letramento educação dos surdos

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Letramento educação dos surdos. LIBRAS.

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  • Rozely S. L G. ayoso

  • Educac;oo e Currculo: Fundamentos ePrticas Pedaggicas na Educac;oo de Surdos

    Coordenoc;oo GeralNclson Boni

    Cooroenaco de ProjetosLeandro Lousada

    ProleSSOfOResponsvelRezcly S. L. 3yOSO

    Coordenodora Pedogglco de Cursos EaOPror". Me. Mario Rita Trombini Gnrcia

    Projeto Grfico e Diagroma

  • "Temos o direito a sermos iguais 'litando a di-ferenca nos inferiori:a. Temos o direito a sermos diferentes

    quando a igualdade nos descaracteri:a. As pessoas querem ser

    iguais. mas querem respeitadas sitas diferencas. Ou seja, que-rem participar; mas querem tambm que .suas diferencas sejam

    reconhecidas e respeitados. 11

    Querido Acadmico

    Bem-vindo ti unidade sobre Educaco Especial. ande

    abordaremos especialmente o Currculo e O Letramento na Edu-

    cacao de Sil/dos. Iniciaremos nossa conversa P(JI1hu10 da his-tria da educaco de surdos, desde a antiguidade at os II0SS0S

    dias. Em seguida apontaremos alguns conceitos sobre a defici-ncia auditiva e surdez. Foca/izaremos tambm as tenninolo-

    gias aplicadas neste cenrio. Nossa unidade abordar ainda (1

    linguistica aplicada no ensino e aprendizagem de linguas.

  • Unidade 1 9Histria da Deficiencia e do Surdo atravs dos Tempos

    Unidade 2 19Polticas Pblicas e a Educaco de Surdos

    Unidade 3 33Ouvindo os SOIlS e Vendo o Silencio

    Unidade 4 49Conhecendo a Surdez

    Unidade 5 61Linguagem e Surdez

    Unidade 6 75Currculo e Mtodos na Educacao de Surdos

    Referencias 107

  • 9

  • Acadmico, voc eertamente j deve ter visto urnaou mais pessoas utilizando as mos para conversar, semfazer uso da palavra falada. Possivelmente, se trata de pes-soas surdas, que se utilizam das mos para se comunicar,estamos falando de surdos. Ento, o que significa ser sur-do? Ser poueo inteligente? Ter problemas de comun:ica-co? Usar as mos para se comunicar? O que existe, defato) na realidade relativa a surdez? Estes sao alguns ques-tionarnentos sugeridos pela pesquisadora Sueli Fernandes 1em sua pesquisa " possvel ser surdo em portugus"?Lingua de Sinais e Escrita: em busca de urna aproximaco.

    Ela contribui com O nosso inicio de conversa a res-peito de surdez, nos levando a questes sobre O sujeitosurdo, evidenciando que o surdo um ser com identidadee rnais ainda, nos deixando curiosos para conhecer sua his-tria. Neste captulo daremos inicio a histria da surdez edo surdo.

    Na verdade, os pontos de vista sobre a surdez va-riam de acordo com as diferentes pocas e grupos sociaisno qual sao produzidos; estas representaces daro origerna diferentes prticas sociais, que limitaro ou ampliaro ouniverso de possibilidades de exerccio de cidadania daspessoas surdas.

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    1. Professora da Univcrsidadc Federal do Paran ti, artigo elaborado cm 2001.

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  • Ainda de acordo com Femandes a histria da edu-caeo do surdo constituiu-se objetos de controversias edescontinuidades.

    Ento, agora apontaremos alguns marcos nestahistria.

    A histria das pessoas com deficiencia demoostraque, no decorrer dos sculos X a IX, as Jeis permitiam atmesrno permitiam que os recrn-nascidos com sinais dedeb lidade ou algum tipo de m formaco, fossem rnortosou largados a prpria sorte nas colinas. Este perodo dahist6ria tem O nome de exterminio. Corno fomos capazesde eliminar nossos semelhantes? Este um questionamen-to que devemos nos fazer!

    Conta a literatura que as enancas que nascam cornalguma deficiencia erarn deixadas nas estradas para m01"-rerem a mingua ou at mesmo serem devoradas por ani-mais. Na literatura antiga, a Biblia, quando faz referenciaao cego, manco e ao leproso os trata como pedinte ou re-jeitados pela sociedade.

    J o surdo segundo GOLDFELD (1997), era perce-bido de di versas formas com piedade e compaixo; comopessoas castigadas pelos deuses; ou como pessoas enfeiti-cadas. Por isso mesmo, foram abandonadas 0'0 sacrificadas.

    Ainda segundo GOLDFELD (1997)t a crenca deque a pessoa com surdez era urna pessoa primitiva, fezcom que persistisse at o sculo XV a ideia de que ele naopoderia ser educado. Sendo assim tais pessoas viviam to-talmente a rnargern da sociedade e nao tinham nenhum di-reito assegurado. Sornente no sculo XVI que aparecemas primeiras notcias de pessoas interessadas na educacode surdos.

    Ao analisar a histria da educaco especial, obser-

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  • vamos que a preocupaco em oferecer atendimento edu-cacional a pessoa com necessidades especiais revela ointeresse em investir no seu potencial para o trabalho etorn-la produtiva. Somente a partir dessa condico, o de-ficiente passa a ser mais um entre aqueles que necessitamde diretrizes que lhes assegurem a igualdade de direitospreconizados para todos os homens: "direito a educaco,trabalho e assistncia.'?

    Somente com o Abade Michel de L'Epe (1712-1789) surge 11aFranca a primeira escala para criancas sur-das, ande foi utilizada a lngua de sinais, urna combinacodos sinais com a gramtica francesa, com o objetivo deensillar a ler, escrever, transmitir a cultura e dar acesso aeducaco (SACKS, 1989).

    o mtodo de L'Epe teve sucesso e obteve os re-sultados espetaculares na histria da surdez, Em 1791) asua escola se transforma no instituto Nacional de Surdose Mudos de Paris, e foi dirigida pelo seu seguidor, o gra-mtico Sicard. (SACKS, 1989). Surge ento em 1950, naAlemanha, a primeira escoja pblica baseada no mtodooral e tinha apenas nove alunos.

    No sculo XIX, os Estados Unidos se destacam naeducaco de surdos uti lizando a ASL (Lngua de SinaisAmericana), com a influencia da Lngua de sinais francesatrazida por Laurent Cler, unl professor surdo francs, dis-cpulo do Abade Sicard, seguidor de L'Epe. Fundou junto

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    2. Na inrroduco sobre a histrias das deficiencias. usaremos alguns reconcsdo Livro Pedagoga Educaco sem Frontciras da UNIDERP- Uuivcrsidade paroo Dcsenvolvimcnto do Estado e da Rcgio do Pantanal, Este livro conta comcapituto ende SOl! autora. Esclarece que procederei as adequaces pertinentes30 ccnrio atual,

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  • com Thomas Gallaudet, a primeira escola americana parasurdos que em 1864, transformou-se na nica Universida-de para surdos no mundo.

    Assim, a partir de 1880 e at a dcada de 70 destesculo, em todo o mundo a educaco dos surdos foi se-guindo e se conformando com a orientaco oralista, deci-dida no Congresso de Milo.

    Com o avance da tecnologa, surgem as prteses au-ditivas e os apareLhos de ampliaco sonora, cada vez maispotentes, possibilitando ao surdo a aprendizagem da fa lapor meio de treinamento auditivo.

    Inicialmente, a sociedade tinha uma ideia muito ne-gativa da surdez, onde somente os aspectos negativos saovalorizados.

    "0 despertar da conscincia 11(1 criancacoincide sempre com o aprendizado da lin-guagem que a introduz pouco a pOLlCO comoindividuo na sociedade ".

    DoD l~

  • At o fim do lmprio foram criadas somente duasinstituices para atendimento aos deficientes mentais, pro-vavelmente para atender os casos mais graves.

    Este perodo da histria recebe o nome de segre-gaco, ou seja, as pessoas com deficiencia neste momentonao sao mais eliminadas nem morras, sao entregues parainstituices asilares que se encarregam de oferecer cuida-dos de higiene e alirnentaco. Notem que nao estamos fa-lando em educaco propriamente dita,

    Coro o passar dos ternpos, surgem ento alguns ins-titutos que do inicio a discusses relativas a preocupacocoro a educaco das pessoas com deficiencia.

    Apesar da despreocupaco com a educaco espe-cial, nesse periodo, os dois institutos que atendiam aos ce-gos e aos surdos.j traziam a nfase na preparaco para otrabalho, urna vez que contavam com oficinas para apren-dizagem de oficios, como as oficinas de tipografia e enea-dernaco para meninos cegos e de tric para as meninas,alm das oficinas de sapataria, encadernaco, pautaco edouraco para meninos surdos.

    Segundo GOLDFELD( 1997), o rNES em 19l1, se-guindo a tendencia mundial, passou a assumir a aborda-gem oralista, apesar da forte resistencia dos alunos corosurdez que continuavam a utilizar a forma proibida - ouseja, a Ingua de sinais - que babitava os corredores e p-tios das escolas.

    No inicio, eram educados por linguagern escrita,articulada e falada, datilologia e sinais, A disciplina "Lei-tura sobre os Labios" estaria voltada apenas para os queapresentassem aptides e a desenvolver a linguagem oral.Assim se deu o primeiro contato com a Lngua de SinaisFrancesa trazida por Hwet. importante ressaltar que, na-

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  • quele tempo, o trabalho de oralizaco era feito pelos pro-fessores comuns, nao havia especialistas. Assim, a comu-nidade surda velo conquistando seu espaco na sociedade.Hoje, podemos observar que os govemos preocupam-secom a incluso. De acordo com a Declaraco de Salaman-ca (J994, p. 15).3

    A nova Poltica Nacional de Educaco Especial,numa perspectiva Inclusiva (que contempla apodes daConvenco da Guatemala), preve que a educaco espe-cial dever atender alunos com deficiencias, transtornosglobais do desenvolvimento e com altas habilidades, am-pliando o foco do atendimento para o AEE (atendimentoeducacional especializado) Neste conceito, tero que seincluir nao s a clientela acima mencionada corno tambmas enancas de rua ou enancas que trabalham, enancas depopulaces remotas ou nmades, enancas de minoras lin-guisticas, etnias ou culturis e enancas de reas ou gruposdesfavorveis ou marginis.

    l'i~""CL'SO"D'O"'Q'E"t"'Q'E"E'STA'M'OS"'FALANDO'?'l DJSCUTAM EM GRUPO E ELABOREM UMTEXTO SOBRE ESTA TEMTICA ... 1 !

    1. , ~~.?~..~..?..~~!..

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    3. A Declaraco de Salamanca (Salamanca - 1994) rrara do Principies. Polricae Pltica cm Eclucactao Especial.4, Ccnvcnco Intcramcricana para recliminaeo de todas as formas de discrirni-naco COllI10 as pessoas portadoras de deficiencia convenco da Guatemala 28de maio de 1999.

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  • 1. Aps leirura do texto acima, referente aos perodos his-tricos da educaco especial e da educaco dos surdos, ela-bore um fichamento apontando os dados mais relevantes.

