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Lab Faculdade de Comunicação da PUCRS 2014/2 - Noite Jornal da cadeira de Laboratório em Jornalismo Banco Central pode se tornar independente do governo A política e as REDES SOCIAIS PÁGINA 12 THOMÁS AYES PÁGINA 16 A febre das artes marciais Privatização PÁGINA 5 Anderson Silva, Lyoto Machida e José Alfo são protagonistas do MMA no Brasil HENRIQUE BREGÃO ANTÔNIO ALVES A arte de congelar o tempo atrai jovens Fotografia PÁGINA 9 ARQUIVO PESSOAL

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Jornal da turma 369 de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS.

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Lab Faculdade de Comunicação da PUCRS 2014/2 - Noite

Jornal da cadeira de Laboratório em Jornalismo

Banco Central pode se tornar independente do governo

A política e asREDES SOCIAISPÁGINA 12

THOMÁS AYES

PÁGINA 16

A febre das artes marciais

Privatização PÁGINA 5

Anderson Silva, Lyoto Machida e José Alfo são protagonistas do MMA no Brasil

HENRIQUE BREGÃO

ANTÔNIO ALVES

A arte de congelar o tempo atrai jovens

FotografiaPÁGINA 9

ARQUIVO PESSOAL

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Tudo começou em 1946 com o primeiro computador que se chamava Eniac. A partir daí não se parou nunca de tentar unir as pessoas cada vez mais no que se define globalização. A informação circula em questão de segundos com um clique, seja no computador, celular, tablet ou qualquer outra novidade tecnológica que tenham inventado. Com esse objetivo de união entram as tão queridas e amadas redes sociais. A princípio, as redes sociais eram voltadas apenas para conversar, tendo como referência o MSN, mas com o passar dos tempos apenas isso não era o suficiente. Com os celulares com câmeras se popularizando houve a necessidade de uma rede onde as pessoas pudessem compartilhar fotos e também as opiniões. Cria-se o já extinto Orkut e diversas outras como Myspace. Só que isso não unia tudo que se precisava ainda. Mas onde eu quero chegar? No Facebook. A rede de relacionamentos mais completa já criada pois junta o MSN com o Orkut e com qualquer outra rede social que você possa estar pensando e que eu provavelmente possa desconhecer. Devo dizer que é bem difícil encontrar alguém que não seja adepto do famoso “face”. Quem é que não gosta de dar uma checada nas “novidades” no intervalinho da aula ou trabalho? Só que, como tudo nessa vida, quando usado em exagero pode prejudicar. Ironicamente eu digo na vida social mesmo! Estar em uma roda de amigos em um bar ou restaurante e puxar o celular para dar uma olhadinha no que fulano ou ciclano acabou de postar não faz sentido nenhum já que você está com a comunicação na sua frente ao vivo e é esse o objetivo das tais redes sociais: juntar as pessoas.. De acordo com a Academia Americana de Pediatria, a rede social mais famosa do mundo tem causado depressão em vários jovens e crianças pois o excesso de fotos e status de felicidade fazem com que estas se sintam infelizes já que ficam comparando suas vidas com as que aparentam ser maravilhosas e sem problemas dos outros. Conquistas, viagens, reuniões com os amigos, tudo é compartilhado e divulgado . Com o intuito de estar voltado apenas para a fotografia é criado o Instagram em outubro de 2010. Nele as pessoas postam desde fotos de si mesmas, as intituladas “selfies”, até fotos de paisagens ou de comidas. Para haver uma conexão entre as imagens, as pessoas podem colocar hashtags, que são representadas pelo símbolo “#” e a expressão que se quer usar, nas legendas. Ir a uma festa e postar uma foto demonstra felicidade, correto? Nem sempre. Quem está feliz não precisa necessariamente mostrar pra todas as pessoas. A necessidade de tirar fotos de tudo faz com que momentos não sejam aproveitados e que só sejam lembrados pelos registros e não pelos sentimentos experimentados pois se está mais preocupado com quem irá ver e curtir. Segundo a ideia do francês Dominique Wolton, considerado conservador por muitos, mostrada no seu livro ˜Informar não é comunicar”, por mais que a internet seja a favor da liberdade, ela não necessariamente dá isso as pessoas já que essas estão submissas e dependentes à ela. É preciso analisar o individualismo que ela traz com o intuito de lembrar os laços sociais que ela deveria trazer. Eu venho com um apelo, sejamos mais egoístas e não exibicionistas! Vamos guardar nossos momentos um pouco mais para nós e não apenas para mostrar para os outros. Vamos olhar pra uma foto e sorrir pelo que o dia foi e não pelas curtidas que ela teve. Voltemos para parte da roda de amigos em um bar ou restaurante. Puxe uma cadeira. Pegue um copo pra você também. Mas o celular fica no bolso, tudo bem?

“Eu sou do sul, sou do sul/ É só olhar pra ver que eu sou do sul, sou do sul/ A minha terra tem um céu azul”. Foi com frases assim que cresci, tomando-as como verdadeiras. Um dia saí do sul e fui para esse punhado de terra ao redor do Rio Grande do Sul que muitos chamam de mundo, e vi que lá também havia um céu azul. E é esse orgulho que muitos publicitários desavisados acabam usando para obter lucro, mas não olham para o mal que acabam agravando, ao usar esse sentimento coletivo que existe. O bairrismo é igual a uma planta que deve ser podada e não regada como está acontecendo, sei que essa beleza nos fascina, mas esse mesmo fascínio pode nos matar como humanos. A desculpa é sempre a mesma: “É só uma brincadeira”, mas se olharmos pelo prisma histórico, foi exatamente com esse mesmo tipo de brincadeira que explora um sentimento coletivo, que não deixa de ser de inferioridade, que o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães comandado por Hitler, tomou o poder de uma nação gerando o mais conhecido genocídio da humanidade. Contra o gosto dos gaúchos que vivem na fronteira, isso não é só exclusividade daqui. A maioria dos estados têm esse sentimento bairrista, mas o essencial é não ter esse bairrismo discriminatório. Acho legal essas brincadeiras, como por exemplo, dizer que o Kikito é melhor que o Oscar, geralmente são engraçadas pois brincam de maneira irônica com as pessoas que realmente acham isso, mas o que para nós, “pessoas esclarecidas” é uma brincadeira para outras pode ser um incentivo para continuar descriminando. Também não podemos colocar esse fardo somente sobre dos publicitários, que só estão fazendo o seu trabalho, e com êxito, diga-se de passagem. Há também jornalistas, e toda a mídia, e não só a mídia como a população, têm sua parcela de exercer esse bairrismo extremista e apelativo. É fato que muitas pessoas não sabem diferenciar ironia e humor da ofensa, e ou também não sabem compreender a informação de maneira certa. De um lado a mídia que não comunica a notícia corretamente, de outro a população que interpreta essa mensagem do jeito que melhor lhe convir. Sou gaúcho, gosto de chimarrão, mas também curto um cafezinho, não consigo nem ser extremista em minhas próprias opiniões. Existe um pensamento “atual”, em que todos devem ser totalmente contra ou a favor de algo, com a velha desculpa de dizer que não temos opiniões próprias e até usam a expressão de estarmos “em cima do muro”, é a velha falácia conservadora, reacionária, da extrema esquerda socialista burguesa, que por mais contraditória que sejam se tornam iguais em questões de ignorância. Talvez seja esse o fruto podre da tecnologia da informação, o fato de nos relacionarmos somente com pessoas que compartilham de nossas próprias opiniões, assim não aceitando conviver harmoniosamente com nossas diferenças. O Nazismo, Fascismo, Nacionalismo e Bairrismo são os extremos de um mesmo sentimento, porém coletivo que sempre precisamos ter, que é o amor próprio. Ao mesmo tempo em que necessitamos, temos que baní-los, para assim manter um equilíbrio. E por mais que os quero-queros que gorjeiam lá, não gorjeiam como aqui, devemos sempre nos monitorarmos contra esse radicalismo e assim continuarmos cantando com mais liberdade, igualdade e humanidade.

opinião Laboratório de Jornalismo

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Natália Pegoraro

EXPEDIENTE

Jornal da Cadeira de Laboratório de Jornalismo (I Semestre)Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulFaculdade de Comunicação Social /FamecosReitor: Ir. Joaquim ClotetDiretor da Famecos: Prof Dr. João Guilherme BaroneCoordenador do curso de Jornalismo: Prof. Me. Fábian Thier ChelkanoffProfessores orientadores: Profª. Drª. Andréia Mallmann e Prof. Dr. Cláudio MércioProjeto Gráfico: Prof. Me. Fábian Thier Chelkanoff

Reportagem e Diagramação: Alexandre Brasil Peixoto, Bernardo Rodrigues de Souza, Bianca Fazollo Rodrigues, Caio Escobar dos Santos, Ciro de Almeida Pinto, Felipe Pereira Outeiro, Fellipe Pacheco Vargas, Gabriela Moraes dos Santos, Guilherme Horst Johann, Henrique Ferreira Bregão, Igor Chaiben Portela, Karoline Francisco, Marina Ceresa, Mauriane Vieccilli Dorneles, Natali Weber Rosa, Natália Bozza Pegoraro, Nathália Pase Baratto, Rafael Augusto Correa Moll, Rafaela Piazza Vergo M. Anflor, Rodrigo Yuri Dias Jaques, Vinícius Dutra Nunes Pinto, Virgínia Fernandes da Costa, Vitória Estácio Leite

Puxe uma cadeira rodrigo Jacques

Ao sul de um extremismo comum

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Elas querem cervejaÉ quase um motivo para ter

medo o fato de que, em pleno século XXI ainda existam pessoas, tanto ho-mens como mulheres que acreditam que a cerveja faz parte de um “univer-so masculino“, e que lançam olhares de assombro quando uma mulher pede a carta de cervejas especiais em um bar.

