jardins e vale dos fetos - fmb.pt fauna_net4.pdf · elegante, com cauda muito longa. É uma ......

2
Este inseto é considerado o maior escaravelho da Europa. Trata-se de uma espécie protegida, por se encontrar em declínio generalizado devido à perda de habitat favorável. Vive associado a florestas de folhosas maduras, nomeadamente carvalhais, onde se alimenta e reproduz nos troncos antigos. As larvas vivem até sete anos e, após a metamorfose, vivem entre duas a quatro semanas. Os adultos apresentam dimorfismo sexual muito marcado, sendo os machos facilmente identificáveis pelas grandes armações mandibulares. Vaca-loura Lucanus cervus Passeriforme muito popular que deve o seu nome comum às tonalidades azuis da plumagem dorsal. Frequenta habitats bastante diversos, entre os quais bosques e florestas mistas, pinhais, sebes, etc. Constrói o ninho em cavidades, sendo ocupante habitual de caixas-ninho. Na Floresta Relíquia pode observar-se com facilidade, em bandos ou isolado, pendurado nos ramos de cabeça para baixo, enquanto se alimenta. Os seus chamamentos “metálicos” são característicos e audíveis ao longo de todo o ano. Chapim-azul Cyanistes caeruleus O nome comum do açor deriva do latim acceptore (“que voa rapidamente”), pois é uma ave de rapina capaz de voos muito ágeis e rápidos por entre as árvores de uma floresta. É uma espécie ameaçada, dependente de habitats florestais, pouco comum e bastante discreta, podendo ser mais facilmente observada durante as paradas nupciais, no início da Primavera. Na Mata do Buçaco é mais facilmente observável na zona da Cruz Alta, nessa época do ano. Açor Accipiter gentilis Espécie essencialmente insectívora, dotada de um canto “matraqueado” muito característico. Ocorre em habitats variados, desde que apesentem estrato arbustivo denso, onde nidifica. Em Portugal, é uma espécie residente, presente em todo o território, mas claramente mais abundante no sul. Na Mata Nacional do Buçaco não é uma espécie muito comum, ocorrendo e nidificando apenas em zonas de mato ou silvado, como no Pinhal do Marquês. Toutinegra-dos-valados Sylvia melanocephala A gineta é um dos carnívoros mais abundantes em Portugal, porém é relativamente desconhecida. Apresenta o tamanho aproximado ao de um gato doméstico, corpo alongado e esbelto e uma cauda muito longa, coberta por uma pelagem com anéis negros e brancos. Trata-se de uma espécie solitária, de hábitos exclusivamente noturnos. Tem a capacidade de trepar agilmente e é um caçador generalista. Ocorre por toda a Mata do Buçaco, sendo particularmente abundante na Floresta Relíquia. Gineta Genetta genetta A salamandra-lusitânica é um anfíbio inconfundível pelo seu aspeto geral elegante, com cauda muito longa. É uma espécie de hábitos noturnos e vive associada a linhas de água corrente e limpa, sendo extremamente sensível à poluição. É endémica do Noroeste da Península Ibérica e o Buçaco surge descrito na bibliografia como sendo o seu habitat-tipo. Foi também no Buçaco que foi descrita pela 1ª vez para a ciência, em 1864. É um verdadeiro tesouro da herpetologia nacional. Salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica Mocho inconfundível pelo seu pequeno porte e silhueta arredondada. Trata-se da ave de rapina “noturna” mais fácil de observar em Portugal, devido aos seus hábitos parcialmente diurnos. Na Mata do Buçaco pode escutar-se facilmente durante a Primavera e Verão, assemelhando-se os seus chamamentos a latidos. Embora a sua conservação não esteja ameaçada, apresenta fatores de ameaça como o uso abusivo de agroquímicos e a remoção de árvores antigas, que proporcionam locais de nidificação. Mocho-galego Athene noctua Este pequeno morcego adquiriu o seu nome comum devido à forma das formações membranosas que possui junto às fossas nasais. À semelhança dos restantes morcegos é um voraz predador de insetos, auxiliando naturalmente no controlo de pragas e de vetores de doenças. Na Mata do Buçaco, pode observar-se pendurado em várias capelas, ermidas e na entrada do Convento, durante os dias de verão. Trata-se de uma espécie ameaçada e protegida, tendo a perda de habitat e de abrigos como principais fatores de ameaça. Morcego-de-ferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização. Fuinha Martes foina A fuinha é um carnívoro de médio porte, corpo alongado, com cauda longa e felpuda. Apresenta uma característica mancha branca na garganta, contrastando com o castanho da restante pelagem. É um animal solitário, de hábitos essencialmente crepusculares e noturnos e bastante comum em Portugal. Na Mata do Buçaco é mesmo o carnívoro mais abundante, sendo os seus indícios de presença extremamente fáceis de encontrar. É muito ágil, podendo adotar comportamento arborícola. A dieta é variável e ajustada aos recursos disponíveis. Esquilo Sciurus vulgaris Ave de rapina diurna que deve o seu nome comum às suas presas preferenciais – as serpentes. Ocorre predominantemente em locais com relevante cobertura florestal, nomeadamente de pinhal, relativamente afastadas da presença humana, pouco fragmentadas e próximas de áreas abertas onde possa caçar. É uma espécie relativamente rara em Portugal, estando a perda de habitat florestal e a intensificação de atividades