jj8083jfk-gru jj8080gru-jfk - revista flapo travesseiro de pena de ganso dão o toque final. café...

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OPINIÃO DO PASSAGEIRO GRU-JFK JFK-GRU Texto e fotos: Gianfranco Beting A TAM conquistou a primazia na aviação brasileira por diversas razões. Seu grande diferencial, inegavelmente, foi a atenção dedicada ao passageiro. Venha voar conosco na primeira classe da companhia e você entenderá por que, com pouco mais de 30 anos de história, a TAM hoje ocupa a posição de empresa de bandeira do Brasil. A noite de 23 de janeiro era calma e chuvosa, como a maioria das noites do verão 2007, o mais chuvoso das últimas décadas no sudeste brasileiro. Apresentei-me no balcão de check-in da classe executiva da TAM. Finalmente iria experimen- tar o “jeito TAM de voar” para a Big Apple, a cidade de Nova York. Ao entregar meu bilhete, uma agradabi- líssima surpresa: fui convidado pela empresa para voar na primeira classe. Um sonho antigo, pois somente havia experi- mentado (e aprovado) a classe executiva em vôos intercontinentais da TAM. Fui conduzido para uma sala dedicada ao atendimento da primeira classe, localizada logo depois da calçada, em frente ao terminal, antes mesmo de entrar no saguão principal. Ao cruzar as portas de vidro, foi como entrar num oásis. Um ambiente calmo, elegante, finamente decorado. O padrão de atendimen- to e a atmosfera na sala estavam mais para JJ8080 JJ8083 Flight Check TAM - Gianfranco.p65 5/2/2007, 17:18 2-3

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  • O P I N I Ã O D O P A S S A G E I R O

    GRU-JFK

    JFK-GRUTexto e fotos: Gianfranco Beting

    A TAM conquistou a primaziana aviação brasileira pordiversas razões. Seu grandediferencial, inegavelmente,foi a atenção dedicada aopassageiro. Venha voarconosco na primeira classe dacompanhia e você entenderápor que, com pouco mais de30 anos de história, a TAM hojeocupa a posição de empresade bandeira do Brasil.

    A noite de 23 de janeiro era calma echuvosa, como a maioria das noites do verão2007, o mais chuvoso das últimas décadas nosudeste brasileiro. Apresentei-me no balcãode check-in da classe executiva da TAM.

    Finalmente iria experimen-tar o “jeito TAM de voar”para a Big Apple, a cidadede Nova York.

    Ao entregar meubilhete, uma agradabi-líssima surpresa: fuiconvidado pela empresapara voar na primeiraclasse. Um sonho antigo,pois somente havia experi-mentado (e aprovado) aclasse executiva em vôosintercontinentais da TAM.

    Fui conduzido parauma sala dedicada aoatendimento da primeiraclasse, localizada logo

    depois da calçada, em frente ao terminal,antes mesmo de entrar no saguão principal.Ao cruzar as portas de vidro, foi como entrarnum oásis. Um ambiente calmo, elegante,finamente decorado. O padrão de atendimen-to e a atmosfera na sala estavam mais para

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    O PT-MVL prontopara embarquee para voar 7.636quilômetros até oAeroporto Kennedy.

    Muitas opçõesde revistasa bordo, tantobrasileiras comoestrangeiras.

    O busto docomandanteRolim na salaVIP da TAM:legado deexcelênciana prestaçãode serviços.

    A necessaire eseu conteúdo:completae compacta.

    Lounge deprimeira classeda TAMem Guarulhos:um óasis.

    As refeições,todas elas,foram muito bemapresentadas.

    um banco de investimentos do que para umsaguão de aeroporto: tratamento cortês,discreto e ágil. As malas “desapareceram”de vista instantaneamente. Numa questão desegundos estava com meu cartão de embar-que. Mal deu tempo de tomar a bebida euma funcionária, Amábile Coelho (sim, onome ajuda) apareceu para me acompanharaté a sala VIP da empresa, outra cortesiaque é padrão no serviço da TAM e que nãopassou despercebida.

