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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 329 | ABRIL DE 2017 FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 329 | ABRIL DE 2017FECH

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“Saiu o Semeador a semearSemeou o dia todo

e a noite o apanhou aindacom as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilosem pensar na colheita

porque muito tinha colhidodo que outros semearam.”

[Mascarados, Cora Coralina]

Ao longo da história humana, é percep-tível uma pauta instigante e inextinguível: a busca por um sentido maior para a existên-cia. Neste percurso, homens e mulheres se lançam no esforço por algo profundo que lhes dê sentido e ofereça alento para sua inconsistente experiência vital. Para nós cristãos, esse sentido profundo e último se encontra revelado pelos olhos da fé. Somos despertados por nossa vivência cotidia-na a desvendarmos nas circunstâncias da vida, com suas vicissitudes, a estabelecer um entendimento alicerçado na confiança perene no Deus que assume a história da salvação e que permanece a agir no dia a dia da humanidade.

Quem destaca a pertinência desta refle-xão é a coluna Opinião ao elencar pensado-res contemporâneos e históricos expandin-

do os olhares para a complexa e múltipla realidade atual, repleta de perspectivas e possibilidades. Mas, será que todas as vias existentes oferecem uma realização pesso-al para seus adeptos?

Para chegar a uma reposta sobre como a fé pode contribuir para o discernimento, a entrevista desta edição traz as declara-ções de uma especialista em Psicologia e Espiritualidade. “Sem a espiritualidade não é possível encontrar o sentido, pois ele se situa nesta dimensão”.

Na coluna bíblica, o tema tratado é a formação dos textos bíblicos a partir da ex-periência de fé do povo hebreu e posterior-mente da comunidade dos seguidores de Cristo. Perceber isso é um modo de com-preender o texto bíblico e sua inspiração divina, mas de modo algum dissociado da

realidade dos fiéis. Esforço realizado nas comunidades pelos presbíteros, diáconos e leigos ao prepararem suas homilias e reflexões nas celebrações litúrgicas. Quais seriam os elementos necessários para a atualização da Palavra de Deus de modo a evangelizar eficazmente?

Incitados pelas palavras e pelo teste-munho do papa Francisco, em seus 4 anos de pontificado, como deveriam manifestar--se os herdeiros do Reino diante da cultura do descartável? Que periferias urgem pela evangelização e pela presença eclesial na atualidade? A questão ecológica definitiva-mente é um dos principais acenos manifes-tados pelo atual papa em seu ministério e instigada pelos bispos do Brasil na Campa-nha da Fraternidade.

editorial

voz do pastor

expediente

Talvez um dos grandes desafios, hoje em dia, seja buscar e dar sentido à vida. Quando falamos em dar e buscar sentido, logo nos remete o pensamento à neces-sária presença de critérios, princípios e verdades fundamentais de onde quer que seja. Por isso estabelecemos metas, objeti-vos para alcançarmos o desejado e, assim, se dão e se constroem os projetos a que nos propomos. Ninguém constrói nada por acaso e ao léu. A grande impressão é que podemos abandonar tudo como se esti-véssemos começando do nada, queremos inventar a roda.

É triste assistir o que estamos vendo, nada sólido, tudo passível de mudança, principalmente quando tomamos atitudes relativistas, “isso já foi, já era”, “estamos numa nova realidade”. Qual realidade? Essa realidade não apresenta mais segu-

rança e muito menos realização pessoal e comunitária. A felicidade e a certeza de que a vida vale a pena, pela amizade, pela família, pelos relacionamentos e até mes-mo pelo trabalho. Como esses valores es-tão desacreditados...

Olhamos com desprezo até mesmo para as crianças, sobre a velhice nos re-cusamos a pensar, as doenças e o sofri-mento cortamos do nosso pensamento. Como buscar e dar sentido ao que somos, fazemos e acreditamos? Todos parecem ter medo e insegurança ao dizer a alguém que tem princípios, fé, que acredita nas coisas simples, puras, verdadeiras e num mundo futuro de fraternidade, respeito, admira-ção. Precisamos devolver ao ser humano aquilo que é de sua essência.

Faz-se necessário acreditar que o ho-mem é gente, criatura, filho de Deus. So-

Diretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorSÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808

Equipe de produçãoDouglas RibeiroJane MartinsJulianne Ribeiro

RevisãoJANE MARTINS

Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160

ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃO

Tiragem3.950 EXEMPLARES

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 Centro - CEP: 37.800-000 | Guaxupé (MG)

Telefone35 3551.1013

[email protected]

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br

BUSCA DE SENTIDO

Dom José Lanza Neto,Bispo da Diocese de Guaxupé

mos irmãos, fomos colocados no coração da Criação. Uma espécie não pode negar e rejeitar a si mesma, ao contrário, deve aperfeiçoar-se. Convicção talvez seja a pa-lavra de hoje, falta essa verdade, muitos falam isso, defendem aquilo, mas não têm certeza e muito menos autoridade para de-fender suas ideias, muitas vezes passadas como verdades absolutas.

O próprio Senhor interroga seus discí-pulos: “vocês querem ir embora também?” No caminho que percorremos temos con-vicções e certezas, apesar dos sofrimentos e dúvidas, mas, como o apóstolo Pedro, po-demos dizer: “Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna”. O profeta Jeremias afirma “maldito o homem que confia no homem e bendito o homem que confia e espera no Senhor”.

2 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Em tempos de caminhos diversificados e de uma ânsia exacerbada pelo imediato, se submeter a realidades

duradouras tornou-se “inviável”, dado que o significado ou o sentido da vida parece estar ligado a uma emoção isolada de momento e nem tanto a uma realidade a ser construída pouco a pouco, possibilitada pelo esforço e pelo sacrifício da luta.

Há uma forma de pensar vigorante na atualidade, que reza que a felicidade é feita de bons momentos e, consequentemente, estaria intimamente ligada ao prazer a ser conseguido em tudo o que se procura ou o que se faz. Desta forma, é de fácil cons-tatação que na concepção da atualidade, dentre tantas outras coisas, o sentido da

vida se baseia no utilitarismo e no egoísmo sem medidas.

Nunca foi tão presente em nosso meio a chamada “cultura do descartável”, per-cebida, principalmente, no ambiente dos relacionamentos que cada vez mais são regidos pela auto-satisfação do que pela doação de si em prol do outro. Posto isto, precisamos reconhecer que nem sempre se busca um sentido ou um significado ou, se se busca, é de forma equivocada.

O teólogo Jung MoSung afirma que sem um sentido último da vida nós não conse-guimos estabelecer uma certa direção para a nossa vida. E, baseado neste pensa-mento, podemos concluir que a vida para ser vivida de fato carece de um coerente

projeto existencial que perpasse todas as dimensões da nossa existência e que seja capaz de permear solidamente todas as nossas decisões. Trata-se de uma opção fundamental.

Nesta perspectiva, precisamos escutar a teologia bíblica e o Catecismo da Igreja que demonstram que Deus, em sua liber-dade divina, criou o ser humano para uma reta participação na sua vida e que, portan-to, o homem é ajudado pela graça a pro-curar, conhecer e amar este Deus (CIC 01) “de todo o coração, com toda a sua alma e suas forças e de todo o teu entendimento”. (Lc 10, 27)

A altíssima vocação do ser humano está na comunhão com Deus (GS 19, 1), sendo

opiniãoFÉ COMO BUSCA DE SENTIDO PARA A REALIDADE ATUAL

assim, o mesmo ser humano primará por orientar seu projeto de vida existencial na direção desta sua vocação maioral. Acredi-tando piamente que a indiscutível e maior definição de Deus é amor, o homem desco-brirá em si mesmo o que São Basílio Mag-no chama de “inclinação ao amor”, ou seja, dentro do ser há uma força que contém a extraordinária capacidade de amar a Deus e que precisamos tomar consciência, nutrir, cultivar e levar à perfeição.

