iob - imposto de renda - nº27/2016 - 1ª sem julho

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Boletim j Manual de Procedimentos Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico Veja nos Próximos Fascículos a IRPJ/CSL - Incorporação, fusão e cisão - 1ª parte a IRPJ/CSL - Incorporação, fusão e cisão - 2ª parte a CNPJ - Nova regulamentação - 1ª parte Imposto de Renda e Legislação Societária Fascículo N o 27/2016 / a Tributos e Contribuições Federais Sped ECF - Compensação de prejuízos fiscais 01 / a Legislação Societária Objeto social 08 / a IOB Comenta IRPF/IRRF Tributação na fonte e na Declaração de Ajuste das sobras líquidas apu- radas por cooperativas de trabalho e distribuídas aos cooperados 09 / a IOB Perguntas e Respostas Administração tributária Distribuição de lucros - Empresa com débito fiscal - Admissibilidade 10 IRPJ/CSL Baixa de créditos incobráveis - Valor registrado como perda 10 Registro de Comércio Arquivamento de contrato social - Colidência de nome comercial - Impedimento 10

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IOB ICMS-IPI, Imposto de Renda,27-2016,1a Sem Julho

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Page 1: IOB - Imposto de Renda - nº27/2016 - 1ª Sem Julho

Boletimj

Manual de Procedimentos

Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico

Veja nos Próximos Fascículos

a IRPJ/CSL - Incorporação, fusão e cisão - 1ª parte

a IRPJ/CSL - Incorporação, fusão e cisão - 2ª parte

a CNPJ - Nova regulamentação - 1ª parte

Imposto de Renda e Legislação Societária

Fascículo No 27/2016

/a Tributos e Contribuições Federais

SpedECF - Compensação de prejuízos fiscais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

/a Legislação SocietáriaObjeto social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

/a IOB Comenta

IRPF/IRRFTributação na fonte e na Declaração de Ajuste das sobras líquidas apu-radas por cooperativas de trabalho e distribuídas aos cooperados . . . . 09

/a IOB Perguntas e Respostas

Administração tributáriaDistribuição de lucros - Empresa com débito fiscal - Admissibilidade . . . 10

IRPJ/CSLBaixa de créditos incobráveis - Valor registrado como perda . . . . . . . 10

Registro de ComércioArquivamento de contrato social - Colidência de nome comercial - Impedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

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© 2016 by SAGE | IOB

Capa:Marketing SAGE | IOB

Editoração Eletrônica e Revisão: Editorial SAGE | IOB

Telefone: (11) 2188-7900 (São Paulo)0800-724-7900 (Outras Localidades)

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).

Impresso no BrasilPrinted in Brazil Bo

letim

IOB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Imposto de renda e legislação societária : Sped : ECF : compensação de prejuízos fiscais. -- 12. ed. -- São Paulo : Sage - IOB, 2016. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2747-2

1. Imposto de renda - Leis e legislação - Brasil I. Série.

16-04285 CDU-34:336.215(81)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Imposto de renda : Direito tributário 34:336.215(81)

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Manual de ProcedimentosImposto de Renda e Legislação Societária

Boletimj

27-01Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 IR/LS

a Tributos e Contribuições Federais

SPED

ECF - Compensação de prejuízos fiscais SUMÁRIO 1. Introdução 2. Prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSL 3. Compensação de prejuízos fiscais 4. Compensação da base de cálculo negativa da CSL

1. INTRODUÇÃOA Escrituração Contábil Fiscal (ECF), apesar de trazer

em sua essência as “mesmas informações” da antecessora DIPJ, apresenta certo grau de dificuldade no seu entendimento e preenchimento - o que é natural, já que se trata de uma nova obri-gação acessória, aos poucos sendo desvendada pelos contribuintes.

Neste texto, abordaremos a demonstração do preenchimento da ECF, com exemplos, em rela-ção ao registro do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSL, a compensação desses pre-juízos e base de cálculo negativa e o controle de saldos, conforme as orientações do Manual do Leiaute da ECF e das Notas Técnicas ECF nºs 1 e 3.

Para o correto preenchimento da ECF, deve ser identificado qual o período se pretende informar, se o registro se destina a informar prejuízos fiscais ou base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL) de períodos anteriores ou do próprio período, bem como as respectivas compensações desses créditos fiscais.

