

Acha que a Internet alterou a sua mente ao nível neuronal, cognitivo, processual, emocional? Sim, não,

talvez, respondem filósofos, cientistas, escritores, jornalistas à pergunta do ano do site edge.org, em

dezenas de textos que são hoje colocados on-line.

No Verão de 2008, o escritor norte-americano Nicholas Carr publicou, na revista Atlantic Monthly, um

artigo intitulado Is Google making us stupid?: What the Internet is doing to our brains, onde se mostrava

muito crítico dos efeitos da Internet nas nossas capacidades intelectuais. O artigo teve um grande

impacto, tanto nos media como na blogosfera.

O site edge.org - o "salão" intelectual on-line - vem agora expandir e aprofundar o debate no âmbito

do seu tradicional desafio anual a dezenas de craques mundiais da ciência, da tecnologia, do pensamento,

da arte, do jornalismo. A pergunta de 2010 é, literalmente: "Como está a Internet a mudar a maneira

como você pensa?" ("How is the Internet changing the way you think?")

Eles respondem: que a Internet os (nos) tornou mais espertos, menos profundos, mais rápidos, menos

focados, mais acelerados, menos criativos, mais táteis, menos visuais, mais altruístas, menos arrogantes.

Que expandiu radicalmente a nossa memória, mas fez de nós, ao mesmo tempo, reféns do presente. A

grande teia surge equiparada a um ecossistema, um cérebro coletivo, uma memória universal, uma

consciência global, um mapa total da geografia e da história.

Mas uma coisa é certa: sejam eles fãs ou críticos, todos a usam e todos admitem que ninguém sai ileso

da Internet. Ninguém fica indiferente a coisas como a Wikipedia ou o Google, ninguém escapa à atração

da comunicação e do saber globais e instantâneos.

Até ao fecho desta edição, tinham respondido ao desafio 121 filósofos, cientistas, médicos,

engenheiros, escritores, artistas, jornalistas. Escolhemos algumas dessas respostas - incluindo a de

Nicholas Carr, que também é "sócio" deste think tank fundado pelo agente literário nova-iorquino John

Brockman - e reproduzimos aqui a sua substância. Com mais tempo e atenção, elas também podem ser

desfrutadas e escrutinadas na sua totalidade e diversidade no endereço edge.org.

Disponível na Internet em: http://junior-jr1.blogspot.pt/

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Quem decide? - Daniel Hillis (Informático)

O real impacto da Internet é que mudou a nossa maneira de tomar decisões. Cada vez mais, não são

indivíduos humanos que decidem, mas uma rede adaptativa e intricada de humanos e máquinas. Essa

rede foi criada, mas não totalmente desenhada, por nós. E evoluiu. A nossa relação com ela é semelhante

à nossa relação com o nosso ecossistema biológico. Somos codependentes e não a controlamos

completamente.

Acelerar o pensamento - Andrian Kreye (Editor do Süddeutsche Zeitung)

Se o facto de acelerar continuamente o pensamento representa uma mudança da maneira como

penso, então a Internet tem feito um trabalho maravilhoso. Mas talvez não esteja a mudar o pensamento.

Nunca mudei de opinião por causa da Internet, nuca tive uma epifania à frente de um ecrã. Nunca tive

nenhuma experiência memorável, embora a Internet possa ter contribuído para algumas. Foram sempre

as pessoas, os lugares e as experiências que mudaram a minha maneira de pensar.

Fac-símile da realidade - Eric Fischl e April Gornik (Artistas visuais)

Para o artista visual, olhar é essencial ao pensamento. Como é que a Internet mudou a nossa maneira

de ver? De forma subtil mas profunda. Uma das mudanças é a perda do sentido de escala. Outra é a perda

de diferenciação dos materiais. A informação visual passou a ser baseada apenas na imagem. A realidade

foi substituída por um fac-símile.

Trabalhar e brincar - Kevin Kelly (Fundador da revista Wired)

Tornei-me mais "esperto" em factos, mas o meu saber é hoje mais frágil. Tudo o que aprendo é sujeito

a erosão. As minhas certezas sobre seja o que for

diminuíram, isto é, em geral, parto cada vez mais do

princípio que aquilo que sei está errado. A Internet

também esbateu a diferença entre o meu

pensamento sério e o meu pensamento lúdico. Penso

que a conjugação de jogo e trabalho, de pensar a

sério e pensar a brincar, é um dos mais fantásticos

efeitos da Internet.

Açúcar digital - Esther Dyson (Ex-presidente da

Electronic Frontier Foundation )

Adoro a Internet. Mas às vezes penso que muito daquilo que ela nos dá são calorias ocas. Açúcar. Clips

de vídeo, toques de amigos, tweets, pop-ups... Mas a longo prazo muitos de nós têm uma predisposição

genética para perder a capacidade de digerir o açúcar consumido em excesso. Poderá isto valer também

para o açúcar de informação? Vamos tornar-nos alérgicos e ao mesmo tempo não conseguir passar sem

ele? E qual será a nossa insulina digital?

O controlo da mente - Larry Sanger (Co-fundador da Wikipedia)

Há quem diga que as nossas mentes mudaram com o excesso de informação, aparentemente contra a

nossa vontade. Os agentes livres tornaram-se meros sujeitos de poderosas novas forças. Não concordo

com isto. Temos a possibilidade de escolher se queremos ceder o controlo da nossa pessoa a uma "mente-

colmeia" cada vez mais irresistível? Temos. E será que devemos capitular, ou pelo contrário continuar a

desenvolver as nossas próprias mentes e a dirigir cuidadosamente a nossa atenção? A resposta parece-me

óbvia.

Disponível na Internet em: http://www.holder90.org/namoro-atraves-da-internet/

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Outsourcing mental - Gerd Gigerenzer (Psicólogo, Instituto Max Planck, Alemanha)

Iniciámos um processo de outsourcing do armazenamento e do acesso à informação, da mente para o

computador, tal como muitos já fizemos o outsourcing da capacidade aritmética da mente para a

calculadora de bolso. Poderemos vir a perder algumas competências pelo caminho, mas a Internet está

também a ensinar-nos novas competências para aceder à informação. A Internet é uma espécie de

memória coletiva, à qual às nossas mentes se irão adaptar até que uma nova tecnologia a venha

substituir. Começaremos então a fazer outsourcing de mais capacidades cognitivas e, espero eu, a

aprender outras novas.

Pensar melhor - Stephen Kosslyn (Psicólogo, Universidade de Harvard)

A Internet estendeu a minha memória, a minha perceção, os meus juízos de valor. Estes efeitos

tornaram-se ainda mais notáveis desde que tenho um smartphone. Hoje, uso-o regularmente para

verificar factos, ver vídeos, ler blogues. O inconveniente é que dantes tinha tempos mortos durante os

quais deixava vaguear a minha mente e de onde podiam surgir pensamentos ou ideias inesperadas. Esses

intervalos tornaram-se menos frequentes. Mas acho que é um pequeno preço a pagar: hoje, penso melhor

do que antes de ter integrado a Internet nos meus processos mentais e emocionais.

Mudanças radicais - Kai Krause (Pioneiro na área do software)

A Internet mudou radicalmente a minha maneira de pensar. Não ao nível dos meus neurónios, mas de

forma mais abstrata: redefiniu totalmente a maneira como percebemos o mundo e o nosso lugar nele.

Mas trata-se de uma faca de dois gumes, de um ioiô do bom, do mau e do feio. A Net não atingirá o seu

verdadeiro potencial durante a minha vida. Mas é óbvio que influenciou o meu pensamento como nunca

nada o tinha feito até aqui.

Cibermundo tátil - James O"Donnell (Classicista, Universidade de Georgetown)

Os meus dedos passaram a fazer parte do meu cérebro. Pessoalmente, e apenas por enquanto, é

sobretudo nos meus dedos que reparo. Quando estou fora do meu gabinete, perguntem-me uma coisa

interessante e puxo logo do meu Blackberry - é uma reacção física, preciso de começar a manipular a

informação na ponta dos meus dedos. Ao computador é o mesmo padrão: o sinal de que estou a pensar é

que estendo a mão e começo a abanar o rato. Os meus olhos e as minhas mãos já aprenderam novas

maneiras de trabalhar com o meu cérebro, num processo que, para mim, é realmente uma nova maneira

de pensar. O mundo da informação está mais tátil do que nunca.

Promiscuidade - Seth Lloyd (Engenheiro, MIT)

Penso menos. E, quando penso, sou mais preguiçoso. Durante centenas de milhões de anos, o sexo foi a

maneira mais eficiente de propagar informação de procedência duvidosa: as origens de todos aqueles

fragmentos de lixo genético do ADN perderam-se nas areias da história reprodutiva. Mas a Web usurpou o

lugar do sexo. Basta um download ilegal para propagar mais bocados de informação parasita do que um

voo nupcial de moscas tsé-tsé. Por enquanto, a capacidade da Internet para propagar informação de

forma promíscua é uma bênção. Mas o que acontecerá a seguir? Não me perguntem a mim. Nessa altura,

espero ter parado completamente de pensar.

O mesmo cérebro - Nicholas Christakis (Médico e sociólogo, Universidade de Harvard)

A Internet não é diferente das anteriores (e igualmente monumentais) tecnologias que estendem as

capacidades mentais, tais como os livros ou a telefonia, e duvido que os livros ou a telefonia tenham

mudado a minha maneira de pensar no sentido de mudar a maneira de funcionar do meu cérebro. Acho

que é muito mais acertado dizer que foi o nosso pensamento que deu origem à Internet e não a Internet

que deu origem ao nosso pensamento. Não existe um novo eu. Não há novos outros. Donde, não há um

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novo cérebro nem uma nova maneira de pensar. Continuamos a ser a mesma espécie que éramos antes

da Internet.