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  • 19

  • Segundo o texto constitucional, na concepco dalei, a "educaco especial" definida no artigo 58, como "amodalidade de educaco escolar na rede regular de ensino,para educar portadores de necessidades especiais." Nessecaso, porm, ternos um detalhamento de como este preces-so, em teora, deveria ocorrer,

    Segundo o texto legal:Art. 59 - Os sistemas de ensino asseguraroaos educandos com necessidades especiais:] - Currculos, mtodos, tcnicas, recursoseducativos e organizaco especfica, paraatender as suas necessidades;11- Terminalidade especifica para a conclu-sao do ensino fundamental, ero virtude desuas deficiencias, e aceleraco para concluirero menor tempo o programa escolar para ossuperdotados;JII - Professores corn especializaco adequa-da em nivel rndio ou superior, para atend-mento especial izado, bem como professoresdo ensino regular capacitados para a integra-930 desses educandos na classe comuns;IV - Educaco especial para o trabalho, vi-sando a sua efeti va integraco na vida em so-ciedade, inclusive condices adequadas para

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  • os que nao revelarem capacidade de insercono trabalho;V - Acesso igualitrio aos beneficios dosprogramas sociais suplementares, dispon-veis para O respectivo nivel do ensino regular.

    Segundo o texto da Constituico brasileira, em seuartigo 208, fica tambrn garantido "O atendimento espe-cial izado aos portadores de deficiencia, preferencial men-te na rede regular de ensino". A lei n" 9394/96, estabeleceas diretrizes e bases da educaco nacional procurandotrazer a garantia de "atendimento educacional especiali-zado aos portadores de deficiencia, preferencialmente narede regular de ensino",

    Para Sassaki (1997, p. 150), li preciso rever todaa legislaco pertinente a deficiencia, levando em conta aconstante transformaco social e a evoluco dos conheci-mentos sobre a pessoa deficiente."

    A referencia legal a educaco especial, de mbitonacional, apresenta-se na Le de Diretrizes e Bases daEducaco - LDB n." 4024/61, que no captulo [11,reser-vou dois artigos, 88 e 89, para a educaco do portador dedeficiencia:

    "Art. 88 - A educaco de excepcionais deve.no que for possivel, enquadrar-se 110 sistemageral de ensino, afim de integr-Io na comu-nidade;Art. 89 - Toda iniciativa privada consideradaeficiente pe/os conselhos estaduais, receberdos poderes policos tratamento especialmediante bolsas de estudos, emprstimos esubvences n Brasil (1961).

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  • Podemos observar que a pretenso do Estado era deenquadrar a pessoa com necessidades especiais aos servi-os de educaco COmU1l1,enquanto se propunha a auxiliar,coro repasse de yerbas, a iniciativa privada. O Estado pas-sou a formalizar a educaco especial, no plano nacional,com a LDB, mas nao garantiu a especificidade do atend-mento, j que o discurso era o de promover a integraco.

    A parceria entre O pblico e o privado na educaco,presente 11aLDB 4024/6], representou compromisso deduas tendencias expressas no anteprojeto da referida Lei:de urn lado a defesa do ensino particular e de outro a doensino pblico.

    As pessoas com necessidades especiais foram tam-bm contempladas ainda na LOB 5692n 1, no cap. 1, arti-go 9, corn a previso de atendimento especial de acordocom normas fixadas pelos conselhos de educaco. A atu-aco dos conselhos seria no sentido de regulamentar osservicos implantados nos estados.

    Por ocasio desta concesso legal, dada pela novaLOB, defenda-se a educaco especial, no bojo das polti-cas que privilegiavam a seguranca nacional para o desen-volvimento, trazidas pelo regime militar aps 64.

    A defesa da educaco geral e da pessoa com necessi-dades especiais cresce cada vez mais e os servicos de aten-dimento especial sofrern urna ampliaco significativa nadcada de 70) sempre sob o argumento da educaco comofator que contribui para o aumento da produtividade, comoalavanca do pro gres so e do desenvolvimento do pas.

    Essa tendencia, presente nas primeiras iniciativasoficiis, com a criaco de oficinas no interior das insti-tuices, chega aos anos 70 com a implantaco de vriasproposras de preparaco para o trabalho nas instituices

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  • especializadas. Tais propostas passam a ser vistas comoa principal via de integraco da pessoa com necessidadesespeciais a sociedade.

    Ero 1971, a Lei 5692 faz referencia ao ensino espe-cial, conforme j estabelecido na LDB 4024/6 J, sempresob a recornendaco do eugajarnento ao ensino regular oua educaco geral.

    A educaco especial tambm contemplada noPlano Setorial de Educaco e Cultura 1972/74. Este in-corporou, atravs do projeto prioritrio n." 35, a educacoespecial no rol das prioridades do Pas. Este projeto deuorigem em 1973, ao CENESP - Centro Nacional de Edu-cacao Especial, prmeiro rgo federal, ligado diretamente Secretaria Geral do Ministrio da Educaco e Cultura -MEC. At ento, a educaco especial centava com acesdesenvolvidas pelo Ministrio da Educaco e Cultura, nombito da educaco geral. Segundo Jannuzzi, por ocasioda criaco do CENESP, utilizava-se do argumento de quepara cada dlar dispensado em educaco especial, havia apossibilidade de um lucro de 40 dlares, pois que liberavapara o trabalho nao 56 a pessoa coro necessidades espe-ciais, mas a familia que cuidava dele, Jannuzzi (1992:63)

    Apresentamos aqui vrios direitos legais e oficiaisexpressos na legislaco, nos planos e nas polticas de aten-dirnento. Porm, tais direitos nem sernpre se transforma-ram em aces, se considerarmos o nmero pouco exprs-sivo de atendimento as pessoas corn deficiencia no Brasil.

    Em L988 promulgada a nova Constituico Brasi-leira com varios artigos relacionados a educaco da pessoacom necessidades especiais e, tambm ainda em relacoa prevenco, trabalho, proibico de discriminaco, sadee assistncia pblica, condices de acesso a logradouros

  • pblicos e veiculos de transporte coletivo adequados,Com relaco a educaco, no arto 208, inciso HI, "a

    Constituico preve o atendimento educacional especiali-zado aos portadores de deficiencia, preferencialmente narede regular de ensino" Brasil (1998). Atribu ao Estadoo atendimento educacional, ao mesmo tempo em que naodescarta a contribuco de entidades privadas. No artigo227, a educaco aparece como um dos direitos da criancae do adolescente.

    No pargrafo 1Q desse artigo, est definido que o Es-tado contar com a participaco de entidades no-govema-mentais na promoco de assistncia integral a crianca e aoadolescente com necessidades especiais,

    Ainda acerca da elaboraco de Leis, vamos ter sem-pre exposta a necessidade de escolarizaco e atendimentoda pessoa coro necessidades especiais. Ternos ainda em1990, coro Estatuto da Crianca e do Adolescente, que trazalguns artigos sobre a educaco especial; a previso deatendirnento educacional el pessoa com necessidades es-peciais no Plano Decenal de Educaco Para Todos (1993-2003); em 1994, formulada a Poltica Nacional de Edu-cacao Especial; a Educaco Especial contemplada na Leide Diretrizes e Bases da Educaco LDB - Lei 0.09394/96,de 20 de dezembro de L996.

    No Plano DecenaL de Educaco Para Todos verifi-camos rnais um apelo a garanta de igualdade e acesso aeducaco das pessoas com necessidades especiais:

    tr preciso tomar medidas que garantam aigualdade de acesso ti educaco aos porta-dores de lodo e qualquer tipo de deficiencia,como parle integrante do sistema educativo "

    Brasil (1993).

  • o Brasil, por ocasio do Plano Decenal de EducacoPara Todos, contava com um quadro educacional dificil: decada 1000 criancas que ingressavam na 10 srie, apenas 45concluam o ensino fundamental em oito anos e sem repetn-cia; da populaco de 15 anos e mais, 18,3% eram analfabe-tos. Na faixa etria dos 7 aos 14 anos, cerca de 3,5 milhesde enancas ainda pennaneciam sern oportunidades de aten-dirnento educacional. Em um quadro social de desigualda-des, onde 10% dos mais ricos concentram rnais da rnetadeda renda nacional, onde vivem abaixo da linba da pobreza39,2 milhes de pessoas, como se pode assegurar direitos asade e educaco de enancas, adolescentes com deficiencia,transtomos globais do desenvolvimento e altas habilidades'?

    Os prprios mentores deste plano admitern a im-potncia das Leis e do Estado para atender seus jovense criancas que necessitam de assistncia: "Pressoes de-mogrficas impem utn nlls por demais pesado el capa-cidade dos sistemas Educacionais e impedem reformas emelhorias necessrias ... " Brasil (1993).

    Diante da grande demanda de desassistidos, o Estadoadmite a impossibilidade de atender a todos e convoca todaa sociedade, os colaboradores intemaconais, as instituicesfnanceiras, para unir esforcos em prol da educaco, no sen-tido de ampliar a capacidade de atendirnento educacional.

    A Poltica Nacional de Educaco Especial, funda-mentada na constituico federal de 1988, na Le de Dire-trizes e Bases da Educaco, no Estatuto da Crianca e doAdolescente e 110 PLanoDecenal de Educaco Para Todos)

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    5. Ccnceito da clientela a ser atendida pela Nova Politca da Educaco Especialna Perspectiva de Edueaco Inclusiva.

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  • preve um conjunto de medidas de atendimento para a pes-soa com necessidades especiais, com objetivo de manter eampliar os servicos existentes.

    Tais medidas preveem o atendimento educacionalespecia lizado no mbito da educaco geral, destacando aaco conjunta dos tres nveis govemamentais (federal, es-tadual e municipal). A atuaco destes tres niveis govema-mentis considerada indispensve], atravs da soma deesforcos, para a arnpliaco dos servicos

    Partindo do princpio de "igualdade de oportuni-dade" e "educaco para todos" inegveJ que se devemampliar as oportunidades educacionais para urna grandeparcela da populaco em que est inserido O acesso e per-manencia a escolarizaco aos alunos considerados porta-dores de necessidades especiais.

    As escolas inclusivas devem reconhecer e responderas necessidades diversas de seus alunos, acomodando am-bos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando urnaeducaco de qualidade a todos, por meio de um currculoapropriado, arranjos organizacionais, estratgias de ensino,uso de recursos e parceria com as comunidades. Na verdade,deveria existir urna continuidade de servicos e apoio propor-cional ao contnuo caso de necessidades especiais encontra-dos dentro da escola. As criancas coro necessidades educati-vas especiais /auditivas, deveriam receber qualquer suporteextra requerido para assegurar urna educaco efetiva.

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  • oo~......,..~~G

    Na Legislaco Brasileira, no Decreto-le n" 5.626de 22 de dezembro de 2005 sancionado pelo nosso entoPresidente Lus lncio Lula da Silva, que em seu artigosegundo definiu surdez da seguinte f01TIla:

    Art. 2Para os fins desse Decreto considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda au-ditiva, compreende e interage com o mundopor meio de experiencias visuais, manifes-tando sua cultura principalmente pelo uso daLEngua Brasileira de Sinais - LIBRAS.Pargrafo nico. Considera-se deficienciaauditiva as perdas biiaterais, parciais QU 10-tais, de quarenta e um decibis (dB) OU mais,aferida por audiograma nas frequncias de500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz.

    No entanro, ao Longo dos tempos, essa definico/conceito de surdez passou por muitas rransformaces, v-dos pontos de vista, teorias e valores. Podemos identificar,ento, depois de toda essa evoluco, dois grandes pontosde vista. Um mais tradicional e conservador que consideraa pessoa surda corno um portador de necessidades espe-dais, e o outro mais moderno, que considera o individuosurdo como urna pessoa com diferenca linguistica, Depoisde tantas transformaces no decorrer do tempo temos, por-tanto, a definico de surdez, como sendo a diminuico da

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  • habilidade normal para a detecco sonora de acordo comos padres estabeLecidos pela American National Standar-ds Institute (ANSI J 989).

