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QUEM TEM VISÃO VAI LONGE.

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ENTENDA O CONFLITO ENTRE ISRAEL E PALESTINA

Ana Prado | 23/11/2012

Artilharia israelense ataca um alvo na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, em 19 de novembro de 2012. De acordo com relatórios desse dia, pelo menos 90 palestinos foram

mortos e mais de 700 feridos. (Foto por Christopher Furlong / Getty Images)

No dia 10 de novembro, tropas israelenses iniciaram uma ofensiva contra palestinos na região da fronteira com a faixa de Gaza, em resposta a um ataque que resultou na explosão de um veículo militar israelense na região. Os ataques armados foram se intensificando e duraram mais de uma semana, resultando em na morte de 162 palestinos e cinco israelenses. A população da faixa de Gaza, de 1,7 milhão de pessoas, sofreu com bombardeios aéreos da parte de Israel e com a saraivada de foguetes disparados por militantes palestinos – que pela primeira vez atingiram as regiões de Tel Aviv e Jerusalém.

Com esforços intensos do Egito, apoiado pelos Estados Unidos, foi estabelecida uma trégua entre os dois lados. O texto do acordo prevê também que Israel diminua suas restrições ao movimento de pessoas e produtos na Faixa de Gaza, que está atualmente submetida a um bloqueio.

Os palestinos comemoraram a trégua e se consideraram vitoriosos. O líder do Hamas, no poder em Gaza, Khaled Meshaal, contou com o apoio do Irã e afirmou que a organização palestina respeitará a trégua se Israel o fizer, mas que reagirá a violações.

Alguns israelenses realizaram protestos contra o acordo e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que uma abordagem mais dura contra o Hamas pode ser necessária no futuro.

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Israelenses inspecionam os danos em casa em Ofakim, Israel, atingida por um foguete disparado por militantes palestinos em 18 de novembro de 2012. (Foto por Lior Mizrahi /

Getty Images)

Mudanças na situação política da região

As relações entre Israel e os palestinos sofreram, nos últimos anos, o impacto de duas mudanças externas:

- A chegada do democrata Barack Obama ao governo dos Estados Unido s, em 2009, com uma retórica menos enfática de apoio a Israel. Em maio de 2011, Obama fez um pronunciamento histórico, defendendo um Estado palestino desmilitarizado ao lado de Israel, com base nas fronteiras definidas até 1967 – salvo alterações acertadas entre os dois países envolvidos. Netanyahu descartou a ideia. Disse considerar as fronteiras pré-1967 “indefensáveis”, por deixar fora de Israel os mais de 120 assentamentos na Cisjordânia, onde moram 330 mil judeus.

- A Primavera Árabe, no início de 2011, que derrubou o ditador Hosni Mubarak da presidência do Egito . Mubarak era fiel aliado dos EUA e reconhecia o Estado de Israel. Já seu sucessor Mohamed Mursi é ligado aos islamitas da Irmandade Muçulmana, movimento que originou o Hamas. Mesmo assim, o presidente norte-americano Barack Obama continuou a apostar no governo egípcio como o mais bem posicionado para concluir um cessar-fogo entre israelenses e palestinos.

O conflito entre palestinos e israelenses dura mais de seis décadas. Veja um resumo dos principais momentos e aspectos:

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Fonte: GUIA DO ESTUDANTE – Atualidades – 2º semestre de 2012.

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Fonte: GUIA DO ESTUDANTE – Atualidades – 2º semestre de 2012.

Por que a coisa não se resolve?

Palestinos : Em abril de 2012, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, enviou uma carta ao primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, na qual reiterou as condições postas pelos palestinos para uma retomada de conversações de paz. Entre elas está a interrupção de construções nos assentamentos judaicos erguidos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental – territórios palestinos ocupados por Israel desde 1967. Quanto mais os israelenses constroem, mais distantes ficam os palestinos de ter o controle ou um estado próprio.

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Israelenses : O premiê Netanyahu respondeu que não aceita nenhuma condição prévia e ainda autorizou o início de outros três assentamentos na Cisjordânia, pela primeira vez em duas décadas. Netanyahu se recusava então a prorrogar o acordo de interrupção das construções nos assentamentos judaicos, e Abbas não aceitava mais dialogar enquanto houvesse a expansão dessas colônias. Entre as populações, a tensão permanece, e os palestinos continuam vivendo em condições muito precárias.

DOIS POVOS NA MESMA TERRA

O pensador judeu critica a criação de Israel, defende o entendimento com os árabes e ataca os terroristas hebraicos: 'Não é possível alcançar a redenção através do pecado'

Quando nós, os judeus, retornamos à Terra Santa depois de muitas centenas de anos, agimos como se essa terra estivesse vazia, sem habitantes. Pior ainda: agimos como se o povo que estava ali não nos afetasse, como se não fosse preciso lidar com ele, como se aquele povo não nos enxergasse. Mas eles nos enxergam. Ainda assim, não prestamos atenção a isso. Não admitimos que existe apenas um caminho: formar uma parceria séria com esse povo, o envolvendo de forma sincera na construção da nossa terra, cedendo uma parte de nosso trabalho e também compartilhando os frutos desse trabalho. Ao invés disso, temos jovens na comunidade judaica que gostam de pensar que são iguais a Sansão. Eles acham que colocar minas no caminho de veículos de inocentes e indefesos não-judeus é algo parecido com as façanhas do antigo herói.

Creio que não haja ninguém entre nós que enxergue algum desses assassinos como um Sansão contemporâneo. Por quê? Porque o verdadeiro Sansão lutou frente a frente contra um grupo bem armado e que era maioria. Mais ainda: porque o terrorismo não é uma forma legítima de travar a guerra. E nossa atitude em relação aos árabes? Quase todos nós sabemos distinguir entre os terroristas árabes e o povo árabe. Mas não esperem que os árabes sejam capazes de distinguir entre nossos assassinos e o povo judeu por muito mais tempo. Nesse contexto, como chegar a um entendimento com os árabes? É verdade que há aqueles entre nós que consideram tal entendimento desnecessário e até prejudicial. Mas só os políticos que mais se iludem podem imaginar que nossa comunidade existirá para sempre sem o entendimento e a cooperação com os árabes.

