jornal ucdb - edição outubro 2010

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CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 Informativo mensal - Ano X N o 251 - Campo Grande - MS - Outubro/2010

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Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

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Page 1: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010

Informativo mensal - Ano X No 251 - Campo Grande - MS - Outubro/2010

Page 2: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/201002 e d i t o r i a l JORNAL UCDB

ÍNDICE

03 PÓS-GRADUAÇÃOA Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superiordo Ministério da Educação (Capes/MEC) divulgou as notas da avali-ação trienal dos programas de pós-graduação stricto sensu de todasas instituições universitárias do País. A UCDB conta com quatro pro-gramas e todos foram recomendados pela entidade.

04 ENTREVISTA

Pe. Ricardo Carlos atualmenteé diretor geral do Colégio Sa-lesiano Dom Bosco que come-mora, neste ano, 80 anos deatividades. Formado em Filoso-fia na UCDB e em Teologia, noInstituto Teológico Pio VI de SãoPaulo, Pe. Ricardo foi ordena-do padre em dezembro de2001. No final de 2002, foidesignado a trabalhar na Pas-toral do CSDB.

11 AGENDA UNIVERSITÁRIAEventos, dicas de sites e livros.

05 ENSINO SUPERIORMelhor instituição privada de ensino superior de Mato Grosso do Sul,segundo lugar no ranking do Ministério da Educação, a UniversidadeCatólica Dom Bosco completa 17 anos de dedicação a população sul-mato-grossense, no próximo dia 27 de outubro.

06 e 07 NEPPIO Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas(Neppi) da Universidade Católica Dom Bosco completa, em 2010,15 anos de atividades, destacando-se por promover atividadesde pesquisa e extensão voltadas às populações indígenas, es-pecialmente no Mato Grosso do Sul.

08 ERRATA

09 COMUNICAÇÃO

12 VOCAÇÃO

Conheça um pouco mais sobre a vida do

Padre Pietro Ricaldone.

Universidade Católica Dom Bosco

Chanceler: Pe. Lauro Takaki Shinorara

Reitor: Pe. José Marinoni

Pró-Reitor de Administração: Ir. Raffaele Lochi

Pró-Reitor de Pastoral: Pe. Pedro Pereira Borges

Pró-Reitora de Ensino e Desenvolvimento: Conceição Aparecida Butera

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson Pistori

Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinho de Almeida

JORNAL UCDB: elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Católica Dom Bosco - UCDB. Periodicidade mensal. E-mail:

[email protected]. Telefones: (67) 3312-3355 e 3312-3359. Fax: (67) 3312-3353. Site: www.ucdb.br. Jornalistas: Jakson Pereira (DRT:

467/MS), Silvia Tada (DRT:33/17/13). Revisão: Edilza Goulart. Diagramação e Capa: Designer - Maria Helena Benites. Tiragem:

15.000 exemplares. Impressão: Gráfica UCDB.

Instituições ou pessoas interessadas em receber esta publicação, entrar em contato pelo e-mail: [email protected].

A Universidade Católica Dom Bosco - UCDB - não se responsabiliza pelos artigos assinados ou de origem definida. Os textos, mesmo

quando não publicados, não serão devolvidos aos autores.

Entidade filiada à ABRUC - Associação Brasileira das Universidades Comunitárias

10 ARTIGO

Antonio Brand

Compromisso da UCDB com os

povos indígenas

Antonio Brand

Coordenador do Neppi/UCDB

O compromisso da UCDBcom os povos indígenas já vemde longa data. Sua mantenedora,há mais de cem anos, trabalhacom os Xavante e Bororo, emMato Grosso, acumulando impor-tante acervo de obras científicase produções culturais de diferen-tes povos indígenas, que está emgrande parte disponível no Mu-seu das Culturas Dom Bosco/MSMT, em Campo Grande. Fiela esse compromisso histórico, aUCDB criou, em 1995, o Núcleode Estudos e Pesquisas das Po-pulações Indígenas - NEPPI -,que tem a finalidade de promo-ver e articular programas e proje-tos de pesquisa e extensão desen-volvidos pela Universidade juntoàs populações indígenas em MatoGrosso do Sul.

Nesses quinze anos, o NEPPItem desenvolvido um número sig-nificativo de projetos de pesqui-sa, preocupado sempre com aprodução de um conhecimentoque contribua, especialmente,

com a construção de alternativasque oportunizem a gradativamelhoria da qualidade de vida dospovos indígenas desse estado.Com o foco na autonomia e noprotagonismo indígena e voltadopara a necessária reconstrução dascondições de sustentabilidadedesses povos, quatro linhas depesquisa foram se consolidandodentro do NEPPI:

- Ocupação espacial, organiza-ção social e cosmologia - voltadapara os processos de territoriali-zação, com ênfase na organizaçãosocial, mudanças decorrentes dasnovas situações criadas pelo pro-cesso histórico de contato e con-finamento, bem como os confli-tos decorrentes desse processo.

- Território, recursos naturaise sustentabilidade - com ênfasenos recursos naturais e possibili-dades de sua recuperação, comodimensão fundamental para a re-cuperação das alternativas de pro-dução interna de alimentos e demelhoria da qualidade de vidadessa população.

- Cultura material/imaterial enovas tecnologias - com o objeti-vo de entender como os proces-sos de construção da cultura ma-terial e imaterial foram atingidospela redução dos espaçosterritoriais e como a inserção denovas tecnologias pode contribuirpara a discussão e registro dessesprocessos e, finalmente:

- Educação indígena e desa-fios decorrentes da crescente de-manda das populações indígenaspor uma educação formal - daeducação básica a superior - dequalidade e adequada as suasespecificidades histórico-culturais.

Após 15 anos de trabalho, aexperiência acumulada peloNEPPI indica que as Universida-des podem contribuir significati-vamente para a sustentabilidade ea autonomia das populações in-dígenas. Mas, para isso, é funda-mental ampliarmos a inclusão e aparticipação desses povos nos es-paços acadêmicos, em especial,nos projetos de pesquisa e de ex-tensão como parceiros, portado-res de conhecimentos experimen-tados e importantes, buscandocontribuir com seus projetos deautonomia.

Ao apoiarmos e estimularmosa presença desses povos em nos-sa Universidade, sabemos que nosconfrontamos com os desafios deum diálogo intercultural, um diá-logo de saberes que supõeminteração intencional e reciproci-dade. Esse foi e é, certamente, odesafio maior enfrentado por to-dos os pesquisadores que inte-gram o NEPPI, dando continui-dade à tradição salesiana junto aospovos indígenas.

FRASE DE DOM BOSCO

“Vamos semear e,

depois, imitemos o

agricultor que

espera com

paciência o tempo

da colheita”.

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FRASE DE DOM BOSCO

Jakson Pereira

A curiosidade é o instinto que impulsiona o jornalista. Foi com o objetivode aprender sobre um tema ainda pouco explorado que os acadêmi-cos do curso de Jornalismo da Católica, Ben-Hur Oliveira e Maria Isa-bel Costa, inscreveram o Projeto “Índio Urbano” no Prêmio Roquette-Pinto – I Concurso de Fomento à Produção de Programas Radiofônicos,promovido pela Associação das Rádios Públicas do Brasil (ARPUB), emparceria com o Ministério da Cultura (Minc). O projeto foi o único doEstado entre os 13 selecionados na categoria de rádio-documentário.

Page 3: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 03p ó s - g r a d u a ç ã oJORNAL UCDB

Capes recomenda cursos da UCDBProgramas nas áreas de Educação, Biotecnologia, Desenvolvimento Local e Psicologia foram avaliados e aprovados

MESTRADO

A Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal deNível Superior do Minis-

tério da Educação (Capes/MEC)divulgou as notas da avaliaçãotrienal dos programas de pós-gra-duação stricto sensu de todas as ins-tituições universitárias do País. AUniversidade Católica Dom Bos-co conta com quatro programase todos foram recomendados pelaentidade.

Um dos principais programasem Educação no Estado, o cursooferecido pela Católica conta como doutorado em Educação, apro-vado no ano passado, e que estácom sua primeira turma em an-damento, o que demonstra a for-ça da UCDB na área.

Na avaliação da Capes, o mes-trado em Educação da Católica sedestaca pela infraestrutura, coerên-cia, consistência, abrangência e atu-alização das áreas de concentração,linhas de pesquisa, projetos emandamento e proposta curricular,além do planejamento do progra-ma com vistas a seu desenvolvi-mento futuro, contemplando osdesafios internacionais da área naprodução do conhecimento, seuspropósitos na melhor formação deseus alunos, suas metas quanto àinserção social no estado e na re-gião por meio de programas decooperação acadêmica com outrasinstituições de Educação Superi-or, Secretarias de Educação, entreoutros, além do acompanhamen-to dos seus egressos, conforme osparâmetros da área.

JAKSON PEREIRA

Outro programa é em Desen-volvimento Local, que se desta-cou pela qualificação do corpodocente, composto por grandenúmero de professores perma-nentes com projetos de pesquisainstitucionalmente apoiados porórgãos de fomento e com diver-sidade na sua formação de ori-gem. Outro ponto destacado pelaavaliação foi a boa distribuição dasdisciplinas do programa entre osdocentes permanentes.

O Programa em Psicologiateve seu relatório muito elogiadopela comissão de avaliação, pois,segundo a Capes, "mostram coe-rência, abrangência e atualizaçãodos trabalhos desenvolvidos pelo

Programa". Também foram des-tacadas as atividades de qualifica-ção docente e de internacionali-zação do Programa em Psicolo-gia, que estão presentes na formade intercâmbios com outras ins-tituições nacionais e internacio-nais, como também no pós-doutoramento de docentes.

Já o Programa de Mestradoem Biotecnologia, o mais novo daInstituição e que participou pelaprimeira vez de uma avaliaçãotrienal, também foi recomendadopela Capes. Os avaliadores des-tacaram a infraestrutura do Pro-grama e, segundo o relatório deavaliação, o mestrado dispõe deboas salas de aula, recursos au-

diovisuais, etc. para as disciplinasteóricas e para o desenvolvimen-to de pesquisa.

"A nota consequente da ava-liação do triênio aponta para a di-reção em que o programa deve-rá caminhar. Para um programana área de Biotecnologia, numainstituição que ainda está se cons-truindo e consolidando sua polí-tica e vivência da pesquisa, nossanota foi boa. Mas, sabemos quenossa capacidade é para concei-tos melhores. Assim, já estamostraçando planos e metas para, nofinal do próximo triênio, alcançarum conceito ainda maior", co-mentou o coordenador do Pro-grama em Biotecnologia, Dr. Luís

Carlos Vinhas Ítavo."As comissões de avaliação da

Capes são muito rigorosas, e ter oscursos recomendados demonstraque todos os Programas da UCDBestão trabalhando para manter aqualidade e realizar os ajustes re-comendados pela entidade", co-mentou o Pró-Reitor de Pesquisae Pós-Graduação da Católica, pro-fessor Dr. Hemerson Pistori.

AVALIADORA

No processo de avaliação daCoordenação de Aperfeiçoamen-to de Pessoal de Nível Superiorpelo País, a UCDB não só foi ava-liada, mas contou com a profes-sora Dra. Mariluce Bittar no qua-dro de avaliadores da Capes. En-tretanto, por fazer parte do qua-dro de docentes da Católica, aprofessora não avaliou sua insti-tuição e sim programas de outrasuniversidades.

Para realizar a avaliação dosprogramas stricto sensu em todo oBrasil, a entidade reuniu 877 avali-adores com qualificação e compe-tência técnico-científica nas suasrespectivas áreas de conhecimen-to, formando 46 comissões queanalisaram os dados referentes àsinformações de 2.718 programas.

Mariluce Bittar faz parte doprograma de pós-graduação emEducação - Mestrado e Doutora-do da Católica e, em sua área, fo-ram convidados 36 avaliadores/pesquisadores, sendo 26 de insti-tuições de Ensino Superior públi-cas e dez de privadas, todas elasdo segmento comunitário, católi-co e confessional, caso da UCDB.