    Podemos descrever urna pessoa surda da seguinteforma:

    a pessoa que vivencia um dficit de audco; impedida de adquirir, de modo natural, a ln-

    gua oral/auditiva; constri sua identidade calcada, principalmen-

    te, nessa diferenca; utiliza estrategias cognitivas e manifestaces

    comportarnentais e culturis diferentes dos ouvintes; nao diferente apenas porque nao ouve, mas,

    tambrn, porque desenvolve potencialidades.

    A aquisico da Libras em enancas surdas deveacontecer desde a educaco infantil. Envolve urna quebrade paradigma, de preconceitos, destruindo mitos e reco-nhecendo as profisses do professor intrprete e do instru-tor surdo dignamente. A linguagem de urna crianca surdabrasileira deve efetivar-se mediante o aprendizado da ln-gua portuguesa e da aquisico da LIBRAS.

    Antes da Lei N 9.3 94/96 nao hava atendimentoeducacional em escolas pblicas para enancas na faixaeraria de O a 3 anos de idade, perodo de maior desenvolv-mento da linguagem. Para criancas com surdez, existiamprogramas de estimulaco precoce ero escolas especiais,voltados exclusivamente para o desenvolvimento da lin-guagem oral, por meio da estirnulaco auditiva e de exer-ccios fonoarticulatrios para emisso da fala.

    29

  • 30

    1. Visite algum deficiente auditivo ou surdo de sua comu-nidade e realize urna entrevista questionando-o sobre suasdificuLdadespra viver em urna sociedade ouvinte.

    '2. Elabore um paralelo entre as polticas pblicas estuda-das, elencando os pontos principais.

  • ~o o c:XJfBw@\l~o

    33

  • Segundo o manual do MEC/SEESp6, o ouvido captaas vibraces do ar (sons) e as transforma em impulsos ner-vosos que o crebro ouve. O ouvdo externo compostopelo pavilho e pelo canal auditivo. A entrada do canalauditivo coberta de pelos e cera, que ajudam amante-lolimpo e protegido.

    O canal auditivo leva o som a urna membrana circulare flexivel, chamada tmpano, que vibra ao receber ondas so-noras. Esta por sua vez, faz vibrar, o ouvido mdio, tres os-sculos, que ampliam e intensificam as vibraces, conduzin-do-as ao ouvido interno. O ouvido interno formado por urocomplexo sistema de canais que contm um lquido aquoso.Vibraces do ouvido mdio fazem com que este lquido sernova e as extremidades dos nervos sensitivos convertemesse movimento em sinais eltricos, que sao enviados 30 c-rebro, atravs do nervo da audico (nervo auditivo).

    O som produzido quando algurna coisa faz o arse mover. Esse movimento chama-se vibraco. Quando asmolculas de ar vibram, elas batem umas contra as outras,fazendo com que as vibraces se espalhem pelo ar sobre aforma de ondas, produzindo o somo As ondas sonoras saoinvisveis, mas podemos provar sua existencia colocan-do um diapaso na gua, As ondas sonoras fazem a guamovimentar-se,

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    6. Na inrroduco sobre a histrias das deficiencias. usaremos alguns reconcsdo Livro Pedagoga Educaco sem Frontciras da UNLDERP- Univcrsidade paroo Dcsenvolvimcnto do Estado e da Rcgio do Pantanal, Este livro conta comcapitulo ende SOl! autora. Esclarece que procederei as adequaces pertinentes30 ccnrio atual,

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  • De acm-do corn Bertulani? O ouvido consiste em 3partes bsicas - o ouvido externo, o ouvido mdio, e oouvdo interno. Cada parte serve para uma funco espe-cfica para interpretar o somo O ouvido externo serve paracoletar o som e o levar por um canal ao ouvido mdio,O ouvido mdio serve para transformar a energa de urnaonda sonora em vibraces internas da estrutura ssea doouvido mdio e, finalmente, transformar estas vibracesem urna onda de compresso ao ouvido interno. O ouvidointerno serve para transformar a energia da onda de com-presso dentro de U111 fluido em impu 1s05 nervosos que po-dem ser transmitidos ao crebro. As tres partes do ouvidopodem ser observadas na gravura anterior.

    O ouvido externo consiste da orelha e um canalde aproximadamente 2 cm. A orelha serve para protegero ouvido mdio e prevenir danos ao tmpano. A orelhatambm canaliza as ondas que alcancam o ouvido para Ocanal e o tmpano no meio do ouvido. Devido ao corn-primento do canal, ele capaz de ampl ificar os sons comfrequncias de aproximadamente 3000 Hz. A medida queo som propaga atravs do ouvido externo, o som ainda estna forma de uma onda de presso, que uma sequnciaalternada de regies de presses mais baixas e mais altas.Somente quando o som alcanca o tmpano, na separacodo ouvido externo e mdio, a energa da onda e convertidaern vibraces na estrutura ssea do ouvido.

    O ouvido medio urna cavidade cheia de al', COD-sistindo na bigorna e 3 pequenos ossos interconectados - o

    ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////I'/M

    7. Recorte do texto preparado por Carlos Bertulani para o programa de educacoa distancia.

    37

  • martelo, a bigorna e o estribo. O tmpano urna membra-na muito durvel e bem esticada que vibra quando a ondaa alcanca. Uma compresso forca o tmpano para dentro ea rarefaco o forca para fora. Logo, o tmpano vibra coma mesma frequncia da onda. Como ela est conectada aomartelo, os movirnentos do tmpano colocam o martelo, abigorna, e o estribo em movimento com a mesma frequnciada onda. O estribo conectado ao ouvido interno. Assirn, asvibraces do estribo sao transmitidas ao fluido do ouvidomdio e criam urna onda de compresso dentro do fluido.

    Os n-es pequenos ossos do ouvido mdio agemcomo amplificadores das vibraces da onda sonora.

    Devido a vantagem mecnica, os deslocamentosda bigoma sao maiores do que a do martelo. Alm dis-so, como a onda de presso que atinge urna grande reado tmpano concentrada em urna rea menor na bigorna,a forca da bigorna vibrante aproximadamente 15 vezesmaior do que aquela do tmpano. Esta caracterstica au-menta nossa possibilidade de ouvir o mais fraco dos sonso

    Ainda de acordo coro o mesillo autor, o ouvido m-dio urna cavidad e cheia de ar que conectada ao tubo deEustquio e a boca. Esta conexo permite a equalizaco dapresso das cavidades cheias de ar do ouvido. Quando estapassagern fica congestionada devido a urn resfriado, a cavi-dade do ouvido impossibilitada de equalizar sua presso;isto frequentemente leva a dores de ouvido e OUITaS dores.

    O ouvido interno consiste de urna cclea, canaissemicirculares, e do nervo auditivo. A cclea e os canaissemicirculares sao cheios de um Iquido.O liquido e as c-lulas nervosas dos canais semicirculares nao tm funcona audico; eles simplesmente servem como acelerme-tros para detectar movimentos acelerados e na manutencodo equilibrio do corpo. A cclea um rgo em forma de

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  • um caramujo que pode esticar at 3 cm.Estas clulas nervosas possuem comprimentos dife-

    rentes, por diferencas minsculas; eles tambm possuemdiferentes graus de elasticidade no fluido que passa sobreeles. medida que urna onda de compresso se move dainterface entre o martelo do ouvido mdio para a janelaova! do ouvido interno atravs da cclea, as clulas nervo-sas na forma de cabelos entrarn em movirnento. Cada clu-la capi lar possui urna sensibilidade natural a urna frequn-cia de vibraco particular, Quando a frequncia da onda decompresso casa com a frequncia natural da clula nervo-sa, a clula ir ressoar com uma grande amplitude de vibra-

  • Segundo GIUSEPPE (L997, p.31), pelo menos umaem cada mil criancas nasce profundamente surda, Muitaspessoas desenvolvem problemas auditivos ao longo davida, por causa de acidentes ou de doencas. Existem doistipos principais de problemas auditivos:

    O primeiro afeta o ouvido externo ou mdio eprovoca dificuldades auditivas (condutivas - transmisso),normalmente tratveis e curveis;

    o segundo tipo envolve o ouvido interno ou Onervo auditivo. Chama-se surdez neurossensorial.

    r"C'Lss'~F'ic~~'io"D~"'EFi'c~'t~'i'A'~uD~'TI'~~"'"..1I DE TRANSMISSAO: QUANDO O PROBLEMA Il . , :

    1 SE LOCALIZA NO OUVIDO EXTERNO, OU MEDIO (NESSE CASO, O PROGNSTTCO EXCELENTE). I1 MISTA: QUANDO O PROBLEMA SE LOCA- ! LIZA NO OUVIDO MDI0 E INTERNO. I SENSORJAL (NEUROSSENSORIAL) QUAN-II DO SE LOCALIZA NO OUVIDO INTERNO ENERVO , e

    1 AUDITIVO. j ESTE TIPO DE SURDEZ IRREVERSVEL - 1 i

    1 EXISTEM CASOS ONDE HA POSSlBILIDADE DE l ",: IMPLANTE COCLEAR E A SITUACAO PODE SER l MODIFlCADA. j! H.H H ~ 04 !

  • Congnita - hereditariedade, rubola, sarampo,doencas txicas da gestante (sfilis, citomegalovrus, to-xoplasmose), ingesto de medicamentos ototxicos (quelesarn o nervo auditivo) durante a gravidez.

    Adquirida - quando existe urna predisposico ge-ntica (otosclerose), quando ocorre meningite, ingesto deremdios ototxicos, exposico a sons impactantes (explo-sao) ou viroses, por exemplo.

    Ao se pensar em surdez e nas Iimitaces que sao as-sociadas, natural que se procure conhecer as causas quea provocam deficiencia e os rneios de evita-las. Durantemuito tempo, a deficiencia auditiva tern sido confundidacom a deficiencia mental, estes sujeitos sao estigmatizadoscomo doidinhos e surdos - mudos.

    Estas crencas, hoje sao superadas pelas novas des-cobertas e avances cientficos. Hoje sabemos que sao v-rias as etiologas (causas) que originam a surdez.

    Causas pr-natais: a crianca adquire a surdez atra-vs da me, no periodo de gestaco, devido presencadestes fatores, entre outros:

    Desordens genticas ou hereditarias; causas relativas a consanguinidade; causas relativas ao fator Rh; causas relati vas a doencas infecto-contagiosas,

    como a rubola; sfilis, citomegalovrus, toxoplasmose, herpes; ingesto de remdios oto txicos; ingestao de drogas ou alcoolismo materno;

    41

  • desnutrico/subnutrico/carncias alimentares; presso alta: diabete: , exposico a radiaco; causas perinatais: quando a enanca fica surda

    em decorrncia de problemas no parto; pr-maturidade, ps-maturidade, anxia, frceps; infecco hospitalar,

    Causas ps-natais: a enanca fica surda em decor-rncia de problemas aps seu nascimento:

    Meningite; remdios ototxicos, ero excesso ou sem orien-

    taco mdica; sfilis adquirida; sararnpo, caxumba; exposico continua a ruidos ou sons muito altos; traumatismos cranianos.