Isso, por que alguém lá atrás decidiu envolver a mulher e a cerve-ja de uma maneira “sexual”, você sabe , aquela propaganda com a loi-ra segurando uma garrafa e dando uma piscada convidativa no final.

Não, a mulher não esta no mercado cervejeiro com a função de ser um objeto sensual, ela esta pelo mesmo motivo que você, ho-mem. Para estudar sobre uma gran-de paixão da vida dela, degustar os infinitos sabores e aromas que a cer-veja pode nos proporcionar e expan-dir a cultura cervejeira pelo mundo.

Então, vamos concordar, ser mu-lher já e difícil em um mundo machista, agora, ser mulher e trabalhar em um uni-verso denominado “masculino” é mais difícil ainda. Experimente chegar em uma roda de homens e falar sobre o es-tilo de cerveja que eles estão tomando.

Mas vamos aos fatos, o que mui-ta gente desconhece nessa história de mulher e cerveja, é que por volta do ano 4000 a.C, na Babilônia e na Sumé-ria, quando ainda existia aquela histó-ria do homem sair para caçar, guerre-

ar e trabalhar enquanto as mulheres eram donas de casa com a função de produzir alimento e bebida para sua família. Acontece que naquela épo-ca, produzir cerveja era considerado uma atividade caseira, como cozinhar.

Era algo tão forte que os uten-sílios para produção de cerveja fa-zia parte do enxoval das noivas. E, as mulheres cervejeiras tinham grande prestígio, eram consideradas pesso-as especiais, com poderes divinos.

O domínio da mulher no mercado cervejeiro só diminuiu por volta do sé-culo XVIII, quando a produção da cerve-ja despertou o interesse nos homens, e iniciou-se a produção em grande escala, com novas formas de tecnologia e fabri-

cação, dando início a comercialização. Voltamos a ter importância

no mercado cervejeiro no século XX, como profissionais, mestre cer-vejeiras e consumidoras exigentes.

Hoje, temos grandes nomes nes-te mundo, mulheres reconhecidas e ou-vidas por todos, que representam não apenas uma vitória sob o rotulamento em que a mulher e a cerveja só com-binam em uma propaganda de domingo a noite, mas quebrando esse tabu da “mulher engarrafada”, que serve ape-nas para despertar o desejo no consu-midor. Mas que ensinaram para todos que não existe uma profissão masculi-na e outra feminina, existe gosto pelo que se faz, vontade e determinação.

Confraria Feminina da cerveja, formada em 8 de março de 2007.

Vitória Estácio

Laboratório de Jornalismo

UMA GRANDE CERVEJEIRA

Falando em grandes mulhe-res, um dos nomes mais respeitados neste mercado é o de Kathia Zanna-ta. Ela nada mais é do que uma das melhores profissionais nessa área no Brasil, engenheira, mestre cerve-jeira, sommelier de cervejas, em-presaria, consultora, professora e juíza de concursos internacionais. Em uma breve entrevista co-nosco, Kathia fala um pouco sobre a visão dela atuando a dez anos no mer-cado cervejeiro feminino, aonde ela começou na cervejaria Paulaner, na Alemanha. Ela diz que de lá, percebeu um aumento grande deste público no mundo cervejeiro, principalmente nos cursos de sommelier de cervejas, aon-

de de 20% a 25% dos alunos são mulhe-res. Em seus relatos, ela relembra situ-ações desafiadoras em que passou em sua carreira, principalmente na área de produção dentro das cervejarias, mas acredita que hoje o que limita a mu-lher nesta carreira e a falta de conheci-mento ou seu próprio preconceito, mas não mais do mercado. Ela incentiva as mulheres a estudarem, a mostrarem a sua competência e conquistar o respei-to dos outros através de seu trabalho e a deixar velhos preconceitos de lado. Essa reportagem teve como finalidade, a quebra de antigos pensa-mentos arcaicos que levamos conosco, trazendo o fim de rótulos nas profissões e um novo olhar sob a mulher e a cerveja.

geral

Vitória Estácio

Kathia Zannata, engenheira, mestre cerve-jeira, sommelier de cervejas e professora.

ALFREDO LUIS BARCELOS

ARQUIVO CONFRARIA CONFECE

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Laboratório de Jornalismo

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Ampliação do Hospital de ClínicasO Hospital de Clínicas de Por-

to Alegre (HCPA) começou em julho de 2014 a construção de dois prédios, anexos I e II, que vão ampliar a área construída da instituição em 70%. O projeto começou a ser planejado em 2011, mas o início da obra teve que ser adiado principalmente devido a grande repercussão gerada pelo corte de 240 árvores. Foi necessário a aprovação do projeto de lei complementar do Exe-cutivo na Câmara dos Vereadores, em março de 2014, exclusivamente criado para autorizar a ampliação do HCPA.

De acordo com o chefe do Serviço de Engenharia Predial/Edifi-cações, engenheiro Fernando Martins P. da Silva, o projeto foi desenvolvido visando reduzir o impacto ambiental causado pela obras, com o concei-to de “edifícios verdes”, utilizando sistemas energéticos de alta eficiên-cia, iluminação natural, aproveita-mento de água da chuva, e redução do consumo de combustíveis e gases.

O anexo I, terá sete andares, incluindo a Emergência, que atua quase sempre com sua capacidade total, tri-plicará de tamanho. O Bloco Cirúrgico e o Centro de Tratamento Intensivo tam-bém estarão neste prédio. Já o anexo II terá seis andares, incluí o Atendimento Ambulatorial, Diálise e Seviços admi-nistrativos. Com todos estes setores ampliados, o prédio principal poderá li-berar mais de 155 leitos de internação.

Para Martins, “no momen-to em que você aumenta a capacida-de de atender pacientes, os alunos conseguem ver muito mais casos no

período, você melhora a qualida-de de ensino”. O HCPA é um hospital universitário vinculado academica-mente à Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, e irá contar com um número maior de salas de aula, além de uma ampliação e modernização nos espaços destinados a pesquisa.

O investimento é de R$ 408 mi-lhões pagos pelo governo federal, via Ministério da Educação, o total de área construída chega a 84 mil m², e o prazo de entrega está estimado em 36 até 48 meses. A espera pode ser longa, mas após o término da obra, o HCPA vai se tornar um dos maiores e mais moder-no complexo hospitalar do sul do país.

PRECONCEITO ENRUSTIDO:

AlexAndre BrAsil

geral

MARIANA RAMOS

O término está previsto para 3 a 4 anos

ARQUIVO HPS

Transporte hidroviário cresce na capitalO transporte hidroviário de pas-

sageiros timidamente começa a res-surgir na Grande Porto Alegre. Primei-ro foi a reativação da travessia regular de Porto Alegre até Guaíba, que já ultrapassou o número de 1 milhão de passageiros. Temos também a criação da rota BarraShoppingSul com Guaíba, que vai ganhar mais duas paradas, no estádio Beira-Rio e no Cais, que está sendo revitalizado. Felizmente não vai parar por aí, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regio-nal (Metroplan) já tem projeto de uma rede de hidrovias no Rio Guaíba e seus afluentes, visando atingir Porto Ale-gre e parte da região metropolitana.

AlexAndre BrAsil ALEXANDRE BRASIL

Píer do bairro Cristal em Porto Alegre

O Brasil, em 2014, ex-perimentou uma série de ati-tudes intolerantes de ódio que revelaram o preconceito velado existente nas relações sociais. A eleição do Deputado Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias do Congresso foi um violento golpe no bom senso, e trouxe à tona uma série de manifestações de seguidores moralistas do De-putado que desfilaram nas ruas e redes sociais. Por sua vez, a repercussão do final da novela “Amor à Vida” com o primeiro beijo homossexual das telenove-las da Rede Globo, colocou den-tro da casa da família brasileira o debate sobre a questão homosse-xual e, novamente o assunto foi às ruas, redes sociais que foram espantando as pessoas com o numero de seguidores do mora-lismo. Durante a Copa do Mun-do, chegando ao terceiro semes-tre de 2014, pequenos casos de xenofobia e intolerância foram observados, assim como os ata-ques ao CTG de Livramento, no Rio Grande do Sul, contra a re-alização do casamento casamen-to homoafetivo, que pesaram neste contexto. Esses diversos atos e comportamentos de into-lerância, preconceito e violên-cia afetaram a imagem do país. Para a militante do mo-vimento negro e quilombola, Reginete Bispo, “a intolerân-cia não acabará se permitirmos que o assunto fique quieto, adormecido”. Só o que acon-tece nestes casos é que este comportamento muda de rou-pa, revelando-se mais adiante.

rAfAelA Anflor

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Muitas propostas durante a cam-panha eleitoral das últimas eleições chamaram atenção, uma delas foi a possibilidade de o Banco Central se tornar independente.