Neste momento crítico, quem encoraja as erupções de violência cega ameaça a própria existência da comunidade judaica. Tudo o que foi construído com tanto trabalho e tanto sacrifício, pedra a pedra, pode ser destruído no caos para onde esses pretensos sansões nos arrastam. Cada golpe que eles acreditam desferir no inimigo fere, na verdade, a nós. Eles são suicidas, mas não como Sansão, que matou 3.000 filisteus na hora de morrer. São suicidas porque arrasam tudo o que foi cultivado por várias gerações de pioneiros dedicados e abnegados. Não temos o direito de fazer isso. "Não matarás", está escrito. Quem mata como eles acaba matando seu próprio povo. Eis a maior e mais fraudulenta decepção de todas: a de que é possível alcançar a redenção através do pecado. Se o povo justifica o assassinato e se identifica com quem o

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comete, então aceita esse pecado como seu - e deixa aos seus filhos não uma terra livre e pura, e sim uma toca de ladrões.

Paz genuína - A luta em nossa terra está transbordando numa violência bárbara que se espalha com a velocidade da luz e não poupa nem os velhos, mulheres e crianças. Há pouco tempo, a cidade de Tel-Aviv era capaz de garantir que qualquer árabe pacífico e amante da paz não tinha nada a temer quando caminhasse por suas ruas. Hoje, qualquer judeu que ousa andar por um bairro árabe se arrisca a morrer - assim como qualquer árabe que entra numa área judaica. Judeus ainda são salvos por árabes, e árabes ainda são salvos por judeus, às vezes ao custo de enorme risco. Mas o número de assassinatos de pessoas inocentes está disparando - e são assassinatos cometidos à luz do dia, diante dos olhos do público e até da polícia. Não podemos destruir, com nossas próprias mãos, a fundação moral de nossa vida e de nosso futuro.

A pressa febril com que tentamos obter a declaração de independência de um estado judeu, como se fosse o último momento da história em que seria possível colocar o programa sionista em prática, foi o que nos empurrou para a crise que vivemos hoje. Os antigos hebreus não tiveram sucesso na tentativa de formar uma nação normal. Hoje, os judeus estão avançando nesse caminho num ritmo assustador. Pertenço a um grupo que, desde os tempos em que a Grã-Bretanha dominou a Palestina, não desistiu de lutar pela conquista da paz genuína entre judeus e árabes. Com "paz genuína" queremos dizer que ambos os povos devem desenvolver a terra juntos, sem que um imponha sua vontade no outro. Isso parece ser muito difícil, mas não impossível. Nesse caso incomum (e até mesmo inédito), é questão de se buscar um novo caminho de compreensão e entendimento cordial entre as nações.

Consideramos um ponto fundamental o seguinte fato: há duas reivindicações contrárias uma à outra, duas reivindicações de naturezas e origens distintas, que não podem ser colocadas uma contra a outra. É impossível tomar uma decisão objetiva entre qual delas é justa ou injusta. Consideramos nossa missão entender e honrar a reivindicação contrária à nossa. Ambicionamos reconciliar as duas reivindicações. Não podemos renunciar à reivindicação judaica; a ligação com essa terra é algo superior até à vida do nosso povo - esse trabalho é a sua missão divina. Mas estamos convencidos de que deve ser possível encontrar alguma forma de acordo entre uma reivindicação e a outra. Amamos essa terra e acreditamos em seu futuro. Vendo quanto amor e quanta fé há também no outro lado, achamos que uma união no serviço comum da terra está no alcance do possível. Onde há amor e fé, uma solução sempre pode ser encontrada - mesmo quando isso parece ser uma trágica contradição.

• Martin Buber, de 70 anos, é filósofo, teólogo, professor e educador. Nascido em Viena, é um dos grandes pensadores do sionismo, movimento a que está ligado há meio século. Ex-editor do semanário Die Welt, principal órgão de imprensa dos sionistas, e da revista Der Jude, publicação mensal dedicada à comunidade judaica alemã, foi professor da Universidade de Frankfurt am Main. Renunciou logo depois da ascensão de Adolf Hitler ao poder, em 1933. Proibido de dar palestras, ainda fundou um centro de ensino judaico em plena Alemanha nazista. Abandonou o país um ano antes do começo da II Guerra, em 1938. Desde então, mora em Jerusalém, onde é um dos

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expoentes do movimento pelo binacionalismo, a defesa de um país habitado tanto por judeus como por árabes. Em 1946, publicou o livro Caminhos da Utopia, em que detalha sua visão de uma Terra Santa compartilhada pelos dois povos dentro das mesmas fronteiras.

• Bibliografia: artigos reunidos no livro A Land of Two Peoples: Martin Buber on Jews and Arabs, University of Chicago Press, 2005.

Cresce debate em Israel sobre criação de Estado bin acional com Palestina

Especialistas acreditam que, com os quase 200 assen tamentos israelenses na Cisjordânia, a separação torna-se cada vez mais imp ossível

Ativista segura bandeira palestina perto de uma tenda recém montada no vilarejo de Beit Iksa, na Cisjordânia, entre Ramallah e Jerusalém Foto: Mohamad Torokman /

Reuters

Em vista da paralisação do processo de paz entre israelenses e palestinos e da crescente colonização dos territórios ocupados, a solução baseada em dois Estados torna-se mais distante e a discussão sobre a possibilidade de que os dois povos vivam juntos em um Estado binacional faz-se mais frequente.

Desde a assinatura do acordo de Oslo, pelo lider palestino Yasser Arafat e pelo primeiro-ministro de Israel Itzhak Rabin, em 1993, o número de colonos israelenses que

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vivem na Cisjordânia quase quadriplicou. De 100 mil colonos naquela época, a população israelense nos territórios ocupados cresceu para cerca de 380 mil.

Isso sem mencionar a população israelense que vive na parte oriental de Jerusalém, ocupada durante a guerra de 1967, de 200 mil pessoas. Em quase 20 anos do chamado "processo de paz", a solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos, na qual se baseava o acordo de Oslo, não obteve avanços significativos.

