jornal o ponto - novembro de 2004

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J O R N A L L A B O R A T Ó R I O D O C U R S O D E C O M U N I C A Ç Ã O S O C I A L D A F A C U L D A D E D E C I Ê N C I A S H U M A N A S - F U M E C Ano 5 | Número 43 | Novembro 2004 | Belo Horizonte/MG distribuição GRATUITA Grupo mineiro divulga dança pelo mundo Deficientes sofrem com falta de estrutura FCS tem sucesso reconhecido por alunos [ página 12] [ página 13 ] [ página 14 ] Propaganda de Aécio Neves contamina jornais mineiros Campanha do governo estadual coloca em dúvida a credibilidade do jornalismo Entre os dias 22 e 26 de novembro, os principais jornais mineiros (Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia) foram contaminados pela milionária campanha publicitária do go- verno estadual relacionada ao déficit zero, alcançado por es- tado depois de mais de dez anos no vermelho. Aécio Neves investiu alto nesta campanha. Nos principais jornais da capital, o governo fez diversas inserções publicitárias, chegando a publicar um en- carte de oito páginas em alguns veículos. A partir desses fatos, questiona-se: a publicidade es- tá pautando o jornalismo? Os jornais da capital seriam capa- zes de fazer críticas ao atual go- verno, sendo que este investiu pelo menos R$ 200 mil por in- serção publicitária em cada veí- culo? Em um artigo especial, O PONTO analisa e critica a postura da imprensa mineira. Anúncio publicitário do Governo de Minas se tornou machete e chamada das capas dos principais jornais de BH Em entrevista exclusiva ao jornal O PONTO, o assessor especial do presidente Lula, Frei Betto,revela o porquê de sua saída do Planalto Central em um momento tão contur- bado e de perdas para o go- verno federal, e também ana- lisa a conduta do Partido dos Trabalhadores na administra- ção do país. Assessor direto do presidente Lula deixa o governo O Ministério da Saúde lan- çou, no dia 23 de setembro, a Rede Pública de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário - Brasilcord. Es- se banco será uma alternativa à coleta particular feita em hos- pitais privados.A rede entrará em funcionamento no próxi- mo ano em todo país. Brasilcord é alternativa de cura para leucemia [ página 5 ] [ página 11 ] A prefeitura de Belo Hori- zonte, através da Urbel, já co- meça a transferir os moradores e proprietários da Vila Nova Cachoeirinha, à margem da avenida Antônio Carlos.A re- moção se dá devido às obras de duplicação, resultante do fluxo intenso de veículos na região. Não existe prazo definido para que as famílias deixem o local e, caso exista resistência, o proprietário poderá questio- nar o valor judicialmente. O parâmetro será determinado por artigo constitucional. Depois de Brasil,Venezue- la e Argentina, agora é a vez do Uruguai ter um governo de esquerda. O socialista Tabaré Vasquéz, do partido da Frente Ampla, pôs fim a 174 anos de bipartidarismo e venceu as eleições no Uruguai em pri- meiro turno, com 50,7% dos votos contra 34% de Jorge Lar- rañaga, do Partido Blanco, e 10,3% de Guillermo Stirling, do Partido Colorado. Para cientistas políticos, a vitória de Vasquéz é funda- mental para o fortalecimento do Mercosul. Segundo Jaime Yaffé,professor de Ciência Po- lítica na Universidad de la Re- pública Del Uruguay, a espe- rança da população é de que o país continue a se recuperar da crise de 2002, que abalou e deixou os uruguaios no “fun- do do poço”. Esquerda vence no Uruguai após 174 anos de bipartidarismo [ páginas 8 e 9 ] A adrenalina invadiu a pa- cata cidade de Carandaí, a cer- ca de 140Km de Belo Hori- zonte. No feriado do dia 15 de novembro a cidade sediou a segunda etapa do campeona- to brasileiro de Moutain Board. O esporte, que atrai jo- vens de todo o mundo, é um misto de snowboard, skate e surfe e foi criado pelos surfis- tas do Havai no início dos anos 90. As manobras de 180 a 720º são executadas em uma prancha com quatro rodas com câmara de ar que vôam sob os pés dos profissionais. Em terra, grama ou asfalto os amortecedores egg-shocks ali- viam o impacto com o solo dos saltos que chegam a dois metros de altura no estilo Big Air.As quatro categorias nes- sa etapa foram Free Style, Big Air, Best Trick e Downhill. Campeonato de Moutain Board invade interior de Minas Gerais [ página 15 ] [ página 16 ] [ página 3 ] A insegurança que atinge os proprietários de veículos na capital mineira é estatística da delegacia de furtos e roubos. Segundo o órgão, no último ano, cerca de 39 mil carros fo- ram roubados em Minas Ge- rais, 18% a mais que em 2002. Os carros mais visados pelos ladrões são os modelos Pálio e Uno, da marca Fiat, pela fa- cilidade de arrombamento e revenda. Os bairros mais re- correntes para o furto são: Carlos Prates, Padre Eustá- quio, Pampulha e Serra. [ página 7 ] A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que per- mite a reeleição dos membros da Mesa da Assembléia Legis- lativa de Minas Gerais colocou em alerta os estrategistas do PT.A reeleição da mesa pode atrapalhar os planos do gover- no federal em relação à manu- tenção das candidaturas dos pre- sidentes da Câmara e do Senado. Partidos da oposição aler- tam que práticas como as su- geridas pela PEC são antide- mocráticas e ferem a soberania eleitoral popular. [ página 4 ] Obras na Antônio Carlos incomodam Carros são alvo de marginais Mesa da ALMG pode ser reeleita Vazquéz pede votos a uruguaios residentes na Argentina Esporte radical atrai espectadores e jovens participantes Tiago Nagib Divugação Carlos Fillipe Azevedo

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Fumec - Belo Horizonte - MG

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Page 1: Jornal O Ponto - novembro de 2004

J O R N A L L A B O R A T Ó R I O D O C U R S O D E C O M U N I C A Ç Ã O S O C I A L D A F A C U L D A D E D E C I Ê N C I A S H U M A N A S - F U M E C

A n o 5 | N ú m e r o 4 3 | N o v e m b r o 2 0 0 4 | B e l o H o r i z o n t e / M G

d i s t r i b u i ç ã oG R A T U I T A

Grupo mineiro divulga

dança pelo mundo

Deficientes sofrem

com falta de estrutura

FCS tem sucesso

reconhecido por alunos[ página 12][ página 13 ] [ página 14 ]

Propaganda de Aécio Nevescontamina jornais mineirosCampanha do governo estadual coloca em dúvida a credibilidade do jornalismo

Entre os dias 22 e 26 denovembro,os principais jornaismineiros (Estado de Minas, OTempo e Hoje em Dia) foramcontaminados pela milionáriacampanha publicitária do go-verno estadual relacionada aodéficit zero, alcançado por es-tado depois de mais de dezanos no vermelho.

Aécio Neves investiu altonesta campanha.Nos principaisjornais da capital,o governo fezdiversas inserções publicitárias,chegando a publicar um en-carte de oito páginas em algunsveículos.A partir desses fatos,questiona-se: a publicidade es-tá pautando o jornalismo? Osjornais da capital seriam capa-zes de fazer críticas ao atual go-verno, sendo que este investiupelo menos R$ 200 mil por in-serção publicitária em cada veí-culo? Em um artigo especial,O PONTO analisa e critica apostura da imprensa mineira.

Anúncio publicitário do Governo de Minas se tornou machete e chamada das capas dos principais jornais de BH

Em entrevista exclusiva aojornal O PONTO, o assessorespecial do presidente Lula,Frei Betto, revela o porquê desua saída do Planalto Centralem um momento tão contur-bado e de perdas para o go-verno federal, e também ana-lisa a conduta do Partido dosTrabalhadores na administra-ção do país.

Assessor diretodo presidenteLula deixa ogoverno

O Ministério da Saúde lan-çou, no dia 23 de setembro, aRede Pública de Bancos deSangue de Cordão Umbilicale Placentário - Brasilcord.Es-se banco será uma alternativaà coleta particular feita em hos-pitais privados.A rede entraráem funcionamento no próxi-mo ano em todo país.

Brasilcord éalternativade cura paraleucemia

[ página 5 ]

[ página 11 ]

A prefeitura de Belo Hori-zonte, através da Urbel, já co-meça a transferir os moradorese proprietários da Vila NovaCachoeirinha, à margem daavenida Antônio Carlos.A re-moção se dá devido às obras deduplicação, resultante do fluxointenso de veículos na região.

Não existe prazo definidopara que as famílias deixem olocal e, caso exista resistência,o proprietário poderá questio-nar o valor judicialmente. Oparâmetro será determinadopor artigo constitucional.

Depois de Brasil,Venezue-la e Argentina, agora é a vez doUruguai ter um governo deesquerda. O socialista TabaréVasquéz, do partido da FrenteAmpla, pôs fim a 174 anos debipartidarismo e venceu aseleições no Uruguai em pri-meiro turno, com 50,7% dosvotos contra 34% de Jorge Lar-rañaga, do Partido Blanco, e10,3% de Guillermo Stirling,do Partido Colorado.

Para cientistas políticos, avitória de Vasquéz é funda-mental para o fortalecimentodo Mercosul. Segundo JaimeYaffé, professor de Ciência Po-lítica na Universidad de la Re-pública Del Uruguay, a espe-rança da população é de queo país continue a se recuperarda crise de 2002, que abalou edeixou os uruguaios no “fun-do do poço”.

Esquerda venceno Uruguai após174 anos debipartidarismo

[ páginas 8 e 9 ]

A adrenalina invadiu a pa-cata cidade de Carandaí, a cer-ca de 140Km de Belo Hori-zonte.No feriado do dia 15 denovembro a cidade sediou asegunda etapa do campeona-to brasileiro de MoutainBoard.O esporte, que atrai jo-vens de todo o mundo, é ummisto de snowboard, skate esurfe e foi criado pelos surfis-tas do Havai no início dosanos 90.As manobras de 180a 720º são executadas em umaprancha com quatro rodascom câmara de ar que vôamsob os pés dos profissionais.Em terra, grama ou asfalto osamortecedores egg-shocks ali-viam o impacto com o solodos saltos que chegam a doismetros de altura no estilo BigAir.As quatro categorias nes-sa etapa foram Free Style, BigAir, Best Trick e Downhill.

Campeonato deMoutain Boardinvade interiorde Minas Gerais

[ página 15 ]

[ página 16 ]

[ página 3 ]

A insegurança que atingeos proprietários de veículos nacapital mineira é estatística dadelegacia de furtos e roubos.Segundo o órgão, no últimoano, cerca de 39 mil carros fo-ram roubados em Minas Ge-rais, 18% a mais que em 2002.Os carros mais visados pelos

ladrões são os modelos Pálioe Uno, da marca Fiat, pela fa-cilidade de arrombamento erevenda. Os bairros mais re-correntes para o furto são:Carlos Prates, Padre Eustá-quio, Pampulha e Serra.

[ página 7 ]

A Proposta de EmendaConstitucional (PEC) que per-mite a reeleição dos membrosda Mesa da Assembléia Legis-lativa de Minas Gerais colocouem alerta os estrategistas doPT.A reeleição da mesa podeatrapalhar os planos do gover-no federal em relação à manu-

tenção das candidaturas dos pre-sidentes da Câmara e do Senado.

Partidos da oposição aler-tam que práticas como as su-geridas pela PEC são antide-mocráticas e ferem a soberaniaeleitoral popular.

[ página 4 ]

Obras na AntônioCarlos incomodam

Carros são alvode marginais

Mesa da ALMGpode ser reeleita

Vazquéz pede votos a uruguaios residentes na Argentina Esporte radical atrai espectadores e jovens participantes

Tiago Nagib Divugação

Carlos Fillipe Azevedo

01 - Capa 11/30/04 11:49 AM Page 1

Page 2: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editor e diagramador da página: Rafael Werkema

2 OPINIÃO

Sílvia Junqueira2º Período

A caça ao sexo durante asempreitadas noturnas, nas quaisencontramos jovens na maioriadas vezes idiotizados pelo cultoà forma,vem sendo imposta pe-lo mercado que dita uma esté-tica perfeita.

A necessidade de sair de ca-sa a procura de alguém ou mes-mo pela simples vontade de seexpor ao meio chega cada vezmais cedo e se prolonga cadavez mais. É o pavoneio de ummodismo narcisista. Principal-mente no que concerne aos fí-sicos malhados e estereotipa-dos que as academias de ginás-tica vendem para serem expos-tos em uma disputa do maisbelo. Neste contexto, as mu-lheres são as principais vítimasde tal tirania, por fazerem par-te de um álbum de figurinhas- trocáveis e descartáveis - doshomens.

As revistas que trazem cor-pos nus e perfeitos são as quemais contribuem para este va-zio leilão da beleza. Esta, de im-portância ímpar, determina a“escolhida” da noite.A curio-sidade em saber o que o outrosente, como ele é ou que papelexerce em seu contexto socialé praticamente irrelevantequando a face ou a estruturaque acompanha são devida-mente agradáveis aos olhos. O

modismo é uma macaquiceque tem como objetivo cha-mar a atenção pela simples apa-rência.As conversas fúteis quese desenrolam após o contatovisual são de conteúdo alie-nante e de ignorância extrema,o que chega a ser preocupan-te. O “papo furado” que é es-tendido por pérolas regadas aálcool acabam, não raro, combeijos e afagos.

Assim sendo, pergunto: queespécie de profissionais serão es-tes no cenário de um futuro nãomuito distante? A incompetên-cia será inerente a este grupo.Afalta de interesse por assuntosque exigem um mínimo de ra-ciocínio ou de leitura são ali-mentados por esta necessidadede sair para “conhecer gentenova”.

Novamente indago: que ti-po de pessoas interessantes po-deremos conhecer em um meioonde se julga a beleza como al-go primordial?

Uma noite não é necessa-riamente boa se sairmos para“baladas” a fim de encontrar al-guém e nem necessariamenteruim se ficarmos em casa. Nãoquer dizer, que devemos ficarem casa lendo Hegel ou assis-tindo a uma obra de Buñuel,mas às vezes uma instiganteconversa em um bar ou emqualquer outro lugar pode serimensamente melhor do queuma frustrante caça ao sexo.

Moisés Lopes Cançado6º Publicidade

Uma raposa solitária, magrade fome,depois de muito peram-bular chegou a uma plantação deuvas.As parreiras estavam cober-tas de frutos maduros e prontospara comer.Como não havia nin-guém à vista,a raposa entrou sor-rateiramente na plantação,mas lo-go descobriu que as uvas estavammuito altas, pois os galhos dasplantas se enroscavam no topo deum caramanchão, fora do seu al-cance .Ela pulou,errou,tornou apular, mas todos os seus esforçosforam inúteis. Cansada, a raposacomeçou a sentir dores pelo cor-po, em resultado dessas repetidastentativas no sentido de matar afome.Finalmente,frustrada e zan-gada,a raposa exclamou:“Ora,eunão quero mesmo essas uvas! Es-tão verdes,não prestam”.

A felicidade é buscada por ca-da ser humano,mas nem sempreé encontrada.Segundo Marcuse,averdadeira felicidade é possível deser vivida a partir da realização daspotencialidades humanas: Liber-dade,Solidariedade e Alegria,queestiveram mais próximas de serempostas em prática durante a épocado Iluminismo,quando a possibi-lidade da construção da felicidadefoi retirada das mãos de Deus e co-locada nas mãos dos homens.

No sistema capitalista,porém,tais potencialidades foram castra-das por uma cultura afirmativaque voltou a depositar no mun-do do sobrenatural a possibilida-de de ser feliz.Assim, a liberdadese tornou sinônimo de poder ede consumo,o ser humano é tãolivre quanto pode comprar e,porisso, quando se depara com aquantidade de escolhas que po-de fazer, pensa ser livre, mas naverdade ocorre apenas uma legi-timação de um ideal capitalista,ode consumo.A solidariedade,quesignifica o outro no mesmo nívelsocial e intelectual, é trocada pe-la caridade social, que se resumeem dar esmola.A alegria, enfim,é substituída pelo hedonismo,umprazer descontrolado que ultra-passa o prazer e implica no sofri-mento do próximo.