A Instituição foi criada pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional, o res-ponsável por garantir o poder de com-pra da moeda nacional e promover o permanente aperfeiçoamento do siste-ma financeiro.

As principais funções atribuidas a ele são: emissão de moeda, exe-cutar os serviços do meio circulante (distribuir o dinheiro novo e recolher e destruir o dinheiro dilacerado), efe-tuar operações de compra e venda de títulos públicos federais, exercer a fis-calização das instituições financeiras, autorizar o funcionamento das institui-ções financeiras e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Toda a diretoria do BC, inclusive o presidente, são nomeados pelo Presi-dente do País, sem mandato fixo e de-missíveis a qualquer momento. Assim, se o presidente e/ou os diretores não seguirem as orientações do Presidente do País ou do Ministro da Fazenda, po-dem ser demitidos a qualquer momen-to.

O ex-procurador do BC Tarcí-zio Luiz Johann explicou que um dos elementos que caracterizam um Ban-co Central independente é que a pre-

sidência e diretoria teriam mandato fixo, somente poderiam ser demitidos pelo Poder Legislativo, Poder este que fixaria as grandes orientações a serem seguidas pela Diretoria, que teria am-pla liberdade para estabelecer as me-tas a serem seguidas, e os objetivos a serem alcançados.

Perguntado sobre sua opinião nessa possivel mudança, Tarcizio disse - pessoalmente, sou a favor, pois o pior dos mundos é a convivência da inflação com a estagnação da economia, e as medidas adotadas pelo BC não tem se mostrado eficazes para combatê-las, sendo que a taxa de juros, um dos mais eficazes instrumentos de política mo-netária aparentemente tem sido usada politicamente- e seguiu explicando que a recente crise que se abateu sobre o sistema financeiro mundial, apenas não atingiu imediatamente o Brasil porque o sistema financeiro nacional é extremamente regulado, com regras rígidas sobre limites de capital de cada instituição e seu endividamento.

E perguntado sobre corrupção, o ex-Procurador disse que em toda sua carreira, presenciou dois casos envol-vendo colegas, mas que segundo ele foram situações onde o erro foi de ad-vocacia administrativa, sem vinculação com as atividades do BC.

E finalizou dizendo que só há duas formas de combater a corrupção, imprensa livre e independente e polí-cia federal também independente.

Laboratório de Jornalismo

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Privatização do Banco Central Guilherme Johann

economiaJORNALISMO EM CRISE

Bernardo Souza

A tecnologia, em muitas áre-as, é sinônimo de evolução, uma vez que facilita o trabalho humano tor-nando-o dinâmico, prático, moderno. Atividades que antes demandavam tempo e esforço, com a tecnologia passam a ser realizadas de forma mais rápida e prática. São inúme-ros os exemplos que provam isso. A questão histórica da queima de má-quinas por operários que temiam ter seus espaços ocupados pelas mesmas também evidencia o papel da tecno-logia na vida do homem moderno. No jornalismo não é dife-rente. Com a acessibilidade da in-ternet e da gratuidade das notícias, a categoria vive um impasse. Os donos de jornais, acreditam que nunca, na história da comunica-ção, se consumiu tanta informação como agora, e que o jornal escrito tem que se reinventar, evoluir. Isto é, faz-se necessário mudar a o jeito de se fazer jornal. Com isso, fazem cortes de gastos e de funcionários nos jornais e acabam mudando o foco do jornalismo para a internet. Segundo o presidente da Fe-deração Nacional dos Jornalistas (FE-NAJ), Celso Augusto Schröder , “nos dias de hoje, vivemos uma crise de gestão no jornalismo. Empresários, que não são oriundos da imprensa, dirigem veículos de comunicação, e como não têm conhecimento, acabam abandonando o jornalismo, e trans-formando jornais tradicionais, em revistas diárias de entretenimento”. Schröder também afirma que a categoria vive à mercê de auditores terceirizados, que en-tendem que apenas uma pessoa faz o trabalho de três, inserindo um novo tipo de jornalismo, conheci-do como “soft-news”. Este estilo nada mais é do que entretenimento, ou um “release” da internet . Com isso, perdemos fatos bem contados, a verdade, e temos a ausência do jornalismo de valores tradicionais.

Banco Central do Brasil, Brasília

ENILDO AMARAL

CANINDÉ SOARES

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Imagine uma moeda digital, ge-rada através de códigos criptografados e sem nenhuma autoridade reguladora. Assim é o BitCoin, que apesar das des-confianças, promete mudar a economia mundial.

O BitCoin surgiu em 2009, após a publicação de um protocolo por um programador chamado Satoshi Naka-moto em um fórum de discussão com a ideia de utilizar criptografia para criar uma moeda que não dependesse de uma autoridade central para ser gera-da e comercializada.

O sistema funciona com uma rede auto suficiente que gera as mo-edas, em um processo chamado P2P (peer-to-peer) que é a ligação direta entre computadores. Essa rede é for-mada por blocos ligados em cadeia que contém todas as informações as sobre transações executadas e seus dados.

Todo esse protocolo é feito em código aberto, ou seja, é público e pode ser visto por qualquer pessoa, funcionando dessa forma, como um li-vro de contabilidade aberto e compar-tilhado, sendo todos esses dados prote-gidos por criptografia.

Essa informação é processada por softwares especializados, chama-dos mineradores, em alusão a minera-ção de ouro.

O mestre em economia e autor do livro “BitCoin - a moeda na era di-gital”, Fernando Ulrich, explica que o BitCoin oferece diversas vantagens frente às moedas tradicionais: é mais rápido para transacionar, mais barato, mais seguro e não depende de bancos ou intermediários. Mas há desvanta-

gens, pois é uma tecnologia nova com a qual as pessoas ainda precisam se familiarizar e o seu valor ainda está volátil.

Segundo Fernando, o Bitcoin é um mercado nascente e está ainda se descobrindo o valor da moeda aos pou-cos.

Toda essa complexidade tecno-lógica pode assustar e até mesmo con-fundir, mas o BitCoin já é uma reali-dade e vem alterando a economia e a forma de se comprar em muitos países, incluindo o Brasil. Curitiba, por exem-plo já possui uma loja física da moeda.

Diversas empresas e lojas no Brasil já trabalham com a moeda e a tendência é que esse número cresça. “A palavra chave para falar do bitcoin é “potencial. Acho que o bitcoin irá crescer e tem potencial para se tornar uma moeda amplamente usada e a pri-meira de fato internacional depois do ouro”. Analisa Ulrich.

Apesar do sucesso, fatores como a instabilidade do preço de um Bi-tcoin, prejudicam a sua aceitação no mercado. Além disso, por se tratar de um sistema aberto, as transações e até mesmo os dados do usuário podem ser vistos por qualquer pessoa.

Entre os prós e contras, Fernan-do afirma que essa tecnologia veio para ficar.

Segundo o economista, ainda é muito cedo para fazer previsões. E tal-vez mais do que imaginar que será o bi-tcoin, é preferível afirmar que alguma criptomoeda será amplamente usada. Neste momento, é provável que seja o Bitcoin.

Laboratório de Jornalismo

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BitCoin, a moeda digital Fellipe vargas

economiaO FIM DA INDUSTRIALIZAÇÃO

NO BRASIL Henrique Bregão

A queda da indústria brasileira vem sendo mais evidente nos últimos anos. De junho de 2013 para cá, houve um decréscimo de atividade do setor em torno de 6,9%, valor alto para uma baixa em um ano de atividade da indústria nacional. Consequentemente, a compra de matérias primas e produtos vindos do exterior vêm aumentando, especificamente da China, maior mercado produtivo dos dias atuais.

O especialista Elisiário Oliveira, gerente de compras de uma empresa de elevadores alemã que faz relações de compra prioritárias com o mercado chinês, explicou porque vale à pena comprar matéria prima e produtos do chineses. Ele disse que os produtos vindos da China saem muito mais em conta do que os brasileiros, a diferença de preço pode chegar até 70%. Mesmo pagando todas as taxas de importação e de transporte. Porém, Oliveira afirma que existem sim desvantagens, pois para comprar deste mercado, é necessário procuras fornecedores confiáveis e qualifica-los pelo ponto de vista de qualidade e especificações do produto, visto que um possível erro no embarque pode comprometer toda a operação. Outro ponto negativo são as relações com o exterior e a necessidade de se formar estoques de segurança, a fim de garantir o abastecimento em caso de problemas com o fornecedor ou com a receita federal do Brasil.

Uma parcela dessa culpa é do governo, que age como um “pai que mima seus filhos” e não permite que eles se desenvolvam por si só. Com isto, ele impõe várias medidas restritivas à importação, principalmente: altos impostos, burocracia na liberação dos processos e uma deficiente estrutura logística. Mas a indústria brasileira não é um caso perdido, ainda pode se reerguer, mas para isso, deve buscar ganhos de produtividade, inovação e maior flexibilidade para atender às demandas de mercados que exigem qualidade e prontidão, tais como o mercado americano e europeu.