Mestrado em Biotecnologia da UCDB foi avaliado pela primeira vez e foi recomendado pela CAPES

Jakson Pereira

Page 4: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/201004 e n t r e v i s t a JORNAL UCDB

Colégio Salesiano Dom Bosco comemora80 anos educando e evangelizando

Padre Ricardo Carlos

JORNAL UCDB: Pelo Colégio

Dom Bosco passaram inúme-

ras pessoas que trabalham pelo

desenvolvimento do Estado.

Sempre que podem, essas pes-

soas fazem questão de dizer que

são formados no colégio. Como

é dirigir um colégio com tanta

tradição?

PE. RICARDO: Já ouvi de vári-as pessoas, principalmente das maisantigas, que a história de CampoGrande se confunde com a histó-ria do Colégio Salesiano Dom Bos-co. Para nós, isso é motivo de mui-ta alegria e orgulho, mas ao mes-mo tempo de muita responsabili-dade. Muitas pessoas da sociedadede Campo Grande e de todo oEstado estudaram por aqui e guar-dam boas recordações, seja dos es-tudos, seja das amizades, seja daacolhida dos salesianos. Os ex-alu-nos lembram muito dos salesianosque foram professores, que foramos antigos coordenadores, tambémos antigos conselheiros, comoeram chamados aqueles que cuida-vam mais da disciplina. Hoje nóstrabalhamos para dar continuida-de ao trabalho que há 80 anos ossalesianos começaram aqui noDom Bosco.

JORNAL UCDB: Com foi o

início do Colégio Salesiano

Dom Bosco?

PE. RICARDO: O colégio foiadquirido da Sociedade Pestalozzi,em 1930. O primeiro diretor foi oPe. João Pian, que foi homenagea-do quando o colégio completou 50anos, em 1980. Ele ainda estavavivo naquela época, quando tam-bém foram lembrados tantos ou-tros que vieram depois dele, algunsjá falecidos e outros ainda vivos.Então, os salesianos adquiriram apropriedade onde hoje funciona obloco A, e foram construindo, deacordo com o crescimento do co-légio, os demais blocos e pavimen-tos com o objetivo de atender à de-manda da cidade de Campo Gran-de.

JORNAL UCDB: Por que o

Colégio Salesiano Dom Bosco

é referência em educação?

PE. RICARDO: Os salesianostêm a educação como vocação. Issoé importante, pois quando você

tem uma vocação, você se sente cha-mado pelos talentos, pelos seusdons, pelas suas qualidades e virtu-des, e também por Deus para seguiresta vocação. E quem iniciou essa“brincadeira” toda foi São João Bos-co. Ele, que no século 19, na Itália,começou este trabalho catequéticoe pedagógico com as crianças, comos jovens e adolescentes na cidadede Turim. Ele viu que sua obra pre-cisaria ir adiante, então convidou al-guns jovens para se tornarem religi-osos, para se tornarem salesianos.Em 1984, um ano após iniciarem otrabalho no Brasil, os salesianos che-garam a Cuiabá (MT) e, depois, noinício do século 20, vieram paraCampo Grande, onde celebravammissas, casamentos e sacramentos.Os salesianos já atendem há muitotempo esta região, então nós temosesta vocação e esse binômio que tra-balhamos junto: a educação e a evan-gelização. Educar evangelizando eevangelizar educando é para nósuma herança muito importante querecebemos de Dom Bosco. Então,todo salesiano que está à frente deuma casa salesiana e também nós, àfrente do Colégio Salesiano DomBosco, temos como vocação a edu-cação. Hoje nós temos a responsa-bilidade e a missão de estar com ocolégio na vanguarda, atendendo amodernidade, atendendo às exigên-cias da educação hoje, que é tão de-safiadora quanto na época de DomBosco quando havia algumas urgên-cias, algumas necessidades que erampeculiaridades da época, comoagora.Todos nós temos essa respon-sabilidade e não só o diretor, masoutros sacerdotes que compõe aequipe pedagógica, os demais coor-denadores, todos nós formamosuma grande equipe, uma grandefamília trabalhando para que o Co-légio Salesiano Dom Bosco conti-nue sendo referência na sociedade.

JORNAL UCDB: Além da edu-

cação básica, o CSDB hoje tam-

bém é referência em preservação

ambiental. Como foi iniciado

este sistema de gestão ambien-

tal?

PE. RICARDO: O Colégio Sale-siano Dom Bosco é o único entreas instituições salesianas e tambémentre os colégios de Mato Grossodo Sul que possui uma certificação

internacional de educação ambien-tal chamada ISO 14001 - uma nor-ma internacionalmente reconhecidaque define o que deve ser feito paraestabelecer um Sistema de GestãoAmbiental (SGA) efetivo. É um seloque grandes empresas possuem eque, para nós, não significa ter ape-nas um certificado de gestão ambi-ental. Acima de tudo, demonstranosso compromisso com a gestãoambiental. O que significa isso? Sig-nifica fazer com que os nossos alu-nos possam tomar consciência e le-var para o seu dia-a-dia, para a suacasa, para sua família, a questão am-biental. Para que eles possam agirambientalmente, não por conveni-ência, mas por convicção. Ou seja,se antigamente a mãe limpava a va-randa da casa com água em abun-dância, isso era uma coisa comum,que passava despercebido; hoje,quando a mãe de um aluno fizer isso,tenho certeza de que ela vai levaruma correção por parte de seu fi-lho, dizendo “olha, mãe, o desper-dício de água, isso não pode, por-que nos temos que preservá-la, te-mos que cuidar não só da água, mastambém de outros bens findáveis danatureza”. E, além disso, o CSDBtrabalha a questão ambiental na partepedagógica, realizando atividades, se-minários, que são frutos do traba-lho de conscientização ambientalque é muito forte em nosso colégio

JORNAL UCDB: Além da ques-

tão ambiental, a área esportiva

recebe muitos investimentos do

CSDB, conquistando muitos tí-

tulos nas mais diversas modali-

dades. Como é utilizar o esporte

como extensão da sala de aula?

PE. RICARDO: A questão espor-tiva é mais uma que devemos reme-ter ao nosso fundador São JoãoBosco. Ele, para atrair os jovens, cri-anças e adolescentes, utilizava a re-creação para se aproximar deles. Sódepois ele propunha uma educaçãoformal, uma catequese. A questãoesportiva, recreativa está no DNAdo carisma salesiano. Por isso, todasas nossas casas, não só aqui noCSDB, mas também nas demais ca-sas salesianas do mundo inteiro. OCSDB é uma referência na cidade,no Estado, nessa questão do espor-te, pois nós incentivamos muito, poiscom o esporte, você incentiva a saú-

de, incentiva o bem físico, você visaacima de tudo a educação integral.Então, o colégio propicia isso e nóstemos muitos alunos que compõemas várias equipes esportivas coleti-vas e individuais que representam ocolégio em competições locais, na-cionais e até internacionais. Alémdisso, nós também usufruímos deuma estrutura belíssima, que é o nos-so poliesportivo que favorece todoo treinamento e a educação física.Este trabalho esportivo com os nos-sos alunos nos deixa muito satisfei-tos e espero que eles continuem dis-putando e vencendo as competiçõespropostas pelas federações.

JORNAL UCDB: A UCDB teve

seu início no Colégio Salesiano

Dom Bosco, com as Faculdades

Unidas Católicas de Mato Gros-

so (Fucmat). Como foi trabalhar

no mesmo espaço a educação

básica e os cursos superiores?

PE. RICARDO: Na verdade, co-meçamos apenas como colégio, nadécada de 30. Na década de 60, foicriada a Faculdade Dom Aquino deFilosofia, Ciências e Letras, que de-pois virou Fucmt. Com o passar dotempo, novos cursos do ensino su-perior foram criados e a instituiçãofoi crescendo até se tornar UCDB,na década de 90, quando todos oscursos de educação superior forampara o campus da Tamandaré. Acre-dito que o sair dos cursos superio-res daqui foi muito positivo, tantopara a universidade quanto para co-légio, pois são segmentos diferen-tes. Porém, uma coisa é educação bá-sica, outra coisa é o ensino superiore cada qual tem sua peculiaridade.Com a saída da faculdade, o Colé-gio Dom Bosco ficou com o espa-ço em sua totalidade para a educa-ção básica. Claro que nossa relaçãocom a universidade hoje é muitopositiva, afinal de contas temos amesma mantenedora, a Missão Sa-lesiana de Mato Grosso, temos o

mesmo carisma e muitos dos quetrabalham hoje na UCDB traba-lharam aqui, moraram aqui, bastaver o Reitor, Pe. José Marinoni, quemorou aqui e foi diretor do Colé-gio Salesiano Dom Bosco. Nós te-mos muitas parcerias positivas coma universidade, utilizamos os labo-ratórios da Instituição, participa-mos dos projetos propostos porela, como Desafio UCDB e Diade Campus e, além disso, são mui-tos os alunos nossos que ingres-sam nos cursos de ensino superi-or da Católica. Nós buscamos sem-pre parcerias e isso demonstra aunidade entre as duas instituiçõesUCDB/Colégio Dom Bosco.

JORNAL UCDB: Neste ano, o

Colégio Salesiano Dom Bosco

comemora 80 anos de ativida-

des. Como será a programação

de aniversário?

PE. RICARDO: Faremos duascomemorações: para a sociedadee para os nossos alunos. Realizare-mos uma sessão solene no dia 10de novembro, às 19h30, chamada“Mérito Dom Bosco”, quandoserão homenageadas algumas per-sonalidades da sociedade que es-tudaram no CSDB. Para nós, nãofoi fácil escolher os homenagea-dos, pois nós temos mais de 50 milex-alunos. Então, escolhemos 20alunos para homenagear, e esco-lher 20 entre 50 mil não é uma ta-refa simples, por isso nós defini-mos os homenageados por seg-mentos da sociedade: umpecuarista, um do poder legislativo,um artista, outro do poder judiciá-rio, um executivo. Logo após as ho-menagens, nós teremos um jantarde confraternização. Além disso,nós temos também as atividadescomemorativas com os nossos alu-nos: uma celebração eucarística deação de graças, um show internopara os alunos e vamos distribuiruma lembrança em alusão à data.

Nascido em 6 de fevereirode 1974, Pe. RicardoCarlos atualmente é dire-

tor geral do Colégio Salesiano DomBosco que comemora, neste ano,80 anos de atividades. Formado em

Filosofia na UCDB e em Teologia,no Instituto Teológico Pio VI de SãoPaulo, Pe. Ricardo foi ordenado pa-dre em dezembro de 2001. No finalde 2002, foi designado a trabalhar naPastoral do CSDB. No mês de ju-nho do ano seguinte, passou a ser di-retor administrativo, cargo que exer-

ceu até se tornar diretor geral, em2008. Nesta entrevista, Pe. Ricardofala sobre a história e sobre a tradi-ção do colégio, o trabalho com o es-porte e com o meio ambiente e so-bre a programação da comemoraçãodos 80 anos de atividades da Institui-ção.

Pe. Ricardo é diretor do Colégio Salesiano Dom Bosco desde 2008

Jakson Pereira

JAKSON PEREIRA

Page 5: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 05e n s i n o s u p e r i o rJORNAL UCDB

Arquivo

Considerada pelo Ministério da Educação como melhor Instituição de ensino superior privada do Estado, a Católica comemora mais um ano de dedicação à população sul-mato-grossense

Com o objetivo de consci-entizar acadêmicos da Univer-sidade Católica Dom Bosco(UCDB) para que tenham boasatitudes na convivência dentroda Instituição, a Pró-Reitoriade Ensino e Desenvolvimentolançou um desafio para os es-tudantes do curso de Publici-dade e Propaganda: criar uma

CONSCIENTIZAÇÃO

campanha apresentando manei-ras de ter mais respeito com opróximo.

Para a elaboração das peçaspublicitárias, estagiários da Agên-cia Experimental Mais Comuni-cação da UCDB fizeram uma pes-quisa para identificar os principaisproblemas encontrados no cam-pus e, com as respostas, elabora-ram a campanha que tem comotema “Atitude, eu tenho”. Para acriação da campanha, os estudan-

tes foram orientados pelos pro-fessores Claudia Ruas, AnaCristina Martins, Elton Tamiozzoe Tadeu Braga.