O mapa - Neri Oxman (Arquitecto e investigador, MIT)

A Internet tornou-se um mapa do mundo, literal e simbolicamente, na medida em que retraça, quase à

escala 1:1, tudo o que alguma vez aconteceu. Mas à medida que ingerimos a informação, o nosso poder

de perceção definha e a nossa capacidade de pensarmos em termos abstratos e críticos atrofia-se. Para

onde vamos nesta Idade da Internet? Será que estamos a tornar-nos nas vítimas das nossas próprias

invenções?

Caçadores-recolectores - Lee Smolin (Físico, Perimeter Institute)

Até agora, a Internet não mudou a nossa maneira de pensar. Mas alterou radicalmente o contexto do

nosso pensamento e do nosso trabalho. Dantes cultivávamos o pensamento, agora tornamo-nos

caçadores-recoletores de imagens e de informação. Talvez, quando a Internet estiver soldada aos nossos

óculos ou aos nossos dentes, e os ecrãs forem substituídos por lasers a desenhar imagens diretamente nas

nossas retinas, as mudanças sejam mais profundas.

Matrix - John Markoff (Jornalista do New York Times)

Não só me tornei um pessimista da Internet, como recentemente comecei a achar que a Net tinha

adquirido um aspeto mesmo assustador. Não acham que a Internet parece ter uma mente própria? Vamos

todos ser assimilados, ou será que já o fomos? Esperem! Parem! Isso é a Matrix, não é?

O upload já começou - Sam Harris (Neurocientista, The Reason Project)

É comum a ficção científica de pesadelo vislumbrar que um dia as mentes humanas vão ser

transferidas para uma vasta rede de computadores como a Internet. De facto, tenho reparado que esse

upload da profecia já começou no que me diz respeito. A migração para a Internet inclui mesmo a minha

vida emocional. Desenvolvo cada vez mais relações totalmente on-line com outros cientistas e escritores.

Quase todas as frases que algumas vez trocamos existem na minha pasta de e-mail enviado. A totalidade

da nossa relação é pesquisável. E muitos outros amigos e mentores existem para mim desta maneira,

principalmente enquanto correspondentes eletrónicos.

Vidas paralelas - Linda Stone (Ex-executiva, Apple e Microsoft)

Antes da Internet, ia mais à biblioteca e fazia mais telefonemas. Lia mais livros e tinha opiniões mais

estreitas e menos informadas. Andava mais a pé, de bicicleta, passeava mais na natureza, brincava mais.

Fazia amor mais vezes. Quanto mais conheço e amo a Internet, mais claro é o contraste, mais intensa a

tensão entre uma vida física e uma vida virtual. Esse contraste entre as minhas vidas on-line e off-line fez

com que voltasse a apreciar os prazeres do mundo físico. Agora, consigo navegar com maior

determinação entre esses mundos, escolhendo primeiro um e depois o outro - mas sem abdicar de

nenhum dos dois.

Criado mudo - Joshua Greene (Neurocognitivista e filósofo, Universidade de Harvard)

A Internet não mudou a nossa forma de pensar mais do que o microondas mudou a nossa forma do

digerir os alimentos. Deu-nos um acesso sem precedentes à informação, mas não mudou o que fazemos

com ela quando a temos na nossa cabeça. Isso é assim porque a Internet (ainda) não sabe pensar. Ainda

temos de o fazer nós próprios, à maneira antiga. Até isso mudar, a Internet vai continuar a ser nada mais,

nada menos, do que um utilíssimo, e muito estúpido, criado mudo.

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O fim da experiência - Scott Sampson (Paleontólogo de dinossauros)

O que me interessa é saber como é que a Internet está a mudar a maneira de pensar das crianças da

Idade da Internet. Parece provável que uma vida de condicionamento diário ditado pelo rápido fluxo de

informação através de um ecrã luminoso irá gerar mudanças substanciais nos cérebros e portanto no

pensamento. Mas há uma coisa que me assusta ainda mais - e de que raramente se fala: a extinção da

experiência, a perda de experiência íntima do mundo natural. Qualquer desfecho positivo vai exigir

desligar os ecrãs e passar muito mais tempo no exterior, a interagir com o mundo real, em particular não

humano.

Novos circuitos - Haim Harari (Físico, ex-presidente do Instituto Weizmann de Ciência, Israel)

Há três claras mudanças que são muito palpáveis. A primeira é a crescente brevidade das mensagens.

A segunda, a redução do papel do saber factual no processo de pensar. A terceira é todo o processo de

ensino e de aprendizagem: poderá ainda demorar mais uma ou duas décadas, mas a educação nunca

voltará a ser a mesma. Um corolário interessante desta última questão é saber se as mentes e os cérebros

das crianças terão ou não circuitos fisicamente diferentes dos das gerações anteriores. Tendo a especular

que sim.

Preço da omnisciência - Terrence Sejnowski (Neurocientista computacional, Instituto Salk)

A experiência surte efeitos a longo prazo na estrutura e na função do cérebro. O facto de o nosso

cérebro mudar enquanto interagimos com a Internet é bom ou mau para nós? Adquirir saber e

competências deveria promover a sobrevivência, mas não se passarmos o nosso tempo todo imersos na

Internet. As recompensas intermitentes podem tornar-se viciantes. A Internet, porém, ainda não existe há

suficiente tempo e está a mudar demasiado depressa para dizermos quais serão os seus efeitos a longo

prazo no funcionamento cerebral. Qual será o derradeiro preço da omnisciência?

Pensar como a Internet - Nigel Goldenfeld (Físico, Universidade de Urbana-Champaign)

Não acredito que a minha maneira de pensar tenha sido alterada pela Internet até ao ano 2000. Por

que não? Suspeito que a resposta está no incrível benefício que acompanha a conectividade maciça e os

fenómenos emergentes resultantes. Antes, a Internet era linear, previsível e desinteressante. Nunca nos

respondia. Mas agora estou a começar a pensar como a Internet. O meu pensamento é hoje melhor, mais

rápido, mais barato e mais evolutivo por causa de Internet. E o vosso também, só que ainda não deram

por isso.

A grande distração - Leo Chalupa (Neurobiólogo, Universidade da Califórnia)

A Internet é o maior fator de distração em termos de pensamento sério desde a invenção da televisão.

Para mais, apesar de fornecer um meio de comunicação rápida com colegas a nível global, o utilizador

sofisticado raramente revelará pensamentos e sentimentos genuínos nestas mensagens. O pensamento

sério requer honestidade e abertura de comunicação que é simplesmente insustentável na Internet para

aqueles que valorizam a sua reputação profissional.

Cérebro colectivo - Matt Ridley (Jornalista de ciência)

A evolução cultural e intelectual depende do sexo tal como a evolução biológica. O sexo permite que as

criaturas aproveitem qualquer mutação que surja algures na sua espécie; a Internet permite que as

pessoas aproveitem qualquer ideia que surja na cabeça de alguém no mundo. Isto mudou a minha

maneira de pensar na inteligência humana. A Internet é a mais recente e melhor expressão da natureza

coletiva da inteligência humana.

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Afia-memória - Tom Standage (Editor do Economist)

A Internet não mudou a minha maneira de pensar. O que sim fez, porém, foi agudizar a minha

memória. Uma rápida pesquisa de palavras-chave bem escolhidas costuma ser suficiente para

transformar a minha fraca reminiscência de qualquer coisa numa recordação perfeita da informação em

causa. Isto é útil agora e vai tornar-se ainda mais útil quando, ao envelhecer, a minha memória ficar

menos fiável. No futuro, talvez o mesmo aconteça com a forma como a Internet aumenta as nossas

faculdades mentais.

Pessoas na minha cabeça - Eva Wisten (Jornalista, SEED Media Group)

Pode ser que a Internet não esteja a mudar a minha maneira de pensar, mas está em parte a pensar no

meu lugar. E, sobretudo, a Internet está a alterar a forma como me vejo a mim própria. Apesar de as

actividades e ligações reais continuarem a ser o que mais me importa, a Internet, com a sua capacidade

de registar o meu comportamento, está a tornar mais claro que sou, em pensamento e em acção, a soma

dos pensamentos e das acções de outras pessoas - e muito mais do que tinha pensado.

Nativos da Internet - Alison Gopnik (Psicóloga, Universidade da Califórnia)

A Internet tornou a minha experiência mais fragmentada, descontínua. Mas acho que isso aconteceu

porque só a comecei a usar em adulta. As crianças que cresceram com a Web vão achá-la tão íntegra e

natural como nós achamos a leitura. Mas isso não significa que a sua experiência e atenção não serão

alteradas pela Internet.

Repetição vs verdade - Daniel Haun (Antropólogo cognitivo, Instituto Max Planck, Alemanha)

Os humanos tendem a confundir repetição com verdade. Como encontrámos a verdade na Internet?

Utilizando um motor de pesquisa, que determina a pertinência de uma página em função do número de

outras páginas pertinentes que "linkam" para ela, ou seja, com base numa repetição, não na verdade. A

Internet faz exatamente o que todos faríamos. Não está a mudar a estrutura do nosso pensamento,

porque é parecida com o nosso pensamento.

Exagero - Steven Pinker (Psicólogo cognitivo, Universidade de Harvard)

Não acredito que a Internet esteja a mudar a nossa forma de pensar. Claro que muitos aspetos da vida

da mente foram afetados pela Internet. As nossas pastas, caixas de correio, estantes, folhas de cálculo,

documentos, leitores de áudio, etc. foram substituídos por software, o que mudou de inúmeras maneiras a

nossa gestão do tempo. Mas dizer que se trata de uma alteração de como pensamos é, penso eu,

exagerado.

