núcleo gerador 5 tecnologias de informaÇÃo e...
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Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação
RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 5 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
DR2 – Tema: Micro e Macro Eletrónica
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Tema 2: Micro e Macro Eletrónica
COMPETÊNCIA: Lidar com a micro e macro electrónica em contextos socioprofissionais
identificando as suas mais-valias na sistematização da informação, decorrentes também
da especificidade de linguagens de programação empregues.
As tecnologias de informação e comunicação no contexto profissional
Chamamos Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aos procedimentos, métodos e
equipamentos para processar informação e comunicar que surgiram no contexto da Revolução
Informática, Revolução Telemática ou Terceira Revolução Industrial, desenvolvidos gradualmente desde a
segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos anos 90 do mesmo século. Estas tecnologias
agilizaram e tornaram menos palpável o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da
comunicação em redes para a captação, transmissão e distribuição das informações, que podem assumir
a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som. Considera-se que o advento destas novas tecnologias e
a forma como foram utilizadas por governos, empresas, indivíduos e sectores sociais possibilitaram o
surgimento da Sociedade da Informação.
Áreas de aplicação das TIC
São três as áreas de aplicação das TIC
a que actualmente se recorre de forma
intensiva nas diversas esferas da
intervenção humana conforme pode ser
observado no quadro abaixo:
Computador
Computar significa calcular ou contar.
Um computador é um aparelho
concebido para desempenhar cálculos e
operações lógicas com facilidade, rapidez
e fiabilidade, seguindo instruções (programas) nele introduzidas.
Sendo a Informática o tratamento da informação por
meios automáticos, e considerando o estado actual da
Tecnologia, verificamos que o computador e os sistemas
electrónicos associados são os meio utilizados para aquele
tratamento.
O computador pode ser considerado do ponto de vista
físico e nesse caso fala-se em hardware. Este é, pois, o
conjunto de componentes electrónicos e mecânicos que
formam o computador. Em contraposição ao hardware, o
software é a parte lógica, ou seja, o conjunto de instruções e
dados processados pelos circuitos electrónicos do hardware.
Em cada uma das áreas de utilização das TIC encontramos uma grande quantidade de aplicações, que revolucionaram o quotidiano dos cidadãos e das empresas.
Imagem disponível em: http://www.magazineluiza.com.br/portaldalu/como-
iluminar-seu-quarto/22637/
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O software é o que transforma o computador em algo útil para o ser humano.
O termo hardware não se refere apenas aos computadores pessoais, mas também aos equipamentos
incorporados em produtos que necessitam de processamento computacional, como os dispositivos
encontrados em equipamentos hospitalares, automóveis e telemóveis, entre outros.
A Burótica é a aplicação de equipamentos informáticos em ambientes de escritório, com vista à
realização das tarefas típicas desses ambientes, como a organização de dados, o processamento de texto,
a reprodução de documentos, a transmissão e recepção de informação sob diversas formas e a execução
de tarefas associadas à Gestão.
A Robótica recorre vulgarmente às redes de
computadores e utiliza software apropriado às
suas finalidades.
Em cada uma das áreas de utilização das TIC
encontramos uma grande quantidade de
aplicações, que revolucionaram o quotidiano dos
cidadãos e das empresas.
Comunicação
A Comunicação é essencial à condição
humana desde as mais remotas eras e consiste
numa interacção que ocorre entre dois ou mais
intervenientes, em termos de transmissão e
recepção de informação.
Comunicar à distância é hoje muito vulgar e necessário. O desenvolvimento das telecomunicações tem
vindo a aumentar a facilidade de comunicar e a diversificar as vias dessa comunicação. Assim, hoje são
utilizados diversos meios, como linhas telefónicas, cabos coaxiais, cabos de fibras ópticas, cabos
submarinos e sistemas de rádio e de satélite. Exemplos de tecnologias e serviços de telecomunicações:
• Tecnologia ADSL: permite utilizar linhas telefónicas convencionais para efectuar a transmissão de
dados de alta velocidade.
• Telemóveis: utilizam sistemas de rádio,
efectuando a comunicação sem fios.
• Computadores: se permanentemente ligados
entre si, permitem a estreita colaboração entre
fornecedores e clientes.
• Serviço de videoconferência: permite a ligação de
áudio e vídeo em tempo real, eliminando custos de
viagem e gastos de tempo. Combinando os termos Telecomunicações e
Informática obtemos o termo Telemática. Com efeito,
a presença de meios informáticos electrónicos nas
telecomunicações é hoje uma constante. A Internet,
que é uma rede formada por computadores
interligados à escala mundial. Oferecendo diversos
serviços, é um exemplo de aplicação da Telemática.
Para que uma ligação telemática seja estabelecida, é necessário recorrer a equipamentos e software
apropriados.
Imagem disponível em: https://www.google.pt/search?q=computador&es_sm=93&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAWoVChMIxaK7zsSjyA
IVBbgaCh0YVAy5
Imagem disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187811/A-m%C3%ADdia-
alternativa-est%C3%A1-incomodando-Mas-que-%C3%B3timo-sinal!.htm
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Controlo e automação
O controlo de mecanismos e de processos e equipamentos industriais é um campo de aplicação das
TIC. A Domótica, a Robótica, a simulação de veículos, o controlo de processos e instrumentos na indústria
química ou no ambiente hospitalar, são exemplos da aplicação e da importância desta área. Entre outras,
destacamos as seguintes aplicações: robótica, CAD/CAM CAD.
O termo Robótica foi criado pelo escritor de ficção científica Isaac Asimov, no seu romance "Eu, Robô",
de 1948. Este ramo da tecnologia engloba Mecânica,
Electricidade, Electrónica e Informática, trata de sistemas
compostos por máquinas e partes mecânicas e que são
controlados electronicamente, frequentemente por
computadores ou microprocessadores. Esta tecnologia,
hoje adoptada por muitas fábricas e indústrias, tem estado
em permanente desenvolvimento e obtido de um modo
geral êxito em questões como a redução de custos e de
problemas laborais e o aumento da qualidade e da
produtividade.
CAD significa Computer-Aided Design, ou Projecto
Assistido
por Computador, e utiliza-se em aplicações de criação de
produtos industriais, de Construção Civil, de Desenho
Industrial e Publicidade, facilitando grandemente os
cálculos e a criação de documentação técnica. Por
exemplo, os produtos ou os edifícios podem ser
visualizados a três dimensões (3D) ainda durante as fases
de concepção, o que traz muitas vantagens.
CAM significa Computer-Aided Manufacturing, ou
Fabrico Assistido por Computador, e utiliza-se nos
processos industriais e de fabrico, permitindo a gestão
automatizada das informações e diversos parâmetros relevantes para a produção, bem como o controlo
dos equipamentos.
In Ramos, Sérgio, Tecnologias de Informação e comunicação. [Consultado em 2015-09-23 20:11] Disponível em: http://livre.fornece.info/media/download_gallery/recursos/conceitos_basicos/TIC-Conceitos_Basicos_SR_Out_2008.pdf
Tecnologias e mudanças na vida das organizações
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são utilizadas pelos organismos da administração
pública, empresas, famílias e indivíduos. A rápida difusão das TIC exerce mutações no modo de vida das
sociedades e assume importância na vida coletiva e individual atual. A tecnologia tem origem na
sociedade, exercendo uma influência decisiva no seu desenvolvimento. A sociedade portuguesa tem
usufruído dessas tecnologias, na administração pública, central e local e na estrutura empresarial
portuguesa.
A difusão das TIC contribuiu para simplificar processos administrativos e proporcionar a redução dos
custos que lhe estão associados, contribuindo também a agilização do relacionamento com os cidadãos e
empresas.
Imagem disponível em: http://www.suggestkeyword.com/Y2FkIGNhbQ/
Imagem disponível em: http://www.beruf.com.br/catalogos/sab-gmbh-cabos-
eletricos-especiais/
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A principal forma de interação com os cidadãos e a tecnologia é a existência de canais direcionados
para sugestões e reclamações online, pagamentos e preenchimento de formulários e declarações. As TIC
são importantes em muitos setores.
O contributo das TIC para a desburocratização e a transparência aumenta a melhoria do bem-estar e
da qualidade de vida do cidadão. Os resultados relativos à disponibilização de serviços online e à
qualidade da sua prestação demonstram claramente que Portugal está ainda a dar os primeiros passos na
importância do papel das TIC enquanto instrumento potenciador da mudança e promotor da
modernização dos serviços administrativos, na cidadania e na racionalidade económica.
A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), no sistema educativo deve visar um
horizonte de atuação dos professores que não se limita à simples melhoria da eficácia do ensino
tradicional ou à mera utilização tecnológica escolar através dos meios informáticos. As TIC têm um papel
profundo na educação. Elas proporcionam:
novos objetivos para a educação que
emergem de uma sociedade de informação e
da necessidade de exercer uma cidadania
participativa, crítica e interveniente;
novas conceções acerca da natureza dos
saberes, valorizando o trabalho cooperativo;
novas vivências e práticas escolares, através
do desenvolvimento de interfaces entre
escolas e instituições, tais como bibliotecas,
museus, associações de apoio à juventude, e
outras;
novas investigações científicas em
desenvolvimento no ensino superior,
entre outros.