Os cartazes e banners estãoinstalados na Instituição desde oinício do segundo semestre e es-timulam mudanças no comporta-mento que podem melhorar aconvivência: não sentar nas esca-das, não fumar, desligar o celularem sala de aula, não jogar lixo nochão, guiar em velocidade permi-tida e evitar som alto no estacio-namento. Para divulgação da cam-panha foram colocados cartazesem pontos estratégicos da UCDB,como nos bebedouros, nos mu-rais, nas escadas, nos banheiros enos corredores da Instituição.

A professora Ana CristinaMartins avalia que os acadêmicosestão, de fato, tendo atitude.“Estamos na finalização de umapesquisa, e os resultados são ex-tremamente positivos. Podemosperceber como o campus estámais limpo, as escadas estão livrese as pessoas estão controlando avelocidade no estacionamento”.

Caroline Lima, acadêmica docurso de PP e estagiária da Agên-cia Mais Comunicação falou so-bre sua participação na campa-nha. “Gostei muito de ver todosos procedimentos para a elabo-ração dos cartazes, das peças pu-blicitárias, foi tudo muito interes-sante e enriquecedor. Depois detodo o trabalho finalizado, é óti-

Acadêmicos de PP fazem

campanha no campus

mo ver que o nosso objetivo foialcançado”.

A acadêmica Doany PereiraBraga, do 2º. semestre do cursode Biologia da Católica, falou so-bre a iniciativa da UCDB. “Gos-tei muito da campanha, acheimuito válida, pois eu não aguen-tava mais os fumantes e os alu-nos sentados nas escadas e agente sem poder passar. Achoque a campanha deve continuarporque até agora teve resultadosextremamente positivos”.

As peças publicitárias terãocontinuidade no ano que vem,e a principal estratégia será re-forçar os conceitos trabalhadosna primeira campanha de manei-ra interativa.

UCDB completa 17 anos de atuaçãoReconhecida como Universidade em 1993, a Instituição já nasceu com a tradição em ensino superior da FUCMT

COMEMORAÇÃO

JAKSON PEREIRA

Melhor instituição priva-da de ensino superiorde Mato Grosso do Sul,

segundo dados do Ministério daEducação, a Universidade Cató-lica Dom Bosco completa 17anos de dedicação à populaçãosul-mato-grossense, no próximodia 27 de outubro.

Mesmo tendo suas instalaçõessempre bem avaliadas, ano apósano a UCDB segue investindo emsua infraestrutura – laboratóriosde última geração, salas de aulainformatizadas, biblioteca comvasto acervo, entre outros bene-fícios — com o objetivo de for-mar profissionais cada vez maiscapacitados para o mercado detrabalho e para o desenvolvimen-to da região.

Atualmente, a Instituição con-ta com 43 cursos de graduação –

presenciais e a distância – rece-bendo diariamente cerca de 8 milestudantes. Também são ofereci-dos 45 cursos de pós-graduaçãolato sensu (especialização), um pro-grama de doutorado (Educação)e quatro mestrados (Educação,Desenvolvimento Local, Biotec-nologia e Psicologia), todos reco-mendados pelo Ministério daEducação.

O alto investimento no desen-volvimento da Instituição fazcom que a maioria dos cursos daUCDB seja recomendada pelarevista Guia do Estudante, daeditora Abril. A mesma revistaclassificou a Universidade Cató-lica como uma das três melhoresinstituições de ensino da regiãoCentro-Oeste, na categoria Pes-quisa Científica.

INFRAESTRUTURA

A Católica conta com mais

de 70 laboratórios nas áreas desaúde, comunicação, ciênciasexatas, pedagogia, ciências agrá-rias, entre outros; além do com-plexo que abrange as clínicas-escola, o Hospital Veterinário,um núcleo de práticas jurídicascom um juizado, fazenda-esco-la, entre outros locais que auxi-liam na preparação dos estudan-tes.

Além disso, os estudantesque passam o dia inteiro na Ins-tituição contam com lanchone-tes, restaurante com prato uni-versitário, banco, caixas eletrô-nicos, xerox, emissora de rádioe televisão, jornal e site institu-cional, ginásio poliesportivo,academia-escola, entre outrasfacilidades.

Toda esta infraestrutura estáaliada ao alto nível de seu cor-po docente, formado por maisde 400 professores que são, na

maioria, mestres e doutores.Esta qualidade no ensino vemformando gerações há décadas,pois, apesar de ter se transfor-mado em universidade há ape-nas 17 anos, a Instituição man-teve a excelência em educação equalidade do ensino salesianodas Faculdades Unidas Católicasde Mato Grosso (FUCMT),transformada em UCDB, em1993.

CULTURA E ESPORTE

Além da educação de quali-dade, a Instituição investe emesporte, lazer e cultura. Contan-do com equipes esportivas emdiversas modalidades e esportesindividuais, a UCDB colhe inú-meras conquistas como resulta-do do investimento feito.

Apenas neste ano, a Católi-ca ganhou a Copa Morena e oMetropolitano de futsal e Me-

tropolitano de basquete mascu-lino e feminino.

Na parte cultural, a compa-nhia de dança Ararazul, nesteano, foi premiada no Festival deJoinville, um dos principais fes-tivais de dança do mundo. Alémdisso, o grupo teatral Senta queo Leão é Manso, o musical AvesPantaneiras e o Coral UCDBtambém realizaram diversasapresentações, dentro e fora daInstituição.

Uma das principais apresen-tações culturais do ano foi o es-petáculo que reuniu coral, dan-ça e teatro - “Chico, um certoBuarque de Hollanda”-, que fezparte do calendário de eventosda prefeitura municipal em co-memoração ao aniversário deCampo Grande e teve mais demil expectadores no Centro deConvenções Rubens Gil deCamillo.

KARLA MACHADO

Page 6: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/201006 p r o g r a m a JORNAL UCDB

Acadêmicos da Universidade Católica participam das atividades do Neppi e re

Em 2010, o Neppi completa 15 anos de atividades, desenvolvendo programas e projetos que beneficiam acadêmicos e

A pesquisa e a extensão a serviço daNEPPI

SILVIA TADA

O Núcleo de Estudos ePesquisas das Popula-ções Indígenas (Neppi)

da Universidade Católica DomBosco completa, em 2010, 15anos de atividades, destacando-se por promover atividades depesquisa e extensão voltadas àspopulações indígenas, especial-mente no Mato Grosso do Sul.Referência em trabalhos nestaárea, o núcleo conta com seisprofessores pesquisadores, alémde bolsistas e acadêmicos indí-genas nos programas e projetosdesenvolvidos. As atividades es-tão voltadas para demandas maisabrangentes dos povos indíge-nas, como a formação de profes-sores índios e o apoio aos aca-dêmicos em suas trajetórias den-tro das Universidades ou especí-ficas de determinadas aldeias,destacando-se a aldeia deCaarapó, município localizadono sul do Estado. A partir doNeppi se organizam dois progra-mas de pesquisa e extensão: oPrograma Kaiowá Guarani e oPrograma Terena, esse últimosob a coordenação da Dra. Mar-ta Brostolin.

"O Neppi tem como objeti-vo desenvolver diversas iniciati-vas em favor dos povos indíge-nas. Todos os programas e pro-jetos são levados adiante porpesquisadores competentes",afirmou Pe. Georg Lachnitt, umdos integrantes do núcleo. Elerelembra o trabalho da MissãoSalesiana de Mato Grosso, man-tenedora da UCDB que, desde1895, desenvolve ações voltadaspara educação e manutenção da

cultura dos índios. "A escola éuma contribuição para a educa-ção indígena, sem deixar de ladoo saber indígena".

Sobre o trabalho do Neppi,o coordenador do ProgramaKaiowá/Guarani, professor Dr.Antonio Brand, explica que"desde o início, privilegiamosduas grandes dimensões nessetrabalho, uma envolvendo aeducação e a capacitação técni-ca dos índios e a outra a produ-ção de alimentos, articulado coma preservação e recuperação am-biental. No que se refere à edu-cação, o esforço maior semprefoi a formação de professoresíndios". E, em todos os traba-lhos, "buscamos parcerias comos órgãos públicos, sejam elesmunicipais, estaduais ou federais,preocupados sempre em contri-buir com a formulação de polí-ticas públicas mais adequadas àsdemandas dos povos indígenas",complementou.

Ao longo desses 15 anos, aUCDB se tornou referência empesquisas relacionadas aos povosindígenas no Mato Grosso doSul. "Um dos diferenciais sem-pre foi a preocupação do NEPPIem articular a pesquisa comações de extensão. Essa foi umaexigência dos próprios índios, oque, por outro lado, nos permi-tiu avançar muito, pois eles setornaram nossos parceiros, tan-to na pesquisa quanto na exten-são", ressaltou Brand. Em suaavaliação, a UCDB, seus pesqui-sadores e acadêmicos que parti-cipam desses projetos tiveramum ganho enorme com essa par-ceria. "O testemunho dos inúme-ros acadêmicos da Universidadeque passaram pelo Núcleo, nes-

ses 15 anos, confirma que o diá-logo e a parceria com esses po-vos nos enriquecem sobremanei-ra", afirma Brand.

PROGRAMAS E PROJETOS

As atividades de pesquisa doNeppi são de caráter interdisci-plinar e interinstitucional, en-volvendo pesquisadores comformação em diversas áreas doconhecimento, tendo em vistauma leitura mais complexa dosproblemas vivenciados por es-sas populações.

Há ainda diversos projetoscom financiamentos mais dire-cionados à extensão, entre osquais se destacam: o Ponto deCultura Teko Arandu, com finan-ciamento do Ministério da Cul-tura, um centro de pesquisa, cul-tura e arte dos índios Guarani eKaiowá voltado para a inclusãodigital de indígenas. “Montamoslaboratório de informática, ondesão oferecidas aulas de computa-ção, de edição, fotos, de softwa-res livres, como o Linux, e ofici-nas de vídeo. Há, também, ofici-nas de teatro, bonecos”, destacouo professor Dr. Neimar Macha-do de Sousa, coordenador dessainiciativa. As oficinas ligadas àprodução audiovisual são coorde-nadas pelo professor Me. JoséSarmento. “Eles já criaram blogs,fotoblogs, canais na web, noyoutube”, enumerou. Na EscolaIndígena Ñandejara Polo, desde2008, há um programa de regis-tro e divulgação dos conhecimen-tos e da cultura indígena, medi-ante o uso de novas tecnologias,com foco na interculturalidade eno diálogo entre a cultura guaranie o seu entorno não-indígena.

Outra iniciativa do Neppi é o

projeto Rede de Saberes, sob a co-ordenação do Dr. Antonio Brande da Dra. Marta Brostolin, que de-senvolve atividades de apoio aosacadêmicos indígenas em suas tra-jetórias dentro das Universidades.Esse projeto é desenvolvido emparceria com as três universidades

públicas de Mato Grosso do Sul:UEMS, UFGD e UFMS/campusde Aquidauana e conta com recur-sos da Fundação Ford. Inclui oapoio a atividades de pesquisa dosacadêmicos índios e sua participa-ção em eventos científicos, alémde laboratórios de informáticaabertos aos índios, onde são ofe-recidos oficinas, cursos de línguaportuguesa, metodologia científi-ca e qualquer outro tema de inte-resse dos acadêmicos, além demonitorias. “Trata-se de uma açãode empoderamento dos povos in-dígenas, mediante ações em que oacadêmico adquire novos conhe-cimentos, dialoga, na academia,com os saberes tradicionais e osaplica”, complementou NeimarMachado.

Há ainda diversos outros pro-jetos em andamento, como oCentro de Documentação e Bi-blioteca Digital Teko Arandu, quetem como objetivo disponibilizarvia on line a documentação sobrehistória e cultura dos povos indí-genas do estado e que acaba dereceber o apoio do Ministério daJustiça, por meio do Fundo deDefesa dos Direitos Difusos. Di-versas outras iniciativas voltadasà segurança alimentar e desenvol-

EVENTOS

O Neppi mantém parceriacom os programas de pós-Gra-duação, mestrado e doutoradoem Educação e mestrado emDesenvolvimento Local, ambosda UCDB, e organiza, a cadadois anos, o Seminário Povos In-dígenas e Sustentabilidade, quetem reunido pesquisadores e in-dígenas do Brasil e de outrospaíses.