Percebe-se, então, que a ver-dadeira felicidade esta calcada,aci-ma de tudo, na busca de um co-nhecimento que leve a uma re-flexão e a um crescimento inte-lectual na verdadeira cultura.Es-sa cultura, porém,que é trocada,no sistema capitalista por produ-tos e agentes capitalistas, que sãoelevados ao sagrado, sacralizaçãodo banal.Além disso, a partir domomento em que tudo passa aser visto como mercadoria,vive-se uma constante disputa entre aspessoas para se saber quem ganhamais,não importando saber quemsão e por quais dificuldades pas-sam os perdedores.

Assim,dentro desse âmago decompetição,onde os instrumen-tos da busca para ser feliz estãomidiatizados, ou pior, mercanti-lizados,é que o capitalismo mas-cara a felicidade e a transcendepara um outro plano.É como nafábula “ A Raposa e as Uvas”,on-de o capitalismo é a raposa, a fe-licidade as uvas, e a não capaci-dade daquela alcançar esta gerauma série de desculpas, mesmoque bem postas,mentirosas.

A derrota será de todosBruno Tostes

2º Período

A má campanha dos times mineiros em2004 assustou os torcedores.Acostumados aequipes capazes de impor respeito seja qual foro adversário, vêem Cruzeiro,Atlético e Amé-rica nas últimas posições dos campeonatos na-cionais.Talvez o maior consolo dos torcedo-res seja a companhia de seus maiores rivais nofundo do poço. Entretanto, essa “união” dosco-irmãos é terrível para os clubes.

Economicamente falando,a baixa será con-siderável.A queda do América para a 3ª Divisãodo futebol brasileiro trará prejuízos, já que as co-tas para os clubes nesta situação são irrisórias.Os patrocinadores se distanciarão.Não há inte-resse em vincular produtos a uma agremiaçãoperdedora e que pouca mídia terá à sua volta.

Já o Atlético,constantemente na zona de re-baixamento,vê sua torcida se afastar.A fidelida-de dos alvinegros, tão exaltada e valorizada,nãotem sido suficiente para alavancar a campanhada equipe. Os péssimos resultados, a não iden-tificação do time com os torcedores e o alto pre-ço dos ingressos fez cair a presença da massa atle-ticana.A possível queda para a 2ª Divisão acar-retará menores patrocínios e cotas de televisão,problema que será estendido ao Cruzeiro.Semo Atlético na 1ª Divisão,Minas Gerais perde umvoto e prestígio na CBF. Conseqüentemente,perda financeira também para os celestes.

Sem os recursos financeiros,Atlético e Amé-rica terão dificuldade em montar equipes com-

petitivas, em especial o Galo. Se o desastre dodescenso ocorrer, é provável que seus princi-pais jogadores deixem o clube,pois será preju-dicial a suas carreiras não estar na vitrine dofutebol brasileiro.Além disso, o mercado esta-rá sempre aberto para eles, já que a nova legis-lação permite ao jogador escolher seu destinoao final do contrato. Para obter sucesso na 2ªDivisão é necessária uma equipe equilibrada eentrosada. Será muito difícil isso acontecer, jáque outro time será montado, possivelmentesem grandes craques e com pouco tempo pa-ra os acertos táticos.As categorias de base doAtlético,que poderiam ser a solução,não apre-sentam boas perspectivas para um aproveita-mento futuro na equipe principal. Na verda-de,há muito tempo o atleticano não vibra comum jogador de raízes alvinegras. Neste ponto,o Coelho leva vantagem,pois ultimamente seusmaiores destaques foram atletas oriundos desua base.

Os três clubes da capital já não desfrutamdos benefícios das equipes do eixo Rio-SãoPaulo. Caso haja uma separação, enfraquece-rão politicamente.Por isso, estou certo que osdirigentes cruzeirenses torcem pelo cresci-mento do América e pela permanência doAtlético na elite do futebol brasileiro.

No campo existe uma grande rivalidade, eé essencial que exista.A graça do futebol esta aí,nas gozações, torcidas,alegria de um,sofrimen-to do outro.Mas fora das quatro linhas,é a uniãodos clubes que fará de Minas Gerais uma po-tência do futebol nacional.

Adeus ao Grande LíderTiago Nagib5º Período

Ao falecer no último dia 11 de novembro,Yasser Arafat deixou um legado histórico paraseu povo. Ele será lembrado como aquele queproporcionou o nascimento de um futuro Es-tado Palestino. Hoje, nos parece certo que nofuturo haverá um Estado Palestino independentee soberano,convivendo,mesmo não agradandoa todos, ao lado de Estado de Israel.

Para alguns,a morte de Arafat dará uma no-va chance para a paz, e a alegação é a de que ovelho líder já não dispunha mais de autorida-de e controle sobre as distintas facções palesti-nas. Esse tom é dado principalmente pelo go-verno israelense do premiê Ariel Sharon, umeterno inimigo da figura de Arafat. No entan-to, a realidade é exatamente o oposto, porqueentre os palestinos não há uma liderança tãorespeitada como a do falecido presidente da Au-toridade Nacional Palestina (ANP). Há umagrande preocupação que facções radicais degrupos islâmicos ponham todos os ganhos jáconseguidos pelos palestinos a perder.A atualelite política parece que está tentando salvar oprocesso de paz,procurando criar um clima detranqüilidade para que se possam realizar elei-ções gerais no próximo dia 9 de janeiro.

O grande favorito para as próximas elei-

ções é o atual presidente interino da ANP, AbuMazen, considerado moderado. Sua candida-tura poderá ganhar ainda mais força se este re-ceber sinal verde de Washington, não for re-chaçado por Sharon e conseguir manter umaaliança com algumas das facções radicais pa-lestinas, o que não é impossível de acontecer.

Para uma maior agilidade do processo de pazna região,é vital uma pressão mais forte por par-te dos Estados Unidos em relação a Israel. Semessa pressão, dificilmente Israel cederá em algo.Hoje, parece até difícil lembrar que os judeuspassaram por todo aquele sofrimento nas mãosdos nazistas,pois o estado israelense lembra umpouco a Alemanha de Hitler,ao expulsar de suascasas e humilhar de diversas outras formas mi-lhares de cidadãos palestinos.É um absurdo queisso aconteça em pleno século XXI.

Quem saiu com prestígio e liderança refor-çada em toda esta história foi a brava e resis-tente França,do presidente Jacques Chirrac,quedeu todo o apoio necessário para que se ten-tasse salvar a vida do legendário líder palestino,e despedindo-se de Arafat com as verdadeirashonras que merece um chefe de Estado.

A morte de Arafat faz com que não so-mente os palestinos, mas também todos aque-les que querem a paz, lamentem a perda dealguém que lutou até o final para a causa deseu povo.

A raposa, asuvas e algumasdesculpas

Caça às bruxas eculto ao corpo

Daniel Gomes3º Período

George Walker Bush reelei-to. Por aqui, muito se discutiuem relação ao que seria melhorpara o Brasil. Especialistas ga-rantiram que, pelo fato de aAmérica Latina não estar napauta de discussão do primeiromundo, no limite, pouca dife-rença faria para o país.

O Partido Democrata, deJohn Kerry, é historicamenteprotecionista por ter suas basesligadas a fortes sindicatos. Essaaliança permite o controle daentrada de produtos estrangei-ros nos EUA exercendo um im-portante papel nas transaçõesmundiais.

Já o Partido Republicanopratica políticas econômicasmais liberais, defendendo inclu-sive a ALCA (Área de Livre Co-mércio das Américas). No seuprimeiro mandato, Bush estevemais preocupado em reprimir oterrorismo do que efetivamen-te interferir em relações comer-ciais internacionais.

Fazendo uma análise rastei-ra, em curto prazo a reeleição deBush seria providencial para oBrasil continuar com sua eco-nomia superavitária e atingir asmetas de inflação impostas peloFMI, o Fundo Monetário In-ternacional. Não foi por outromotivo que o governo Lulaapoiou George Bush, apesar deJohn Kerry apresentar políticas

muito mais condizentes com osprincípios brasileiros.

Cabe questionar então oscritérios que balizam as decisõespolíticas de um governo.Desde11 de setembro de 2001, não énenhuma novidade a políticaagressiva e intransigente que to-mou conta das ações dos EUA.Em nome da guerra contra oterrorismo,gastaram como nun-ca em avançadas armas de guer-ra, promoveram um crescimen-to absurdo de sua indústria bé-lica e envolveram soldados devários países em um combatesem inimigo fixo. De quebra,mataram milhares de pessoas nasterras médias do Oriente, foraos soldados mortos e feridos.

Não obstante,o governo Lu-la ostentou seu apoio a um pre-sidente megalomaníaco, para-nóico e, por que não, assassino.Ora, se a razão de Bush é a paznos EUA,a razão de Lula é a pazno mercado e conseqüente-mente menos pressão sobre seugoverno.Todos têm uma razão,mas nenhuma delas é regida pe-la ética, pelos princípios moraise pelos valores cívicos.O terro-rismo existe e é perigoso, mashá cidadãos que pagam caro porações mentirosas. Se os EUA deGeorge Bush não encontramapoio para suas ações,Lula e suaequipe indiretamente apóiam acarnificina em nome da paz.Amesma que reduziu a pó os sím-bolos gêmeos da egocentriaamericana.

Ética X política:critérios sombrios

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Coordenação Editorial: Prof. Leovegildo P. Leal (Jornalismo Impresso) e

Prof. Mário Geraldo Rocha da Fonseca(Redação Modelo)

Monitores do Jornalismo Impresso:Carlos Fillipe Azevedo, Rafael Werkema e

Renata Quintão

Monitores da Redação Modelo: Fernanda Melo, Pedro Henrique Penido

Monitor da Produção Gráfica:Marcelo Bruzzi

Projeto Gráfico:Prof. José Augusto da Silveira Filho

Tiragem desta edição:6000 exemplares

Lab. de Jornalismo Impresso: 3228-3127e-mail: [email protected]

Universidade Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro

BH/MG

Prof. Eugênio Frederico Macedo ParizziPresidente do Conselho Curador

Profª. Romilda Raquel Soares da SilvaReitora da Universidade Fumec

Prof. Amâncio Fernandes CaixetaDiretor Geral da FCH/Fumec

Profª. Audineta Alves de Carvalho de CastroDiretora de Ensino

Prof. Benjamin Alves Rabello FilhoDiretor Administrativo e Financeiro

Prof. Alexandre FreireCoordenador do Curso de Comunicação Social

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec

02 - Opinião - Werkema 11/30/04 11:21 AM Page 1

Page 3: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Fernanda Chácara

CIDADE 3Prefeitura começa desapropriaçãoMoradores e comerciantes deixam a avenida Antônio Carlos para o início da duplicação da via

Gilmara Lanzetta e Vinícius Lacerda

1º Período

A Companhia Urbanizado-ra de Belo Horizonte (Urbel)deu início ao processo de trans-ferência dos proprietários resi-dentes na Vila Nova Cachoeiri-nha, margem da Avenida Antô-nio Carlos, desde o dia 25 deoutubro. Essa remoção ocorre-rá para possibilitar a duplicaçãoda avenida, que liga o centro dacidade à região Norte e Pam-pulha.A obra começará em ja-neiro do próximo ano, com umcusto total de R$ 120 milhões,sendo que metade dessa quan-tia será destinada ao pagamentode indenizações.

Com um volume de 73 milcarros transitando diariamente,a avenida necessita da duplica-ção para a melhoria do fluxo dosautomóveis, desconcentração delinhas e circulação de ônibus emapenas uma faixa de tráfego.Pa-ra a melhoria desse tráfego seráimplantada uma pista exclusivapara coletivos, com duas faixasde rolamento em cada sentido.

No primeiro trecho,que vaido viaduto São Francisco (AnelRodoviário) à Rua Aporé, 43proprietários já foram comuni-cados sobre a desapropriação einformados sobre os valores queserão pagos. Os proprietárioscom imóveis avaliados em atéR$ 12.500 serão reassentadospelo Programa de Remoção eReassentamento em Função deRisco ou Obras Públicas (Proas).Os proprietários cujos imóveistiverem valor superior recebe-rão a quantia equivalente e te-rão liberdade para escolher ou-tro imóvel.Em casos de invasãode áreas públicas, os moradoresreceberão apenas o valor atri-buído à edificação.

O processo de avaliação temcomo principal parâmetro o Ar-tigo 5°, inciso 24, da Constitui-ção Brasileira, que determinaque a avaliação seja feita de for-ma justa. Os valores dos terre-nos serão definidos através de le-vantamento de dados estatísti-cos e pesquisas de mercado. Já asedificações são avaliadas de acor-do com a área construída, pa-drão da construção, tipo de aca-bamento, idade aparente doimóvel, estado de conservação earquitetura.Além disso, são se-guidas as normas da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas

(ABNT) para as avaliações.De acordo com a Secretaria

Municipal da Coordenação dePolítica Urbana e Ambiental,não existe um prazo definidopara que as famílias deixem suaspropriedades. Caso algum pro-prietário discorde dos critériose não aceite a proposta feita pe-la prefeitura, poderá questionaro valor na justiça.

InsatisfaçãoSegundo o advogado Denis

Vas Lopes, todos os indenizadostêm o direito de entrar na justi-ça caso não lhes satisfaça as con-dições estabelecidas pela prefei-tura. Com relação aos terrenosinvadidos, seus proprietários nãopodem pedir usocapião de bempúblico, ou seja, a apropriaçãodo terreno depois de um deter-minado tempo de instalação,pois são terras públicas.

Lopes considerou o ato dedesapropriação impactante e atémesmo violento, o que permi-te que a população entre comuma ação conjunta contra a pre-feitura. Contudo, ações dessaorigem podem tramitar anos najustiça e se tornarem irrealizá-veis e ineficientes.

Para grande parte dos mora-dores, a mudança é ruim. Háqueixas quanto ao baixo valoroferecido pela prefeitura,que in-viabilizará a compra de um imó-vel perto do centro. Dessa for-ma, isso pode até dificultar oacesso ao trabalho, como acon-tece com Marília Pereira, 32,diarista.“É muito bom moraraqui.É perto de tudo.Se eu pre-cisar ir ao centro, eu vou a pé”,comenta entristecida.

De acordo com a SecretariaMunicipal de Política Urbana,as negociações com os proprie-tários não têm data definida pa-ra terminar, já que eles podemaceitar ou não o valor da inde-nização oferecida.Além disso, asdesapropriações serão feitas pro-gressivamente, conforme a dis-ponibilização de recursos finan-ceiros nos cofres da PBH.

A Prefeitura Municipal deBelo Horizonte tem a estimativade que as obras de duplicação daAntônio Carlos ficarão prontassomente em outubro de 2007.Atrasos poderão ocorrer se osproprietários não concordaremcom a oferta da PBH.Nesse ca-so,não é possível fazer previsões.Até lá,500 famílias devem ser in-denizadas pela desapropriação.

Confins pode voltar a serprincipal aeroporto de BH

Eduardo Klein, FernandoPrado, João Hudson e

Paulo Chaves4º Período

Foi prorrogada pela terceiravez a transferência dos vôos in-terestaduais do Aeroporto daPampulha para o Aeroporto In-ternacional Tancredo Neves, lo-calizado no município de Con-fins, região metropolitana de Be-lo Horizonte. A Prefeitura deBelo Horizonte solicitou ao go-verno do estado uma prorroga-ção de 90 dias, a partir de 1º dedezembro, alegando a necessi-dade de serem feitas melhoriasnas avenidas Antônio Carlos,Cristiano Machado e Pedro I,que fazem a ligação entre o cen-tro e a rodovia MG-010, via deacesso ao Aeroporto de Confins.

Embora ofereça instalaçõesmodernas, confortáveis e segu-ras, o Aeroporto InternacionalTancredo Neves, inaugurado em1984,está operando muito abai-

xo de sua capacidade, principal-mente em função de sua distan-cia em relação ao centro de Be-lo Horizonte, em 38 Km. Noano de 2003,o terminal de pas-sageiros registrou um movi-mento de 364 mil passageiros,aproximadamente 7% de sua ca-pacidade total, que é de cincomilhões de passageiros/ano.Com a aparente queda no mo-vimento de usuários, a transfe-rência de vôos para a Pampulhae o cancelamento de algumasrotas,Confins correu o risco deter seu movimento reduzido aotransporte de cargas.