Nessas circunstâncias, aumenta o debate sobre as perspectivas dos dois povos. Um conflito sem fim? A solução de dois Estados ainda é possível? Nas condições atuais, a criação de um Estado palestino ao lado de Israel realmente resolverá o conflito? Os dois povos podem viver juntos pacificamente em um Estado só?

Realidade binacional

Para o cientista político da Universidade Hebraica de Jerusalém Bashir Bashir, com a colonização dos territórios ocupados, "Israel criou uma realidade binacional na qual os dois povos estão entrelaçados de maneira que a separação torna-se cada vez mais impossível".

O assentamento israelense de Susya, construido em terras da aldeia palestina Foto:

Guy Butavia / Divulgação

"Devemos abandonar os modelos antigos e pensar em soluções binacionais para uma realidade binacional", disse Bashir ao Terra . "A geografia, a economia e o meio ambiente dos dois povos estão entrelaçados", afirmou.

Há cerca de 200 assentamentos israelenses na Cisjordânia, que pontilham todo o território. "Ainda há um consenso palestino sobre o principio de dois Estados na fronteira anterior à guerra de 1967", afirma Bashir, "mas a questão é de que tipo de Estado se trata, se será independente, viável, sustentável e contíguo".

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"Nesse caso acredito que apenas uma minoria dos palestinos irá se opor", disse o cientista politico. "Porém, na minha opinião, a questão das estruturas institucionais é menos importante do que os principios, a solução deve responder às exigências minimas do movimento nacional palestino, sendo dois Estados, um Estado binacional e democrático, uma confederação ou federação", disse Bashir.

Guerra civil contínua

Já para o veterano pacifista israelense, Uri Avnery, a solução de dois Estados "não é a melhor, é a única possivel". Para Avnery, um Estado binacional "levará a uma situação de apartheid e de guerra civil contínua".

Acampamento em uma área entre Jerusalém e o acampamento israelense de Maale

Adumim, na Cisjordânia Foto: AFP

"O que o governo colocou, o governo pode retirar", disse Avnery ao Terra , em referência aos assentamentos, "todos os problemas criados pelo homem, podem ser resolvidos pelo homem". "Ariel Sharon, o maior promotor da colonização, foi quem retirou os assentamentos da Faixa de Gaza", disse.

"Só quando os palestinos tiverem os mesmos direitos que os israelenses, independência e um Estado próprio, será possivel fazer a paz, e os dois povos poderão conversar em termos de igualdade, apesar da grande diferença na força militar e economica de ambos".

"Os dois povos são muito diferentes em todos os aspectos, linguas diferentes, mentalidades diferentes, um Estado só não poderá ser bem sucedido, principalmente com todo o ressentimento que se acumulou nesses 130 anos de conflito", acrescentou Avnery. "Nessas circunstâncias, alguém pode imaginar israelenses e palestinos servindo no mesmo Exército, na mesma polícia, pagando os mesmos impostos?", perguntou.

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Caráter judaico de Israel

A ideia de um Estado binacional, que significaria o fim do caráter judaico do Estado de Israel, preocupa politicos de grande parte do mapa politico do país. O presidente Shimon Peres declarou que "quem não quer a solução de dois Estados deve propor uma alternativa".

"Devemos concluir um acordo de paz com os palestinos o quanto antes, senão a própria realidade ditará a solução. Um Estado binacional coloca em risco o sionismo e o caráter judaico e democrático do Estado de Israel. Gostaria que pudessemos viver juntos como irmãos, mas em um país tão pequeno, com tal profundidade de ódio, desconfiança e diferenças culturais, isso não é possivel", afirmou o presidente.

Dan Meridor, ministro para assuntos de Inteligência e politico da ala moderada do partido governista Likud, também tem receio que a realidade atual leve a um Estado binacional.

Um dos fatores que mais preocupam Meridor é o quase empate demográfico entre os dois povos. Em toda a área de Israel e Palestina vivem hoje 6 milhões de judeus e 5.650.000 palestinos (incluindo os 1.650.000 cidadãos árabes de Israel, de origem palestina).

"A construção dos assentamentos fora dos blocos do consenso põe em risco o projeto sionista e poderá levar à criação de um Estado binacional entre o rio (Jordão) e o mar (Mediterrâneo)", afirmou Meridor, em referência aos assentamentos isolados que ficam nas áreas mais profundas da Cisjordânia e longe da fronteira com Israel.

Meridor, que apoia a retirada dos assentamentos isolados e a criação de um Estado palestino em grande parte da Cisjordânia, perdeu nas eleições prévias do Likud por suas posições consideradas moderadas, e não fará parte do proximo governo de Israel.

Próxima coalizão governamental

Um dos principais parceiros no proximo governo, que se encontra em formação, é o politico de extrema-direita Naftali Benet, lider do partido Habait Hayehudi (Lar Judaico). Benet é contra a solução de dois Estados e apoia a anexação a Israel de 60% da Cisjordânia. Para os palestinos, ele propõe "autonomia" nas áreas restantes e é contra a retirada de um assentamento sequer.

Grande parte do partido Likud, liderado pelo primeiro ministro Binyamin Netanyahu é da mesma posição. "Criou-se uma realidade binacional, porém nas circunstâncias atuais um povo domina e segrega o outro", disse Bashir Bashir. "Temos que encontrar uma nova gramática para abordar o conflito e aplicar um raciocinio binacional para essa nova realidade", afirmou.

"É preciso tranformar essa realidade de dominio colonial em uma realidade de cooperação entre judeus e árabes, que se baseie nos principios de igualdade,

reciprocidade e respeito mútuo, e que possa levar a uma reconciliação histórica

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entre os dois povos", disse o cientista politico. "Continuar ignorando a realidade binacional que se criou só contribui para o agravamento do conflito e não para a solução", concluiu.

Questões – Era Vargas – Modernização Brasileira 1. (Ufg 2013) Leia o fragmento a seguir. Toda organização racional se assemelha ao corpo humano ou às suas partes componentes. Ela deve possuir o órgão de “direção”, como o cérebro, capaz de receber as sensações exteriores, defini-las, conjugá-las e resolvê-las, determinando a reação adequada.