Se Deus, em sua benevolência, convi-da o homem a si, é mister que este mesmo homem viva seus dias terrenos como uma resposta ao chamado de Deus. E a esta res-posta a Igreja chama de fé (CIC 142), como sendo uma forma de se submeter livremen-te a Deus, tomando para si mesmo o proje-to benevolente deste Deus que não faz ou-tra coisa senão tornar livre o ser humano.

O papa Bento XVI, em sua encíclica Spe Salvi, defendeu que a fé equivale à espe-rança e a esperança equivale à fé. E tan-tas vezes já ouvimos e nos disseram que a esperança é aquilo que nos move. Santo Tomás de Aquino, nesta mesma direção, na suma teológica, traduziu esperança como sendo um “impulso rumo ao Bem absolu-to”, o que coaduna com a intuição de Bento XVI, que alega que ter esperança é “sentir--se esperado por Deus”. Trata-se de viver na convicção de que a vida “não acaba no vazio”

Não foi por outro motivo que Deus quis, no sacramento do Batismo, conceder ao ser humano a virtude da fé mas também da esperança, pois, como afirma Vitor Frankl, “ser humano significa dirigir-se para além de si mesmo...”. Neste horizonte, podemos relatar que não fomos criados para viver-mos voltados para nós mesmos. Este dado, para ser aceito, nem precisa da fé, é algo facilmente percebido em nosso ser profun-do, embora também constatamos em nós a conflituosa tendência ao egoísmo, que por vezes nos arranca violentamente do profundo significado do ser pessoa, que é dispor-se de si, mas também é, acima de tudo, dispor-se ao outro.

Neste horizonte que percorremos, nesta abrangente e complexa reflexão, queríamos pura e simplesmente dizer que fomos criados para algo maior do que nós, criados para amar aquele que nos inseriu na dinâmica da vida. Sendo assim, é a fé o melhor princípio para o nosso projeto de vida existencial pois, assim sendo, ele nos levará a desapegar-nos de nós mesmos, li-bertar-nos do utilitarismo e do egoísmo e, consequentemente, podermos abraçar o mistério do sentido da vida, que se não for construído à luz de princípios duradouros, será sempre algo distante de nós, uma vez que estaremos sempre muito ocupados em nos alimentar-nos de nós mesmos. Decido--me a “andar com fé, que a fé não costuma falhar”.

Por padre Glauco Siqueira dos Santos, pároco em Guaxupé

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3

notícias

A Paróquia São José de São Sebastião do Paraíso realizou, de 12 a 19 de feverei-ro, a Semana Missionária. Com o tema “Por uma Igreja missionária e misericordiosa como Jesus Cristo”, a semana foi um des-pertar para o ardor missionário e da vivên-cia do Evangelho de Jesus Cristo que envia os cristãos a anunciar a todos os povos. (cf. Mt 28, 16-20).

No dia 12, durante a missa, presidida pelo padre Gladstone Miguel Fonseca, pá-roco da comunidade, aconteceu o envio de cerca de duzentos missionários do setor que realizaram visitas às casas de toda a paróquia, em um grande mutirão missioná-rio. Mais de 3 mil residências foram visita-das no dia.

No dia seguinte, foram visitadas as escolas do perímetro paroquial, onde os missionários tiveram a oportunidade de dialogar com alunos e professores sobre a missão. À noite, foram presididas missas nos seis regionais com os padres do setor missionário. Na terça feira, aconteceram visitas aos órgãos públicos presentes no território paroquial: Delegacia de Polícia

Entre os dias 5 e 12 de março, aconte-ceu, na Paróquia Nossa Senhora de Fáti-ma, em Alfenas, a Semana Missionária. A programação da semana envolveu todas as nove comunidades da paróquia com orações da manhã e da tarde, visitas mis-sionárias, celebrações da Santa Missa e momentos de partilha.

“Nós vivemos em nossa Diocese, há três anos, as Santas Missões Populares. É um desafio, pois temos que enfrentar nossos próprios limites para irmos ao en-contro dos nossos irmãos. Hoje, se fosse para definir o que são as santas missões, seria: descoberta. Descobrimos melhor o território da nossa paróquia, descobrimos um povo sofrido e sedento, mas também

Após 76 anos de trabalho, as Irmãs da Pro-vidência de Gap encerraram suas atividades em Paraguaçu. Em uma missa celebrada na Paróquia Nossa Senhora do Carmo pelo pároco, padre Edimar Mendes, e com a presença de dez irmãs, foi comemorado o trabalho realizado na educação e no campo pastoral pelas religiosas.

Atendendo ao pedido de Dom Hugo Bressa-ne, bispo de Guaxupé na época, as religiosas se deslocaram de Itajubá para Paraguaçu e funda-ram o Instituto São José, que após funcionar em uma casa provisória da cidade, se instalou de-finitivamente no prédio, onde hoje se encontra instalada a Escola Municipal Luiz de Melo Viana. Por três décadas, de 1941 a 1970, as atividades

Civil, COPASA, Justiça do Trabalho, Fórum e Câmara Municipal. À noite, após a missa, foram enviados os ministros da Eucaristia missionários de cada setor com um peque-no sacrário com o santíssimo para a Vigília.

Na quarta-feira, equipes de missioná-rios partiram para a missão nas comuni-dades rurais. Todas as casas rurais foram visitadas e, ao fim da tarde, aconteceu o grande encontrão das comunidades rurais. Na quinta-feira, os missionários visitaram o Lar Pedacinho do Céu e, à tarde, os padres atenderam confissões dos fiéis.

No domingo, aconteceu a caminhada missionária que saiu da Igreja São José em direção ao Morro do Baú, cantando músi-cas das Santas Missões Populares e rezan-do pela missão, pela família e pela paz. Mais de trezentas pessoas enfrentaram a caminhada e participaram da missa de encerramento na certeza de que a missão é permanente. Padre Henrique Neveston, coordenador diocesano de pastoral, este-ve presente na missa de encerramento e animou a todos para continuarem firmes na missão.

um povo com uma fé inabalável”, afirmou Roseli Men.

É possível perceber a mesma mo-tivação no depoimento de Jorge Damasce-no, leigo da comunidade. “Visitamos uma jovem estudante que veio de fora e estava sozinha na cidade, ela nos acolheu muito bem e, inclusive, nos pediu para voltar mais vezes. Também, visitamos uma senhora que está, há cinco anos, em estado vege-tativo, ela foi para mim a figura de Jesus”.

Na missa de encerramento, o pároco, padre Weberton Magno, concluiu: “A sema-na missionária não termina aqui, que pos-samos continuar vivendo em missão todos os dias”.

das Irmãs de Gap se concentraram na formação educacional e religiosa, sempre evidenciando as virtudes da simplicidade, pobreza, abandono à providência e caridade.

Em 1971, foram convidadas por autoridades políticas da cidade a assumirem as atividades do Colégio São Domingos Sávio, fundado pela congregação dos Salesianos de Dom Bosco, que tinha acabado de deixar Paraguaçu. Neste mesmo ano, o Colégio São Domingos Sávio se transformou na primeira escola pública de ensi-no fundamental da cidade, passando a se cha-mar Escola Estadual Padre Piccinini. A partir de 1990, as religiosas restringiram suas atividades ao campo pastoral e catequético.

Por uma Igrejamissionária e misericordiosa

“A missão não termina aqui”

Irmãs de Gap concluem suas atividades em Paraguaçu

Programação incluiu inserção em entidades públicas

Visitas e partilhas inspiram missionários em Alfenas

Apostolado das religiosas contribuiu para a educação no município

Texto e foto: Pascom São José

Texto e foto: Pascom – Nossa Senhora de Fátima

Texto: padre Edimar Mendes - Foto: Arquivo Pessoal

4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Na Paróquia de São Benedito, em Pas-sos, será realizado o 34º Encontro Dioce-sano das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) entre os dias 28 e 30 de abril. O assessor do evento será o padre Nelito No-nato Dornelas da Diocese de Governador Valadares (MG), articulador das CEBs, gra-duado em Teologia Pastoral na PUC-MG, assessor da Comissão Episcopal Pastoral

Nos dias 11 e 12 de março, a Paróquia São Sebastião e São Cristóvão de Alfenas acolheu o bispo diocesano, dom José Lan-za Neto para sua visita pastoral. Seu itine-rário foi marcado por visitas a locais atendi-dos pela paróquia, reuniões e celebrações litúrgicas.