O Aeroporto da Pampulhatem recebido atualmente umfluxo de 2,7 milhões de passa-geiros por ano,quase o dobro desua capacidade.

Segundo Wilson Fadul, as-sessor de imprensa da Infraero,já estão em andamento as obrasno Aeroporto de Confins deampliação do número de bal-cões para o serviço check-in e

o aumento no quadro de fun-cionários para otimizar os ser-viços de suporte e movimenta-ção das aeronaves no pátio.“Se-rão criados novos postos de tra-balho além da transferência decerca de 1000 funcionários daInfraero na Pampulha, muitosdos quais já haviam trabalhadoem Confins anteriormente”, ar-gumenta. Estima-se que, com atransferência, o fluxo de passa-geiros passe dos atuais 300 mil,para quase três milhões de pas-sageiros/ano.

DesenvolvimentoA transferência dos vôos pa-

ra Confins faz parte de um es-forço do Governo do estado pa-ra estimular o desenvolvimentoda região metropolitana da ca-pital,mais especificamente a re-gião Norte, onde se encontra oAeroporto de Confins.As estra-tégias do governo incluem tam-bém a implantação do aeropor-to indústria em 2005, no qual

Confins será pioneiro no país.Serão construídos complexosempresariais e algumas empre-sas já demonstraram interesse emse instalar nas proximidades doaeroporto, tendo como benefi-cio o fato de estarem instaladasem uma área semi-alfandegária,onde não irão pagar taxas paraa importação de componentespara a fabricação de produtos aserem exportados.Estima-se queesta ampliação das atividades doaeroporto gere 24 mil empregosdiretos e indiretos.

Para que a transferência dosvôos seja efetiva, o Governo doEstado, em parceria com o Go-verno Federal e a PBH, está in-vestindo também em obras narodovia MG-010,via de ligaçãoentre Belo Horizonte e o Aero-porto de Confins.

O Aeroporto da Pampulhaficará restrito à aviação regionale serviços de táxi-aéreo. O flu-xo no terminal deve cair para400 passageiros/ano.

Remoção é pouco divulgadaUma das moradoras que te-

rá a ser desapropriada de sua ca-sa na avenida Antônio Carlos éa diarista Marília de Jesus Perei-ra, 32, que reside na Nova VilaCachoeirinha. Ela disse que fi-cou sabendo sobre a desapro-priação dos imóveis através dosseus vizinhos.“Primeiro, ouvipor ´disse-que-disse`. Depois,foi colocado no poste um papelsobre uma reunião na regionalNoroeste. Lá, eles informaramtudo direitinho”.

Segundo ela, a prefeitura nãolhe enviou nenhum comunica-do oficial.Quanto às providên-cias para que Marília seja retira-da do local,houve a visita de umengenheiro à residência dela pa-ra medir a casa, comunicar o va-lor do imóvel e dar um prazoaté dezembro para que ela dei-xe a propriedade.

Sobre o acompanhamentopara a compra de um novo imó-vel,Marília descreve que apenasfará o pedido do cheque e, numprazo de quinze a vinte dias, ele

será liberado, sendo de sua res-ponsabilidade o destino do va-lor recebido.

Grande parte dos vizinhosnão está aceitando o fato de terque se retirar do local. Um dosfatores dessa situação é a boa lo-calização dos imóveis.“A gentemora praticamente no centro,existem várias linhas de ônibuse variedade de comércio”, con-ta a diarista. Segundo ela, outromotivo é o baixo valor da inde-nização,que no seu caso é de R$17.000,00.“Com esse dinheiroque a prefeitura vai me dar, nãodá para eu comprar uma casaaqui.Vou ter que morar num lu-gar mais afastado, e tudo ficamais difícil.Mas, se a gente temque sair, fazer o que, né?”.

Cogitada sobre o que acon-teceria se ela não quisesse ven-der a sua moradia, Marília res-ponde desolada que, se não dei-xar o local, a PBH derruba a ca-sa de qualquer jeito:“A gentenão tem documento de nada,não é da gente”.Moradores não querem ficar longe de pontos comerciais

Bruno Ferreira

Douglas Vieira

Bruno Ferreira

Os imóveis situados entre o viaduto São Francisco e a rua Aporé começaram a ser desapropriados no fim de outubro

Infra-estrutura de Confins facilita transferência dos vôos

03 - Cidade - Fernanda Chácara 11/30/04 11:22 AM Page 1

Page 4: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Isabela Grecco

4 POLÍTICAMesa da ALMG ganha direito a reeleiçãoProposta que autoriza recandidatura à Mesa da Assembléia é aprovada em 2º turno

Léo Moreira3º Período

Foi promulgada, no últimodia 10 de novembro, a Propos-ta de Emenda Constitucional(PEC), que permite a recon-dução dos membros da Mesada Assembléia Legislativa deMinas Gerais (ALMG) para omesmo cargo na eleição sub-seqüente. A PEC 81/2004, deautoria do deputado estadualLeonardo Moreira, do PL, foiaprovada em 2º turno por 58votos favoráveis e três contra.O mínimo de votos exigidospara aprovação de uma PEC éde 48 votos.

Por causa disso, os estrate-gistas do Palácio do Planaltoestão alertas à possibilidade dereeleição do presidente da me-sa, deputado estadual MauriTorres (PSDB). O Planaltoquer – e precisa – reeleger ospresidentes da Câmara e do Se-nado, o deputado federal JoãoPaulo Cunha (PT) e o senadorJosé Sarney (PMDB), e tem so-frido grande resistência dospartidos de oposição. Assim oGoverno Federal entrou na jo-gada e orientou o PT mineiroa votar contra a proposta deemenda, diminuindo a resis-tência da oposição tucana epeefelista.

Os deputados que apoiarama reeleição garantem que aaprovação do projeto não sig-nifica que os atuais compo-nentes da mesa serão recondu-zidos aos cargos.As candidatu-ras dos deputados estaduais Dil-zon Melo (PTB) e Antonio Jú-lio (PMDB) foram cogitadaspara enfrentar uma eventualtentativa de reeleição de Mau-ri Torres.

Jayro Lessa (PL) é o únicodeputado que se posicionoucontra a PEC e diz que ela éuma manobra política do Go-verno de Minas. Lessa temeque os 850 municípios minei-ros se sentirão no direito de le-var a reeleição para dentro dasCâmaras Municipais, que po-deriam ter também seus res-

pectivos presidentes por todoum mandato, seja qual for o ta-manho do município. Lessa res-salta ainda que a proposta é umato danoso, antidemocrático eacabará com a rotatividade e odireito de escolha, o princípioda soberania popular. Para ele,é preciso que existam renova-ção e mudanças.

Já o atual presidente da me-sa, deputado Mauri Torres,afirmou que o fato de a PECter sido aprovada não implicana candidatura de todos osmembros da mesa à reeleição enem na reeleição de todos osmembros desta. O presidentesalientou que o Regimento In-terno determina que o partidocom maior número de parla-mentares deve indicar o candi-dato à Presidência e lembrouque sua re-candidatura depen-de de uma discussão dentro dopartido.“A recondução de ca-da integrante da mesa depen-de da decisão soberana do Ple-nário e também é preciso sa-ber se cada membro se dispo-rá a disputar um mandato”,concluiu.

O representante do blocoPT/PCdoB, Rogério Correia,afirmou que a bancada con-corda com a proposta e crê quea aprovação da reeleição naALMG poderá interferir posi-tivamente na tramitação doprojeto que estabelece a re-condução dos presidentes daCâmara e do Senado.Admitiuainda que o presidente da Câ-mara, João Paulo Cunha (PT)e o deputado federal VirgílioGuimarães (PT) discutiramcom a bancada a importânciada aprovação do projeto.

O deputado Antônio Júlio(PMDB), que votou a favor dareeleição, destacou no primei-ro turno de votação que nãohavia motivo para rejeitar oprojeto. “Isso não quer dizerque vamos eleger de novo opresidente Mauri Torres”, res-saltou Júlio, que aposta no sur-gimento de três ou quatro can-didaturas à presidência.Colaboração: Daniel Gomes

Mesa diretora da Assembléia Legislativa de Minas Gerais em reunião

Melina Rebuzzi

“A aprovaçãoda reeleiçãodeve interferirpositivamentenos projetos”

Deputado Estadual Rogério

Correa - PT/PCdoB

Denúncia quantoaos super-saláriosnão foi apurada

Alvo de criticas e de grandes in-cidentes, os arranhões deixados pe-los desagradáveis acontecimentos so-bre o “Salário Mínimo dos Depu-tados da Assembléia Legislativa deMinas Gerais” em 2001, foramabafados.O deputado Adelmo Car-neiro Leão (PT)apresentou umaremuneração men-sal média de cercade R$ 70 mil, in-cluindo os venci-mentos de R$ 6mil e uma série deverbas e benefíciospara a chamada“manutenção domandato”.Os sa-lários chegaram avariar entre R$ 60mil e R$ 90 mil,dependendo daposição que cadaum ocupava na di-reção da Assem-bléia com aumen-tos de até 300%.

O deputado Adelmo Carneirofoi alvo de críticas dos colegas, in-clusive petistas, como Marcelo Gon-çalves (PDT), que lembrou que ossalários foram definidos em acordofeito em 1999, inicio da legislaturavigente, e que foi assinado por todosos parlamentares.“Aqui não há ne-

nhum santo; todos optaram por re-ceber R$ 60 mil ou mais porquequiseram”,afirmou em 2001,Mar-celo Gonçalves.O país se lembra queo senador Antônio Carlos Maga-lhães conseguiu, quando presidentedo Senado, reeleger-se.Reeleito, fez

o que fez: fraudouo painel do Sena-do e, para não sercassado, teve querecorrer ao artifí-cio da renúncia,após o que conse-guiu reeleger-sesenador da Repú-blica. É evidenteque a Repúblicafica mais pobrequando um dosseus senadores usaexpedientes comoeste para sobrevi-ver na política.

Assim ,o Legis-lativo perde poderquando se trans-

forma na extensão da vontade ou danecessidade do governador do esta-do ou da Presidência da República,ficando evidente que não interessa àdemocracia nem serve o cidadão. Épor estes e outros motivos que o pres-tígio dos que se dedicam à políticaanda sempre em baixa nos últimostempos.

Entenda aemendaconstitucionalnº 81 de 2004

A PEC, Proposta deEmenda Constitucional, nº81/2004, de proposição dodeputado Leonardo Morei-ra, líder do Partido Liberal(PL), altera o inciso II do ar-tigo 53 da Constituição doEstado de Minas Gerais, quetrata da reeleição da Mesada Assembléia, para o man-dato de dois anos, permi-tindo uma única recondu-ção para o mesmo cargo naeleição seguinte, seja namesma legislatura ou em le-gislaturas diferentes.

A medida proposta naPEC 81/2004 visa alterar aproposta da Constituiçãooriginal, que impede a re-condução dos membros daMesa da ALMG para o mes-mo cargo, na mesma legis-latura. A proposta justifica-se por causa da possibilida-de da obtenção de maior es-tabilidade e, conseqüente-mente, maior eficácia naspolíticas administrativas nointerior do Poder. Essa mes-ma fundamentação possibi-litou, por exemplo, que fos-se aceita a hipótese da ree-leição do chefe do PoderExecutivo e pode vir a ser abase da mudança que pro-piciará aos presidentes daCâmara e do Senado goza-rem de um novo mandato.

Quanto à sua constitu-cionalidade, afirma-se comsegurança que, no entendi-mento do Superior Tribu-nal Federal, nada impedeque a PEC permita a ree-leição dos membros aos seusrespectivos cargos por maisdois anos.

Ao contrário de um pro-jeto de lei, a PEC não ne-cessita da sanção do gover-nador, cabendo à Mesa daAssembléia promulgá-la epublicá-la na Constituiçãodo Estado.

Salve, lindo pendão da esperança,Salve, símbolo augusto da paz.

Tua nobre presença à lembrançaA grandeza da Pátria nos traz.Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,Querido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratasEste céu de puríssimo azul,

A verdura sem par destas matasE o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerraEm nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,Compreendemos o nosso dever;E o Brasil por seus filhos amado,

Poderoso e feliz há de ser.Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,Querido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,Nos momentos de festa ou de dor,

Paira sempre, sagrada bandeira,Pavilhão da justiça e do amor!Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil,Querido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!

Símbolo do país .Motivo de orgulho detodos os brasileiros.

19 de NovembroDia da Bandeira Nacional

O Legislativoperde poderquando setransforma naextensão davontade ou danecessidadedo governadordo estado ouda Presidênciada República

Divulgação Assembléia

Divulgação Assembléia

“A reeleição éum ato danoso efere o direito deescolha”

Deputado Estadual Jayro Les-

sa - PL

04 - Política - Isabela (P) 11/30/04 11:24 AM Page 1

Page 5: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editores e diagramadores da página: Carlos Fillipe Azevedo e Rafael Werkema

POLÍTICA 5

Carlos Fillipe Azevedo6º Período

O mês de novembro foimarcado por perdas importan-tes no Planalto Central.A saídade assessores diretos e ministros,e a demissão de ocupantes decargos em alguns dos principaisórgãos do governo, como o dapresidência do Banco Nacionalde Desenvolvimento (BNDES)e do Banco do Brasil, forammotivos de apreensão para a ba-se do Planalto.

O primeiro sinal de que oGoverno nãoanda se enten-dendo foi opedido de de-missão do mi-nistro da Defe-sa, José Viegas,substituído pe-lo vice-presi-dente José deAlencar, quepassa a acumu-lar as duas fun-ções. Na mes-ma semana, oPresidente Lu-la demitiu opresidente doBanco do Bra-sil,Carlos Cas-seb, e o presi-dente doBNDES, Car-los Lessa.Mui-to se especulasobre os moti-vos de sua de-missão. O queé certo é queela coincidiu com o momentoem que Lessa fez críticas à poli-tica liberal adotada pelo gover-no. O presidente do BNDEStambém crticou o ministro doDesenvolvimento,Luiz Fernan-do Furlan, e o presidente doBanco Central,Henrique Mei-relles.A saída de Lessa foi mui-to conturbada, uma vez que di-versos setoresda sociedadecívil se mobili-zaram contrasua saída. Odeputado Chi-co Alencar(PT-RJ) enca-minhou umabaixo-assina-do com nomesde personali-dades impor-tantes, comoChico Buar-que, o juristaFábio Konder,Oscar Niema-yer, Ordemdos Advogadosdo Brasil(OAB), Cen-tral Única dosTrabalhadores (CUT) e a Asso-ciação Brasileira de Imprensa(ABI), que se manifestaram a fa-vor da permanência de Lessa nocargo.

A saída do assessor especialdo presidente Lula, Frei Betto,em dezembro, também é uma

perda significativa para o gover-no Petista.Frei Betto é frade do-minicano e conhece o presi-dente Luiz Inácio Lula da Silvadesde os anos 70. Ele é conhe-cido por apoiar uma política deesquerda e progressista. A suasaída foi bastante polêmica e en-volveu boatos de que ele teriase desentendido com o Minis-tro Desenvolvimento Social,Pa-trus Ananias.

O PONTO - Como começousua história com o PT?FREI BETTO - Eu não sou

militante doPT.A minhaligação, naverdade, écom os sin-dicalistas quefundaram opartido. Há23 anos (des-de 1979) fuinomeadopelo até en-tão bispo deSanto André,Dom Cláu-dio Pumes,a assistenteda PastoralOperária doABC. Daí omeu vínculode amizadecom Lula eoutros fun-dadores doPartido dosTrabalhado-res. Semprefui eleitor do

PT, mas nunca partidário.

OP - Como conheceu o Lulapessoalmente?FB - Estando trabalhandono ABC, a gente se conhe-cia apenas por nomes. Nos-so primeiro encontro foiem João Monlevade, em ja-neiro de 1980, na posse do

presidentedo Sindicatodos Meta-lúrgicos dacidade, JoãoPaulo Piresde Vascon-celos.