Para que o Brasil volte a ter uma indústria competitiva, o governo deve estimular o desenvolvimento das empresas, através de educação, infraestrutura e uma menor carga tributária, permitindo um incremento do consumo interno que alavancará a indústria nacional para competir com outros mercados. A compra por importação, por mais que pareça mais trabalhosa, é necessária, devido à esse fraco desempenho da indústria brasileira, consequente da piora da competitividade do setor manufatureiro, altas cargas tributárias e como principal, as medidas de desoneração impostas à indústria, na folha de pagamento.

BITCOIN/DIVULGAÇÀO

BitCoin, a moeda digital que promete mudar a economia

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As gerações unidas da música gaúchaentrevista

O Rio Grande do Sul está repleto de artistas inician-do trabalho no cenário mu-sical. Muitos ainda estão no seu primeiro EP, realizaram poucos shows e possuem uma carreira focada na internet.Essa galera novata só quer ser feliz trabalhando com o que gosta: compon-do, tocando e cantando. A grande maioria não es-conde suas referências e ins-pirações: as outras gerações.

Bianca Fazollo

O que essa nova geração de músicos, cantores, compositores e instrumentistas talvez não saibam é que, além de adquirirem o carinho e a atenção do público em geral, es-tão também conquistando a admi-ração de muitos músicos com baga-gem e experiência: os seus ídolos. “Toquei como convidado no primeiro disco da banda Apanhador Só. Também produzi o primeiro e es-tou começando a produzir o segundo disco da Bandinha Di Dá Dó. Ambas são extraordinárias”, contou entusias-mado o compositor, produtor musical e jornalista gaúcho Arthur de Faria. O músico e autor do novo proje-to chamado ‘Música Menor’, que já par-ticipou de shows acompanhando nomes consagrados como Fernanda Takai da banda Pato Fu, ainda confessou que po-deria “ficar aqui sem parar enumerando gente nova” pela qual tem admiração. Outro exemplo de músicos da nova geração que estão fazendo suces-so pelo Estado são os Danadões. Robson Almeida e Marcelo Astiazara, ambos de Tramandaí, Litoral Norte, iniciaram carreira juntos em 2012 e nunca escon-deram a admiração pelos irmãos Ramil. Os gaúchos Kleiton e Kledir, reconheci-dos nacionalmente e famosos por hits como “Deu pra ti” e “Vira virou”, são uma de suas principais inspirações. “Nos nossos primeiros ensaios já havia uma música deles que não saía das nossas cabeças, a Autorretra-to. Gravamos de brincadeira um vídeo pela câmera do celular, publicamos no

Youtube e mandamos para o Kleiton Ramil. Ele elogiou a nossa performance e disse que quando nós fôssemos para o Rio de Janeiro, que procurássemos por ele e pelo irmão Kledir. Não pensamos duas vezes e fomos atrás da dupla no Rio. Além de terem sido muito simpá-ticos, nos encheram de bons conselhos e ainda nos autorizaram a gravar a Au-torretrato para incluir no Nosso Disco, nosso álbum de estreia”, contou emo-cionado o músico compositor dos Da-nadões, Marcelo Astiazara. A grande admiração os levou, inclusive, a dividirem o palco com os ir-mãos Ramil no Maré de Arte, evento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizado em agosto desse ano na cidade de Tramandaí. Durante o show, Kleiton Ramil brincou com o público: “Olha... Estamos até pensan-do em colocar os Danadões para fa-zerem shows no nosso lugar enquanto ficamos em casa dormindo, eles estão cantando e tocando até nossas mú-sicas melhor do que nós mesmos”. O violinista Hique Gomez, fa-moso pelo personagem Kraunnus Sang do espetáculo Tangos & Tragédias também lembrou que os irmãos Ra-mil deram uma força para ele e para o artista parceiro Nico Nicolaiewski no início de suas carreiras: “Kleiton e Kledir nos convidaram para abrir um show no Circo Voador, no Rio de Janei-ro. Foi muito legal da parte deles. Fi-quei feliz também, pois o irmão deles que também é um baita músico com-positor, Vitor Ramil, viu um espetácu-

lo nosso no Rio de Janeiro e disse que foi a melhor coisa que já havia visto vinda do Rio Grande do Sul. Posterior-mente, Vitor fez várias participações no Tangos & Tragédias. Eu era e con-tinuo sendo muito fã dele”, relatou o dono do personagem Krannus Sang. Hique Gomez recentemente realizou um espetáculo chamado Tsui com os músicos compositores da nova geração, Saulo Fietz e Carmem Cor-rea. O artista também levou a jovem Bella Stone para gravar em seu estúdio. “O cenário musical gaúcho hoje está muito melhor do que o que tínhamos quando eu era jovem. Hoje as pessoas gravam muito e em suas próprias casas. Antigamente era difí-cil conseguir estúdios, as sessões eram muito caras, bem como as fitas. Se você não fosse contratado por uma gravado-ra, provavelmente não teria a chance de gravar uma canção. Gravar é funda-mental, o músico precisa se ouvir. E a internet ajuda o artista a comunicar-se diretamente com o seu público”, decla-rou o inventor da peça atual Tãn Tãngo. A DICA DOS VETERANOS

Aí estão dois mandamen-tos de quem tem experiência: O conselho de Arthur de Faria para a nova geração de músicos é: “Tra-balhar, trabalhar, trabalhar”. A dica de Hique Gomez é: “Estudem música, sejam espe-cialistas no que fazem. A sabedo-ria nas áreas específicas só ajuda”.

cultura

CLÁUDIA BUENO

Danadões com Kleiton e Kledir no Maré de Arte em Tramandaí

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Laboratório de Jornalismo

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Porto Alegre cultural

Algumas cidades têm como prin-cipal característica suas paisagens, monumentos ou belezas naturais. Por-to Alegre tem bons representantes em todos esses quesitos, mas é na cultu-ra que a cidade se torna referência. Respiramos arte e em cada esquina é possível ver uma demonstração disso: artistas de rua, teatro a céu aberto e manifestações artísticas das mais va-riadas formas fazem parte da cidade que tem uma agenda cultural movi-mentada o ano inteiro.

Como principais ferramentas de disseminação da cultura, os espaços culturais são pontos fortes da capital, que possui cerca de 50 museus, 13 cen-tros culturais e mais de 30 teatros. A cidade ainda recebe a Bienal do Merco-sul, uma mostra internacional de arte contemporânea, desde 1997.

A Fundação Iberê Camargo conta com grandes inovações todos os anos, fazendo com que o público jovem se in-teresse pela cultura. Além de mostras culturais, a fundação em si já é uma obra de arte. Criada em 1995, um ano após a morte do artista, com o objetivo

de preservar e divulgar sua obra. Além de aproximar o público deste que é um dos maiores nomes da arte brasileira, a instituição incentiva a reflexão sobre a contemporaneidade. Realiza exposi-ções, encontros com artistas, cursos e oficinas sobre a obra do próprio artista, Iberê Camargo, promovendo uma refle-xão sistemática sobre o fazer arstístico em si. O projeto da Fundação recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquite-tura de Veneza, em 2002, e é mérito especial da Trienal de Design de Milão.

ESPAÇOS CULTURAIS GRATUÍTOS EM PORTO ALEGRE

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO Avenida Padre Cacique, 2000 /

Praia de Belas - Porto Alegre – RS Telefones: (51) 3247-8000

MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS Rua Duque de Caxias, 1231 /

Centro Histórico - Porto Alegre – RS

Telefones: (51) 3221-3959 - (51) 3112-9035

MARGS Praça da Alfândega, s/n° - Praça

da Alfândega / Centro Histórico - Porto Alegre – RS

Telefones: (51) 3227-2311 - (51) 3221-2646 - (51) 3286-3145

CASA DE CULTURA MÁRIO QUINTANA

Rua dos Andradas, 736 Telefone: (51) 3221-7147 Programação e informações: www.ccmq.com.br

CENTRO CULTURAL CEEE ÉRICO VERÍSSIMO

Rua dos Andradas, 1223 - Centro Telefone: (51) 3221-6823 www.ccev.com.br

CENTRO MUNICIPAL DE CULTURA ARTE E LAZER

Av. Érico Veríssimo, 307 - Menino Deus Telefone: (51) 3289-8000

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/ SANTANDER CULTURAL

Rua Sete de Setembro, 1028 Centro Histórico Telefone: (51) 3287.5500 www.santandercultural.com.br

CENTRO CULTURAL USINA DO GASÔMETRO Av. Presidente João Goulart, 551 - Centro Histórico Telefone: (51) 3289.8100

Cem anos de amor e dor O ano de 2014 marca o cente-nário de um dos maiores nomes da música gaúcha e brasileira. Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor nascido em Porto Alegre, fez sucesso com suas canções sobre a tristeza do amor perdi-do, sendo consideradas as mais melan-cólicas da MPB. Foi inventor do termo “dor-de-cotovelo” e compôs o hino do Grêmio Football Porto Alegrense. O compositor passou por um período difícil na carreira nos anos 60, com a chegada da jovem guarda e da bossa nova, mas voltou ao cená-rio nacional quando Caetano Veloso gravou “Felicidade”, composição sua. A partir de então Lupicínio se firmou como um dos principais compositores brasileiros, sendo gravado por diversos músicos. Faleceu em 1974, no auge de sua carreira, deixando um legado de belas composições. Arthur de Faria, músico e jor-nalista, explica que Lupicínio definiu o que viria a ser o “Samba-Canção”.