Iniciou visitando o asilo São Vicente de Paulo, onde observou uma ótima infraes-trutura e um excelente atendimento aos idosos que lá residem. Logo em seguida, visitou a Santa Casa e os locais de hemodi-álise e da oncologia.

À tarde, após o almoço, dom Lanza conversou com membros da comunidade Aliança de Misericórdia e exaltou o traba-lho feito pelas pessoas que ajudam e dão apoio a esse projeto. À noite, celebrou a missa às 19h e depois se reuniu com agen-tes pastorais do CPP e do CAEP paroquiais, dando um enfoque aos trabalhos missioná-rios.

No domingo, celebrou nas comunida-

Estão abertas as inscrições para a Ro-maria Nacional da Juventude 2017, que será realizada nos dias 29 e 30 de abril, no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP). Milhares de jovens são esperados para o evento, que é aberto ao público, e contará com uma programação diversificada.

Promovida pela Comissão para a Ju-ventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com o Santuário Nacional de Aparecida, a 2ª Romaria Nacional da Juventude terá como tema “Maria e a Doutrina Social da Igreja”. A iniciativa integra o projeto #Rota300, que celebra os 300 anos do encontro da ima-gem de Nossa Senhora Aparecida, no Rio Paraíba do Sul.

Os interessados em participar da ro-maria devem se inscrever através do link: https://goo.gl/forms/lWLLYhTRtfOgBtHe2.

para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB e assessor da Semana Social Bra-sileira (SSB).

Os encontros sempre são momentos que fortalecem, motivam os integrantes a continuar na caminhada, proporcionam troca de experiências, crescimento. Neste ano, será aprofundado o tema: “CEBs, pé na estrada, sonho na Utopia do Reino”,

com o lema: “De olho no retrovisor da vida”.

O CARTAZ DO ENCONTRORostos negros, indí-

genas, do trabalhador, da criança e da adolescente. Na enxada, a luta do tra-balhador que busca seus direitos. A festa, no cho-calho e no papagaio; a partilha, nos cinco pães e dois peixes que traz a me-nina; a acolhida, no bule com as xícaras. Tudo bro-tando da Palavra de Deus, a Bíblia e a realidade de nossa região, nas folhas e nos grãos de café, que, secos, torrados e moídos, produzem a bebida agra-dável e que faz acordar.

Para mais informa-ções, basta entrar em contato com a organi-zação através do e-mail ([email protected]) ou pelo telefone (35 3521- 8175).

No momento do cadastro, o usuário deverá fornecer o nome do grupo, da diocese, o estado, a cidade, além de informações pes-soais tais como telefone e e-mail. O evento é totalmente gratuito, sendo que o custo

34º Encontro das CEBs acontecerá em Passos

Visita Pastoral valoriza encontro entre bispo e comunidade

Romaria Nacional da Juventude abre inscrições

Encontro discutirá a inserção da Igreja na realidade social do país Programação deu ênfase a idosos, enfermos e a dependentes químicos em tratamento

Participação no evento é gratuita, exceto gastos pessoais como hospedagem e alimentação

Texto: Padre José Luiz Gonzaga do Prado - Foto: Divulgação

Texto: Renan Brito, seminarista - Filosofia - Foto: Pascom – São Sebastião e São Cristóvão

Texto: CNBB - Foto: Divulgação

com hospedagem e alimentação é indivi-dual.

PROGRAMAÇÃOA programação da Romaria Nacio-

nal contará com tendas de formação das expressões juvenis (movimentos, novas comunidades, congregações, pastorais ju-venis), além de uma “tenda especial” que celebrará os 10 anos do documento 85 da CNBB “Evangelização da Juventude: Desa-fios e Perspectivas Pastorais”; os 10 anos do Projeto Lectionautas e o recém lançado “Docat” – a Doutrinal Social da Igreja para os Jovens.

Nas tendas, os jovens terão oportuni-dade de participar de catequeses com os bispos e de momentos de animação, terço, apresentações teatrais, música, dança e outras atividades. Haverá ainda shows com artistas católicos e vigília.

No último dia, 30, a Romaria será encer-rada com a missa de envio. Após, haverá um encontro, das 10h às 13h, de jovens de grupos paroquiais.

des urbanas São Vicente de Paulo e Santa Rita de Cássia. Em todas as comunidades, o bispo foi recebido com grande festa, ten-do cartazes e mensagens destinadas a ele. Antes das missas da noite, visitou uma fa-mília da comunidade. Em consonância com a Campanha da Fraternidade 2017, visitou uma nascente de água.

Finalizou sua visita pastoral celebrando a Eucaristia às 21 horas. A paroquiana Lu-ciana Estevão Pereira destacou que “rece-ber em nossa comunidade a visita do nos-so bispo foi motivo de muita alegria, uma oportunidade única de buscarmos em suas palavras o caminho a seguir na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e missionária, uma comunidade de saída, uma comunidade perseverante e fiel ao se-guimento de Jesus. Também nos fez refletir sobre a importância de sermos participati-vos e colaboradores do nosso pároco, no desenvolvimento do caminho pastoral de nossa paróquia”.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5

em pauta

referência cultural pra pensar

A BUSCA HUMANA PELO “SENTIDO SE SITUAE PODE SER ENCONTRADO” NA ESPIRITUALIDADE

O DRAMA, A VIDA É BELA EM BUSCA DO SENTIDO

Por Luiz Fernando Gomes, seminarista - Filosofia

Por Luiz Fernando Gomes, seminarista – Filosofia

Lançado em 1997, a Vida é Bela é um filme italiano dirigido e protagonizado por Roberto Benigni. O drama ganhou

três prêmios do Oscar em 1999 nas categorias melhor filme estrangeiro, melhor ator e melhor trilha sonora.

A história do filme acontece por volta dos anos de 1938 e gira em torno do judeu Guido e a professora chamada Dora, que, depois de casados e terem um filho cha-mado Josué Guido, são capturados pela

A busca pelo sentido da vida é uma atitude humana por excelência. Somente os homens se questionam

sobre sua origem e finalidade. Contudo, nos dias atuais é comum encontrar pessoas que não possuem mais razões para viver. Estão vazias, solitárias, sem esperança e não sabem onde encontrar uma saída para sua crise existencial. Cresce o número de suicídios e, como já se sabe, a depressão é uma doença presente na vida de inúmeros indivíduos.

Há um caminho no qual os sujeitos po-dem refazer-se e reconstruir o seu horizon-te de sentido. São três passos importantís-simos que ajudam a todos a perceberem a si mesmos, o mundo em que vivem e se relacionam e a reconstruir o papel de Deus em suas vidas. 1. Perceber-se: significa possuir uma ca-pacidade de autocrítica de reconhecer os excessos, identificando a responsabilidade

Todos os homens buscam a felicidade, para tanto, se esforçam em encontrar um caminho seguro

que lhes proporcione essa realização. Quais caminhos seriam necessários para esta autorrealização e como ela interfere na convivência social? Nesta edição, entrevistamos a psicóloga Leidilene Cristina Pereira, de Pouso Alegre (MG), mestre em Psicologia Clínica e especialista em Psicoterapia Fenomenológico-Existencial.

A busca humana pela realização pessoal é uma marca de nosso tempo. De que modo esse caminho pode contribuir para o de-senvolvimento de homens e mulheres?

Leidilene: Pela minha experiência clíni-ca, eu noto que existem duas coisas que fazem o ser humano sofrer e ver a busca pelo sentido como algo conflitivo. A pri-meira é um movimento no qual a pessoa se esvazia de si em detrimento do outro, colocando sua realização na mão dos ou-tros, fazendo com que atitudes externas a ela sejam responsáveis pela sua felicidade, deixando de lado todo seu poder pessoal. Por outro lado, há um movimento oposto,

perseguição nazista que ocorria na Itália. No campo de concentração, o judeu Guido convence o filho de que tudo que estava acontecendo era apenas um jogo, no qual era preciso seguir as regras para vencer.