AZEVEDO, Aldo. Apud LENHARO, Alcir. Sacralização da política. Campinas, SP: Papirus, 1986. p. 149. (Adaptado).

Neste documento de 1932, o corpo humano é apropriado como metáfora pelo discurso político, orientado pela ação das instituições que abrigavam intelectuais varguistas. O fragmento apresentado é uma expressão de tal apropriação, que pretende justificar a a) disseminação de práticas culturais comunitárias, definindo o cérebro como

modulador de equilíbrio para o funcionamento dos sistemas do corpo humano. b) desigualdade regional que advém do pacto federativo, enfocando o papel do

hipotálamo na regulação hormonal. c) necessidade de politizar a atuação dos sindicatos, destacando os diferentes córtices

cerebrais na tomada de decisão. d) organização hierárquica da sociedade, indicando o cérebro como decodificador dos

impulsos nervosos sensoriais em respostas biológicas. e) utilização do sentimento nacionalista, ressaltando o cérebro como o centro da

expressão emocional do corpo humano. 2. (Espcex (Aman) 2014) Durante o governo Vargas (1930-1945), surgiram no Brasil duas agremiações políticas, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e a Ação Integralista Brasileira (AIB). Leia as afirmações abaixo. I. A ANL era de tendência fascista e a AIB tinha tendência socialista. II. Ambas defendiam a moratória (não pagamento da dívida externa), a nacionalização

das empresas estrangeiras e o combate aos latifúndios. III. O líder da AIB era Plínio Salgado. IV. Argumentando a existência de um “Plano Cohen”, o governo Vargas ordenou a

dissolução do Congresso Nacional. V. Em novembro de 1935, a ANL fracassou na tentativa de tomar o poder através de

um golpe (Intentona Comunista). Assinale a alternativa que apresenta apenas afirmações corretas. a) I e III b) II e IV c) III e V d) II e V e) I e IV

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3. (Ufg 2014) Analise a imagem a seguir.

A imagem remete ao processo de construção de Goiânia, na década de 1930. Ao se analisar a fotografia, com base nos conceitos da física e no contexto histórico, percebe-se a) a eliminação do atrito para a realização do movimento circular uniforme do rolo

compressor na pavimentação das ruas da cidade com o intuito de fomentar a construção de moradias para os trabalhadores.

b) o equilíbrio estático das edificações da nova capital, que apresentavam o art déco como estilo arquitetônico adequado às expectativas de modernização do estado.

c) um movimento translacional uniforme do rolo compressor do carro de boi, com o objetivo de reduzir a demanda por trabalhadores braçais e substituí-la por mão de obra qualificada.

d) a eliminação do atrito para a realização do movimento circular uniforme do rolo compressor, para adaptar o uso do carro de boi aos processos construtivos de uma cidade moderna.

e) o equilíbrio estático das edificações da nova capital, que reforçavam o domínio político das oligarquias regionais através de construções grandiosas.

4. (Fgv 2013) Em 1939, atendendo ao apelo do Papa Pio XII, o Conselho de Imigração e Colonização do Ministério das Relações Exteriores do Brasil resolveu autorizar a entrada de 3 000 imigrantes de origem “semita”. Condição sine qua non para obter “o visto da salvação”: a conversão ao catolicismo. Pressionados pelos acontecimentos que marcavam a história do III Reich, os judeus, mais uma vez, foram obrigados a abandonar seus valores culturais em troca do título de cristão.

[Maria Luiza Tucci Carneiro, O antissemitismo na Era Vargas (1930-1945)]

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A situação apresentada tem semelhança com o processo histórico da a) permissão apenas do culto católico no Brasil, conforme preceito presente na primeira

Constituição, de 1891. b) repressão ao arraial de Canudos, no sertão baiano, pois recaiu sobre os sertanejos a

acusação de ateísmo. c) obrigatoriedade, conforme costume colonial, dos negros alforriados de conversão ao

catolicismo para a obtenção da efetiva liberdade. d) conversão obrigatória dos judeus na Espanha e em Portugal, a partir do final do

século XV, o que gerou a denominação cristão-novo. e) separação entre Estado e Igreja no Brasil, determinada pelo Governo Provisório da

República, comandada por Deodoro da Fonseca. 5. (Ufrgs 2013) A Revolução de 30 promoveu uma ruptura da ordem constitucional, levando ao poder o rio-grandense Getúlio Vargas. A esse respeito, considere as afirmações abaixo. I. A Revolução foi uma reação das oligarquias dos Estados da região sul contra os

desmandos e desperdícios do governo da União, controlado pelos Estados da região norte.

II. O movimento era em sua maioria composto por militares de alto escalão, desgostosos com os rumos políticos do governo de Washington Luiz.

III. A Revolução foi sustentada por uma coalizão de antigas lideranças político-partidárias, militares de baixas patentes e grupos urbanos descontentes.

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 6. (Pucrj 2013) Brasil pandeiro (Assis Valente – 1940) Chegou a hora dessa/ gente bronzeada/ mostrar seu valor! Eu fui à Penha/ E pedi à padroeira/ Pra me ajudar Salve o morro do Vintém/ Pindura-Saia eu quero ver/ eu quero ver/ eu quero ver O Tio Sam tocar pandeiro/ Para o mundo sambar O Tio Sam está querendo/ conhecer a nossa batucada anda dizendo/ que o molho da baiana/ melhorou seu prato Vai entrar no cuscuz/ acarajé e abará Na Casa Branca/ já dançou a batucada/ com Ioiô e Iaiá Brasil esquentai/ vossos pandeiros/ Iluminai os terreiros/ Que nós queremos sambar! Há quem sambe diferente/ Outras terras, outras gentes/ Num batuque de matar A batucada/ reúne nossos valores/ Pastorinhas e cantores/ Expressões que não têm par

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Brasil esquentai/ vossos pandeiros/ Iluminai os terreiros/ Que nós queremos sambar! O samba de Assis Valente foi elaborado no contexto de aproximação de relações diplomáticas, políticas e econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Sobre as relações entre os dois países, neste contexto, NÃO É CORRETO afirmar: a) que houve intenso intercâmbio cultural, gerando a criação nos Estados Unidos de

um Escritório para Assuntos Interamericanos, chefiado por Nelson Rockfeller. b) que, com a exportação de filmes produzidos em Hollywood, foi usual a visita de

artistas e cineastas norte-americanos ao Brasil, como, por exemplo, Walt Disney. c) que um dos efeitos da aproximação foi a imediata adesão ao liberalismo político, por

parte do Governo Vargas, a partir de 1940, decretando o fim da ditadura estadonovista.

d) que o Brasil participou dos esforços de guerra, aliado aos Estados Unidos, chegando a enviar tropas para o cenário de guerra europeu.

e) que o governo norte-americano realizou empréstimos vultuosos para a construção de uma usina siderúrgica no Brasil.