agroindustriais entre os principais fatores de ameaça. Águia-cobreira Circaetus gallicus Salamandra de aspeto robusto, em geral de cor negra com padrão de manchas amarelas. É provavelmente a espécie de salamandra mais conhecida, o que se deve à sua vasta distribuição pela Europa, Médio Oriente e norte de África. Na Mata do Buçaco é um dos anfíbios mais abundantes, sendo facilmente observável em qualquer noite húmida. É uma espécie marcadamente terrestre, recorrendo ao meio aquático apenas para se reproduzir. Alimenta-se de invertebrados terrestres, tais como escaravelhos, lesmas, minhocas e aranhas. Salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra Colubrídeo de cerca de 70 cm de comprimento, que pode alcançar até 130 cm. É uma espécie de hábitos essencialmente diurnos, podendo no entanto apresentar atividade crepuscular ou noturna nos meses mais quentes. Vive associada a habitats aquáticos, ocorrendo próximo de represas, cursos de água, charcos, etc. O padrão dorsal e os comportamentos defensivos que por vezes adota poderão levar a que se confunda com uma víbora, no entanto, é uma espécie aglifa, perfeitamente inofensiva. Cobra-de-água-viperina Natrix maura Roedor de tamanho médio e cor acastanhada, com hábitos essencialmente noturnos. É uma espécie omnívora e oportunista, adaptando a sua dieta à disponibilidade alimentar. Escava galerias subterrâneas pouco profundas onde constrói o ninho, ou então utiliza cavidades naturais como troncos de árvore ocos ou abrigos na vegetação densa. Ocupa habitats bastante diversos, tais como campos de cultivo, matos e áreas florestais. Pode também viver em associação com o Homem, ocupando, por exemplo, sótãos ou armazéns. Rato-do-campo Apodemus sylvaticus O javali é uma espécie noturna, omnívora, tendo o hábito de fossar o solo em busca de alimento (bolbos, raízes, minhocas, etc.). Dada a riqueza de alimento que a Mata do Buçaco apresenta, é comum ser explorada por javalis, pelo que são frequentes os “estragos” advindos da sua presença. Adapta-se facilmente a diferentes ambientes, ocupando desde prados montanhosos a elevada altitude, como zonas húmidas costeiras, ecossistemas agrários, florestas e mesmo periferias urbanas. Javali Sus scrofa Pequeno peixe de água doce, endémico da Península Ibérica e protegido, pois está em risco de extinção. O seu estatuto de conservação nacional é vulnerável e alguns locais do País foram designados para a Diretiva Habitats devido à sua presença. Ocorre em cursos de água pouco profundos, com vegetação emergente. Os seus fatores de ameaça incluem as perturbações de habitat, presença de espécies invasoras, entre outros. Na Mata do Buçaco tem uma distribuição muito limitada, sendo a sua proteção de suma importância. Bordalo Squalius alburnoides Lagarto de tamanho médio com marcado dimorfismo sexual. Os machos adultos têm o corpo menor que as fêmeas e apresentam tonalidades verdes ou amareladas, são densamente ponteados de escuro e têm a cabeça azul, particularmente intenso durante a época de reprodução. As fêmeas são de cor esverdeada ou acastanhada, com grandes manchas negras. Trata-se de um endemismo ibérico e protegido que vive na proximidade de cursos de água. No Buçaco observa-se facilmente junto ao Lago Grande, sensivelmente entre abril e outubro. Lagarto-de-água Lacerta schreiberi O pisco é um pequeno Passeriforme, muito fácil de observar, pois, não sendo tímido, é bastante curioso e aproxima-se muito frequentemente das pessoas. Nidifica em zonas com alguma vegetação densa e áreas abertas, tais como jardins, parques e florestas. É essencialmente insetívoro, mas pode também alimentar-se de sementes e… migalhas. Na Mata do Buçaco é uma das aves mais comuns e será certamente uma presença constante ao longo de qualquer passeio, especialmente se houver uma pausa para lanche! Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula A lontra é um mustelídeo aquático com perfil hidrodinâmico, membranas interdigitais e cauda comprida, forte e achatada, que funciona como órgão propulsor na água. O seu alimento preferencial é o peixe, no entanto pode adaptar a dieta aos recursos do meio aquático onde se encontra. A sua ocorrência na Mata do Buçaco pode constituir uma surpresa, mas é facilmente explicável pela abundância de peixe que existe nos lagos. Não é uma espécie residente na Mata, mas é um visitante regular, que aqui encontra alimento garantido. Lontra Lutra lutra Rã pequena e esbelta, de coloração acastanhada e com uma característica mancha pós-ocular escura. Trata-se de uma espécie típica de zonas montanhosas, intimamente associada à água. Encontra-se frequentemente junto a ribeiros de águas frias e correntes rápidas, com vegetação abundante. É um endemismo ibérico, de distribuição confinada ao noroeste da Península. Na Mata Nacional do Buçaco, a rã-ibérica é facilmente observável ao longo de todo o ano, em particular durante os meses mais frios. Rã-ibérica Rana iberica Pinhal do marquês Floresta relíquia Arboreto Jardins e Vale dos Fetos Textos Milene Matos, Dep de Bio, Universidade de Aveiro Imagens Milene Matos, Lísia Lopes, Joaquim Pedro Ferreira, Ricardo Furtado, André Aguiar, Carlos Fonseca, Neide Margarido, Pedro Pereira, Francisco Oliveira

