jornal fraterno 65 (páginas centrais)

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PÁGINA 06 PÁGINA 07 Ciência Espírita,desde suasatividadesiniciais,con- centrou-se nas chamadas manifestações inteligentes, que con- sistiam de mesas que se moviam e ‘batiam’ o pé, respondendo conforme convencionado por “sim” ou “não” às perguntasfeitas.Essefenômenoficou conhecido como “mesas girantes”, “dança das mesas” ou “mesas falan- tes”,utilizadasparasecomunicarcom osEspíritos. Assim,apsicografia(dogr.psyché, borboleta, alma, e graphô, eu escrevo) consiste na transmissão do pensa- mentodosEspíritospormeiodaescri- ta,que,inicialmenteseserviudecestas e pranchetas (com um apêndice ao qual se prendia um lápis) e, pouco depois, pela própria mão do receptor. As psicografias recebidas por si- naisconvencionadosde“sim”e“não” não convinham para perguntas mais A longas e complexas, porque o esforço requerido do médium era muito gran- de e o resultado só era concluído após numerosasreuniões.Ascestasdebico eas pranchetas foram logo adotadas nas comunicações, pois permitiam a abordagem de temais mais difíceis e abrangentes sem sobrecarregar muito os participantes. Um médium ou um grupo de mé- diuns encostava as pontas dos dedos na cesta ou na prancheta, seu fluido se transferia para o objeto, que então era impulsionado pelo Espírito co- municante como bem queria. Como os médiuns não sabiam de antemão o que ia ser escrito, o método ofere- cia margem considerável de isenção e seriedade. As mensagens recebi- das em grupos afinados com ideias elevadas em muito ultrapassavam o repertório pessoal dos médiuns nos vários ramos do saber. Psicografia indireta: cestas e pranchetas Noinício,erausadauma cestinha de 15 a 20 centí- metros de diâmetro que po- dia ser de vime ou de junco. Ao fundo dessa cesta era fincadoumlápis,comapon- ta para fora e para baixo, a qual era posta em contato com uma folha de papel. Os médiuns seguravam a cesta e, se o Espírito queria se comunicar, a cestamovia-senaturalmente,forman- do desenhos ou frases, e até mesmo textos completos. Porém, a escrita assim obtida nem sempre era legível. Nesta fase usou-se, também, uma placa ou lousa de ardósia em lugar do papel. Depois, várias outras disposi- ções foram imaginadas para o mesmo fim. Umadas mais cômodasa que se chegou era denominada de cestadebi- co, e consistia em adaptar uma haste de madeira a uma cesta, com 10 a 15 centímetros de lado, como se fosse o mastro de proa de um navio. Assim como esses, outros instru- mentos foram desenvolvidos especi- almente para melhorar a comunica- ção entre Espíritos e pessoas. Alguns grupos substituíram a cesta por uma espécie de mesa em miniatura, de 12 a 15 centímetros de comprimento por cinco a seis de altura, e com três pés, e no que seria o quarto pé era adaptado umlápis. Outros grupos se serviam de uma pequena prancheta de 15 a 20 centí- metros quadrados, em forma triangu- lar, oval ou de coração, e tendo nas bordasumfurooblíquoparaoencaixe do lápis. O lado que pousava no papel era, às vezes, equipadocom duas boli- nhaspara facilitar o movimento. Já outros, em vez dos instrumentos cita- dos, usavam um funil com um lápis fincado no gargalo. Esses dispositivos nada tinham de absoluto; foram usados conforme a comodidade dos médiuns e variavam de acordo com os grupos. Esse pro- cesso é chamado de psicografia indi- reta e, em especial a cestadebico foi muitousadanacodificaçãoespíritape- las irmãs Baudin e por Ruth Japhet. Normalmente,nouso desses instrumentos havia pelo menos mais uma pessoa, uma vez que era pre- ciso ajudar no equilí- brio do instrumento, diminuindo a fadiga domédium. Conheça os instr Conheça os instr Conheça