Cabe destacar que um totalde oito índios já defendeu suasdissertações de mestrado naUCDB, e cinco estão em fase deconclusão, atualmente. No mêsde agosto, pela primeira vez,defesas foram feitas na própriaaldeia dos mestrandos. O fatoinédito aconteceu na AldeiaCachoeirinha, a 14 quilômetrosde Miranda. Orientada pela pro-

fessora Dra. Adir Casaro Nasci-mento, a mestranda indígena Ma-ria de Lourdes Elias Sobrinho de-fendeu o trabalho “Alfabetizaçãona língua Terena: Uma construçãode sentido e significado da identi-dade Terena da aldeiaCachoeirinha/Miranda/MS”. Otrabalho foi avaliado pelos profes-sores Dr. José Ribamar BessaFreire, da Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ), e pelo pro-fessor Dr. Antonio Brand.

Em seguida, o mestrandoCelinho Belizário apresentou otrabalho intitulado “Projeto Po-lítico Pedagógico – A Experiên-cia na Escola Indígena TerenaPolo Coronel Nicolau HortaBarbosa, no município de Miran-da/MS”. Orientado pelo profes-sor Dr. Antonio Brand, a disser-

tação foi avaliada pela professo-ra da Universidade Estadual deCampinas (Unicamp), Dra. Mar-ta Maria Amaral do Azevedo, epela professora Dra. Adir CasaroNascimento.

Em torno de dez acadêmi-cos bolsistas de iniciação cientí-fica ou estagiários dos diversoscursos de graduação da UCDBintegraram os trabalhos doNeppi nesses 15 anos.

Diversas atividades acadêmicas contam com a participação de indígenas

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CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 07p r o g r a m aJORNAL UCDB

ecebem apoio em suas trajetórias dentro dos cursos de nível superior

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comunidades indígenas Kaiowá Guarani e Terena, em duas dimensões: educação e produção de alimentos

as populações indígenas do MS

Segurança alimentar e desenvolvimento sustentável são os focos de um dos projetos mantidos pela UCDBvimento sustentável das comuni-dades indígenas são desenvolvi-das sob a coordenação do pro-fessor Me. Leandro Skowronski,que é agrônomo, e com recursosda Carteira Indígena de Projetos,

do Ministério do Meio Ambien-te. A coordenação interna e a ad-ministração dos projetos doNEPPI e do Programa Kaiowá/Guarani são feitas pela Me. EvaMaria Luís Ferreira.

REVISTA TELLUS

Com conceito Qualis A In-ternacional, a Revista Tellus, deresponsabilidade do Neppi, estáem seu décimo ano de circula-ção e é uma das publicaçõesmais conceituadas da área. Vol-tada a difundir resultados depesquisa e documentação sobreas populações indígenas, espe-

cialmente sul-americanas, aTellus tem como editora respon-sável a professora Dra. NádiaHeusi Silveira.

“Além de consistir em um es-paço para veiculação de diversosmateriais sobre esse tema, a Re-vista pretende divulgar a produ-ção científica do Neppi, de for-

ma a contribuir na promoção deum maior intercâmbio com ou-tras instituições de pesquisa”,disse a editora, na última edi-ção da Tellus, lançada no pri-meiro semestre deste ano.

A revista é dividida em arti-gos, documentos, escritos indí-genas e iconografia.

Participação de indígenas é fundamental para o êxito dos projetos de pesquisa; atualmente, sete estão em andamento

José Francisco Sarmento

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PROJETOS

Atualmente, os principais pro-jetos de pesquisa em desenvolvi-mento no NEPPI são:- Conquistadores, Missionários,Colonizadores e Fazendeiros: AsFronteiras Guarani no Mato Gros-so (1748-1915)”, sob a coordena-ção do professor Dr. AntonioBrand, em fase de conclusão.- Os Guarani nas fronteiras dospaíses do Mercosul: população,localização geográfica e políticaspúblicas, com ênfase em educação,sustentabilidade e direitos sociaisfundamentais, sob a coordenaçãode Dr. Antonio Brand.- Território, recursos naturais ecultura material entre os Guaranie Kaiowá, em Mato Grosso do Sul:as consequências do confinamen-to sobre a produção e reproduçãodos conhecimentos tradicionais eda cultura material, sob a coorde-nação do Me. José Sarmento.- Educação e colonização dos ín-

dios de Mato Grosso do Sul nosséculos XVI e XVII, sob a coor-denação do Dr. Neimar Machado.- A cosmovisão e a representaçãodas crianças Kaiowa/Guarani: oantes e o depois da escolarização,sob a coordenação da professoraDra. Adir Casaro Nascimento.- Formação de professores in-dígenas guarani e kaiowá emMato Grosso do Sul: relaçõesentre territorialidade, processospróprios de aprendizagem eeducação escolar, coordenadopela Dra. Adir Nascimento.- Memória, percepção e sentidosdo aprender dos Terena da AldeiaBuriti: subsídios para uma propos-ta de etnoeducação, coordenadopela professora Dra. Marta Regi-na Brostolin.

Esses projetos são desenvolvi-dos com recursos da UCDB,CNPq, Fundect, MEC e outrasfontes.

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CAMPO GRANDE, OUTUBRO/201008 e r r a t a JORNAL UCDB

(por Domingos Oliveira Medeiros)

Esta semana eu li um artigo mui-to interessante sobre a questão dadestinação dos pneus velhos. Comodescartá-los, sem prejudicar a natu-reza e o meio ambiente?. É que ospneus velhos, se jogados fora semcritérios, representam um grave pro-blema ecológico. O material de quesão feitos são bastante duráveis, per-manecendo intactos cerca de seiscen-tos anos, até a sua total decomposi-ção. Aqui no Brasil, segundo o arti-go, no ano de 1999, foram produzi-dos cerca de 40 milhões de pneus, dosquais 20 milhões viraram lixo.

Os pneus, que são jogados fora,sem critérios, são transformados emverdadeiros criadouros de mosquitostransmissores de várias doenças, peloacúmulo de água parada, o que temcausado sérios problemas endêmicos.Quando incendiados, por qualquermotivo, liberam grande quantidade defumaça tóxica que polui o ar que res-piramos.

Em relação aos países em desen-volvimento, como o Brasil, o proble-ma assume proporções alarmantes.Por conta, exatamente, da importaçãode pneus velhos, recauchutados pelasgrandes nações, e exportados para oterceiro mundo. Este procedimentoacaba, indiretamente, resolvendo oproblema das grandes potências, mas,de outra parte, agrava o nosso, postoque, de certa forma, o lixo de foravem juntar-se ao lixo daqui de den-tro, aumentando a quantidade depneus velhos.

O problema é semelhante a todosos produtos tóxicos e/ou elaboradoscom material de difícil decomposição.Caso do plástico e das baterias de ce-lulares. É mais um aspecto do altopreço que pagamos pelos “avanços”tecnológicos. A rigor, não se tem dadoatenção às conseqüências éticas, mo-rais, ambientais e de saúde, quandose elabora um novo produto. Geral-mente, a questão é decidida, apenas,sob a ótica econômica, da rentabili-

dade, do retorno, do lucro fácil. Coi-sas do capitalismo.

Assim, essa cultura de apego ex-cessivo à acumulação de capitais, aca-ba sobrepondo-se às questões de or-dem humanitária, onde o ser huma-no perde sua condição de prioridadee objetivo maior de todas as ações go-vernamentais, passando a ser merodetalhe no processo de devastação eindiferença para com o meio ambientee a vida de modo geral. É o lado es-túpido do ser humano. O lado egoís-ta. Pois não se pensa nas próximasgerações.

E há pneus velhos em quase to-dos os lugares. A política, por exem-plo, está cheia de pneus velhos e re-cauchutados. Pneus, que há temposdeveriam estar no lixo do esquecimen-to, e que insistem em continuar ro-dando, atrapalhando o trânsito doprogresso e da modernidade. Pneusrecauchutados e que, á cada nova elei-ção, se apresentam como novos, comnovas promessas, enganando os pe-destres que são atropelados nas estra-das por onde transitam o lixo masca-rado de pneus velhos, que já não con-seguem acompanhar as estradas dosnovos tempos. Estradas que sinalizampara o desenvolvimento com justiçasocial. Que exige um rumo certo. Umtrânsito perfeito. Com pneus novos,que ofereçam um mínimo de seguran-ça.

Mas há uma saída. Várias saídas,aliás. E o citado artigo nos mostraquais seriam elas. Uma possibilidadeé usar os pneus velhos para gerarenergia. Com um poder caloríferoquase três vezes superior ao da ma-deira, “cerca de dez pneus são sufici-entes para abastecer de energia umaresidência pequena por uma semana.Assim, poderíamos pensar em quei-mar, de início, dez pneus velhos ourecauchutados que estão concorren-do nessas eleições.

Os pneus também podem seraproveitados na construção civil. Es-pecialmente para contenção de encos-tas, notadamente em cidades brasilei-

ras com áreas sujeitas a desabamen-to, como o Rio de Janeiro, São Pauloe Vitória, por exemplo. Nestes locais,os eleitores poderiam escolher quaispneus serviriam de encostas. E quaisseriam jogados no lixo.

E a outra so lução ser ia areciclagem, pura e simplesmente.Aqueles candidatos que se reciclarampara melhor, apresentando novas idéi-as e novos projetos, fariam parte doelenco a ser reutilizado nessas elei-ções. Os demais, cuja reciclagem nãose fez acompanhar de critérios da co-erência política, de observância àsquestões de ordem ética e moral, iri-am para o lixo, pura e simplesmente..

Mas, sempre é bom lembrar, aquestão dos pneus velhos não se re-sume apenas aos candidatos. Muitomais sério, porque em maior quanti-dade, são os pneus velhos que se en-contram rodando no âmbito do elei-torado. Aqui a reciclagem se faz maisdo que necessária. Não se pode, sim-plesmente, queimar os pneus velhos,pois isto equivaleria a anulação dovoto. O que não é bom para a demo-cracia. Nem utilizar pneus velhos paraservir de encostas. Seria como votarem branco. Ficar de lado. Omisso. Oque também não seria bom. A únicasolução, portanto, é a reciclagem doseleitores. Para que votem com cons-ciência. Sem obsessão por este ouaquele partido. Pensando no que se-ria melhor para o seu país. Para si esua família. A fim de que pudéssemosdar tratamento adequado aos nossospneus. Novos ou velhos. Aproveitan-do, de forma mais inteligente, todo olixo descartável.

DOM-2002

ERRATA

Texto publicado no Jornal UCDB em 25/10/2004

com os créditos da autoria para Alex Fraga - Jor-

nalista e Assessor de Imprensa da UCDB, sendo o

verdadeiro autor Domingos Oliveira Medeiros -

Administrador de empresas e escritor.

O que fazer com os Pneus Velhos O Sorriso Enigmáticodo Presidente

( Domingos Oliveira Medeiros)

Como dizia o nosso querido e sau-doso TOM JOBIM, o Brasil não foi fei-to para principiantes. O povo continuadando legitimidade às eleições, mas nãose faz representado, como devia, juntoaos parlamentares e demais autoridadesque elegem. Tão logo terminam as elei-ções, tudo volta ao quartel de Abrantes.E o Brasil, de repente, se vê tomado porum grupo que se julga dono da verdadee do seu destino. Arrogantes e pretensi-osos, dão às costas para os eleitores e atépara os que fazem oposição construtiva.

Só se fala em reeleição e índices eco-nômicos, a maioria dos quais, sabidamente,inventados, produzidos ou manipulados,com o objetivo de perpetuar uma situa-ção favorável, apenas, aos detentores docapital especulativo. Tem sido assim há,pelo menos, dez anos. Até quando?

Ninguém tem coragem de proporuma renegociação séria de nossa dívidajunto ao FMI, de modo a restabelecer oequilíbrio econômico do acordo que, atu-almente, só tem beneficiado o lado doscredores, ás custas da miséria do povobrasileiro e da estagnação de nossa eco-

nomia. Que acordo é este que não per-mite o investimento em infra-estrutura?Qual a vantagem do Brasil em manter atão decantada credibilidade junto à co-munidade financeira? Para manter a sub-serviência? Por quanto tempo agüenta-remos? Só não vê quem que é cego, ingê-nuo ou quem se beneficia de tamanhacovardia.