Relógio mental - Stanislas Dehaene (Neurocientista, Collège de France)

Poucos pensam numa mudança fundamental causada pela Internet: a alteração da nossa noção de

tempo. A vida humana, que costumava ser uma calma rotina, foi radicalmente perturbada. A nossa meta

é acelerar cada vez mais a colaboração intelectual? Ou é acelerar a exploração alheia, que nos permitirá

dormir tranquilamente, enquanto outros fazem o trabalho sujo? As nossas opções políticas de base, essas,

permanecem inalteradas.

Ligar é desligar - Marc Hauser (Psicólogo e biólogo, Universidade de Harvard)

A nossa capacidade de estabelecer ligações através da Internet poderá estar a criar uma geração de

tarados sociais. Não sofro de webfobia, aproveito imenso a Internet enquanto consumidor de informação

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e sou fã do one-click da Amazon. Mas a nossa capacidade de nos ligarmos está a desligar-nos. Talvez a

Web 3.0 inclua uma função para segurar virtualmente a mão dos nossos amigos do Twitter.

Atenção diminuída - Nicholas Carr (Escritor)

Os meus hábitos mentais e de leitura alteraram-se radicalmente desde que me liguei pela primeira vez

à Web, há uns 15 anos. Hoje, faço o grosso das minhas leituras e pesquisas on-line. E o meu cérebro

mudou por causa disso. À medida que fui ganhando jeito na navegação pelos rápidos da Net, senti um

decréscimo da minha capacidade de focar a minha atenção. A minha experiência pessoal leva-me a crer

que o que nos arriscamos a perder é pelo menos tão grande quanto o que poderemos vir a ganhar.

Internet light - Rodney Brooks (Informático, MIT)

A Internet está a roubar-nos a nossa atenção. Infelizmente, muitas das coisas que nos oferece são

apenas refrigerante açucarado para a mente. Precisamos (pelo menos eu) de ter uma Internet light, uma

versão que nos dê a cafeína intelectual que nos permita realizar as nossas aspirações, mas que não nos

transforme em drogados intelectuais hiperativos.

Bondade humana - Paul Bloom (Psicólogo, Universidade de Yale)

A disponibilização de informação na Internet mostra quão grande é a generosidade humana e como a

tecnologia pode aumentar e expandir este traço positivo da natureza humana, com resultados realmente

benéficos. Diz-se há muito que a Web nos tornou mais inteligentes, mas acho que também no pode ter

tornado mais simpáticos.

Milagre e maldição - Ed Regis (Jornalista de ciência)

A Internet não está a mudar a minha forma de pensar (nem a de ninguém). Continuo a utilizar o meu

cérebro, os meus sentidos e a considerar a informação relevante. Não há outra maneira de pensar! O que

mudou para mim é a minha utilização do tempo. A Internet é ao mesmo tempo o maior poupador e o

maior desperdiçador de tempo da História.

Ana Gerschenfeld, In Público, publicado em 8 de janeiro de 2010. Disponível em: http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/a-internet-esta-a-mudar-a-nossa-forma-de-pensar-1416806

Cantora, Isabel Novela fala de internet e música

No âmbito do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, assinalado este 17 de

Maio, a Rádio ONU em Maputo conversou com a cantora

moçambicana, Isabel Novela.

A intérprete destaca a importância da internet na divulgação do

seu trabalho, apontando como marco o contrato com a editora

responsável pelo seu primeiro CD. A comemoração visa, de entre

outros objetivos, despertar a consciência para o uso da rede e os

seus benefícios.

Na conversa, Isabel Novela afirma que a internet tem sido uma

ferramenta para melhorar a sua performance no palco, assim como

solucionar questões fora da vida artística.

Aos internautas, o apelo da artista é que estes "não se esqueçam que apesar de a internet facilitar a

comunicação, os seres humanos devem procurar interagir fisicamente."

Entrevista conduzida por Ouri Pota, Rádio ONU em Maputo, disponível na Radio ONU disponível em: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2014/05/entrevista-cantora-isabel-novela-fala-de-internet-e-

musica/index.html?app=2&lang=pt#.Vk29UXbhAdU

Isabel Novela. Foto: Ouri Pota.

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Historiadora moçambicana fala das vantagens da internet para museus

A propósito Sobre esta data, do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação,

celebrado a 17 de Maio, a Rádio ONU, em Maputo, conversou com a historiadora e curadora da Fortaleza

de Maputo, Matilde Muocha. Ela destacou os ganhos obtidos através da internet, na área de museus

e patrimónios.

"Eu penso que um dos maiores ganhos da Internet neste momento é que temos espaço para poder

ampliar público, os nossos museus, os nossos monumentos podem ser apreciados e os conhecimentos

podem ser adquiridos a uma dimensão do mundo porque a partir do instante que nós temos a

informação disponibilizada, qualquer pessoa a nível do mundo pode aceder os nossos serviços, aceder a

nossa informação."

Na entrevista, ela mencionou também a pós-graduação que fez, através da internet. "Eu fiz há pouco

tempo uma pós-graduação em “Gestão de cidades e empreendimentos criativos” na Universidade

Nacional de Córdoba na Argentina. Eu fiz toda a pós-graduação on-line, eu não precisei de sair de

Moçambique. Eu poupei nas passagens aéreas, na hospedagem, eu simplesmente tive que pagar propinas

e acedi aos melhores professores do mundo, outros professores estavam nos Estados Unidos, na Espanha

, na Argentina, no Brasil foram meus professores, eu não teria essa oportunidade sem Internet."

Entrevista conduzida por Ouri Pota, Rádio ONU em Maputo, disponível na Radio ONU disponível em:

http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2015/05/historiadora-mocambicana-fala-das-vantagens-da-internet-para-museus/#.Vk2-xXbhAdW

Sociedade em rede

O nosso mundo está em processo de transformação estrutural desde há duas décadas. É um

processo multidimensional, mas está associado à emergência de um novo paradigma tecnológico,

baseado nas Tecnologias de Comunicação e Informação, que

começaram a tomar forma nos anos 60 e que se difundiram de

forma desigual por todo o mundo. Nós sabemos que a tecnologia

não determina a sociedade: a sociedade é que dá forma à tecnologia

de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas

que utilizam as tecnologias.

Além disso, as Tecnologias de Comunicação e Informação são

particularmente sensíveis aos efeitos dos usos sociais da própria

tecnologia. A história da Internet fornece-nos amplas evidências de

que os utilizadores, particularmente os primeiros milhares, foram,

em grande medida, os produtores dessa tecnologia.

Contudo, a tecnologia é condição necessária mas não suficiente

para a emergência de uma nova forma de organização social baseada em redes, ou seja, na difusão de

redes em todos os aspetos da atividade na base das redes de comunicação digital. Este processo pode ser

relacionado com o papel da eletricidade ou do motor elétrico na difusão das formas organizacionais da

sociedade industrial (por exemplo, a grande fábrica industrial e a sua relação com o movimento laboral)

na base das novas tecnologias geradas e distribuídas eletricamente. Pode argumentar-se que,

atualmente, a saúde, o poder e a geração de conhecimento estão largamente dependentes da capacidade

de organizar a sociedade para captar os benefícios do novo sistema tecnológico, enraizado na

microeletrónica, nos computadores e na comunicação digital, com uma ligação crescente à revolução

Imagem disponível em: http://www.unmultimedia.org/radio/portugues

e/2015/05/historiadora-mocambicana-fala-das-

vantagens-da-internet-para-museus/#.Vk2-

xXbhAdW

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biológica e seu derivado, a engenharia genética. Já teorizei sobre como a estrutura social de uma

sociedade em rede resulta da interação entre o paradigma da nova tecnologia e a organização social num

plano geral. (...)

A globalização é a forma que toma a difusão da sociedade em rede a uma escala planetária, e as novas

tecnologias de comunicação e transportes fornecem a infraestrutura necessária ao processo de

globalização. As novas tecnologias de comunicação também

auxiliam a operacionalizar, na atualidade, um complexo

estado em rede, mas é mais uma ferramenta de performance

do que um fator determinante. A transição de um estado

nação para um estado em rede é um processo organizacional

e político lançado pela transformação da gestão política,

representação e dominação nas condições da sociedade em

rede A sociedade em rede não é o futuro que devemos

alcançar como o próximo estádio do progresso humano, ao

adotarmos o paradigma das novas tecnologias. É a nossa

sociedade, em diferentes graus e com diferentes formas,

dependendo dos países e das culturas. Qualquer política,

estratégia, projeto humano, tem que partir desta base. Não é

o nosso destino, mas o nosso ponto de partida para qualquer

que seja o "nosso" caminho, seja o céu, o inferno ou, apenas, uma casa remodelada.

As pessoas, os atores sociais, as empresas, os políticos, não têm que fazer nada para atingir ou

desenvolver a sociedade em rede. Nós estamos na sociedade em rede, apesar de nem todos, nem todas

as coisas estarem incluídas nas redes. Assim, do ponto de vista político, a questão-chave é como proceder

para maximizar as hipóteses de cumprir os projetos individuais e coletivos expressos pelas necessidades

sociais e pelos valores, em novas condições estruturais. Por exemplo, uma cobertura total de

comunicação digital em redes de banda larga, por cabos ou sem fios, é certamente um fator condi-

cionante para os negócios poderem trabalhar dentro de um modelo de redes de empresas ou para a

formação virtual ao longo da vida, um aspeto essencial numa organização social baseada no

conhecimento. Contudo, a introdução da tecnologia só por si não assegura nem a produtividade, nem a

inovação, nem melhor desenvolvimento humano. Quando, no ano 2000, a União Europeia aprovou uma

estratégia conhecida como a Agenda de Lisboa, para acompanhar os EUA em termos de competitividade

económica, enquanto fortalecia o modelo social europeu, a ênfase foi colocada principalmente na

atualização tecnológica e no melhoramento das capacidades de pesquisa. A infraestrutura tecnológica

europeia melhorou consideravelmente, mas os efeitos na produtividade, na formação, na criatividade e

na iniciativa empresarial, foram muito limitados.