    O diagnstico mdico permite, ern muitos casos,que se identifique a causa mais provvel da perda auditiva,mas infelizmente nem sempre isso possvel. A ocorrn-ca de gestaces e partos com histrico complicado, bemcomo a rnani festaco de doencas maternas no periodo pr-ximo ao nascimento da crianca pode inviabilizar a identi-ficaco dessa causa.

    r....,,p~;..i~~~~~~;~~~"~~~~;~'~d~"50o/~d~~~~~~~:~~;i~1i :gern da deficiencia auditiva atribuida a 'causas desco-]nhecidas'. I Quando se consegue descobrir a causa, o mais fre-lquente que ela se deva a doencas hereditrias, rubola]i 4 :materna e merungite. %. ._ u u _ 04 04 04 40 :

    42

  • Essa classificaco baseada na medida dos limiaresdas frequncias de 500, 1000 e 2000 Hz. Coro base nesteclculo, devem-se comparar os resultados com os descri-tos a seguir.

    Surdez levePerda auditiva entre 26 a 40 dB. Essa perda impede

    que o indivduo perceba igualmente todos os fonemas dapalavra. Alm disso, a voz fraca ou distante nao ouvida.Essa perda auditiva nao impede a aquisico da Iinguagem,mas poder ser a causa de alguns problemas articulatriosou dificuldade na leitura e/ou escrita.

    Surdez moderadaPerda auditiva entre 41 e 70 dB. Esses limites se en-

    contram no nivel de percepco da palavra, sendo necess-rio urna voz de certa intensidade para que seja convenien-temente percebida. Sao frequentes o atraso da linguageme as alteraces articulatrias, havendo, em alguns casos,maiores problemas Jingusticos. Ero geral, o individuoidentifica as palavras mais significativas e tem dificuldadeem compreender cerros termos de relaco e/ou frases gra-maticais complexas. Sua compreenso verbal est intima-mente ligada a sua aptido para a percepco visual.

  • Surdez severaPerda auditiva entre 71 e 90 dB. Esse tipo de per-

    da vai permitir que o individuo identifique alguns ruidosfamiliares e poder perceber apenas a voz forte, podendochegar aos 4 ou 5 anos sem aprender a fa Iar, Se a fami-lia estiver bem orientada pela rea educacional, a criancasurda poder chegar a adquirir a linguagem. A compreen-sao verbal vai depender, em grande parte, de aptido parautilizar a percepco visual e para observar o contexto dassituaces,

    Surdez profundaPerda auditiva acima de 90 dB. A gravidade dessa

    perda tal que o priva das informaces auditivas necess-rias para percebe r e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral As pertur-baces da funco auditiva esto ligadas tanto a estruturaacstica quanto a identificaco simblica da linguagem.

    As enancas que nascem corn deficiencia auditivasevera ou profunda sao as que sofrem mais e, na maioriadas circunstancias, apresentam uma defasagem significati-va no progresso educacional, tendo grande dificuldade deaprendizagem. Isso ocorre porque a deficiencia auditivainterfere na capacidade de percepco de fala da enanca, oque, por sua vez, pode resultar na deficiencia do desenvol-vimento da fala e da linguagem, na. reduco do aproveita-mento escolar e em disturbios no comportamento social eemocional.

    Quanto maior for a perda auditiva, maiores seroos problemas lingusticos, e rnaior ser o tempo em que

  • o indivduo precisar receber atendimento especializado.Devido ao fato do desenvolvimento lingustico de-

    pender, em grande parte, do canal sensorial auditivo, urnareduco ou eliminaco desse canal reduz drsticamente acapacidade de aprender a fala e a linguagem.

    Mesmo as enancas com perda auditiva semente emum ouvido, ou com perdas auditivas moderadas 110S dois,podem ter dificuldades no desenvolvimento da fala e dalinguagem, no reconhecimento da fala em condices ad-versas de escuta, 110 aproveitamento escolar e no compor-tamento psicossocial (BESS; HUMES, 1998).

  • 1. Pesquise sobre aparelhos de amplicaco sonora. Foca-lizando quando se faz necessrio o uso desre equipamento,no sujeito com deficiencia auditiva.

  • 49

  • No final dos anos 80, a expresso que fazia referen-cia as pessoas com algum tipo de necessidade especial era"portador de deficincia". Em nossa Constituico Federalde 1988, o uso da expresso s justificado em funco deque o conceito de deficiencia era heranca da medicina.

    A termino logia "portadores de deficiencia" nos re-mete a um Brasil excludente que tratava os seus doentes,deficientes ou nao, como "portadores de alguma molstiainfecciosa".

    A lei que define as Diretrizes e Bases da EducacoNacional LOB, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,apresenta urna reformulaco terminolgica ern que o ter-mo "portadores de deficincia" substituido por "pessoascom necessidades educacionais especiais".

    No plano pessoal, a deciso quanto a usar o termo"pessoa com deficiencia auditiva", ou os termos "pessoasurda" e "surda", fica por conta de cada pessoa.

    Geralmente, pessoas com perda parcial da audicoreferern-se a si mesmas como tendo urna deficiencia au-ditiva. J as que tm perda total da audico preferem serconsideradas surdas.

    Surdo-mudoEsse termo, provavelmente, o mais antigo e incor-

    reto atribudo a pessoa surda. o fato de a pessoa ser surdanao significa que ela seja muda, urna vez que a mudez

    51

  • um outro tipo de deficiencia.Esse termo nao utilizado pelo grupo que pertence

    a comunidade surda, pois mudez a impossibiLidade defajar ou problemas relacionados a emisso da voz (rgofonoarticulatrio ).

    Algumas pessoas apresentam perdas auditivas sbi-tas, elas quase sempre sao unilaterais, mas em raras ocasi-es podem atingir os dois ouvidos. Presso no(s) ouvido(s)ou "estalos" sao sintornas que podem indicar o apareci-mento da surdez, nao s a sbita, como a progressiva, quepode aringir nveis elevados em poueos das.

    A surdez sbita acompanhada de "estalos" inten-sos, podendo haver vertigem ao rnesmo tempo. Sao causa-doras desse problema:

    Leses na cclea ou no nervo auditivo; formaco de cogulos nos vasos que irrigam a

    cclea, o que faz com que as clulas sensoriais morram pornao receber sangue. Problema mais comum em pessoascom diabetes e hipertenso;

    processos infecciosos como sararnpo, rubola,herpes ou rnesmo gripe comum;

    alergias, como reaco a soros, vacinas, picadasde abelha ou comidas;

    tumor no nervo auditivo, causa de 10% dos casos; autoimunzaco, quando o mecanismo de defe-

    sa do organismo ataca a c6clea e mata as clulas como seelas fossem um corpo estranho;

    52

  • a excesso de ruido (barulhos acima de 120 deci-bis podem provocar falta de estabilidade no lquido quepreenche a c6cJea e alimenta as clulas sensoriais);

    lO infecco bacteriana no labirinro, que pode de-sencadear hipersensibilidade e problemas de rnicrocircu-laco;

    degeneraco neurolgica (em casos raros, asurdez sbita pode ser o primeiro sntoma de esclerosemltipla);

    batida na cabeca e fratura do osso temporal; fistula perilinftica, estrutura que liga a caixa

    do tmpano com a cclea se rompe sem causa aparente eprovoca perda do liquido que nutre as clulas sensoriais.A medida que as clulas morrem, a audico fica compro-metida;

    obstruco por cera ou infamaces (otites).

    LilfJ Gl~C3?1Wll!n!m

    Identifcaco de criancas com surdez (Saberes e Pr-ticas - dificuldades de comunicaco e sinalizaco-surdezMEe/ SEESP, 2003).

    DO NASCIMENTO AOS TRtS ANOS DE IDADE:

    O recm-nascido nao reage a um forte bater depalmas, numa distancia de 30 cm;

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  • o recrn-nascido desenvol ve-se normalmente nasreas que nao envolvem a audico, quando propriamenteestimulado.

    DOS TRES AOS SEIS MESES DE TDADE:

    A crianca nao procura, corn os olhos, de onde vemum determinado som;

    a crianca nao responde a fala dos pais; a crianca pode interagir com os pais, se a aborda-

    gem for visual.

    DOS SEIS AOS DEZ MESES DEmADE:

    A crianca no atende quando chamada pelo nome,nao aten de a campainha da porta OU a voz de algurn;

    a crianca no entende frases simples como "nao,no", ou "at lego";

    a enanca pode entender o que as pessoas esto "fa-lando" coro ela, se for utilizada a lngua de sinais.

    DOS DEZAOS QUJNZE MESES DE IDADE:

    A enanca nao aponta objetos familiares ou pessoasquando interrogada em lingua portuguesa oral;

    a crianca nao imita sons e palavras simples; a crianca nao reage ao "nao, no", ou ao nome, a

    menos que veja quem est falando; a cranca nao rnostra interesse por rdio;

  • a enanca aponta objetos familiares ou pessoasquando interrogada em lngua de sinais.

    DOS QUINZE AOS DEZOITO MESES DE lDADE:

    A enanca nao obedece a instruces faladas, pormais simples que sejam;

    as prirneiras palavras da crianca, como "at logo'',"nao, nao", nao se desenvolvem;

    a enanca obedece a instruces dadas em lnguade sinais;

    a crianca inicia sua linguagem gestual, sinalizada.

    DOS DEZorTO MESES AOSTRtS ANOS E MEIO DE IDAnE:

    Nao h enriquecimento vocabular (va oral); em vez de usar a fala, a enanca gesticula para ma-

    nifestar necessidades e vontades; a crianca observa intensamente o resto dos pas,

    enquanto eles falam; a crianca nao gosta de ouvir histrias; a crianca tem histrico de dores de cabeca e infec-

    ces de ouvido; a enanca parece desobediente a ordens dadas em

    lngua portuguesa oral; a enanca desenvolve a lngua de sinais, comunica

    seus desejos e necessidades, gosta de histrias narradas emIngua de sinais e gosta de desenhos,

    55

  • DOS TItES ANOS E !VIEJO AOS CINCO ANOSDE IDADE:

    A crianca nao consegue localizar a origem de umsorn;

    a enanca nao consegue entender oem usar palavrassimples em lngua portuguesa oral, como: ir, mirn (eu), en-tre outros;

    a enanca nao consegue contar oral mente, com se-quncia, alguma experiencia recente;

    a enanca nao consegue executar duas instrucessimples e consecutivas, emitidas oralmente;

    a crianca nao consegue Levaradiante urna conversasimples em lngua portuguesa oral;

    a fala da crianca dificil de entender; a crianca utiliza a Ingua de sinais para as funces

    sociais.

    A CRlAN(;A COM ~1AJS DE crxco ANOSDE IDADE:

    Tem diculdade ero prestar atenco a conversasem lngua portuguesa oral;

    nao responde quando chamada oralmente; confunde direces ou no as entende, quando ex-

    pressas em lingua portuguesa; frequenternente d respostas erradas as perguntas

    formuladas oralmente; nao se desenvolve bem na escola, onde os conhe-

    cimentes sao repassados somente em lngua portuguesaoral; morosa;

    56

  • se expressa confusamente quando recebe ordemou quando lhe perguntam alguma coisa em lngua portu-guesa oral;

    possui vocabulrio pobre em lngua portuguesa; substitu sons, omite sons e apresenta qualidade

    vocal pobre; evita pessoas, brinca sozinha, parece ressentida ou

    irritada se nao tem colegas que com ela interajam; amanhece cansada; parece inquieta ou tensa quan-

    do o ambiente lingustico nao Ihe conhecido; movimenta a cabeca sempre para um mesmo lado,

    quando deseja ouvir algo, mostrando perda de audico emuro dos ouvidos;

    tem frequentes resfriados e dores de ouvido; a crianca conhece, entende e utiliza a LlBRAS.