O surpreendente desta comovente his-tória é a capacidade de transcender a rea-lidade que Guido possuía. Para amenizar o sofrimento do filho, ele vê, na destruição e na calamidade, um meio de encontrar um motivo pelo qual continuar a lutar.

em que a pessoa é cheia de si e não leva em consideração alguma o outro que está a sua volta, desprezando totalmente a co-laboração do contexto em que vive para sua busca de sentido. Há traços doentios em ambos os lados.

Acho bonita a experiência dos cristãos em contemplar a Cruz, pois ela nos lem-bra de três movimentos que nos ajudam em nossa busca de sentido. O primeiro é a horizontalidade, ou seja, a nossa relação de uns com os outros. O segundo é a ver-ticalidade, a nossa relação com Deus. E o terceiro é o encontro das duas anteriores, o centro da cruz que é o nosso eu. É nesse terceiro movimento de olhar para si mes-mo, em constante diálogo com o outro e com Deus, que o ser humano pode trilhar o caminho em busca do sentido.

Diante de uma realidade tão complexa em que vivemos, como o ser humano deve ser compreendido?

Leidilene: Há diversos teóricos da psico-logia e da filosofia que apresentam o ho-mem como um ser biopolítico, biopsíqui-co e socioespiritual, mostrando, assim, as

dimensões do ser humano. O ser humano tem um corpo, é um ser de relações, tem emoções e uma relação com o sentido. Eu comungo deste pensamento, pois quando um paciente entra em meu consultório, eu sou convidada a olhar para todas essas di-mensões dele e não levar em consideração uma em detrimento da outra. Isso, porque, essas dimensões estão unidas intimamen-te. A busca pelo sentido esbarra na ques-tão de valorizar o ser de forma integral.

De que forma a espiritualidade interfere no processo de construção de sentido da vida?

Leidilene: Ao fazer meu mestrado em Psi-cologia e Religião, eu aprendi a diferença entre espiritualidade e religião. A espiri-tualidade é uma parte constitutiva do ser humano, pois ela é a dimensão pela qual o homem se interroga sobre a sua exis-tência. Já a religião é uma área que existe para os indivíduos que, ao se perguntarem sobre a sua existência, encontram respos-tas em uma instituição, ritos e normas. Fazer essa distinção abriu, para mim, um caminho de compreensão do ser humano,

de mim mesma e dos meus clientes, pois todo ser humano que vai fazer terapia é um ser espiritual, mas não necessariamen-te é um ser religioso. Estou fazendo essa distinção porque é muito bacana quando entendemos que todos nós somos um ser espiritual e que, se cortarmos essa dimen-são, estamos tirando algo que é próprio do ser humano. Sem a espiritualidade não é possível encontrar o sentido, pois ele se situa nesta dimensão.

pessoal pela busca do sentido, mas, ao mesmo tempo, compreender que há a ne-cessidade do outro. 2. Ver sua totalidade: Todos os seres hu-manos são formados por uma tríplice di-mensão: corpo, psíquico e espírito. Quan-do uma é supervalorizada em detrimento da outra há uma fragmentação e a perda da efetividade na realização pessoal. Como ser feliz apenas valorizando o corpo? Ou apenas o psíquico? Não pode haver satisfa-ção pessoal no ser humano enquanto não houver equilíbrio entre suas categorias. 3. Uma vida para além: A transcendência pode ajudar as pessoas a se perceberem, a perceberem o outro, a se reconhecerem limitados e necessitados de algo a mais. Somente uma vida de acordo com o espí-rito pode abarcar a totalidade do ser, pois o espírito contempla o corpo e o psíquico e os lançam para além.

6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

liturgiaHOMILIA, MISTAGOGIA

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Uma breve palavra sobre a homilia. Deve ser sempre mistagogia, introdução ao Mistério, à celebração.

Homilia é palavra grega que significa conversa. Modelo, temos no episódio evangélico dos Discípulos de Emaús. Jesus se aproxima, caminha junto, entra na conversa deles, pergunta, pergunta... Parte da vida, dos acontecimentos, da desilusão e dos sinais de esperança que eles já nem viam. Depois, só depois, ilumina os fatos com a Palavra de Deus. A partir da Lei de Moisés e dos Profetas foi mostrando a coerência entre os fatos e o projeto de Deus. Jesus deveria mesmo se entregar à humilhação e ao fracasso, que eles agora lamentavam. Caminharam um bom tempo, ele mostrando a ligação entre os fatos e a Palavra. Faltava pouco para os dois caírem em si e voltarem à comunidade, voltarem à luta. Jesus entra para ficar com eles e faz, do partir do pão, o Mistério, o sacramento da sua entrega à humilhação e ao fracasso. Os discípulos o reconhecem e voltam.

Assim também a homilia. Deve estar enraizada na vida, na realidade dura do dia a dia, nos sonhos e desilusões, nas lu-tas e fracassos, nas esperanças e vitórias visíveis ou ainda pouco perceptíveis ali, naquele lugar, por aquela assembleia. E deve ser uma conversa, uma fala de coisas

simples que interessam ou preocupam a todos, uma conversa que todos entendam e da qual possam participar.

A explicação do texto bíblico não é uma aula de exegese, mas também não é uma oportunidade para eu dizer tudo o preten-do dizer. Preciso estar bem fundamentado. Aquele texto já foi um espelho a refletir a vida dos primeiros leitores. Preciso, assim, primeiro vê-lo como um espelho para a co-munidade onde foi escrito, em seguida ele

Considerado um dos expoentes da ho-milética em toda a história da Igreja, Padre Antônio Vieira foi um missionário jesuíta do século 17 que, através de seus sermões, denunciava profeticamente os abusos e a exploração dos povos indígenas no Brasil, país onde residiu desde a infância.

SERMÃO DE DIA DE RAMOS“Este é o Deus que padece, estas as

penas e dores que padece, e só resta ver por quem padece. Se a fé me não ensinara outra coisa, cuidara eu que padecia Deus pelo céu, porque vejo o sol eclipsado e coberto de luto; cuidara que padecia pela terra, porque a vejo tremer e arrancar-se de seu próprio centro; cuidara que padecia pelas pedras, porque as vejo quebrarem-se umas com outras e abrirem-se as sepultu-ras; cuidara que padecia pelo Templo de Jerusalém, porque vejo rasgar-se de alto

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

patrimônio espirituala baixo o véu do Sancta Sanctorum [San-to dos Santos, local mais sagrado do Tem-plo]; cuidara que padecia por este mundo elementar, porque vejo confusos, pertur-bados, atônitos e com prodígios de sen-timento e assombro todos os elementos. Mas não são estas as criaturas por quem padece Deus, posto que todas confessam que padece seu Criador; e, com serem irra-cionais e insensíveis, quiseram acabar com ele quando o vêem morrer. Quem são logo aqueles por quem padece o Autor da na-tureza, e por quem morre o Autor da vida? Sou eu, sois cada um de vós, e somos todos os homens. Por nós, e só por nós padece Deus; por nós, e só por nós padece quanto padece. Por nós que, depois de nos criar, o não respeitamos; por nós que, depois de nos sustentar, o não servimos; por nós que, depois de nos remir, o não obedecemos; por nós que, depois de morrer por nosso

amor, o não amamos; por nós que, depois de se pôr em uma cruz por nós, o torna-mos a crucificar mil vezes; por nós que, es-perando-nos assim, e chamando-nos com os braços abertos, não queremos acudir a suas vozes; por nós, enfim, que, sabendo que nos há de julgar, e nos prometeu o céu, se o não ofendermos, queremos antes o in-ferno sem ele, que o céu com ele. (...)