os instr Conheça os instr Conheça os instrumentos, técnicas e tipos de médiuns umentos, técnicas e tipos de médiuns umentos, técnicas e tipos de médiuns umentos, técnicas e tipos de médiuns umentos, técnicas e tipos de médiuns “Quando os Espíritos julgam necessário, eles vêm e falam ou escrevem mensagens para mim”, disse o médium mineiro, que não fazia evocações e cunhou o bordão “O telefone só toca de lá para cá”. Consulte a questão 935 e comentário em “O Livro dos Espíritos” para saber mais. Psicografia diretae tipos de médiuns Poucotempodepois,osmé- diuns pegaram os lápis direta- mente com suas mãos. O mé- dium,dessaforma,escrevequa- se que em condições normais, com a diferença que a maioria dos pensamentos não é dele, e sim do Espírito comunicante. Suprimidososinstrumentos,sem intermediação, chegou-se à psi- cografia direta. Esse novo pro- cesso substituiu de maneira de- finitivatodososdispositivos,pois- para quando ele terminar. O médium mecânico não tem consciência do é escrito por ele, como era o caso de Chico Xavier. Omédiumintuitivo,porsuavez,tem consciência do que escreve, embora não se trate do seu próprio pensamento.O Espírito comunicante, nesse caso, não age sobre a mão para fazê-la escrever, não a toma nem a guia e, sim, age sobre a alma com a qual se identifica. É então a alma do médium que, sob essa impulsão, dirige a mão e esta o lápis ou caneta. Nomédiumpuramentemecânicoo movimentodamãoé independentedavon- tade. No médium in- tuitivo,omovimento évoluntárioefaculta- tivo. O médium se- mimecânico partici- pa das duas condi- ções. Sente a mão impulsionada, sem que seja pela von- tade, mas ao mesmo tempo toma consciência do que escreve à medida que as palavras se formam. A mediu- nidade semimecânica é a mais co- mum. Muitas vezes, o médium pode es- crever em línguas que desconhece, falar de assuntos que ultrapassam sua escolaridade, e também reproduzir a caligrafia e a assinatura do Espírito quandoestavaencarnado,mesmonão o tendo conhecido. Dependendo da elevação do Espírito, assim como da disciplina do médium, o conteúdo das mensagens varia bastante. Dentre todas as formas de comu- nicação mediúnica a psicografia é a mais simples, cômoda e a mais com- pleta. Allan Kardecexplicouque to- dos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, haja vista a facilidadeemexercitaressa mediunidade ao longo do tempo. Através da psico- grafia os Espíritos revelam melhor a sua natureza e o grau de sua elevação ou de sua inferioridade, o que permite conhecê-loscada qual em seu justo valor. A família Fox GAPITTO EDUCAÇÃO INFANTIL O que é psicografia? Ilustração de como se estabelece a comunicação entre o médium e o Espírito na psicografia intuitiva. seviuoquantoeramdesneces- sários para essa variedade me- diúnica. Omédiuméditopassivoou mecânico quando o Espírito age diretamente sobre a mão e dá-lhe um impulso completa- mente independente da vonta- de do encarnado –e isso ocorre quandoeleseencontranamaior tranquilidade e se espanta de não poder controlar-se. A mão avança sem interrupção e con- tra a vontade, enquanto o Espí- ritotiveralgumacoisaadizer,e Desenho a lápis de uma cesta de bico, instrumento usado nos primórdios do Espiritismo. Exemplar atual da prancheta usada nas sessões espíritas do século retrasado, possui rolamentos e encaixe para um lápis ou caneta. A lousa de ardósia foi muito usada nas primeiras comunicações espíri- tas no século XIX. PARA SABER MAIS: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns . São Paulo: LAKE, 1994. Itens 152-158 e 178-181 e notas de rodapé; KARDEC, Allan. Revista espírita – jornal de estudos psicológicos . Brasília: FEB, 2004. Volume dois (agosto de 1859)