Upload: trantuyen

Post on 28-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Este inseto é considerado o maior escaravelho da Europa. Trata-se de uma espécie protegida, por se encontrar em declínio generalizado devido à perda de habitat favorável. Vive associado a �orestas de folhosas maduras, nomeadamente carvalhais, onde se alimenta e reproduz nos troncos antigos. As larvas vivem até sete anos e, após a metamorfose, vivem entre duas a quatro semanas. Os adultos apresentam dimor�smo sexual muito marcado, sendo os machos facilmente identi�cáveis pelas grandes armações mandibulares.

Vaca-loura Lucanus cervus

Passeriforme muito popular que deve o seu nome comum às tonalidades azuis da plumagem dorsal. Frequenta habitats bastante diversos, entre os quais bosques e �orestas mistas, pinhais, sebes, etc. Constrói o ninho em cavidades, sendo ocupante habitual de caixas-ninho. Na Floresta Relíquia pode observar-se com facilidade, em bandos ou isolado, pendurado nos ramos de cabeça para baixo, enquanto se alimenta. Os seus chamamentos “metálicos” são característicos e audíveis ao longo de todo o ano.

Chapim-azul Cyanistes caeruleus

O nome comum do açor deriva do latim acceptore (“que voa rapidamente”), pois é uma ave de rapina capaz de voos muito ágeis e rápidos por entre as árvores de uma �oresta. É uma espécie ameaçada, dependente de habitats �orestais, pouco comum e bastante discreta, podendo ser mais facilmente observada durante as paradas nupciais, no início da Primavera. Na Mata do Buçaco é mais facilmente observável na zona da Cruz Alta, nessa época do ano.