[Nesta Semana Santa] Lembremo-nos de suas dores, lembremo-nos de suas pe-nas, lembremo-nos de suas chagas, e, so-bretudo, lembremo-nos de seu amor. Com esta memória nos levantemos ao amanhe-cer, com esta memória nos recolhamos à noite, e nesta memória gastemos alguma parte dela. Particularmente vos encomen-do muito esta única memória nas igrejas e no correr das igrejas. Grande fraqueza é a dos homens, e grande a astúcia do demô-nio, que até nesta Santa Semana nos arme

será um espelho para a realidade de hoje. E aí se volta à vida. A vida ganha luz e o texto também ganha luz.

As perguntas que colocamos no roda-pé ou outras semelhantes, se discutidas ou refletidas, pretendem ajudar a fazer o caminho da vida para a Bíblia e da Bíblia para a vida.

A homilia, então, não pode deixar de apontar para a semana, para o dia a dia, para a vida vivida e reconduzir, com mais

força, para a luta. Em seguida vem o Mistério. Aquele pe-

daço de vida iluminado pela Palavra será agora celebrado na Eucaristia. A Eucaris-tia é sempre pascal. É memória de morte e ressurreição, de fracasso e vitória, de humilhação e exaltação, de entrega e con-quista. Aí cabe qualquer pedaço de vida. Celebra qualquer situação. Não há uma que fuja disso.

A Eucaristia é sempre eclesial, é coleti-va, é comunitária, é comunhão, é a perfei-ção da comunidade “assim na terra como no céu”, é sacramento, amostra antecipada e força geradora de um mundo novo, onde todos sejam verdadeiramente irmãos. Aí cabe qualquer pedaço de vida.

A Eucaristia é sempre profética, con-dena este mundo “dividido em contínua discórdia”, condena a sociedade gover-nada pela violência da lei do mais forte, o mercado. Reproduzir na própria celebra-ção da Ceia as desigualdades sociais deste mundo, como dizia o Apóstolo Paulo (1Cor 11,29.32.34), é condenar-se com este mun-do, é comer e celebrar a própria condena-ção. Aí cabe qualquer pedaço de vida. Não fica difícil explicitar, em cada conclusão de homilia, como aquele pedaço de vida ilumi-nado pela Liturgia da Palavra é celebrado logo a seguir na Liturgia Eucarística.

laços e no-los teça da nossa própria devo-ção. As igrejas não se hão de correr por ostentação, nem por festa, nem por curio-sidade, nem para ver quem vai, e como vai, e com quem vai, senão para ir com os olhos no chão, e a alma mui dentro em si mesma, considerando que naquele mesmo dia e por aqueles mesmos passos ia Deus com uma cruz às costas a morrer por mim, para que eu não morresse eternamente, e padecendo tantas afrontas e penas, para me livrar das do inferno. Oh! que memória esta para nos tirar tudo o mais da memória! Finalmente, chegados à igreja, haveis de imaginar que chegais ao Monte Calvário — que não é imaginação, senão verdade de fé, porque ali estava realmente o mesmo Cristo — e fazer com efeito o que fizéreis, se então estivera o Senhor na cruz, e o ví-reis com vossos olhos”.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7

bíblia

referência bibliográfica

A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS AO SEU POVO

A BÍBLIA, SUA ORIGEM E SUA LEITURA

A Bíblia é a Palavra de Deus ao seu povo. E os Evangelhos não são diferentes disso, porque são a vida e os ensinamentos

de Jesus, que é a “palavra de Deus que se fez carne e montou sua tenda entre os homens” (Jo 1, 14). Quando as palavras de Jesus se tornaram palavra escrita nos Evangelhos, surgiu nas primeiras comunidades a consciência de possuir, encarnada num livro, a Palavra definitiva de Deus que, na pessoa de Jesus Cristo, se havia tornado presente.

Para os cristãos, as Sagradas Escrituras não contêm somente a Palavra de Deus, aquela Palavra que Deus, em várias ocasiões e de muitas maneiras, havia dirigido aos ho-mens através dos seus mensageiros, sendo o último deles o seu Filho, Jesus Cristo, mas são elas, as mesmas Palavras de Deus, que falam e continuam a falar e agir através desse livro.

As tradições do Antigo Testamento vivem das promessas e das intervenções de Deus e na espera de uma futura intervenção que seria o ápice de Deus agindo na história humana. Já na tradição do Novo Testamento, esse ápice da ação de Deus aconteceu em Jesus Cristo, ressuscitado e Senhor. Por isso, essa tradição tem um caráter definitivo. É definitiva e irrevo-gável a revelação de Deus que se dá em Jesus Cristo e o anúncio posterior que nasce do tes-temunho apostólico e em sintonia com ele.

Assim escreveu o evangelista João: “Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, po-rém, foram escritos para que creiais que Je-sus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20, 30 - 31). Aquele que é testemunha ocular dos fatos ocorridos com o Cristo dá seu relato para alimentar a fé daqueles que não O viram. João deixa claro que a finalidade de seus escritos é suscitar a fé e não somente satisfazer uma curiosidade sobre a vida de Jesus. Assim se

A obra de Johan Konings (2011) contribui para uma compreensão ampliada do itinerário histórico

e eclesial na formação do texto bíblico, se atentando para as nuances de cada livro, inclusive autores, contexto histórico e motivações das comunidades. Este processo ocorre de forma gradativa, pois vão prevalecendo os escritos que possuem uma relação com a fé da comunidade. Em relação à inspiração divina, ela pode ser

Por padre Lucas de Souza Muniz, vigário paroquial em Poços de Caldas

dá a construção narrativa dos textos neotes-tamentários para motivar e alimentar a fé dos seguidores de Jesus. O autor sagrado faz uma seleção significativa de relatos que apresen-tam traços de Jesus ou da vida da comunida-de para mover os leitores a essa fé. E a ade-são a Jesus, o Cristo e Senhor, se traduz em norma de ação e de comportamento.

A grande maioria dos textos bíblicos foi escrita após longa tradição oral e mesmo de-pois de escritos esses textos ainda passaram por mais de uma redação. O que ocorre quan-do algo se transmite oralmente de pessoa a pessoa é que muitas coisas são alteradas (acrescentadas, tiradas, atenuadas, etc.). Mas aquilo que é importante é transmitido. Entre-tanto, detalhes ou coisas que não têm tanta importância vão se perdendo ou já não são transmitidas. Portanto, tudo o que está escrito na Bíblia foi considerado importante e signifi-cativo para a vida das comunidades.

Os acontecimentos foram colocados por escrito justamente porque algo ocorreu, oca-sionando experiência de vida a alguém ou a

entendida em sua profunda ligação com a experiência de fé humana, donde se percebe a ação divina.

O livro oferece uma reflexão clara para a leitura e o entendimento do texto sagra-do, pois retrata a relação de diálogo entre Deus e a humanidade, local privilegiado da ação salvífica. Promove um alerta para que se evite uma leitura fundamentalista e ino-cente do texto bíblico.

O autor se dedica a oferecer informa-

uma comunidade. E foram escritos exatamen-te aquelas tradições orais mais importantes. Os Evangelhos são frutos da fé em Jesus Cris-to vivida concretamente pelos primeiros cris-tãos. Por sua vez, as Epístolas foram escritas como respostas aos problemas que enfrenta-vam as primeiras comunidades, como respos-tas às suas necessidades.

Cada experiência ou acontecimento com Cristo é interpretado por aqueles que o trans-mitem, dando um significado maior a tudo isso. Assim, a interpretação de cada aconte-cimento pode variar entre as diversas comu-nidades cristãs primitivas ou de uma pessoa para outra. Por isso, têm-se quatro evangelhos que são as experiências de cada comunidade interpretada pelo seu escritor, mesmo todos falando sobre Jesus Cristo e sua mensagem. Isso pode ser visto ao se comparar um Evan-gelho com outro, percebendo as semelhan-ças e também diferenças que há entre eles. E essa mensagem é formulada e transmitida em linguagem humana de modo que possa ser compreendida pelos seus destinatários.

