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Leitura e Interpretação no Ensino de Física: Os discursos de autoria de estudantes do ensino médio a partir da articulação de diferentes linguagens Edimara Fernandes Vieira Mauro Rufino Sérgio Camargo

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Page 1: Leitura e interpretação no ensino de física

Leitura e Interpretação no Ensino de Física: Os discursos de autoria de

estudantes do ensino médio a partir da articulação de diferentes linguagens

Edimara Fernandes VieiraMauro Rufino

Sérgio Camargo

Page 2: Leitura e interpretação no ensino de física

Objetivo

*Este trabalho foi articulado no âmbito do PIBID de Física da UFPR e desenvolvido com estudantes do 1º e 2º ano do ensino médio de duas Escolas Públicas do Estado do Paraná.

*Teve como objetivo analisar a dinâmica de linguagens distintas das usualmente utilizadas no ambiente escolar para o ensino de física e identificar os discursos de autoria desenvolvidos pelos estudantes. Esta proposta buscou apresentar aulas centradas em textos de divulgação científica, vídeos midiáticos e histórias em quadrinhos como linguagens significativas no processo de aprendizagem.

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Linguagens no ensino de Física

*A linguagem não se resume simplesmente a um conjunto de símbolos e signos de comunicação, mas constitui uma estrutura que coordena o modo como os indivíduos vivem e interagem com as mais complexas situações apresentadas pelo mundo que os rodeiam.

*Para Maturana (1998, p. 63) o processo de ensino-aprendizagem está diretamente relacionado a estes conjuntos de interações entre os indivíduos, aprender não é apenas um processo de captação de conceitos e conteúdos, mas é constituído de mudanças estruturais decorrentes dos processos de comunicação humana.

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Aprendizagem Significativa

* Pode ser entendida como a Teoria da Negociação de Significados, observada quando o contexto trabalhado em sala de aula, que tem significado para o professor, passa a significar algo para o aprendiz, quando indivíduo que aprende é capaz de explicar novas situações com suas próprias palavras (MOREIRA, 2003, p.02)

* Condições propícias devem ser articuladas, e sob duas condições fundamentais: a) material didático apresentado pelo professor aos indivíduos que aprendem e b) interesse dos indivíduos em aprender.

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Processos de Autoria

*A Análise do Discurso tem como objetivo a identificação da prática de linguagem, onde esta linguagem não é transparente, pois expressa a interação entre o indivíduo, o pensamento e o mundo que o rodeia (DIAS e ALMEIDA, 2010, p.54).

*Dentro dos processos que envolvem a Análise do Discurso, é de grande importância ressaltar os processos de autoria que a permeiam, dentro desta perspectiva é necessário identificar os processos de autoria baseados na repetição empírica, na repetição formal e na repetição histórica (FERREIRA e QUEIROZ, 2011, p.544).

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Vídeos Midiáticos

*A função do vídeo não é substituir e/ou banalizar o papel do professor, mas compor a aula como material didático-pedagógico de alto significado, interligando professor e aluno através de uma linguagem comum.

*A leitura de materiais retirados de cinema, internet e televisão, assim como vídeos técnicos e/ou didáticos é efetuado a partir de um referencial científico, podendo ser entendido como uma nova forma de linguagem, a qual os alunos não estão familiarizados (ROSA, 2000).

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Textos de Divulgação Científica

*Aos textos científicos de divulgação diversas finalidades podem ser atribuídas, como motivação, contato com informações científicas atualizadas, aproximação dos conteúdos escolares aos conteúdos de mídia, contextualização, complementação de material didático, introdução a conceitos tecnológicos e o estabelecimento das relações entre a linguagem do aluno e a científica.

*A importância do uso deste formato se justifica porque este suprimem o rigor técnico e insere uma visão global e aprofundada do tema, propondo ao aluno um formato de leitura científica mais próxima de sua realidade cultural trazida para o ambiente escolar (ALMEIDA & RICON, 1993).

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Histórias em Quadrinhos

*A potencialidade das Histórias em Quadrinhos pode ser atribuída a duas características significativas da linguagem:

1º- marcada por seu formato literário, formulada dentro de contextos acessíveis, possibilitando uma leitura prazerosa e de fácil entendimento (PIZARRO, 2009, p.02)

2º- marcado por sua proposta dual, que contempla o desenvolvimento textual, associados a imagens gráficas. Assim, texto e imagem se complementam dentro do contexto apresentado, tornando-a uma linguagem extremamente ampla.

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Metodologia

*Este estudo contou com duas abordagens, a primeira desenvolvida com a turma de 1º ano objetivou a apresentação, leitura e interpretação de um texto de divulgação científica e a segunda, desenvolvida com a turma de 2º ano objetivou a apresentação, leitura e interpretação de um vídeo midiático.

*Ambas as abordagens culminaram na produção de histórias em quadrinhos pelos estudantes e teve como intuito vislumbrar os discursos de autoria desenvolvidos.