2. PREJUÍZOS FISCAIS E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSL

2.1 Registros comuns aos prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSL

- M010 - Identificação da Conta na Parte B do e-Lalur e do e-Lacs

- M030 - Identificação dos Períodos e Formas de Apuração do IRPJ e da CSLL das Empresas Tributadas pelo Lucro Real

- M410 - Lançamento na Conta da Parte B do e-Lalur e do e-Lacs sem Reflexo na Parte A

- M500 - Controle de Saldos das Contas da Parte B do e-Lalur e do e-Lacs

2.2 Registros dos prejuízos fiscais- M300 - Demonstração do Lucro Real

- M305 - Conta da Parte B do e-Lalur

- M310 - Contas Contábeis Relacionadas ao Lançamento da Parte A do e-Lalur

- M312 - Números dos Lançamentos Relacionados à Conta Contábil

2.3 Registros da base de cálculo negativa da CSL

- M350 - Demonstração da Base de Cálculo Negativa da CSLL

- M355 - Conta da Parte B do e-Lacs

- M360 - Contas Contá-beis Relacionadas ao Lançamento da Parte A do e-Lacs

- M362 - Números dos Lançamentos Relacionados à Conta Contábil

3. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS

3.1 Prejuízos fiscais acumulados de períodos anterioresO registro de prejuízos fiscais acumulados de períodos

anteriores deve ser feito inicialmente no Registro M010 - Identificação da Conta na Parte B do e-Lalur e do e-Lacs, observando-se os seguintes passos:

a) Código da Conta: código unívoco da conta de pre-juízos fiscais acumulados de períodos anteriores,

Para o correto

preenchimento da ECF, deve ser identificado qual

período se pretende informar, se o registro se destina a informar

prejuízos fiscais ou base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL) de períodos anteriores, ou do próprio período,

bem como as respectivas compensações desses

créditos fiscais

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27-02 IR/LS Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Imposto de Renda e Legislação Societária

definido pela própria pessoa jurídica à conta no e--Lalur e no e-Lacs; o código de controle é atribuído pela empresa. No caso, atribuiremos 001 para PFA e 002 para PF 1º Trim-2015. A base de cálculo ne-gativa da CSL poderia ser identificada pelo código 003;

b) Descrição: descrição da conta, definida pela pró-pria pessoa jurídica. No caso, os prejuízos fiscais acumulados serão identificados por PFA e a base de cálculo negativa acumulada por BCNA;

c) Data Final: data final do período de apuração em que a conta foi criada. Tratando-se do ano-calen-dário de 2015, a data final será 31.12.2014. Caso se refira aos prejuízos trimestrais, a data final será 31.12.2015;

d) Código de Lançamento de Origem da Conta: código do lançamento na parte A do e-Lalur e/ou e-Lacs que deu origem à conta. O preenchimento deste campo não é obrigatório; portanto, deve ser deixa-do em branco;

e) Data-limite: data-limite para a compensação do va-lor controlado, se houver. No caso de PFA e BCNA, não há prazo de prescrição para a baixa dos PFA e BCNA, porém deve ser observado o limite de 30% do lucro líquido ajustado mediante adições e exclu-sões;

f) Indicador do Tributo da Adição/Exclusão: “I” (Impos-to de Renda Pessoa Jurídica) ou “C” (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido);

g) Saldo Inicial: saldo no período inicial desta escritu-ração. Atenção: Se o Registro M010.DT_AP_LAL for

no período da escrituração, então o valor deve ser zero. É o caso, por exemplo, dos PF trimestrais do próprio ano-calendário. No caso de PFA e BCNA, o saldo inicial deve ser informado neste campo;

h) Indicador do Saldo Inicial: “D” (para prejuízos ou va-lores que reduzam o lucro real ou a base de cálculo da contribuição social em períodos subsequentes); “C” (para valores que aumentem o lucro real ou a base de cálculo da contribuição social em períodos anteriores). Nesse caso, como se trata de saldo ini-cial de PFA ou BCNA, o indicador é “D”;

i) CNPJ: preencher somente no caso de a conta Pre-juízos Fiscais Acumulados de Períodos Anteriores (PFA) estar relacionada a outra pessoa jurídica.