Muitas vezes, pode se confundir os acon-tecimentos históricos com os escritos em si. A Bíblia não é um escrito jornalístico que narra fatos como eles são. Por isso, não pode ser lida como um livro de história e de ciência. Tampouco deve se buscar nela respostas “má-gicas” para situações concretas da vida. Ela foi escrita com uma finalidade existencial para a vida dos que a leem. Traz em si uma interpre-tação dos fatos para trazer aos seus leitores uma mensagem de fé e salvação. Diz Eduardo Arens: “Eu leio uma tradução do cânon de es-critos fixados pelas tradições orais, que haviam transmitido experiências ou acontecimentos que haviam sido interpretados” (pág. 55). As-sim, se pergunta se o leitor compreende e se identifica com a mensagem que traz o texto, que é a mensagem que remete a Deus, o reve-lador e inspirador de tais textos e mensagens.

Como dito acima, a Bíblia tem finalidade existencial para suscitar e alimentar a fé. En-tão, se faz necessário conhecê-la e “sabore-á-la” com a leitura diária para escutar e co-nhecer a Deus e a sua vontade. E sempre com atitude de fé, porque ela foi escrita a partir da fé em Deus de uma comunidade. Somente com fé os textos bíblicos podem ser compre-endidos em sua maior profundidade e falar ao coração das pessoas deste tempo.

De tal modo esta palavra de Deus interpela também a uma resposta e a uma prática de fé a todos que bebem desta fonte de espirituali-dade e de vida que, através da vida coerente dos seus leitores com aquilo que encontram nas páginas da Bíblia, realmente esta palavra se torna palavra de salvação e se “encarna” na sociedade de hoje.

Obras que tratam do assunto: A Bíblia sem mitos: uma introdução crítica (Paulus, 2007), de Eduardo Arens e Bíblia, Palavra de Deus: curso de introdução à Sagrada Escritura (Pau-lus, 2008) de Valério Mannuci.

ções detalhadas sobre a contextua-lização histórica, características dos gêneros literários e dados relevan-tes para um autêntico entendimen-to da mensagem bíblica. Para uma leitura que não escape da realidade atual é essencial que se atente para os riscos do fundamentalismo ou uma utilização fragmentada e instru-mentalizada do texto em si.

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

catequese

personagemMONTEIRO LOBATO:PRECURSOR DA ONDA VERDE

CATEQUESE POR UM MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL

“Louvado sejas, meu Senhor”. Com as palavras desse canto franciscano se inicia a encíclica Laudato Si’, na

qual o papa Francisco vem nos dizer que a nossa Casa Comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços. Publicada em 2015, a encíclica lança um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos construindo o futuro do planeta, levando em conta todo o esforço feito por muitos movimentos ecológicos que já percorreram um rico caminho. Mas reflete que ainda há indiferença, acomodação e falta de solidariedade universal no esforço para com o cuidado da criação. A intenção do pontífice é que esta encíclica ajude a reconhecer a grandeza, a urgência e a beleza do desafio que temos pela frente em se tratando da questão ecológica. Nela o papa faz uma breve resenha dos vários aspectos da atual crise ecológica, com o objetivo de assumir os melhores frutos da pesquisa científica, deixar-se tocar por ela em profundidade e dar uma base concreta ao percurso ético e espiritual seguido. A partir dessa panorâmica, retoma algumas argumentações que derivam da tradição judaico-cristã, a fim de dar maior coerência ao nosso compromisso com o meio ambiente.

Diante de um tema tão rico e urgente a Igreja passou a questionamentos cada vez mais concretos. Sintoma disso é o fato de que as Campanhas da Fraternidade de 2016 e 2017 focaram na questão ecológica. Mas, mesmo assim, muitos cristãos, leigos e clérigos, não parecem ter ainda aderido à questão com a atenção que ela merece. Pensando nisso foi que surgiu em 2015 em Guaxupé a Pastoral da Sustentabilidade, visando inicialmente ao estudo e divulgação da Laudato Si’, estenden-

A utor bastante conhecido do público brasileiro, Monteiro Lobato foi um escritor que se

dedicou a discutir a problemática ambiental e também o consumo irresponsável. E essa análise data da primeira metade do século 20, quando se refletia muito pouco sobre a preservação dos recursos naturais.

Quem destaca sua importância é a historiadora Elenita Malta Pereira. “A partir de seu olhar crítico, guiado pela

Por José Oseas Mota, catequista e integrante da Pastoral da Sustentabilidade, em Guaxupé

Da Redação

lente do nacionalismo, Lobato tocou nos problemas ambientais mais impor-tantes da época em que viveu. Já havia poluição e destruição da natureza nos anos 1920; ela se intensificou ao longo do século pelo desenvolvimento sem controle da indústria, pela falta de pla-nejamento urbano e pelos estímulos ao consumo desenfreado, até chegar aos níveis que somos obrigados a suportar hoje”.

Além da obra dedicada ao públi-

do-se sua ação para práticas que envolvam as comunidades em ações de preservação e/ou recuperação ecológicas.

Esta Pastoral surgiu com perspectiva ecu-mênica e traz como plano de atuação as se-guintes ações: cursos e oficinas com jovens abordando temas ecológicos; palestras para as comunidades escolares e paroquiais de Guaxupé e região; eventos voltados para se-minários; plantio de árvores nativas e frutíferas e cultivo da crotalária, leguminosa que atrai libélulas predadoras naturais do Aedes Ae-gypti; disponibilização de recipientes para ar-mazenar óleo usado, evitando, assim, que seja descartado de forma inadequada no comércio ambulante; projeto Horta do bem, que visa o cultivo de plantas e ervas medicinais em resi-dências, terrenos e unidades escolares.

Por isso convocamos a todos os cidadãos de nossas cidades e, especialmente, aqueles que têm a consciência da importância da pre-servação da grande obra das mãos do Criador para a própria sobrevivência de nossa espécie. Não é mais possível vermos a natureza como

algo que está aí simplesmente para ser explo-rado, para ser dominado. Durante muito tem-po se entendeu o dominai bíblico como uma licença para se utilizar dos bens da terra como bem se quisesse, criando-se uma justificativa para a ganância de pessoas que não queriam entender o verdadeiro sentido desse termo, o de cuidar. Dominar é ter sempre e, para se ter, o cuidado com nossa casa comum é funda-mental. Já não temos mais tempo para discutir se isso é necessário ou não, já não há mais escolha entre se devo ou não me preocupar com a questão ecológica. O tempo é agora. Há dez anos se fazia previsões catastróficas para o planeta que deveriam acontecer em meio século. Pois bem, as previsões se mostraram otimistas demais. O agora já apresenta sinais inegáveis de que o planeta pede socorro, o que somente o ser humano, através de uma metanoia (mudança de mentalidade) pode re-alizar.

Diante do aqui exposto, pergunto: qual será nossa atitude em relação à Criação de Deus, enquanto cristãos? Em relação ao pla-

neta, enquanto habitantes dele? Em relação às comunidades onde vivemos, enquanto mem-bros delas? E enquanto catequistas, estamos procurando nos conscientizar sobre o assunto e nos preocupando em levar a discussão aos nossos catequizandos? Já procuramos nos informar sobre o tema da Campanha da Fra-ternidade desse ano? O que sabemos sobre os biomas brasileiros? Agora cabe a cada um se fazer essas perguntas e procurar saber mais sobre esses assuntos para, assim, podermos conscientizar nossas crianças, jovens, adultos e suas famílias, para realmente podermos fa-zer a diferença.

É inegável o alcance que nossas ações po-dem ter. Dentro de nossas comunidades, atin-gindo famílias inteiras, vizinhos, “pondo a mão na massa” para servirmos de exemplo para aqueles que poderão engrossar o grupo dos que trabalham para a salvação do planeta e, por conseguinte, da preservação da vida como um todo, humana ou não.