Manuel Castells, 2005, A sociedade em rede: do conhecimento à acção política, Imprensa Nacional- (Casa da Moeda (adaptado)

A internet como meio de oportunidades

Na Internet surgem hoje em dia grandes oportunidades comerciais. É dada a possibilidade a qualquer

empresa de se dar a conhecer a nível mundial, publicitar os seus produtos e/ou serviços a uma vasta

gama de potenciais consumidores e, talvez o ponto mais importante, com custos reduzidos. A utilização

da Internet como meio acessório de publicidade é já hoje um facto inquestionável, veja-se a quantidade

de anúncios publicitários na televisão e rádio que incluem referências às home-pages Internet das

A Sociedade da Informação está

baseada nas Tecnologias de Informação e

Comunicação que envolvem a aquisição.

O armazenamento, o processamento e

a distribuição da informação por meios

eletrónicos, como rádio, televisão,

telefone e computadores, entre outros.

Estas tecnologias não transformam a

sociedade por si só, mas são utilizadas

pelas pessoas nos seus contextos sociais,

económicos e políticos, criando uma nova

comunidade global e local: a Sociedade da

Informação. In http://www2.ufp.pt/-lmbg/reserva/

Ibg_socinformacao04.pdf. Junho de 2010

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próprias empresas, sendo esta situação ainda mais notável

nas cadeias televisivas de distribuição global. Também a

utilização da Internet como meio primordial de publicidade

é um facto, e como exemplos poder-se-ão citar as

referências publicitárias que se fazem em endereços

Internet.

Este novo tipo de publicidade permitirá alterações

profundas na sua própria produção, uma vez que, ao

contrário do método tradicional, em que a mensagem é

difundida numa relação de um para muitos e em sentido

unidireccional, agora é permitido algum tipo de

interactividade entre o emissor e o receptor da mensagem, podendo ser por isso consideravelmente mais

eficaz.

Outra vantagem que uma empresa pode extrair do comércio electrónico na sua gestão diária é a

possibilidade de efectuar vendas directamente aos seus clientes, sem que haja a necessidade de

intermediários e distribuidores, para além de poder ter tais “lojas” virtuais abertas 24 horas por dia.

Tendo consciência deste facto, muitas empresas já integraram este conceito na sua gestão e actualmente

verifica-se um aumento considerável no número de

sites Internet que disponibilizam uma variedade

enorme de produtos e serviços por meios

electrónicos.

À primeira vista, as áreas de negócio mais

adequadas para a migração para o comércio

electrónico são aquelas relacionadas com produtos

digitais (e.g., software, música) e com a edição e

distribuição de informação (e.g., notícias em formato

electrónico), uma vez que permitem e requerem

uma entrega imediata do produto. No entanto, e

mais recentemente, tem-se vindo a notar um

aumento considerável no número de empresas que

promovem a venda dos seus produtos através de catálogos ou programas/anúncios televisivos, sendo a

encomenda efectuada por contacto telefónico e o pagamento feito contra reembolso ou através de

cartão de crédito. Estas empresas poderão rapidamente adequar os seus processos ao conceito de

comércio electrónico, e retirar daí claras vantagens da utilização da Internet.

O maior dos desafios colocado pelo comércio electrónico será provavelmente outro – a abertura a

novos mercados com dimensão tendencialmente global, onde a única fronteira é a infra-estrutura de

informação de suporte. À luz desta nova dimensão, as empresas terão de reconsiderar as suas

actividades. O que não fazia sentido económico à escala local, poderá agora fazê-lo à escala global. Por

arrastamento, é necessário conhecer esse novo mercado (por exemplo, os seus hábitos, as suas

expectativas) e adequar a estrutura empresarial e a capacidade de resposta, reforçando necessariamente

os consumidor português para a alteração das suas formas de consumo (veja-se noutro contexto a rápida

adesão ao consumo parâmetros de qualidade. Paralelamente, a redução dos custos nas grandes

superfícies e à compra por catálogo) de transacção é um dos efeitos esperados e, uma vez provado, pode

levar à expansão do conceito.

A relação entre a dimensão da empresa e a adopção desta nova forma de comércio não é linear. Se

por um lado, as grandes empresas possuem vastos meios clássicos de distribuição que precisarão de ser

Imagem disponível em:

http://blog.sigaorastro.com/operacao/comercio-

eletronico/

Imagem disponível em:

http://gazetarussa.com.br/articles/2012/02/27/receita_com_p

ublicidade_na_internet_ultrapassa_a_de_publicacoes_impr_14

249

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redefinidos face à nova realidade, as PMEs apenas terão a ganhar com um mercado mais alargado, em

que as formas de distribuição serão criadas

à medida da nova envolvente. Por outro

lado, as empresas de maior dimensão têm

meios para realizar o investimento em

formação e equipamentos, bem como o

poder de persuadir os seus fornecedores a

aderirem conjuntamente ao sistema de

comércio electrónico, algo em que as PME

têm maior dificuldade.

A própria estrutura do mercado e as

relações entre comprador e vendedor

serão postas em causa pela expansão do

comércio electrónico. Por intermédio de uma disponibilidade acrescida de informação relativa aos

intervenientes no mercado e aos produtos, e à eventual entrada de novos protagonistas, poderá surgir

um ambiente de mercado onde as relações entre parceiros comerciais tendem a não ser estáveis, mas

função da situação circunstancial do negócio e escolhidas transacções a transacção (escolha no momento

do parceiro com preço, disponibilidade da mercadoria e tempos de entrega mais convenientes). Não se

exclui, no entanto, a hipótese de as relações comerciais poderem fortificar-se, devido à crescente

importância das relações pessoais e da confiança entre empresas num ambiente muito dinâmico.

Por último, a função de intermediário é por muitos considerada ameaçada num futuro mercado

electrónico, em virtude da infra-estrutura de informação permitir o contacto directo entre o produtor e

consumidor. Tal pode, no entanto, não levar à dispensa de todo o tipo de intermediários – se admitirmos

que o uso de outsourcing (contratação externa) será reforçado neste ambiente, incluindo a sua aplicação

às funções de coordenação da relação produtor/consumidor. Inclusive a própria criação de novas funções

intermediárias – como sejam as de busca, criação de espaços comerciais virtuais, grupos de utilizadores

ou agentes inteligentes– surge como perfeitamente plausível.

Algumas vertentes do comércio electrónico, nomeadamente no que se refere ao consumidor final e ao

pagamento electrónico de bens e serviços, não são novidade na sociedade portuguesa. Serviços como o

Multibanco, o Porta-moedas Electrónico, a Via Verde, os diversos bancos electrónicos e o TV Shop são já

realidades incontornáveis. Muitas destas actividades de comércio electrónico são casos de sucesso e

indícios claros da predisposição do consumidor

português para a alteração das suas formas de

consumo (veja-se noutro contexto a rápida

adesão ao consumo nas grandes superfícies e à

compra por catálogo).

O tecido empresarial português, e

especialmente as PMEs, deve ser objecto de

iniciativas de divulgação das diversas formas de

comércio electrónico. Se inicialmente tendem a

ser encaradas apenas como mais uma vantagem

competitiva, a curto/médio prazo decidirão

inclusive da sobrevivência da empresa no mercado. (…)

Existem, contudo, algumas reticências na utilização do comércio electrónico principalmente por

parte dos utilizadores. Tais reservas prendem-se com alguma desconfiança sobre a segurança dos dados

transmitidos através da Internet.

Com efeito, o facto de a Internet ser uma rede aberta, que não é propriedade de ninguém e a quem todos

têm acesso, provoca nos utilizadores receio quanto à transmissão de dados pessoais e informações

confidenciais (por exemplo, número do cartão de crédito). Talvez por esta razão, algumas empresas que

Imagem disponível em: http://www.agenciasi.com.br/apresentacao-

loja-virtual/

Imagem disponível em: http://onegociodovarejo.com.br/comercio-

eletronico-varejo-nao-esta-preparado-para-os-smartphones/

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utilizam os seus sites Internet para vender os seus produtos ou serviços requeiram uma confirmação da

encomenda via telefone ou fax. Se por um lado, este método tradicional permite descansar de alguma

forma os “compradores”, também permite às empresas evitar “encomendas fantasma” efectuadas por

gente que apresenta dados falsos.

No entanto, o potencial de mercado abrangido por estas empresas fica à partida fortemente limitado

em termos geográficos, uma vez que dificilmente os compradores estarão na disponibilidade de efectuar

chamadas telefónicas, eventualmente internacionais.

Um dos principais obstáculos à utilização extensiva do comércio electrónico nas relações entre as

empresas os seus clientes é, por isso, a segurança e confidencialidade na transmissão de dados e nos

pagamentos, uma área em que se estão a desenvolver grandes esforços de normalização à escala

internacional, por parte de empresas de software e de entidades emissoras de cartões de crédito, em

que a própria Unicre, em Portugal, está envolvida.

Uma abordagem diferente é a seguida por empresas da área financeira que pretendem oferecer

serviços bancários na Internet, criando verdadeiros “bancos virtuais”, suportados em software que

permite a transmissão cifrada e segura de informação, criando a possibilidade de todo o tipo de

transferências bancárias similares aos bancos tradicionais.

Não obstante os desenvolvimentos tecnológicos virem a permitir a total segurança da transmissão

de dados e pagamentos, algumas medidas devem ser tomadas para a protecção quer dos consumidores

quer das próprias empresas.