7. (Ibmecrj 2013) Um dos mais importantes períodos da história republicana brasileira, a Era Vargas (1930-1945) foi marcada por uma série de importantes acontecimentos, EXCETO: a) a criação da Petrobras; b) uma simpatia inicial de Getúlio pelo nazifascismo; c) pela entrada em vigor do salário mínimo; d) o funcionamento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda); e) pela criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). 8. (Ufrgs 2013) Observe a figura abaixo.

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Em 1º de maio de 1943, por decreto presidencial, foi aprovada uma legislação, até hoje em vigor, que marcou o governo Getúlio Vargas. A respeito dessa legislação, é correto afirmar que a) garantiu a extensão dos direitos trabalhistas a todos os trabalhadores rurais do país

– Lei da Reforma Agrária. b) desregulamentou a relação entre o capital e o trabalho, consolidando a livre

negociação trabalhista – Lei do Trabalho Remunerado. c) atendeu a demanda não somente dos trabalhadores, mas também de muitos setores

da sociedade, interessados em ver o país novamente sob o Estado de Direito – Emenda Constitucional.

d) regulamentou o acesso às terras devolutas pertencentes ao Estado, o que beneficiou especialmente os pequenos proprietários rurais – Lei de Terras.

e) reuniu e racionalizou a legislação vigente e introduziu e regulamentou novos direitos na área trabalhista – Consolidação das Leis do Trabalho.

9. (Ufpr 2013) Com base na figura abaixo, publicada em 1932, considere as seguintes afirmativas: 1. A figura refere-se à Revolução Constitucionalista, em que os paulistas exigiram do

governo Vargas a implantação de uma Constituição democrática. 2. No contexto de 1932, a imagem do bandeirante servia de propaganda para mostrar

que os paulistas eram avessos à submissão a um tirano, tal como os bandeirantes teriam sido avessos à tirania da Coroa portuguesa.

3. A chamada Revolução de 1932 culminou na derrota dos paulistas pelas forças de Vargas e com a continuação do Estado Novo.

4. Apesar da derrota dos paulistas, uma das principais consequências do movimento de 1932 foi a promulgação da Constituição de 1934.

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Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 10. (Uepb 2013) A “Revolução Constitucionalista” de São Paulo é aceita por muitos como o maior conflito armado do Brasil no século XX. Entre 09 de julho e 02 de outubro de 1932, tropas do governo federal combateram a revolta do chamado “Exército Constitucionalista”, que defendia, dentre outras coisas, que o governo Vargas convocasse uma Constituinte e ampliasse a autonomia política dos estados.

Assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. ( ) O movimento de 1932 é a rebelião de um pequeno grupo de militares e de

alguns intelectuais liberais da capital paulistana. Os primeiros queriam ascender na hierarquia militar e os segundos queriam tomar o poder e decretar a separação de São Paulo do resto do Brasil.

( ) A Revolução Constitucionalista foi uma reação dos paulistanos ao governo de Getúlio Vargas, que fechou o Congresso Nacional e as Assembleias Estaduais objetivando por fim à hegemonia das oligarquias regionais. O estopim da revolta foi o fato do presidente da República ter cassado vários presidentes de estados e colocado em seus lugares interventores e delegados.

( ) A derrota sofrida pelos paulistanos não foi apenas de ordem militar. Depois de sufocar a revolta, o governo federal aprofundou o regime ditatorial. No lugar da Assembleia Nacional Constituinte, convocada para maio de 1933, foi decretado um pacote de medidas autoritárias, como o fechamento dos jornais que apoiaram o movimento e a prisão de seus líderes militares e civis.

( ) Formada por militares rebeldes, membros da Força Pública Paulista (FPP) e voluntários vindos de vários setores da sociedade paulistana, a tropa rebelde

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se levantou contra o governo federal acreditando que venceria. Mas, sem receber apoio de outros estados e com poucos armamentos, foi derrotada num espaço curto de quase três meses.

Assinale a alternativa correta: a) V – F – V – F b) V – V – F – F c) F – F – V – F d) F – V – F – V e) F – V – V – F 11. (Cefet MG 2013)

Ao analisar o cartaz, pode-se concluir que: I. O sentimento de revolta dos paulistas era reforçado pelo apoio da Cruz Vermelha. II. O uso massivo de propaganda visual foi decisivo para mobilizar a população

paulista. III. As iniciais dos jovens mortos em confronto contra Vargas – M.M.D.C. –, tornaram-

se símbolo do movimento. IV. As vitórias militares dos paulistas contra as forças leais a Vargas asseguraram a

convocação de uma Assembleia Constituinte. V. Os líderes tenentistas foram atores decisivos para garantir o triunfo dos paulistas.