Todas as empresas usufruem das TIC para
controlar o fabrico, as ações, a gestão, entre muitas atividades. Os computadores gerem grandes
complexos e efetuam em segundos cálculos que demorariam muitos anos para os humanos, sendo estes
usados para controlar eletricidade, redes telefónicas, satélites e até a bolsa, controlando e movendo
assim milhares de euros.
Atualmente todas as empresas são compostas à base de computadores, reduzindo assim o número de
trabalhadores e o trabalho, exemplo da robótica e CAD-CAM.
Como referido anteriormente, todas as empresas utilizam as novas tecnologias, estando estas
presentes no trabalho. Elas são necessárias quer para quem trabalhe, como para quem está à procura
deste. Hoje em dia, a maioria dos trabalhos é gerado a partir das novas tecnologias. As TIC promovem não
só a globalização, mas também a criação de novos empregos e novas empresas, bem como novas formas
de trabalho, organização, negociação e pagamento. A maioria das famílias tem em casa um computador e
a maior parte de indivíduos já trabalha com eles, muito úteis no âmbito de pesquisa, trabalhos, lazer e
comunicação (Internet).
http://www.g-sat.net/informatica-213a/importancia-das-tic-na-sociedade-actual-24.34.03.htmI. Julho de 2010 (adaptado)
Tendências de transformação no mundo do trabalho e do emprego
A partir dos anos 70, os efeitos da recessão económica, e a crescente intensificação da
competitividade, a globalização da economia, a concorrência exercida por mercados onde o custo da
mão-de-obra é inferior (associada a processos de deslocalização), o crescimento do setor dos serviços e
Imagem disponível em:
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/saiba_quais_sa
tildeo_as_200_maiores_empresas_nacionais_de_tecnologias_de_in
formaccedilatildeo.html
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o processo de terciarização, o desenvolvimento tecnológico e a difusão de tecnologias de informação e
comunicação, as alterações nos padrões de consumo, a obsolescência cada vez mais acelerada dos
produtos, a volatilidade e a imprevisibilidade dos mercados, as pressões para o desenvolvimento,
inovação, qualidade e diversificação de produtos e serviços, são fatores que vêm alterando
profundamente as condições económicas em que as empresas se movem. Por conseguinte, estas têm
vindo a abandonar as políticas de emprego desenvolvidas nos vinte anos após a Segunda Guerra Mundial,
inerentes ao regime de
acumulação fordista e
assentes na relativa
segurança de emprego, em
favor de um novo modelo de
acumulação flexível.
No lugar das grandes
organizações empresariais,
centralizadas, verticalizadas
e burocratizadas, têm
florescido novas formas de
organização, mais
descentralizadas, horizontais,
de menor dimensão e mais
flexíveis na sua dinâmica interna. As políticas e práticas empresariais passaram a articular-se com a
gestão e a utilização flexível da mão-de-obra e os mercados de trabalho têm-se tornado mais exigentes,
diversificados e mais turbulentos.
A ênfase na flexibilidade traduz os esforços no sentido de aligeirar, eliminar rigidezes e promover a
desregulação como por exemplo, a limitação das interferências estatais, designadamente no domínio do
mercado de trabalho (menos constrangimentos no que toca ao desemprego, possibilidade de variar os
salários, recurso a modalidades flexíveis de emprego e de trabalho, diluição dos entraves à mudança
frequente de emprego, profissão, empresa ou lugar geográfico.
Esta tem sido também a posição da Comissão Europeia, sobretudo desde 1993 que passou a apontar
a flexibilidade como via para relançar a capacidade competitiva da economia europeia no sentido de
um desempenho similar ao dos EUA e do Japão, de combater os níveis de desemprego e de fomentar a
criação de emprego. Também a partir dessa altura a Comissão Europeia viu como importante para
aumentar a competitividade da Europa a aposta na
sociedade de informação (desenvolvimento tecnológico,
investimento em I&D, maior qualificação dos recursos
humanos, estímulo à cooperação entre universidades e o
"mundo dos negócios"), a conjugação entre novas
formas de organização do trabalho, pós-tayloristas, e
uma maior flexibilidade na relação de emprego, que
facilite a contratação a termo e o emprego a tempo
parcial. Pugna-se igualmente por uma nova organização
do tempo de trabalho, maleabilidade remuneratória
em função do desempenho e da produtividade das
empresas, e pela diminuição dos custos laborais
(diretos e indiretos) - propósito que, aliás, inclui o
corte das despesas em segurança social.
Imagem disponível em: https://jm430.wordpress.com/category/2014-2015-ai-10o-ano/
Imagem disponível em:
http://www.sidneyrezende.com/noticia/98178+trabalho+estra
ngeiro+cresce+quase+20+no+brasil+no+primeiro+trimestre/pr
eview
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Economia dos serviços, difusão das TIC e mudanças na estrutura socioprofissional
A partir dos anos 60, as condições socioeconómicas que haviam modelado a sociedade industrial
começaram a sofrer alterações profundas, entre as quais
importa destacar o crescimento do setor dos serviços e a
difusão de novas tecnologias (a microinformática e as
telecomunicações). Efetivamente, apesar das
especificidades inerentes a cada sociedade, e portanto da
forma singular como as mutações socioeconómicas são
absorvidas, o desenvolvimento do setor dos serviços é
sem dúvida um marco comum às sociedades
capitalistas. As tecnologias de informação e
comunicação (TIC) têm acarretado alterações de fundo
na organização da produção e distribuição de bens e serviços, na estrutura socioprofissional, nas
condições de trabalho e nas relações de emprego.
Além da expansão do leque de serviços destinados aos consumidores finais, tem-se registado uma
maior complexificação do sistema produtivo e um entrosamento entre o setor secundário e o terciário
(processo de terciarização), bem como uma crescente solicitação de atividades e funções requerendo
capital intelectual. Com efeito, cada vez mais o setor industrial absorve serviços no domínio da I&D, do
marketing e estudos de mercado, da informática e software, da consultoria em engenharia, da gestão, da
manutenção e dos serviços pós-venda, da multimédia e das telecomunicações. Além dos serviços
prestados às empresas, têm também aumentado os serviços sociais e pessoais - facto a que não tem sido
alheio o crescente peso das mulheres na atividade económica.
O desenvolvimento da economia dos serviços - incluindo o setor terciário e também o da informação
e comunicação (também designado de setor quaternário) - tem acarretado alterações profundas na
estrutura socioprofissional. As modificações têm sido de tal forma intensas que parte considerável da
literatura sugere mesmo o conceito de sociedade de informação - "entendida como uma sociedade
centrada não tanto na produção de bens, mas na produção de uma grande diversidade de serviços
baseada em conhecimentos e na produção, tratamento e transmissão de informação.
Neste cenário, enquanto se regista uma estabilização - ou, nalguns casos, mesmo declínio - dos
trabalhadores manuais e fabris (blue-collar
workers), constata-se um incremento
significativo de profissões de conteúdo muito
diversificado, quer seja daquelas de pendor
intelectual e que requerem níveis de habilitação
e qualificação elevados (profissões high-tech),
quer de profissões de rotina ligadas à operação
de dados, escritórios, comércio e serviços em
geral.
De realçar que a expansão do setor dos
serviços tem sido coetânea de outro fenómeno:
a crescente feminização do mercado de
trabalho. A participação feminina na atividade
económica não é uma realidade fenómeno nova,
mas é com a recomposição setorial da economia e com a expansão do setor dos serviços que
Imagem disponível em:
http://www.capitalteresina.com.br/noticias/concursos-e-
empregos/call-center-oferece-mais-de-400-vagas-para-operador-
24158.html
Imagem disponível em: http://www.multicom-
europe.com/en/
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efetivamente a feminização se acentua. Não só a oferta de profissões socialmente tidas como femininas
se tem vindo a expandir fortemente com o
desenvolvimento da economia dos serviços, como a
conjugação de vários outros fatores tem induzindo uma
maior disponibilidade das mulheres para participar na
esfera laboral. Assim, ao incremento significativo do
nível de escolaridade das mulheres alia-se uma
orientação mais marcada para o exercício de uma
atividade profissional, assim como a procura de
independência económica e de realização pessoal. As
alterações na estrutura familiar - passando pelo controlo
da fertilidade, pelo adiamento da idade do casamento e
da maternidade, e pelas novas formas de viver a
conjugalidade - associam-se igualmente ao aumento do
emprego feminino.
Com efeito, na Europa, a partir dos anos 80, a taxa de
emprego feminino cresceu de uma forma mais
acelerada que a de emprego masculino, ainda que a
reestruturação económica não tenha afetado de igual
modo as mulheres dos diferentes países europeus. De
acordo com Catherine Hakim, a recomposição setorial e
a expansão de profissões tipo colarinho branco
estimularam a participação das mulheres no mercado
de trabalho, uma vez que são mais atrativas para a
população feminina que as profissões típicas da
sociedade industrial (colarinho azul). De acordo com esta autora, a recomposição profissional é
essencialmente qualitativa, o que significa que as
ocupações se tornam mais qualificadas, técnicas e
neutras do ponto de vista do género, isto é, consentâneas
com a igualdade de oportunidades e de condições de
emprego entre homens e mulheres.