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Page 1: Jornal Fraterno 65 (Páginas Centrais)

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6 PÁGINA 07

Ciência Espírita,desdesuas atividades iniciais, con-centrou-se nas chamadas

manifestações inteligentes, que con-sistiam de mesas que se moviam e‘batiam’ o pé, respondendo conformeconvencionado por “sim” ou “não” àsperguntas feitas. Esse fenômeno ficouconhecido como “mesas girantes”,“dança das mesas” ou “mesas falan-tes”, utilizadas para se comunicar comos Espíritos.

Assim, a psicografia (do gr. psyché,borboleta, alma, e graphô, eu escrevo)consiste na transmissão do pensa-mento dos Espíritos por meio da escri-ta, que, inicialmente se serviu de cestase pranchetas (com um apêndice aoqual se prendia um lápis) e, poucodepois, pela própria mão do receptor.

As psicografias recebidas por si-nais convencionados de “sim” e “não”não convinham para perguntas mais

A longas e complexas, porque o esforçorequerido do médium era muito gran-de e o resultado só era concluído apósnumerosas reuniões. Ascestas de bicoeas pranchetas foram logo adotadasnas comunicações, pois permitiam aabordagem de temais mais difíceis eabrangentes sem sobrecarregar muitoos participantes.

Um médium ou um grupo de mé-diuns encostava as pontas dos dedosna cesta ou na prancheta, seu fluidose transferia para o objeto, que entãoera impulsionado pelo Espírito co-municante como bem queria. Comoos médiuns não sabiam de antemãoo que ia ser escrito, o método ofere-cia margem considerável de isençãoe seriedade. As mensagens recebi-das em grupos afinados com ideiaselevadas em muito ultrapassavam orepertório pessoal dos médiuns nosvários ramos do saber.

Psicografia indireta:cestas e pranchetasNo início, era usada uma

cestinha de 15 a 20 centí-metros de diâmetro que po-dia ser de vime ou de junco.Ao fundo dessa cesta erafincado um lápis, com a pon-

ta para fora e para baixo, a qual eraposta em contato com uma folha depapel. Os médiuns seguravam a cestae, se o Espírito queria se comunicar, acesta movia-se naturalmente, forman-do desenhos ou frases, e até mesmotextos completos. Porém, a escritaassim obtida nem sempre era legível.

Nesta fase usou-se, também, umaplaca ou lousa de ardósia em lugar dopapel. Depois, várias outras disposi-ções foram imaginadas para o mesmofim. Umadas mais cômodasa que sechegou era denominada de cestadebi-co, e consistia em adaptar uma hastede madeira a uma cesta, com 10 a 15centímetros de lado, como se fosse omastro de proa de um navio.

Assim como esses, outros instru-mentos foram desenvolvidos especi-almente para melhorar a comunica-ção entre Espíritos e pessoas. Algunsgrupos substituíram a cesta por umaespécie de mesa em miniatura, de 12a 15 centímetros de comprimento porcinco a seis de altura, e com três pés,e no que seria o quarto pé era adaptadoum lápis.

Outros grupos se serviam de umapequena prancheta de 15 a 20 centí-metros quadrados, em forma triangu-lar, oval ou de coração, e tendo nasbordas um furo oblíquo para o encaixedo lápis. O lado que pousava no papelera, às vezes, equipadocom duas boli-nhaspara facilitar o movimento. Jáoutros, em vez dos instrumentos cita-dos, usavam um funil com um lápisfincado no gargalo.

Esses dispositivos nada tinham deabsoluto; foram usados conforme acomodidade dos médiuns e variavamde acordo com os grupos. Esse pro-cesso é chamado de psicografia indi-reta e, em especial a cestadebico foimuito usada na codificação espíritape-las irmãs Baudin e por Ruth Japhet.Normalmente, no usodesses instrumentoshavia pelo menosmais uma pessoa,uma vez que era pre-ciso ajudar no equilí-brio do instrumento,diminuindo a fadigado médium.