Parte da imprensa tem culpa por esseestado de coisas, na medida em que aju-da o governo a propagar seu otimismoextravagante, num clima do euforia in-consistente e utópico.

“Isto é uma vergonha”, como diria oBoris Casoy, com a lucidez e competên-cia que lhes são peculiares.

Enquanto isso, os escândalos sãoacobertados, silenciados, protegidos, es-condidos, e mal-resolvidos pelosdesmandos, incoerências e incompetên-cias generalizados. E nosso presidentecontinua sorridente.

ERRATA

Texto publicado no Jornal UCDB em 18/10/2004

com os créditos da autoria para Alex Fraga - Jor-

nalista e Assessor de Imprensa da UCDB, sendo o

verdadeiro autor Domingos Oliveira Medeiros -

Administrador de empresas e escritor.

(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Apontar e atirar. Fogo na Câmarae no Senado. Estatuto do Desarma-mento. Verdadeiro fogo cruzado. O ti-roteio semântico. No meio a popula-ção. Interesses de lado a lado. A co-meçar pelos fabricantes. Comercian-tes do tiro ao alvo. Todos queremacertar no alvo. E todos têm a suamosca preferida. Apertem o gatilho doconsumo. A verdade em dólar e emreal. Sem papas na língua. O combateà violência é virtual. Desarmar a po-pulação, deveria ser crime. Mais queilegal. Crime eleitoral. Não se comba-te o bem com o mal. A menos que odesarmamento fosse geral.

A começar pela bandidagem. Quenão precisa de referendo para matar.Nem de porte de arma. Ainda maisquando a arma não é de intimidar.Trinta e dois ou trinta e oito, tantofaz . O cr ime está organizado einformatizado. E muito bem prepara-do. AR 15 e outras armas do tipo. Nãohá quem resista à tecnologia de pon-ta. Na ponta do morro ou na pontado lápis. Quem manda é o dinheiro.Dinheiro sujo e bem lavado. O morroestá todo tomado. Pessoas honestas etrabalhadoras. Junto com traficantesde metralhadoras. Ausência do Esta-do. Muito tempo parado. Povo iludi-do é povo enganado.

O referendo popular não faz sen-tido. Não resolverá o problema da se-gurança. Que tem suas origens em ou-

tra vizinhança. Desarmar os trafican-tes. Esvaziar a sua pança. Prender cor-ruptos errantes. Eis a questão a serperfurada. Com as balas do bom sen-so.

A consulta popular está errada.Tem cheiro de festim. Bala de brinca-deira. Pólvora do nada. Empurra-sea questão com a barriga. Tirando oalvo da reta. Dando-lhes ares de le-galidade. Diagnóstico de mentirinha.Remédio que não tem remédio. Coi-sas de criança: historinha.

Precisamos pensar grande. Plane-jar a longo prazo. De forma contínuae abrangente. É isso aí, minha gente!A começar pelo começo. Fazer comoa Argentina. Questionar a dívida como Fundo. De homem pra homem.Sem bravata. De paletó e gravata.Conseguir prazos maiores. Descontose benefícios. Afinal, somos bons pa-gadores. Isto aqui não é a ilha doshorrores.

Vamos desarmar a ciranda finan-ceira. Chega de viver de ilusão passa-geira. Já vimos em passado recente.Com o tamanho dessa dívida, não háquem agüente. Brasil para trás, eter-namente. Sem futuro e sem presente.Sem crescimento real. Sem empregoe sem saúde. Pra que serve o gover-no, afinal?

Até parece brincadeira. No pri-meiro mandato, pede paciência. Eprepara-se para a nova eleição. No se-gundo, nada feito. Há déficit na Pre-vidência. E mais e mais eleição. Des-sa vez seria diferente. Eleito um re-

presentante do povão. Mas o tiro,novamente, saiu pela culatra. Cadavez mais ao povo se maltrata. Nadade programas. Nada de planejamen-to. Tudo improvisado. Quando não écopiado. De ‘Fernando em Fernan-do”. O Brasil vai definhando. À con-ta do aposentado. Ou do vovô denoventa. Que, ao que tudo indica.Pela lógica do ministro. Já devia es-tar morto. Por isso a opção usada. Ti-rar o velho do conforto. Para ver sesua alma. Ou o seu procurador. Nãose trata de miragem. Miragem de umfraudador. E por falar em fraude. Alembrança, a saudade. Não vai demo-rar muito tempo. E a consulta seráfeita. Vamos tomar todas as armas.Proibir a sua venda. Mãos aos alto, éum assalto! O ladrão não viu a lei.Quem paga é o cidadão. A quadrilhaé atrevida. Vai tirar a sua vida. Semporte de arma na mão. Ninguém é deninguém. Mas para o parlamentar. Aconsulta popular. É o melhor que lheconvém. Só não perguntam ao povo.Se a eleição fosse hoje. Em quem elevota de novo.

ERRATA

Texto publicado no Jornal UCDB em 09/08/

2004 com os créditos da autoria para Alex Fra-

ga - Jornalista e Assessor de Imprensa da

UCDB, sendo o verdadeiro autor Domingos

Oliveira Medeiros - Administrador de empre-

sas e escritor.

O Tiro Saindo pela Culatra

(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Quem teve a oportunidade de ler “ACrônica de Uma Morte Anunciada”, doescritor colombiano Gabriel GarcíaMárquez, não pode deixar de traçar umparalelo entre a ficção e a realidade - trá-gica e rotineira -, da violência, sem pre-conceito, que grassa neste país.

Mais uma vez, mancharam o verdede nossa bandeira com o vermelho da ou-sadia: assassinaram, de forma brutal e co-varde, com seis tiros à queima-roupa, amissionária Dotothy Stang; e, no mesmoembalo, o colono Adalberto Xavier Leal.

Não é a primeira vez, infelizmente,que o roteiro de crimes com requintes debarbárie acontece: alguém lutando porjustiça; em favor da dignidade do ser hu-mano; em busca da preservação de nos-sas florestas; de nossa fauna; dos que tra-balham; dos menos favorecidos; dos in-defesos e abandonados à própria sorte;dos que vivem no meio da mata, derra-mando o suor de suas esperanças por diasmelhores; e, vez por outra, as lágrimas daindignação, que molham a terra de ondebrotam o sustento para si e sua família.

O roteiro é o de sempre: Tentativasde ameaça. Pedidos de proteção e ajuda.Ameaças anônimas. Ameaças explícitas.Denúncias. Promessas e mais promessas.Sem soluções. E tudo volta à normalida-de. Até que surge a notícia, na telinha daTV, nas rádios e nos jornais. E o fato tomacorpo, com repercussão internacional. Amorte ganha destaque. Passa, num segun-do, a ser o tema do dia.

Começam, imediatamente, os depoi-mentos. Ministros e autoridades em ge-ral, todos clamam por justiça. Prometemesforços para elucidar o crime, com todoo rigor da lei. Surgem os discursos infla-mados. Providenciam reforço policial ecomissão é enviada para o local do cri-me. Ministério Público entra em cena.Volta-se a falar na necessidade de aumen-tar o efetivo da polícia, e outras provi-dências afins. Tudo isso regado a pedi-dos de “um minuto de silêncio” em ho-menagem ás vítimas.

Convenhamos, senhores! É muitodescaso para com o ser humano. Verda-deira indiferença para com o direito à vida,conforme preceituado em nossa Consti-tuição, elaborada pelos senhores parla-mentares, e que nossos presidentes seobrigam a cumprí-la. É uma vergonhapara todos nós: não temos capacidade decriar condições mínimas para conter àganância e a especulação fundiária e fi-nanceira que sobrevivem graças aodesordenamento jurídico alimentado, emalguns casos, pela conivência e omissãode algumas autoridades; que só pensamem reeleição, cargos, vantagens, benefíci-

os e perpetuação no poder. Como se onosso país fosse uma grande banca denegócios; e eles, seus eternos donos, e úni-cos beneficiários. E o povo servindo, ape-nas, como álibi: emprestando-lhes legiti-midade através do voto. Para depois olhara banda passar, desafinada ou silenciosa.

Um minuto é muito pouco. Precisa-mos de muitas horas; e até meses de si-lêncio e de reflexão. Reflexão sobre oscrimes que são cometidos, muitos dosquais em silêncio, nos bastidores do po-der. Crimes como a CPI do Banestado,que perdeu para a impunidade e para odescaso, indiferente à moral e à ética. Cri-mes praticados sob a égide da especula-ção e da mentira, mas que enriquecempoucos, às custas da miséria da grandemaioria. Ilícitos praticados pelos que mi-litam, impunemente, no contrabando dedrogas, de armas, jogos-de-azar, prosti-tuição infantil, desvio de recursos orça-mentários, enfim.

Enquanto crianças, adultos e idosostombam (mortos, mutilados ou feridos)nas ruas, parques e calçadas das cidades,vitimadas pelo desemprego, pela falta desegurança, de assistência, de proteção, deescolas, hospitais, etc.

Um minuto de silêncio é muito pou-co. Que tal aproveitarmos os quarentadias dedicados à Quaresma para refletir-mos sobre tudo isso? Seria um bom co-meço. Até porque, está em curso a cam-panha “Solidariedade e Paz!. Paz, que arigor não depende de leis especiais; ou derecursos financeiros; mas, sobretudo, deatitude que deve começar, necessariamen-te, dentro de cada um de nós. Só dessamaneira poderemos valorizar cada minu-to de nossas vidas.

15 de fevereiro de 2005Em fevereiro de 2006, este crime

completará um ano. E, a exemplo de tan-tos outros, nunca mais se falou do caso.As eleições tomaram conta das páginasdos jornais. E não há perspectivas de mu-danças no final do túnel. Que continuaapagado, sem futuro. Indiferente às ques-tões que mais de perto interessam aopovo brasileiro. O bem-estar de suas cri-anças, jovens, adultos e idosos. O respei-to à natureza e o desenvolvimento comjustiça social. A propósito, vale aqui a lem-brança e o apelo: nossa Amazônia estádoente. Precisamos cuidar dela. O que ogoverno tem feito para preservá-la dosmales que a acometem?

ERRATA

Texto publicado no Jornal UCDB em 11/04/2005

com os créditos da autoria para Alex Fraga - Jor-nalista e Assessor de Imprensa da UCDB, sendo o

verdadeiro autor Domingos Oliveira Medeiros -

Administrador de empresas e escritor.

Perdão, Dorothy

Page 9: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 09c o m u n i c a ç ã oJORNAL UCDB

Projeto de jornalismo recebe prêmioAcadêmicos tiveram trabalho selecionado no prêmio Roquette Pinto para produção de programa sobre índios urbanos

DESTAQUE

ALINE ARAÚJO

A curiosidade é o instinto queimpulsiona o jornalista. Foicom o objetivo de aprender

sobre um tema ainda pouco explo-rado que os acadêmicos do cursode Jornalismo da Universidade Ca-tólica Dom Bosco (UCDB), Ben-Hur Oliveira e Maria Isabel Costa,inscreveram o Projeto “Índio Urba-no” no Prêmio Roquette-Pinto – IConcurso de Fomento à Produçãode Programas Radiofônicos, promo-vido pela Associação das Rádios Pú-blicas do Brasil (ARPUB), em par-ceria com o Ministério da Cultura(Minc). O projeto foi o único doEstado entre os 13 selecionados nacategoria de rádio-documentário.

Orientados pelos professoresMe. Oswaldo Ribeiro e Me. InaraSilva, cerca de 30 alunos do cursode Jornalismo da Católica estão en-volvidos no projeto que visa traba-lhar a temática do indígena que vivena cidade. Com o prêmio, o projetorecebeu o incentivo de R$ 20 milpara ser investido na produção de36 programas com duração de 10minutos cada um, totalizando 6h derádio-documentário, que serãotransmitidos em várias emissoras doPaís.

Além de proporcionar visibilida-de ao curso da Católica, o projetomobiliza acadêmicos de vários se-mestres a produzir e discutir sobreuma temática importante em MatoGrosso Sul. “A produção de um

documentário exige que o jornalis-ta, ou estudante, no nosso caso,mergulhe a fundo na realidade doque será retratado. Aprender a lidarcom as diferenças é fundamentalpara o comunicador social e, ao en-trar em um universo diferente donosso, muitas vezes, encontramos al-gumas dificuldades que geram vári-os tipos de aprendizado”, relatou oacadêmico do 4º. semestre, Ben-HurOliveira.