Todavia, esta perspetiva está longe de colher
consenso: outra linha de pensamento defende,
inversamente, que a crescente flexibilidade no mercado
de trabalho não é neutra do ponto de vista do género.
Nesta ótica, vários estudos feministas têm denunciado o
facto de a tendência para dicotomia na força de trabalho
ser indissociável de um agravamento da segregação
sexual, com as mulheres a predominarem nos segmentos pouco qualificados e remunerados da economia
dos serviços.
As novas tecnologias de informação e comunicação: efeitos na natureza do trabalho e nas relações de emprego
As empresas recorrem a sistemas tecnológicos na tentativa de inovarem e, por conseguinte, de não
(1) De acordo com esta perspetiva, algumas das características organizacionais e da natureza do trabalho, associadas à implementação das novas tecnologias, compreendem o fim do tradicional sistema de produção, dos sistemas burocráticos e opressivos tayloristas; a eliminação das estruturas hierárquicas rígidas e verticalizadas e dos princípios tayloristas de produção; a complexificação da natureza das tarefas e o investimento na qualificação; a ausência de mecanismos tradicionais de controlo; a descentralização de responsabilidades e a autonomia; a participação e ambiência democrática nas relações de trabalho; a redução (ou mesmo eliminação) da fadiga física; a relevância do trabalho de equipa; o desenvolvimento da polivalência funcional, da integração e do enriquecimento de tarefas; o fim das distinções de classe entre a mão-de-obra (redução das diferenças de estatuto dentro das organizações); a criação de políticas de recursos humanos promotoras do compromisso e do empenho organizacional; o desenvolvimento do mercado interno de emprego, a par da estabilidade e da segurança de emprego; e a promoção da igualdade de género, dada a relevância das qualificações técnicas (entendidas como socialmente neutras).
Imagem disponível em: http://asteriks.com.br/call-
center/como-tornar-gestao-de-call-center-mais-produtiva/
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perderem o ritmo ou a marcha da competitividade. Aqueles vêm permitir não só flexibilidade técnica
(as tecnologias multifuncionais possibilitam um melhor desempenho económico, produtos diversificados,
individualizados, constantemente renovados, e redução dos prazos de entrega), mas ainda flexibilidade
económica, uma vez que, mediante o seu recurso, as empresas podem atender rapidamente às
solicitações do mercado, quer em termos quantitativos quer em termos qualitativos.
As novas tecnologias têm agido, portanto, como poderosos veículos de mudanças, tanto no domínio
laboral,
profissional, como
no foro privado.
Desde os anos
70, a questão da
complexificação do
sistema
tecnológico vem
sendo objeto de intenso debate quer no contexto da Sociologia Industrial e do Trabalho, e de outras
ciências sociais, quer de sindicatos, organizações governamentais ou de outros organismos. Esse debate
pode ser alinhado em duas perspetivas dicotómicas: a otimista e a crítica. De acordo com a primeira, a
difusão de novas tecnologias está associada a uma maior autonomia dos trabalhadores,
responsabilidade e qualificação continua, assim como ao incremento de novas oportunidades de
emprego (1). Já a perspetiva crítica salienta sobretudo a tendência para a conversão do "trabalho vivo"
em "trabalho morto, ou seja, para a degradação e desqualificação do trabalho – fenómenos que correm
a par da destruição de postos de trabalho e do alargamento do exército industrial da reserva.
Nas sociedades mais informacionais o aumento do emprego tem ocorrido sobretudo nos setores de
informática, software, atividades de I&D, telecomunicações, multimédia, comunicação e imagem. Têm
também florescido outras atividades ligadas ao lazer, ao ambiente, à produção cultural, à
aprendizagem e formação, à saúde e bem-estar, e aos cuidados com a terceira idade. No domínio TIC
em particular, têm igualmente surgido novos grupos profissionais, como é o caso, inter alia, de web
designers, webmasters, operadores/as de máquinas computadorizadas, operadores/as de call centre,
analistas de sistemas de informação; programadores/as, help desks, consultores/as em serviços de
informação e comunicação, gestores/as de informação, consultores/as em e-marketing.
Segundo Carvalho Ferreira, as novas tecnologias "obrigam a uma adaptação sistemática do fator
trabalho em termos de um novo “saber fazer” expresso na exigência de novas competências, novas
qualificações, novos ritmos, novos gestos, novas pausas, novos tempos e movimentos e,
necessariamente" novas
capacidades cognitivas e
comportamentais. Com efeito, vários
estudos sugerem que, no quadro da
economia de serviços, se assiste a
uma maior diversificação das
qualificações requeridas: em
primeiro lugar, devido ao
reconhecimento da importância das
qualificações profissionais e das competências sociais, comunicacionais e emocionais (capacidade de
iniciativa, sentido de responsabilidade, disponibilidade para aceitar desafios e riscos, criatividade,
capacidade de relacionamento e de trabalho em equipa). Em segundo, dada a deslocação da relevância
das qualificações centradas na função para as competências individuais, isto é, para uma centragem na
Imagem disponível em: http://www.docstibrasil.com.br/profissoes-tecnologia/
Imagem disponível em: http://www.fcsh.unl.pt/formacao-ao-longo-da-vida
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empregabilidade (focus na responsabilidade individual pelo investimento e atualização das competências,
independentemente de determinado sistema tecnológico ou organizacional).
A crescente relevância da
responsabilidade individual pela
empregabilidade ao longo da vida
compreende, efetivamente, um conjunto
de competências que extravasam as
qualificações técnicas e incluem
competências sociais - as quais, além das
supracitadas, abrangem ainda a motivação
para a formação contínua, a capacidade de
mobilidade (seja funcional ou geográfica) e
a disponibilidade para, por via do tempo de
trabalho ou da modalidade contratual, ser
numericamente flexível. Importará
certamente, mais adiante, indagar acerca dos
efeitos, nas relações de trabalho em geral e nas
relações de género, desta tendência para a individualização - tendência que aliás se estende à avaliação
de desempenho individual e consequente flexibilidade remuneratória.
Todavia, várias pesquisas apontam o facto de as qualificações solicitadas na economia de serviços e as
oportunidades de desenvolvimento profissional serem profundamente segmentadas, se não mesmo
polarizadas. Quer dizer que, a par de organizações que aliam as novas tecnologias à valorização do
conhecimento, se verifica a proliferação de outras, próximas do modelo de organização taylorista, nas
quais as tecnologias são utilizadas na ótica da monitorização e do controlo dos operadores - é o caso,
designadamente dos call centres, onde as qualificações requeridas são muito limitadas apelando
preferencialmente ao exercício do controlo emocional.
Além disso, a inovação tecnológica e o ciclo de vida
cada vez mais reduzido de cada inovação vulnerabiliza
aqueles/as trabalhadores/as cujo percurso laboral se
pauta pela instabilidade e pela escassez de oportunidades
de reconversão profissional. Segundo esta linha de
investigação, o setor dos serviços baliza-se pela
heterogeneidade e afigura-se tendencialmente dualista:
a par de atividades ancoradas a empregos bem
remunerados, seguros e muito qualificados, outras
existem que praticamente dispensam investimento em
"capital humano" e cujas condições de emprego são
precárias (baixos salários, vínculos incertos, fracas ou
nulas oportunidades de desenvolvimento profissional). É
também neste sentido que Carvalho Ferreira se
pronuncia: os indivíduos que sucessivamente vão estando vinculados por contratos precários, que
experienciam períodos de trabalho pontual interpolados com períodos de desemprego e os
desempregados em geral, dificilmente encontrarão oportunidades de saírem da base da pirâmide da
estratificação social. Mas, por outro lado, aqueles/as trabalhadores/as que vão acumulando
oportunidades de formação, de qualificação e de aquisição das competências requeridas pelas novas
tecnologias e pelas mudanças operadas na organização do trabalho, vêem acrescidas a seu favor as
Imagem disponível em:
https://fatimavale.wordpress.com/quem-somos-nos/
Imagem disponível em:
http://www.lyraconsultores.com.br/comportamento.html
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valências técnicas e cognitivas que lhes conferem empregabilidade e capacidade de integrarem o topo
daquela pirâmide.
In Casaca, Sara Falcão. Flexibilidade de Emprego, Novas Temporalidades de Trabalho e Relações de Género – A
Reconfiguração das Desigualdades no Sector do Serviços, Volume I. Universidade Técnica de Lisboa. 2005. [Consultado em 2015-10-04 22:09] Disponível na Internet em: http://www.repository.utl.pt///handle/10400.5/4658, adaptado
O teletrabalho
A disseminação de tecnologias de informação, a rápida evolução no domínio das telecomunicações e
a crescente concorrência e competitividade entre empresas, levam a que estas procurem cada vez mais
obter vantagens competitivas sobre os concorrentes, acompanhando as tendências de descentralização
decisional, relocalização da produção, reengenharia de processos e redução de custos. A adopção do
teletrabalho poderá ser uma medida importante para facilitar o alcance destes objectivos por parte das
empresas.