OP - Comovocê definiria oPT e qual apostura do par-tido na luta declasses na A-mérica Latina?FB - O Parti-do dos Tra-balhadoresfoi umagrande ex-pressão dosoprimidos,

dos trabalhadores, dos po-bres. É o partido melhorconstituído e organizado doBrasil. É o partido que le-vantou a bandeira da refor-ma agrária, educacional, tra-balhista, enfim, um partidoque nasceu com característi-

Em entrevista exclusiva aojornal O PONTO, Frei Bettoesclarece os motivos de suasaída do Governo, além demostrar a mudança política doPartido dos Trabalhadores apósLula assumir a presidência

Cabeças rolamno Planalto Central

cas muito progressistas e ago-ra enfrenta as ambigüidadesde estar no poder.

OP - É possível dividir a histó-ria do PT em três fases, sendo aprimeira fase marcada pela suafundação, a segunda, pela lutapara chegar aopoder e a tercei-ra, pelo atualGoverno Lula?FB - Tem sen-tido fazer es-sa análise apartir dessadidática. Noinício, o PT tinha uma ca-racterística bastante pro-gressista, com horizontessocialistas, defensor dosoprimidos da sua fundação.Depois, o partido assumiuuma postura de adminis-tração mais progressista nas

prefeituras e em alguns go-vernos estaduais, sobretu-do com orçamento parti-cipativo. Agora, o Partidodos Trabalhadores está me-nos progressista no Gover-no Federal na medida emque enfrenta uma série de

dificuldades entre ser go-verno e dirigir um máqui-na de Estado que foi orga-nizada e montada para ser-vir à elite brasileira, e nãoa maioria do povo.

OP - A mudança de postura do

PT foi ocasionada pelas pessoasque Lula colocou no poder ou pe-lo próprio rumo da conjunturaeconômica?FB - A culpa é da própriaconjuntura econômica, queé uma continuidade da po-lítica instituída no governo

de FernandoHenrique Car-doso. Uma coi-sa é você estarno governo eoutra coisa evocê estar nopoder. O PT es-tá no governo

mas ainda tem muito chãopara conquistar o poder.

OP - Existe a possibilidade deque os programas estratégicos queo partido sempre lutou sejam im-plantados pelo governo Lula nospróximos dois anos?

FB - Eu acho que sim, so-bretudo se houver um se-gundo mandato. No pri-meiro, é difícil devido àspressões e limitações, ao jo-go de manter coligaçõespartidárias. Como tambémsão difíceis as relações comos outros dois parceiros dasinstituições democráticas,que são o Legislativo e o Ju-diciário, ambos com umatendência conservadora.

OP - O senhor concorda com asalianças políticas que o PT feznas ultimas eleições?FB - Concordo porque, semessas alianças, Lula não che-garia a presidência. Mas épreciso ter critérios mais ob-jetivos no compromisso des-sas alianças. Por exemplo, amudança significativa na po-lítica econômica deveria tersido mais clara quando o PTfez suas alianças.

OP - Foi divulgado pela im-prensa que o senhor deixará ogoverno. Por que tomou essadecisão?FB - Primeiro, é o com-promisso que eu tinha feitocom o presidente Lula, queé meu amigo fraterno. Eudisse que ficaria durante umperíodo apenas, uma vezque não tenho ambiçõespolíticas e nem é minha vo-cação (por isso não fui mi-litante do PT). Além disso,quero voltar à literatura.Então, são motivos de or-dem pessoal que me mo-vem a deixar o governo eretomar as minhas ativida-des em outros âmbitos econtribuir, a partir dessa de-cisão, para a sociedade civil.

OP - O que você achou da saí-da do ministro da Defesa, JoséViegas?FB - Lamentei muito. Ele éum amigo, uma excelentepessoa e acho que fez umexcelente trabalho, mas, en-fim, os fatos levaram a essasituação.

OP - O senhor possui diver-gências com o ministro do De-senvolvimento Social, PatrusAnanias?FB - Não. Tenho diferen-ças com o grupo gestor doBolsa-Família, e que agorafoi demitido do governo. Is-so porque o Fome Zeronão terá êxito se não hou-ver fiscalização e controlepelos comitês gestores dasociedade civil e se nãocombinar a política detransferência de renda compolíticas de mudanças deestruturais.

OP -Qual o futuro que você vêpara o Partido dos Trabalhadores?FB - Espero que o governoacerte e consiga implemen-tar as reformas, e que, so-bretudo, corresponda àgrande expectativa de mu-danças substanciais na es-trutura social brasileira,criada com a historia doPT, do Lula, das quatrocampanhas presidenciais. Eespero que o governo redu-za a desigualdade social,promova a Reforma Agrá-ria e crie condições paraum Brasil com menos vio-lência, miséria e com maisemprego e soberania nacio-nal, também em termosprodutivos.

“O Fome Zeronão terá êxitose não houverfiscalização econtrole peloscomitêsgestores dasociedadecivil e se nãocombinar apolítica detransferênciade renda compolíticas demudanças deestruturais”

Frei Betto

“O PT está no governo masainda tem muito chão paraconquistar o poder”

Frei Betto

“O PT estámenosprogressista noGoverno Federalna medida emque enfrentauma série dedificuldadesentre sergoverno e dirigirum máquinade Estado”

Frei Betto

05 - Política - Carlos e Rafael 11/30/04 11:26 AM Page 1

Page 6: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Ana Carolina Rocha

6 ECONOMIAPetróleo é estopim de crise mundialRecentes aumentos no preço do barril faz consumidores relembrarem primeira crise, ocorrida em 1973

João Vitor Viana6º Período

Há 31 anos todo o mundopassou por uma grande crise fi-nanceira: a crise do petróleo.Intitulada “Primeira Crise”, ofato ocorreu no final de 1973,quando países árabes do Orien-te Médio, que asseguravam60% da produção mundial docomposto, entraram em confli-to com Israel e decidiram cor-tar em um quarto o volumeproduzido. O embargo preten-dia ainda pressionar o mundoocidental a apoiar os árabescontra os israelenses. Nos Es-tados Unidos houve grande pâ-nico. Filas foram formadas nospostos em busca de combustí-vel que estava em franco au-mento.

No Brasil, segundo o profes-sor de Economia,Fernando No-gueira, quebrou-se um ciclo decrescimento.“Até a década de se-tenta,o Brasil vinha crescendo deforma espetacular e isso foi inter-rompido. Nunca, no mundo, seviu um país crescer tanto quantoo Brasil nessa época”,afirma.“Ou-tro problema, conseqüência daelevação do preço do petróleo,foio início de uma crise inflacioná-ria no país”, completa.

Na crise, os preços quadru-plicaram; alguns anos mais tar-de, com a revolução iraniana,eles dobraram. A crise do pe-tróleo marcou o fim do cresci-mento pós-guerra e muitocontribuiu para que as décadas

de 80 e 90 fossem considera-das perdidas. Nogueira diz ain-da que o marco desse ciclo denão-crescimento se deveu,principalmente, ao aumento dopetróleo.

Crise atual Diferentemente do que ocor-

reu há mais de três décadas,o au-mento atual do petróleo aconte-ce por outro motivo.“Nos anos70, a principal razão do aumen-to do petróleo aconteceu por

ação sindicalizada da Opep, Or-ganização dos Países Exportado-res de Petróleo e isso só existiadevido a uma dualidade existen-te entre Estados Unidos e UniãoSoviética. Com forças militaresequivalentes, os Estados Unidoseram impedidos de ter uma açãomais incisiva para que houvessepreservação do preço do petró-

leo”, comenta Nogueira.“Hojeisso não ocorre.Caso a Opep qui-sesse aumentar o preço, não im-pediria os Estados Unidos de teruma reação militar, em caso denecessidade”, explica. O profes-sor ainda afirma que não há maisadversários capazes de ameaçar osEstados Unidos como antiga-mente.“Não há mais a contra-força,como era a União Soviéti-ca.A questão atual é outra:caso aChina, a Índia e os Estados Uni-dos cresçam, a demanda por pe-tróleo aumenta,o que gera ciclosespeculativos. E isso gera o au-mento preventivo do preço doproduto para,no futuro próximo,o país obter lucro. É uma ondaespeculativa”, completa.

Segundo o professor de Ra-diojornalismo,Getúlio Neurem-berg,esse aumento se intensificounos últimos dias.“Esse aumentocausa um certo pânico na popu-lação. São indícios de uma novacrise.Exemplo disso é que o Go-verno Federal previu,para o finaldo ano, o preço do barril de pe-tróleo em torno de U$ 35.O pre-ço atual já passou dos U$ 50”,diz.

O aumento do preço dopetróleo remete ao pensamen-to de alternativas de combustí-veis. Fernando Nogueira afirmaque isso é um desafio para a hu-manidade.“Deve-se pensar emcomo se desenvolver uma ma-triz tecnológica que possa vir asubstituir o petróleo e que sejarenovável. O álcool, a energiaelétrica e o gás natural seriam asprincipais”, finaliza.

Juliana Morato e Rodrigo Mascarenhas

4º Período

O aquecimento da economiae a expectativa do Natal causouum aumento de 20% nas contra-tações de funcionários extras nocomércio e indústria,com a cria-ção de aproximadamente seis milempregos temporários em BeloHorizonte.Os varejistas tambémanteciparam suas encomendas defim de ano com os fornecedorespara evitar o risco de não ter mer-cadorias em volume suficiente nasprateleiras para suprir a demanda.

Segundo a assessoria de im-prensa da CDL-BH,Câmara dosDirigentes Lojistas de Belo Ho-rizonte, o aumento da taxa bási-ca de juros, de 16% para 16,25%na última reunião do Copom,causou certa apreensão entre em-presários e executivos do varejo eda indústria de eletrodomésticos,uma vez que a reversão na ten-dência dos juros pode provocaruma queda de expectativa de ven-das.Entretanto,este aumento nãofoi capaz de provocar mudançasnas taxas cobradas ao consumidor.

Os empregos temporários,são, para muitos, a salvação paraum ano de crise e desemprego .Um exemplo é Helena Oliveira,20, que estava desempregada háum ano e três meses.Na semanapassada conseguiu uma vaga nu-ma loja de roupas infantis na ca-pital mineira. Ela vai ficar duassemanas em treinamento para co-meçar a trabalhar efetivamente.

“Estou me adaptando a rotina daloja para tentar garantir minhacontratação definitiva após o Na-tal”,afirma otimista a recém-con-tratada.Além de salvar o fim deano de muitas famílias, estes em-pregos podem resultar em traba-lho fixo para o próximo ano.

PrevisãoA previsão dos dirigentes dos

shoppings é que os produtos maisprocurados serão celulares, tele-visores,DVDs e câmeras digitais.Outros produtos que tambémdevem atender a uma grande de-manda são os brinquedos,artigosde perfumaria, calçados e con-fecções de todas as idades. Mes-mo com essa expectativa, o pre-sidente da União dos Varejistas deMinas Gerais,Lázaro Pontes,dis-se que os setores que vêm histo-ricamente demonstrando umamaior rentabilidade não são osmais custosos e sim os de varejosde pequeno presentes.“ Há ven-da maior de produtos como tê-nis,vestuários,brinquedos, livros,bebidas”,afirma.

O varejo já comemora a me-lhora das vendas e torce para queos índices de lucros neste Natalsuperem as expectativas em rela-ção ao ano passado e impulsio-nem o consumo e o número deempregos para o ano de 2005.Deacordo com dados da CDL-BH,o volume da produção de bensde consumo pela indústria já de-monstra aumento e espera-seuma elevação efetiva das vendaspara este fim de ano.

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“Até a décadade setenta, oBrasil vinhacrescendode formaespetaculare isso foiinterrompido”

Fernando Nogueira, professor

de Economia da Fumec

Vendas de Natal geramempregos temporários

Ter negóciopróprio é umaalternativa paradesemprego

Para tentar “driblar” o de-semprego, problema crônico dopaís, uma alternativa encontra-da pelas pessoas é a abertura deum negócio próprio. Além defazer o próprio horário e não terpatrão,o lucro é todo da pessoa.

De acordo com Vanusa MariaFerreira, 30, residente do bairroCaiçara, região Noroeste de Be-lo Horizonte, a saída encontradafoi começar a trabalhar com o ar-tesanato.“Eu sempre gostei demexer com isso. Por uma neces-sidade, isso virou o meu susten-to hoje”.Vanusa ressalta que eladeve ficar sempre atenta, já que,durante o ano,as vendas de algunsprodutos começam a cair.“ Tenhosempre que estar mudando. Emuma determinada época do anovendo sabonetes com glicerina.Agora, faço Papais-Noéis e coisasrelacionadas à época”.

Apesar de conseguir se sus-tentar com o artesanato, Vanu-sa ainda sonha em voltar ao seuantigo emprego.“Eu era pro-fessora da rede pública e priva-da. Sempre estou distribuindocurrículos para tentar voltar adar aulas”, ressalta. Raquel Pi-res, 29, recentemente abriu umbar próximo ao colégio Arnal-do. Segundo Raquel, a espe-rança é que o estabelecimentodê certo. “Gastamos dinheirona reforma e esperamos nos es-tabilizar. Esperamos que as pes-soas venham, gostem e voltemdepois”, disse. Raquel contaainda que dá aulas de inglês ede dança, mas que não estãosurgindo muitas oportunidades.“Quando acontece um evento,às vezes me chamam. Enquan-to isso vamos apostar no bar”,conclui a professora.

Em 1973, a busca foi combustível foi alta, resultando em filas nos postos

Tiago Nagib

Vendas de fim de ano devem superar o Natal passado

Arquivo O Ponto

06 - Economia - Ana C. (P) 11/30/04 11:27 AM Page 1

Page 7: Jornal O Ponto - novembro de 2004

Outubro

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Agosto

Julho 2314

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editor e diagramador da página: Luiz Ciro

SEGURANÇA 7Cresce roubo de automóveis em BHNúmero de ocorrências aumenta em 18% de 2002 a 2003, segundo Delegacia Especializada

Ana Cláudia Esteves, DeniseTolentino, Paula Cerutti e

Stella Santiago 5º Período

A todo o momento cente-nas de carros são roubados emBelo Horizonte. Esse tipo decrime, cada vez mais recorren-te, gera uma atmosfera de inse-guraça entre os moradores dacapital.De acordo com dados dadelegacia especializada de re-pressão a furtos e roubos de veí-culos, somente no ano passa-do, 39.900 carros foram rou-bados em todo o estado, umaumento de cerca de 18% secomparado ao ano de 2002.Sóno primeiro trimestre desteano, foram contabilizados 3.460registros de roubo na capital.

De acordo com o inspetorManoel José Vieira, em médiasão furtados 35 veículos pordia em Belo Horizonte. A ta-bela ao lado faz uma compara-ção do número de veículos emdeterminado período do ano.Os carros mais visados pelosladrões são os Fiats Pálio e

Uno, que, por serem veículospopulares, têm maior facilida-de de arrombamento e reven-da.As caminhonetes Saveiro eD-20 também são veículos vul-neráveis, por apresentarem car-roceria, facilitando o transpor-te de outros objetos roubadose até mesmo entorpecentes.Terça e sexta-feira são os diascom maior índice de furto deautomóveis e os bairros maisatingidos são: Santo Antônio,Carlos Prates, Padre Eustáquio,Pampulha e Serra.

Vários são os fatores que in-fluenciam na escolha do bairropara se roubar um veículo, en-tre eles estão a existência de fa-velas nas redondezas, o acesso defuga mais rápido, a falta de poli-ciamento e o valor do veículo en-contrado em determinada região.Em Minas Gerais,de 70% a 90%dos automóveis furtados são re-cuperados.“Esse índice é frutodo trabalho da Polícia Militarjunto a outras delegacias especia-lizadas em furto e roubo de car-ros”, afirma Hudson de Souza,cabo da PM. Quando recuperados, os carros roubados são guardados no pátio da Polícia Civil

Sons são o principal alvoO alvo principal desta prá-

tica criminosa são os sons au-tomotivos, já que têm alto va-lor e facilidade para revender.Nem mesmo a Polícia Militartêm estatísticas específicas so-bre o furto de aparelhos desom em veículos, somente dearrombamentos em geral en-globando qualquer outro ob-jeto de valor.