Ao integrar acadêmicos de vári-os semestres do curso, o projetoexpandiu a ideia do trabalho com oradiojornalismo, além de possibili-tar uma integração e troca de expe-riência. “Apesar de sermos o Ben-Hur e eu os produtores do projeto,toda a turma de Jornalismo daUCDB matutino e noturno estáinteragindo com o trabalho, tornan-do o projeto mais divertido e inte-grado”, relata a acadêmica Maria Isa-bel, também do 4º. semestre.

A execução do projeto traz paraos acadêmicos aprendizados que vãoalém da técnica. “Acho muito bompra gente, enquanto estudante, par-ticipar de projetos como o ÍndioUrbano, além de adquirir experiên-cia para a vida. Uma oportunidadede aprender e conviver com outracultura e assim se despir de precon-ceitos, vendo a verdade de perto”,relatou a acadêmica do 6º semestrede Jornalismo, Natalie Malulei. Oacadêmico Renan Gonzaga, tam-bém do 6º semestre, complementa:“Qualquer trabalho em que se tem

contato com pessoas é gratificante,porque a experiência adquirida vaialém da experiência profissional”conclui.

Para o coordenador do curso,Oswaldo Ribeiro, a premiação vemcomo um reconhecimento de todoo trabalho de Rádiojornalismo quevem sendo realizado na Católica há8 anos. “A partir da experiência coma produção de rádio na UCDB, ad-quirimos habilidade para produziresse trabalho que tem responsabili-dade com um tema complexo queserá transmitido nacionalmente”,

explicou.

APROVADO

Segundo a vice-presidente daassociação de moradores da AldeiaUrbana Marçal de Souza, SilvanaAlbuquerque, a iniciativa do proje-to, além de ser uma oportunidadede dar voz à comunidade, é muitointeressante. “É bom podermosmostrar a diferença de como vive-mos no passado e hoje. Mostrarnossa verdadeira realidade é umaoportunidade de falar e fortalecer anossa cultura. Por isso, a gente agra-

dece por ter sido escolhido”, rela-tou a indígena que vive há 15 anosna aldeia.

O projeto entrevistou líderes in-dígenas, antropólogos, especialistas,além da comunidade local. Os pro-gramas produzidos pelos acadêmi-cos abordam temas como a históriada aldeia, posicionamento de crian-ças e jovens, transformação da cul-tura, visão política local, papel damulher, religião, educação, entre ou-tros temas que retrataram o modode vida e as ideias do índio que resi-de na cidade.

Comunidade indígena da aldeia urbana Marçal de Souza participou da gravação dos programas jornalísticos

Divulgação

Page 10: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/201010 a r t i g o JORNAL UCDB

FÓRUM

A FORMAÇÃO DOS DISCÍPULOS

O Museu das Culturas

Dom Bosco no 4º Fórum

de Museus

Aivone Carvalho*

Dirceu M. Von Lonkhuijzen**

Dulcília Silva***

Conforme o Instituto Brasileiro deMuseus - IBRAM - anuncia em seu site,a 4ª edição do Fórum Nacional deMuseus é uma culminância do proces-so de construção da Política Nacionalde Museus e sintetiza o esforço em-preendido para articular, promover,desenvolver e fortalecer o campomuseal brasileiro. Trata-se de um mo-mento propício para a avaliação daPNM em termos de metas, experiên-cias, realizações, resultados efetivos,frustrações e, ao mesmo tempo, deconstrução e projeção no futuro denovas possibilidades e experimenta-ções, de novos caminhos, desafios ehorizontes. A cada biênio escolhe-secomo sede um estado brasileiro. Esteano foi escolhida a capital federal, maisespecificamente o Centro de Conven-ções Ulisses Guimarães.

Há três edições que o Museu dasCulturas Dom Bosco participa doevento, não só com representação noscursos, minifóruns e oficinas, comotambém nas comunicações orais. Nes-te fórum, o professor Dirceu, curadorda Arqueologia do MCDB, participoudas discussões sobre os Museus deArqueologia; a professora Aivone, di-retora e Curadora da Etnologia doMCDB, participou das discussões so-bre os museus de Etnologia e apresen-tou um trabalho nas comunicações

orais intitulado Museu das Culturas

Dom Bosco: no caminho das almas

Bororo o direito à memória e ao museu,

e a professora Dulcília participoudas discussões sobre Educação em

museus e sobre os Museus de História.O trabalho apresentado pela

Dra. Aivone inicia pelo históricodo museu, a construção do novoespaço para melhor ambientaçãodo acervo, recepção aos visitantese melhores condições didático-pedagógicas, ressaltando a locali-zação estratégica do museu, inau-gurado em 2006, e aberto oficial-mente ao público em 2009, nomaior parque urbano da Américado Sul denominado Parque dasNações Indígenas. Ressaltou a co-leção bororo por ser a maior emais importante do mundo, com1.456 objetos, dos quais 681estãoem exposição e pelo fato de se-rem reconhecidos nacional e in-ternacionalmente pela complexaorganização social, rica culturamaterial e elaborada vida social.Mas, o trabalho em questão vol-tou-se especificamente para o pro-cesso de transferência de objetossagrados, nesse caso os crânios eossos em exposição no antigomuseu referindo-se ao fato de en-contrar a melhor forma de reali-zar a transferência desses objetossagrados.

O processo teve início peladesmontagem. Os Bororo foramconsultados se determinaram osprocedimentos a serem seguidosaos quais foram adaptados os pro-cedimentos museológicos. O ex-positor a ser desmontado con-tinha ossos, cestas fúnebres,bandejas (Baku) utilizadas paracarregar os ossos e crânios en-feitados. Tudo foi devidamente

fotografado para compor o históri-co da exposição e dos objetos. Omaterial retirado passou por um pro-cesso delicado de higienização eacondicionamento sob a supervisãoe orientação dos Bororo convidadoscomo representantes da população.Todos os não índios que participa-ram do ritual de desmontagem e ti-veram contato com os objetos sagra-dos foram protegidos pelos Bororopor um cordão1 previamente amar-rado em seus braços. Segundo eles,os Aroe (almas) poderiam se rebelarcontra a presença de estranhos emum ato tão intrínseco à sua cultura.

De um modo geral, a morteconstitui um grande enigma para ohomem, e o funeral, se considera-do uma atividade simbólica em suasdimensões somáticas, físicas,cognitivas, emocionais e espirituais,torna-se importante para o reco-nhecimento das diferenças cultu-rais, quando observado no contex-to que o produz que não temconcretude fora da existência dossujeitos sociais.

O material permaneceu acondi-cionado no Museu Dom Bosco emcaixas desenhadas e construídas nopróprio museu pelos técnicos capa-citados pelo Projeto de Transferên-cia coordenado pela Dra. AivoneCarvalho, até 29 de novembro de2006, quando foi transferido para onovo espaço museal, em construçãodesde 2004. Quando a hora da trans-ferência chegou, os Bororo, esco-lhidos pela comunidade de Meruri,vieram preparados para realizar umsepultamento segundo as normastradicionais.

Visitaram o museu, o espaçoexpográfico e escolheram o localdevido para depositar a cesta fune-rária naquele ambiente/metáfora de

uma aldeia original. Foi um espetá-culo emocionante e, sob cantos edanças específicos de seu ritual fú-nebre, conduziram-na ao lugar quedeveria ser sua última morada. Aoterminar a cerimônia, os Bororo dei-xaram o local, afirmando que osAroe ( almas dos mortos) estavammuito contentes, porque foram osrepresentantes de seus clãs que or-ganizaram seu retorno ao silêncio daterra. Essa atitude chamou a aten-ção dos presentes no fórum que ela-boraram muitas questões sobre o as-sunto, considerando fantástica a atu-ação dos índios na construção daexpografia do MCDB, determinan-do temas e selecionando objetos.

De volta ao Museu, a professo-ra Dulcília discutiu com o pessoaldo Programa de Didática Museal oque se deve entender por “educaçãoem museus”, verificou o trabalhoque o museu realiza nesse campo, oque deve ser mantido e o que deveser reformulado.

Outra necessidade quanto à edu-cação em museus, trazida do 4°Fórum nacional de Museus 2010, foia filiação da Rede de CooperaçãoMuseológica de Mato Grosso do sul– RECOMUS/MS à Rede de Edu-cadores em Museus – REM que, naregião Centro-Oeste, tem apenas re-presentação no estado do MatoGrosso- MT com a Rede de Educa-dores em Museus e Patrimônio –REMP/MT.

A Rede de Educadores em Mu-seus e Patrimônio de Mato Grosso– REMP-MT - surgiu em 2009 a par-tir de um encontro de profissionaisda área da educação, de museus eacadêmicos de licenciaturas e pós-graduação; todos interessados emaprofundar discussões sobre proces-sos educativos e de produção de co-

nhecimento na interface com a Cul-tura, Museus e Patrimônio. Deste pri-meiro encontro nascia, no mesmoano, o I Seminário de Educação emMuseus e Patrimônio.

A REMP/MT é filiada à REMnacional, pois acredita que o desen-volvimento social e a formação deindivíduos críticos dá-se medianteprocessos pedagógicos capazes deunir a memória social dos grupos eas tradições do passado com base nopresente, com a história do cotidia-no, através de troca reflexiva sobre ouniverso simbólico dessa população,ou seja: seu patrimônio material,imaterial e ambiental.

As Redes Sociais permitem a am-pliação de movimentos catalizadorespara o fortalecimento de identidades ememórias, impulsionando mudançassociais diversas. A REMP-MT organi-za-se em reuniões de estudo e reuniõesde trabalho, ambas presenciais, uma vezao mês, alternando seus encontros emmuseus, centros culturais, comunitáriose de ensino, buscando-se o envolvimen-to dos diversos atores sociais.

Atualmente, um representante doMCDB está participando dos trabalhosda REMP/MT como observador como intuito de implantar uma rede no es-tado do Mato Grosso do Sul.

1 Este cordão foi produzido pelos

Bororo a partir de uma planta deno-

minada “algodãozinho”. Em Língua

Bororo Kimao Uiorubo.

*Doutora em Comunicação e Semiótica; Pro-

fessora no Mestrado de Psicologia- UCDB;

Diretora do Museu das Culturas Dom Bosco

**Especialista Educação Ambiental, Profes-

sor de Geografia da UCDB, Curador do se-

tor de Arqueologia do MCDB

***Doutora em Estudos Comparados; Coor-

denadora do Programa de Didática Museal

Aplicada- MCDB; Coordenadora do Arqui-

vo Histórico e Documental- MCDB

O chamado é o divisor de águas da vidados discípulos de Jesus, fixando um ‘antes’ e

um ‘depois’ que se prolongam com a fide-lidade ‘até a morte’. Contemplemos agora

a vida comum entre Jesus e seus discípulos. Ele osconvida, não para aprender uma doutrina ou discutir conceitos

religiosos, mas para compartilhar a sua missão: a paixão pelo Reino e osenhorio de Deus/Abbá que é o sentido de toda a sua vida. Não se trata,porém, apenas de um trabalho a fazer, mas de ser em profundidade cren-

tes/discípulos/apóstolos. “Chamou os que Ele quis... constituiu en-tão doze... para que os enviasse a pregar com o poder de ex-

pulsar os demônios” (Mc 3,13-15). O convite a ser ‘amigosde Jesus’ não transforma os discípulos automaticamente.As futuras colunas da Igreja têm limites, defeitos e peca-

dos. O Senhor começa com eles um longo processo de for-mação que só terminará em Pentecostes: “Quando Ele vier, o

Espírito da verdade vos guiará em toda a verdade” (Jo 16,13).Uma das dificuldades encontradas por Jesus nos seus, em vista

do discipulado, é o orgulho e a avidez de poder. Enquanto Ele começa aanunciar a sua futura morte, eles discutem sobre quem é o maior (Mc

9,30-37). Os filhos de Zebedeu se fazem até mesmo recomendarpela mãe: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu

Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda” (Mt 20,21). Osoutros ficam indignados, mas Jesus não condena esse desejo

tão humano, mas indica o verdadeiro caminho para ter su-cesso: “Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele

que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós,seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio

para ser servido, mas para servir” (v. 26-27). Nãolhes é fácil entender. Em outras ocasiões, mani-

festam a intransigência de quem se sente aci-ma dos outros: Jesus os corrige depois de im-pedirem que alguém não pertencente ao gru-po deles faça o bem em seu nome (Mc 9,38-40); reprova-os, quando, diante da oposiçãodos samaritanos ao atravessarem a regiãodeles, invocam fogo do céu para consumi-los (Lc 9,51-59). Diante dessas fraquezas

humanas, Jesus demonstra compreensão, pa-ciência e compaixão. Mas, não transige no es-

sencial: a fé. Ela não é ‘negociável’. Não lheinteressa ter uma multidão de seguidores que se

retira diante da ‘dureza’ das suas palavras (Jo 6). A pouca fé mani-festa-se também na incapacidade de compreender as parábolas (Mt13,10s), as quais é obrigado a explicar, e também diante do anúncioda paixão: “Eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medode perguntar” (Mc 9,32). É a atitude de quem acredita ser melhornão entender...