Mesmo com registros anterio-res, foi a partir da obra de Lupi que o mesmo passou a ser amplamente di-fundido. Segundo Arthur, o compositor foi quem popularizou, nas letras de suas músicas, o tema do homem tra-ído, do sofrimento amoroso, que pas-sou a ser comum a partir dos anos 40 e juntamente com Elis Regina e Radamés Gnatalli, forma o trio de músicos porto alegrenses que mais contribuiu com a música nacional. Lupi completaria cem anos em setembro e a cidade tão querida pelo compositor não poderia deixar de homenageá-lo. Ao longo de 2014 diver-sas atividades apoiadas pela prefeitura aconteceram em Porto Alegre. Lança-mentos de livros, espetáculos, musicais e filmes celebrando a vida e obra de Lupicínio. Para Arthur de Faria, esses eventos fazem justiça a obra de Lupicí-nio e ainda trazem visibilidade não só no estado mas como em todo o país.

Fundação Iberê Camargo.

Fellipe Vargas e Nathália pase

Fellipe Vargas

EUGENIO HANSEN/CC

cultura

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Fotografia é a arte de congelar o tempo, captando sentimentos úni-cos. Muitos artistas vêm inovando e criando escolas de fotografia, aprimo-rando seus conhecimentos e até mes-mo descobrindo novos talentos. Vários fotógrafos afirmam que essa arte é um desafio fascinante que exige mui-to além da criatividade, e quanto mais prática e mais vivências, mais profis-sionais tornam-se. E assim como com muitos jovens, com Marcellus Cruz, 21 anos, aconteceu quase o mesmo. Muitos começam a fotografar desde a infância com alguma câmera do avô, mas sua realidade era outra: ele fugia das câmeras. Foi só a partir dos 15 anos que começou a fotografar por hobby. Decidiu se tornar fotógrafo quando se encantou pelo ramo da fotografia de moda e foi neste momento que tam-bém decidiu que queria um diploma na área. Cellus, como é chamado, compara a fotografia na sua vida como um relacionamento amoroso qualquer: foram apresentados através de amigos em comum, passaram a se relacionar e iniciaram um romance, vivendo de altos e baixos, afirma. Ele entrou na segunda turma de Fotografia da Uni-versidade de Santa Cruz do Sul e, na-turalmente, por ser um curso novo, es-

perava passar por cobaia em algumas situações. Algumas expectativas foram frustradas. Numa visão geral, o que tira de positivo é que a faculdade o ensinou a pensar fotografia. A técnica foi en-sinada em algumas disciplinas e, hoje em dia, é possível aprender pegando a câmera e praticando. Há cerca de um ano, Cellus parou de fotografar com câmeras digitais e adquiriu a analógica e esse foi o marco mais importante da sua carreira. Acredita que a fotografia deve ser praticada independente da forma, entretanto, a sua percepção mudou muito ao abandonar o digital, que permite disparar um montante de

fotos por segundos e adotou o filme, onde pensa cada fotografia antes de queimar um fotograma. Porém, o que ele mais aprecia são as intervenções artísticas que podem se realizar - como o hand-colouring, técnica que consiste em colorir à mão fotografias captura-das e ampliadas em preto-e-branco. Pouco aplicou, diz ele, a técnica em seu trabalho autoral, pois aprendeu-a recentemente em um curso realizado numa escola de fotografia de Porto Ale-gre, a Fluxo - que conta com professo-res e cursos que incentivam a fotogra-fia analógica desde o aprendizado até a revelação manual.

Laboratório de Jornalismo

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A arte de respirar fotografia

Marcellus Cruz, 21 anos, um dos mais novos fotógrafos de Porto Alegre.

rafael moll

O potencial sem limites dos seriados de TV

As estatísticas não mentem, e a “nova-velha” febre dos seriados televisi-vos arde mais do que nunca. Apesar de representar um mercado em constante ascensão e expansão, que não respeita mais barreira alguma para chegar até os amantes do conteúdo, é preciso lembrar que esse “boom” em terras brasileiras é reflexo do advento da internet e dos ca-nais pagos, que inicialmente notaram o potencial que tinham em mãos. Estima-se que no começo da dé-cada de 90, as séries americanas tenham obtido um salto de qualidade, devido a uma entressafra de Hollywood, quando as grandes produções estavam muito previ-síveis e caras. Foi então que esse novo modelo ganhou espaço, com séries como Twin Peaks e Arquivo X primordialmente,

dirigidas por grandes nomes como David Lynch. Os Estados Unidos, país referên-cia nessa arte de lançar grandes histórias fragmentadas em episódios, a ponto de prender o espectador por temporadas a fio, logo se tornou uma máquina de pro-dução em série de séries, com o perdão do trocadilho.

Em terras brasileiras, onde a pre-ferência nacional sempre foi a novela e nunca foi dado muito espaço para que esses programas mostrassem seu valor, é inacreditável que o número de adeptos tenha crescido tão exponencialmente. Graças aos serviços de streaming pagos, canais de TV a cabo, abertos e a sempre combatida (e nunca abandonada) pira-taria, a chegada de superproduções foi facilitada. Imaginando essa fusão de um

fruto cinematográfico holywoodiano com a segmentação e o “gostinho de quero mais” de uma novela, o resultado não poderia ser diferente: começamos a de-vorar séries.

A juventude, por exemplo, parece ter aderido a esse hábito com total na-turalidade. A estudante Ana Luísa, de 17 anos, confessa que chega a dedicar mais de quatro horas por dia às suas séries favoritas, e desabafa “depois que se dá uma chance para as aclamadas sitcoms e dramas estrangeiros, é difícil engolir a programação daqui”. Fica cada vez mais comum encontrar alguém que esteja aguardando a nova temporada de Game of Thrones e triste pelo fim de Breaking Bad, do que envolvida pela da atual no-vela das nove.

ACERVO PESSOAL Nathália Pase

Laboratório de Jornalismo cultura

Os porquês da recente explosão do conteúdo

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Teatros públicos de Porto Alegre encontram-se em más condições, artistas passam dificuldades para atuar nestes locais. A Casa de Cultura Mario Quintana está em obras há mais de cinco anos e na Usina do Gasômetro onde há um grande potencial, com locais para exposições, te-atro, música, eventos e um bom estacionamento que não está sendo bem explorado, aparentemente parece estar abandonado. Já teriam sido interrompidas aulas de teatro e peças foram canceladas por não estarem em boas condi-ções. Por estes motivos, artistas reivindicam criação de novos espaços culturais e melhorar a manutenção dos já existentes, visto que profissionais e público sofrem com a má qualidade dos equipamentos e climatização dos am-bientes.

O produtor e administrador do Espaço Cômica Cul-tural 504 da Usina do Gasômetro, Gustavo Saul, relata que é realmente complicada a situação em que os grupos culturais se encontram hoje em Porto Alegre. Ele afirma que estão passando por uma má gestão por parte do poder público aonde os investimentos em cultura estão cada vez mais escassos.

A situação atual da Usina do Gasômetro é muito de-licada e atingiu o seu ápice no verão, aonde um problema no sistema de ar condicionado fez algumas peças serem canceladas dentro da programação do Porto Verão Alegre. Mas o problema já vem se arrastando há um bom tempo.

Segundo Saul, é preciso de uma vez por todas que o governo municipal encare a Usina do Gasômetro como um espaço transformador e prioritário, aonde vertem inúme-ras manifestações artísticas em todos os segmentos. É o momento de considerar definitivamente a arte como algo essencial e não supérfluo.

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No escurinho do cinema

O último cinema Drive-in do Brasil, situado em Brasília, ficou à mercê de sua destruíção. Situado den-tro do Autódromo Internacional Nelson Piquet, o cine iria passar por reformas para receber a Fórmula Indy 2015, porém Brasília não permitiu. A campanha para preservação do lugar foi lançado pelo grupo Urbanistas por Brasília, a qual tinha como objetivo reunir 5 mil no-mes e entregar um abaixo-assinado para pedir aos de-putados distritais que analisassem o Projeto de Lei nº 1.608/2013, que torna o local patrimônio cultural mate-rial do Distrito Federal.

A história dos Drive-ins começou em New Jersey, no ano de 1933 com Richard Hollingshead, quando sua mãe, uma senhora acima do peso, reclamou dos acentos pequenos dos cinemas da época. Então Richard resolveu inaugurar no quintal de sua casa um cinema, amarrando lençóis nas árvores e ligando um projetor em cima de seu carro, assim criando um outro estilo conhecido até os dias de hoje.

Símbolo de resistência a modernidade, o Cinema Drive-in de Brasília foi criado há mais de 40 anos e é um dos últimos estabelecimentos do estilo em toda América Latina. Exemplo de cultura não apenas nacional, mas in-ternacional também é mantido pelo Ministério da Cultu-ra, único no Brasil, causou grande comoção aos visitan-tes assiduos, fazendo com que a união dos amantes pelo cinema ao ar livre travassem essa guerra de aniquilação.