Nesse momento me recordo de São Fran-cisco de Assis e de toda a atenção que ele dispensava à “irmã natureza”. Que possamos refletir sobre a espiritualidade do patrono da Ecologia para que, assim, iluminemos nossas ações. Uma coisa é certa: podemos mesmo não tomar medida nenhuma, mas também podemos nos conscientizar e agir em prol do planeta. Uma dessas atitudes pode nos salvar; a outra só apressará o nosso fim.

Quer saber um pouco mais sobre a Pasto-ral da Sustentabilidade? Acesse: sustentabili-dadeguaxupe.blogspot.com. Ou venha conhe-cer pessoalmente o projeto nas reuniões que ocorrem sempre no primeiro sábado de cada mês, às 15 horas, no Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé (Unifeg).

co infantil, que valoriza a diversida-de cultural e ecológica do Brasil com os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, Lobato produziu livros que oferecem ao leitor uma reflexão sobre os métodos utilizados na agricultura e exploração de minerais. Em dois con-tos de Urupês, Velha Praga e Bucólica, o autor se apropria de uma linguagem ácida para criticar a prática das quei-madas e a poluição das cidades.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9

missãoA MISSÃO DA IGREJA E A RELAÇÃOCOM AS INSTITUIÇÕES CIVIS EM NOSSAS CIDADES

Por padre Gladstone Miguel da Fonseca, pároco em São Sebastião do Paraíso - Imagens: PASCOM – São José

Quando o Senhor Deus dá a Abrão a ordem de sair de sua terra e ir para outra onde Ele, o Senhor,

indicaria, junto com a promessa de fazer de sua gente uma grande descendência, dá, na verdade, uma missão para Abraão: formar o povo de Deus. Quando Moisés também é enviado para guiar a saída do povo escravizado no Egito rumo à terra prometida, Deus também dá a Moises a missão de guiar o povo de Deus. Quando Jesus, o missionário enviado do Pai, faz história em nosso meio, teve a grande missão de anunciar o Reino do Pai e a boa notícia – o Evangelho. Hoje perguntamos: qual a missão da Igreja? Creio que podemos inferir que é continuar a missão antes iniciada, por Abraão, Moisés, Jesus... fazer deste povo de Deus um povo de irmãos, capaz de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Tudo isso não sem um esforço extraordinário e não com apenas um líder, mas num esforço conjunto e orquestrado de toda a sociedade, de toda a Igreja também.

Na experiência da semana missioná-ria realizada recentemente na Paróquia São José, em São Sebastião do Paraíso, além das visitas nas casas, aos doentes, encontros com crianças, com jovens e celebrações várias, tivemos a oportu-nidade de também dialogar com vários setores da sociedade, visitando e con-

versando sobre nossa missão, enquan-to pessoas que desejam viver em uma sociedade justa, solidária, fraterna. E foi pensando assim que visitamos institui-ções civis como: sede da Polícia Civil, Justiça do Trabalho, Fórum, COPASA, Câmara Municipal e escolas públicas e privadas. Nestas visitas valorizamos o tema missão. Qual a nossa missão? Olhando para a missão do Cristo que foi anunciar o reino do Pai e o amor, o que podemos fazer enquanto cidadãos, trabalhadores de áreas que atendem a grande número de pessoas, para sair-mos desta crise existencial e moral? Não

creio que a missão é apenas da Igreja, mas penso que a Igreja pode e deve ilu-minar, lançar sementes fora também de seu ambiente – a igreja.

Não se se trata aqui de atrelamen-to, isto seria terrível. Mas, na liberdade de ser Igreja, dialogar com tais setores para que juntos encontremos caminhos. Dará frutos a ação ocorrida? Não é esta nossa preocupação, a nossa missão é lançar sementes. Em meio a tanta coisa que ouvimos, tanta corrupção em gran-de ou pequena escala, se uma pessoa que ouve, que participa, que dialoga, num momento desses assume a ideia, já

é alguma coisa. Creio que se um pode estragar muita coisa, um também pode provocar mudanças para o bem de to-dos. E o clima de respeito, de diálogo ali travado, foi motivo de dar esperança de que não estamos só quando sonhamos com esse mundo de irmãos, em que as pessoas tenham vida digna, sejam vistas como imagem e semelhança de Deus.

Quando perguntamos se estão fe-lizes com o mundo em que vivemos e em que este pode ser melhor, todos são unânimes em responder que as coisas não podem continuar como estão, com deteriorização e degradação da vida hu-mana, numa sociedade em que o lucro e a esperteza são mais valorizados do que as pessoas, e em nome de uma su-posta “vida melhor” é permitido passar por cima de pessoas e de valores antes vistos como sagrados, tudo isso é repul-sivo. Por isso que na missão vale a pena também visitar e dialogar com as insti-tuições civis de nossas cidades. Sem grandes pretensões, apenas pensando na missão da Igreja de anunciar, de lan-çar sementes e de ser sal e fermento na massa. Quem sabe assim daremos sabor à vida e faremos crescer o sonho de uma Igreja e de uma sociedade mais missionária e misericordiosa como Je-sus Cristo...

testemunho missionárioA MISSÃO DE CADA UM DE NÓS

No mundo, todos nós temos uma Missão a cumprir! Hoje vim falar sobre a minha missão que quero

muito cumprir. Desde muito pequeno dizia que queria ser padre até que um dia recebi um chamado muito forte. Foi aí que confirmei minha vocação!

Em um retiro de coroinhas e acólitos em 2015, fui ao sacrário e lá fiz minhas ora-ções. Quando fui rezar o Pai-Nosso, de re-pente, ouvi uma voz suave: “Gean, me siga e proclame minha Palavra”. Sempre ajudo na Igreja, mesmo com algumas dificulda-des, porque eu moro a 15 km da cidade e mesmo assim participo de reuniões, mis-

sas, retiros e procissões. Hoje em dia participo do movimento

das Santas Missões Populares em Nova Re-sende. E meu sonho é ser padre redentoris-ta para levar o Evangelho aos mais pobres, abandonados e excluídos da sociedade. E eu luto com minha comunidade para ser animada e viva. Nunca perdi a esperança e nunca vou perder! E ainda prometi a Deus e a mim mesmo que não vou para o semi-nário enquanto minha comunidade não es-tiver animada e viva. Este foi meu testemu-nho vocacional. E deixo um convite a todos os jovens para que sigam o caminho certo. É isso que eu deixo a vocês! Até a próxima!

Por Gean Aparecido Madeira, 12 anos, reside

em Nova Resende

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

atualidadeFRANCISCO: “PEÇO-LHES QUE REZEM AO SENHOR PARA QUE ME ABENÇOE”

Da Redação

Há pouco mais de 4 anos, fiéis católicos de todo o mundo acompanharam na Praça de São

Pedro ou pelos meios de comunicação a eleição do primeiro Papa latino-americano, assim como o primeiro jesuíta a ocupar a Cátedra de Pedro. Com um discurso bem humorado, era apresentado ao mundo o Papa Francisco, nome escolhido pelo cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, no dia 13 de março de 2013.

Desde então, suas atividades têm de-monstrado sua identidade e sua peculiari-dade ao reger a Igreja Católica. No mesmo ano de sua eleição foi escolhido pela re-vista americana Time como personalidade do ano por sua influência não somente nos setores católicos mas também entre os não-crentes.

Desde então, Francisco já canonizou 833 santos e beatificou quase mil pesso-as. As 17 viagens internacionais levaram o pontífice a 24 países, incluindo o Brasil, na Jornada Mundial da Juventude em 2013. Além de duas encíclicas (Lumen Fidei e Laudato Si’), de duas exortações pós-si-nodais (Evangelii Gaudium e Amoris Laeti-tia), o papa já proferiu 787 discursos e 215 homilias, assinou 16 constituições apos-tólicas, 99 cartas, 38 cartas apostólicas e 18 motu proprios. Já foram realizadas 168 audiências gerais e presididas 367 cele-brações litúrgicas na Casa Santa Marta, no Vaticano. Em 2015/2016, promoveu o Ano Extraordinário da Misericórdia.

Confira agora uma seleção de temas e pensamentos de Francisco sobre a fé, a atitude cristã e postura da Igreja no mundo atual.