Diante do elevado índice dearrombamentos os consumido-res estão se dirigindo às lojas es-pecializadas, para repor os vidrosdanificados.Na Sociedade Auto-Vidros,por exemplo,que fica per-to da Rodoviária, a troca de vi-dros em veículos de passeio,víti-mas de arrombamento, cresceu40% nos últimos dois anos.

Laura Garcia, estudante daFumec, teve seu carro roubadoe diz ser uma experiência ter-rível. “Um homem me arran-cou a força do meu própriocarro e me jogou no chão commuita violência”, relata Laura.Ataques como esses são co-muns a mulheres, pois os la-drões não se sentem ameaça-dos e já sabem que dificilmen-te haverá uma reação.

Algumas precauções podemser adotadas para evitar essesimprevistos, entre elas não es-tacionar em lugares desertos,não deixar objetos de valor avista dentro do veículo e fazerum seguro, que garante umatranquilidade para proprietá-rios de automóveis.

Carros clonadospreocupam osmineiros

Além dos roubos, outro fa-tor alarmante é a clonage, tan-to dos números de chassi dosveúclos como também da do-cumentação dos automóveis.

No Brasil, cresce acelerada-mente o número de carros clo-nados. Cada vez os mais ladrõesestão se especializando não sóem alterar o número do chassido veículo, como também onúmero do documento, que se-rá copiado de um outro veícu-lo da mesma marca e cor. Mui-tas vezes, a falsificação alcançauma perfeição tão grande quese torna praticamente impos-sível sua identificação para osmenos treinados.

Mesmo se forem tomadasas devidas precauções como,por exemplo, a checagem do“nada consta” no Detran, ficadifícil detectar a fraude, pois osdados contidos remeteriam aocarro do qual a numeração foiplagiada.“A solução é prestarmuita atenção no recebimen-to de multas incertas, ocorri-das em locais que você nemmesmo passou naquele dia e sevocê desconfiar de uma clona-gem registre uma queixa ime-diata na delegacia” informa oinspetor Manoel José Vieira daDelegacia Furtos e Roubos.

Ao comprar um carro, ocliente deve conferir se a agên-cia escolhida possui de sede fi-xa e também se ela tem credi-bilidade no mercado, além deverificar sempre a documenta-ção do veículo no Detran an-tes de fechar negócio.“Em Mi-nas Gerais, principalmente, aclonagem de carros está to-mando uma proporção muitogrande. É uma nova descober-ta, mas estamos nos empe-nhando nas investigações”, dizo inspetor Vieira.

Seguros cobrampreços astronômicos

Com o aumento do núme-ro de furtos nas grandes cidadesos motorositas devem recorrera uma série de medidas preven-tivas para proteger seus veícu-los da ação de quadrilhas espe-cializadas em roubo de carros.

Antes de investir na comprade um veículo usado ou 0 km,é importante que o motoristaprocure saber quanto irá gastarcom o seguro.O cliente deve fi-car atento ao fato de que nemsempre o mais barato é a melhoropção e, de acordo com o le-vantamento feito pela Segura-dora Sul América, o roubo/fur-to de veículos torna o seguro35% mais caro em Minas Gerais.Luís Carlos Avelar de Souza,pro-prietário de uma corretora deseguros em Belo Horizonte,afir-ma que o seguro veicular está ca-da vez mais adequado ao riscopara o qual o veículo está ex-posto e o preço doseguro é jus-to, “atualmente, o seguro estámais vantajoso para o motoristaque paga pelo preço do seu ris-co, do seu perfil”, ressalta Luís.

Modelo e marca do veículo,assim como perfil do motoristainterferem na cobertura do se-guro.O preço do seguro para umcliente de 20 anos e solteiro (per-fil considerado de risco pelas se-guradoras) será praticamente odobro do que o seguro de umhomem de 40 anos, casado.

A falta de experiência novolante também é um dos fa-tores que ajuda a encarecer oseguro, teoricamente, mais tem-

po de habilitação possui maiorsegurança na direção, corres-pondem a menos chances de seenvolverem acidente. O riscode sinistro também interfere nanegociação do seguro, pois mo-delos de carros mais visados porladrões, fazem com que algu-mas seguradoras se recusem afazer o negócio.

A indústria de produtos an-ti-roubo está faturando mi-lhões de acordo com a Indús-tria de Freios Carneiro. O al-to índice de furtos de carrosfaz as pessoas instalarem emseus veículos alarmes, trancaselétricas e vários outros aces-sórios que são produzidos pa-ra evitar a ação do bandido. Es-sa situação se agrava devido àfalta de investimentos na se-gurança pública, e a falta de in-teresse do governo com as si-tuações sociais que a cidadeatravessa.

A indústria de freios de se-gurança esta se consolidandono país em razão do cresci-mento de furtos de carros.Tra-vas e bloqueadores, tornam-se-produtos essenciais, que garan-tem a tranqüilidade dos pro-prietários de automóveis. Astravas e bloqueadores são fa-bricados com técnicas exclusi-vas, conferindo maior confia-bilidade aos produtos. Essesbloqueadores e travas têm umbaixo custo de instalação, queoscila entre R$ 150 a R$200, além de dimunir o custodo seguro automovel. Carro teve vido quebrado e aparelho de som furtado

Como reconhecer um carro roubado

De acordo com o despa-chante Geraldo Luiz Neves,existem algumas maneiras dereconhecer e identificar umveículo roubado. Uma delas éverificar a autenticidade dosdocumentos, conferindo os nú-meros do chassi, da placa, onome do proprietário e o tipode combustível, analisando có-pias de documentos, mesmoautenticadas por órgãos detrânsito. “É preciso compararse o número do chassi gravadono painel ‘corta-fogo’ bate como número gravado nos vidros.Geralmente, sempre ficam ves-tígios de remarcação na nume-ração original” alerta o despa-chante.

Geraldo Luiz também re-comenda levar o carro a algu-ma oficina de confiança paraexaminar o painel corta-fogo,onde pode-se localizar a gra-vação do chassi, que tambémpode ser encontrada na torredo amortecedor dianteiro. Nosmodelos mais recentes, o chas-si está presente no assoalhoda cabine, atrás e ao lado dobanco do passageiro, ou sob oassento.“É importante procu-rar por sinais de adulteração nacarroceria, como marcas desoldas, números e letras desa-linhadas ou com espaçamentoirregular”, explica. Outra for-ma de reconhecer um carroroubado, segundo Luiz, é ve-rificar se a placa traseira traz olacre de chumbo e o arame delicenciamento preso à carro-

ceria e comparar os códigosdos fabricantes das placas dian-teira e traseira.“Se os códigosnão coincidirem, é porque asplacas foram produzidas porindústrias diferentes, o que in-dica que a placa traseira podeter sido adulterada”, diz.

Portando o nome do pro-prietário, números do chassi eplaca, ano/modelo e cor doveículo, deve-se ligar para oDetran (3236-3518 em BeloHorizonte) ou acessar o sitewww.detrannet.mg.org.br pa-ra levantar o prontuário do car-ro. Outra alternativa é consul-tar o Cadastro Nacional de Veí-culos Roubados ( CNVR) noendereço eletrônico www.se-guros.com.br.

O despachante ressalta queno caso de suspeitar da auten-ticidade da gravação de chassido carro, o proprietário develevá-lo ao setor de vistoria doDetran, onde é realizada umainspeção mais minuciosa eprovidências são tomadas casoseja comprovado que o veícu-lo foi realmente adulterado.“Mesmo com os devidos cui-dados relacionados é precisoficar alerta para a possibilida-de de novos meios de adulte-ração, pois os criminosos estãocada vez mais ousados”, afirmaLuiz. E ele ainda propõe: “Asociedade deve trabalhar emconjunto com a polícia civilpara que os criminosos possamser identificados e devidamen-te punidos”.

Sérgio Nicácio

Sérgio Nicácio

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URUGUAIO PO

Belo Horizonte –

Editor e diagramador da

8 MUNDO

A espesur

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MUNDO 9ONTO– Novembro/2004

página:Rafael Werkema

Governo do socialista Tabaré Vasquézdeve priorizar combate à miséria

De oposição, o partido da Frente Ampla põe fim a 174 anos debipartidarismo no Uruguai, e o Mercosul pode ser fortalecidocom a vitória de Tabaré Vasquéz

Primeiro estado do bem estar socialem toda a América Latina, o Uruguaitenta recuperar a vanguarda perdida nasegunda metade do século XX.A vitó-ria da esquerda nas recentes eleições pre-sidenciais pode trazer de volta a espe-rança a este tão nostálgico povo.

No início do século,o Uruguai des-pontava como a exceção positiva daAmérica Ibérica, tendo realizado feitosincríveis naqueles tempos. Esse peque-no país, quase esquecido, pelo mundosoube ter educação laica e gratuita antesda Inglaterra, voto feminino antes daFrança, jornada de trabalho de 8 horasantes dos Estados Unidos e divórcio na-da mais que 70 anos antes da Espanha.

Nostálgicos com o passado, os uru-guaios pareciam ter perdido a fé e a es-perança no futuro, sempre recordando osbons tempos, quando essa pequena na-ção era considerada a Suíça sul-america-na devido à solidez econômica de seusbancos além de possuir uma das melho-res seleções de futebol do planeta, ga-nhando assim as duas primeiras Copas doMundo que participou, batendo sim-plesmente seus arqui-rivais Argentina em1930 e Brasil em 50, calando assim umMaracanã lotado em seu maior feito des-portivo, o eterno Maracanazo.

Essa mudança política pode signifi-car inicialmente a confiança perdida des-de os tempos que seus craques Máspo-li,Obdulio Varela e Schiaffino heróis doMaracanazo encantavam o mundo comseus talentos.

erança quege à esquerda

“O país tem a expectativa continuar a se recuperar da crise de 2002”.A frase de Jaime Yaffé, professor de Ciência Política na Universidad dela República Del Uruguay em Montevidéu, revela um pouco da espe-rança que os uruguaios têm em relação ao novo governo.Em entrevis-ta a O Ponto, o cientista político fez uma análise da chegada do parti-do da Frente Ampla ao poder e projeções para o Governo Vásquez.

O PONTO - Quais são os principais fatores que fizeram a esquer-da chegar pela primeira vez ao poder no Uruguai?JAIME YAFFÉ - Primeiramente, é preciso citar o grande des-contentamento da população em relação às reformas liberaisimplementadas pelos governos dos partidos tradicionais nosúltimos vinte anos.A esquerda foi capaz de captar politica-mente esse descontentamento, posicionando-se como umaforça política moderada, responsável e preparada para gover-nar. E durante 15 anos, a prefeitura de Montevidéu agiu nes-se sentido: de moderação ideológica e programática do par-tido da Frente Ampla e de construção de alianças que se in-corporaram a forças de centro esquerda, primeiro o partidoEncuentro Progressista, e depois, Nova Maioria.

OP - O senhor acredita que Tabaré Vasquez dará uma maior atençãoao Mercosul?JY - Todos os pronunciamentos públicos, assim como seuprograma de governo, vão nessa direção.

OP - O senhor acredita que a relação política de Tabaré com os pre-

sidentes Néstor Kirchner e Lula será melhor que a relação do atualpresidente, Jorge Battle?JY - Sem dúvidas. De fato, já é melhor.Tudo indica que o go-verno de Vásquez priorizará a região e olhará menos que o Bat-tle para os Estados Unidos e seu projeto da ALCA.Além disso,no caso de Lula há uma evidente afinidade ideológica entre oPT e a Frente Ampla, e uma relação de muitos anos, que co-meçou no fórum de São Paulo, em 1990, e vem até hoje.

OP - O Uruguai tem boas perspectivas de crescimento com Tabaré?Poderá voltar a ser chamado de Suíça da América do Sul?JY - O país tem a expectativa continuar a se recuperar dacrise de 2002 que deixou os uruguaios no fundo do poço eingressar em um processo de crescimento sustentado a mé-dio prazo. E é preciso que o Uruguai tenha êxito na apli-cação do programa econômico-social de porte desenvolvi-mentista e de redistribuição com o qual ganhou a eleição.No entanto, as restrições são muitas e as margens de ma-nobra estão bem reduzidas pela deteriorada situação atuale os compromisso externos que o país deve fazer frente nospróximos anos. Ninguém pode dizer hoje se o Uruguai po-derá voltar a ser chamado de Suíça sul-americana. Pelo mo-mento, apenas se abriu uma grande expectativa de que aeconomia possa recuperar-se e ingressar numa etapa decrescimento com a redistribuição de renda e que a indi-gência possa ser radicalmente reduzida a curto prazo e apobreza a médio prazo.

História enostalgia

Tiago Nagib5º Período

Pela primeira vez desde sua independência em 1830, o Uruguaiterá um presidente que não faz parte dos dois grandes partidos lo-cais, o Partido Colorado e o Partido Nacional, também conhecidocomo Blanco.A vitória do candidato de esquerda, o socialista Taba-ré Vásquez, pela coligação Frente Ampla e Encuentro Progressista,marcou o fim do bipartidarismo no Uruguai.Tabaré ganhou as elei-ções ainda no primeiro turno ao obter 50,7% do votos contra 34%de Jorge Larrañaga do Partido Blanco e 10,3% do candidato do go-verno,Guillermo Stirling, do Partido Colorado. Sua vitória já era es-perada nas eleições de 1999, quando Tabaré apenas não ganhou doatual presidente Jorge Battle devido à aliança que o Partido Colora-do fez com seu tradicional rival Partido Blanco.

A vitória de Tabaré é também vista com bons olhos pelos gover-nos argentino e brasileiro, já que o candidato socialista é visto comomaior defensor do Mercosul do que Battle, sendo que este chegouaté a afirmar uma vez que “os políticos argentinos são todos uma cor-ja de ladrões”, durante uma entrevista a rede de notícias americanaCNN, pensando que não estava no ar. Esse episódio gerou uma cri-se política nos dois lados do Rio da Prata e teve um desfecho me-lancólico, com o presidente uruguaio indo a Buenos Aires para fazerum pedido de perdão formal em meio a lágrimas perante o entãopresidente, Eduardo Duhalde.

Segundo Carlos Ranufo, professor de ciência política da UFMG,a vitória de Tabaré ajuda a criar uma unidade dentro do Mercosul, efoi até positiva para o Brasil, mas o peso econômico do Uruguai é

muito pequeno.“É muito frágil economicamente além de ser extre-mamente dependente de Argentina e Brasil”, completa o professor.Já para a cientista política Vera Alice, deve-se levar em conta princi-palmente o fato de a esquerda ter chegado pela primeira vez ao po-der, quebrando assim o bipartidarismo. Para analistas, a vitória da es-querda também representa um triunfo da esquerda em quase todo oCone Sul, com as administrações de Ricardo Lagos no Chile, Nés-tor Kirchner na Argentina e Lula no Brasil, sendo todos eles bem ava-liados em pesquisas de opinião.

O ex-presidente Julio Maria Sanguinetti, que governou o país porduas vezes entre 1985 e 90 e de 95 a 2000 pelo Partido Colorado, la-mentou:“Esse é o pior momento do Partido Colorado”. Foi de fatoa pior derrota do partido em sua história. Isso se deu devido ao des-crédito da população perante Battle, já que em seu mandato o Uru-guai passou pela pior crise econômica de sua história, onde ocorreuuma grande desvalorização da moeda, além do corralito ou confiscobancário.Apesar de toda a crise, o Uruguai não decretou o fim dopagamento de sua dívida externa, sendo assim o único país sul-ame-ricano que nunca esteve em moratória.

Além das eleições presidenciais, foi a plebiscito a proposta de Re-forma Constitucional sobre a impossibilidade de se privatizar o sis-tema estatal de águas subterrâneas e de superfície, onde o sim a estareforma obteve mais de 60% dos votos, oficializando assim o totalcontrole do Estado sobre os recursos híbridos do Uruguai. Não é aprimeira vez que se oficializa a impossibilidade de se privatizar umaempresa estatal, já que em 1992, a maior estatal uruguaia, a empresapetrolífera ANCAP foi também a plebiscito sobre a possibilidade deprivatização onde a resposta foi a mesma de agora.