    57

  • 58

    1. Elabore um fichamento reJativo a identificaco da sur-dez em enancas, nos perodos de idade, mencionados nes-te capitulo.

  • 61

  • Neste capitulo, utilizaremos o aporte terico doManual Saberes e Prticas do Ministrio de Educaco -MEe, da Secretaria de Educaciio Especial - SEESp, Bra-sitia 2003, sobre Dificuldades de comunicaco e sinaliza-
  • A paJavra tem urna importancia excepcional, nosentido de dar forma a atividade mental, e fator funda-mental de formaco da consciencia. Ela capaz de asse-gurar o processo de abstraco e generalizaco, alm de serveculo de transmisso do saber.

    A fase de zero a cinco anos de idade decisiva paraa formaco psquica do ser humano, urna vez que nesse pe-rodo OCOITe o arivamento das estruturas inatas gentico-constitucionais da personal idade. De acordo com a teoriade base biolgica da linguagem, todo individuo nasce compredisposico para falar,

    A exposico a um ambiente lingustico necess-ria para ativar a estrutura latente, para que a pessoa possasintetizar e recriar os mecanismos linguisticos. De acordocom o Manual j referendado no inicio deste captulo) ascriancas sao capazes de deduzir as regras gerais e regulari-zar os mecanismos de urna conjugaco verbal, por exem-plo. Dessa forma, utilizam as formas "eu fazi", "eu d",enquadrando-as nas convences dos verbos regulares "eucorr", "eu comi".

    Segundo Luria (1986), os processos de desenvolv-mento do pensarnento e da linguagern incluem o conjuntode interaces entre a crianca e o ambiente. podendo os fa-tores externos afetar es ses processos, positiva ou negativa-mente. Toma-se, pois, necessrio desenvolver alternativasque possibilitern as enancas "corn necessidades especiais'',meios de comunicaco que as habilitern a desenvolver seupotenciallingustico.

    Pessoas surdas podem adquirir linguagem, compro-vando assim seu potencial Jingustico. J est comprova-do cientficamente que o ser humano possui dOJSsistemaspara a produco e reconhecimento da linguagem: o siste-

  • ma sensorial, que faz uso da anatoma visual/auditiva evocal (lnguas orais) e o sistema motor, que faz uso daanatoma visual e da anatoma da mo e do bravo (lnguasde sinais). Estas sao consideradas as linguas naturais dossurdos, emitidas por meio de gestos e com estrutura sint-tica prpra.

    Na aquisico da lingua as pessoas surdas utilizarno segundo sistema. Vrias pesquisas j cornprovararn queenancas surdas procuram criar e desenvolver alguma for-ma de linguagem mesmo nao sendo expostas a nenhumalngua de sinais. Essas enancas desenvolvem espontane-amente uro sistema de gesticulaco manual que tem se-melhanca coro outros sistemas desenvoJvidos por outrossurdos que nunca tiveram contato entre si e com as lnguasde sinais j conhecidas.

    Para ilustrar este contexto sugerimos que voc aca-dmico, assista o filme "O enigma de Kaspar ] lauser" quedemonstra claramente O quanto a Iinguagem e necessriapara a socializaco do homem.

    FilmeO Enigma de Kaspar Hauser, de Herzog, 1974.

    SnopseKaspar Hauser, um personagem real e enig-

    mtico que, quando encontrado em Nuremberg, em1928, coro supostamente 15 anos, nao sabia faLar,nem andar e nao se comportava como humano.At hoje o seu enigma persiste: apesar de mutas

    65

  • hipteses e suspeitas, nao se descobriu sua origem,Apoiando-se em estudos de Vygotsky e Luda, queindicam que a percepco depende, sobretudo, daprxis social, necessria para gestar o referencialcultural de apreenso da realidade, o filme analisacomo se articulam linguagem e pensamento no de-senvolvimento cognitivo de Kaspar Hauser e comoele concebe o mundo que o cerca, tendo sido priva-do dos filtros e esteretipos culturis que condicio-nam a percepco e o conhecimento,

    Neste filme ca evidente ento que. a capacidadede comunicaco lingustica apresenta-se como um dosprincipais responsveis pelo processo de desenvolvimentoda enanca e de sua porencialidade, para que pOSSadesem-penhar seu papel social e integrar-se verdadeiramente nasociedade.

    Sabemos que, quando a crianca pi; vada da au-dico, e quanto mais profundo for o comprometimento,maiores sero as dificuldades educacionais, caso nao rece-ba. arendimento adequado. No que se refere a lngua por-tuguesa, segundo Fernandes (1990), a grande maioria daspessoas surdas j escolarizadas continua demonstrandodificuldades, tanto nos niveis fonolgico e morfossintticoquanto nos niveis semntico e pragmtico.

    Ainda citando o manual do MEC/SEESps eviden-ciamos a fundamental importancia da influencia que a ln-

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    8.Manual Saberes e Prticas da lncluso- dificuldades de comunicaco e sinali-23'1

  • gua portuguesa oral exerce sobre a cognico, dificultandoa aprendizagem da crianca surda, diminuindo suas chan-ces de integraco plena. Faz-se necessrio, por conseguin-te, a utilizaco de alternativas de comuuicaco que possampropiciar um rnelhor intercambio, em todas as reas, entresurdos e ouvintes.

    Essas alternativas devern basear-se na substituicoda audico por outros canais, destacando-se a viso, o tatoe movimento, alm do aproveitamento dos restos auditi-vos existentes.

    Toma-se oportuno face ao exposto, reiterar que apessoa com surdez tem as mes mas possibilidades de de-senvolvirnento que a pessoa ouvinte, precisando ter suasnecessidades especiais supridas, visto que o natural do ho-rnem a linguagem.

    "A infiuncia da surdez sobre o individuomostra caracteristicas bastante particularesdesde seu desenvolvlmento fisico e mental atseu camportamento como ser socia!' Nesteaspecto, destaca-se a linguagem COmo fatorde vital imponncia para o desenvolvimen-/0 de processos mentais, personalidade e il1-tegraco social do surdo. A comunicaco .sem dvida, o eixo da vida do individuo, emtodas as suas manifesaces como ser social. oportuno, pois, reconhecer a necessidadede 11ovos estudos que sirvam de suporte a m-lodos educacionais e oferecam ii comunidadesurda, melhores condices de exercerem seusdireitos e deveres de cidadania. Alm disso, preciso dar (lOS especialistas da rea JIle-lhores subsidios para o estudo do deseuvolvi-

    67

  • mento linguistica e cognitivo das criancas queesto sob a sua responsabilidade profissioual.Desenvolver-se cognitivamente no dependeexclusivamente do dominio de unta lingua.mas dominar uma lingua garante os me/llo-res recursos para as cadeias neuronais eJl-volvidas 110 desenvolvimento dos processoscognitivos. "

    (Fernandes, 2000, p.49).

    Con fo rme j evidenciamos, a Ingua um fator funda-mental na formaco da consciencia. Ela permite pelo menostres mudancas essenciais a atividade consciente do homem:ser capaz de duplicar o mundo perceptvel, de assegurar oprocesso de abstraco e generalizaco, e de ser veculo fun-damental de transrnisso de informaco (Luria, 1986).

    Vygotsky, afirma que a linguagem tem uro papelfundamental na formaco dos processos mentais e) paraprov-lo, empreendeu urna srie de experimentos que vi-saram a testar a formaco da atenco ativa e dos processosde desenvolvimeoto da memoria por meio da aquisico dalngua (a memorizaco passa a ser ativa e voluntaria) ede outros processos mentais superiores. Todos os experi-mentos levaram-no a dar, efetivamente a lngua o papel.de destaque na forrnaco dos pro ces sos mentis. Para oautor, relevante perceber a "lngua nao apenas como urnaforma de comunicaco, mas tambm como urna funco re-guladora do pensamento".

    importante perceber que as criancas adquirem aIngua por meio da exposico informal, do uso ativo e naopor lhes ser ensillada.

    68

  • A experiencia em casa fundamental. Os pasfuncionam nao como prefessores do idioma, mas comofacltadores que permitem aos flhos absorver a cul-tura e fazer uso ativo da sua curiosidade. As crancasUSBP1 a lngua para expressar sentmentos, para fazeros pais rirem ou adiar aconteclmentos indesejveis"Posso ficar acordada mais cinco minutos?"; para naodizer a verdade: "Talvez eu ten ha comido os blscoitos.Nao consigo me lembrar ..." e assim por diante.

    Tanto a crianca ouvinte como a enanca surda pas-sa por estgios de desenvolvimento da linguagem, mas,caso nao recebam dados lingusticos satisfatrios, ambasapresentaro defasagem nos estgios do desenvolvimento.Para evitar defasagem, a crianea ouvinte brasileira deverestar imersa em meio onde se fale a lingua portuguesa oral,e a crlanea surda brasleira precisar estar em meio ricoem estmulos visuais, com pessoas que utilizarn a LIBRASe corn pessoas que utilizam a lngua portuguesa, para quedesenvolvam satisfatoriamente sua linguagem.

    Alm da questo da linguagem, importante pro-porcionar a pessoa com surdez condices que lhe permi-tam se estruturar emocionalmente.

    "Nao afala 011 (l Iingua de sinais; a pessoasurda que "se deu bem' aqueta que podepreservar (J sua autenticidade. aceitou a sur-dez como lima parte diferente e "lo doente desi; que pdefazer lima escolha que lhe permi-La ser natural em sua comunicaciio. indepen-dentemente de ser ora/izada 011 sinalizada. "

    (Bergmann, 2001)

    69

  • Segundo Brito", as llnguas de sinais sao lnguas na-turais porque, como as linguas orais, sugiram espontnea-mente da interaco entre pessoas. Devido a sua estrutura,permitern a expresso de qualquer conceito - descritivo,emotivo, racional, literal, metafrico, concreto, abstrato -enfim, permitem a expresso de qualquer significado de-corrente da necessidade comunicativa e expressiva do serhumano.

    Nao saber ler e escrever representa, de acordo comBoudier (J 996, p.238), para muitas pessoas, estar em umaposico inferior. O ler e escrever avaliado em um mer-cado de bens simblicos, de modo que, dependendo doque a pessoa le dos autores lidos, e de outras condices deleitura, pode ou nao se considerar e ser considerada urnapessoa de valor.

    "O letramento e o estado claque/e que niios sabe ler e escrevet: lilas que tambm [a:uso competente e frequente da leitura e daescrita. e que. ao tornar-se letrado. muda seulugar social. seu modo de viver na sociedade.sua inserco na cultura t '.

    Soares (1998. p.36)

    Sabemos que letrarnento ultrapassa a habilidade decodificaco e decodificaco de signos e escritos, pressupe

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    9. Brito. Lucinda F. Doutora em Linguistica Departamento de Linguistica e Filo-logia da Univcrsidadc Federal do Rio de Janciro

    70

  • usos da leitura e da escrita, comportamentos centrais nomundo atual.

    A UNESCO enfatiza a funcionalidade do letramen-to, estabelecendo que, se a pessoa pode participar de todasaquejas atividades nas quais o letramento necessrio parao efetivo funcionamento de seu grupo e de sua comunida-de, ser letrado a capacito u para continuar usando a Ieitura,a escrita e o clculo, ento ela fundamentalmente Letrada(Soares , I998,p,73).

    No caso dos surdos de acordo com Botelho (2002):"os processos de escolarizaco nao estovoltados para a construco de sujeitos letra-dos. E como problema adicional. as escota .de surdos descansideram que aprender a /(1-zer uso competente, constante e hbil de lei-tura e na escrita. seudo essa u/lima lf/JIO /l1-gua cotn (J qual os surdos mio se relacionamtendo como suporte a oralidade, na sala deaula e jora dela, como fazemos os ouvintes ".