Para muitos o drive-in é uma diversão e para ou-tros é imagem cultural do país. “É um espaço que está em extinção, agente só vai em cinema nos shopping hoje em dia. É ótimo ter um cinema Drive-in nem que seja em algum lugar do Brasil”, afirma Nicolle de Paulo, estudan-te do curso de cinema da PUCRS.

Karol Francisco

BEATRIZ RODRIGUES

A arte pede socorro

Gabriela Moraes

MONKEYWING/FLICKR

Laboratório de Jornalismo cultura

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O funcionamento dos mercados de capitais tem se tornado objeto de preocupação das autoridades econômi-cas em todo o mundo. Com a globaliza-ção e a aproximação dos mercados, au-menta as possibilidades de propagação das crises e com agentes conectados e atuando em várias localidades, essas se expandem e agravam com mais veloci-dade.

Recentemente a economia mun-dial se agravou com uma crise no mer-cado americano e quanto ao Brasil, este está se saindo muito bem devido a atu-al gestão Estatal. Não que a economia não tenha sido afetada, mas não é gra-ve como em alguns países da Europa, onde esta foi relevante. Segundo Paul Krugman, economista norte-americano ganhador do premio Nobel de econo-mia de 2008, o país da era Lula emer-giu muito mais forte do que se poderia imaginar, mas o fluxo de dinheiro desde então foi intenso demais, o real passou por um processo de supervalorização e agora temos uma onda, não exatamente de fuga de capitais, mas de diminuição significativa da entrada de recursos. Porém o Estado brasileiro sofre direta-mente e indiretamente com a crise. Um efeito direto é a tendência à elevação

das taxas de juros, pois os investidores (especialmente os internacionais) pas-sam a exigir maior prêmio de risco para mantes as suas aplicações, forçando as autoridades Estatais a intervir e conge-lar tanto a redução de juros quanto a da inflação. Isto demonstra como o capital estrangeiro está dentro de nosso gover-no, pois muito da economia forte do Brasil é influenciada pelo dinheiro que vem de fora do país e em momentos de estresse, essas empresas estrangeiras tendem a fugir de mercados arriscados. O Brasil já está na faixa dos países dos quais não se espera uma ação decep-cionante. Mas ainda assim, segundo os dados apresentados pelas agências de classificação de risco, investir nas terras tupiniquins é mais arriscado que inves-tir em países como Alemanha, Suécia e Canadá.

Por mais que tenha sofrido conse-quências, o governo brasileiro vem apre-sentando grande resistência à crise que afetou a economia mundial, visto que a dívida externa brasileira já não apresen-ta mais riscos e com isto, fica confirma-da a frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dita em 2008,:“A crise nos Estados Unidos é um tsunami, mas quan-do chegar aqui será uma marolinha.”

Hoje em dia se fala muito sobre o papel do jovem na politica. A palavra “renovação” é utilizada por candidatos de quase todos os partidos e, ao mes-mo tempo, há o debate que discute a permanência de alguns políticos mais antigos no poder, como Sarney e Collor. De qualquer forma, o engajamento po-litico dos jovens tem ganho destaque nos últimos tempos, o que volta a tra-zer à tona a ideia de uma renovação da politica.

Thais Damin, de 21 anos, foi a candidata mais jovem a deputada fede-ral no Rio Grande do Sul nesta eleicao. Ela estuda Direito e concorreu pelo partido PDT. Thais disse que gosta mui-to de ver pessoas da faixa etária dela, ou mesmo mais jovens, manifestando interesse pela área política. “É sempre bom ver o pessoal mais jovem se enga-jando. Se todas as pessoas, jovens ou não, tiverem interesse pela política, a

participação popular vai ficar mais for-te.” diz.

Ela afirma que, a principio, deci-diu concorrer para preencher a cota de mulheres no partido, 30%.

Mesmo com uma verba modesta para sua campanha(R$ 3.000) e sem ter

nenhuma proposta pronta, ela consi-dera o diálogo com a comunidade uma das ferramentas principais para atuar neste cargo público. “A conversa com as pessoas pode ser uma ponte que liga o povo com o partido, e isso é bom para todo mundo.” completa Thais. A can-didata recebeu 448 votos na eleição. Mesmo nao sendo eleita, fica a sensa-ção de dever cumprido. Thais ainda nao descarta a possibilidade de con-correr futuramente em outra eleição. “Acho empolgante ter essa oportunida-de de trabalhar em algo que tenha tan-ta importância para o Brasil. E, mesmo que nao seja eleita, o aprendizado tem sido, de verdade, muito positivo para mim.”

Ainda que hajam poucos candi-datos jovens na eleição deste ano, o debate vai aumentando nas redes so-ciais e nas assembleias populares. mos-trando, mais uma vez, quem é o futuro do Brasil.

Laboratório de Jornalismo

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Crise Americana: Afetou o Brasil?

Os jovens na política atual

Guilherme Johann

iGor Portela

Entenda a crise

A crise financeira que afetou primeiramente os Estados Unidos e logo depois a economia mundial, teve o seu ponto inicial quando o banco estadunidense ˜Lehman brothers˜ faliu. Logo após esse fato, grandes instituições financeiras começaram a quebrar, criando uma reação em cadeia.

Logo após a quebra do banco,

houve em um espaço de poucos dias, a falência da maior empresa seguradora dos EUA, a American Internacional Group(AIG), o que, em 24 horas após esse evento, obrigou ao governo americano injetar verba pública na AIG e estatizou novamente as empresas de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac(que eram privadas desde 1968) por tempo indeterminado, para estabilizar a economia novamente Mas não foi o suficiente,pois em poucas semanas a crise atravessou continentes: a Islândia estatizou o seu segundo maior banco. As mais importantes instituições financeiras do mundo, soltaram notas mencionando que tiveram perdas colossais em seus balanços. No Brasil, as empresas Sadia, Aracruz Celulose e Votorantim anunciaram perdas bilionárias.

política

TSE

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Segundo os especialistas Mar-celo Träsel e André Pase, professores da disciplina de jornalismo online na PUCRS, essa estratégia usada pelos políticos é proveitosa. Se usada cor-retamente, pode mostrar um lado do candidato que os eleitores talvez não conheçam; um exemplo positivo recente é do candidato à presidência de 2010 pelo PSDB, José Serra, que aparentava ter uma má reputação e antipatia naquela época, mas após o uso benéfico do Twitter, mudou dras-ticamente seu perfil perante os elei-tores e conseguiu ter um aumento nas

pesquisas eleitorais. Träsel ainda alega que as redes

sociais têm apresentado certa impor-tância, mas se comparadas à televi-são, ainda são uma pequena parcela, pois a audiência da mídia televisiva é muito maior do que a audiência de quem mexe diariamente nas redes so-ciais, sendo esta de 25% a 30%. Por outro lado, as redes têm a vantagem de apresentar um conteúdo mais sim-

ples e rápido de ser repassado, dando assim oportunidade para que a mili-tância possa fazer uma transição do tipo “Internet- Rua”, com mais flui-dez. Outro ponto a ser visto nessa es-tratégia é a tentativa desses elemen-tos políticos se aproximarem mais dos jovens, com campanhas que apresen-tem um perfil que condiz mais com os jovens de hoje em dia, mas, segundo os especialistas, a maior antipatia que os jovens têm com a política não é porque ela está pouco integrada às novas tecnologias, mas são outros fa-tores, como burocracia e linguagem divergente da apresentada no dia a dia; Segundo Marcelo Träsel: “Não é a página Dilma Bolada (página de hu-mor no Facebook que usa a imagem da atual presidente, Dilma Rousseff), que vai mudar este desinteresse dos jovens.”

As redes apresentam tanto pa-péis positivos quanto negativos den-tro do sistema político dos dias de hoje. Independente se o partido é de ideologia esquerdista ou direitista, pode sim haver benefícios relevantes para o partido que souber usar me-lhor a rede social, mas existe a pos-sibilidade de certa ideia publicada pelo partido criar uma discrepância nas mesmas. Porém, é ilusão pensar que apenas apresentar um perfil com fotos e textos com histórias de boa índole vão ser o principal meio de eleger este candidato. Para obter o sucesso eleitoral hoje em dia, seria necessário apresentar um bom ma-rketing político eleitoral, tanto digi-tal, quanto convencional.

Laboratório de Jornalismo

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política

AS REDES AJUDAM A DENUNCIAR CRIMES?

A política e as redes sociaisEntre tantos veículos de

comunicação que a política está envolvida, os que mais vêm crescendo são as redes sociais. Consequência do estilo de vida aderido nesse novo século: Nunca se esteve tão conectado à internet como nos últimos 10 anos. E os políticos têm visto isso com grandes olhos, especulam ser uma grande jogada para beneficiar tanto o seu partido, quanto uma futura candidatura.

“Não é a página Dilma

Bolada que vai mudar este

desinteresse dos jovens.”