URUGUAIem números

Fonte: site oficial do Governo do Uruguai

Moeda: Peso Uruguaio

População: 3.380.177

Alfabetização: 97%

Expectativa de Vida: 75.2 anos

PIB: 12.321 Bilhões de Dólares

Renda Per Capta: U$ 3.610

Taxa de Desemprego: 18%

Dívida Externa Pública Líquida:6.491 Bilhões de Dólares

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Ana luíza Gontijo

10 AMBIENTE

Plástico é pouco reciclado em MG

Cães sadios são sacrificados em BH Mais de 80% dos animais recolhidos pelo Centro de Zoonoses são enviados para câmaras de gás

Ana Cecília Fariae Renata Monteiro

5º período

Com o objetivo de contro-lar doenças como a raiva e aleishmaniose, o Centro deControle de Zoonoses deBelo Horizonte (CCZ),órgão da Secretaria Mu-nicipal de Saúde, recolhediariamente através doserviço da carrocinha cer-ca de 60 animais que vi-vem nas ruas. Segundo da-dos do CCZ, cerca de 50desses animais, ou seja,mais de 80% deles, são sa-crificados. Os cães captu-rados permanecem no lo-cal por três dias úteis e, senesse prazo não forem re-colhidos pelos proprietá-rios, são enviados para acâmara de gás.

A prática do controle deanimais de ruas, no entanto,vem sendo alvo de críticas porgrupos ambientais. Organiza-ções Não Governamentais deproteção ao animal como aCãoViver e Animais Urbanosdenunciam que os animais têmsido sacrificados sem que ocentro realize os exames de

contaminação que justificariaa eutanásia caso o cão estives-se contaminado. De acordocom o Programa Saúde Hu-mana e Vida Animal, elabora-do pelos Ativistas dos Direitosdos Animais, 90% dos animais

mortos estão saudáveis. Já o ve-terinário da zoonose, SérgioMagalhães diz que “desde queo animal esteja na rua, ele é po-tencialmente nocivo à saúde”.Segundo consta no processojudicial, que exige o fim dométodo de matança indiscri-minada de animais, movido pe-lo Ministério Público contra aPrefeitura de Belo Horizonte,

uma média de 150 animais sãomortos diariamente.

A voluntária da ONG Cão-Viver, Estefânia Corradi, garan-te que “a atuação do CCZ écriminosa e esbarra nas Leis deProteção ao Animal porque a lei

número 8.565, de 13 demaio de 2003, sobre o con-trole da população de cães egatos, prevê, em um dos ar-tigos, a adoção de animais noCCZ, o que está distante deser cumprido”. O veteriná-rio Magalhães, explica queos exames não são realizadosnos animais porque mesmose eles não estiverem comdoenças, o centro não dispõede infra-estrutura para man-tê-los até estarem aptos àadoção.A Ativista dos Direi-tos dos Animais, MarleneMoureira, discorda de Ma-

galhães e afirma que se houves-se boa vontade da Prefeitura,após serem submetidos aosexames, os bichos saudáveis po-deriam ser entregues de ime-diato à feiras de adoção.A ONGCãoViver realiza feiras de ado-ção de animais todos os sábadosde 9 às 16 horas, na praça jun-to à igrejinha de Sáo Francisco,na região da Pampulha.

Ana Luiza Gontijo

Cão abandonado se alimenta de lixo

A política de controle de ani-mais proposta pelas ONGs de-fende a idéia de transformar oCentro de Controle de Zoono-ses em um centro de tratamentode animais, onde estes serão es-terilizados e vacinados.Além de considerarem a esteri-lização um método que nãotransgride os direitos dos animais,ambientalistas apontam,confor-me divulgado pela OrganizaçãoMundial de Saúde em 1992,quea captura e sacrifício de cães é ca-ro e ineficaz,uma vez que a taxade nascimento de animais é mui-to superior à eliminação. Outroaspecto importante são campa-nhas de conscientização para aposse responsável de animais jáque muitos dos cães capturados

foram abandonados nas ruas pe-los proprietários.Segundo Este-fânia Corradi, voluntária daONG CãoViver,“a esterilizaçãoe vacinação dos animais de rua,aliadas à educação da população,são medidas mundialmente acei-tas porque não infringem as leise os direitos dos animais, além deserem consideradas mais eficazese terem menor custo”.

Atualmente, a CCZ afirmaque possui um gasto mensal deR$ 71 mil,mas as ONGs de pro-teção animal afirmam que o gas-to é de R$ 200 mil. Conformeo Programa Vida Animal e Saú-de Humana,cem mil animais po-deriam ser vacinados e esterili-zados mensalmente com a me-tade da verba gasta pela CCZ.

ONGs querem esterilizaçãoAna Luiza Gontijo

Propaganda orienta a posse responsável de cães

Prefeitura realiza campanhade posse responsável de cães

O Programa Posse Res-ponsável, desenvolvido peloCentro de Controle de Zoo-noses, está em fase de implan-tação.A iniciativa tem o obje-tivo de sensibilizar e orientar apopulação quanto ao trata-mento dos animais através depropagandas nas traseiras deônibus, escolas e clínicas vete-rinárias.

O projeto inclui, também,visitas de agentes sanitários àscasas que devem começar emnovembro para orientar a po-pulação quanto às doençastransmitidas por cães bem co-mo os cuidados necessários.Aesterilização ainda não possui

previsão para ser implantada.O veterinário do CCZ,

Sérgio Magalhães, acredita queo atual quadro de abandono deanimais e de superpopulaçãoserá revertido a longo prazoatravés da ação conjunta da so-ciedade e do poder público.

Estefânia Corradi, voluntá-ria da ONG CãoViver, acredi-ta que o trabalho de conscien-tização contribuirá para resol-ver o problema de futurosabandonos de cães mas acredi-ta que outros projetos, comofeiras de adoção, devem ser im-plantados para que seja solu-cionada a superpopulação deanimais que estão nas ruas.

Somente 13%dos domicíliosparticipam dacoleta seletiva

A separação dos diversos ma-teriais que compõem o lixo é oprimeiro passo para que a reci-clagem seja implantada. Esseprocedimento é conhecido porcoleta seletiva e consiste em se-parar detritos que podem serreaproveitados e transformadosem matéria prima para a fabri-cação de novos produtos.Atual-mente, apenas 13% do processode recolhimento de materiais re-cicláveis é realizados nos domi-cílios e a maior parcela, 51%, éobtida através do serviço dos ca-tadores de papel.

Segundo Roberto Magno,consultor da Associação dos Ca-tadores de Papel, Papelão e Ma-terial Reaproveitável (Asmare),a população só passará a contri-buir quando se conscientizar daimportância de tornar a coletaseletiva em um hábito. A cole-ta consiste basicamente em se-parar o material orgânico, lixomolhado, do reciclável, lixo se-co, e levar os detritos que po-dem ser reaproveitados até oslocais de entrega voluntária ousolicitar a coleta,no caso de BH,pela Asmare.

Para facilitar o trabalho dapopulação existe um padrão decores adotado mundialmentepara os recipientes destinados àcoleta seletiva dos resíduos.

Arquivo O Ponto

Recipiente de materiais demonstra baixa coleta de plástico para a reciclagem

Daniela Reis, Déborah Arduini,Maria Cristina Chaves e

Willian Chaves5º período

O Brasil produz cerca de200 mil toneladas de lixo dia-riamente, sendo que três tone-ladas são resíduos plásticos.Ape-nas 14% do material plástico édestinado à re-ciclagem apesardo grande des-taque dado àquestão, desdeos anos 80,quando o pri-meiro choquedo petróleoalertou os estu-diosos dos sé-rios riscos deesgotamentodos recursos não-renováveis.EmBelo Horizonte quatro mil to-neladas de lixo são produzidaspor dia e, segundo o biólogo epesquisador da Bemplast, Leo-nardo Fittipaldi Torga,não se sa-be qual a quantidade de plásti-co recolhida na capital.“O lixonão é separado de forma seleti-va.Para isso deveria ter um pro-grama de coleta no qual as pes-soas separassem cada materialnos domicílios”, diz Torga.

O descaso com o reaprovei-tamento de resíduos, no entan-to, não diz respeito a sua poucaviabilidade comercial. Confor-

me a Associação Brasileira da In-dústria Química, Abiquim, opotencial de mercado de reci-clagem de plástico é grande.Acapacidade instalada da Abiquimjá alcança cerca de 340 mil to-neladas por ano e, movimentaem valor de produção mais deR$ 200 milhões anuais.

Apesar de nas últimas duasdécadas, opeso médiodas embala-gens plásticaster diminuí-do pela me-tade haven-do reduçãono impactodo descartedos produtosem aterrossanitários e o

índice de reutilização de emba-lagens usadas ter aumentado,ainda é insuficiente o esforçopara o tratamento adequado dosdetritos.

Segundo estudos da Plasti-vida, o índice de reciclagem demateriais plásticos em MinasGerais é de 5,6%,média inferiorà nacional que é de 14%.“Re-ciclar é uma necessidade e, paraisso, deveria haver um progra-ma de coleta seletiva que ga-rantisse a separação do materialpela população facilitando o tra-balho dos órgãos de limpeza ur-bana”, aponta Leonardo Torga.

Resíduos plásticos podem gerar empregosO Serviço Nacional do Co-

mércio, Senac, divulgou dadosafirmando que a reciclagem deplásticos, além de prolongar avida dos aterros sanitários e di-minuir a poluição ambiental,representa para a sociedade bra-sileira, criar postos de empre-gos diretos e indiretos. A afir-mação é baseada no fato de queo plástico é utilizado em quasetodos os setores da economiabrasileira como na construçãocivil, indústria têxtil, teleco-

municações, distribuição deenergia e diversos outros ramosempresariais.

Um quilo de plástico equi-vale a um litro de petróleo emenergia, de modo que a práti-ca da reciclagem contribui pa-ra o não esgotamento de re-cursos não-renováveis como opetróleo, garantindo a econo-mia de energia elétrica e dematéria-prima.Também, a pro-dução de artefatos recicladoschega ao mercado 30% mais

baratos do que os mesmos pro-dutos fabricados com matéria-prima virgem.

O processo de reciclagem édividido em coleta, seleção,revalorização e transformação,sendo que, para maior eficáciadesses procedimentos, existeatualmente no país um sistemade codificação dos materiaisplásticos como os usados emgarrafas para refrigerante e o osutilizados em tubos e conexõesde água.

Programa SaúdeHumana e Vidaanimal, elaboradopelos Ativistas dosDireitos dosanimais, apontaque 90% dosanimais mortosestão saudáveis

Apenas 5,6%de materiaisplásticos sãoreaproveitadosem Minas

Dados da Plastivida

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editores e diagramadores da página: Carlos Fillipe Azevedo e Mariana Hilbert

SAÚDE 11Saúde ganha nova rede de doaçãoBancos públicos de sangue de cordão umbilical são alternativa à doação particular, mas geram polêmica

Carlos Fillipe Azevedo eMariana Hilbert

6º Período

O tema tem gerado diver-gências agudas em todo omundo. Agora, o Ministério daSaúde do Brasil colocou suaporção de lenha na fogueira aoinaugurar, no dia 23 de setem-bro, a Rede Pública de Bancosde Sangue de Cordão Umbili-cal e Placentário – Brasilcord.A rede servirá para coletaramostras de sangue de cordãoumbilical com objetivo de co-brir toda a diversidade étnicabrasileira. Com a divulgação daimplantação da rede, uma po-lêmica discussão no meio dagenética ganha força. É válidovender o serviço de coleta desangue de cordão umbilical sobo argumento de que este ma-terial é imprescindível à saúdede um filho?A questãotem sido am-plamente de-batida e anali-sada quandose comparabanco públi-co com cole-tas particula-res.

A hema-tologista AnnaBárbaraProietti, presi-dente da Fundação Hemomi-nas, acredita que o uso de co-leta privada restringe o acessode receptores e o uso do mate-rial,“o resultado é muito duvi-doso, o custo é enorme e, in-clusive, esse sistema particularde coleta é inviável e chega aser anti-ético”, expõe Anna.Atualmente, o hospital MaterDei oferece o serviço de cole-ta particular através de uma par-ceria com a Criopraxis, clínicaque mantém o banco de cor-dões umbilicais da Universida-de Federal do Rio de Janeiro.Segundo o especialista em Me-dicina Fetal Carlos HenriqueMascarenhas Silva, médico dohospital Mater Dei,“existe es-paço para atuação de coleta par-ticular e pública, isso porque ocongelamento feito pelo servi-ço público pertence a toda so-ciedade e o particular restringe

o uso apenas à família”, con-trapõe.

No Mater Dei o procedi-mento de coleta particular foiimplantado no inicio do anopassado. A parceria com aCriopraxis garantiu a viabili-dade do armazenamento demateriais colhidos. De acordoo médico Carlos HenriqueMascarenhas o custo desse ti-po de procedimento varia emtorno de R$ 3.950, preço queinclui a coleta em Belo Hori-zonte e o envio e armazena-mento do material no Rio deJaneiro, onde funciona o labo-ratório Criopraxis.

Dados do Mater Dei mos-tram que mais de 180 pessoasjá utilizaram esse tipo de servi-ço. No entanto, o que impres-siona é o fato de que a maio-ria dessas pessoas sequer temhistórico de doenças do sangue

nas famílias.“Muitas pes-soas procuramo serviço par-ticular porquenão confiamna qualidadedo serviço decoleta públicae se sentemmais segurascom armaze-namento par-ticular” expli-ca Carlos

Mascarenhas.Ainda de acordocom o médico Carlos Masca-renhas, o Instituto Nacional doCâncer (Inca), que mantém umbanco público, coletou 600bolsas no período de quatroanos, “no mesmo período aCriopraxis fez a coleta de 3 milbolsas”.

Carlos Mascarenhas acres-centa polêmica ao tema aoquestionar a viabilidade da re-de implantada pelo Ministérioda Saúde e alerta para uma pos-sível falta de continuidade doprojeto.“O custo para montare manter uma estrutura comoessa de um banco de sangue decordão é muito alto e isso nãopode ser um projeto de um go-verno só”. A assessoria do Mi-nistério da Saúde defende oprojeto e divulga que investiráR$ 46 milhões para criar e es-truturar o Brasilcord.

“Esse sistemaparticular decoleta é inviávele chega a seranti-ético”

Anna Bárbara Proietti, presiden-

te da Fundação Hemominas

Bancos de armazenamentos do sangue de cordão umbilical

Vantagens da rede pública

A rede Brasilcord vai im-pantar hemocentros em cincoregiões do país. O Ministérioda Saúde investirá R$ 46 mi-lhões para criar a rede e R$ 9milhões para montar a estrutu-ra física dos bancos.

As cidades sede dos postosserão: Belém (PA), Belo Hori-zonte (MG), Brasília (DF),Campinas (SP), Curitiba (PR),Porto Alegre (RS),Recife (PE),Ribeirão Preto (SP), Rio de Ja-neiro (RJ) e São Paulo (SP).

Em Belo Horizonte, o pri-meiro banco público de cordãoumbilical vai funcionar nas de-pendências do Hospital das Clí-nicas da UFMG e terá parceriacom a Hemominas e a RedeHospitalar do Estado de MinasGerais (Fhemig). De acordocom a presidente da FundaçãoHemominas, a hematologistaAnna Bárbara Proietti, em Be-lo Horizonte, o banco de san-gue de cordão umbilical vai serdesenvolvido pela Hemoninas,contará com a estrutura físicado Hospital das Clinicas e re-ceberá uma verba de cerca deR$ 1,5 milhão, destinada peloMinistério da Saúde para capa-citar mão de obra e comprar

equipamentos. Segundo AnnaProieitti, “o projeto do bancojá foi aprovado e a previsão deimplantação é para o início de2005, após o Hemominas rece-ber a verba do Ministério daSaúde”, explica.

Em Belo Horizonte, o ban-co será abastecido com doaçõesde mães que derem à luz emmaternidades da rede Fhemig,credenciadas pelo Hemominas.Sangue de cordão e placenta fi-carão armazenados por tempoindeterminado, até que sejaidentificado um receptor com-patível. De acordo com AnnaProietti, “a doação do sanguedo cordão umbilical é igual àdoação de qualquer outro ór-gão e todos os doadores quequiserem participar da rede pú-blica são anônimos, assim co-mo os receptores”, explica.