Açor Accipiter gentilis

Espécie essencialmente insectívora, dotada de um canto “matraqueado” muito característico. Ocorre em habitats variados, desde que apesentem estrato arbustivo denso, onde nidi�ca. Em Portugal, é uma espécie residente, presente em todo o território, mas claramente mais abundante no sul. Na Mata Nacional do Buçaco não é uma espécie muito comum, ocorrendo e nidi�cando apenas em zonas de mato ou silvado, como no Pinhal do Marquês.

Toutinegra-dos-valadosSylvia melanocephala

A gineta é um dos carnívoros mais abundantes em Portugal, porém é relativamente desconhecida. Apresenta o tamanho aproximado ao de um gato doméstico, corpo alongado e esbelto e uma cauda muito longa, coberta por uma pelagem com anéis negros e brancos. Trata-se de uma espécie solitária, de hábitos exclusivamente noturnos. Tem a capacidade de trepar agilmente e é um caçador generalista. Ocorre por toda a Mata do Buçaco, sendo particularmente abundante na Floresta Relíquia.

Gineta Genetta genetta

A salamandra-lusitânica é um anfíbio inconfundível pelo seu aspeto geral elegante, com cauda muito longa. É uma espécie de hábitos noturnos e vive associada a linhas de água corrente e limpa, sendo extremamente sensível à poluição. É endémica do Noroeste da Península Ibérica e o Buçaco surge descrito na bibliogra�a como sendo o seu habitat-tipo. Foi também no Buçaco que foi descrita pela 1ª vez para a ciência, em 1864. É um verdadeiro tesouro da herpetologia nacional.

Salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica

Mocho inconfundível pelo seu pequeno porte e silhueta arredondada. Trata-se da ave de rapina “noturna” mais fácil de observar em Portugal, devido aos seus hábitos parcialmente diurnos. Na Mata do Buçaco pode escutar-se facilmente durante a Primavera e Verão, assemelhando-se os seus chamamentos a latidos. Embora a sua conservação não esteja ameaçada, apresenta fatores de ameaça como o uso abusivo de agroquímicos e a remoção de árvores antigas, que proporcionam locais de nidi�cação.

Mocho-galego Athene noctua

Este pequeno morcego adquiriu o seu nome comum devido à forma das formações membranosas que possui junto às fossas nasais. À semelhança dos restantes morcegos é um voraz predador de insetos, auxiliando naturalmente no controlo de pragas e de vetores de doenças. Na Mata do Buçaco, pode observar-se pendurado em várias capelas, ermidas e na entrada do Convento, durante os dias de verão. Trata-se de uma espécie ameaçada e protegida, tendo a perda de habitat e de abrigos como principais fatores de ameaça.

Morcego-de-ferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros

O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização.

Fuinha Martes foina

A fuinha é um carnívoro de médio porte, corpo alongado, com cauda longa e felpuda. Apresenta uma característica mancha branca na garganta, contrastando com o castanho da restante pelagem. É um animal solitário, de hábitos essencialmente crepusculares e noturnos e bastante comum em Portugal. Na Mata do Buçaco é mesmo o carnívoro mais abundante, sendo os seus indícios de presença extremamente fáceis de encontrar. É muito ágil, podendo adotar comportamento arborícola. A dieta é variável e ajustada aos recursos disponíveis.

Esquilo Sciurus vulgaris

Ave de rapina diurna que deve o seu nome comum às suas presas preferenciais – as serpentes. Ocorre predominantemente em locais com relevante cobertura �orestal, nomeadamente de pinhal, relativamente afastadas da presença humana, pouco fragmentadas e próximas de áreas abertas onde possa caçar. É uma espécie relativamente rara em Portugal, estando a perda de habitat �orestal e a intensi�cação de atividades agroindustriais entre os principais fatores de ameaça.