    Minutos depois entrava na sala VIPda empresa. A decoração é questionável,mas não deixa de ser… surpreendente.Bastante diferente da maioria das outrassalas VIP que já conheci. A começar pelopiano de cauda, onde uma pianista executa-va standards com suavidade. Um busto docomandante Rolim, sorridente como semprelembraremos dele, dominava o salão.Espalhada pelas paredes, em estantes devidro, uma notável coleção que reuniadesde instrumentos usados por aeronavesantigas a troféus e prêmios conquistados

    pela TAM ao longo de sua vitoriosa trajetória.A combinação da inefável imagem do

    comandante Rolim com o som do piano aovivo me fez lembrar do fortíssimo DNA deserviços da empresa. Um patrimônio que aTAM trabalhou por décadas para estabelecer.Um legado, e um desafio em meio ao caosinstalado na aviação brasileira, para a empre-sa preservar. Uma missão que não tem fim.Que exige perfeita execução em cada contatoentre seus funcionários e o público.

    Ao entrar na sala, a atendente meinformou que o embarque seria feito confor-me minha conveniência: antes que os outrospassageiros ou no último instante. Essadecisão é mais um toque de personalizaçãode serviço e é padrão no atendimento daprimeira classe. Optei por embarcar antes:para mim, quanto mais tempo dentro de umavião, melhor. Na realidade fui o primeiro aembarcar no PT-MVL, mais novo A330 emoperação na frota da empresa. Como erade se esperar, estava impecável. A aeronaveparecia saída de fábrica, o que, de fato,

    ocorreu em 28 de outubro de 2005, quandofoi entregue em Toulouse. Fui recebido comcortesia e gentileza, o que aliás é comum nosjatos da companhia, indistintamente, emtodas as classes. Ocupei meu assento, 1K,primeira fileira, e aguardei o embarque.

    Nosso horário previsto de saída era 22h45,mas quando chegou a hora as portas do PT-MVL permaneciam abertas. Na verdade,o vôo acabaria por sair bem depois do horáriopublicado de partida. O push-back foi dadoàs 23h17, já com 32 minutos de atraso emrelação ao STD (Schedule Time of Departure),22h45. O A330 foi tratorado à sua posiçãopara táxi, os motores acionados e… nada.Finalmente, às 23h47, o comandante do vôoexplicou aos passageiros que o PT-MVL tinhauma pane. Havia uma indicação de “low fuelpressure” no motor nº 1. Apesar do motorgirar normalmente e da tripulação ter tentadovárias vezes descobrir a origem da indicação,não foi possível retificar o defeito. O relógiomarcava 23h47 quando o PT-MVL foitratorado de volta ao portão. Portas abertas, a

    tripulação recebeu a bordo um mecânico que,em pouco minutos, entrouna baia de aviônicos, localizada sob oassoalho do cockpit. O mecânico religou oscomputadores e aí comprovou-se que nãohavia problema algum com o motor nº 1 doPT-MVL: a indicação era falsa. Já passavada meia-noite quando finalmente as portasforam novamente fechadas e o A330 chamouo controle de solo. À 0h22, fomos tratoradosnovamente. Motores acionados, tudocerto, iniciamos o táxi à 0h26. Decolamosquatro minutos depois da pista 09L deGuarulhos, entrando rapidamente dentro dacamada de nuvens.

    A bordo, os 169 passageiros, tão logoestabilizamos, receberam as atenções de 11comissários (as), que rapidamente trataramde servir o jantar. As refeições na primeiraclasse não têm horário determinado pelaempresa, mas sim pelo passageiro, que podeescolher o que comer e, sobretudo, quandocomer. Outro toque importante que refleteuma filosofia básica de serviço escolhida pela

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  • O sol desponta aleste, enquanto oPT-MVL negociao pesado tráfegona aproximaçãode JFK.

    O A330 éorientado paraatracar noportão 22,encerrandoo vôo JJ8080.

    O lounge da VirginAtlantic, usado pelospassageiros da TAMem Nova York, tematé um restaurante.

    Telefone,entretenimentoe comunicaçãocom oscomissários:tudo operadopelo comandomultifunçãolocalizado nobraço da poltrona.

    O carregamentode carga acaboupor atrasar asaída dovôo JJ8083.

    Fechando umjantar excelente:queijos, docese frutas.