Em Cesareia de Filipe, Jesus pergunta qual a opinião que o povotem dele; depois, faz a pergunta decisiva: “E vós, quem dizeis queeu sou?” (Mc 8,29). Não basta saber o que os outros dizem, nadasubstitui a opção pessoal de fé e adesão ao Senhor Jesus. A falta defé concretiza-se no não querer aceitar o plano de Deus e chega atémesmo ao extremo no chefe do grupo apostólico, Simão Pedro,que Jesus reprova com a palavra mais dura que jamais tenha utili-zado: “Afasta-te de mim, Satanás, pois não pensas como Deus, mascomo os homens” (Mt 16,23; Mc 8,31-33). Há situações diante dasquais não se pode transigir: está em jogo a mesma essência dodiscipulado. Os evangelhos não escondem nem mesmo a atitudemais deplorável: o abandono covarde do Mestre na noite da suaprisão, compreendida a vergonhosa negação de Pedro. Contudo,também na noite escura da fuga e da negação não se apaga a pe-quena chama que arde no coração deles: o amor por Jesus que levaPedro a “chorar amargamente” (Mc 14,72) e que, depois da mortedo mestre, lhes permitirá encontrar-se com o Ressuscitado e com aforça do Espírito Santo (At 1,8). Pouco se sabe de suas vidas, massabemos que foram fiéis ao Senhor e marcaram essa fidelidade como sangue. Exceto Judas: a sua proximidade ‘física’ com Jesus não setraduz em adesão. Mas, a Igreja jamais emitiu um juízo definitivosobre ele. Deixemos no silêncio aquilo sobre o que Deus mesmoquis calar.

Dom Bosco, com os seus primeiros salesianos, soube seguiruma pedagogia semelhante à de Jesus. Não era um vovozinhobonachão que tudo tolera; era um pai afetuoso e compreensivo,mas também exigente. “Fechava um olho, às vezes também os dois,diante dos defeitos e imperfeições dos seus jovens colaboradores”,mas era inflexível em relação à moralidade, porque no meio estavao bem dos seus meninos. Não se contentava com a mediocridade,mas apresentava-lhes a “medida elevada” da santidade. Assim con-seguiu realizar obras primas como Domingos Sávio e os outrosjovens que morreram em odor de santidade.

Padre Pascual Chávez Villanueva

Reitor-Mor

Para mudar as pessoas, é preciso amá-las. A nossa influência só chega

aonde chega o nosso amor (Johann H.Pestalozzi).

Page 11: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010 11a g e n d a u n i v e r s i t á r i aJORNAL UCDB

II SEMINÁRIO DEINTEGRAÇÃO

ENSINOTRABALHO

COMUNIDADE

EVENTOS CONECTE

Acontece nos dias 20 e 21 de outubro, no Anfitea-tro Pe. José Scampini - bloco C - da UniversidadeCatólica Dom Bosco, o segundo Seminário deIntegração Ensino Trabalho Comunidade. Oevento tem como objetivo compartilhar saberes efazeres para desenvolvimento e produção detecnologias multiprofissionais para atenção básica.Mais informações sobre inscrições podem serobtidas pelo telefone 3312-3458, ou pelo [email protected].

IX CONGRESSO DEDIREITOTRIBUTÁRIO,CONSTITUCIONAL EADMINISTRATIVO ESEMINÁRIOCIENTÍFICO DOCURSO DE DIREITO -UCDB

Oferecer à classe jurídica informações sobre aaplicação de novas normas recentemente

promulgadas; à classe empresarial, suporte paraum bom planejamento tributário, debater

questões polêmicas do Direito Público, discutiras últimas alterações na legislação, debater

temas e apresentações e extrair interpretaçõescoerentes com o sistema jurídico, motivar

acadêmicos e profissionais a desenvolverem opoder da argumentação e da escrita e disseminar

conhecimento entre o empresariado local comassuntos relacionados à tributação – esses sãoalguns dos temas que serão discutidos no IX

Congresso de Direito Tributário, Constitucionale Administrativo e Seminário Científico do

Curso de Direito da UCDB. O evento é umarealização da Católica e do Chiesa Instituto de

Estudos Jurídicos, e será realizado nos dias 25 a29 de outubro. Mais informações podem ser

obtidas pelo site www.chiesa.com.br/congresso

SIMPÓSIOBRASILEIRO DEINTELIGÊNCIAARTIFICIAL,SIMPÓSIOBRASILEIRO DEREDES NEURAISARTIFICIAIS EJORNADA DEROBÓTICAINTELIGENTE

O Centro Universitário da FEI vai receber, nosdias 24 at 28 deste mês, a Joint Conference, um

dos eventos mais importantes na área da robótica.A conferência engloba três grandes eventos: o

Simpósio Brasileiro de Inteligência Artificial(SBIA), o Simpósio Brasileiro de Redes Neurais

Artificiais (SBRN) e a Jornada de RobóticaInteligente (JRI). Os dois primeiros, SBIA e

SBRN, são internacionais e terão a apresentaçãode artigos somente em inglês. Os artigos apresen-

tados serão publicados posteriormente na sérieLecture Notes in Artificial Intelligence da

Springer-Verlag, uma editora internacional depublicações científicas. Já a JRI engloba também o

Encontro de Robótica Inteligente (EnRI) e aCompetição Brasileira de Robótica (CBR). Mais

informações sobre a Joint Conference pelos siteswww.sbia10.fei.edu.br, www.sbrn10.fei.edu.br e

www.jri10.fei.edu.br.

5º SEMINÁRIOSOBRE

SUSTENTABILIDADE

Nos dias 10, 11 e 12 de novembro, acontecerá o 5ºSeminário sobre Sustentabilidade que, neste ano,abordará o tema "Diálogos sobre Inovação e Sustenta-bilidade". O evento promovido pelo Programa deMestrado em Organizações e Desenvolvimento daFAE coloca em discussão um dos grandes desafiospara a sociedade e a ciência no mundo contemporâ-neo: buscar soluções no âmbito da tecnologia e dainovação para garantir o desenvolvimento sustentável.O objetivo do 5º Seminário sobre Sustentabilidade écontribuir com o debate sobre o assunto, reunindopesquisadores para discutirem suas produções acadê-micas e favorecer, assim, a busca por respostas aosproblemas suscitados pelos processos de desenvolvi-mento que têm gerado sérios desequilíbriossocioeconômicos e ambientais.Mais informações podem ser obtidas no portal http://www2.fae.edu/curitiba/sustentabilidade2010/index.vm

SIMPÓSIOIBEROAMERICANO

DE PLANTASMEDICINAIS

A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) sedia, de18 a 20 deste mês, o 5º Simpósio Iberoamericanode Plantas Medicinais. O evento vai intercambiarexperiências acadêmico-científicas que possibilita-rão solidificar estratégias de pesquisa-desenvolvi-mento e formas de cooperação interinstitucionaisenvolvidas com programas e/ou projetos complantas medicinais, valorizando-se amultidisciplinaridade, a integração com o sistemaprodutivo e com as políticas públicas de saúde. Oencontro deve reunir alunos de cursos de gradua-ção e pós-graduação lato e stricto sensu, professorese pesquisadores do País e do exterior.Mais informações podem ser obtidas pelo telefone(47) 3341-7930, com a coordenação do Mestradoem Ciências Farmacêuticas.

VIII SIMPÓSIOBRASILEIRO DEETNOBIOLOGIA EETNOECOLOGIA

O VIII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia eEtnoecologia será realizado em Recife (PE), de 8 a 12de novembro, contando com outros dois importantes

eventos, o II Congresso Latinoamericano deEtnobiologia (II CLE) e o III Encontro

Pernambucano de Etnobiologia e Etnoecologia (IIIEPEE). O objetivo dos eventos é criar oportunidadespara o debate, trocar experiências e facilitar a articula-ção entre os conhecimentos das populações locais e

aqueles produzidos em instituições formais de ensinoe pesquisa. Em especial, busca promover discussões

sobre o uso e a conservação dos recursos naturais naAmérica Latina, bem como o seu aproveitamento

econômico, além de fortalecer e divulgar aetnobiologia e a etnoecologia na América Latina,

notadamente no Brasil (por sediar o evento), entreestudantes, pesquisadores e agências.

Mais informações podem ser obtidas pelos siteswww.etnobiologia.org.br e www.solaetnobiologia.org.

VII SEMINÁRIO DELÍNGUASESTRANGEIRAS E IIIDE LÍNGUAMATERNA

Com o tema "Educação linguística no século XXI:foco na aprendizagem das línguas e das literaturas",

acontece, nos dias 27 a 29 deste mês, o VII Semináriode Línguas Estrangeiras e III de Língua Materna. O

evento será realizado na Universidade de Passo Fundo(RS) e tem como objetivo promover e incentivar o

intercâmbio, os debates e as reflexões sobre pesquisase conhecimentos em torno do ensino e da aprendiza-gem das línguas e das literaturas, buscando contribuir

com a formação crítica e reflexiva dos educadores.Mais informações e inscrições pelo site http://

www.upf.br/selesselm ou pelo [email protected].

www.planetaeducacao.com.br

O Planeta Educação tem comoobjetivo disseminar o uso peda-gógico e administrativo das no-vas tecnologias da informação eda comunicação nas escolas bra-sileiras de Educação Infantil,Ensino Fundamental e Médio. Oprograma contempla em seu pla-no de ações a implantação denovos ambientes de aprendiza-gem informatizados, com equi-pamentos, sistemas integrados,suporte in loco, materiais didáti-co-pedagógicos, manutençãopermanente dos equipamentos,programa de formação e atuali-zação dos educadores, aplicandoos conhecimentos adquiridos aosprocedimentos curriculares.

www.memoriadapropaganda.org.br

A Associação Nacional da Memó-ria da Propaganda é um polo deinformações e de difusão da cul-tura publicitária, tendo como fi-nalidade a restauração e a preser-vação da produção publicitária noBrasil, mantendo um intercâmbiocom as entidades nacionais e in-ternacionais, através da conserva-ção e do registro da criação pu-blicitária contemporânea. O sitedo “Museu Virtual Memória daPropaganda” tem por objetivodivulgar as atividades culturais eos projetos da Associação, visan-do a difusão da publicidade emsuas diversas manifestações.

www.filosofia.com.br

Trata-se do portal de Filosofia quemais cresce no Brasil. Neste site,encontram-se biblioteca virtual,rádio, televisão, artigos, curiosida-des, exercícios, fóruns de discus-são e muito mais. Para ter acessoao conteúdo exclusivo, basta fa-zer o cadastro gratuitamente.

www.sobiologia.com.br

No portal de Ciências e Biologia,o internauta encontrará inúmeraspáginas com conteúdos, exercíci-os, provas online, jogos, curiosida-des, notícias, glossário e muito maissobre o assunto. Para ter acesso aoconteúdo exclusivo, basta fazer ocadastro gratuitamente.