O teletrabalho poderá ser entendido
como um modo flexível de trabalho,
cobrindo várias áreas de actividade, em que
os trabalhadores podem desempenhar as
suas funções remotamente a partir de casa
ou de um local de trabalho (telecentro),
numa determinada percentagem dos seus
horários de trabalho. As telecomunicações e
as tecnologias de informação constituirão
cada vez mais ferramentas indispensáveis
no desempenho do trabalho remoto,
quebrando barreiras geográficas e
permitindo a partilha de informação num ambiente electrónico disperso.
A possibilidade de uma pessoa poder trabalhar em casa ou noutro sítio qualquer através de um
terminal móvel, ou ainda num telecentro comunitário local (através do qual os recursos tecnológicos e
organizacionais são partilhados por um grupo de utilizadores) perto da residência, evita um gasto diário
financeiro e de tempo em transportes, com benefícios ambientais evidentes, e permite a flexibilização
total do horário de trabalho de forma a que se estabeleça
uma melhor integração com os restantes aspectos da vida
de cada um.
O teletrabalho pode ser, no entanto, um meio de
precarização do emprego, caso não veja associados meios
cautelares de promoção da segurança na relação de
trabalho. Pode igualmente potenciar o isolamento dos
indivíduos, e há que encontrar uma solução eficaz para
que essa forma de trabalho possa ser negociada e
estudada nas suas diferentes dimensões.
Será necessário, por conseguinte, encontrar meios de
regulação destas formas de trabalho, de modo a evitar os
efeitos negativos que elas podem produzir quando forem aplicadas de modo indiscriminado e sem
controlo. A adopção deste novo regime de trabalho pelas empresas está ainda longe de poder ser
Imagem disponível em:
http://casadaconsultoria.com.br/carreira-e-vida-pessoal-
impactos-do-teletrabalho/
Imagem disponível em: http://www.caiocesarferreira.com.br/culpa-e-
mesmo-da-segunda-feira/
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massificada, quer pelos custos das tecnologias envolvidas, quer pela falta de percepção dos benefícios
que poderão advir da sua implementação como uma prática corrente nas empresas. Uma sensibilização,
no seio das empresas e dos trabalhadores, das vantagens que o teletrabalho poderá trazer, obviará
certamente a essa falta de percepção.
Por outro lado, os custos envolvidos nesta transição
estão em constante redução. Torna-se importante, nesse
sentido, ganhar algum contacto e experiência com o
teletrabalho antes de se tomarem posições radicais de
adopção ou de recusa perante esta evolução dos métodos
de trabalho.
Hoje está relativamente demonstrado que, com a
implementação do teletrabalho, as empresas podem
alcançar maiores níveis de eficiência e flexibilidade, bem
como redução de custos, nomeadamente em instalações e
logística, permitindo um aumento global da
competitividade. De facto, com uma percentagem de
empregados a trabalhar remotamente, a empresa poderá
passar a dispor de instalações de menor dimensão, ao
mesmo tempo que poderá implementar sistemas rotativos
de trabalho nas instalações, por exemplo a não distribuição
fixa de secretárias pelos seus empregados. Por outro lado,
a qualidade do trabalho é melhorada, uma vez que os teletrabalhadores poderão alcançar elevados
níveis de concentração, nem sempre possível no local habitual de trabalho, acusar menos fadiga, uma vez
que não se deslocam, e ter a possibilidade de gerir o seu próprio tempo, escolhendo os seus horários e
períodos mais produtivos.
O teletrabalho poderá funcionar como um estímulo importante no desenvolvimento económico e
tecnológico das empresas, sobretudo nas de pequena e média dimensão, que desta forma poderão
competir melhor com as empresas maiores que não optem por métodos de trabalho inovadores, mais
flexíveis e económicos. Por outro lado, o teletrabalho será também fundamental como um pólo
descentralizador dos locais tradicionais de trabalho, concentrados nos grandes centros urbanos.
A prática de teletrabalho numa empresa poderá
também representar um modo de conseguir manter
empregados qualificados, como por exemplo mulheres
em período pós-parto, que podem necessitar de maior
tempo em casa e com a família (crianças e/ou idosos),
ou, em geral, quadros retidos em casa, por razões de
doença ou familiares. Com a implementação do
teletrabalho, as empresas conseguirão também
melhorar as funções de recrutamento de empregados e
criar novas oportunidades de emprego incluindo
cidadãos com deficiências, o que lhes poderá trazer
incentivos fiscais importantes. Por outro lado ainda, o
teletrabalho poderá ser utilizado para formação dos empregados, permitindo à empresa maximizar o
retorno de investimento em acções de formação.
A adopção do teletrabalho permite ainda a uma empresa dispor de uma reserva de força de trabalho
potencial, em que é possível reunir rapidamente equipas para objectivos específicos e pontuais,
Imagem disponível em: http://portal.tjsc.jus.br/web/sala-de-imprensa/-/projeto-experimental-do-teletrabalho-
alcanca-bons-resultados-em-primeira-analise
Imagem disponível em: http://dinokasmonteiro.blogspot.pt/2012/02/teletrabal
ho.html http://dinokasmonteiro.blogspot.pt/2012/02/teletrabal
ho.html http://dinokasmonteiro.blogspot.pt/2012/02/teletrabal
ho.html http://dinokasmonteiro.blogspot.pt/2012/02/teletrabal
ho.html
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potencialmente compostas por trabalhadores altamente qualificados e dispersos geograficamente. A
constituição destas equipas com recurso a redes de teletrabalho poderá ter custos muito inferiores aos
resultantes da concentração geográfica e temporal, no modelo tradicional.
O teletrabalho poderá também tornar possível a uma dada empresa uma recuperação mais rápida de
situações impeditivas de utilização das instalações habituais, como sejam desastres naturais, condições
climatéricas bastante adversas, greves de transportes, etc. Por outro lado, uma empresa com teletrabalho
a nível internacional conseguirá ultrapassar
problemas resultantes.
A introdução do teletrabalho nas
empresas está bastante relacionada com a
disponibilidade de meios de
telecomunicações e tecnologias de
informação, bem como com a capacidade da
sua utilização por parte dos trabalhadores.
Parece assim natural que sejam empresas
nos sectores das tecnologias de informação
e dos serviços, bem como trabalhadores por
conta própria, os primeiros a aderir a
práticas de teletrabalho.
No entanto, as empresas deverão avaliar e ponderar um conjunto de questões antes de passarem a
práticas de teletrabalho. Na verdade, apesar de algumas das vantagens mencionadas, o teletrabalho
pode conduzir a dificuldades na gestão e supervisão dos trabalhadores remotos por parte dos gestores
e chefes actuais, a um sentimento de isolamento desses trabalhadores, bem como a uma afectação da
relação empresa/trabalhador.
Por outro lado, o teletrabalho poderá, para uma parte dos trabalhadores, ser sinónimo de
actividades temporárias e contratos a prazo, o que poderá levar a tensões nas relações de trabalho.
No domínio ambiental, o teletrabalho pode ter impactes benéficos, pois pode ser encarado como uma
fonte redutora de poluição, uma vez que reduzirá as deslocações diárias dos trabalhadores aos seus locais
de trabalho, ao mesmo tempo que conduz a diminuições significativas ao nível do congestionamento do
tráfego urbano.
As tarefas naturalmente mais indicadas para serem
desempenhadas em regime de teletrabalho são
aquelas que dizem respeito ao manuseamento,
processamento, transformação e disseminação de
informação. Exemplos de empregos clássicos em
regime de teletrabalho são, por exemplo, a consultoria
em geral, consultoria em tecnologias informáticas e
programação, teleformação, ensino à distância,
planeamento, controlo e consultoria financeira,
publicidade, vendas, marketing, secretariado,
tratamento de texto, edição electrónica,
contabilidade, agências de emprego, atendimento a
clientes, entre outros. É possível também criarem-se “centros de teletrabalho locais” orientados para o
auto-serviço ou para o trabalho comunitário.
O teletrabalho corresponde a uma importante ferramenta de que as empresas poderão dispor no
contexto da Sociedade da Informação, em que cada vez mais o acesso e troca de informação e o domínio
Imagem disponível em: http://prorelp.blogspot.pt/2010/10/o-rapaz-chegou-para-
entrevista.html
Imagem disponível em: http://www.trabalhenasuacasa.com.br/tag/oportunidades-de-trabalho/
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das tecnologias de informação se tornam fundamentais e sinónimos de vantagem competitiva. No
entanto, as práticas de teletrabalho deverão ser gradual e devidamente introduzidas no tecido
empresarial, devendo haver uma ponderação e divulgação dos benefícios tangíveis e não tangíveis, a fim
de evitar situações disruptivas e prejudiciais, quer para as empresas quer para os trabalhadores.
Um papel decisivo na introdução do teletrabalho deverá ser desempenhado pelo Governo,
responsável pela regulamentação e legislação, que deverá clarificar ou alterar a sua posição de forma a
apoiar a adesão ao teletrabalho, nomeadamente através da implementação do teletrabalho na
Administração Pública. O Estado, como grande empregador localizado predominantemente nos centros
das grandes cidades, deve ser o grande motor, da implantação do tele- trabalho como instrumento de
desenvolvimento regional e de melhoria das condições de vida nas Regiões metropolitanas, contribuindo
ainda para reduzir as necessidades em pesados investimentos, em infra-estruturas de transportes,
parqueamentos, etc.