Para um sucesso alargado do comércio electrónico cabe ao Estado proporcionar às empresas a

envolvente adequada em algumas áreas ainda com largas carências. É necessário criar mecanismos de

certificação e reconhecimento jurídicos para o comércio electrónico. A proliferação de bens electrónicos

de consumo levanta questões importantes no âmbito dos direitos de autoria e da utilização sequente que

devem merecer atenção acrescida.

Assiste-se a um desenvolvimento acelerado e disperso de

métodos de pagamento electrónico. Há que fomentar de forma

expedita a sua harmonização, interoperabilidade e segurança, por

forma a conceder-lhe a credibilidade e massa crítica necessárias. Os

actuais sistemas fiscais terão que ser revistos para acautelar os

interesses do Estado face às crescentes transacções comerciais

electrónicas e à desadequação da sua tributação.

In TIC – Cadernos Técnicos. Associação Industrial do Minho [Consultado em 2015-10-05 15:23] Disponível na Internet em: http://www.aiminho.pt/imgAll/file/Manuais/TIC.pdf

A arte não existe sem a técnica: relação entre arte e tecnologia

O artista e a arte procuram reivindicar a sua autonomia e independência em relação a outros setores

da sociedade, defendendo o valor da “arte pela arte”. Nos últimos séculos ganhou força a ideia do artista

como criador individual, muitas vezes como um génio inspirado. O trabalho artístico adquiriu um caráter

essencialmente individual e com forte cunho subjetivo.

Existe uma determinada visão que coloca a arte e a cultura de um lado e a tecnologia de outra, como

se fossem inimigas. Esta visão surge no Romantismo e foi acentuada a partir da Revolução Industrial. Os

Principais vantagens para as empresas da adesão ao comércio electrónico

A superação da habitual morosidade dos processos tradicionais (encomenda, pagamento, entrega) aumentando a velocidade de resposta da empresa, com acréscimo de eficiência;

A melhoria da qualidade de alguns processos, pela diminuição da taxa de erros (emissão de facturas, recolha de reclamação de clientes);

E a minimização das existências em stock (a produção deixa de ser feita pela lógica da oferta e passa a ser orientada pela procura, segundo o princípio de vender primeiro e produzir depois).

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produtos industriais passaram a adquirir caráter estético e a competir com a arte. (…) Os gregos não

faziam qualquer distinção de princípio entre arte e técnica, e esse pressuposto atravessou boa parte da

história da cultura ocidental, até ao Renascimento. Para um homem como Leonardo da Vinci, pintar uma

tela, estudar a anatomia humana e a geometria euclidiana e projetar o esquema técnico de uma máquina

constituíam uma única atividade intelectual.

A referida dicotomia ainda hoje é motivo de polémica: ainda se discute se a fotografia, o cinema, o

vídeo e a televisão, a computação gráfica e os produtos gerados por essas tecnologias são arte ou não. Os

que se recusam a aceitar a interdependência entre a arte e a tecnologia. Esquecem-se de que a arte e a

tecnologia sempre estiveram de mãos dadas. Em todos os períodos da História da Arte as evoluções

técnicas influenciaram a arte. Os mosaicos, a pintura a óleo, as gravuras, foram técnicas e procedimentos

inéditos no seu tempo. Os artistas sintonizados com sua

época acompanharam essas mudanças e incorporaram as

novas tecnologias nas suas obras.

A história da arte não é apenas a história das ideias

estéticas, como se costuma ler nos manuais, mas também e

sobretudo a história dos meios que permitem dar expressão

a essas ideias. Tais mediadores, longe de se configurarem

dispositivos neutros e inocentes, acabaram por desencadear

mutações sensoriais e intelectuais que foram, muitas vezes,

o motor de grandes transformações estéticas.

O advento de novos materiais e de novas tecnologias,

não somente na arquitetura mas também na música, na

pintura, na escultura, foram revolucionando a arte e abriram

caminho para novas formas artísticas. Essas mudanças acentuaram-se a partir do século XVIII, com o uso

de novos meios mecânicos, como a fotografia e o cinema e, mais ainda, com as tecnologias eletrónicas: a

televisão e o computador.

Nesse contexto, a emergência do capitalismo representou não

somente o surgimento de um novo modo de produção económica

como também o surgimento de uma nova ordem cultural, que se

expressa na substituição do trabalho manufaturado e artesanal

pela produção em série na linhas de montagem, na utilização da

máquina no processo de produção, na fragmentação do trabalho,

no envolvimento de um maior número de pessoas na produção, na

redução do tempo de trabalho gasto na produção de cada peça, na

produção e reprodução de produtos iguais, na relativização do tempo de durabilidade das peças

produzidas que passaram então ser mais facilmente substituídas.

Estas mudanças também aconteceram no campo da produção artística. As obras de arte até então

tinham um caráter de exclusividade e de singularidade, sendo vistas apenas por um número muito

restrito de pessoas, e por isso, precisavam ser muito duráveis para que serem contempladas ao longo dos

anos. Essas características, aliadas à dificuldade de acesso por parte do público, acabou por gerar um tipo

de relação com a arte quase sagrada, com rituais típicos dos cultos. É certo que ainda hoje continuam a

ser produzidas obras desse tipo, únicas e irrepetíveis.

Contudo, como foi referido, no século XVIII ocorreram profundas mudanças na produção artística fruto

das inovações tecnológicas. A arte inaugurou sua produção em série com o aparecimento da fotografia,

do cinema etc. A fotografia e o cinema nasceram baseados em cópias. Não existe um “original” da

fotografia; o que existe é o negativo. O filme a que assistimos no cinema também não é a fita original,

Imagem disponível em: https://rafabee.wordpress.com/2010/11/22/imagem-

digital-2/

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mas uma montagem de cenas relacionadas, cortadas, editadas. A exigência de que a obra de arte tivesse

uma existência única passou a ser posta em questão e, com isso, o critério de valoração deixou de ser a

unicidade e passou a ser a quantidade de cópias produzidas. Quanto maior número de salas exibirem um

determinado filme, mais valorizado ele será. Esse tipo de produção vai deixando de ser feito por um único

artista e passou a ser produzido de maneira mais coletiva.

Apesar dos críticos consideraram que toda reprodução contribui para a perda de identidade da

originalidade, as transformações referidas apresentam um aspeto positivo: a reprodução técnica traz em

si uma possibilidade de democratização estética, desde que as obras de arte conservem as características

daquilo que até então chamaríamos de original. O aparecimento e o desenvolvimento de formas de arte

(como a fotografia ou o cinema) em que deixou de fazer sentido distinguir entre original e cópia

traduziram-se no fim de uma “aura”, o que acabou por libertar a arte para novas possibilidades. (…)

Vivemos num tempo de reinvenção da relação arte-tecnologia, em que a hibridação entre arte, ciência

e pensamento produz novos paradoxos e questões. Relação que não é nova, mas que sem dúvida é

problematizada de forma aguda no contexto atual, em que a arte busca revitalização e encontra nas

tecnologias emergentes um campo de experimentação. Hoje podemos dizer que a arte contemporânea,

na sua relação com o tecnológico, passa por uma nova série de configurações, assistindo-se à dissoluções

de fronteiras que se realizam em situações-limite produzidas por diferentes processos geradores de

objetos artísticos "paradoxais" a meio caminho entre o científico e o estético.

Janaina Pires Garcia, (2011) A arte não existe sem a técnica: relação entre arte e tecnologia. disponível na Internet

em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao_artistica/0040.html

A arte digital

A arte numérica ou arte digital engloba todas as formas de criação com recurso à linguagem digital,

onde a tecnologia é predominante. É criada com recurso a máquinas, computadores e outras tecnologias

digitais.

A arte digital, cuja aparição ocorreu na década de 80,

surgiu muito antes, na década de 60 ou mesmo na

década de 50, com o aparecimento das primeiras

consolas de mistura nos estúdios de gravação. Antes

esta forma de arte ainda era marginal e confidencial.

O movimento tecnológico e as músicas eletrónicas

contribuíram para o desenvolvimento desta nova forma

de arte na década de 90, incluindo o filme Matrix, que

ainda não é considerado como uma forma de arte

digital. Esta abrange hoje muitas disciplinas artísticas,

como o vídeo, o cinema, a televisão, o show ao vivo e

até mesmo a literatura, poesia incluída.

A arte digital é qualquer forma de arte virtual, de arte na rede. Por isso, também pode ser designada

por arte digital interativa, ciberart ou net art e inclui as seguintes dimensões: paisagens digitais abstratas,

imagens fractais, imagens em 3D, animações em computador, realidade virtual aumentada, qualquer

dispositivo com referência artística...

Para além de ser um novo suporte que oferece novas possibilidades criativas, a arte digital permite

criar maior interatividade com o público, por meio do universo da realidade virtual aumentada.

Devido à obsolescência dos medias digitais onde vão sendo guardadas as obras digitais, é muito difícil

conservá-las e reproduzi-las por muito tempo, já que os softwares e máquinas que a produziram e

projetaram já não existem.

Imagem disponível em: https://rafabee.wordpress.com/2010/11/22/imagem-digital-2/

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Lúcia Maurity y Nouira, A arte digital. Disponível na Internet em: http://br.ccm.net/faq/15410-a-arte-digital

O que é a arte digital?

“O que é a arte digital? Claro que estamos perante um terreno movediço. A arte digital é uma

disciplina onde cabem todas as manifestações artísticas realizadas por computador. Mais uma vez, se

recorre do formato digital dos “zeros e uns”, como condição provável de qualquer produção virtual. Mas

ressalve-se, que nem toda a representação digital é arte. A fronteira dilui-se, porque a arte digital

combina em grande medida arte, ciência e tecnologia. (…)

Importa ter sempre presente que uma obra de arte não se mede pelos meios utilizados na sua

produção. O que é decisivo é que a forma e conteúdo resultem num resultado convincente. Em sentido

restrito, pode definir-se produção digital como arte quando conceptualmente se utilizam as possibilidades

do computador ou da internet para se obter um resultado que não seria alcançável por outros meios.