Águia-cobreira Circaetus gallicus

Salamandra de aspeto robusto, em geral de cor negra com padrão de manchas amarelas. É provavelmente a espécie de salamandra mais conhecida, o que se deve à sua vasta distribuição pela Europa, Médio Oriente e norte de África. Na Mata do Buçaco é um dos anfíbios mais abundantes, sendo facilmente observável em qualquer noite húmida. É uma espécie marcadamente terrestre, recorrendo ao meio aquático apenas para se reproduzir. Alimenta-se de invertebrados terrestres, tais como escaravelhos, lesmas, minhocas e aranhas.

Salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra

Colubrídeo de cerca de 70 cm de comprimento, que pode alcançar até 130 cm. É uma espécie de hábitos essencialmente diurnos, podendo no entanto apresentar atividade crepuscular ou noturna nos meses mais quentes. Vive associada a habitats aquáticos, ocorrendo próximo de represas, cursos de água, charcos, etc. O padrão dorsal e os comportamentos defensivos que por vezes adota poderão levar a que se confunda com uma víbora, no entanto, é uma espécie aglifa, perfeitamente inofensiva.

Cobra-de-água-viperina Natrix maura

Roedor de tamanho médio e cor acastanhada, com hábitos essencialmente noturnos. É uma espécie omnívora e oportunista, adaptando a sua dieta à disponibilidade alimentar. Escava galerias subterrâneas pouco profundas onde constrói o ninho, ou então utiliza cavidades naturais como troncos de árvore ocos ou abrigos na vegetação densa. Ocupa habitats bastante diversos, tais como campos de cultivo, matos e áreas �orestais. Pode também viver em associação com o Homem, ocupando, por exemplo, sótãos ou armazéns.

Rato-do-campo Apodemus sylvaticus

O javali é uma espécie noturna, omnívora, tendo o hábito de fossar o solo em busca de alimento (bolbos, raízes, minhocas, etc.). Dada a riqueza de alimento que a Mata do Buçaco apresenta, é comum ser explorada por javalis, pelo que são frequentes os “estragos” advindos da sua presença. Adapta-se facilmente a diferentes ambientes, ocupando desde prados montanhosos a elevada altitude, como zonas húmidas costeiras, ecossistemas agrários, �orestas e mesmo periferias urbanas.

Javali Sus scrofa

Pequeno peixe de água doce, endémico da Península Ibérica e protegido, pois está em risco de extinção. O seu estatuto de conservação nacional é vulnerável e alguns locais do País foram designados para a Diretiva Habitats devido à sua presença. Ocorre em cursos de água pouco profundos, com vegetação emergente. Os seus fatores de ameaça incluem as perturbações de habitat, presença de espécies invasoras, entre outros. Na Mata do Buçaco tem uma distribuição muito limitada, sendo a sua proteção de suma importância.

Bordalo Squalius alburnoides

Lagarto de tamanho médio com marcado dimor�smo sexual. Os machos adultos têm o corpo menor que as fêmeas e apresentam tonalidades verdes ou amareladas, são densamente ponteados de escuro e têm a cabeça azul, particularmente intenso durante a época de reprodução. As fêmeas são de cor esverdeada ou acastanhada, com grandes manchas negras. Trata-se de um endemismo ibérico e protegido que vive na proximidade de cursos de água. No Buçaco observa-se facilmente junto ao Lago Grande, sensivelmente entre abril e outubro.

Lagarto-de-água Lacerta schreiberi

O pisco é um pequeno Passeriforme, muito fácil de observar, pois, não sendo tímido, é bastante curioso e aproxima-se muito frequentemente das pessoas. Nidi�ca em zonas com alguma vegetação densa e áreas abertas, tais como jardins, parques e �orestas. É essencialmente insetívoro, mas pode também alimentar-se de sementes e… migalhas. Na Mata do Buçaco é uma das aves mais comuns e será certamente uma presença constante ao longo de qualquer passeio, especialmente se houver uma pausa para lanche!

Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula

A lontra é um mustelídeo aquático com per�l hidrodinâmico, membranas interdigitais e cauda comprida, forte e achatada, que funciona como órgão propulsor na água. O seu alimento preferencial é o peixe, no entanto pode adaptar a dieta aos recursos do meio aquático onde se encontra. A sua ocorrência na Mata do Buçaco pode constituir uma surpresa, mas é facilmente explicável pela abundância de peixe que existe nos lagos. Não é uma espécie residente na Mata, mas é um visitante regular, que aqui encontra alimento garantido.