In TIC – Cadernos Técnicos. Associação Industrial do Minho [Consultado em 2015-10-05 15:23] Disponível na
Internet em: http://www.aiminho.pt/imgAll/file/Manuais/TIC.pdf, Adapatado
Consequências da utilização das tecnologias de informação e comunicação em ambiente organizacional, do ponto de vista da saúde
e segurança dos trabalhadores
A introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na vida das organizações conduziu
a mudanças significativas nos métodos de trabalho, nomeadamente a possibilidade de realizar muitas
tarefas de forma rápida e simples, a recolha e partilha
de informação, ultrapassando barreiras de espaço e
tempo, entre outras. De forma simplificada e percetível,
podemos referir as seguintes vantagens na introdução
das TIC em ambiente organizacional:
• controlo de sistemas complexos (ex: controlo de
tráfego aéreo);
• comunicação electronica (ex: e-mail);
• automatização de processos;
• tratamento da informação rapidamente;
• arquivo de elevada quantidade de informação;
• redução de custos de produção (pela utilização de
máquinas mais eficientes);
• redução das necessidades de força de trabalho
(elevação de cargas);
• aumento da qualidade do produto;
• aumento da produção por unidade de tempo;
• aumento da flexibilidade do sistema de produção.
Imagem disponível em: http://www.c2com.up.pt/tm/ana_ramos/
Imagem disponível em: http://empreendedorx.com.br/coach/lucro-custo-e-relacoes-
de-producao
Página 16 de 27
No entanto, simultaneamente, assistimos ao desenvolvimento de novos constrangimentos que
colocam em risco a saúde e segurança dos
trabalhadores. (…)
Uma das preocupações actuais ao nível do trabalho
em ambiente TIC diz respeito aos problemas de saúde, a
nível músculo-esquelético, visual e
organizacional/psicossocial. O aumento da ocorrência de
Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o
Trabalho (LMERT), como por exemplo as tendinites, e o
aparecimento de sinais e sintomas de foro visual (ex:
fadiga visual), do foro psicossocial (ex: stress, ansiedade,
etc) e, acima de tudo, as consequências e custos que
estes problemas acarretam, têm sido cada vez mais
notórios, chamando a atenção da sociedade para novos
desafios que têm de ser ultrapassados.
Têm sido realizados vários estudos em áreas relacionadas com a saúde e segurança no trabalho de
forma a identificar os perigos e riscos associados ao trabalho com as TIC e as suas consequências,
principalmente na interacção dos trabalhadores com o computador. Os resultados destas investigações,
têm contribuindo para uma evolução dos conhecimentos teóricos sobre esta temática permitindo
posteriormente sua aplicação prática. Por exemplo, o formato, o tamanho dos diferentes equipamentos
(ecrã de visualização, rato, etc.) e também a forma de com eles interagir têm vindo a sofrer alterações ao
longo do tempo.
Apesar da evolução do conhecimento neste domínio, contínua a ser difícil a redução das
consequências. Uma das razões principais prende-se com o facto de, num ambiente TIC, existir uma série
de perigos de natureza diferente, que quando combinados podem desencadear riscos e consequências
variadas. Por exemplo, a realização de uma tarefa repetitiva ao nível do membro superior, pode não
desencadear uma LMERT por si só. No entanto, quando se relaciona essa tarefa de natureza repetitiva no
membro superior, com a adopção de posturas penosas e com a ausência de pausas regulares, é
expectável que a probabilidade de ocorrer uma LMERT aumente.
Assim, em alguns casos, é difícil estabelecer uma relação directa entre a exposição a um determinado
perigo e a consequência que ocorre, uma vez que, ainda que não seja facilmente ou de todo observável,
pode existir a interacção desse perigo com outro(s), e pode ser essa exposição (a esse conjunto de
perigos) a originar a consequência.
Resumidamente, existem vários factores
causais da ocorrência de uma patologia que
podem dificultar a tarefa de identificação de
perigos e riscos que lhe estão na origem. No
entanto, nem tudo pode ser visto de uma
perspectiva negativista. A duração que
determinadas lesões levam até à sua
ocorrência, pode ser uma vantagem. O facto de
determinadas lesões como por exemplo as
LMERT, na sua generalidade (dependendo da
intensidade, frequência e duração da exposição
do trabalhador aos perigos), se desenvolverem a médio ou longo prazo, pode dar tempo à ergonomia
Imagem disponível em: http://sst-ugt.blogspot.pt/2013/07/os-riscos-psicossociais-preocupacao.html
Imagem disponível em: http://sst-ugt.blogspot.pt/2012_07_01_archive.html
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para realizar as intervenções necessárias, de forma a evitar a sua ocorrência.
Por sua vez, a ocorrência de sinais e/ou sintomas prévios à patologia propriamente dita, pode ser
outra vantagem, pois servem de alerta para uma intervenção atempada. Ou seja, se for possível estar
atento ao aparecimento desses sinais e/ou sintomas, é possível desenvolver estratégias de intervenção,
de forma a resolver o problema antes de se instalar a lesão. Para isso, um dos pontos de partida deve ser
a caracterização dos elementos existentes na situação de trabalho (ex: as características antropométricas
dos trabalhadores, as características dimensionais do equipamento/material, entre outras) e a análise das
relações desses elementos com o desenvolvimento desses sinais/sintomas.
O facto de as TIC permitirem a realização de tarefas de forma mais simples e rápida (ex: o
processamento de salários antes feito em aproximadamente 3 semanas é, actualmente, com o recurso ao
computador, realizado
aproximadamente 2, 3
dias), levou a grandes
mudanças na forma de
realizar o trabalho e ao
mesmo tempo, na forma
como se está no
trabalho.
Este crescimento da
utilização do computador
levou a uma alteração na
natureza das actividades
em ambiente
organizacional, tornando-
as mais repetitivas,
principalmente ao nível dos membros superiores (interacção constante com o rato e/ou teclado), mais
individualizadas (o trabalhador interage grande parte do tempo de trabalho com o computador), e mais
monótonas.
Além disso, a utilização crescente das TIC na realização das actividades aliada à necessidade das
empresas aumentarem a produtividade, contribuiu para uma intensificação do trabalho. Esta
intensificação pode traduzir-se na realização de várias coisas ao mesmo tempo, obrigando o trabalhador a
ser mais rápido, a ultrapassar o horário normal de trabalho, a ter de realizar trabalho em casa, entre
outros.
De forma resumida, podemos identificar vários níveis de consequências para a saúde e segurança
dos trabalhadores decorrentes da utilização das TIC:
- Problemas físicos da área músculo-esquelética devido a repetibilidade de gestos, adoção de posturas
estáticas penosas, etc.
- Problemas visuais, designadamente fruto da interacção constante com ecrãs de visualização;
- Alterações psicossociais em resultado do stresse causado pela necessidade de realizar várias tarefas
ao mesmo tempo ou em tempo muito apertado.
In Pereira, David Saraiva. Utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação em Escritórios. Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Motricidade Humana.2012. [Consultado em 2015-10-05 22:14:34] Disponível na Internet em: https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/3832
Imagem disponível em: http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=20225
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Novas tecnologias e conflitos no trabalho
O recurso às tecnologias é, por vezes, um espaço de conflito no trabalho. Os empregadores querem
controlar, enquanto os trabalhadores invocam a privacidade
para limitarem este controlo.
Cada vez mais as organizações incorporam opções
tecnológicas que alteram não só a forma como se comunica
como criam condições para novas formas de organização,
realização e avaliação do trabalho. Conceitos como o de
teletrabalho e o de "networking" fazem, atualmente, parte
do léxico organizacional.
Ocorre que ao reduzirem-se as distâncias e os tempos
também se criam condições de maior exposição, permitindo
ao empregador seguir o "rasto ou pegada digital" associada
às opções e condições de utilização das tecnologias por cada
trabalhador. As motivações para este acompanhamento
fundamentam-se na gestão de modelos de controlo que
visam, por um lado a otimização do desempenho
organizacional e, por outro, a limitação de práticas
potencialmente nefastas para a própria empresa decorrentes
da utilização indevida das tecnologias pelos trabalhadores.
A utilização de suportes tão banais quanto o são os
telefones ou o recurso a tecnologias mais sofisticadas
comportam, assim, desafios e constituem-se, por vezes,
como espaços de ambiguidade e conflito em contexto de
trabalho. Os empregadores querem controlar as condições
de trabalho enquanto os trabalhadores invocam questões
de privacidade para limitar este controlo.
Neste âmbito, frequentemente levantam-se questões
associadas ao respeito pela privacidade dos trabalhadores
e a legitimidade da utilização de tecnologias tais como a
vigilância à distância no local de trabalho. Embora, esta
esteja essencialmente orientada para questões de
prevenção de roubos, violência ou sabotagem, nalgumas situações também tem sido utilizada como
mecanismo de controlo de desempenho.
Com efeito, para proteção do trabalhador, a atual legislação prevê que o empregador não pode utilizar
meios de vigilância à distância no local de
trabalho com a finalidade de controlar o
desempenho profissional do trabalhador.