Pertencem à arte digital as obras artísticas que por um lado tenham uma linguagem visual

especificamente mediática e por outro revelem as meta-características do meio. Por exemplo, as

digitalizações de fotos, pinturas, livros, não são tidas a priori como arte digital, mas já o uma imagem

capturada por uma máquina de filmar pode, efetivamente, ser considerada como arte digital. A arte

digital é móvel, podendo ser movimentada no telemóvel, no PDA ou no ecrã do computador ou através

da internet.

Para se produzir arte digital, primeiro o artista estrutura-a e constrói-a dentro de si. Só depois escolhe

o suporte adequado para a sua realização. É pois necessário um computador para a sua realização, mas

também condições para a partilhar em rede. O computador assume-se como um instrumento que

aumenta a potência dos meios de comunicação audiovisuais: pela primeira vez, uma mesma máquina

funciona como local de produção, distribuição e receção. O computador, e desmistificando alguma

complexidade inerente aos sistemas informáticos, é uma mais-valia em termos de uso e manipulação. (…)

No século XXI, o virtual é uma outra dimensão do real, sendo difícil integrar qualquer instância da

realidade que não seja mediada por meios digitais e pela internet nas suas mais variadas manifestações.

Acresce dizer que, para além do que se

considera unicamente como arte digital,

acrescem formas degenerativas também

indissociáveis da rede e de todo o processo

informático e computacional. Estas outras

formas funcionam de modo complementar

ou em associação como se de uma cadeia de

produção fabril se tratasse. A título de

exemplo podemos referir a netart, a

softwareart, a artmedia, a videoart, etc.. (…)

Importa também referenciar que existem

algumas comunidades virtuais de artistas,

que partilham e discutem unicamente as suas ideias em tertúlias digitais, designadamente em blogues e

fóruns, em prol da especificidade e da exclusividade da arte digital, como por exemplo, a Deviantart, a

CGsociety, a Cgarchitect.

Marcelo Andrade Rodrigues (2012) ARTE DIGITAL - Dissertação em História da Arte Contemporânea. Disponível na Internet em: http://run.unl.pt/bitstream/10362/8734/1/ARTE%20DIGITAL.pdf (adaptado)

Imagem disponível em: http://pt.wallpapersma.com/wallpaper/mulheres-luzes-

azuis-multicolor-arte-digital-3d.html

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O museu virtual

Identificar e delimitar um original produzido digitalmente é uma tarefa controversa e difícil porque a

tecnologia digital alterou o modo de produzir, de circular e de apresentar/expor a obra de arte. Há duas

vertentes muito distintas nas aplicações para museus virtuais:

- as aplicações destinadas aos museus

tradicionais, com vista a colocá-los on-line.

Trata-se de visitas virtuais teleguiadas, à

maneira de catálogo digital ou de uma moldura

interativa. São aplicações específicas, que usam

tecnologia de ponta. Para melhor

compreensão, podemos referir uma aplicação

destinada aos museus tradicionais, o

degenerativo do Google: Street View. Este,

possibilita simular percursos através de

diferentes perspetivas, funciona como plug in,

e é usado em museus de nomeada, como o Moma, a National Gallery, a Tate Britain, etc. A Casa das

Histórias conta com o Deep Zoom, uma aplicação inovadora sustentada pela alta definição da imagem

digital.

- Numa segunda vertente, o museu virtual que comporta obras virtuais e que estão unicamente no

ciberespaço, algo como o DAM (Digital Art Museum). O DAM é um protótipo, funciona como um espaço

de permuta e mediação virtual, tendo espólio digital próprio destinado a ser visto pelos utilizadores on

line. Entendemos ser este o espaço que mais espelha a obra de arte digital como um objeto social e único,

onde o original é devidamente recompensado e posto em destaque. No entanto, há a realçar que as

questões que o museu tradicional nos coloca, não se coadunam absolutamente com as do museu virtual.

É certo que nos seus fundamentos, os museus foram criados para permitirem o livre e gratuito acesso da

comunidade aos bens artísticos. Impuseram uma relação que rotulou e normalizou as obras de arte.

Atualmente esta conceção própria dos museus tradicionais não tem a mesma força de outrora e

menos ainda no ciberespaço, uma vez que toda

uma geração emergente acede à internet de modo

livre, sem custos. O que significa dizer que, de uma

forma abrangente, o museu digital é constituído a

partir das intenções que levaram os artistas a

mudar o sentido e o valor das relações que a cultura

herdada estabeleceu.

Agora estão em curso novos processos: o novo

museu tende a separar a memória do visual. Cada

vez mais a função memória do museu tende para o

arquivo eletrónico, a que se pode ter acesso quase

em toda a parte, enquanto a experiência visual é

atributo não só do formato exposição propriamente

dito, mas também do museu-edifício como espetáculo isto é, uma forma que pode circular nos media

servindo a qualidade equitativa e cultural capital. (…)

O museu virtual per si, não pertence a uma classe social nem a um grupo determinado, ou melhor, não

deveria pertencer, uma vez que as esferas elitistas do colecionismo e do consumismo no presente

apropriam-se desalmadamente dos testemunhos históricos e estéticos. A síndrome da possessão de

Imagem disponível em: http://visita-virtual-museu-

smithsonian.softonic.com.br/online

Imagem disponível em: http://www.kompete.com/node/1817

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obras de arte reverte os valores da própria arte transformada em propriedade individual. Acerca deste

sentido de posse, o que se prevê para a arte informática é ainda uma incógnita, as obras explicitamente

digitais são menos consideradas e, por conseguinte, o seu significado pouco aceite pelos canais críticos, o

que as torna menos apelativas e valorizadas. O museu virtual pertence a um novo público de arte que

participa e interage em rede, de modo a poder contribuir para que a obra exposta seja um resultado

também da sua participação. É uma alternativa tão viável como indispensável na senda da mudança dos

padrões de conhecimento, assim como de novas formas de sociabilidade. Trata-se um museu

especificamente online, à diferente das aplicações que fortalecem os museus tradicionais, tornando-os

semi-virtuais. Um museu digital não

tem correspondente física, senão

deixávamos de estar perante um

museu de arte digital efetivamente

exposta, num dado sítio também

virtual. O DAM reúne as mais

significativas produções concebidas

por computador. Além disso, suporta

uma ampla gama de informações

suplementares como biografias,

artigos, bibliografias e entrevistas.

Inclui também uma secção de ensaios

críticos e uma secção histórica que lista cronologicamente os principais eventos. À luz desta e doutras

iniciativas, é urgente que se juntem esforços que possam levar à construção de um espaço/site de mostra

de obras feitas por computador em Portugal.

Marcelo Andrade Rodrigues (2012) ARTE DIGITAL - Dissertação em História da Arte Contemporânea.

Disponível na Internet em: http://run.unl.pt/bitstream/10362/8734/1/ARTE%20DIGITAL.pdf (adaptado)

O papel das TIC na conservação da cultura e da identidade. Os museus têm como objetivo de estudar, divulgar e preservar diferentes tipologias

de património cultural. Mas atualmente, deparamos com o novo conceito que é museu virtual, isto

é, através das inovações tecnológicas, os museus têm vindo a divulgar e a preservar patrimónios

culturais através da internet, permitindo assim levar informações e conhecimentos de uma

forma descentralizada ao público não presencial, levando a que eles tenham acessos individuais e a

poderem desfrutar de uma gama de serviços áudio, vídeo e imagens de forma autónoma e mais acessível

em qualquer canto do mundo.

No entanto, os museus, enquanto elementos de identidade e de memória coletiva têm um papel

predominante no desenvolvimento da comunidade local onde se inserem, fortalecendo a identidade

dessa comunidade incentivando o desenvolvimento económico, social, turístico e cultural.

De um modo geral, são inúmeras vantagens apresentadas pela internet ao serviço dos museus. Desde

logo a possibilidade de estruturação da informação, recorrendo ao hipertexto, em diferentes níveis

articulados em função do utilizador a que dirige, dos seus interesses e necessidades de organização dos

conteúdos de acordo com as estratégias de divulgação ou educativas da instituição. A interatividade é

uma das características da internet que favorece os museus, principalmente a níveis didáticos e

interativo, em meios formais e não formais. Ela facilita a relação ativa entre o utilizador e os bens

culturais, o utilizador converte-se de um espetador passivo para o sujeito ativo, podendo interagir com a

informação disponibilizada. Nesse sentido, a internet é um meio transversal nas instituições culturais com

Imagem disponível em: http://www.snipview.com/q/Virtual_museum

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o objetivo de informar, comunicar e dar a conhecer o museu e respetivas coleções, de consolidar a

projeção externa da instituição, e atrair novos visitantes quer virtual querem presenciais.

Em Portugal, museus como o Museu Nacional de Arqueologia, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu

de Etnologia, Museu Nacional de Soares dos Reis, Museu Nacional de Azulejo, são alguns dos que têm

serviços dependentes do Instituto Português de Museus.

Estes museus apresentam e divulgam programações dos serviços educativos, mas a maioria dos

museus portugueses têm serviços de caráter informativos, e que vai sendo complementada

progressivamente pela disponibilização de vários recursos que abrangem diferentes campos de ações e se

destinam a satisfazer diferentes tipos de públicos como a criação de lojas virtuais com a disponibilização

de catálogos de publicação, réplicas e merchandising e vendas online aproveitando as vantagens da

internet.