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São corretos apenas os itens a) I e V. b) II e III. c) IV e V. d) I, III e IV. e) II, III e V. 12. (G1 - cftmg 2013) Entre 1937-1945, o Brasil viveu um período político, conhecido como Estado Novo. O governo da época adotou estratégias, dentre as quais destaca-se a a) utilização de medidas econômicas para bloquear o ritmo do crescimento industrial. b) expansão dos meios de comunicação de massa para estimular os ideais

democráticos. c) promoção de festas cívicas para construir a identidade entre Estado e classe

trabalhadora. d) manutenção de partidos socialistas para garantir a eficácia das instituições da

Sociedade Civil. 13. (Uepb 2013) Após a Revolução Constitucionalista de 1932, experimentamos o “Período Constitucionalista” (1934/1937). Em 1934, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, da qual participou Carlota Pereira de Queirós (única mulher entre os constituintes), primeira deputada federal no Brasil. Assinale a única alternativa INCORRETA. a) Mais marcante do que a própria Assembleia Nacional Constituinte de 1934, foi o

fato de as mulheres terem conquistado o direito ao voto. A luta das sufragistas brasileiras, iniciada com o próprio século XX, finalmente conseguia um feito em nível nacional.

b) A Constituição de 1934 incorporou a legislação trabalhista, já em vigor, e ainda acrescentou a instituição do salário mínimo. Criou, também, o Tribunal do Trabalho. Mas a nova carta seguia não reconhecendo o direito ao voto de analfabetos e soldados.

c) Com a promulgação da nova Constituição e a eleição de Getúlio Vargas, quando se aboliu de vez o governo provisório que vinha desde 1930, o Brasil viu surgirem dois movimentos antagônicos: a Aliança Libertadora Nacional (ANL) e a Ação Integralista Brasileira (AIB).

d) A promulgação da Constituição de 1934 foi prova inequívoca de que o Brasil caminhava para a implantação de um sólido sistema democrático. Enquanto na Europa as ditaduras totalitárias iam se enraizando no poder, no Brasil se fazia eleição, promulgava-se constituição e se aumentavam as liberdades individuais.

e) Mesmo com uma Constituição promulgada e um governo eleito, no Brasil só se pensava em golpes e revoluções. Em 1935, militares comunistas ou não promovem uma insurreição para derrubar o governo federal e implantar o comunismo no Brasil.

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14. (Cefet MG 2013) O populismo, presente no cenário político brasileiro desde a década de 1940 até 1964, caracteriza-se como a) forma de pressão dos movimentos tenentistas. b) movimento deflagrado pelos partidos socialistas. c) estilo de dominação exclusiva do poder dos coronéis. d) fenômeno vinculado ao processo de industrialização. e) estratégia adotada pelas comunidades eclesiais de base. 15. (G1 - ifsp 2013) No Brasil republicano, a história do trabalho assalariado se pautou por duas afirmações: I. “Questão de operário é caso de polícia.” (Washington Luiz) II. “Questão de operário é caso de política.” (Getúlio Vargas) Sobre essas duas afirmações é correto afirmar que a) o Brasil caminhou da República Oligárquica para a centralização de poder que,

com a CLT de 1943, encontrou no trabalhador sua legitimidade. b) o peleguismo, praticado na república dos Coronéis, foi substituído pela liberdade

sindical, defendida com veemência pelo presidente Getúlio Vargas em 1937. c) “questão de operário”, à época de Washington Luiz, significou o desejo de

participação política dos operários, o que lhes era negado por ser o voto censitário. d) “caso de política” significa que operários também podiam participar da política, mas

só através do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), fundado por Getúlio Vargas. e) o governo de Washington Luiz perseguia operários que pertenciam ao PCB

(Partido Comunista Brasileiro), o que não aconteceu durante o Estado Novo, uma vez que Getúlio Vargas estendeu a todos os partidos o direito de participar da política.

16. (Cefet MG 2013) “Senhores Membros do Congresso Nacional: Tenho a honra de submeter à consideração de Vossas Excelências o anexo projeto de lei destinado a criar a sociedade por ações Petróleo Brasileiro S.A., para levar a efeito a pesquisa, a extração, o refino, o transporte de petróleo e seus derivados, bem como quaisquer atividades correlatas ou afins (..)”.

Mensagem do Presidente Getúlio Vargas ao Congresso Nacional, em 08 dez 1951. Apud: ALENCAR, Chico et alli. História da Sociedade Brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1996. p. 391.

Esta mensagem expressa o(a) a) objetivo do governo em implementar uma política econômica nacionalista para o

país. b) busca de adesão parlamentar para a política governamental de privatização de

estatais. c) desejo do presidente em ampliar o poder aquisitivo da população brasileira de baixa

renda. d) compromisso do governo com o processo de desapropriação de terras improdutivas

no país. e) necessidade de obter o apoio do capital monopolista internacional aos projetos

governamentais.

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17. (Enem 2013)

Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de um direito pelas mulheres, relacionado com a a) redivisão do trabalho doméstico. b) liberdade de orientação sexual. c) garantia da equiparação salarial. d) aprovação do direito ao divórcio. e) obtenção da participação eleitoral. 18. (Uerj 2013) A carteira profissional Por menos que pareça e por mais trabalho que dê ao interessado, a carteira profissional é um documento indispensável à proteção do trabalhador. Elemento de qualificação civil e de habilitação profissional, a carteira representa também título originário para a colocação, para a inscrição sindical e, ainda, um instrumento prático do contrato individual de trabalho. A carteira, pelos lançamentos que recebe, configura a história de uma vida. Quem a examina logo verá se o portador é um temperamento aquietado ou versátil; se ama a profissão escolhida ou ainda não encontrou a própria vocação; se andou de fábrica em fábrica, como uma abelha, ou permaneceu no mesmo estabelecimento, subindo a escala profissional. Pode ser um padrão de honra. Pode ser uma advertência.

ALEXANDRE MARCONDES FILHO

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Texto impresso nas Carteiras de Trabalho e Previdência Social. Alexandre Marcondes Filho foi ministro do trabalho do governo de Getúlio Vargas, entre 1941 e 1945. Seu texto, impresso nas carteiras de trabalho, reflete as políticas públicas referentes à legislação social que vinha sendo implementada naquela época. Duas características dessa legislação estão indicadas em: a) garantia da estabilidade de emprego / liberdade de associação b) previsão de assistência médica / intensificação do controle sindical c) proibição do trabalho infantil / regulamentação do direito de greve d) concessão de férias remuneradas / qualificação do trabalhador rural 19. (Fgv 2013) O conhecimento da industrialização no Brasil, isto é, das formas particulares da industrialização no Brasil, deve estar, explícita ou implicitamente, apoiado na análise das relações entre o café e a indústria. E a análise correta dessas relações é impossível se considerarmos café e indústria como elementos opostos. É indispensável reunir café e indústria como partes da acumulação de capital no Brasil; mais precisamente, como partes das novas formas de acumulação cuja formação encontra as suas origens na década de 1880 a 1890.