Os crimes eleitorais também vêm sendo cada vez mais expostos em redes sociais, sejam eles pequenos delitos dos candidatos, até grandes esquemas organizados por um partido inteiro. Tendo em vista que o marco civil da internet foi aprovado este ano na câmara de deputados, Träsel explica que o projeto, por estar no início, ainda é muito pouco regulado e não apresenta tanta importância quanto a crimes eleitorais e a princípio só podemos usar as redes para fazer denúncias caso vejamos alguma equívoco na campanha de um político, como cavaletes irregulares e propagandas que fazem difamação de um candidato rival. O maior problema de se ter isso descoberto em uma rede social, é o “super tribunal” que é criado, com um número alto de usuários a favor do “réu” e um outro número alto contra, que julgam e executam muito rápido toda a situação, sem possuir nenhuma prova concreta ou que foi estudada por uma corte legal. E ainda assim, o ministério público (órgão do estado que cuida dos crimes eleitorais), acaba ignorando esses casos, pois sua gestão diz que não é de “grande ajuda”, então no final esses escândalos acabam mesmo por virar apenas fontes de notícias para a imprensa.

Partidos e candidatos divulgam seus conteúdos em redes sociais

HENRIQUE BREGÃO Henrique Bregão

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Laboratório de Jornalismo

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Na crista da ondaPaulista de São Sebastião, Ga-

briel Medina, de 20 anos, está muito perto de se tornar o primeiro brasilei-ro campeão mundial de surf. Líder do ranking mundial da ASP (Association of Surfing Professionals), Medina deixa para trás grandes nomes do surf, como o mito americano Kelly Slater, que der-rotou este ano em Teahupo’o no Tahiti na etapa do WCT (World Championship Tour).

Medina é o brasileiro mais jovem a ingressar no seleto WT (ASP World Ti-tle), restrito aos 36 melhores do plane-ta. A família é a sua base. Gabriel mora com seus pais e irmãos mais novos, So-phia e Felipe, na praia de Maresias, no litoral norte paulista. Começou a surfar com 9 anos, e sempre foi incentivado a praticar o esporte pela mãe, Simone Medina, mas quem notou o talento do garoto foi o padrasto Charles Saldanha, a quem Gabriel chama de pai, Charles é também seu treinador e o acompanha à todas as viagens e competições. Aos 11 anos, Gabriel venceu seu primeiro campeonato a nível nacional.

Em 2009 fechou um contrato

com a Rip Curl e se profissionalizou e apenas 10 dias depois, já venceu a etapa do Mundial Profissional, Gabriel coleciona entre nacionais e interna-cionais, 24 títulos. Tímido na infância, ainda aprende a lidar com o assedio de fãs.

Ele está na crista da onda, no melhor momento da sua carreira, e tem como ídolo Ayrton Senna. Gabriel

leva o surf a sério, quando não está competindo, está treinando, de treinos pesados à treinos funcionais, e claro dentro do mar. Ele reúne todas as ca-racterísticas de um grande campeão: a humildade, o caratér, o talento, a de-dicação, a preparação física, o equilí-brio, e uma ótima estrutura familiar. Se é de ídolos que o Brasil carece, Medina é um exemplo a ser seguido.

Mauriane Vieccilli

esporteLUIS ROCHA

Futebol americano em Porto AlegreFutebol americano, beisebol,

basquete e hóquei no gelo. Esses são os quatro esportes mais praticados e populares nos Estados Unidos. São co-nhecidos como “esportes americanos”. Entretanto, há alguns anos, os esportes que dominam a cultura estadunidense têm cruzado fronteiras e se espalhado pelo mundo.

No Brasil, e, sobretudo, em Porto Alegre, é impossível não notar a influ-ência de tais modalidades na vida dos habitantes da capital gaúcha, especial-mente no caso do futebol americano, esporte que mais cresce no Estado nos últimos cinco anos. Por mais que a NFL (Liga Nacional de Futebol) tenha entra-do, mesmo que timidamente, na casa de muitos brasileiros durante a década de 90 com transmissões do Super Bowl na Rede Bandeirantes, não se tinha co-nhecimento de times brasileiros de fu-tebol americano no Brasil.

Porém, hoje a prática do espor-te é uma realidade em Porto Alegre,

mesmo que ainda de forma amadora. Há quatro times na capital: o Porto Ale-gre Pumpkins, fundado em 2005; o São José Bulls, fundado em 2007 como Por-to Alegre Bulls; o Restinga Redskulls, fundado em 2011; o Porto Alegre Cro-ws, fundado em 2014. Apenas Pumpkins e Bulls são times “full-pads”, ou seja, equipes que contam com pads (uma es-pécie de armadura) e capacetes.

Embora a audiência da ESPN te-nha aumentado em mais de 60% nos últimos cinco anos e a Nike tenha dis-ponibilizado os produtos originários em sua loja virtual, não se pode negar que o esporte ainda é considerado nicho na capital gaúcha.

O diretor de marketing e comu-nicação do São José Bulls, Rodrigo Pala-ver, cita o alto custo dos equipamentos como um dos maiores empecilhos para prática da modalidade, sem esquecer a falta de um patrocinador/apoiador: “Temos uma parceria com o São José, isso já é um grande avanço, somos os primeiros com esse tipo de parceria na

Capital, a esperança que seja um pas-so importante para encorajar alguém a acreditar e investir no time”.

Já o diretor de comunicação do Porto Alegre Pumpkins, Arthur Perez, aponta a ausência de uma entidade para organizar campeonatos como um dos grandes atrasos da modalidade no Rio Grande do Sul “ O futebol ameri-cano está atrasado no Estado, princi-palmente em relação à confederação”. Não bastasse falta de apoio e de uma federação que administre torneios, os praticantes de futebol americano ain-da sofrem preconceito de pessoas por causa do “esporte violento” que leigos julgam ser.

“O Pumpkins tem frequentado muitos eventos em escolas, queremos tirar o estigma de esporte violento das pessoas”, completa Arthur. Apesar de ser uma modalidade em franca ascen-são em Porto Alegre, o futebol ameri-cano ainda precisa quebrar algumas barreiras, bem como o prejulgamento e falta de incentivadores.

Vinícius dutra

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esporte Laboratório de Jornalismo

De Cruyff a Mourinho

Aloísio Pires Alves é um ex-jo-gador de futebol, nascido em Pelotas, que jogava como zagueiro. Começou nas escolinhas do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, indo da categoria Infantil até o time profissional, com passagens por Inter, Barcelona e Por-to, onde é ídolo da torcida. Disputou alguns jogos pela seleção brasileira, tendo como destaque sua participa-ção nas Olimpíadas de Seul, em 1988, quando o Brasil ganhou a medalha de prata no futebol.

LabJor:Qual é a diferença de um time do interior gaúcho - o Bra-sil de Pelotas - para um clube grande como o Inter?

Aloísio: A diferença é muito grande, na estrutura, o que envolve as categorias de base, os treinadores, os locais de treino e as condições de trabalho. No início me causou até certa estranheza, mas para um atleta que realmente quer crescer no fu-tebol, ser um grande profissional, é algo muito bom.

LabJor:Tem algum momento especial pelo Inter?

Aloísio: O vice-campeonato brasileiro. Nessa época o Inter não tinha grandes times, chegamos a final de um campeonato brasileiro (no ano em que foi disputada a Copa União, 1987) com praticamente 70% do gru-po de jogadores oriundos das catego-rias de base. Enfrentamos na final o Flamengo, de Zico e Renato Gaúcho. Individualmente, foi o fato de ter recebido o Troféu Bola de Prata (en-

tregue pela revista Placar), como o melhor zagueiro do ano.

LabJor: Foste convocado para seleção durante sua passagem pelo Inter?

Aloísio: Sim. Joguei as Olimpí-adas de Seul, em 1988, como titular. O Brasil conquistou a medalha de pra-ta naquela oportunidade. Foi a minha grande passagem pela seleção.

LabJor: Depois do Inter tu fos-

te para o Barcelona, pelo qual jogou entre de 1988 a 1990. Como foi essa transferência?

Aloísio: Fomos fazer um tor-neio na Europa, em Glasgow, que o Ajax, na época treinado por Cruyff, participaria. Lembro que fiz um jogo muito bom contra o time holandês. Um ano depois, o treinador se trans-feriu para o Barcelona, para reestru-turar o clube. Ele contratou inúmeros jogadores, sendo que eu era um de-les, pois me encaixava perfeitamente

no esquema com três zagueiros que o treinador estava tentado aplicar ao time, pois no Inter já me destacava jogando como líbero. A transferência ocorreu enquanto estava disputando as Olimpíadas, em Seul.

LabJor: O Barcelona é con-siderado um dos maiores clubes do mundo. Como foi sua passagem por lá? Era titular?