Em jeito de finalização e aproveitando as palavras de Carla Laranjeira publicadas no seu artigo “A

Reinvenção da Arte através do ciberespaço”, “mais do que nunca, podemos hoje visitar os maiores

museus do mundo, a qualquer hora, de qualquer lugar. A divulgação através da Internet do acervo

artístico de um museu é um fator importante, quer do ponto de vista cultural, quer artístico. Para uma

instituição cultural a divulgação do seu património arquitetónico e artístico é um aspeto cada vez mais

importante da sua atividade. A difusão do seu acervo, além do intuito cultural, conduz à programação do

turismo na região onde se encontra”. Portanto, de uma forma breve e dando resposta à questão de início,

as oportunidades de difusão cultural proporcionado pelas inovações tecnológicas principalmente no

campo da oferta de um conjunto de conteúdos culturais, vieram responder às necessidades culturais dos

diferentes públicos e às exigências da atualidade.

Admaier Will Martins de Sousa, O papel das TIC na conservação da cultura e da identidade.

In https://comartecultura.wordpress.com/2012/01/03/o-papel-das-tic-na-conservacao-da-cultura-e-da-identidade/

Biblioteca tradicional vs. Biblioteca virtual

O que é, afinal, uma biblioteca virtual? Uma biblioteca que não é real? Que pode ser acedida como se

efectivamente ali estivesse, sem, de facto, estar? Que existe realmente, mas não ali, por ali não ter

existência física, palpável, mensurável? Que não se configura objectivamente em unidades cujas

características e conteúdos estão ao alcance de qualquer utilizador que por entre elas circule? Que se

consubstancia em documentos incolores, inodoros e insípidos como água transparente, sem cheiro nem

sabor?! – é que mesmo a água mata a sede, tem existência real e concreta – nada tem de virtual.

Então que virtualidades são essas, já que as características de uma biblioteca virtual se têm por

virtualidades? Existirão à medida de cada

utilizador, passando de potenciais a reais

apenas quando alguém activa um qualquer

comando que lhes dá vida e as faz passar de

uma condição a outra? E, quando isso

acontece, é, porventura, de um facto real

que falamos ou da ilusão de realidade

proporcionada por uma biblioteca

virtual? Não se passará o mesmo na

biblioteca tradicional? Será que a fronteira

entre o real e o virtual se pode estabelecer

sem qualquer dúvida, ou será que neste início de século essa fronteira não é senão uma linha traçada

Imagem disponível em: http://www.ufjf.br/secom/2012/11/08/ufjf-participa-de-

jornada-sobre-biblioteca-digital-na-argentina/

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numa época (não longínqua, contudo) em que havia que distinguir novas realidades emergentes, mas que

perdeu, entretanto, a sua razão de ser, se é que alguma vez a teve?

A biblioteca virtual é o quê, verdadeiramente? Nós diríamos que é a realidade pura e simples! A

realidade que o avanço tecnológico

proporcionou; o produto das novas

tecnologias aplicadas à produção

bibliográfica, ao acesso e à difusão da

informação. Foi um mundo novo que

se nos abriu e nos fez repensar

conceitos, desenvolver ideias

anteriormente no domínio da

imaginação, virtualmente possíveis,

mas inconcretizáveis até então. Mas

quando esse mundo passou a estar ao

seu alcance, o utilizador começou a encará-lo como uma realidade do seu quotidiano, quotidiano de

potencialidades, não de virtualidades, mais e mais aproveitadas, sem que façamos, de facto, hoje, ideia

dos limites. (…)

Porque não podemos esperar (ou será que já não sabemos...?!) perdemos bons velhos hábitos de

raciocínio, de exercício mental, de explanação de dúvidas metódicas, enfim, afastamo-nos da prática

filosófica, a qual, em boa verdade, deveria continuar a conduzir a busca do saber, onde quer que se

encontre e onde quer que estejamos. Todavia, a facilidade com que o imediatismo da resposta nos surge

é, numa grande parte das vezes, falaciosa – a boa informação, a informação pertinente, a informação

fidedigna, exige uma pesquisa criteriosa, estruturada, bem gizada, logo a definição de uma filosofia de

base que oriente o raciocínio e nos conduza pela melhor via. É que o risco de nos afogarmos no imenso

oceano da informação é exactamente semelhante ao de vivermos e avançarmos na ignorância do que é,

afinal, importante. Por isso há que navegar em embarcações seguras e, acostando, há que saber separar

o trigo do joio. Tarefa complicada, aliás, e cada vez mais difícil já que constantemente se multiplicam os

meios, os recursos, as disponibilidades, as ofertas. (…)

A difusão da informação, a comunicação deve permitir que deixe de

haver aldeias totalmente isoladas, deve contribuir para que os recursos

sejam cada vez mais partilhados, mas será sempre utópico considerar que

os avanços tecnológicos podem quebrar todas as barreiras. O que criámos

não foram bibliotecas virtuais, mas bibliotecas reais, acessíveis como

quaisquer outras, de conteúdos tão diversos quanto ilimitada é a

imaginação humana, de documentos fisicamente identificáveis, já que

existem normas internacionais que nos permitem fazê-lo, de recursos de

incomensurável e inestimável valor, insubstituíveis, também eles, pelo

menos à luz dos conhecimentos actuais. Reais, pois, se encarados no seu

contexto próprio, tanto quanto reais são os documentos que todos os

dias, felizmente, nos passam pelas mãos, nos enchem os olhos e o espírito,

nos cumulam, quantas vezes, de prazer e deleite – aqueles a que

chamamos livros e que, acreditamos, por verdadeiramente

imprescindíveis, nunca venham a desaparecer.

“Virtual”, “electrónica” ou “digital” são adjectivos usados pela necessidade de representar novas

realidades ligadas aos novos suportes da escrita (e também da imagem e do som) e aos novos meios de

Imagem disponível em: http://publiki.me/bibliotecas-digitais-um-novo-mercado-que-se-

abre/

Imagem disponível em: http://portuguese.cri.cn/721/2009/05/31

/1s108289.htm

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transmissão. Embora usados, por vezes indiscriminadamente, servem, no entanto, para caracterizar

uma mesma e imutável realidade na sua essência – a biblioteca. (…)

Que não se infira do que acabamos de expor que entendemos que nada mudou. No entanto, num

ambiente de alguma histeria, verbalizada em profecias de próximas e promissoras bibliotecas sem papel e

sem paredes, parece-nos importante não perder de

vista as bibliotecas que nos estão mais próximas, as de

hoje, ainda que em contextos tecnológicos em

permanente e rápida mutação.

Assim, em vez de nos deleitarmos com “crónicas de

mortes anunciadas” (o funeral do papel, por exemplo,

parece ainda não ser para breve!) devemos antes

trabalhar no sentido de optimizar os recursos de que

dispomos. O que temos, actualmente, são bibliotecas

híbridas: documentos em suportes variados, que

determinam diferentes tipos de leitura (presencial

manual, presencial electrónica ou digital, ausente

manual, ausente digital) associados a diferentes

possibilidades de difusão e de acesso concretizando uma relação diferente entre a leitura e a biblioteca,

marcada cada vez mais pela dicotomia presença/ausência.

Biblioteca digital, biblioteca electrónica – com certeza. Designações novas para conceitos novos. Mas,

deixemo-nos de virtualidades: elas são hoje a nossa realidade. Por força das circunstâncias que o tempo

se encarregou de esculpir, adoptámos procedimentos e rotinas que nos permitiram passar de simples

referências bibliográficas aos correspondentes textos integrais tudo em tempo real, como se dentro de

uma biblioteca tradicional estivéssemos. Se entendemos, por um lado, que nada pode substituir a

sensação inimitável de segurar um livro na mão, não devemos ter por menos certas as vantagens das

novas tecnologias. Leite, Isabel Pereira et al. Tradicional vs. virtual – questão irreal?, disponibilizado na internet em

http://web.letras.up.pt/jleite/comunicacao_bib_virt2.htm, adaptado

Arte e tecnologia

A arte digital incorpora arte e tecnologia. É um processo elaborado no computador e partilhado em

rede, quando, conceptualmente, se objetivam

resultados não alcançáveis por outros meios. Tida

como uma arte tecnológica, origina novos espaços

críticos e de pensamento. As obras daí resultantes

detêm os mesmos princípios criativos similares a

todos os outros fenómenos criativos; a evidência de

uma ideia construída na mente é a base, o que se

passa posteriormente é uma opção por parte do

artista em se vincular ao processo digital, no qual

ambiciona criar uma obra de arte puramente

virtual. É a partir desta decisão, que se estabelece uma arte de cariz digital, para daí emergir uma perene

necessidade em delimitar o espaço onde a mesma se processa, quer seja para a diferenciar quer para a

incluir ou excluir do perímetro histórico e crítico.

Imagem disponível em: https://www.google.pt/search?hl=pt-PT&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1440&bih=775&q=arte+digital&oq=arte+digital&gs_l=img.3..0l4j0i30l6.1588.3879.0.4777.

12.12.0.0.0.0.171.997.9j2.11.0....0...1.1.64.img..1.11.993.-msJ2ugQhGQ#hl=pt-

PT&tbm=isch&q=arte+e+tecnologia&imgrc=_http://www.newancorvis.eu/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemid=207http://www.newancorvis.eu/index.php?option=com_content&view=a

rticle&id=48&Itemid=207

Imagem disponível em: http://opapa-letras.blogspot.pt/p/bibliotecas-digitais.html

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A arte digital é indissociável do ciberespaço: nasce, perdura e ocasionalmente morre online, isto é,

sem Internet não faria qualquer sentido. O que

se passa é que, numa primeira fase, os cientistas

procuravam produzir algo artístico a partir de

uma máquina, situação que rapidamente se

inverteu, pelo facto de os artistas terem notado

que as práticas em curso — e em questão —

podiam transformar os processos. (…).