Nota

Atente-se que a compensação:

a) de prejuízo fiscal do próprio período é informada nos campos “Com-pensação de Prejuízo do Próprio Período - Atividade Rural” (linha 170 do Registro M300) e “Compensação de Prejuízo do Próprio Pe-ríodo - Atividade Geral” (linha 344 do Registro M300);

b) de base de cálculo negativa da CSL do próprio período é informada nos campos “Compensação da Base de Cálculo Negativa do Próprio Período - Atividade Rural” (linha 170 do Registro M350) e “Compen-sação de Base de Cálculo Negativa da CSLL do Próprio Período - Atividades em Geral” (linha 344 do Registro M350).

3.1.1 Exemplo práticoA pessoa jurídica é tributada pelo lucro real trimestral

e possui, em 31.12.2014, saldo de PFA-2014 de períodos anteriores no montante de R$ 2.000.000,00.

O preenchimento do Registro M010 (Identificação da Conta na Parte B) será feito da seguinte forma:

Page 5: IOB - Imposto de Renda - nº27/2016 - 1ª Sem Julho

27-03Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 IR/LS

Imposto de Renda e Legislação Societária

Manual de Procedimentos

3.2 Registro do prejuízo fiscal do período na Parte B do e-LalurQuando ocorrer um prejuízo fiscal no período de apura-

ção, deverá ser gerado no Registro M300 (Demonstração do Lucro Real), e o procedimento a seguir será:

a) criar uma conta de Prejuízos Fiscais do Período de Apuração no Registro M010; o saldo inicial é zero;

b) registrar o valor do Prejuízo Fiscal do período no Registro M410 - Lançamento na Conta da Parte B do e-Lalur e do e-Lacs sem Reflexo na Parte A (co-locar o indicador de lançamento como código “PF”

- Prejuízo do Exercício. Na BCN colocar o indicador de lançamento como código “BC - Base de Cálculo Negativa da CSLL”).

3.2.1 Exemplo práticoDando prosseguimento ao exemplo ilustrado no item

3.1.1, a pessoa jurídica apurou PF, no 1º Trim-2015, no valor de R$ 500.000,00.

a) inicialmente, a PJ deverá identificar a conta na parte B do e-Lalur, o prejuízo correspondente ao 1º Trim-2015;

b) a seguir, a PJ deve informar no Registro M410 o valor do PF do 1º Trim-2015. Identificar neste registro o código da conta do lançamento (2). O indicador do lançamento é “PF”. Nos trimestres subsequentes, havendo lucro fiscal, a PJ baixará o valor compensado por meio do campo 173 do Registro M300 (Parte A do e-Lalur) com tipo de relaciona-mento “1”;

Page 6: IOB - Imposto de Renda - nº27/2016 - 1ª Sem Julho

27-04 IR/LS Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Imposto de Renda e Legislação Societária

c) controle do PFA-2014 e do 1º Trim-2015 no Registro M500.

Verificar no Registro M500 (Controle de Saldos das Contas da Parte B do e-Lalur e do e-Lacs) o saldo acumulado dos PF existentes até a data do período de apuração do imposto.

Observar que foram abertos dois códigos para controle individual dos PFA-2014 (001) e PF 1º Trim-2015 (002). A empresa poderia optar em agrupar em uma só conta os dois prejuízos fiscais.

3.3 Registro da compensação de prejuízos fiscais em períodos posterioresNa hipótese de compensação de prejuízos fiscais em

períodos posteriores, deve ser utilizada a mesma conta criada na parte B (Registro M410) para a compensação no Registro M300 (campos 173 - IRPJ e 174 - CSLL do Registro M300), com tipo de relacionamento “1” (com conta da parte B).

3.3.1 Compensação na Parte A do e-Lalur (campo 173 do Registro M300)

Partindo do princípio de que a empresa obteve lucro fiscal no 2º Trim-2015 no valor de R$ 8.000.000,00 e decidiu

compensar 100% do PFA-2014, respeitando o limite de 30% do resultado do lucro contábil ajustado mediante adições e exclusões, restando ainda na parte B do e-Lalur (Registro M500) o saldo devedor de R$ 500.000,00 correspondente ao PF 1º Trim-2015, para ser utilizado nos períodos subse-quentes, temos:

a) Parte A do e-Lalur (campo 173 do Registro M300)

O campo 173 do Registro M300 estará em branco, aguardando o preenchimento pelo contribuinte. Dê dois cliques neste campo, e surgirá uma nova tela (não digite valor neste campo).

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27-05Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 IR/LS

Imposto de Renda e Legislação Societária

Manual de Procedimentos

A seguir, o PVA apresenta uma tela para o preenchimento. Siga o “passo a passo” a partir do roteiro na imagem a seguir.