    TAM: a personalização.Na verdade, não seria muito difícil esco-

    lher, devido ao avançado horário: com oatraso de quase duas horas em relação aoSTD, queria mesmo jantar o mais rápidopossível para me esparramar pelo assento-cama, com 180 graus de inclinação. Assim,logo que estabilizamos a 36.000 pés, partipara o ataque. O cardápio é assinado pelochef Jean Paul Bondoux. Já conhecia eadmirava a clássica cozinha desse francêsradicado em Buenos Aires, onde comandao impecável restaurante do Hotel Alvear.Bondoux também tem uma casa em Puntadel Este, Uruguai, a belíssima La Bourgogne.Esses dois restaurantes são uns dos poucosque conquistaram a distinção de pertencer àcadeia Relais e Chateaux na América do Sul.

    Na primeira classe do vôo JJ8080 haviaduas opções de entrada. Um gazpachocom pesto de rúculas ou camarões com umacompota de limão e echalotes (pequenascebolinhas) que, por sinal, estavam sublimes.Depois, foi servido um sorbet de limãoe aguardente para “quebrar” o vigor dainusitada entrada. Em seguida, passei non-stop por uma sopa de ervilhas e depoisescolhi entre quatro opções de prato principal:

    um surubim ao molho de manga, acompa-nhado por batatas, azeitonas, tomate seco etimbale de vegetais, receita de inspiraçãobrasileira; havia ainda um filé de frangoao estilo indiano, com compota de mangae passas, arroz selavagem e vegetais aovapor; uma massa, quadratini recheado decarne-seca e mandioca, com duas opções demolho (tomate ou cremoso de queijo);e, finalmente, minha escolha: costeletas decordeiro com molho oriental, couscous dedamasco e limão. Estava muito boa, carnemacia e saborosa, couscous delicado e noponto certo.

    Váris opções de sobremesas: destaquepara uma terrina de chocolate com amêndoasao molho de framboesas; uma variedade dechocolates, sorvetes e frutas frescas. Umatábua de queijos (brie, cabra, gorgonzola,parmesão e reino) acompanhou os licores ecafé. Quando a refeição terminou estavarealmente satisfeito: as porções servidas eramdelicadas, sem exageros, servidas em pratosde porcelana japonesa Narumi.

    A carta de vinhos é assinada pelo expertArthur Azevedo, presidente da AssociaçãoBrasileira des Sommeliers. Os vinhos estavammuito bons, embora não houvesse opções nosbrancos. O champagne francês era umDrappier La Grande Sendrée. O vinho brancoera um Viu Manent Sauvignon Blanc do vale

    de Colchagua, Chile. Entre os tintos, destaquepara um espanhol muito bom, o Jacques eFrançois Lurton “El Albar Excelência” de Toro.Um bordeaux (Château Le Grand Verdus)e um chileno (Domus Áurea, Maipo) comple-tavam as escolhas. Ao final, achei a cartasucinta e inteligente, um fino balanço decepas do novo mundo com regiões maistradicionais. A variedade decepcionou.Afinal, espera-se numa primeira classe aomenos duas, senão três opções de vinhosbrancos. Um ponto que a TAM poderia reverno seu catering.

    Quando a refeição terminou, já estávamosalém de Brasília. Restavam ainda mais oitohoras de vôo, aproximadamente. Foi otempo de dar uma passadinha no banheiro eretornar ao assento, rapidamente convertidoem cama pela tripulação. Além de receberum confortável pijama, recebi chinelos e umkit de conveniência bastante completo.Um belo travesseiro de pena de ganso, lençolmacio e edredom fofinho formavam umaverdadeira cama. Para dormir profundamentefoi apenas uma questão de minutos.

    Acordei naturalmente cinco horas depois,bastante descansado. Um café completíssimo

    foi servido com graça e elegância pela purserdo vôo, Zarrarah. Ela e mais uma colega,Dominic, tomavam conta da primeira classe,que tinha seis dos sete assentos ocupados.Mais três comissários cuidavam da classe exe-cutiva e outros cinco atendiam aos passageirosna classe econômica. No total havia 169passageiros no JJ8080 e mais 13 tripulantes,perfazendo um POB (People On Board) de 184.