    Atualmente O que vem acontecendo a tentativade incluso de pessoas com deficiencia no ensino regu-lar, baseada apenas na presenca fsica destas pessoas nosbancos escolares, Especialmente no caso do surdo, apenarda presenca do intrprete, pouca importancia se d a cons-truco do letrament.o do sujeito surdo. Sao contextos ondeos surdos nao compartilham plenamente a lngua oral quecircula na sala de aula e na escola, tarrrpouco o letramentofoi estabelecido como objetivo.

    71

  • Alguns critrios: A surdez urna lirnitaco auditiva, mais o sur-

    do visto a partir de suas possibilidades. Entre elas, a ex-periencia visual que lhe traz a possibilidade de constituirsua subjetividade;

    a surdez uma realidade heterognea e multi-faceta, cada sujeito surdo nico, pois sua identidad e seconstituir a depender das experiencias socioculturais quecompartilhou ao longo de sua vida;

    os surdos, conforme seu potencial podem desen-volver a linguagem oral, mais essa nao pr-requisito parao desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem;

    a leitura e escrita sao fundamentis e sua base,na rnaioria das vezes, nao depende da oralidade;

    a lngua portuguesa precisa ser viabilizada;- enquanto linguagem funcional/dialgica/ins-

    rrumental e,- enquanto rea do conhecimento (disciplina cur-

    ricular).

    Essa compreenso diferenciada da surdez, segundoFernandes, que nao estabelece Limites para o sujeito queaprende) mas sim, possibilidade de construco diferencia-da, relativamente nova para os professores.

    72

  • 1"Elabore um fichamento sobre o tema: - o Ietramento e ocurrculo, abordado nesta unidade didtica.

    73

  • 75

  • ORIENTA
  • colaborativo e reflexivo entre professores e demais profis-sionais da educaco, valorizando os saberes da comunida-de e o percurso escolar dos alUDOS;

    privilegie a socializaco de experiencias educa-cionais que contribuam para a produco de conhecimen-tos, o desenvolvimeuto de prticas inovadoras e o fortale-cimento do processo de incluso escolar;

    seja fomentado o desenvol vimento de poltica deformaco continuada de pro fes SOres que envolva conheci-mentes sobre a educaco para os direitos humanos, valo-rizaco e atenco as diferencas e atendimento educacionalaos alUDOScom deficiencia. transtornos globais do desen-volvimento e altas habilidades/ superdotaco;

    fomento s atividades de ensino, pesquisa e exten-sao visando a incluso escolar e a educaco especial, con-tribuindo para o desenvolvimento da prtica pedaggica ede gesto;

    incentivo ao desenvolvimento de estudos e acesintersetoriais para a melhoria da qualidade de vida das pes-soas com deficiencia, transtornos globais do desenvolv-mento e altas habilidades! superdotaco;

    se de prioridade as aces para garanta da acessi-bilidade em todos os espacos escolares, nas comunicaces,nos sistemas de informaco, nos portais e sitios eletrni-cos, nos materiais didticos e pedaggicos, mobilirios eno transporte escolar;

    estabeleca a oferta de educaco profssional eoportunidades de acesso concomitante ou integrado l edu-cacao de jovens e adultos;

    sejam criadas e implementadas salas de recursosmultifuncionais para o atendimento educacional especia-lizado aos alunos coro deficiencia, transtomos gJobais do

    78

  • desenvolvimento e altas habilidades! superdotaco, pre-vistas no projeto poltico pedaggico das escolas;

    busque a identificaco das altas habilidades! su-perdotaco e organizaco das atividades com vistas ao de-senvolvimento do potencial dos alunos em suas diferentesdimenses, prevendo formaco continuada dos professo-res e acompanhamento das familias;

    privi legie a supresso de critrios meritrios paradiferenciaco salarial ou bonificaco de profissionai queatuam na educaco de pessoas com deficiencia, transtor-nos globais do desenvolvimento e altas habilidades/super-dotaco, nos planos de carreira;

    sejam implantadas as funces de tradutor / intr-prete de Libras, guia-intrprete, monitor ou cuidador paraauxiliar alunos nas atividades de higiene, alimentaco elocomoco no cotidiano escolar e outras que tiverern ne-cessidade de apoio constante;

    priorize O estabelecimento de prioridade ao instru-tor surdo com conhecimento da lingua e competencia narea educacional para ministrar o ensino de Libras;

    se Utilize o critrio de idade/ faixa etria para in-cluso dos alunos com deficiencia em turma comum doensino regular para se suprimirem os agruparnentos corobase na deficiencia. O aluno surdo, devido l diferenca lin-gustica, pode ser beneficiado com a participaco de outrocolega surdo em sua turma;

    sejam celebrados convenios com instituices pri-vadas sem ns lucrativos, condicionada aos projetos queestejam em consonancia corn o previsto na poltica nacio-nal de educaco especial na perspectiva da educaco in-clusiva e passiveis de avaliaco continua de seus objetivose procedimentos pelos sistemas de ensino;

    79

  • privilegie a constituico de redes de apoio a inclu-sao, com a colaboraco de setores responsveis pela sadee assistncia social e participaco dos movimentos sociaisem todos os municipios.

    Sugestes do Manual de Atendimento EducacionalEspecializado do MEC/SEE:SP

    em relaco aos alunos com deficiencia auditiva - 2008

    Neste momento [aremos um recorte para ilustrar oprocesso de implantacdo do atendimento educacional espe-cializado que est disponlvel no si/e www.mec.seep.gob.br

    Caso exista um aluno com deficiencia auditiva ousurdo matriculado ern urna escola de ensino regular, ain-da que particular, a escota deve promover as adequacesnecessrias e contar corn os servicos de um intrprete/tra-dutor de lingua de sinais, de professor de portugus comosegunda lingua desses alunos e de outros profissonais darea da sade (fonoaudilogos, por exemplo), assim comopessoal voluntario ou pertencente a entidades especializa-das conveniadas com as redes de ensino regular. Se forurna escola pblica, preciso solicitar material e pessoalas secretarias de educaco municipais e estaduais, as quaistero de providenci-Ios com urgencia ainda que por meiode convenios, parcerias, etc.

    Esses custos devem ser computados no orcamentogeral da instituico de ensino, pois se ela est obrigada aoferecer a estrutura adequada a todos os seus alunos, a re-ferida estrutura deve contemplar todas as deficiencias. Asiustituices de Ensino Superior devern atender a Portaria

    80

  • MEe n" 3.284, de 7 de novembro de 2003, que traz escla-recirnentos sobre as mesmas obrigaces, condicionando oprprio credenciamento dos cursos oferecidos ao cumpri-mento de seus requisitos.

    Para alunos com surdez ou com deficiencia auditi-va, a escola deve providenciar um instrutor de LIBRAS(de preferencia surdo) para os alunos que ainda nao apren-deram essa lingua e cujos pais tenharn optado pelo seu uso.Obedecendo aos principios inclusivos, a aprendizagem daLIBRAS deve acontecer, preferencialmente, na sala deaula desse aluno e ser oferecda a todos os demais colegase ao professor, para que possa haver comunicaco entretodos.

    Os convenios com a rea da sade, sao extrema-mente importantes para que o diagnstico da deficienciaauditiva seja feito o mais cedo possvel. Assim, desde oseu atendirnento em bercrio, o bebe surdo ou com defi-ciencia auditiva deve receber estmulos visuais, que saoa prpria introduco 30 aprendizado da LIBRAS, berncomo, o encaminhamento a servicos de fonoaudioJogia,que Ihe possibilitem aprender a falar,

    Sugere-se viabilizar turmas ou escolas comunsabertas a alunos surdos e ouvintes, onde as lnguas de ins-truco sejam a Lngua Portuguesa e LffiRAS.

    necessrio que o professor de Lngua Portuguesae o professor de Atendimento Educacional Especializa-do em L1BRAS trabalhem em parceria com o professor dasala de aula> regular para que o aprendizado do portugusescrito e de LIBRAS por esses alunos seja contextualiza-do. Esses aprendizados devem acontecer em ambientes es-pecficos para alunos surdos, consrituindo um Atendimen-to Educacional Especializado.

    81

  • As prticas escolares destinadas a construco de lei-tura e da escrita nas escoJas regulares, comparativamenteas prticas oferecidas pelas escolas de surdos, ainda quecom suas deficiencias, sao quantitativas e qualitativas su-periores, Botelho (2002).

    Os surdos que estudam nas escolas regulares temacesso a urna oferta de leitura quautitativa e qualitativamaior do que em escolas especiais.

    Diante disto, entendemos que nessa nova viso, aincluso social e educacional do surdo / deficiente auditivopassa a ser vista como um processo de adaptaco da socie-dade que deve se organizar para acolher todas as pessoas,independente de credo, cor, nacionalidade, ou deficiencia .

    ............................................ ,. u "'- p _. u ". .I A incluso de criancas com surdez na escota regll-l lar requer urna boa preparaco tanto do aluno quanto da i i1 escola, para que ambos se sintarn capacitados a participar 1dessa integraco. : o- n u u , , :

    Para autores como Frazo de Souza (1999, p. 65), aincluso no ambiente escolar consiste em:

    It Possibilitar a crianca um desenvol vimento den-tro de seus limites pessoais, e DaO de padres impostossocialmente;

    acreditar que a enanca especial capaz de urnaaprendizagern rica e construti va.

    A nova poltica de educaco especial orienta que,todo aLuno tem direito a educaco regular, ou seja, deverser matriculado em escojas do eusino regular. Essa mu-danca gerou urna troca de experiencias, de profissionais e

    82

  • de material, provocando a aproximaco dos dois sistemaseducacionais: o especial e o regular.

    De acordo COIn Carvalho, no Caderno da TV Es-cola (2000), quando um professor recebe em sua cJasse(de ouvintes) um aluno surdo natural que sua primeirareaco seja pensar que - como vou falar com esse aluno,nao sou especialista, como poderei ajudar?

    Sabemos que incluso nao consiste em jogar urnacrianca surda em escola ou classe cornurn sem nenhumapoio, alegando apenas a necessidade de inseri-la na rederegular. ]S80 correspondera, ainda citando o Manual, emignorar sua necessidade de ter um atendimento cuidadoso,capaz de possibilitar o desenvolvimento de todo o seu pa-tencial de comunicaco.

    Antigamente, a enanca surda frequentava a escolacomum e se converta em urna especialista em copiar, eraconsidera copista, copiadora, pois apenas grafava as pala-vras sem entender o que estava copiando.

    Na proposta atual, inclusi va, a crianca surda parti-cipa do sistema educacional, nao esta fora dele. neces-sirio, porm que os professores, contem COIn dispositivosque auxiliem seu pleno desenvolvimento escolar, sem sa-crificios.

    A incluso se constitui num processo gradativo, querespeite as diferentes necessidades e interesses de cadaaluno. Diante desta nova perspectiva, a escola regular de-ver dispor de recursos de:

    Assessoria em relaco a lngua de sinais, se oalUDOtiver linguagem oral restrita, e as estratgias ade-quadas para propiciar o dialogo, na liuguagem oral e ouescrita;

    material concreto e visual que sirva de apoio

    83

  • para garantir a assimilaco de conceitos novos; contato com professores que tenham vivencia-

    do situaces familiares semelbantes; orentaco de professores da educaco especial

    itinerantes ou de salas de recursos. Podem ser fetas reu-nies para trocar experiencias, discutir diferentes enfoquesdo contedo e esclarecer dvida a respeito dos planos deatuaco e de avaliaco,

    Recornendaces do Cademo da TV Escola (2002).