Acresce que a utilização do meio em referência
carece de prévia autorização da Comissão
Nacional de Proteção de Dados, cujo pedido
deverá ser acompanhado de parecer da
comissão de trabalhadores ou, não estando este
disponível dez dias após a consulta, do
comprovativo do pedido de parecer. Esta
Imagem disponível em: https://eusr.wordpress.com/2013/07/30/sem-pedir-
empresas-espionam-ate-e-mail/
Imagem disponível em: https://eusr.wordpress.com/2013/07/30/sem-pedir-empresas-espionam-ate-e-
mail/
Tome nota
1. A utilização das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) constitui-se como um espaço de potencial conflito entre as condições de utilização e o domínio da privacidade.
2. O empregador não pode utilizar meios de vigilância à distância para controlar o desempenho do trabalhador. A prévia autorização da Comissão Nacional de Proteção de Dados é sempre necessária para a utilização destes meios.
3. O empregador pode estabelecer regras de utilização dos meios de comunicação na empresa, nomeadamente do correio eletrónico.
4. Para além da empresa, também a própria imagem e reputação dos trabalhadores pode ser prejudicada no uso das redes sociais.
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autorização só será concedida se a vigilância se revelar necessária, adequada e proporcional aos objetivos
a atingir (proteção e segurança de pessoas e bens ou quando particulares exigências inerentes à natureza
da atividade o justifiquem).
Por outro lado, o trabalhador deverá ser informado pelo empregador sobre a existência e finalidade
dos meios de vigilância utilizados, mediante afixação nos locais vigiados dos seguintes dizeres, consoante
os casos "Este local encontra-se sob vigilância de um circuito fechado de televisão" ou "Este local
encontra-se sob vigilância de um circuito fechado de televisão,
procedendo-se à gravação de imagem e som", seguido de
símbolo identificativo.
Os dados pessoais recolhidos através dos meios de
vigilância deverão apenas ser conservados durante o período
de tempo necessário para a prossecução das finalidades da
utilização, sendo destruídos no momento da transferência do
trabalhador para outro local de trabalho ou aquando da
cessação do contrato de trabalho.
De igual forma, também a utilização dos computadores em
espaço de trabalho se constitui como potencial zona de
conflito. Fazendo parte do património da organização, as
condições de utilização, devem por esta ser reguladas e
controladas sendo da sua responsabilidade não só assegurar
a sua adequação mas também a legitimidade da sua
utilização. Este ponto torna-se particularmente importante quando se atende, não só ao que refere à
legalidade dos direitos de utilização de "softwares" específicos (gestão do licenciamento do "software"),
como na responsabilidade associada à gestão de dados obtidos no âmbito da atividade (protecção da
privacidade).
Note-se que o trabalhador goza do direito de reserva e confidencialidade relativamente ao conteúdo
das mensagens de natureza pessoal e acesso a informação de caráter não profissional que envie, receba
ou consulte, nomeadamente através do correio eletrónico. Contudo, encontra-se legalmente previsto que
esta restrição não prejudica o poder de o empregador estabelecer regras de utilização dos meios de
comunicação na empresa, nomeadamente do correio eletrónico.
Uma forma de garantir a preservação da privacidade das comunicações por parte do trabalhador é
optar pelo uso consciente dos meios profissionais e dar prevalência ao recurso aos meios privados
(telefone, "e-mail", etc.) naquilo que se enquadra fora do domínio profissional, ainda que esteja
autorizado a utilizar, para o efeito, os meios disponibilizados pela organização.
Ainda que fora do tempo e espaço de trabalho, é comum a participação em redes sociais, as quais são
utilizadas como momento de partilha entre os seus membros. Numerosos trabalhadores utilizam estes
espaços como forma de "desabafo e comunhão" de perceções e vivências relacionados com o seu
trabalho e empresa. Ainda que não seja necessariamente uma opção intencional, algumas destas ações
podem ter consequências na forma como a empresa é avaliada por diferentes parceiros e até pela opinião
pública. Um estudo determinou que seis em cada dez chefias consideram relevantes os riscos associados
à utilização das redes sociais por parte dos trabalhadores, em questões de imagem e reputação da
empresa.
A utilização inadequada das redes sociais pode afetar não só a imagem da empresa como a própria
reputação dos trabalhadores. Constituindo-se como atual desafio a preocupação de fazer prevalecer uma
"marca própria" de valor crescente ao longo da vida não se poder olvidar que, cada vez mais, quer os
empregadores ou potenciais empregadores acedem às redes sociais.
In Negócios.pt . Duarte, Alzira e Torres, Cláudia .Novas Tecnologias de Trabalho. Novembro 2010 consultado em 06/10/2015
11:32. Disponível na Internet em: http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/novas_tecnologias_e_trabalho.html
Imagem disponível em: http://www.tst.jus.br/noticias/-
/asset_publisher/89Dk/content/tecnologias-de-controle-criam-novas-situacoes-de-dano-moral
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Sistemas de informação em contexto organizacional:
informática nas organizações
As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) desempenham um papel cada vez mais
importante numa organização. Com o crescimento exponencial da informação, sua recolha,
armazenamento, processamento e transmissão tornaram-se processos cada vez mais relevantes no seio
das empresas e das organizações. Neste contexto, a protecção e segurança de processos e dados é uma
das questões mais relevantes a ter em conta.
Para proteger e garantir a segurança da informação, é necessário utilizar Tecnologias da Informação e
da Comunicação seguras, não suscetíveis a falhas, mas proporcionar formação adequada aos profissionais
que lidam com recursos e dados confidenciais.
Cada vez mais é necessário aplicar medidas de segurança nas organizações, isto é, é necessário adotar
medidas de modo a tornar os ambientes
difíceis e impossíveis de serem atacados.
Assim sendo, a implementação de uma
cultura de segurança é cada vez mais
imprescindível num sistema de
informação. Para comunicação de dados dentro das
organizações, estas recorrem normalmente
a uma rede interna, fechada, restrita aos
seus membros, a intranet. Pela sua
natureza, apenas permite o acesso aos
respetivos funcionários, incorporando em
outras possibilidades, a troca de
mensagens instantâneas entre funcionários, o funcionamento de fóruns de discussão, sistemas de criação
de sites e o desenvolvimento de serviços online.
A intranet pode ser usada, também, sob forma de nuvem, ou seja, as informações e dados úteis aos
diversos setores da empresa são disponibilizados no sistema, ao qual apenas os funcionários responsáveis
podem aceder. Portanto, uma das principais características da intranet reside na sua segurança, por se
tratar de um sistema privado, fechado, diferente de empresa para empresa.
Há duas formas de acessibilidade à intranet: uma através de um sistema que é instalado nas máquinas
do ambiente organizacional, permitindo interações entre todas; a outra, é um sistema online, isto é,
através da internet, onde os funcionários acedem com seus respectivos logins e senhas, podendo ter
acesso às mesmas informações. Porém, este último pode apresentar um nível menor de segurança da
rede havendo o risco de invasão do sistema por hackers. No entanto, a decisão de implementar uma das
duas possibilidades referidas depende das necessidades e objetivos da empresa subjacentes à criação da
intranet.
Independentemente do ramo de atuação da organização, o uso da informática é hoje uma exigência
incontornável para se atingir uma boa gestão e controlo das diversas atividades desenvolvidas por todos
os setores da empresa. Portanto, para que as organizações consigam sobreviver num mundo cada vez
mais tecnológico, necessitam de estar atualizadas de modo a enfrentarem a feroz concorrência que
caracteriza a economia mundial.
In Paranhos, Filipe. A Informática nas Empresas. [Consultado em 2015-09-25 23:12] Disponível na Internet em:
https://www.oficinadanet.com.br/post/11753-informatica-nas-empresas, adaptado
Imagem disponível em: http://www.jpm.pt/pt/produtos
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Segurança da informação nas organizações
A importância das Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Organizações
Como todos sabemos, estamos envolvidos numa grande revolução tecnológica, onde a informática,
mediadora da interação entre os computadores e as pessoas,
em todos os contextos, do privado ao mundial, acabou por se
tornar numa ferramenta indispensável à vida das
organizações, em todos os setores.
Devido a todo este crescente desenvolvimento
computacional, é praticamente impossível encontrar, nos dias
de hoje, alguma empresa que não utilize a informática em
pelo menos um de seus sectores, usando-a para a
comunicação interna e externa, mas também na
contabilidade, controlo de funcionários, procura de
informações sobre a concorrência, entre outras tantas. Porém, uma das principais utilizações que as
empresas fazem da informática, graças ao seu grande poder agregador, é a automatização de processos
rotineiros que, desde sua implantação, têm sido responsáveis por uma grande redução de custos, uma
vez que antes estas atividades eram exercidas manualmente.
Segurança de dados e informação
Para o processamento e armazenamento de informação em formato digital são utilizados sistemas
informáticos, exigentes em matéria de segurança de dados e da informação. A informação consiste em
conjuntos organizados de dados, que pode incluir
a ordenação, classificação, indexação e
estabelecimento de relações, de forma a colocar
os dados num determinado contexto para
subsequente pesquisa e análise. A informação,
uma vez analisada e compreendida, transforma-se
em conhecimento.