DICAS DE LIVROSEDUCAÇÃO E

DIFERENÇAS: DESAFIOS

PARA UMA ESCOLA

INTERCULTURAL

Autores: José Licínio Backes,Eugênia Portela de SiqueiraMarques, Terezinha Aparecida daSilva Batista e Marina Vinha Os textos que compõem estelivro estão voltados para o estudoe a construção de um arcabouço

epistemológico e metodológico, a partir de reflexões centradasnas questões da diferença e da diversidade cultural e as suasrelações/negociações com a formação de identidades quemarcam os contextos como espaços prenhes demultirreferencialidades e pluralidades étnicas. Os artigos movem-se em um contexto de formação de pesquisadores dos processoseducacionais, com ênfase nas relações de poder e produção deconhecimento, considerando a escola como espaço privilegiadode cruzamento de culturas.

Profa. Dra. Adir Casaro NascimentoProf. Dr. Antonio Jacob BrandPrograma de Mestrado em Educação da UCDB

INTERAÇÕES - REVISTA

INTERNACIONAL DE

D E S E N VO LV I M E N T O

LOCAL

AUTORES: VVAA

A Interações - RevistaInternacional de Desenvol-vimento Local é uma revista doPrograma de Pós-GraduaçãoStricto Sensu em Desenvol-vimento Local, da UniversidadeCatólica Dom Bosco, Estado de

Mato Grosso do Sul – Brasil.Esta edição é composta de vários artigos e de um estudo sobreteoria e prática, contando com a colaboração de autoresnacionais e internacionais, realizando, assim, um intercâmbiode experiências e práticas, promovendo e ampliando a produçãode conhecimento e garantindo de forma impulsionadora osprocessos inovadores.[...]

Maria Augusta CastilhoEditora

I SEMINÁRIO DEPESQUISA EM

PLANEJAMENTOE GESTÃO

TERRITORIAL

De 3 a 5 de novembro, a Universidade do ExtremoSul Catarinense (Unesc) realiza o I Seminário dePesquisa em Planejamento e Gestão Territorial, quetem como tema o Planejamento Regional Sustentá-vel. Segundo os organizadores, nas últimas décadas,com o desenvolvimento de tecnologias e equipa-mentos, a criação de produtos cartográficos foidisseminada e mapas se tornaram um instrumentopara auxiliar a tomada de decisão de administrado-res, governantes e profissionais dos setores públicose privados. Para discutir o uso dessas inovações, oevento reunirá especialistas em geoprocessamento,gestão urbana, geomarketing, distribuição e geren-ciamento das redes de serviços públicos, agricultu-ra de precisão, entre outras atividades. Maisinformações:www.unesc.net/portal.

www.sxc.hu

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w.sx

c.hu

www.sxc.hu

sitedecuriosidades.com

Page 12: Jornal UCDB - Edição Outubro 2010

CAMPO GRANDE, OUTUBRO/2010p e r s o n a l i d a d e s a l e s i a n a12 JORNAL UCDB

Traços da vida1

Pedro Ricaldone nasceu nodia 27 de julho de 1870,em Mirabello. Era filho de

uma família de camponeses declasse média e seu pai chegou aser prefeito da povoação. Estu-dou no colégio de Alassio e logofoi transferido para Borgo SanMarino, onde conheceu DomBosco. Encontrar-se-ia duas ve-zes com o santo de Turim emsua vida.

Em 1889, ingressa, comonoviço salesiano, em Valsalice,um bairro de Turim, onde DomBosco havia fundado uma obra.Fez seus votos perpétuos no dia23 de agosto de 1890 e, em se-tembro desse mesmo ano, foienviado como professor e assis-tente ao colégio de Utrera, naEspanha. Continua seus estudosteológicos em Sevilha. Em 1892,trabalha no Oratório Salesianode Sevilha e é eleito diretor nes-sa mesma cidade, no dia 27 demaio de 1893. Em 1898, PadreRua o encarrega de visitar as ca-sas salesianas da América do Sul.

A Espanha se converteriadefinitivamente no campo doseu apostolado, quando é nome-ado, em 1911, superior dos sale-sianos nesse país, e é aí que elecomeça seu trabalho no mundodas publicações e da imprensa.Uma de suas primeiras obras im-

27/07/1870 00/00/1951

“O homem das grandes realizações”

Padre Pietro Ricaldone

Padre Ricaldone foi reitor-mor entre os anos de 1932 a 1951 e realizou um grande trabalho junto aos salesianos

pressas foi um manual de práti-cas agrícolas ao qual intitulou“Biblioteca Agrária Solariana” eque recebeu um prêmio na expo-sição de Turim, de 1928.

Capacidade de organização2

Padre Pietro Ricaldone (1870-1951) começou, desde cedo, asurpreender pela sua extraordiná-ria capacidade de organização epelos dotes de grande empreen-dedor. Ainda clérigo, em Sevilha,abriu o oratório festivo no maisdifícil bairro da cidade. Com ape-nas 24 anos foi ali diretor e di-fundiu as “Oficinas Dom Bosco”,fundou a tipografia, a livraria, ocoral, a banda.

Durante o seu inspetorado –foi nomeado para tal com 32 anosde idade – o número dos salesia-nos da Inspetoria aumentou de 86para 184. O Reitor-Mor, PadreAlbera, chamou-o para o Capítu-lo Superior3 como conselheiropara as escolas profissionais, car-go que ocupou de 1911 a 1922,durante os quais adaptou os pro-gramas das escolas profissionaisàs novas exigências, escreveu al-guns manuais teóricos e práticos,aperfeiçoou as orientações para asartes em madeira, o manual so-bre confecções e estendeu essasorientações ao ramo da mecâni-ca e da eletrônica, além de orga-nizar as escolas agrícolas.

A fim de dar visibilidade e fa-zer conhecer as nossas escolas,estimulou os salesianos a promo-verem, todos os anos, eventosdidático-profissionais e a partici-parem de exposições nacionais einternacionais. Na de Leipzig,acontecida em 1914, havia repre-sentantes de 53 escolas salesianasde tipografia e 42 livrarias, semcontar os laboratórios de encader-nação, de fundição e de litografia.

Suas realizações foram coro-adas por um “doutorado honoris

causa”. Depois da guerra, em1920, foi inaugurada uma grandeexposição profissional noOratório. Foi visitada inclusivepor Gramsci e Togliatti, aos quaisPadre Ricaldone explicou que,para realizar o verdadeiro comu-nismo, eram necessárias três coi-sas: pobreza, castidade e obedi-ência!

Foi prefeito geral a partir de1922, quando se tornou o braçodireito do novo Reitor-Mor, Pa-dre Filippo Rinaldi. É no campodas missões que Padre Ricaldonepôde melhor demonstrar seuspróprios talentos: é obra sua aExposição Missionária deValdocco, em 1926. Visitador ex-traordinário no Extremo Orien-te, reuniu os salesianos da Índia,do Japão, da Tailândia, daBirmânia e da China, e, no seuretorno, lançou a “Cruzada Mis-

sionária”, de vastas proporções,com a finalidade de angariar re-cursos para a formação dos futu-ros missionários.

Para dar um sucessor ao Pa-dre Rinaldi, o Capítulo Geral de1932 escolheu, com votaçãoplebiscitária, Padre Ricaldone,colocando-o, assim, no governoda Congregação. A Congregaçãotinha agora à sua frente um ho-mem prático e que possuía umconhecimento profundo das prin-cipais regiões do mundo nas quaisesteve presente.

Reitor- Mor (1932-1951)

A aurora desse reitorado foiiluminada pela canonização deDom Bosco. Pio XI havia queri-do conferir a esse evento um ca-ráter grandioso. Fez coincidir acanonização com a festa da Pás-coa de 1934. Uma multidão detodo o mundo, na qual os jovensse mostraram os mais entusiastas,participou da festa. Honras insó-litas foram dadas ao santo dosjovens pelo Papa, pelo governo epelo povo. Turim aclamou-o comuma procissão espetacular. Festasforam feitas também em Londres,onde se procurou, em vão, umaigreja suficientemente grandepara acolher os participantes; emJerusalém, em quarenta paróqui-as de Viena e em 64 paróquias deMilão. Numerosas biografias dosanto foram editadas e as estatís-ticas fazem elevar o aumento dasvocações. A participação do Pa-dre Ricaldone na preparação e naorganização desse evento foi fun-damental. O seu reitorado viutambém a beatificação de Domin-gos Sávio e a canonização deMaria Mazzarello.

Em 1939, Padre Ricaldonecriou o Escritório CatequísticoCentral Salesiano e incrementoua elaboração de subsídios didáti-cos, textos e filminhos, e a reali-zação de “jornadas de catecismo”,encontros, conferências, exposi-ções, disputas catequísticas, nãosomente nas casas das duas con-gregações, mas também em nu-merosas dioceses da Itália. A Re-vista “Catequese” tornou-se oórgão desse reflorescimento.

No dia 8 de dezembro de1841, durante a Guerra, PadreRicaldone, com os superiores doConselho Geral, no quartinho deDom Bosco, fez a promessa defundar, no Colle dei Becchi, a Li-vraria da Doutrina Cristã, maisconhecida como L.D.C. A edito-ra começou logo a produzir tex-tos, subsídios de formação paraos professores de ensino religio-so e materiais audiovisuais. Forameditados, só a título de informa-ção, oitenta volumes da coleçãoLux, impressos com uma tiragemaproximada de seis a sete milhõesde cópias, e também cinco mi-lhões de folhetos Lux foram se-meados nas ruas e nas casas.

A Formação

No campo da formação, a suaação foi tenaz e talvez imperati-va. Para Padre Ricaldone, os pro-

blemas de método e de organi-zação assumiam grande impor-tância. Foram vistas saindo deTurim volumosas circulares,calhamaços (“zeppe”) de regrase normas para todas as etapasda formação: as vocações(1936), o noviciado (1939), osestudantes de filosofia e de teo-logia (1945), o complemento daformação sacerdotal (1946).

Graças a ele, os institutos deCumiana, Rebaudengo e ColleDon Bosco tornaram-se centrosde educação superior para oscoadjutores. Deve-se a ele o re-conhecimento, em 1940, da Fa-culdade de Teologia da Crocetta,em Turim, como “PontifícioAteneu Salesiano”. Deu início àrevista Salesianum, órgão desseAteneu.

Teve também a ideia de ini-ciar uma nova edição dos Padres

da Igreja, que se chamou Corona

Patrum Salesiana. “Grudou-se,por assim dizer, à sua mesa detrabalho”, disse seu sucessor. Acoleção Formação Salesiana com-preende treze volumes do pró-prio Padre Ricaldone. Poucoantes da morte, fazia a últimacorreção no seu Dom Bosco Edu-

cador.Ao mesmo tempo, multipli-

ca-se o número dos alunos sale-sianos nas universidades roma-nas. Em 1934, eram por volta de150. Tal situação, juntamentecom o desejo de unir a prepara-ção acadêmica com a devida for-mação salesiana, deu origem aoprojeto de criar, o mais rápidopossível, um curso de teologiagerido pela Congregação. No dia3 de maio de 1940, a SagradaCongregação emanou o decre-to com o qual se erigia, em Tu-rim, o Ateneu Pontifício Salesi-ano. Junto da Faculdade de Fi-losofia, queria um instituto depedagogia que, mais tarde, tor-nar-se-á a Faculdade de Ciênci-as da Educação. Em 1950, ossalesianos já estavam próximosde 15 mil e o número das casashavia superado o milhar.

Quando Padre Ricaldonemorreu, em 1951, depois dedezenove anos de governo, mui-tos foram os que pensaram quea Congregação havia perdidocom ele um grande superior,para o qual havia contraído umaforte dívida de reconhecimento.

Foi escrito: “Padre Rua, a re-gra. Padre Albera, a piedade. Pa-dre Rinaldi, a paternidade. Pa-dre Ricaldone, o trabalho”. Elepossuía efetivamente a energia,a inteligência, o senso de orga-nização que caracterizam os em-preendedores. Governou, diziaum testemunho, “com mão fir-me e mente serena”.

Tradução: Pe. Pedro Pereira Borges/Pró-Reitor de Pastoral da UCDB.

1 http://es.wikipedia.org/wiki/

Pedro_Ricaldone2 A partir daqui, o artigo é de Morand

Wirth, tirado de http://fse.unisal.it/3 O Conselho Geral da Congregação