    &fl~l!lH It ilI1tvlll~~~

    A maioria dos mtodos de educaco de surdos fun-damenta-se em substituir a audico perdida por um outrocanal sensorial, como a viso, o tato. ou aproveitamentodos restos de audico existentes.

    Com relaco aos mtodos, o que tem sido mais pro-blemtico a ausencia de trabalhos relativos a rea. Sabe-mos que para aquetas que tem resduo auditivo, pode seroferecido uro acesso para o cdigo da fala dentro de urnaabordagem oral. Para aqueles que nao tem um razovelresiduo, ou mesmo grande dificuldade em desenvolver aoralidade, a lngua de sinais constitui-se na lngua maisadequada para O sujeito interagir com o seu meio.

    84

  • o oralismo ou fiLosofia oralista visa a integraco dacrianca com surdez na comunidade de ouvintes, dando-Ihes condices para desenvolver a lingua oral. Para algunsdefensores desta filosofia, a Jinguagem restringe-se a ln-gua oral, sendo por isso mesmo a nica forma de comu-nicaco dos surdos. Pensava-se que para comunicar-se, acrianca surda deveria aprender a falar.

    Alguns acreditam ainda que o mtodo oral defendeque por meio de treinamentos de fala a deficiencia auditivapode ser minorada, a estimulaco e os aparelhos auditivossao recursos a serem usados para levar a crianca surda paraa "normalidade".

    A educaco oral requer UIn esforco total da pessoacom deficiencia auditiva, da familia e da escola. De acor-do com os seus defensores des tes mtodos, para obter urobom resultado, necessrio:

    Envolvirnento e dedicaco das pessoas queconvivem coro a crianca no trabaLho de reabilitaco todasas horas do dia e todos os das do ano;

    inicio da reabilitaco o mais precocemente pos-svel, ou seja, deve comecar quando a crianca nasce ouquando se descobre a deficiencia;

    nao oferecer qualquer meio de cornunicacoque nao seja a modalidade oral. O uso de lngua de sinaistomar impossivel o desenvolvimento de hbitos oraiscorre tos;

    a educaco oral corneca no lar e, portanto, re-quer a participaco ativa da familia, especialmente da me;

    a educaco oral requer participaco de profis-sionais especializados como fouoaudilogo e pedagogo

    85

  • especializado para atender sistemticamente o aluno e suafamilia;

    a educaco oral requer equipamentos especia-Iizados com o aparelho de ampliaco sonora individuaL.

    Pker, R.B.2002

    Para que os objetivos sejam alcancados, a filosofaoralista, segundo Poker (2002), utiliza diversas mtodo-logias de oralizaco: o mtodo acupdico, mtodo Per-doncini, mtodo verbo tonal, entre outros. Todas estasmetodologas privilegiam a lngua oral como nica for-ma desejvel de comunicaco da pessoa surda, rejeitandoqualquer forma de gestualizaco, especialmente Lngua deSinais.

    No inicio do sculo XX, a maior parte das esco-las em todo o mundo deixa de usar a 1ingua de sinais, Aoralizaco passa a ser o principal mtodo de educaco desurdos, ento aprender a falar toma-se O objetivo vigente.O ensino das disciplinas escolares foi deixado em ltimoplano, a ordem agora era ensinar a pessoa surda a falar,para isto lancavam mos dos treinamentos oris dspon-veis a poca. Isto levou a urna queda no nivel de escolari-zaco dos alu nos surdos.

    Oralismo consiste em fazer com que a enanca re-ceba a linguagem oral por meio da leitura orofacial e am-plificaco sonora, enguanto se expressa por meio da fala.Lngua de Sinais e alfabeto digital sao expressamenteproibdos.

    86

  • Define-se como urna filosofia que requer o uso demodelos auditivos, manuais e orais para assegurar a co-municaco eficaz entre as pessoas com surdez. O principalobjetivo deste mtodo sao os processos comunicativos en-tre surdos e surdos, e entre surdos e ouvintes.

    A cornunicaco total urna filosofia segundo a qua!os surdos devem ter acesso a todas as modal idades de 00-municaco disponiveis, escolhendo aquela, ou aquelas quemelhor atendarn as suas necessidades de:

    Fala:1 escrita; pistas auditivas- aproveitamento dos resduos

    de audico, por meio de aparelhos de amplificaco sonora; leitura oro-facial- leitura dos movimentos dos

    lbios e dos msculos do rosto; expresso corporal; sinais - movimentos coro as mos representan-

    do ideias, usados por comunidades de surdos; alfabeto digital: movimentos coro as mos que

    representam as letras de nosso alfabeto. De acord com omanual da TV escola 2008.

    Esta fi losofia se preocupa com a aquisico da lnguaoral pela crianca surda, mas acredita que os aspectos cog-nitivos, emocionis e sociais nao devem ser deixados delado s por causa da aprendizagem da lingua oral. O usode qualquer recurso bem-vindo nesta filosofia.

    O surdo concebido de forma diferente pelos pro-fissionais que se utilizam desta filosofa, ele nao visto

    87

  • como algurn que tem urna patologa que precisa ser eli-minada, mas sim como urna pessoa, e a surdez, como umamarca que repercute nas relaces sociais e no desenvolv-mento afetivo e cognitivo dessa pessoa.

    Ciccone (1990) demonstrou que, muitas criancasque foram expostas sistemticamente el modalidade oralde urna lingua antes dos tres anos de idade conseguiramaprender esta lingua, mas no desenvolvimento cognitivo,social e emocional, nao foram bem sucedidas.

    A principal diferenca entre a comunicaco total eoutras abordagens educacionais constitu-se no fato de quea comunicaco total defende a utilizaco de qualquer re-curso linguistico, seja a lingua de sinais, a linguagem oralou cdigos rnanuais, para propiciar a comunicaco dasenancas surdas,

    A Comunicaco Total chega ao Brasil no fim dadcada de setenta. Na dcada seguinte, corneca o Bilin-guisrno, que surge com as pesquisas da professora LucindaFerreira Brito sobre lingua de sinais, LIBRAS.

    Semente na dcada de sessenta que William Stokoepublica um artigo valorizando a Ingua de sinais e apon-tando todas as suas vantagens, inclusive que esta linguase constitu em uma Iingua com as mesmas caractersticasdas lnguas orais.

    A partir dai, surgiram rnuitas pesquisas que passa-ram a apontar a importancia da lngua de sinais na vida dapessoa com surdez, bem como, revelando a insatisfacopor parte das pessoas surdas COIn as abordagens oralistas.

    Os defensores da filosofa da Cemunicaco Totalrecomendam ento o uso simultaneo de diferentes cdi-gos, de acordo com Poker (2002), como: a lngua de si-nais, - a datilologia, - o portugus sinalizado, entre outros.

    88

  • Todos esses cdigos manuais sao usados obedecendo a es-trutura gramatical da lngua oral, nao se respeitando assima estrutura prpria da lngua de sinais.

    Desta maneira, ainda citando a autora acima, acre-dita-se que esse bimodalismo pode atenuar o bloqueio decomunicaco existente entre a crianca com surdez e os ou-vintes. Tenta evitar que as criancas sofram as consequn-cas do iso lamento.

    Tal abordagem compreende:- O alfabeto digital;- a lngua de sinais;- a arnpliaco sonora;- o portugus sinalizado.A abordagern da Comunlcaco Total chegou ao

    Brasil na dcada de setenta e vem sendo adorada ern esco-las, mais recentemente.

    ~li0 uma filosofia que parte do princpio que o surdo

    deve adquirir como sua primeira lngua, a lngua de si-nais coro a comunidade surda. Isto facilitada o desenvol-virnento de conceitos e sua relaco com o mundo.

    A educaco bi lingue, segundo a definico da UN ES-CO (1954, apud Skliar cit Botelho 2002):

    ..... e ()dimito que tem as crianras que utili-;a111uma llngua diferente da llngua oficial deserent educadas 1Ia sua lingua JO

    A educaco bilngue para surdos prope a instrucoe o uso em separado da lngua de snas e do idioma dos

    89

  • pas, de modo a evitar deformaces por uso simultneo (Botelho 2002, p. 111).

    A educaco bilingue prope que os processos es-colares acoutecam nas escolas de surdos, obviamente naosegundo o modelo clnico-teraputico, ainda oferecido.Botelho "2002" reconhece as intensas dificuldades e pro-blemas do surdo em classes com estudantes ouvintes, enao h adeso as propostas de incluso,

    Sendo a LIBRAS, lngua materna do surdo, a edu-caco bil ngue prope a exposico a ela o mais cedo pos-svel, para que desta forma oportunize o desenvolvimen-to dos processos cognitivos e de linguagem, atravs deprogramas de atenco linguistica precoce, como enfatizaRarnirez (1999, p.52 apud Botelbo 2002), e que diferemradicalmente de modelos clnicos, oferecidos sob as maisdiversas denominaces tipo estimulaco precoce - esti-mulaco essencial - intervenco precoce e outras.

    Tomar-se letrado nurna abordagern bilingue pressu-pe a utilizaco de lingua de sinais para o ensino de todasas discipJinas, como primeira lngua (L 1). O aprendiza-do da lngua de sinais oferecido ao surdo em situacessignificativas, como jogos, brincadeiras e narrativas deestrias, mediante a interaco com outros surdos adultoscompetentes em lngua de sinais. Alm disto, todo o corpode funcionrios das escolas, surdos e ouvintes e os pas,devern aprender a LrBRAS.

    Tanto a lingua escrita como a lingua oral, no bi-Iinguismo sao ensinadas como lngua estrangeira, tendocomo base que a LlBRAS que a lingua materna do surdo,

    Sabernos que ern paises como Dinamarca e a Su-da, a educaco bilngue tem formado sujeitos surdos com-petentes em lngua de sinais, leitura e escrita.

    90

  • o bilinguisrno foi oficializado em 1981, pelo parla-mento sueco e grande parte da populaco surda daquelespais hoje tem sucesso no mercado de trabalho.

    Convm apontarmos tambm outro valor da edu-caco bilingue, que a leitura. A importancia da leitura parte do conjunto de condices necessrias para que ossurdos se tornem competentes ern ler e escrever.

    Para os bilinguistas, os surdos fonnam uma comu-nidade com cultura e lngua prprias, tendo assim, urnaforma peculiar de pensar e agir que devem ser respeitadas.

    No bilinguismo, a crianca surda exposta a lnguade sinais desde pequena, por urna pessoa que domine essaforma de comunicaco, de preferencia um surdo.

    A lngua portuguesa, em sua forma oral ou escrita, ensinada como segunda lngua. O impedimento na audi-co faz corn que as pessoas surdas tenham maior acesso 30canal visual.

    A lingua portuguesa, em forma oral ou escrita en-sinada como segunda lingua para o surdo que tem comoprimeira lngua a LffiRAS.

    Impedido pela ausencia da audico, o surdo acabatendo maior acesso ao mundo falado por va visual. A ln-gua de sinais, que sempre existiu, tem passado de geracopara geraco, de pessoas que deja fazern uso. Sabemosque por muitos anos a lngua de sinais foi vista meramentecomo uro conjunto de mmicas e snas soltos, inclusivehoje, aps sua institucionalizaco como Ingua, rnuitos saoos que ainda a tratam como mmicas ou sinais apenas.