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Material Didático apresentado ao 1 º ano

*Texto de Divulgação Científica:

O que é uma Maremotriz?

Escrito por: Wagner de Cerqueira e Francisco- Graduado em Geografia, Equipe Brasil Escola e extraído de: http://www.brasilescola.com/geografia/energia-das-mares.htm

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Proposta didática aplicada ao 1º ano

Questão 01) De acordo com o conteúdo abordado na aula de hoje e das informações do texto “O que é uma Maremotriz”, responda:

a) Que tipos de energias estão envolvidos nesta forma de usina?

b) Que processos de transformação ocorrem?

c) É possível afirmar que seja um processo conservativo? Justifique sua resposta.

Questão 02) Crie uma história em quadrinho, utilizando no máximo três cenas, explicando o que é e como funciona uma Usina Maremotriz.

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Material Didático apresentado ao 2 º ano

*Vídeo Midiático 1:

O Mundo de Beakman- episódio: Dilatação

disponível em:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=SrAsr7pL5Sw

*Vídeo Midiático 2:

Termologia- 18: Dilatação Superficial

produzido por: Instituto Fluminense Federal de Física e disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=jSxQIGXUBVQ

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Proposta didática aplicada ao 1º ano

Questão 1) Liste todos os conceitos físicos que são discutidos nos vídeos apresentados, enumere as dúvidas que surgiram a respeito de cada conceito listado;

Questão 2) Utilizando as informações apresentadas nos vídeos e as discussões promovidas em sala de aula produza uma tirinha contendo de 3 a 6 quadros sobre o tema, esta tirinha pode envolver apenas uma forma de dilatação e poderá ser inserida em uma cena comum de seu cotidiano.

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Análise

* Em ambas as abordagens a Questão 1 teve como propósito identificar as dificuldades enfrentadas pelos estudantes durante a leitura inicial de uma linguagem alheia ao contexto do ensino de física;

* Em ambas as abordagens, no processo de produção de histórias em quadrinhos, os discursos identificados foram: repetição empírica, formal e histórica.

Page 15: Leitura e interpretação no ensino de física

Repetição Empírica

A repetição empírica foi identificada em metade das histórias em quadrinhos produzidas e teve como característica a extração literal de trechos do texto ou a reprodução fiel de cenas do vídeo.

Repetição Empírica

Tirinha aluno 2º ano Tirinha aluno 1º ano

Page 16: Leitura e interpretação no ensino de física

Repetição Formal

A repetição formal identificada de forma menos frequente, teve como característica a tentativa dos estudantes em explicar com palavras próprias as informações apresentadas nas linguagens desenvolvidas

Tirinha aluno 2º ano Tirinha aluno 1º ano

Page 17: Leitura e interpretação no ensino de física

Repetição Histórica

A repetição histórica foi identificada de forma tímida foi demarcada pela discussão do tema a partir de conceitos trabalhados em aulas anteriores ou eventos cotidianos correlacionados.

Tirinha aluno 2º ano Tirinha aluno 1º ano

Page 18: Leitura e interpretação no ensino de física

Os discursos de autoria

Tipo de Discurso 1º ano 2º ano

Empírico 12 9

Formal 8 6

Histórico 4 2

Total de tirinhas 24 17

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Conclusão

Dentre as fragilidades apresentadas por este tipo de abordagem em aulas de física, podemos destacar a falta de familiaridade dos estudantes com o a leitura em sala de aula e com o falso estereótipo a respeito do ensino de física que a caracteriza com atividade desarticulada de processos criativos e interpretativos.

Quanto às potencialidades destacam-se a promoção da associação de conceitos físicos a realidade sociocultural dos estudantes e a aproximação do ensino de física a processos criativos e questionadores típicos da ciência.

Page 20: Leitura e interpretação no ensino de física

Referências

Andrade e Martins, Discursos de Professores de Ciências Sobre Leitura, 2004.

Orlandi, A Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos, 2007.

Maturana, Cognição, Ciência e Vida Cotidiana, 2001.

MARTINS, A. F. P. Os Quadrinhos nas Aulas de Ciências Naturais: Uma História Que Não Está no Gibi. Revista Educação em Questão, Natal, v. 35, n. 21, p. 120-145, mai/ago. 2009.

DIAS, R. H. A.; ALMEIDA, M. J. P. M. A Repetição em Interpretações de Licenciandos em Física ao Lerem as Revistas Ciência Hoje e Pesquisa FAPESP. Revista Ensaio, Belo Horizonte, v.12, n.03, p.51-64, set/dez, 2010.

MATURANA, R. H. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

MOREIRA, M. A. Linguagem e Aprendizagem Significativa, 2003. Trabalho apresentado IV Encontro Nacional sobre a Aprendizagem Significativa. Maragogi, AL. 2003.