Dando sequência ao passo nº 4, o programa da ECF disponibilizará uma nova tela para ser preenchida. Siga o “passo a passo” a partir do roteiro da imagem seguinte.

Na próxima tela, o PVA apresenta o valor de R$ 2.000.000,00 (credor), que será utilizado a título de compensação de prejuízos fiscais e estará sendo transportado, automaticamente, para o campo 173 do Registro M300 (Parte A do e-Lalur).

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27-06 IR/LS Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Imposto de Renda e Legislação Societária

Assim, no passo nº 6, a seguir, o PVA transporta o valor baixado dos PFA-2014 para o campo 173 do Registro M300 (Parte A do e-Lalur).

b) Parte B do e-Lalur (Registro M410)

O valor do PFA-2014 utilizado na compensação de pre-juízos no campo 173 do Registro M300 (Parte A do e-Lalur) foi com o tipo de relacionamento “1”. Assim, o PVA da ECF atualiza, automaticamente, os controles do Registro M500. Portanto, o Registro M410 não precisa ser preenchido.

Observar, na imagem seguinte do PVA, que não há movimento no Registro M410 no 2º Trim-2015, porque a baixa do valor utilizado foi efetuada através do relaciona-mento do campo 173 do Registro M300. Caso não tenha relacionamento, a baixa na Parte B (Registro M410) deve ser efetuada.

c) Parte B do e-Lalur (Registro M500)

Este registro é preenchido automaticamente pelo PVA. Ele é gerado quando a pessoa jurídica informa as movimen-tações com relacionamento na Parte A do e-Lalur (Registro M300). Quando isto não é feito, a pessoa jurídica deve preencher o Registro M410, e só após conferir o valor do controle de saldos neste registro.

Nesse exemplo, o lançamento de baixa do PFA-2014 no campo 173 do Registro M300 (Parte A do e-Lalur) foi através do relacionamento tipo “1”.

O montante de PF foi de R$ 2.500.000,00, sendo R$ 2.000.000,00 (PFA-2014) e R$ 500.000,00 (PF 1º Trim-2015).

No segundo trimestre de 2015, por opção da pessoa jurí-dica, foi aproveitado o total do PFA-2014 (R$ 2.000.000,00), restando o saldo do PF 1º Trim-2015 (R$ 500.000,00) para ser aproveitado nos períodos subsequentes.

Assim, ao final do 2º Trim-2015, o Registro M500 (Controle de saldos das contas da parte B) evidencia a seguinte situação:

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27-07Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 IR/LS

Imposto de Renda e Legislação Societária

Manual de Procedimentos

c.1) Parte B (M500) ao final do 1º Trimestre de 2015

c.2) Parte B (M500) ao final do 2º Trimestre de 2015

4. COMPENSAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLA demonstração do preenchimento da ECF com as informações da CSL segue os mesmos critérios do Imposto de

Renda, observados os registros específicos da CSL.N

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27-08 IR/LS Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Imposto de Renda e Legislação Societária

a Legislação Societária

Objeto social SUMÁRIO 1. Noções básicas 2. Legislação 3. Conteúdo e efeitos do objeto social

1. NOÇÕES BÁSICASO lucro vive na raiz das empresas, e a finalidade

lucrativa é perseguida no curso de sua existência. Portanto, meios e fins estão englobados no conteúdo do objeto social fixado pelos sócios ou acionistas, cuja observância é competência da administração da empresa, sob pena de violação, que não se confunde com mudança do objeto social instituído no contrato ou no estatuto, o qual só pode ser mudado mediante alteração ou reforma.

Ainda no mesmo segmento, consignamos que o objeto social equivale à atividade da empresa como um gênero, de modo que a referida atividade difere dos atos da administração que dela derivam, sempre na busca do lucro, que é o fim colimado.

Conclui-se, por conseguinte, que o objeto social é de natureza permanente e que os atos administrativos são dinâmicos.

Delinearemos, em seguida, o enfoque legal e os efeitos que derivam do objeto social e de sua consequente exequibilidade.

2. LEGISLAÇÃO

2.1 Do Direito de EmpresaNo Direito de Empresa, atualmente regido pelo Código

Civil (Lei nº 10.406/2002), no caso de empresário, o objeto social da empresa é tratado pelos arts. 966 e 968, IV, devendo o empresário referir-se a ele de forma precisa e detalhada (Lei nº 8.884/1994, art. 56, I, e Lei nº 8.934/1994, art. 35, III).