    Durante o café assisti mais um pouquinhoda variada oferta de entretenimento a bordodo A330. O sistema é totalmente AVOD,Audio-Video On Demand. O passageiro temabsoluto controle sobre todos os programas,podendo adiantar, voltar, parar e retomarqualquer programa exibido. A revista da TAMestá cada vez melhor e havia ainda umaampla variedade de revistas brasileiras einternacionais, bem como jornais do Brasile dos Estados Unidos.

    Foi apenas uma questão de tempo para che-garmos na pista 31R de Kennedy. O pouso, às7h14, foi incrivelmente suave, completando otempo de vôo em 9 horas e 44 minutos. Taxia-mos até o portão 22 do Terminal 4 e cortamosos motores com quase duas horas de atraso emrelação ao horário previsto de chegada, 5h30.

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  • Quando a horachega, sãoconvertidas emcamasconfortabilíssimaspela tripulação.O edredom eo travesseiro depena de gansodão o toque final.

    Café da manhã,servido na elegantelouça Narumi daTAM, abriu ostrabalhosgastronômicosno JJ8083.

    Taxiando rumo àcabeceira 4L deKennedy, o JJ8083é um vôo diurno eo segundo serviçodiário da TAMentre Nova Yorke Guarulhos.

    As poltronas daprimeira classeda TAM estãoentre as melhoresdo mundo.Além deproporcionarconforto total,são muitobonitas.

    JJ8083 | JFK-GRU | PT -MVG |28/1/2007

    O domingo 28 de janeiro amanheceufeio e chuvoso em Nova York. Muito diferenteda antevéspera, quando a cidade haviaenfrentado um frio de rachar, de 10 grausabaixo de zero, fora o vento que sopravacom 25 milhas por hora em céu absolutamen-te azul. A temperatura era de 2 graus positi-vos quando, às 6h00 da manhã, entrei nomoderno saguão do Terminal 4 no AeroportoJohn Fitzgerald Kennedy. Não havia ninguémà minha frente e o check-in foi feito empoucos minutos para o vôo 8083, um dos doisoperados diariamente pela empresa na rotaNova York/São Paulo.

    Rumei para a sala VIP da Virgin Atlantic,que os passageiros da TAM podem utilizar

    enquanto aguardam o embarque. Sala VIP épouco para descrevê-la. Só para se ter umaidéia, há um cardápio impresso com a seleçãode refeições e bebidas disponíveis. Obras dearte, uma fonte, um espelho d’água e 67poltronas giratórias compõem o ambiente.Música pop, tocada num volume maior doque seria comum, completava a atmosferahype que é característica dessa espetacularempresa aérea britânica.

    O próprio comandante Rolim não disfar-çava sua admiração pela companhia deSir Richard Branson. Certa vez, em janeirode 2000, Rolim me puxou pelo braço emCongonhas, na fila do embarque da ponteaérea. Me confidenciou ao pé do ouvido,como costumava fazer: “Ô Gianfranco, voupintar todas essas caudas aí dos nossos aviõesde vermelho, como faz a Virrrrgin” – arras-

    tando bem no seu delicioso “erre” caipira.E daí completou: “Nossos aeroportos ‘tão’muito azuis… É TAM, Varig, Vasp… Tudoazul. Vou pintar a TAM de vermelho e ‘ocê’vai ver que só vai dar a gente”. Rolim olhoupara o pátio, onde os primeiros A319 daempresa manobravam e então completoucom uma pérola do pensamento roliniano:“Você vê só como é a vida… A concorrênciatem a cauda azul mas voa no vermelho. Nósvamos ter a cauda vermelha e só voamosno azul” e completou a frase com sua gostosagargalhada.

    Seu legado continua mais do que vivo.Em meio à alvorada que começava a despon-tar, a cauda vermelha do A330-200 PT-MVGpôde ser observada negociando seu lugarem meio aos 747 e A340 que dominavam ospátios em Kennedy ao redor do terminal 4.O vôo 8080 chegou de São Paulo às 6h30,com quase uma hora de atraso, e poucodepois estacionou no portão B24.