Aloísio: O Barcelona é um clu-be diferente dos outros. Eles costu-mam dizer lá que o Barcelona é mais que um clube e, realmente, tudo que envolve a historia e a participação política que o clube tem na região. Os torcedores, não diria que são melhores, mas tem uma cultura di-ferente da brasileira, da maneira de ver o futebol. Fui titular, tive a feli-cidade de vestir aquela camisa. Uma curiosidade: no meu primeiro jogo, quando voltei da Seleção, fiquei no banco. A principio, não iria jogar, só se alguém da minha posição sofresse alguma lesão. Por um acaso, algum dos colegas acabou se machucando, entrei e joguei os últimos vinte mi-nutos de jogo. Essa foi a minha es-treia, contra o Real Bétis. Depois tive sequência, também por ser uma das contratações do treinador. Não tive a felicidade de ganhar o Campeonato Espanhol, mas conquistei uma Taça do Rei, enfrentando o Real Madrid, e uma Supercopa da UEFA. Desde a minha época o clube cresceu, mas existem coisas que já existiam quan-do joguei lá.

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Caio SantoS

“O Porto foi o auge da minha carreira em todos os sentidos... Foi muito bom.”

WIKIPÉDIA COMMONS

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Tudo se iniciou numa tarde de 1968, quando o Dr. Joubert Motta Pe-reira, então Diretor do Departamen-to de Atletismo do Grêmio, percebeu em alguns meninos que estavam num momento de entretenimento com uma bola, a noção que estavam praticando futebol.

Via que o prazer não estava só na mente, mas também no sangue dos garotos. No dia 7 de abril de 1969, co-meçou as atividades da Escolinha de Futebol do Grêmio Foot-Ball Porto Ale-grense. Atualmente, segundo Antônio Ângelo Souza, Coordenador Geral, a escolinha conta com 1020 alunos e 70 voluntários, sendo muitos destes pais e filhos.

A organização, além de visar o lançamento de atletas para o profissio-nal, preocupa-se com toda a questão disciplinar. Existe um projeto denomi-nado Atleta Nota Dez, no qual um dos fundamentos é o boletim escolar.

Na rotina percebe-se esse ele-mento também, há todo um regu-lamento, nas diferentes categorias existentes que procura solucionar as possíveis situações que possam ocorrer na rotina.

A voluntária e futura aluna, Ana Paula Donner, de 14 anos, comenta que gosta muito da escolinha, de volunta-riar aos sábados, pois tem um clima bem familiar e, “eu tenho a sorte de poder assistir o futuro do nosso fute-bol.” Afirma que repara na evolução de cada jogador, a cada partida e o quanto eles se esforçam para continuar jogan-do e ajudando a sua equipe.

Destaca ainda que nas derrotas, os guris se emocionam, choram pra ca-ramba, e os próprios adversários mui-tas vezes vêm dar o seu apoio, o espíri-to de equipe é muito forte e é isso que dá gosto de se ver. A estrutura é muito boa, o gramado, as pessoas que ali tra-balham, tudo.

Os treinos da semana são minis-trados por profissionais formados em Educação Física e estagiários super-visionados por profissionais com pós--graduação, que aos sábados ás equi-pes são dirigidas pelos próprios pais com a finalidade de integrar a família a escolinha, um item importante que na instituição 20% dos atletas não pagam qualquer taxa, maneira vista pelo Grê-mio de interagir meninos carentes com processo de aprendizagem do futebol.

Natali Weber

VirgíNia FerNaNdes e ViNícius dutra

Escolinha de Futebol do Grêmio

Orlando Moares da Luz, mais conhecido como Orlandinho, nasceu no dia 08 de fevereiro de 1998, em Carazinho. Começou a pegar gosto pelo tênis logo aos 3 anos de idade assistindo partidas do seu pai nas quadras do Clube Comercial de Cara-zinho, onde deu as primeiras raque-tadas.

O jovem tenista treina em Camboriú, Santa Catarina, na aca-demia administrada por Larri Passos, conhecido mundialmente por traba-lhar com Gustavo Kuerten, é buscada por atletas que visam alto desempe-nho. O seu pai, Orlando Luz, é um dos seus maiores incentivadores, tem como ídolo o Guga e é fã confesso do sérvio Novak Djokovic.

Orlandinho ganhou notorieda-de no cenário nacional ao conquistar 3 títulos em sequência na categoria junior do ITF (Federação Internacio-nal de Tênis) e conta com jogadores até dois anos mais velhos do que o gaúcho de Carazinho. O bom desem-penho rendeu ao jovem chegar ao TOP 3 do ranking no circuito.

Considerado umas das maiores promessas após a aposentadoria do Guga, já chegou às semifinais e final de Grand Slams renomados como Ro-land Garros, US Open e Wimbledon, no qual ele sagrou-se campeão, que-brando um tabu de 48 anos sem tí-tulos de qualquer brasileiro em solo inglês.

Em 2014, Orlandinho conquis-tou mais três títulos consecutivos, perdendo apenas um único set. No mesmo ano, conquistou medalha de ouro dos jogos Olímpicos da Juventu-de ao lado de Marcelo Zormann.

Em período de vacas magras para o tênis brasileiro, o gaúcho, é uma esperança real de títulos , o ótimo desempenho em competições e posição no ranking indicam isso.

Com 1,81 de altura, tendo a mão direita como sua preferida, uma de suas qualidades é sua recepção, sendo elogiado até mesmo pelo pró-prio ídolo, Guga. Mas Orlandinho sabe que ainda precisa corrigir alguns er-ros como a inconstância em momen-tos decisivos, tendo como exemplo a final simples dos jogos olímpicos de Nanquim.

Laboratório de Jornalismo

Campeonato ocorrido no sábado

NATALI WEBER

esporteUma esperança para o tênis brasileiro

Page 16: Labjor 2014/02

A febre das artes marciais mistas (MMA - do inglês Mixed Martial Arts) espalhou-se pelo Brasil na última década, com a ex-pansão da marca UFC no país. O sucesso de lutadores brasileiros como Anderson Silva, Lyoto Machida e José Aldo impulsionou o esporte, tornando-o um dos mais as-sistidos pela população de nosso país.

Entretanto, poucos dos fãs atuais conhecem a verdadeira influência do Brasil na formação e propa-gação desse estilo de luta pelo planeta. A história da participação nacional nas origens do MMA está direta-mente ligada a uma família em especial, os Gracie. He-lio Gracie, jovem de físico frágil, não conseguia execu-tar facilmente a maioria das

técnicas que havia apren-dido com seu irmão, Carlos Gracie, primeiro membro da família a praticar, e ensinar o esporte, treinado por Mit-suyo Maeda, um famoso lu-tador nipônico.

Então começou a mo-dificá-las para que se adap-tassem à sua frágil consti-tuição física, e, por meio de tentativas e erros, criou o Gracie Jiu-Jitsu, o Jiu-Jítsu Brasileiro, que se estabele-ceu como uma variante le-gitimamente tupiniquim do esporte japonês, aprimoran-do a luta no chão, e os gol-pes de finalização.

Obtendo sucesso ini-cialmente no Brasil, a famí-lia migrou para os Estados Unidos, onde Royce Gracie implantou o jiu-jitsu, sen-do um dos fundadores do agora internacionalmente

famoso Ultimate Fighting Championship (UFC), ini-ciando uma tradição como o primeiro grande campeão do UFC.

Com a expansão do esporte pelo mundo, o MMA, se tornou pratica comum em todo o planeta, tendo aqui, no Brasil, um aumento no numero de praticantes da modalidade, o que trouxe para Porto Alegre, a escola de artes marciais Team No-

gueira, da dupla de irmãos, astros do UFC, Rodrigo ‘’Mi-notauro’’ e Rogério ‘’Mino-touro’’, que tem o jiu-jitsu como característica princi-pal. E é um dos professores da escola, ou sensei, um A importância da Família Gra-cie para o MMA e o UFC é atualmente pouco divulga-da, mas serve de fundação para a atual popularidade desse esporte no Brasil e no mundo.

É possível observar que em esportes como tê-nis, golf e fórmula 1, que são considerados para ri-cos, têm poucos negros que se tornam profissionais. No golf, Tiger Woods, na fór-mula 1, Lewis Hamilton e no tênis, a Serena Williams. Estes atletas, curiosamente, já foram ou são os melhores do mundo em sua categoria. Outros esportes como fute-bol, basquete e boxe, que têm negros e não são con-siderados para ricos, podem ser praticados em qualquer lugar e realmente não tem alto custo. Nesses espor-tes podemos citar inúmeros atletas que são conhecidos como Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Michael Jordan, Mike Tyson, Maguila e outros. A exclusão social só agra-va esse problema. Nesses esportes estão os atletas

que tiveram oportunidade ou algum lugar para trei-nar e alguns talentos ficam escondidos por causa disso. Outro jeito de segregação é a participação de mu-lheres em esportes. Alguns dos que foram citados não tem nenhuma mulher atu-ando profissionalmente. O que antes era um esporte considerado exclusivamente para homens, o MMA, aca-bou com esse preconceito realizando a primeira luta entre mulheres em 2013, quando Ronda Rousey (cam-peã peso-galo) enfrentou a desafiante Liz Carmouche. Tudo isso serve para mos-trar que gênero, etnia, en-tre outros não influenciam no desempenho de nenhum atleta e para reforçar a ideia que não devemos ter ne-nhum tipo de preconceito.

Laboratório de Jornalismo

Virgínia Fernandes

Esporte também segrega Lab contracapa

O fenômeno do MMA Felipe OuteirO

SASCHA WENNINGER

CHRIS GARAGLINO