No final da década de 70, a realidade já

apontava para uma rutura integral com o

analógico, e apesar do ceticismo crítico e

conservador não se predispor a entender a

mudança, o facto é que efetivamente o digital

mudou absolutamente tudo para sempre. Passa-se então de uma sociedade formalmente scripto para

uma com autoestradas de informação, onde tudo acontece.

A arte digital só se consuma efetivamente no ambiente virtual na era “Paintbox”, em meados da

década de 80 graças ao aparecimento das aplicações informáticas, tais como a webart, a softwareart, a

videoart e os jogos de computador. É um tempo de maturação, onde se predefinem novos envolvimentos

em larga escala, consubstanciados na dependência dos avatares relacionais e humanos, no life time value,

na domesticação social, que nos transforma a todos em espiões legitimados uns dos outros.

A partir dosa anos 90, o computador como uma máquina, que simultaneamente “produz, distribui e

receciona sedimenta a fusão entre o humano e as tecnologias digitais. Atualmente espelhamos esta

rápida mutação, vivemos gradualmente em dois mundos, o real e o virtual, em múltiplas realidades,

ambas culturais e espirituais. (…) A modernidade não previu devidamente a hecatombe digital que

marcou o seu fim, o que significa que estamos perante realidades que justificam conotar a década de 90

como um tempo de afirmação, onde a experimental arte digital é uma realidade que se processa

globalmente e em tempo real. Em Portugal tudo isto se cola e acontece da mesma forma. Estabelecer um

ponto de situação é mais fácil do que nos anos 60 do século passado, tempos prenhes em questiúnculas

políticas que sufocaram o ativismo artístico. O relógio da arte é tão exato em Portugal como no resto do

planeta, não somos mais um país à beira mar ignorado! Há que desmistificar a nossa periferia, mais

imposta que real pelos nossos alegados parceiros europeus. Todavia, o envolvimento específico da arte

digital nacional em circuitos artísticos, nacionais ou internacionais, é insuficiente e dramaticamente

visível. O que acontece é, latu sensu, uma apropriação também da arte digital pela ditadura dos

mercados, disfarçada sob o eufemismo da economia. Os artistas, esses verdadeiros protagonistas

seminais do salto civilizacional em frente, esperam na fila para entrar num mundo com valor

acrescentado, onde o seu status está limitado pela obsessão ou pela circunstância.

Artistas referenciados como Rafael Toral, Pedro Diniz Reis, João Paulo Feliciano, entre muitos outros

mais que os holofotes da notoriedade não iluminam, ou os denominados opinion makers menosprezam e

as fontes bibliográficas do establishment ignoram, são utilizadores compulsivos dos processos digitais.

Não são artistas digitais na íntegra, no sentido de uso exclusivo, de um processo único, como o foram

Manfred Mohr, Frider Nake, Vera Molnarm mais não podem ser ignorados quando falamos de arte digital.

A arte digital é globalmente uma evidência incontornável, todavia, é preciso perceber que a rede

propicia vários tipos de novas e velhas sinergias em gestação: umas que se enquadram exclusivamente no

domínio digital; outras que apenas fazem uso do processo como um meio eficaz para outros fins. (…)

Uma coisa podemos desde já assentar: a arte digital, que parece ter sido nos primórdios apenas um

movimento gráfico, desenvolveu-se no computador, sendo atualmente o sustento de uma geração

Imagem disponível em: http://casadocriativo.blogspot.pt/2015/09/a-arte-digital-de-adam-martinakis.html

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virtual. Os anos 90 prescreveram com o esvaziamento da modernidade. O movimento artístico sedeado

na arte digital é uma evidência pós-moderna com fortes repercussões sociais e culturais, alterando

definitivamente o próprio conceito de arte.

Marcelo Andrade Rodrigues (2012) ARTE DIGITAL - Dissertação em História da Arte Contemporânea.

Disponível na Internet em: http://run.unl.pt/bitstream/10362/8734/1/ARTE%20DIGITAL.pdf (adaptado)

TIC e direitos autorais

A difusão cada vez maior das obras intelectuais pelos meios de comunicação levou à necessidade de

proteger o direito autoral pelo mundo com acordos internacionais nos quais se procura dar aos autores e

editores dos países assinantes a mesma proteção legal que têm no seu próprio país.

O direito autoral caracteriza-se por dois aspetos:

1. O moral – que garante ao criador o direito de ter o

seu nome impresso na divulgação da sua obra e o

respeito à integridade desta, além de lhe garantir os

direitos de modificá-la, ou mesmo impedir sua a

circulação.

2. O patrimonial – que regula as relações jurídicas da

utilização económica das obras intelectuais.

São obras intelectuais protegidas as criações do espírito,

expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,

tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro.

Estão incluídos:

textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

conferências, alocuções, sermões etc.;

obras dramáticas e dramático-musicais;

obras coreográficas cuja execução cénica se fixe por escrito ou por outra forma qualquer;

obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; obras fotográficas;

desenho, pintura, gravura, escultura, litografia, arte cinética;

ilustrações e mapas;

projetos, esboços e obras plásticas referentes à arquitetura, paisagismo, cenografia etc.;

adaptações, traduções e outras informações de obras originais, apresentadas como criação

intelectual nova;

programas de computador;

coletâneas, antologias, enciclopédias, dicionários, base de dados, que, por sua seleção,

organização ou disposição de seu conteúdo, constituem uma criação intelectual.

A internet e os direitos autorais

A recente explosão da informática está a provocar o surgimento de uma nova cultura, com novos

conceitos de comercialização. Um dos problemas básicos em discussão sobre a Internet é o da sua

definição como media impresso, jornais, revistas ou livros. Se fosse, estaria fora de qualquer controlo ou

censura. Caso seja do tipo não impressa, estaria submetida aos regulamentos correspondentes.

Imagem disponível em: http://www.go2web.com.br/pt-BR/blog/tribunal-de-

justica-da-ue-apenas-visualizar-coisas-online-nao-esta-infringindo-os-direitos-autorais.html

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Outro fator que complica a análise da Internet é que ela não tem um proprietário definido, um autor;

é livre, qualquer um que tenha o devido

equipamento pode aceder-lhe. Nesse caso,

como ficamos em termos de propriedade

intelectual? (…)

O importante a ressaltar é que todas as

obras intelectuais (livros, vídeos, filmes,

fotos, obras de artes plásticas, música,

intérpretes etc.), mesmo quando

digitalizadas, não perdem sua proteção,

portanto não podem ser utilizadas sem

prévia autorização. Apesar de qualquer

pessoa que tenha acesso à Internet poder inserir nela material e qualquer outro utilizador poder acedê-lo,

os direitos autorais continuam a ter sua vigência no mundo on-line, da mesma maneira que no mundo

físico. A transformação de obras intelectuais para bits em nada altera os direitos das obras originalmente

fixadas em suportes físicos.

Reprodução e cópias na Internet

O autor tem todo o direito de autorizar a reprodução de sua obra no meio que quiser, inclusive na

Internet. O que se questiona é o que é que o utilizador pode fazer com esse material. É claro que, se ele

faz uma cópia de determinado material protegido e pretende usá-la, será necessária a autorização do

autor. Qualquer texto, home page ou site que apresentar criatividade e forma original é protegido,

necessitando de autorização para ser reproduzido.

O mesmo princípio que protege a obra originária também protege os direitos conexos, portanto o uso

de imagens e sons também depende da autorização do autor para sua reprodução. O que acontece é que,

com a facilidade de manipulação com recurso a programa informáticos, é possível modificar uma imagem

a tal ponto que se torna quase impossível afirmar, ou mesmo provar, que tal imagem pertence mesmo a

seu autor.

A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos está a testar um sistema chamado CORDS (Copyright

Office Eletronics Registration, Recordation on Deposit System), que permitirá aos autores registar as suas

obras em formato digital. Dessa maneira, os livros impressos em geral, discos, fotos e filmes poderão ser

registados em bits e não mais em suportes materiais, assegurando assim os seus direitos.

A grande facilidade de reprodução e distribuição de cópias sem autorização; a facilidade de criar

“verdadeiras”

obras derivadas

por meio da

digitalização e a

facilidade de

utilização de

textos e imagens

oferecidos pela

Internet de

forma ilegal são

alguns dos vários

modos de como

os direitos

autorais são burlados. Assim como a fotocópia é um crime, que continua sendo praticado abertamente,

principalmente nas universidades pelos vários centros académicos, formando-se às vezes verdadeiras

Imagem disponível em: hhttp://tiagomadeira.com/2012/11/a-polemica-em-torno-do-marco-civil-da-internet/

Imagem disponível em: http://fernandofidelix.blogspot.pt/2014/03/o-impacto-da-criacao-de-leis-que.html

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fontes de receitas, as violações dos direitos autorais pelos utilizadores da Internet estão a tornar-se

igualmente comuns, de modo que quase ninguém acredita num controle legal, ainda mais sem uma

legislação própria.

Todas essas violações seriam legais se fosse pedida a autorização ao titular dos direitos. Para que isso

aconteça, é preciso que se criem leis claras e não um emaranhado trabalhoso de normas que, no fundo,

tornarão o licenciamento muito oneroso. Enquanto isso não ocorre, estamos fadados a conviver com esse

submundo ilegal de violações dos direitos autorais. A Internet está a criar um verdadeiro caos à medida

que rompe todas as barreiras, pois torna a proteção aos direitos autorais – que atualmente é territorial –

obsoleta. É preciso, portanto, que se crie um código universal plenamente funcional. Do contrário, vamos

continuar a perguntarmo-nos “de quem é a responsabilidade sobre os direitos autorais na Internet, sem

que consigamos encontrar uma solução satisfatória.

Martins Filho, Plínio. Direitos autorias na Internet, In http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n2/martins.pdf