    Pouco mais de uma hora depois, oembarque foi iniciado e rapidamente concluí-do. Fui recebido com muita simpatia por Lecy,a purser do vôo, e Luiza, as duas comissáriasresponsáveis pela primeira classe no vôo8083. Minutos depois, os 176 passageirosestavam todos a bordo, mas o A330 não saíade sua posição. Havia muita carga ainda a serembarcada no porão, o que acabou poratrasar nossa partida, programada para as8h00, em quase uma hora. Finalmente,o comandante Rocha, responsável junto aocomandante Moreira pela operação doJJ8083, chamou o controle de solo e indicouque estávamos prontos para push-back e acio-namento, às 8h50. Com mais quatro minutos,iniciamos o táxi para a pista 4L, que contaLecy, a purser do vôo 8083: padrão de profissionalismo impecável.

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  • Reservar foi fácil. Usei minhas milhas no programa AAdvantage daAmerican Airlines e escolhi voar na TAM, empresa parceira da AA.

    Só comparável ao atendimento de primeira classe da SingaporeAirlines em Cingapura.

    Outra grande idéia: permitir ao passageiro escolher a hora deembarque de sua preferência.

    Além de proporcionar conforto insuperável, acho o modelo escolhi-do pela TAM o mais belo no céu. A pequena cabine (apenas setepoltronas) ajuda a tornar a atmosfera ainda melhor. O travesseiro depena de ganso e o edredom mataram.

    O entretenimento é em quantidade e qualidade de opções compa-rável aos melhores do mundo.

    As quatro comissárias nos dois vôos foram perfeitas, sob todos osaspectos.

    As refeições foram excelentes, em ambos os vôos. Da apresentaçãoàs quantidades, da escolha do cardápio à flexibilidade na hora deapresentação, tudo de primeira classe.

    Encontrei um defeito: não havia opção de vinho branco na carta devinhos. De resto, tudo ótimo.

    Excelente, muto bem equipada, compacta. Podia ser mais inovadorana forma, porém.

    Rápido e ágil, perfeito nos dois vôos.

    Nos dois trechos, saídas e chegadas quase duas horas atrasadas emrelação aos horários publicados.

    No mundo da aviação comercial, sabe-se que uma empresa aéreainternacional “chegou lá” quando ela voa para destinos como NovaYork, Paris ou Londres. Estas cidades, juntamente com Tóquio eHong Kong (e dentro de alguns anos, Dubai) formam os “Top Five”,os cinco destinos internacionais de maior procura e prestígio paraqualquer empresa aérea. O fato de a TAM operar em três destescinco deixa claro que a empresa, com menos de 30 anos de idade,atingiu sua maturidade. Um balzaquiana enxutíssima, que mostraao mundo o que o Brasil tem de melhor na aviação comercial:aeronaves moderníssimas, muito bem equipadas internamente; umserviço de bordo primoroso; uma equipe de profissionais deprimeira linha, bem treinada e empenhada em agradar o passageiro.Quanto a essa característica, há um fato que acho relevante: oscomissários da TAM sempre tratam os clientes de forma direta ehumana, num plano igual. Nem com a indisfarçável “superioridade”demonstrada pelas tripulações de outras empresas aéreas brasileirasque um dia operaram nas citadas cidades, nem com uma certasubserviência muitas vezes encontrada em empresas asiáticas. Astripulações da TAM tratam os passageiros de igual para igual, comeducação. Minha impressão, mesmo depois de dezenas de vôosdomésticos e internacionais, nas três classes,é que as tripulações da TAM são assim mesmo: na medida certa,nem arrogantes ou distantes, nem íntimas demais. Um padrão que éao mesmo tempo jovial e discreto, elegante e solícito.

    O filé de cordeiro,uma das quatroopções de pratoprincipal,estava perfeito.

    Sobrevoandoo Caribe a39.000 pés,um espetáculoadicional foiobservar asbelíssimas ilhas daregião sob o sol.

    Belaapresentaçãoe frescor nasentradasservidas noalmoço.

    com 3.460 metros de comprimento.À nossa frente, taxiavam o maior (777-200ER)e o menor (ERJ-135) jatos da American,seguidos por um A320 da jetBlue.

    Finalmente alinhamos às 9h07 e decola-mos. Pesando 254,2 toneladas (63 delassomente de combustível), o PT-MVGexecutou a SID Kennedy Uno, com curva àdireita para a proa 100 logo após a decola-gem. As casinhas da região de Nassau,em Jamaica Bay, foram ficando cada vezmenores à medida que o controle de tráfegoaéreo permitia ao PT-MVG ganhar altura.Nossas velocidades na decolagem foram: V-1152, V-R 164 e V-2 170.