Os dados representam um fenómeno físico
com o objetivo de desempenhar certos aspectos
do nosso mundo real e conceptual. São usados
para depositar e difundir informação e para
separar novas informações através da
manipulação dos mesmos conforme regras formais
definidas.
Um dos maiores desafios na área da produção e manipulação de dados e informação tem a ver com a
segurança, devido a problemas relacionados com os sistemas informáticos propriamente ditos, mas
também com o modo como são usados pelos utilizadores, que, por vezes, revelam falta de sensibilidade
para estas problemáticas, por falta de conhecimentos, experiência ou mesmo cuidados.
Se o que pretendemos é criar sistemas seguros, é necessário utilizar mecanismos que protejam e esses
sistemas e permitam atingir os objetivos inicialmente propostos de forma a conseguirem-se os níveis
ambicionados. Como estes mecanismos podem ser desenvolvidos sob diferentes panoramas, há que
Informação - Conjunto de dados
devidamente ordenados e
organizados de forma a terem
significado.
Dados (em informática) - Elementos
base introduzidos no computador que
uma vez tratados, permitem realizar
diferentes tarefas.
Imagem disponível em: http://seguroatualizado.blogspot.pt/2010/08/principais-
vulnerabilidades-de.html
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definir qual a incidência que os mesmos devem ter. Um dos motivos que causam vulnerabilidade na
segurança resulta da dificuldade em se conseguir dar o mesmo grau de atenção aos diversos aspectos.
Dificuldades na Segurança Informática
Não existe uma definição rigorosa de segurança informática, mas sim linhas gerais que nos podem
levar a um nível de implementação que seja o
apropriado para o nosso caso em particular. Parte
dos problemas com a segurança dos sistemas
informáticos estão relacionados decorrem
comportamentos maliciosos ou mesmo criminosos
de alguns indivíduos ou grupos. As ameaças aos
dados provêm dos blackhats, dos crackers, dos
hackers, dos script kiddies, entre outros, que
tentam aceder sem autorização à determinada
infraestrutura de computação. O indivíduo que
tenta entrar num sistema informático denomina-se
de atacante e o indivíduo que consegue entrar nos
nossos sistemas é o intruso. A maioria dos
atacantes provém do interior das organizações.
A consciência por parte dos profissionais
responsáveis de uma entidade da necessidade de
se adotar uma política de segurança é condição fundamental para a realização da mesma. A
implementação de uma política de segurança acessível numa organização deverá ser o passo inicial para o
aperfeiçoamento da segurança integral de qualquer instituição.
A formação é outro passo importante para garantir a segurança
dos sistemas, mas muitas vezes é encarada como algo
desnecessário. Contudo, tal formação é elementar para a criação de
um ambiente voltado para as questões da segurança, de modo a
envolver toda a organização. Será necessário informar todos os
colaboradores com clareza qual o seu papel em todo no plano de
segurança dos sistemas informáticos.
Uma vez decidia a implementação de um plano de segurança, os
utilizadores devem ser informados desse plano, do papel que lhes é
reservado, e uma vez implementado, deve ser avaliado
regularmente, nomeadamente através da realização de
auditorias. É também importante manter um plano de segurança
sólido ao longo do tempo. A única forma para se obter segurança
numa organização é administrar os requisitos totais de segurança, mantendo-se atento aos riscos e
permanente disponível para atuar.
A Segurança da Informação nas Organizações
Atualmente, não se pode afirmar que nenhuma organização possui as medidas de proteção suficientes
para se tornar segura. Cada vez mais se assiste a uma diversidade de ataques que exploram
Imagem disponível em: http://seguroatualizado.blogspot.pt/2010/08/principais-
vulnerabilidades-de.html
Imagem disponível em: http://seguroatualizado.blogspot.pt/2010/08/pri
ncipais-vulnerabilidades-de.html
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vulnerabilidades de software, aplicacional ou de sistema operativo. Os ataques mais frequentes são os de
acesso remoto, as backdoors aplicacionais, os erros de sistema
de operativo, as bombas do correio electrónico, os vírus e o
spam.
O ataque de acesso remoto acontece quando o atacante
consegue a capacidade de se ligar ao computador de uma
organização, de forma remota, e tomar controlo sobre este. Os
backdoors aplicacionais existem em muitos programas para
possibilitar o acesso remoto ou que ultrapasse medidas de
segurança para a correção rápida de erros. Os erros de sistema
operativo são causados pelas vulnerabilidades existentes que
vão surgindo através do processo de criação do software bem
como de algumas backdoors.
As bombas de correio electrónico apresentam-se, normalmente, como um ataque dirigido em
particular a alguém. O atacante envia a mensagem sucessivamente até ao sistema de correio electrónico
do destinatário já não poder aceitar mais mensagens.
Os vírus são a ameaça informática mais conhecida. Estes são pequenos programas capazes de se
copiarem a si próprios de computador para computador, disseminando-se rapidamente entre sistemas. A
instalação de sistemas antivírus é essencial assim como a sua configuração de forma a poderem executar-
se automaticamente em cada arranque do sistema garantindo a protecção. A actualização do sistema
operativo também é importante.
O spam é o equivalente electrónico do correio não solicitado. As mensagens spam podem ser muito
perigosas uma vez que podem conter ligações para sites web que, ao serem visitados, instalam no nosso
sistema um script que, por sua vez, pode estabelecer uma backdoor para o nosso sistema. É necessário
educar os utilizadores para que estes não reencaminhem ou distribuam material relacionado com o
trabalho. É, também, importante sensibilizá-los para não abrirem anexos de mensagens de remetentes
desconhecidos.
Existem várias políticas que podem contribuir para um nível de segurança consistente no que diz
respeito à proteção contra malware. A política de segurança
deve ser constituída essencialmente por um programa de
sensibilização e formação que capacite os utilizadores na
identificação de possíveis ameaças e a saber como proteger a
organização.
O software malicioso constitui uma das principais
preocupações para um administrador de segurança de uma
organização. Assim, deve desenvolver-se uma política de
segurança que enderece a ameaça aos sistemas e recursos de
informação.
Apesar de inúmeras medidas que possam ser adoptadas
no seio organizacional não se pode confiar que estas sejam
suficientes e que a organização está protegida relativamente a ameaças. Existem muitos erros cometidos
por autores menos informados ou consultores menos cuidadosos ou, por se permitir menos rigor no
processo de segurança.
Modelos e políticas de segurança nas organizações
Um primeiro procedimento na implementação da segurança, consiste na autentificação e controlo de
acesso aos recursos tecnológicos e aos recursos de informação, através de códigos PIN (Personal
Imagem disponível em: http://correo-hotmail.com/consejos-de-seguridad-en-outlook/
Imagem disponível em: http://cursosonline.pobrasil.org/
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Identification Number), senhas, cartões e outros métodos, devendo dar-se atenção os funcionários
contratados a termo certo ou por períodos curtos, pois estes podem constituir também uma ameaça.
Neste é fundamental existirem boas práticas na criação e gestão de palavras-passe, pois é necessário
definir prazos de validade, critérios de criação e alteração, tudo isto para evitar falsificações e outras
fraudes.
Um procedimento que pode evitar catástrofes
numa organização e que é considerado essencial,
é o de realizar cópias de segurança para a
recuperação de dados e documentos, devendo
estes backups serem regularmente verificados
para que sejam mantidos e atualizados nas
melhores condições. Deve existir uma gestão do
perímetro de segurança que consiste em manter
a estrutura interna resguardada do mundo
exterior, o que não é fácil, sobretudo quando se
utilizada a Internet. Neste caso, deve
estabelecer-se uma determinada configuração
que restrinja certos acessos de modo a evitar
problemas. A protecção do sistema, exige que toda a rede seja controlada, nomeadamente através da
criação limites de tráfego e de acesso utilizando as firewall. Os equipamentos de hardware devem
permanentemente monitorizados.
Os funcionários devem, antes de mais, realizar formação inicial e contínua na área da segurança
informática, pois só assim a política de segurança será uma mais-valia, visto que será adequadamente
aplicada. Outro cuidado a ter na área da segurança tem a ver com a necessidade d e definir critérios
seguros para a aquisição de produtos e sistemas informáticos, que devem ser usados apenas pelos
funcionários a quem estiverem adstritos. Somente técnicos especializados deverão poder intervir em caso
reparar em casos que sejam necessários de avaria dos equipamentos, tendo em vista a sua reparação. Os
sistemas deverão, evidentemente, estar corretamente
instalados e bem acondicionados.
Uma ação também imprescindível é a de controlo
ao acesso físico às instalações que deve estar bem
definido, como todos os procedimentos a adotar.
Obviamente é muito importante, e ainda mais hoje
em dia, que todo o sistema esteja protegido contra
todo tipo de malware.
Para concluir e não sendo menos importante deve
existir um controlo no que diz respeito ao correio
electrónico não só para prevenir software malicioso
como também para garantir confidencialidade. Por isso, também deve ser restrita a utilização do email
institucional.
Segurança e software
Os problemas básicos relacionados com a segurança informática têm a ver com o software e as redes.