(Sérgio Silva, Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil) No contexto do Brasil da passagem do século XIX para o XX, acerca das relações entre a produção cafeeira e a indústria, é correto considerar que a) o avanço da produção industrial foi inversamente proporcional ao crescimento da

produção cafeeira, uma vez que a entrada de recursos derivada da exportação de café era reaplicada apenas na produção cafeeira.

b) a ampliação do trabalho livre permitiu que parcelas dos capitais acumulados fossem investidas nas atividades industriais, desse modo, a economia cafeeira e a indústria fazem parte de um mesmo processo de desenvolvimento.

c) os empresários ligados à produção e exportação do café tinham representação política hegemônica e seus interesses eram defendidos pelo Estado brasileiro, que impedia a inversão de capitais cafeeiros na indústria.

d) os interesses dos cafeicultores e os dos industriais eram excludentes, visto que, com a expansão cafeeira, as maciças exportações desse produto atrapalharam os investimentos na indústria.

e) a exportação cafeeira atrelou o comércio externo brasileiro às importações de produtos industrializados da Europa e dos Estados Unidos, impedido o desenvolvimento da indústria no Brasil antes de 1930.

20. (Ufsm 2013) Analise os fragmentos a seguir. Nós, no Brasil, queremos, acima de tudo, nos encontrar com o povo, que andava perdido. E podemos dizer que encontramos este povo fabuloso, espalhado nos mais distantes recantos de nossa terra. O romance de nossos dias está todo batido nesta massa, está composto com a carne e o sangue de nossa gente. (José Lins do Rego)

Fonte: NICOLA, José de. Literatura Brasileira. SP: Scipione, 2003. p. 352.

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Quem trabalha é quem tem razão / Eu digo e não tenho medo de errar / O bonde de São Januário / Leva mais um operário / Sou eu que vou trabalhar.

Fonte: Wilson Batista & Ataulfo Alves, 1940. O discurso do romancista Lins do Rego e o samba de Wilson Batista & Ataulfo Alves permitem inferir que a literatura e a música popular na década de 1940 acompanhavam as mudanças sociopolíticas do Estado Novo (1937-45), expressando a) a presença das massas trabalhadoras nas preocupações do Chefe de Estado,

Getúlio Vargas, o que se exemplifica na Consolidação das Leis do Trabalho. b) a consolidação dos partidos políticos que representavam os interesses dos

trabalhadores das fazendas, das fábricas e também do setor de serviços. c) a preocupação de Getúlio Vargas em reprimir as massas populares, assim como

ignorar as suas demandas socioeconômicas. d) o desprestígio das manifestações culturais populares e a ênfase, por parte do

Ministério da Educação, em favorecer a importação de modelos culturais europeus. e) a valorização da perspectiva liberal e oligárquica, dando especial destaque aos

dramas das massas rurais e ao tradicional problema das secas do Nordeste. 21. (Uerj 2013)

Nas décadas de 1930 e 1940, período de expansão do crescimento industrial, o cotidiano dos brasileiros residentes em grandes centros urbanos foi afetado por mudanças nos meios de comunicação, como ilustram as fotografias. A multiplicação de meios de comunicação contribuiu principalmente para a crescente uniformização de: a) práticas religiosas b) demandas políticas c) hábitos de consumo d) padrões tecnológicos

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Gabarito: Resposta da questão 1: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Biolog ia] O fragmento apresentado pretende justificar a organização hierárquica da sociedade, apontando o cérebro como sede das interpretações dos impulsos nervosos gerados em atividades biológicas. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Histór ia] O fragmento encaixa-se no pensamento político e social que justifica a hierarquização social e a existência de um Estado político norteador da sociedade. Thomas Hobbes, defensor dessa ideia, afirmava que “o homem é o lobo do homem” e, por isso, a sociedade (assim como o corpo humano) precisa de uma “direção”, que seria o Estado (como o cérebro é para o corpo). Resposta da questão 2: [C] A Ação Integralista Brasileira, que combatia, ao mesmo tempo, o comunismo e o liberalismo econômico, tinha como fundador e presidente o jornalista Plínio Salgado. A Intentona Comunista, ou Golpe Vermelho, foi uma tentativa fracassada de golpe contra o governo de Vargas promovido pelo PCB em nome da Aliança Nacional Libertadora. Resposta da questão 3: [B] A partir de 1930, o Brasil passou por um processo de modernização ancorado em um projeto nacionalista liderado pelo presidente Getulio Vargas. As capitais dos Estados da Federação Brasileira cresceram e ganharam novas construções. Goiânia surgiu em 1933 em um contexto modernista de valorização do nacional e das particularidades regionais. Símbolo de modernidade e progresso, Goiânia surgiu com edificações de grande porte no centro da cidade no estilo art déco. Nas décadas de 40 e 50 surge um acervo significativo para a história da arquitetura brasileira. Por isso, em 2003, partes do núcleo central de Goiânia assim como o bairro Campinas foram incorporados oficialmente ao patrimônio histórico e artístico nacional brasileiro. A proposição [B] está correta. A alternativa [A] está incorreta ao afirmar que a pavimentação das ruas da cidade visava estimular a construção de moradias para os trabalhadores. Também não visava reduzir a demanda de trabalhadores braçais e substituí-la por uma mão de obra qualificada. Resposta da questão 4: [D] Durante a Guerra de Retomada, que levou a Península Ibérica à reunificação e inaugurou o Absolutismo na Espanha e em Portugal, os ibéricos tiveram que vencer e expulsar os árabes muçulmanos que ocupavam a Península desde o século XI. Os