Conheça os instrConheça os instrConheça os instrConheça os instrConheça os instrumentos, técnicas e tipos de médiunsumentos, técnicas e tipos de médiunsumentos, técnicas e tipos de médiunsumentos, técnicas e tipos de médiunsumentos, técnicas e tipos de médiuns

“Quando os Espíritos julgam necessário, eles vêm e falam ou escrevemmensagens para mim”, disse o médium mineiro, que não fazia evocações ecunhou o bordão “O telefone só toca de lá para cá”. Consulte a questão 935e comentário em “O Livro dos Espíritos” para saber mais.

Psicografia diretaetipos de médiuns

Pouco tempo depois, os mé-diuns pegaram os lápis direta-mente com suas mãos. O mé-dium, dessa forma, escreve qua-se que em condições normais,com a diferença que a maioriados pensamentos não é dele, esim do Espírito comunicante.Suprimidos os instrumentos, semintermediação, chegou-se à psi-cografia direta. Esse novo pro-cesso substituiu de maneira de-finitiva todos os dispositivos, pois-

para quando ele terminar. O médiummecânico não tem consciência do éescrito por ele, como era o caso deChico Xavier.

O médium intuitivo, por sua vez, temconsciência do que escreve, emboranão se trate do seu própriopensamento.O Espírito comunicante,nesse caso, não age sobre a mão parafazê-la escrever, não a toma nem a guiae, sim, age sobre a alma com a qual seidentifica. É então a alma do médiumque, sob essa impulsão, dirige a mão eesta o lápis ou caneta.

No médium puramente mecânico omovimento da mão éindependente da von-tade. No médium in-tuitivo, o movimentoé voluntário e faculta-tivo. O médium se-mimecânico partici-pa das duas condi-ções. Sente a mão

impulsionada, sem que seja pela von-tade, mas ao mesmo tempo tomaconsciência do que escreve à medidaque as palavras se formam. A mediu-nidade semimecânica é a mais co-mum.

Muitas vezes, o médium pode es-crever em línguas que desconhece,falar de assuntos que ultrapassam suaescolaridade, e também reproduzir acaligrafia e a assinatura do Espíritoquando estava encarnado, mesmo nãoo tendo conhecido. Dependendo daelevação do Espírito, assim como dadisciplina do médium, o conteúdo dasmensagens varia bastante.

Dentre todas as formas de comu-nicação mediúnica a psicografia é amais simples, cômoda e a mais com-pleta. Allan Kardecexplicouque to-dos os esforços devem ser feitos parao seu desenvolvimento, haja vista afacilidade em exercitar essamediunidade ao longo dotempo. Através da psico-grafia os Espíritos revelammelhor a sua natureza e ograu de sua elevação ou desua inferioridade, o quepermite conhecê-loscadaqual em seu justo valor.A

famíliaFox

GAPITTOEDUCAÇÃO INFANTIL

O que é psicografia?

Ilustração de como se estabelece a comunicação entre o médium e o Espírito na psicografia intuitiva.se viu o quanto eram desneces-sários para essa variedade me-diúnica.

O médium é dito passivo oumecânico quando o Espíritoage diretamente sobre a mão edá-lhe um impulso completa-mente independente da vonta-de do encarnado –e isso ocorrequando ele se encontra na maiortranquilidade e se espanta denão poder controlar-se. A mãoavança sem interrupção e con-tra a vontade, enquanto o Espí-rito tiver alguma coisa a dizer, e

Desenho a lápis de uma cesta de bico, instrumento usado nosprimórdios do Espiritismo.

Exemplar atual da prancheta usada nas sessões espíritas do séculoretrasado, possui rolamentos e encaixe para um lápis ou caneta.

A lousa de ardósia foi muito usadanas primeiras comunicações espíri-tas no século XIX.

PARA SABER MAIS:

KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. SãoPaulo: LAKE, 1994. Itens 152-158 e178-181 e notas de rodapé;

KARDEC, Allan. Revista espírita – jornal deestudos psicológicos. Brasília: FEB, 2004.Volume dois (agosto de 1859)