    Essa perspectiva predominou at 1960, quando osestudos linguisticos comprovaram que se tratava de urnalngua, coro regras prprias, Ao ter acesso a lngua de si-nais e a Iingua portuguesa, o surdo tem a seu alcance um

    91

  • Jeque mais amplo de recursos lingusticos, que atendammelhor suas necessidades.

    No bilinguisrno existem duas correntes: Uroa que defende que a enanca surda deve ad-

    quirir a lingua de sinais e a modalidade oral da lngua,o mais precocernente possvel, separadamente. Posterior-mente, a enanca dever ser alfabetizada na lngua oficialde seu pais.

    Outra vertente acredita que se deve oferecernum primeiro momento apenas a lngua de sinais e, numsegundo momento, s a modalidade escrita da Ingua, Alngua oral oeste caso fica descartada.

    A EDUCA

  • W///

    meira lngua (Ll) e o da lngua portuguesa como segundalngua (L2).

    Nesse caso} conforme Faria (200 L), o ensillo delngua portuguesa para surdos deve ser desmembrado emdois momentos distintos: Ingua portuguesa oral e lnguaportuguesa escrita.

    Alm disso, deve haver outro momento distintopara a aquisico da lngua de sinais. Os momentos devemser distintos no intuito de evitar o birnodalisrno (misturadas estruturas da Ingua portuguesa com as da lngua desinais).

    importante perceber que o aprendizado de outralngua possibilita o fortalecimento das estruturas lingusti-cas, favorece o desenvolvimento cognitivo e alarga os ho-rizontes mentais, ampliando o pensamento criativo, almde permitir um acesso maior a cornunicaco.

    Existem teoras que enfatizam os tres primeirosanos de vida como seudo fundamentis para O aprendiza-do de linguas, e que, a partir dos sete anos, O aprendizadotoma-se mais dificil.

    Experiencias tm mostrado que nao h interferen-cia no aprendizado concomitante de duas lnguas, O im-portante proporcionar momentos distintos para que acrianca possa estar exposta a cada lngua. O aprendizadode urna lingua nao acontece de forma descontextualizada.Portante, importante estar atento para que a crianca pos-sa vivenciar a lingua, utilizando-a sempre,

    As linguas adquiridas sao utilizadas para diferentesobjetivos e funces, em contextos e ambientes especficos.

    O importante, corno j foi mencionado, permitira construco de uma linguagem elaborada. Dependendoda estimulaco recebida ou da caracterstica individual de

    93

  • cada crianca com surdez seu aprendizado acadmico sermelhor elaborado em uma ou em outra lngua.

    Definir que urna crianca coro perda auditiva levee moderada deve ser educada prioritariamente na lnguaportuguesa oral, e que outra com perda severa deve sereducada em lngua de sinais padronizar, e nao observara individualidade e a estirnulaco recebida pela enanca, eignorar que a lngua portuguesa nao urna lngua naturaldo ponto de vista da aquisico.

    No entanto, experiencias tm demonstrado que agrande maioria das criancas surdas (com perda severa eprofunda) desenvolve-se melhor quando, na escola, a lnguainstrucional a lngua de sinais, enquanto que aquetas comperda leve e moderada desenvolvern-se melhor quando, naescola, a lngua instrucional a Ifngua portuguesa oral.

    Sendo a lngua de sinais a primeira lngua, a segun-da lingua (lingua portuguesa) deve ser desenvolvida emoutro momento, dentro da escola.

    A incluso de aluno corn surdez leve e moderada,em principio, pode ocorrer naturalmente em creches eclasses comuns da pr-escola regular, onde a lngua portu-guesa a lngua de instruco e onde ele conte com apoiode salas de recursos para a aquisico da L[BRAS e parao desenvolvimento da lngua portuguesa (oral e escrita).Essa complementaco deve ser desenvolvida em outro Lo-cal, estruturado para esse fim, como por exemplo, a sala derecursos. Na sala de recursos, o adulto com surdez podeensinar-lhe a LIBRAS em momento distinto do ensino dalngua portuguesa oral.

    No caso da crianca com surdez severa ou profun-da, sugere-se que a lugua instrucional para o desenvolvi-mento curricular deva ser a lingua de sinais, garantindo o

    94

  • desenvolvimento da lngua portuguesa oral em outro mo-mento especfico, de preferencia com outro professor. Aincluso do aluno coro surdez, salvo raras exceces, deveter, portante, um carter mais social. Por isso muitas esco-las optam pela classe especial.

    A presenca de um professor/instrutor com surdezproporcionar a crianca a aquisico da LmRAS e o de-senvolvirnento do processo de identificaco com seu se-melhante, Dessa forma, ela tambm aprender a convivere aceitar a diferenca, desenvolvendo a autoestima. Os pas)por sua vez, aprendero corn o professor com surdez a secomunicar com seu filho, acreditaro no desenvolvimentodo seu potencial e permitiro que se desenvolva, aceitandoa sua diferenca e convivendo com ela.

    O ensino da lngua portuguesa oral dever ser efe-tivado por professor com formaco especfica para essafunco. Para auxiliar no processo de aquisico da linguaportuguesa oral, ele deve contar, COln a ajuda dos pais e, sepossivel, de fonoaudilogo.

    ALm do professor, o sistema educacional (secreta-rias de educaco) deve viabilizar o sistema de apoio aoaluno com surdez, inclusive a sala de recursos. Deve tam-bm estabelecer parcerias entre secretarias de Govemo,para que esses alunos sejam atendidos tambm por assis-rentes sociais e fonoaudilogos.

    Conforme j foi diro, a educaco bilngue pode serdesenvolvida em turmas de educaco infantil de escolasespeciais para surdos ou em creches e pr-escolas do ensi-110 regular. As escolas especiais e as escolas do ensino re-gular devem estruturar o seu projeto pedaggico de formaa possibilitar as criancas com surdez o desenvolvimentodas duas linguas: LIBRAS e lingua portuguesa (oral e es-

    95

  • crita), alm de organizar todo O sistema de apoio a essesalunos,

    O professor regente de turmas da educaco infantilpode ser ouvinte ou surdo. No caso de o professor regen-te ser surdo, o professor ouvinte deve dar a seus alunoso suporte para que possam desenvolver o aprendizado dalngua portuguesa.

    No caso de o professor regente ser ouvinte, pre-ciso que tenha um bom conhecimento da L(BRAS paradesenvolver a proposta curricular com seus alunos e, tam-bm, um boro conhecimento da metodologa do ensinode lngua portuguesa instrumental. Nesse caso, o ensinoda LIBRAS dever ser desenvolvido coro as criancas, eromomento especifico, por professor surdo.

    O trabal no, numa proposta bilngue, "quer dar o di-reito e condces ao individuo surdo de poder utilizar duasIinguas; portanto, oao se trata de negaco, mas de respeito;o individuo escolher a lngua que ir utilizar em cada S1-tuaco Iingustica em que se encontrar" (Kozlowski,1998).Essa proposta leva em consideraco as caractersticas dosprprios surdos, incluindo a opinio dos surdos adultoscoro relaco ao processo educacional da enanca surda,

    ~~~(Q}~!Dll!rI!tl7G~

    Professor surdo:

    - Ser regente de turmas de crecbe ou pr-escolas,

    96

  • desenvolveodo o currculo ero LIBRAS;- proporcionar ao aluno com surdez a aquisico da

    LIBRAS;- participar do apoio pedaggico ao aluno na sala de

    apoio ou sala de recursos, desenvolvendo arividades comocontar historias, ler poesias e ensinar brincadeiras;

    - auxiliar na construco da identidad e da criancacorn surdez, servindo como modelo;

    - ensinar LIBRAS para as enancas ouvintes, funcio-nrios e toda comunidade escolar;

    - auxiliar os professores ouvintes regentes das tur-mas que tm alunos com surdez;

    - participar, juntamente com o professor ouvinte, deencontros, eventos e reunies na cornunidade escolar.

    Professor ouvinte:

    - Ser regente de turmas de creche ou pr-escola,desenvolvendo o currculo, utilizando a lngua de sinaise facilitando o acesso e apropriaco da llngua portuguesaescrita;

    - oferecer apoio pedaggico aos demais professoresregentes quanto ao planejamento, execuco, avaliaco doprocesso educativo que envolva enancas surdas;

    - participar de encontros, eventos e reunies na co-munidade escolar, e com a coordenaco da educaco es-pecial;

    - participar do apoio pedaggico ao aluno na salacomum, na sala de apoio ou na sala de recursos;

    - desenvolver atividades que favorecam a interacosurdo-ouvinte e a participaco da crianca com surdez em

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  • atividades cvicas ou comemorativas da escoja;- proporcionar ao aLuno com surdez o aprendizado

    da lngua portuguesa como segunda lingua, atendo-se a as-pectos pragmticos e funcionis da linguagem.

    Grundy (1987) apud Sacristan (2000), analiza o cur-rculo como:

    "0 currculo niio um conceito, mas [finaconstruco cultural. Isto . nao se '1"(1/(1 de11mconceito abstrato que telliza algum tipode existencia foro e previamente a experien-cia humana. , antes, 1II1l modo de organizarlima srie de prticas educativas ".

    Com a perspectiva de atender aos desafios postospelas orientaces e normas vigentes, preciso olhar deperto a escola, seus sujeiros, suas complexidades e retinase fazer as indagaces sobre suas condices concretas, suahistria, seu retomo e sua organizaco interna.

    O autor nos convida para algumas indagaces sobreo currculo:

    O que ? Para que serve? A quem se destina? Como se constri? Como se implementa?

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  • J urna outra autora nos possibilita focal izar O cur-riculo como um elemento vivo dentro da escala, e MAN-TOAN (2007) aponta para um sistema de ensino inclusivoque deve dar respostas educativas para todos os alunos. Oconrrrio disto leva a urna excluso de algumas enancas,que tm dficits temporrios ou permanentes e ero funcodos quais apresentam dificuJdades para aprender.

    Para esta autora, o sistema de ensino deve privile-giar em seus currculos a construco de escolas inclusivasque oportunizem a todos os alunos com ou sem deficien-cia o acesso, a permanncia e o sucesso no meio escolar esocial. Priorizar a qualidade do ensino regular , pois, umdesafio que precisa ser assumido pOI todos os educadores. uro compromisso inadivel das escolas, pois a educacobsica um dos fatores do desenvol virnento econmicoe social, Trata-se de urna tarefa possivel de ser realizada,mas impossivel de se efetivar por meio dos modelos tra-dicionais de organizaco do sistema escolar.

    MANTOAN (2007) afirma ainda que, se hoje jpodemos contar com urna Lei Educacional que prope eviabiliza novas alternativas para melhoria do ensino nasescolas, estas ajada esto longe, na maioria dos casos, dese tomarem inclusivas, isto , aberras a todos os alunos,indistinta e incondicionalmente.

    A presenca do intrprete de libras no en sino re-gular ainda nao urna condico indispensvel nas escolasbrasileiras, podemos constatar em nossa prtica diria queo sistema escolar, em todos os niveis de ensino, ou seja, daeducaco infantil ao ensino superior, ainda nao priorizamou nao compreendem a funco do intrprete de libras nocenrio escoJar.

    As escolas que nao esto atendendo alunos com de-

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  • ficincia em suas turmas regulares se justificam, na maio-ra das vezes pelo despreparo dos seus professores paraesse fimo (MANTOAN 2007).

    Falar em educaco de surdos ou de deficientes au-ditivos sem oportunizar um dilogo a respeito de edu-caco inclusiva amparada no principio democrtico daeducaco para todos, nao nos parece possveJ. Entende-mos que os sistemas educacionais se especializaram ematender apenas alunos na mdia, ou s