Lontra Lutra lutra

Rã pequena e esbelta, de coloração acastanhada e com uma característica mancha pós-ocular escura. Trata-se de uma espécie típica de zonas montanhosas, intimamente associada à água. Encontra-se frequentemente junto a ribeiros de águas frias e correntes rápidas, com vegetação abundante. É um endemismo ibérico, de distribuição con�nada ao noroeste da Península. Na Mata Nacional do Buçaco, a rã-ibérica é facilmente observável ao longo de todo o ano, em particular durante os meses mais frios.

Rã-ibérica Rana iberica

Pinhal do marquês

Floresta relíquia

Arboreto

Jardinse Vale dosFetos

TextosMilene Matos, Dep de Bio, Universidade de AveiroImagensMilene Matos, Lísia Lopes, Joaquim Pedro Ferreira, Ricardo Furtado, André Aguiar, Carlos Fonseca, Neide Margarido, Pedro Pereira, Francisco Oliveira

A importância e interesse do adernal não se limitam à comunidade de espécies de �ora que o integram. O intrincado dos ramos proporciona refúgio a numerosas espécies de animais, sendo algumas raras e protegidas. Por exemplo, nas copas dos adernos poderão ser observados bandos de chapins-rabilongo e chapins-azuis. Os arbustos escondem carriças, estrelinhas-reais, entre tantos outros Passeriformes. Qualquer passeio será certamente animado pelo canto das toutinegras e dos piscos-de-peito-ruivo. Rápidos e vorazes, também a águia-cobreira, o açor e o gavião podem ser aqui encontrados.Entre as rochas e os ramos, movimentam-se carnívoros, como a gineta, o texugo, a fuinha e a doninha. Porém, devido ao seu comportamento noturno e esquivo, os indícios da presença destes animais são mais fáceis de observar do que os próprios. A exceção vai para o esquilo, menos tímido. Árvores grandes e antigas, como os carvalhos, apresentam cavidades naturais que servem de abrigo a diversas espécies, não só de aves, mas também de morcegos, como os morcegos-arborícolas e também os morcegos-orelhudos. Ao nível do solo, a �oresta relíquia fornece importantes recursos para muitos invertebrados, como a vaca-loura, o maior escaravelho da Europa. Pequenos mamíferos são também abundantes, destacando-se o rato-do-campo, o rato-cego e os musaranhos. Os locais mais solarengos são procurados por répteis, como a lagartixa-do-mato, a cobra-de- -escada, o licranço ou as cobras-de-água. Nas linhas de água, no limite da �oresta relíquia, vivem espécies vulneráveis de pequenos peixes, como o bordalo e o ruivaco, e de anfíbios, como a salamandra-lusitânica.Muitas destas espécies estão em risco de extinção, e encontram no adernal um habitat adequado às suas necessidades ecológicas. Assim, proteger o adernal é também contribuir para a preservação da nossa fauna.

Projeto BRIGHTA Mata Nacional do Buçaco constitui um património de valor incalculável, único em Portugal e no Mundo. Trata-se de uma herança secular, incomparável, que reúne num mesmo espaço relevância histórica, religiosa, militar, botânica, faunística, paisagística, arquitetónica, cultural e mesmo de identidade nacional.Um espaço tão singular e sensível requer manutenção cuidada e uma gestão consciente e responsável. Depois de um período de décadas em que o património natural e edi�cado se viu privado de tais cuidados, comprometendo os valores da Mata, a Fundação Mata do Buçaco (Decreto-Lei n.º 120/2009) assume atualmente as seguintes missões:- gestão integrada do património natural, histórico, cultural e religioso inserto na Mata;- valorização e requali�cação dos espaços;- manutenção de todo o património e serviços associados;- educação ambiental e promoção da cultura cientí�ca e patrimonial;- promoção e divulgação turística consciente;- melhoria das condições de receção ao visitante;O sucesso de tais ações depende de um suporte �nanceiro que em muito ultrapassa a disponibilidade da Fundação. Assim, é solicitada a colaboração de todos os que têm a oportunidade de a admirar e experienciar.Ao visitar a Mata do Buçaco, o visitante está a contribuir para a preservação do seu património natural e edi�cado e para que cada vez o possamos receber melhor.