Em relação às sociedades simples e limitadas, o objeto social encontra-se regulado pelos arts. 997, II, e 1.054, respectivamente, do Código Civil.

Assinale-se que o objeto social não poderá ser contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes, como norma primeira, assim como a dissolução societária se impõe pela consecução do fim social ou pela verificação de sua inexequibilidade.

2.2 A Lei das S/ANo contexto das sociedades anônimas, a Lei nº

6.404/1976, art. 2º, caput, diz que “pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes”.

O § 2º do mesmo artigo diz: “o estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo”, e, derradeiramente, o § 3º do mencionado art. 2º diz que “a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais”.

Dispondo sobre a administração das companhias, a Lei nº 6.404/1976 (arts. 158, II, §§ 1º e 2º, e 159) responsabi-liza civilmente o administrador pelos prejuízos que causar, quando proceder com violação da lei ou do estatuto, ou ainda por conivência ditada por ele por omissão e solidariamente. Sujeita-se, portanto, à ação de responsabilidade, mediante prévia deliberação assemblear, ou intentada por acionistas que representem pelo menos 5% do capital votante.

A mudança do objeto da companhia exige aprovação de acionistas que representem, no mínimo, metade das ações com direito de voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas na negociação em bolsa ou no mercado de balcão. A aprovação da mudança do objeto social dá ao acionista dissidente o direito de retirada mediante reembolso do valor das suas ações, salvo quando o patrimônio cindido for vertido para a sociedade cuja atividade preponderante coincida com a decorrente do objeto social da sociedade cindida (Lei nº 6.404/1976, arts. 136 e 137, com a redação dada pelas Leis nºs 9.457/1997 e 10.303/2001).

Assinale-se que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pode negar o registro de constituição de companhia por subscrição pública, em função de inviabilidade econô-mica ou financeira do empreendimento (Lei nº 6.404/1976, arts. 82 e 84), significando, portanto, que tal registro se condiciona à possibilidade de realização do objeto social.

Por fim, dispõe a Lei nº 6.404/1976, art. 206, II, “b”, que a sociedade poderá ser dissolvida judicialmente se for provado, em ação proposta por acionistas com o mínimo de 5% do capi-tal (votante ou não), que ela não corresponde aos seus fins.

2.3 A legislação do Registro do ComércioParalelamente, a legislação do Registro do Comércio dis-

põe que não podem ser arquivados os atos constitutivos e os de transformação de sociedades mercantis se deles não consta-rem, entre outros requisitos, a declaração precisa e detalhada do objeto social, entendendo-se como preciso e detalhadamente declarado o objeto da empresa mercantil quando indicados seu gênero e espécie (Decreto nº 1.800/1996, art. 53, III, “a” e § 2º).

Romano Cristiano observa (“Sociedade Limitada no Brasil”, Malheiros Editores, p. 91) que específico “diz respeito a espécie, que é divisão de gênero: significa que o objeto social não pode ser enunciado apenas pelo seu gênero, devendo dar a conhecer sua espécie. Detalhado vem de detalhar, que significa descrever com riqueza de pormenores, mesmo pequenos. Preciso significa delineado, delimitado com exatidão. Completo refere-se a algo que se apresenta com todas as suas partes, com todos os seus elementos essenciais”. Prescreve, ainda, o Decreto nº 1.800/1996, art. 45, que, se houver alteração do objeto social, este deverá ser transcrito na sua totalidade.

3. CONTEÚDO E EFEITOS DO OBJETO SOCIALJá assinalamos que, como perfil de princípios gerais, o

objeto social não pode contrariar a lei, a ordem pública e os bons costumes.

Page 11: IOB - Imposto de Renda - nº27/2016 - 1ª Sem Julho

27-09Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 IR/LS

Imposto de Renda e Legislação Societária

Manual de Procedimentos

No seu sentido substancial, a definição contratual ou estatutária deverá ser constituída a partir do gênero da ati-vidade, de modo que a interpretação da cláusula pertinente seja sempre restritiva. Exemplificativamente, uma indústria de determinado produto não pressupõe a sua comercializa-ção, eis que para isso se pressupõe uma estrutura diferente, com pontos de venda etc.