AUSTERIDADE“Cada um deve viver como o Senhor lhe

pede que viva. A austeridade, uma austeri-dade geral, creio que seja necessária para todos, para todos aqueles que trabalham no serviço da Igreja. Há muitas tonalidades de austeridade, cada um deve procurar o seu caminho.” (Entrevista Coletiva à im-prensa 31.7.2013)

ALEGRIA“Os desafios existem para serem supe-

rados. Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança. Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (Evangelii Gaudium 109)

DIÁLOGO“O diálogo permite conhecer e enten-

der as recíprocas necessidades. Primeiro, demonstra um grande respeito, porque co-loca as pessoas em um comportamento de abertura recíproca, para receber os aspec-

tos melhores do interlocutor. Além disso, o diálogo é expressão de caridade, porque, mesmo não ignorando as diferenças, pode ajudar a buscar e compartilhar caminhos em busca do bem comum” (Evento no Palá-cio Apostólico 11.3.2017)

ESPERANÇA“A esperança, esta virtude humilde, a

virtude que escorre por baixo da água da vida, mas que nos sustenta para não nos afogarmos nas muitas dificuldades, para não perdermos o desejo de encontrar Deus, de encontrar aquele rosto maravilho-so que todos nós vamos ver um dia: a espe-rança.” (Missa em Santa Marta, 17.3.2016)

CONVERSÃO

“A todos nós, a cada um de nós, fará bem, hoje, pensar se há algo de vida dupla em nós, de parecer justos. Parecer bons fiéis, bons católicos, mas por baixo fazer outra coisa; se há algo de vida dupla, se há uma confiança excessiva: O Senhor me per-doará tudo. Então, continuo. Ok! Isso não é bom. Irei me converter, mas hoje não! Ama-nhã. Pensemos nisso. Aproveitemos da Pa-lavra do Senhor e pensemos que o Senhor nisso é muito duro. O escândalo destrói.” (Missa em Santa Marta 23.2.2017)

FAMÍLIA“Nenhuma família é uma realidade

perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo ama-durecimento da sua capacidade de amar.

(…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mes-mos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avan-cemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não re-nunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (Amo-ris Laetitia 325).

ANÚNCIO“Uma pastoral em chave missionária

não está obsessionada pela transmissão desarticulada de uma imensidade de dou-trinas que se tentam impor à força de insis-tir. Quando se assume um objetivo pastoral e um estilo missionário, que chegue real-mente a todos sem excepções nem exclu-sões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais neces-sário. A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiosa” (Evangelii Gaudium 35).

MISERICÓRDIA“Precisamos sempre de contemplar o

mistério da misericórdia. (...) Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos since-ros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o cora-ção à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pe-cado” (Misericordiae Vultus).

ENCONTRO “Estamos acostumados com a cultura

da indiferença e temos que trabalhar e pe-dir a graça de fazer a cultura do encontro, do encontro fecundo que restitui a todas as pessoas a própria dignidade de filhos de Deus. Nós estamos acostumados com esta indiferença, quando vemos as calamida-des deste mundo ou as pequenas coisas: “Mas que pena, pobres pessoas, como so-frem”, e ir adiante. Se eu não ver – não é suficiente ver, mas olhar – se eu não paro, não olho, não toco, se não falo, não posso fazer um encontro e nem ajudar a fazer a cultura do encontro” (Missa em Santa Mar-ta, 13.9.2016).

TERNURA “Nossa revolução passa sempre pela

ternura, pela alegria que sempre se torna proximidade e compaixão, e nos leva a se envolver e a servir, à vida dos outros” (Visi-ta à Cuba, setembro de 2015).

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11

comunicaçõesaniversários abril

agenda pastoral

atos da cúria

coleta da solidariedade

Natalício02 Padre Francisco Clóvis Nery 02 Padre José Maria de Oliveira02 Padre Nelson Fernandes de Oliveira 08 Padre Reginaldo da Silva 11 Padre Weberton dos Reis Magno16 Padre Riva Rodrigues de Paula17 Padre Pedro Meloni Neto 18 Padre Gentil Lopes de Campos Júnior20 Padre José Hamilton de Castro 22 Padre Janício de Carvalho Machado

1 Encontro com Formadores das SMP para Estudo do Evangelho de Mateus - Guaxupé Reunião Diocesana de Comunicação - Guaxupé2 Reunião GED preparatória da AR - Cursilho5 Reunião da Pastoral Presbiteral - Guaxupé6 Reunião do Conselho de Formação Presbiteral - Guaxupé8 Reunião Diocesana da Pastoral da Criança - Poços de Caldas Reunião do Conselho Diocesano do ECC na Paróquia Nossa Senhora das Graças - Passos

22 Padre Reinaldo Marques Rezende 23 Padre Francisco Carlos Pereira 23 Padre Rodrigo Costa Papi 25 Padre Denis Nunes de Araújo26 Padre Eder Carlos de Oliveira 28 Padre Sandro Henrique Almeida dos Santos29 Padre Júlio César Agripino

Ordenação08 Padre José Augusto da Silva 12 Padre Arnoldo Lourenço Barbosa

9 Domingo de Ramos – Dia da Coleta Nacional da Solidariedade14 Paixão do Senhor – Coleta – Lugares Santos16 Páscoa do Senhor21 Tiradentes22 Ordenação Presbiteral – Diácono Paulo Rogério Sobral – Campestre23 Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor Cássia28 - 30 34º Encontro Diocesano de CEBs - Passos26/4 - 5/5 55ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida – SP

• Provisão nº 02/07- Livro nº 12 –Folha 29v.- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Padre Maurício Marques da Silva, no dia 18 de fevereiro de 2017, da Paróquia São João Batista de São João Batista do Glória (MG).

• Provisão nº 03/08- Livro nº 12 –Folha 30- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Padre Eduardo Pádua Carvalho, no dia 19 de fevereiro de 2017, da Paróquia São João Bosco em Poços de Caldas (MG).

• Provisão nº 04/09- Livro nº 12 –Folha 30- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Padre José Ronaldo Rocha, no dia 19 de fevereiro de 2017, da paróquia Nossa Senhora de Fátima em Passos (MG).

12 Padre José Maria de Oliveira 13 Padre Aloísio Miguel Alves 16 Padre Luiz Januário dos Santos 16 Padre Francisco dos Santos22 Padre José Carlos Carvalho 24 Padre Graziano Cirina 28 Padre Marcelo Nascimento dos Santos 28 Padre Donizetti de Brito28 Padre Henrique Neveston da Silva 28 Padre Reginaldo da Silva

• Provisão nº 03/10- Livro nº 12 –Folha 30.- Concedendo a Provisão de Administrador Paroquial ao Revmo. Padre Edson Alves de Oliveira, no dia 21 de fevereiro de 2017, da Paróquia São José Operário em Guaxupé (MG).

• Provisão nº 04/12- Livro nº 12 –Folha 30.- Concedendo a Provisão de Administrador Paroquial ao Revmo. Padre Claudemir Lopes, no dia 03 de março de 2017, da paróquia Nossa Senhora das Graças em Poços de Caldas (MG).

• Provisão nº 05/13- Livro nº 12 –Folha 30.- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Padre Sidney da Silva Carvalho, no dia 04 de março de 2017, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário em Guaxupé (MG).

A Coleta da Solidariedade é sempre realizada no Domingo de Ramos, que neste ano será no dia 9/abril,

onde nesta ocasião todo o dinheiro que é arrecadado nas missas do dia é dividido entre o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS) e o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), onde o FDS fica com 60% dos recursos, que são destinados a todos os projetos sociais da própria comunidade diocesana,

já os outros 40%, o FNS reverte no fortalecimento da solidariedade entre as diversas regiões do país. É um belo gesto da comunidade, podemos chamar de um gesto generoso, onde todo o valor arrecadado com essas doações, a comunidade envolvida ajuda a igreja a desenvolver projetos de proteção humana e também a sustentar a ação pastoral.

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