FMBA importância e o interesse do património natural da Mata não se limitam às composições botânicas que o integram. A Mata do Buçaco encerra uma vasta diversidade de animais que muitas vezes, silenciosa, passa despercebida. Rodeada de monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto, a Mata funciona como um refúgio para a fauna selvagem, de grande relevância para a conservação da biodiversidade da região Centro do País. Providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de Vertebrados e várias centenas de espécies de Invertebrados. Entre estas, encontram-se espécies de grande valor conservacionista, endemismos ibéricos e espécies protegidas.

As linhas de água e os ambientes ripícolas abrigam peixes e anfíbios, que incluem espécies em extinção e endemismos ibéricos, tais como o bordalo e o ruivaco (peixes) e a salamandra-lusitânica, o tritão-de-ventre- -laranja, a rã-ibérica e a rã-de-focinho-pontiagudo (anfíbios). Nos locais mais solarengos são ainda observáveis alguns répteis, entre as quais o lagarto-de-água, endémico da Penínsusula Ibérica, o licranço, as cobras de água e diversas lagartixas.

Os ambientes mais tipicamente �orestais, com as árvores grandes e antigas guarnecidas com o característico intrincado de ramos, arbustos e profícua manta morta, proporcionam condições ideais para inúmeras espécies animais. As aves que aqui se podem observar incluem passeriformes �orestais, como os chapins, a trepadeira-azul, a estrelinha-real e os pica-paus; aves de rapina diurnas, como a águia-calçada e o gavião, e noturnas, como o mocho-galego e a coruja-do-mato; aves mais generalistas como o pisco-de-peito-ruivo e o verdilhão; e ainda algumas surpresas, como a garça-real e o guarda-rios. Os mamíferos são de mais difícil observação, mas na Mata residem mais de três dezenas de espécies, entre as quais morcegos, raposas, ginetas, fuinhas, doninhas, javalis, esquilos, ratos-do-campo e musaranhos.

Fauna da MataComo? A informação sobre a fauna da Mata foi obtida através da aplicação sistemática de um vasto conjunto de metodologias cientí�cas, devidamente autorizadas pelas entidades competentes. Apresentam-se alguns dos métodos aplicados.- Busca ativa diurna e noturna.- Varrimentos com redes.- Censos visuais e acústicos.- Censos por ponto e por transeto.- Recolha e interpretação de indícios de presença.- Observação direta de espécimes adultos e em estádio larvar.- Gravação e identi�cação de ultrassons.- Capturas com diversas armadilhas de queda e de retenção.- Fotoarmadilhagem.- Faroladas.

Quando? O trabalho mais recente de caracterização da fauna da Mata, levado a cabo pelo Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, tem vindo a decorrer ininterruptamente desde 2004, sendo um projeto em permanente atualização e desenvolvimen-to. Perspetivam-se mais alguns anos de investigação, nomeada-mente no que respeita à fauna de invertebrados e à sua relação com o micro-habitat. No âmbito do projecto BRIGHT, encon-tram-se em curso um conjunto de trabalhos de monitorização que visam avaliar os efeitos das intervenções de recuperação de habitat e controlo de espécies exóticas invasoras sobre a fauna existente eq eu depende dos sistemas intervencionados.

Quem? Toda o trabalho de monitorização em curso no âmbito do projecto BRIGHT está a ser conduzido por técnicos e especialis-tas do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, devidamente credenciados e autorizados para a monitorização da fauna silvestre, dando continuidade a trabalhos anteriores de caracterização.

Faunada

mata do buçaco

Com a contribuição do instrumento �nanceiro LIFE da União Europeia

www.fmb.pt/bright

Fundação Mata do Buçaco Mata do Buçaco 3050-261 Luso

[email protected]. 231 937 000