    Logo após estabilizarmos, um lauto caféda manhã foi servido. Frios, frutas, pães,iogurtes, geléias, queijos, duas opções depratos quentes (quiche ou omelete) foramtrazidos em pantagruélica sucessão. Tudomuito bem apresentado e servido com graçae elegância por Luiza e Lecy. Experimentei eestava tudo muito bom. Entramos na parte desobrevôo da América do Sul passando pratica-mente na vertical de Georgetown, Guiana,quando os relógios indicavam o horário de13h47 em Nova York (16h47 em GRU),aproximadamente quatro horas antes denosso tempo estimado para pouso.

    Aproveitei a enorme mesa disponívelna minha “estação de trabalho” e labuteipor algumas horas. Havia sido informadopor Luiza que o almoço seria servido“quando fosse da minha conveniência”.Aproximadamente duas horas mais tarde,no momento em que entrávamos no espaçoaéreo da Guiana, solicitei a refeição.Poucos minutos depois, a ITCZ (InterTropical Convergence Zone) mostrou-seem plena forma, provocando sensívelturbulência a bordo. Tive de esperar maisalguns minutos, até que as condições melho-rassem um pouquinho para iniciar o almoço.

    Mesmo padrão da ida: duas entradas(confit de pato ou timbale de salmão); sala-

    da, sopa bisque de lagosta. Quatro opçõesde prato principal: medalhões de cordeiro aoalecrim e batatas assadas; filé de badejocom redução de vegetais, lentilhas e espina-fre; filé de frango com cogumelos, purê debatata, espinafre e tomate seco; raviólis deabobrinha com molho Alfredo, pinolis eervilha torta. Depois uma seleção de queijose as sobremesas: tortas de chocolate ou atradicional Key Lime Pie; sorvetes Häagen-Dasz e frutas frescas, café, chás e licores.

    Optei pelo confit de pato e pelos meda-lhões de cordeiro, ambos muito bons.A bisque estava absolutamente perfeita ea carta de vinhos era a mesma do vôo da ida.A TAM trabalha com quatro ciclos de refei-ções em rodízio, de maneira a sempre ofere-cer refeições diferentes para os passageirosmais freqüentes.

    Em vôos diurnos, como este JJ8083, asrefeições fazem parte do “entretenimento debordo”. Elas são mais espaçadas, servidas edegustadas com mais calma. Comecei meualmoço na fronteira do Brasil com a Guiana.Terminei a refeição mais de uma hora depois,quando o PT-MVG já sobrevoava o través deImperatriz, Maranhão. Um belíssimo almoço,que serviu para dar mais alguns passosimportantes para a inauguração (em breve,receio) da minha primeira ponte de safena...

    O PT-MVG cruzava a 39.000 pés e a837 km/h, enfrentando um forte vento detravés que, por um bom tempo, soprou comintensidade de 150 nós. Os dois motores dojato queimavam pouco mais de 3.250 quilosde JET-A1 por hora, cada um, praticamente6,5 toneladas de combustível gastos a cadahora de vôo.

    Dediquei-me com atenção à análise dosistema de entretenimento de bordo.Nas Nuvens é o título da publicação espe-cializada que mostra, de forma impressa, asvárias opções: são nove canais de vídeo, setefilmes de longa-metragem e mais 11 canaisde áudio. E vários CDs inteiros à disposição,

    com ótimo critério de seleção. Além disso hávários (11) games disponíveis. Tudo de primei-ra linha, inclusive o genereoso monitor indivi-dual de 10 polegadas.

    O vôo 8083 já havia partido de Nova Yorkquase uma hora depois do previsto. Elesofreria novo atraso quando faltava menos deuma hora para o pouso e mais 250 milhaspara chegarmos ao destino. O centro Brasíliachamou o vôo e ordenou que o A330 fizessetrês órbitas nas proximidades de Uberlândia(MG) devido “a intenso tráfego aéreo”.Depois de ficarmos 24 minutos orbitando a40.000 pés, o controlador permitiu querumássemos direto na proa de Ribeirão Preto,para depois nos vetorar até a pista 09R deGuarulhos, onde pousamos às 21h52.

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