A participação em outras sociedades não deve ser genérica, mas, sim, especificar que tipo de sociedade se quer alcançar, sob pena de abrir válvula para abusos, como no caso da sociedade que, ao participar de outra que explora a comercialização do produto industrializado por ela, indiretamente amplia o objeto. No caso das holdings, já é da sua essência a participação; veda-se, entretanto, a dispersão indiscriminada dos ativos sociais em empresas imprevistas.

Sob outra vertente de considerações, e no que diz respeito aos atos da administração, é preciso traçar uma distinção entre atividade-fim (objeto) e atividade-meio (ins-trumento de sua realização), de modo que não se ingresse no campo dos excessos.

Para clarificar esse ponto, teríamos o exemplo de uma aplicação financeira esporádica na empresa, que não é em si componente do objeto, mas apenas mero meio inerente à atividade, de sorte que sua prática periódica e eventual não violaria o comando do objeto, o que somente ocorreria se tal prática se tornasse permanente.

A dinâmica, com efeito, é ingrediente indissociável da atividade, mas seu balizamento estará comandado pelo

princípio de que o acessório segue o principal com o qual se identifica como espécie do gênero.

Contrario sensu, o “desvio” do comando vem com a norma estatutária ou contratual para os efeitos da res-ponsabilização antes declinada, que no âmbito societário tem por fulcro a teoria denominada ultra vires, de origem anglo-saxônica. A elaboração dessa doutrina teve o fito de resguardar os interesses dos acionistas por meio de pode-res especificados no estatuto, conjugados com os outros poderes implícitos, de modo que o órgão da administração não possa ultrapassá-los, sempre guardando a relação do ato com o objeto social. Vale dizer que terceiros que contra-tam com a sociedade se inserem no mesmo padrão, diante do princípio do regime de publicidade, subordinando o ato à decretação de anulabilidade, ainda que nossos tribunais tenham tido poucas oportunidades de apreciar casos con-cretos. Além disso, a lei não enfrentou a questão no que tange à legalidade ou à ilegalidade do ato envolvido, exceto pelo ângulo da “teoria da aparência”.

Ainda a respeito da definição do objeto social, conforme determina a Lei nº 6.404/1976, art. 2º, § 2º, assim adverte a correspondente Exposição de Motivos, em seu Capítulo I:

[...] b) prescreve que o objeto social seja definido de modo preciso e completo (art. 2º, § 2º) o que constitui providência fundamental para defesa da minoria, pois limita a área de dis-cricionariedade de administradores e acionistas majoritários e possibilita a caracterização de modalidades de abuso de poder.

N

a IOB Comenta

IRPF/IRRF

Tributação na fonte e na Declaração de Ajuste das sobras líquidas apuradas por cooperativas de trabalho e distribuídas aos cooperados

Conforme estabelece o art. 4º da Lei nº 5.764/1971, as coo-perativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, cons-tituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades por determinadas características.

Dentre essas características, destacamos o disposto no inciso VII desse artigo, que trata do retorno das sobras líquidas do exercício, que será proporcional às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral.

Nesse ponto reside a seguinte indagação: a distri-buição das sobras líquidas aos cooperados em decorrência de suas atividades na prestação de serviços pela coope-rativa a terceiros (não cooperados) têm natureza de lucro, aplicando-se a tal distribuição a regra estampada no art. 10 da Lei nº 9.249/1995 (isenção do Imposto de Renda) ou têm natureza de rendimento de trabalho não assalariado,

sujeitando-se à incidência do Imposto de Renda na fonte, com base na tabela progressiva mensal?

Para elucidar essa questão, a Receita Federal, por meio da Coordenação-Geral de Tributação (Cosit), publicou a Solução de Consulta nº 45/2016 (DOU de 02/05/2016, seção 1, p. 33), cuja ementa a seguir transcrevemos:

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF

EMENTA: COOPERATIVAS DE TRABALHO - SOBRAS LÍQUIDAS.

Sujeitam-se à tributação na fonte como antecipação do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual as sobras apuradas por coo-perativas de trabalho e colocadas à disposição dos cooperados.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/1999), art. 628; Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, arts. 4º e 24.

Ao esclarecer a questão objetiva formulada pelo con-sulente, a Cosit fundamentou a mencionada Solução de Consulta, entre outras disposições, com base no art. 628 do RIR/1999, que assim dispõe:

Art. 628. Estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, calculado na forma do art. 620, os rendimentos do trabalho não-assalariado, pagos por pessoas jurídicas, inclusive por cooperativas e pessoas jurídicas de direito público, a pessoas físicas (Lei nº 7.713, de 1988, art.7º, inciso II).