Especialistas em biogenéti-ca afirmam que as chances deachar compatibilidade no ban-co de sangue de cordão umbi-lical é muito maior do que nobanco de doador adulto de me-dula óssea. A maior vantagemdo sangue de cordão umbilicalé a possibilidade de doaçãoimediata. Brasilcord em BH terá estrutura no Hospital das Clinicas

Banco mineiro será noHospital das Clínicas

O Ministério da Saúde di-vulgou, através de sua páginaoficial da internet, que a im-plantação de uma rede de ban-cos de cordão umbilical trarádiversas vantagens para o siste-ma de saúde brasileiro. É cita-da a garantia de que 100% dasdiversidades biogenéticas dosbrasileiros serão representadas,o que significa um aumento de35 a 90% da probabilidade dopaciente encontrar um doadorcompatível no Brasil. Outravantagem apresentada pelo Mi-nistério é que haverá uma re-dução de gastos na busca deum doador.

Dados da assessoria de co-municação do Ministério reve-lam que, atualmente, para buscare obter células de cordão umbi-lical compatível para transplante,é gasto em torno de U$ 23 milpor cordão. Com a implantaçãodo banco esse custo cai para cer-ca de U$ 2 mil por cordão já noprimeiro ano de funcionamento.

A rede também irá propor-cionar desenvolvimento de pes-quisas de genética.Além disso, oBrasilcord será o embrião parauma outra rede, mais ampla, dearmazenamento de tecidos, co-mo pele, ossos, ligamentos, vasose válvulas cardíacas.

Para manter a integraçãodos bancos de sangue de cor-dão umbilical da rede Brasil-cord, o Ministério da Saúde vaiimplantar um sistema de infor-mação com dados de todas asunidades.Através desse sistemaserá possível fazer o monitora-mento e o controle de qualida-de e distribuição para os re-ceptores cadastrados no Siste-ma Nacional de Transplantes(SNT).Além de proporcionarmaior integração entre os ban-cos existentes no Brasil, o sis-tema de informação irá auxiliara busca de material em outrospaíses.

Segundo Anna Proietti oBrasilcord estará ligado aos sis-temas internacionais de trans-plantes de sangue de cordão, oque irá aumentar a possibilida-de de se encontrar um doadorem qualquer lugar do mundo.“O net-cord, por exemplo, éuma rede virtual de bancos desangue de cordão européia.Além dela também existe a re-de japonesa e a australiana. Sen-do assim, qualquer brasileiroque tiver compatibilidade commaterial armazenado em umdestes bancos poderá receber otransplante”, explica a hema-tologista Ana Proietti.

Divulgação: Mater Dei Luiz Ciro

11 - Saúde - Carlos e Mari H. 11/30/04 11:30 AM Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editor e diagramador da página: Carlos Fillipe Azevedo

12 EDUCAÇÃO

Vida qu e c o r re em suas ve i a s

Todos os dias, milhares de pessoas como você necessitamde sangue. Homens, mulheres e crianças podem ser salvascom a sua doação.Doe sangue, doe a legr ia , sa lve v idas .

2 5 d e n o v e m b r o - D i a M u n d i a l d o D o a d o r d e S a n g u e

Deficientes esperam por mudançasEscolas públicas ainda não se adaptaram ao manual de acessiblidade para portadores de deficiência

Fernanda Melo 4º Período

O Manual de Acessibilidadepara Prédios Escolares elabora-do pela Secretaria de Educaçãodo Estado de Minas Gerais, jáestá em vigor desde o 1º semes-tre deste ano.A cartilha detalhae dá subsídios técnicos para osprofissionais da área da constru-ção civil e incentiva diretores deescolas a priorizarem as açõesque promovam a acessibilidadedos alunos especiais nas escolaspúblicas. Estas mudanças suge-rem uma adaptação nos pisos,escadas, rampas, portas, banhei-ros de uso comum,corrimãos enas carteiras, o que privilegia alocomoção dos alunos que ne-cessitam de cadeiras de rodas.ASecretaria de Educação garanteque o prontuário já foi encami-nhado a todas as prefeituras deMinas Gerais e há a previsão deque, até o fim do ano que vem,todas as escolas possuam a adap-tação necessária.

A cartilha tem sido distri-buída em todas as escolas esta-duais e municipais, para as su-perintendências regionais deensino e para as associações deapoio aos deficientes. Segundoa urbanista responsável peloprojeto,Milene Braga Foresti, omanual é apenas uma respostada Secretaria aos diversos pedi-dos e reclamações quanto a fal-ta de estrutura de algumas es-colas para atender os deficien-tes.“Em Belo Horizonte ainda

são poucas as escolas que pos-suem adaptação a não ser aque-las que já são destinadas a defi-cientes”, denuncia. De acordocom a diretora da secretaria,Tâ-nia Mafra, a partir de agora to-das as escolas deverão ter umaadaptação dentro dos padrões

estabelecidos pelo prontuário.“A criação deste manual foimuito importante porque mui-tas escolas querem fazer umaadaptação mas não possuem asnoções técnicas e não sabem asmedidas corretas.A cartilha pos-sui uma linguagem acessível ede fácil entendimento para to-dos”, explica.

O Manual é o resultado deuma luta constante por parte depedagogos e assistentes sociais

em prol dos direitos dos defi-cientes, acredita a pedagogaAdriana Vidigal Lima, ex-fun-cionária da escola estadual Fran-cisca Malheiros e da escola es-tadual Professor Caetano Aze-redo. “A minha expectativa éque esta cartilha funcione e nãopermaneça apenas no papel co-mo outros projetos que já foramelaborados”, ressalta a pedago-ga. Ela afirma a necessidade deadaptação não só do espaço fí-sico da escola mas também doprocesso pedagógico.“Os pro-fessores devem ser treinados pa-ra ensinar as crianças de manei-ra adequada.As escolas devemser adaptadas para todas as defi-ciências, como a física, visual emental.”, lembra Adriana Lima.A pedagoga também alega quenão teve acesso ao manual e quesua divulgação tem sido bastan-te tímida.“Entrei na Internet enão consegui localizá-lo no si-te da Secretaria de Educação.Acho que o prontuário deveriaser de fácil acesso para consul-tas”, reclama a pedagoga.

Segundo dados da Coorde-nadoria de Apoio e Assistênciaa Pessoa Deficiente, Minas Ge-rais possui 350.146 deficientes,sendo que 277.507 estão loca-lizados em Belo Horizonte.Atécnica da Coordenadoria,Ma-ria Alice Pessoa, acredita que de-vido a estes dados é necessárioque o Estado dê melhor aten-ção aos deficientes, promoven-do uma maior inserção destesnas escolas da capital.

“A minhaexpectativaé que estacartilhafuncione enão permaneçaapenas nopapel comooutros projetosque já foramelaborados”

Adriana Vidigal- Pedagoga

Modificações nas escolas sãoimportantes para os alunos

A escola estadual São Ra-fael, especializada em deficien-tes visuais, já possui adaptaçõesdesde o fim do ano passado.Ainstituição localiza-se na ruaAugusto de Lima, em Belo Ho-rizonte, e possui cerca de 490alunos e 147 funcionários.A es-cola recebe alunos de manhã ea tarde e ainda tem 15 alunosinternos. O internato atendedeficientes com idade até 18anos, que geralmente são crian-ças que vieram do interior ouque possuem uma situação fi-nanceira precária.A instituiçãopossui turmas para adultos eidosos e também recebe pessoascom outras deficiências decor-rentes da cegueira.

Questionada sobre as me-lhorias que as adaptações trou-xeram para o funcionamentoda escola, a vice diretora, Elisa-

beth Coelho Santos, afirma queas modificações facilitaram a lo-comoção dos idosos e dos alu-nos portadores de deficiênciafísica.“Os deficientes físicos nãotinham acesso à biblioteca e nãoconseguiam chegar na sala daassistente social.Agora, poden-do freqüentar todas as áreas daescola, o rendimento escolardesses alunos aumentou”, res-salta a vice-diretora.

A escola ainda conta comoficinas de tricô, modelagem,marcenaria e música, fora dohorário das aulas, o que con-tribuí para o desenvolvimentodos alunos. Mas segundo a fun-cionária Sônia Elias, muitasmáquinas estão estragadas e nãosão trocadas por falta de recur-sos.“Recebemos, muitas vezes,a ajuda de amigos, familiares edos professores para conti-

nuarmos funcionando”, conta.A escola também oferece cur-sos de mobilidade para adultosque se tornaram cegos, ensi-nando-os a realizar melhor astarefas do dia-a-dia, e curso debraile.

A instituição recebe cons-tantemente a visita da promo-toria que fiscaliza se o estabe-lecimento está dentro das nor-mas, segundo Elisabeth San-tos. Ela também alega recebera verba do governo destinadaaos materiais escolares e à me-renda dos alunos.“Recebemossempre a verba, mas esta não ésuficiente para atender todasas necessidades da escola emuitas vezes temos que bus-car recursos em outros luga-res, como na prefeitura porexemplo”, desabafa a vice-di-retora da escola.

Modificações melhoram a qualidade de vida de alunos deficientes

Professora orienta crianças portadoras de necessidades especiais em sala de aula

Stella Santiago

Stella Santiago

12- Educação - Carlos F. (P) 11/30/04 11:29 AM Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Marina Leão

CULTURA 13

Fundada em 1990, a Sesimi-nas Companhia de dança, queconta hoje com 20 integrantes,começou com um grupo de jo-vens bailarinos de formação clás-sica sob a direção de CristinaHelena. Com 14 anos de exis-tência, a companhia passou a tra-çar um perfil inédito no país, se-guindo a imagem dos “balletsjovens”europeus e resgatando oque de mais precioso há no re-pertório acadêmico.

De acordo com Márcio Me-lo, coordenador artístico dacompanhia, além da linha aca-dêmica, é trabalhado com osbailarinos a técnica clássica de

vanguarda.“Aliados a estas duaslinhas e estilos, o grupo criouum compromisso com seus bai-larinos de educar o público eformar novos profissionais”, co-menta. E acrescenta “o resulta-do de todo este trabalho está nafreqüente participação do gru-po em diversos festivais de dan-ça nacionais tornando-se umagrande colecionadora de prê-mios”.

Para Júnio Henrique Teixei-ra, 23, bailarino da Sesiminas, osensaios são pesados, tendo emmédia cinco espetáculos por mês,mas o grupo é uma realizaçãopara ele. “É a minha segunda

casa, quando ensaio esqueçomeus problemas e busco minhatranqüilidade”, conta. Já AnaCaroline Pagano, 28 , a primei-ra bailarina do grupo, acreditaque o local faz parte do seu idealde vida.“Algo pelo qual eu sem-pre lutei para ter, luto e querocontinuar lutando”.

A companhia participou 19ºFestival de Joinville em agostodeste ano e, pela terceira veztrouxe o cobiçado 1º lugar co-mo Melhor Grupo do Eventodo maior Concurso de Dançado país.Os bailarinos enfrentama rotina desgastante, porém pra-zerosa.

Nayana Rick5º período

Em Belo Horizonte, trêscompanhias de dança de estilose linguagens diversificadas se des-tacam no cenário nacional e in-ternacional.Convidadas de hon-ra para abrir os principais festi-vais de dança e fazerem turnêsvariadas no exterior, estas com-panhias levam o nome de BeloHorizonte e Minas Gerais na ba-gagem e trazem prestígio e re-percussão para o estado.

A receita de tanto sucesso éunânime para os bailarinos. Pa-ra Júnio Teixeira, integrante daSesiminas Companhia de Dan-ça, o grupo tem um imenso va-lor na sua vida.“É minha paz etranqüilidade.Resumindo,é mi-nha vida”, comenta. Já para Da-nielle Pavam,bailarina do reno-mado Grupo Corpo, a dança éa representação de seus senti-mentos.“O amor pelo que façoprevalece.É por isto que a dan-ça é tão especial para mim”,diz.

Casado com Danielle, Da-dier Aguilera, integrante daCompanhia de Dança Paláciodas Artes, acredita que o quepredomina é a força de vontadee o prazer pelo que faz “Em ci-ma do palco temos que ter de-terminação, e passar para o pú-blico que temos prazer em mos-trar nossa arte”, conta.

De acordo com Márcio Me-lo, coordenador da SesiminasCompanhia de Dança, o cresci-mento de seus bailarinos e oamor que os mesmos tem peloque fazem já rendeu a eles o tro-féu transitório no Festival daDança de Joinville (maior notado evento), e passagens pela Bul-gária, França, Japão e Argentina.

A assessora de comunicaçãodo Grupo Corpo,Cristina Cas-tilho, acredita que a dedicaçãodos integrantes é o segredo detodo o trabalho.“São feitas emmédia duas ou três turnês no ex-terior a cada ano. O grupo jádançou na Alemanha,Austrália,Canadá, Espanha, Estados Uni-dos, Itália, França, Suíça e Ingla-terra entre outros”, conta ela.

Já a diretora da Companhiado Palácio das Artes, CristinaMachado, a maneira como osbailarinos expressam o que sen-tem em cima dos palcos contri-bui para o sucesso do grupo.En-tre os principais prêmios do gru-po se destacam: Prêmio Mam-bembe 98; Sesc/ sated 2000;Amparc/ Bonsucesso 2000 eSesc/ sated 2002.

Analisando o percurso des-tas três companhias dentro docenário nacional e internacio-nal da dança, fica fácil percebero motivo do brilho e encantodestes grupos nos palcos de to-do o mundo.

Minas brilha no cenário da dançaAmor à manifestação artística é ingrediente fundamental para se alcançar o sucesso nos palcos

A dança é a arte mais antiga que o homem experimentou e a primeira arte a vivenciar com o nascimento.O homem e a dança evoluíram juntos

nos movimentos, nas emoções, nas formas de expressão e na arte. Na evolução das formas de dançar, ela foi se

misturando no cenário das antigas civilizações e sediversificando em muitas formas de expressão e interpretação.Segundo certas correntes da antropologia, as primeiras dançaseram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. É a

única arte que dispensa materiais e ferramentas e depende só do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos

e experiências subjetivas do homem

Bailarinas ensaiam mais de quatro horas por dia como preparação para a apresentação final do espetáculo

Nayana Rick

A Companhia de Dança Pa-lácio das Artes, antes denomina-da Cia. de dança de Minas Ge-rais, foi fundada em 1971 peloprofessor Carlos Leite, e ao lon-go de sua trajetória estabeleceuuma linha de atuação eclética,participando de montagens deóperas, eventos e cantatas.Atuando em montagens inde-pendentes, graças a critérios deexcelência, apuro técnico e cria-tividade, é hoje um dos maisconceituados grupos de dançado país.

Com a direção de CristinaMachado, ex-bailarina de for-mação moderna e contemporâ-nea, a companhia de dança pos-sui, atualmente, um elenco com22 bailarinos. “mantemos umprocesso de reflexão-pesquisaatravés de conferências, debatese workshops sobre a linha deatuação em novos espetáculos,buscando linguagens e temas emsintonia com as criações artísti-cas e contemporâneas”, conta adiretora.Para ela,o bailarino de-ve servir-se das técnicas, estilose linguagens próprias além dasque o coreógrafo estipula.

Com o patrocino do grandeteatro Palácio das Artes, o gru-po segue sua trajetória comouma das companhias de dançamais tradicionais do país, resli-zando turnês pelo interior doestado, do país e algumas cida-des do exterior. Nas turnês, re-cebeu vários prêmios como me-lhor companhia de dança doBrasil,melhor concepção ceno-gráfica, melhores bailarinos emelhores trilhas sonoras.

Seguindo uma linha con-temporânea e usando uma lin-guagem própria, adotada porRodrigo Pederneiras, o GrupoCorpo ocupa um lugar de des-taque no cenário da dança na-cional e internacional. Fundadaem 1975, por iniciativa de Pau-lo Pederneiras a carreira do gru-po vem sendo marcada por su-cessivas metamorfoses, sempreem torno de três preocupações:a definição de uma identidade,a continuidade de um trabalhoa longo prazo e a integridade depadrões autoimpostos por ela-boração.