O software malicioso ou malware tem sido um dos maiores desafios aos sistemas e utilizadores.
Imagem disponível em: http://fdr-kellydeoliveira.blogspot.pt/2010/06/seminario-14-seguranca-
em-sistema-de.htmlA
Imagem disponível em: http://www.wbrasilservidores.com.br/assistencia-tecnica
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O conceito malware foi concebido para referenciar programas ou software propositadamente gerados
para atravessar um sistema, fragmentar as políticas de segurança ou mesmo para originar ações
maliciosas ou intencionalmente destruidoras. Este termo tenta representar o conjunto de todos os tipos
de software malicioso (vírus, vermes ou bombas
lógicas).
O malware é capaz de agredir e arruinar a
integridade de um sistema de diversas formas. Os
vírus são por norma delimitados em termos da sua
aptidão para se vincularem a programas e assim
afetarem a integridade das aplicações ou dos
sistemas operativos. Alguns são capazes de residir no
sistema ou de atacarem sempre que este arranca. O
malware pode transportar assuntos que apagam
ficheiros do sistema contaminado ou até intrometer-se com dados de aplicações sujeitando a integridade
dos mesmos fazendo com que estes fiquem inválidos/inutilizáveis. O malware pode assim sujeitar
aplicações e dados de forma a que estes fiquem totalmente inutilizáveis ou indisponíveis. O êxito do
malware está intimamente ligado à capacidade de atacar o sistema no ambiente computacional geral.
Normalmente os ataques são feitos de modo aleatório fazendo com que as tentativas em ambientes
incompatíveis sejam ignoradas e as tentativas em ambientes compatíveis tenham êxito. Os vírus digitais
têm sofrido uma rápida evolução. A IBM (International Business Machines) tem-se dedicado a estudar as
semelhanças e as dissemelhanças entre esse tipo de vírus e os vírus biológicos e as respectivas
epidemiologias. Os vírus digitais têm sido cada vez em maior número e mais potentes devido ao rápido
desenvolvimento das tecnologias de informação assim como a homogeneização dos computadores.
De seguida, serão explicadas de forma resumida os tipos de software malicioso (cavalos de tróia,
vírus, vermes, rootkits, spyware, adware, bombas lógicas, os hoaxes e pranks).
Os cavalos de tróia são conhecidos por serem o maior grupo de software malicioso depois dos vírus.
São programas executáveis que se camuflam no sistema de destino como programas verdadeiros, mas
que na verdade, efetuam atos astuciosos, atuando em background durante a dissimulação da sua
atividade como jogos ou proteções de ecrã.
O vírus informático é um programa pequeno criado para contagiar ficheiros digitais, com intuitos que
podem variar entre a abertura constante de janelas na interface de um utilizador e a demolição de dados,
através da eliminação de ficheiros ou através da formatação do disco rígido do computador. Os vírus
informáticos possuem ainda outra característica que se traduz na reprodução e propagação sem o
conhecimento ou mesmo autorização do utilizador do sistema contaminado.
Os vermes são uma variante dos vírus informáticos que são veiculados pela Internet, carregando-se na
memória dos sistemas que contagiam, explorando defeitos conhecidos incitando a paragem destes.
Os rootkits são aplicações usadas para o controlo global de
um sistema tendo sido vulgarizados nos sistemas Unix. São
conjuntos de programas que se mascaram como programas de
linha de comando de administração ou se integram no kernel
(componente que gestão dos recursos do sistema e que permite
que os programas façam uso dele) do sistema operativo.
O spyware é o nome dado à tecnologia que ajuda a recolher
informações sobre o sistema que foi alvo de contágio e sobre os
utilizadores desse mesmo sistema. Adopta, muitas vezes, a forma
Imagem disponível em: http://pplware.sapo.pt/microsoft/windows
/seguranca-informatica-malware-virus-spyware-trojans/
Imagem disponível em: http://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/seguranca-
informatica-malware-virus-spyware-trojans/
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de um programa oculto colocado num computador de modo a fazer a recolha de informação sobre o
utilizador e facultá-la a prováveis atacantes.
O adware é uma forma de spyware menos
intrusiva. Pretende monitorizar a navegação na
Internet, ou seja, provoca a abertura de páginas
não solicitadas pelo utilizador, forçando-o deste
modo a ver o interior das mesmas.
A bomba lógica é um programa que atua sob
certas condições (data ou hora exclusivas). São
por norma introduzidas ou codificadas como
sendo partes de determinada aplicação no
instante do seu progresso ou administração.
Os hoaxes possuem uma ligação dupla com os
vírus. Constituem avisos sobre presumíveis vírus,
que evidentemente são inexistentes e costumam carregar consigo uma diretiva para que o utilizador os
reencaminhe (sem saber) a todos os contactos existentes no seu livro de endereços.
Por fim, os pranks constituem a cultura de computadores. Hoje em dia podem ser conseguidos
comercialmente como pacotes de software que efetuam artifícios, sem contabilizar os produtos infinitos
disponíveis como shareware.
Outras ameaças à segurança dos Sistemas de Informação
As empresas têm vindo a valorizar as suas Políticas de Segurança da Informação, investindo muitas
vezes verbas que estavam destinadas a outras áreas. Cada vez mais as organizações enfrentam riscos
significativos e complexos. A proteção dos recursos humanos, dos processos e da tecnologia é cada vez
mais difícil. O conceito de “segurança” tem mudado de paradigma e passou a incluir a proteção da marca,
propriedade intelectual, falsificação, perdas,
comércio paralelo, fraude online e fraude
tradicional.
O Facebook, Twitter, LinkedIn e outras
redes sociais permitem a comunicação entre
a empresa e os clientes de forma prática, mas
também permitem a partilha de dados e
informação confidencial com o
mundo exterior de forma fácil. As empresas
combatem de forma geral, as ameaças de
segurança colocadas pelas redes sociais e
outras tecnologias da Web 2.0, como blogues e wikis, recorrendo a tecnologias de segurança.
De acordo com a PwC Global of Information Security Survey de 2011, 77% das empresas não possuem
políticas e práticas de segurança específicas para a utilização corporativa de redes sociais, ou seja, da
tecnologia Web 2.0. É importante referir que a segurança da informação é um problema organizacional e
não um problema de Tecnologias de Informação. Mais de 70% das ameaças são internas e 60% das
fraudes são praticadas por pessoas que nunca fizeram este tipo de crime.
Imagem disponível em: http://vivaitabira.com.br/2014/index.php/dicas-de-seguranca-
em-redes-sociais/
Imagem disponível em: http://www.academiccourses.pt/Cursos/tecnologia-da-
informa%C3%A7%C3%A3o/Seguran%C3%A7a-Inform%C3%A1tica/
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Conclusão
A segurança da informação é uma prioridade cada vez mais relevante numa organização. Esta é
encarada como um requisito essencial para a garantia de vantagens competitivas a longo prazo. A
crescente utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação permite a obtenção de resultados
sustentáveis nos negócios, mas aumenta as fronteiras da segurança dos sistemas informáticos.
Devido às crescentes ameaças aos sistemas de informação, existe a necessidade de gerir a segurança
num contexto organizacional e operacional. A informação é um bem precioso dentro de uma organização
e deve ser protegida de forma adequada. A segurança da informação protege a informação contra as
ameaças externas, mas também internas. Esta é obtida através da implementação de um conjunto de
controlos que podem ser: práticas, procedimentos, políticas, funções de software, entre outras.
Devido à difusão da Internet, a informação tornou-se um meio de negócio, mas também alvo de
ataques que colocam em risco a segurança de uma organização. A facilidade de ataque através da
Internet aumentou.
Devido ao seu crescimento exponencial dos sistemas de informação, outros fatores contribuíram para
impulsionar o crescimento dos incidentes relacionados com a segurança. Um destes factores deve-se às
vulnerabilidades existentes nos sistemas.
Assim, a implementação de uma
política de segurança para proteger os
sistemas contra os diferentes tipos de
malware é fundamental. Por isso, toda a
informação numa organização deve
conter a autenticação para o controlo do
acesso à mesma, isto é, os sujeitos devem
ter requisitos para utilizarem,
modificarem ou eliminarem os dados ou
a documentação de uma determinada
entidade. Por isso, a elaboração de uma
lista de controlo de acesso é importante,
visto que controla o que cada utilizador
pode executar.
Além disso, concluímos que é
indispensável que todas as empresas
implementem um sistema que garanta a confidencialidade da informação relativamente aos indivíduos
que não estão autenticados. Este assunto continua a ser muito problemático portanto colocamos a
questão: “Será que todas as entidades possuem algum sistema de Segurança de Informação seguro?”.
Para uma visão resumida deste documento consulte aqui uma apresentação sobre segurança de
sistemas de informação
In Silva, Ana Helena da e Coelho, Cristiana Raquel. Segurança da Informação nas Organizações. Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.2013 [Consultado em 2015-09-25 23:12] Disponível na Internet em
http://web.fe.up.pt/~jmcruz/seginf/seginf.1213/trabs-als/final/G3T13-SecurOrganiz.final.pdf, adaptado
Imagem disponível em: http://virusdainternet1.blogspot.pt/2011_05_01_archive.html