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27-10 IR/LS Manual de Procedimentos - Jul/2016 - Fascículo 27 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Imposto de Renda e Legislação Societária

a IOB Perguntas e Respostas

Não bastasse, mencionou ainda o Manual do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte 2015 (Mafon2015), que determina, em suas observações relativas à incidência do Imposto sobre a Renda na Fonte sobre rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício, o seguinte:

4) Os pagamentos efetuados por cooperativas de trabalho a associados pessoas físicas estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, com base na tabela progressiva mensal.

Desse modo, pode-se concluir que as sobras líquidas têm natureza de rendimento de trabalho não assalariado realizado pelos cooperados, por meio da cooperativa, cujo valor está sujeito à tributação do Imposto de Renda na fonte quando for destinado individualmente a cada cooperado, na proporção das operações (trabalho não assalariado) realizadas, independente da denominação que ganhe.

Assim, não estando enquadradas no conceito de lucros ou dividendos, a distribuição de sobras não está abrangida pela isenção prevista no art. 10 da Lei nº 9.249/1995.

Finalmente, a Solução de Consulta Cosit nº 45/2016 esclarece também que a extinta Coordenação do Sistema de Tributação, atual Coordenação Geral de Tributação da RFB, por meio da Solução de Divergência nº 2, de 24.01.2008, já se manifestou no sentido de que as sobras líquidas apura-das por cooperativas de trabalho são tributadas na fonte e na Declaração Anual de Ajuste, conforme ementa a seguir:

Sujeitam-se à tributação na fonte como antecipação do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual as sobras apuradas por cooperativas de trabalho e colocadas à disposição dos coope-rados, inclusive por meio da capitalização.

N

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIADistribuição de lucros - Empresa com débito fiscal -

Admissibilidade

1) Em que hipótese a empresa que tem débitos fiscais pode distribuir lucros a seus sócios?

Ainda que a pessoa jurídica esteja em débito fiscal, é admitida a distribuição de lucros aos sócios, desde que haja:

a) depósito do seu montante integral;b) reclamações e os recursos, nos termos das leis re-

guladoras do processo tributário administrativo;c) concessão de medida liminar em mandado de se-

gurança;d) concessão de medida liminar ou de tutela antecipa-

da, em outras espécies de ação judicial;e) parcelamento.

A empresa que não se enquadrar em nenhuma dessas situa- ções está proibida de distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas, bem como de dar ou atribuir lucros a seus sócios ou quotistas ou a diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos enquanto estiverem em débito, não garan-tido, por falta de recolhimento de imposto no prazo legal.

(Lei nº 5.172/1966 - CTN, art. 151; RIR/1999, art. 889)

IRPJ/CSLBaixa de créditos incobráveis - Valor registrado como perda

2) Qual valor deve ser registrado como perda no caso de baixa de créditos incobráveis do ativo circulante para os efeitos da legislação do Imposto de Renda?

Os créditos devem ser considerados pelo seu valor ori-ginal acrescido de reajustes em virtude de contrato, inclusive

de juros e outros encargos pelo financiamento da operação e de eventuais acréscimos moratórios em razão de sua não liquidação, considerados até a data da baixa, devendo ser observado o disposto nos arts. 340 a 343 do RIR/1999.

(Instrução Normativa RFB nº 1.515/2014, art. 24, § 4º)

REGISTRO DE COMÉRCIOArquivamento de contrato social - Colidência de nome

comercial - Impedimento

3) Pode haver colidência de nome comercial de pessoa jurídica em contrato social a ser arquivado na Junta Comer-cial?

Não poderão ser arquivados os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante (colidência) a outro já existente ou que inclua ou reproduza em sua com-posição siglas ou denominações de órgãos públicos, da administração direta ou indireta, bem como de organismos internacionais e aquelas consagradas em lei e atos regula-mentares emanados do Poder Público.

Desse modo, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes. Nesse caso, para o contrato social ser novamente submetido a arquivamento na Junta Comercial, o nome empresarial deve ser modificado ou acrescido de designação que o distinga de outro anteriormente regis-trado.

(Decreto nº 1.800/1996, art. 53, VI, alterado pelo Decreto nº 3.344/2000)