A assessora de comunicaçãodo grupo, Cristina Castilho,conta que os bailarinos, antes deingressarem no grupo, passampor uma rigorosa audição,ondesão avaliados pela técnica, físicoe resistência. ”O Grupo Corpofaz em média 75 apresentaçõesanuais e muitos de nossos baila-rinos já atuaram no exterior”,comenta.

Tanto esforço e dedicaçãorenderam à companhia o patro-cínio exclusivo da Petrobrás edemonstram que o Corpo nãoé só o nome de uma compa-nhia, represnta uma tradição nadança de Minas.Manter viva es-ta tradição é a tarefa que a com-panhia se impõe.

“Sua identidade se renovaexatamente ao ser capaz de mu-dar. E é isto que garante suacontinuidade, a idéia de que adança brasileira é vista como re-presentação de um sentimentoque desafia a nós mesmos”, con-clui Cristina, responsável pelaassessoria do grupo.

“A companhiaé a minhasegunda casa.Quando ensaio,esqueço meusproblemas ebusco minhatranqüilidade,minha paz”

Júnio Henrique, bailarino

As belas apresentações das companhias de dança de Minas Gerais fazem sucesso em todo o mundo

Um marco no repertório acadêmicoO desafio do Corpo

à serviço daexcelência e da criatividade

Nayana Rick

13 - Cultura - Marina Leão 11/30/04 11:37 AM Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editora e diagramadora da página: Renata Quintão

14 FUMEC

Aproximou o homem da lua.

Exibiu guerras e acordos de paz.

Diverte e informa o mundo inteiro.

21 de novembro dia mundial da televisão

Está sempre presente.

Fumec inaugura FCS com sucessoFaculdade de Ciência da Saúde agrada alunos e acredita numa formação ética voltada para a cidadania

Polyanna Rocha3º Período

A Faculdade de Ciências daSaúde (FCS) da UniversidadeFumec, em funcionamentodesde agosto deste ano, se em-penha em disponibilizar aos es-tudantes e professores o que háde mais avançado nas gradua-ções em biomedicina, educa-ção física, enfermagem, fisiote-rapa, fonoaudiologia e terapiaocupacional.

A Faculdade oferece 56 va-gas, em duas entradas anuais, pa-ra todos os cursos.Segundo a di-reção da faculdade, no próximosemestre serão 2 novas turmasdo curso de Biomedicina, noperíodo da tarde além dos cur-sos noturnos e matutinos.

Os alunos afirmam que a es-trutura da FCS é ótima. “Osequipamentos são atualizados eos professores possuem um cur-rículo extenso e muita compe-tência”, afirma Marina Avelino,que cursa Biomedicina. Deacordo com a aluna, a estrutu-ra,“atende as necessidades dosalunos a partir da presença deprofissionais bem preparados”.A estudante Flávia Rezende sediz satisfeita com a faculdade,porém ressalta a distância comoum complicador para os alunos.“É difícil chegar aqui, eu pegodois ônibus”, reclama.

A FCS ressalta a especifida-de de cada curso e entende as

particularidades dos alunos. Oscursos são bem específicos e ofe-recem além da parte teórica aestrutura prática para a comple-mentação do aprendizdo.

Os estudantes procuram aliaras atividades do dia-a-dia com ocurso escolhido.O aluno do cur-so de fonoaudiologia,Diego Pe-reira, fala que a intimidade quemantém com a voz pode ser rei-terada pelo curso.“Escolhi a fo-noaudiologia por já trabalharcom o canto, o que me desper-tou o desejo de saber sobre a téc-nica vocal e os distúrbios causa-dos pelo mau uso da voz”.Afir-ma Pereira. Já a aluna Ana Amé-lia Mello optou pelo amplocampo de atuação oferecido pe-la enfermagem que alia as áreasde ensino, assistência, pesquisa,gestão, consultoria e implemen-tações de ações educativas.“Omercado etá aberto à enferma-gem, o que pode proporcionaraos profissionais estabilidade em-pregatícia,além de ensinar às pes-soas como melhorar sua quali-dade de vida”, relata.

O presidente da Fumec, Eu-gênio Parizzi, ressaltou que o ob-jetivo da fundação é formar pro-fissionais éticos, competentes ecom “vontade de atualização-constante.”A boa convivência naUniversidade foi destacada, ain-da,pelo diretor geral da FCS,Pau-lo Roberto Henrique.“Uma ins-tituição que busca sempre o bemservir à comunidade”, definiu.

Melhoreslaboratórios deBelo Horizonte

A FCS possui além do labo-ratório de Informática os labo-ratórios de Anatomia,Técnicade Enfermagem e Microscopia,que dispõe de acervos de peçasanatômicas alemãs, peças huma-nas e lâminas, um grande inves-timento visando a excelência emensino.Erlisson Marques, coor-denador dos Laboratórios daFCS,diz que “os laboratórios sãocomplementares ao estudo teó-rico, através de atividades emaulas práticas”, deixando o alu-no cada vez mais perto da suafutura profissão.Para a estudan-te de Enfermagem Maisa Lobo,“a FCS possui ótimos laborató-rios que atendem as necessida-des das aulas práticas”.

A faculdade vai disponibili-zar no próximo semestre novoslaboratórios, que segundo acoordenadora do curso de Bio-medicina,Virgínia Fernandes,“vai ajudar no crescimento docurso que ainda é pouco co-nhecido em Belo Horizonte”.

Os alunos com interesses noestudo de peças anatômicas oude lâminas microscópicas po-dem agendar uma monitoria,que é dada mos horários vagosdos laboratórios.Faculdade alia teoria à prática e investe em laboratórios com tecnologia de ponta

Daniel Simão

14 - Fumec - Renata (PM) 11/30/04 11:36 AM Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editor e diagramador da página: Rafael Werkema

ESPORTE 15

AVENTURA

Bruna Bauer6º Período

A segunda etapa do Cam-peonato Brasileiro de MoutainBoard foi sediada em Carandaí,cidade localizada a 120Km deBelo Horizonte.As montanhasmineiras favorecem a prática domountain board que ganha maisadeptos a cada dia. Mas o que éo mountain board?

O esporte foi criado no Ha-waii pelo surfista David Kalama,no início dos anos 90, para satis-fazer a cabeça dos surfistas em diasde mar flat (sem ondas).Algunssnowboarders do Colorado, EUA,gostaram da idéia e levaram essaspranchas com rodas para as esta-ções de esqui.A princípio, des-ciam as mesmas pistas de snow-board durante o verão quando aneve derretia. Hoje em dia, jáexistem pistas específicas para aprática do esporte. O mountainboard começou a ser industriali-zado em 1996.Desde então,o es-porte conquistou caçadores deaventura dos quatro cantos,prin-cipalmente os jovens.

Para quem gosta de aventu-ra e adrenalina, não há esportemelhor. Quem se empenha edomina a prancha consegue fa-zer manobras de 180º, 360º,720º, enfim a criatividade e aousadia não faltam, principal-mente quando se trata de com-petições, onde os esforços nãosão medidos para uma boa exi-bição.“Trata-se de um off-roadque mistura sensações de surf,snowboard e skate” afirma Fer-nando Gazzola que pratica o es-porte há alguns anos no Rio deJaneiro. O equipamento com-pleto tem rodas com câmara dear, suspensões egg-shocks e presi-lhas para os pés.

O esporte pode ser pratica-do em todo tipo de terreno: ter-ra,grama alta,grama baixa, asfal-to,paralelepípedo,areia dura,etc.As molas servem para aliviar ossolavancos causados por pedras,buracos e amortecem o impac-to com o solo depois de saltos emanobras radicais.Bêzinho,o en-genheiro de pista do campeona-to brasileiro, conta que, paraquem gosta de Downhill (desci-das longas) deve-se usar egg-shocksmais duros, e para quem prefe-re Free style deve usar egg-shocks

com menor densidade ou até nãousá-los. Eles servem para darmaior estabilidade à prancha ge-rando,conseqüentemente,maiorvelocidade.“Se deixar,os moun-tain boards chegam a incrívelmarca de 70 km/h no asfalto”,conta Bêzinho.“É por isso queos equipamentos de segurançasão imprescindíveis”, completaGazzola.As presilhas são essen-ciais para efetuar manobras aé-reas e para dar segurança ao es-porte. Sem elas os pés escorre-gam da prancha por causa dosburacos e da terra. “Com umpouco de prática,pouco mesmo,é possível conseguir tirar os pésdas presilhas antes de cair”, afir-ma Camila Bruno, a primeiramulher mineira a se arriscar noesporte.

A segunda etapa do Cam-peonato Brasileiro de MoutainBoard foi realizada em Carandaí,foram montadas quatro provasdiferentes.A primeira foi a FreeStyle. Nessa prova os atletas ti-veram um tempo estipulado pe-los juízes para treinarem na pis-ta montada previamente.Apóso treino,eles fizeram 3 passagens,que foram filmadas para avalia-ção posterior, feita pela comis-são técnica. Os quesitos princi-pais da avaliação foram criativi-dade, equilíbrio, versatilidade.Após o Free Style, foi realizadoo Best Trick, essas manobras tam-bém foram filmadas e analisadasapós a prova pela comissão téc-nica.A terceira prova, realizadano dia 15 de novembro, foi o BigAir. Essa sim prendeu a atençãodos espectadores. Os atletas dacategoria profissional desceramuma rampa íngreme de 25m decumprimento e atravessaramuma estrada de paralelepípedos,aterrissando do outro lado emuma rampa que acabava na gra-ma. Os tombos foram muitos,mas graças aos equipamentos desegurança, ninguém saiu ferido.Para fechar a segunda etapa comchave de ouro e muita descon-tração,os participantes seguirampara a trilha de Downhill. Nes-sa prova, os atletas desceram umpor um uma trilha de 2 Km,contra o cronômetro. A próxi-ma e última etapa do campeo-nato será realizada em São Ber-nardo, São Paulo. E definirá oranking brasileiro de 2004.

sobre rodasO primeiro encontro demountain boarders em Minasrecebeu incentivo de grandesorganizadores de provas demountain bike brasileiro,o que promete alavancar a prática do esporteno estado

Divulgação

15 - Esporte - Rafael W. 11/30/04 11:35 AM Page 1

Page 16: Jornal O Ponto - novembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Novembro/2004

Editor e diagramador da página: Rafael Werkema

16 ESPECIAL

Pedro Henrique N. Penido4º Período

Aessência da prática jornalística define-se pela apuraçãodos fatos e relato imparcial destes.A transformação da no-tícia em mercadoria (a publicação de fatos noticiosos semo devido aprofundamento e reflexão) está contaminan-do a mídia em todos seus âmbitos.Vinculada a essa si-

tuação, a publicidade tem ganhado mais espaço naimprensa e influenciado a prática jornalística.

Dois dos principais teóricos da cultura de mas-sa, há anos,Theodore W.Adorno e Max Horkhei-mer, previram o momento em que a publicidadee sua ambição mercadológica começariam a de-terminar as pautas da imprensa. Naquela ocasião,foram chamados de pessimistas e catastrofistas.

Outros estudiosos brasileiros da comunicaçãoretomaram o assunto. Gisela Goldenstein, Lean-dro Marshall e Adelmo Genro Filho, em seus tra-balhos, apontam para o problema, tecendo críticase reflexões sobre a infiltração da indústria cultu-ral no cenário da imprensa nacional, onde as ne-cessidades de adequação ao dinamismo selvagemdo mercado passam por cima da essência crítica eimparcial do jornalismo.

Até onde a publicidade deve e pode se entrela-çar com o jornalismo? Voltados para questões sumariamente mercado-lógicas, os anúncios veiculados na mídia vendem idéias para seus con-sumidores como uma simples relação de troca, o pressuposto da fanta-sia.O jornalismo trabalha com o pressuposto da verdade, trocando "con-fidências" com o leitor sobre a veracidade dos fatos.Grandes problemasacontecem quando uma confusão, inocente ou não, acontece.

Um dos melhores exemplos para a ilustraçãodesta situação foi a quarta semana do mês de no-vembro, compreendida entre os dias 20 e 26.Aolongo deste período, o governo Aécio Nevesapresentou balanço dos resultados da políticaeconômica adotada. O maior mérito desse re-sultado foi o déficit zero, conseguido depois de10 anos dos orçamentos de Minas fecharem novermelho. Esta informação, claramente, é notí-cia, pois representa um assunto de total interes-se público. A crítica a ser realizada sugere umareflexão a respeito da cobertura feita pela im-prensa em relação a este fato, uma cobertura, in-felizmente, pautada pela mesma publicidade doestado veiculada na grande mídia. Desta manei-ra, a credibilidade da imparcialidade fica preju-dicada, pois pareceu-nos a todos que existiu umaconcordância jornalística generalizada com a manobra publicitáriado governo mineiro.

Entrevistado a respeito do assunto, Rogério Perez, secretário deredação do jornal Hoje em Dia, informou que as matérias sobre o dé-

ficit zero não foram pautadas pela publicidade paga pelo estado e queforam noticiadas como uma informação de tal importância deveriaser. "Essa contaminação de uma coisa com a outra é inevitável", co-mentou Perez. Sobre a publicidade feita pelo governo de Minas nosprincipais jornais da capital, Rogério concordou que foi demasiada,uma vez que a notícia por si só já era muito importante. "Eu, parti-cularmente, acho que houve um exagero do governo do estado. Fezcom que uma notícia que, com certeza, seria manchete nos jornais no

dia seguinte, fosse incluída também em uma for-te campanha publicitária; mas isso é uma decisãodo governo", afirmou o secretário.

Teodomiro Braga, diretor executivo dojornal O Tempo, também alegou que o assuntoteve no jornal a importância que devia. "Não temnenhuma relação entre a publicidade do estadocom o conteúdo das matérias", disse Teodomiro.Ele foi enfático ao dizer que o jornal apenas feza cobertura do fato como notícia muito impor-tante, o que, de fato, merecia uma chamada naprimeira página.

No jornal Estado de Minas, a propagandade Aécio foi ainda maior.A manchete de primei-ra página da edição do dia 23/11/2004 repetia ainformação da publicidade colocada como "ore-lha" da capa,ocupando um espaço extenso.A pro-paganda do estado continha os seguintes dizeres:

"Um dia histórico para todos os mineiros. Minas Gerais anuncia Dé-ficit Zero." Já a manchete de capa dizia praticamente o mesmo: "Mi-nas zera déficit público". O diretor de redação do jornal, Josemar Gi-menez, foi procurado por O Ponto para esclarecer o fato,mas não foiencontrado. O editor da primeira página do Estado de Minas, NeySoares, disse que este assunto só poderia ser tratado pela diretoria.Tal

correlação entre a primeira página e publicidadede capa foi inclusive questionada por outros jor-nalistas e profissionais da mídia.

Segundo o departamento comercial do jor-nal Estado de Minas, um anúncio “orelha de ca-pa”, como foi chamada a peça publicitária pelosjornalistas, custa ao anunciante aproximadamenteR$ 200 mil, por inserção. Baseado nestas infor-mações faz-se a seguinte pergunta: como os jor-nais O Tempo, Hoje em Dia e Estado de Minasfariam matérias críticas sobre o governo estadualse o próprio governo mineiro é um dos mais im-portantes anunciantes, investindo mais de R$ 200mil em apenas um dia, em cada veículo?

A situação gerou discussões no meio aca-dêmico sobre o que realmente está acontecen-do com o jornalismo tanto mineiro quanto na-

cional. Uma publicidade paga relacionada com a manchete de ca-pa não seria motivo para que a manchete perdesse sua razão de ser"manchete", como é ensinado nos cursos superiores e pregado pe-los grandes estudiosos?

Anunciou,virou manchete!

Campanha publicitária milionária do Governo de Minas sobre o déficit zeroretoma a discussão sobre a influência da Publicidade na qualidade da informação

Carlos Fillipe Azevedo Carlos Fillipe Azevedo Carlos Fillipe Azevedo

Segundo odepartamentocomercial do jornalEstado de Minas,um anúncio igualao que foi veiculadono dia 23/11, de“orelha” da capa,custa em médiaR$ 200 mil

Um anúncio de 7centímetros dealtura por 6 colunasna capa do EM eum anúncio depágina inteira noprimeiro cadernocustam cerca deR$ 70 mil

16 - Especial - Rafael W. 11/30/04 11:39 AM Page 1