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muçulmanos que não foram expulsos tiveram, por imposição da Inquisição, que se converter ao Catolicismo, e passaram a ser chamados de “cristãos novos” ou “marranos” (que, em português, significa “porco”). Resposta da questão 5: [C] A Revolução de 30 foi resultado de uma articulação entre antigas lideranças político-partidárias, como Borges de Medeiros e Antônio Carlos de Andrada, descontentes com a imposição do candidato Júlio Prestes para a sucessão de Washington Luís, com muitos dos “tenentes”, em estado de revolta contra o que consideravam desmandos do governo federal. Teve também o apoio de diversos grupos urbanos, os quais queriam maiores espaços de participação política. Foi uma composição bastante heterogênea, mas logrou vencer militar e politicamente os seus opositores. Resposta da questão 6: [C] A alternativa [C] está incorreta, pois não houve adesão imediata ao liberalismo. A ditadura do Estado Novo acabou em 1945. O governo responsável por esta adesão foi o seguinte ao Estado Novo, ou seja, o governo de Eurico Gaspar Dutra. Resposta da questão 7: [A] O projeto de lei que criava uma companhia nacional de manipulação de petróleo, apesar de ter sido sancionada no governo de Vargas, em 1953, foi criado e enviado ao congresso por Eurico Gaspar Dutra, em 1948. Resposta da questão 8: [E] Em 1º de maio de 1943, passou a vigorar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que foi não somente uma racionalização e sistematização da legislação trabalhista em vigor, mas também trouxe novos direitos e regulamentações que não existiam até então. Sua promulgação reforçou enormemente a imagem do presidente Vargas e do próprio regime do Estado Novo frente aos trabalhadores brasileiros. Resposta da questão 9: [C] A afirmativa 3 está errada, pois o Estado Novo ao qual ela se refere perdurou entre os anos de 1937 e 1945, ou seja, cinco anos após a Revolução Constitucionalista de 1932, que é abordada na questão. Resposta da questão 10: [D] Quanto às falsas: Primeira afirmativa: dentre os anseios paulistas durante a Revolução, não se enquadra a tentativa de separar São Paulo do restante da nação.

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Terceira afirmativa: apesar da derrota militar, politicamente os paulistas saíram vitoriosos do conflito, uma vez que, após a Revolução, Vargas promulgou a Constituição de 1934. Resposta da questão 11: [B] Razões para as erradas: [II] a mobilização paulista ocorreu devido a questões políticas de perda de poder com a ascensão de Vargas; [IV] as forças paulistas foram derrotadas, e não saíram vitoriosas; [V] os paulistas não triunfaram, apesar de a Constituição ser promulgada. Resposta da questão 12: [C] Dentre as estratégias adotadas por Vargas durante o governo autoritário e populista do Estado Novo, podemos destacar a adoção de datas e comemorações cívicas que exaltavam o ditador, seu governo e os trabalhadores, como as comemorações do Dia do Trabalho, do 7 de Setembro e do aniversário de Vargas. Resposta da questão 13: [D] Apesar de promulgada a Constituição de 1934, o Brasil não respirava ares tão democráticos como a afirmativa relata. Vargas flertava com os movimentos totalitários da Europa e, em 1937, quando deveria convocar novas eleições presidenciais, promoveu um golpe, anulou a Constituição e deu início à nossa primeira ditadura, o Estado Novo. Resposta da questão 14: [D] O populismo caracteriza-se como um regime no qual o governante utiliza de vários meios para obter apoio popular. Tal governo alastrou-se, em especial, em países com grandes diferenças sociais. No Brasil, em específico, marcou uma época na qual o país fazia a transição da economia agrária para a industrialização, propaganda, inclusive, usada pelos populistas junto aos operários. Resposta da questão 15: [A] As duas afirmações são de contextos diferentes. Na primeira, durante a República das Oligarquias, os governantes consideram a indústria como atividade secundária e as manifestações operárias como desordens que devem ser reprimidas. Na segunda, durante o período populista de Vargas, a indústria era considerada como atividade principal e o operário deve estar alinhado com o projeto de construção do desenvolvimento nacional, portanto incorporado a um projeto nacionalista, daí a necessidade de uma política trabalhista, que foi sistematizada juridicamente na CLT criada durante o Estado Novo, incorporando leis e benefícios conquistados em anos anteriores.

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Resposta da questão 16: [A] Getúlio Vargas era favorável à nacionalização da economia brasileira, em específico com a criação de empresas e indústrias que viessem a administrar nossos bens e produzir os produtos consumidos pelos brasileiros, além, claro, de uma via voltada para a exportação. A criação da Petrobrás enquadra-se nesse contexto, com a empresa sendo criada para administrar nosso petróleo. Resposta da questão 17: [E] A Constituição brasileira de 1934 foi a primeira no Brasil a dar direito de voto as mulheres, fato lembrado pela charge da questão. Resposta da questão 18: [B] Durante o Estado Novo, a política varguista preservou as características populistas, marcadas pelo assistencialismo e pelo controle sobre os sindicatos. Esse modelo de relação entre o Estado e os trabalhadores foi denominado populismo. A Carteira de Trabalho foi instituída em 1932 apenas para os trabalhadores urbanos e reforçou a ideia de que o governo protegia os trabalhadores e lhes dava garantias mínimas. Resposta da questão 19: [B] É importante considerarmos café e indústria como partes integrantes do mesmo processo econômico no Brasil. Como o próprio texto da questão diz: “é indispensável reunir café e indústria como partes da acumulação de capital no Brasil”. Resposta da questão 20: [A] As obras produzidas no período varguista destacam uma nova concepção política, o populismo, que entende a importância das camadas trabalhadoras urbanas no processo de desenvolvimento do país, dentro de uma perspectiva nacionalista, não apenas do ponto de vista econômico, mas também cultural. Neste modelo não se encaixam a elites agrárias tradicionais e os trabalhadores rurais, ainda subordinados às práticas do coronelismo. Resposta da questão 21: [C] A expansão dos meios de comunicação foi fundamental para a criação de modelos e padronização de comportamentos nas cidades, destacando-se São Paulo e Rio de Janeiro – até então capital do país. Ainda não é possível falar de uma cultura de massa, nem de sociedade de consumo, mas podem ser identificadas suas raízes.

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