infecção neonatal em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um município do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Enfermagem Trabalho Acadêmico Infecção Neonatal em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Município do Sul do Brasil Bruna Peligrinoti Tarouco Pelotas, 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Enfermagem

Trabalho Acadêmico

Infecção Neonatal em uma Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal de um Município do Sul do Brasil

Bruna Peligrinoti Tarouco

Pelotas, 2012

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Bruna Peligrinoti Tarouco

Infecção Neonatal em uma Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal de um Município do Sul do Brasil

Trabalho Acadêmico apresentado à

Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Pelotas,

como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em

Enfermagem.

Orientador: Enfª. Esp. Sueine Valadão da Rosa

Co- orientador: Enfª. Esp. Ana Amália Pereira Torres

Pelotas, 2012

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Dedicatória

Das muitas pessoas especiais que possuo em minha vida, este trabalho é

dedicado especialmente a uma pessoa que chegou neste mundo “balançando

estruturas” no sentido literal da palavra, chegou nos trazendo surpresas e novas

perspectivas, em um primeiro momento, no mau sentido da palavra, e por isso ela foi

a razão pela qual eu escolhi o tema, que particularmente tanto me orgulha.

Esta pessoa é minha sobrinha Marcela, ela que foi tão esperada, desejada e

amada por todos, desde a sua concepção e desenvolvimento no útero de minha

irmã e por fim seu nascimento, e que por obra do destino foi antecipado. Porém, a

prematuridade não era seu principal problema, afinal ela nasceu na 36ª semana de

gestação, quase à termo e com o corpo bem desenvolvido para “enfrentar” a vida

extra-uterina. Todavia, ela nasceu travando batalhas para manter-se entre nós, lutou

por um dia inteiro no berçário do hospital até que sucumbiu e teve uma parada

cardio-respiratória e então este seria o início de uma batalha, que quase a tomou de

nós.

Ela foi infectada, ainda no útero, por uma bactéria chamada Estreptococos

do Grupo B, que para um Recém-Nascido com o sistema imune imaturo, é

geralmente uma condição muito grave. E os próximos 17 dias, de fato não foram

fáceis, para ninguém!

Ela desenvolveu uma quadro grave de sepse, que aliado à um pneumotórax

espontâneo, diversas intercorrências e outras disfunções fisiológicas, a levaram a

ser considerada um bebê “inviável”, predestinado à morte. Porém, a vontade divina

contradisse tudo o que a ciência médica nos sugeria. Aos poucos ela foi melhorando

e então a nova perspectiva era a possibilidade de uma condição especial em que ela

e nós viveríamos, que eram as possíveis sequelas neurológicas, motora, visuais ou

auditivas. Porém, mais uma vez a vontade d´Ele se fez soberana, e após

acompanhamento especializado de pediatra, neurologista e pneumologista o nosso

pequeno milagre se fez perfeito. E então, originou-se a minha decisão em fazer uma

pesquisa relacionada a Recém-Nascidos com diagnóstico de infecção.

Além de esta vivência renovar a minha fé, trouxe-me a certeza de que há

algo muito maior e mais sábio do que nós homens, e me fez ter a certeza de que de

fato nasci predestinada a exercer a profissão que escolhi. Sou muito grata por ter a

oportunidade de ser enfermeira e ter a possibilidade de praticar o bem, a caridade, a

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benevolência e desta forma retribuir o que eu, minha família e minha querida

Marcela recebemos! E isto requer dedicação e desprendimento, afinal trata-se de

pessoas que na maioria das vezes estão passando por situações limite, são seres

necessitados de cuidado, atenção e principalmente carinho.

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Agradecimentos

A Deus, pelo dom da vida, saúde, força e determinação em todos os

momentos.

Aos meus pais, irmãs e cunhado que pelo amor e incentivo sempre

incondicionais, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa. Sou

muito grata e tenho muito orgulho por tê-los em minha vida, como a minha família.

As minhas amigas, que partilharam dos melhores e dos piores momentos, e

em especial a minha amiga e irmã do coração Mari Helen Mendes, que sempre

esteve ao meu lado nesta jornada, e que torna-se ainda mais especial por partilhar

da mesma profissão que eu.

A enfermeira Sueine Valadão da Rosa, minha querida orientadora, que é um

exemplo de competência e profissionalismo. Agradeço pela paciência na orientação,

pela honra no convívio, ensinamentos, incentivo, amizade e confiança.

A enfermeira Ana Amália Pereira Torres, que assim que recebeu o convite

para ser minha co-orientadora aceitou com muita solicitude. Agradeço pela

disponibilidade, competência, incentivo e amizade.

A enfermeira Claudia Hisse, que teve uma importância significativa em todo

o processo, pois além de ser minha convidada especial, tive o privilégio de ser sua

aluna e especialmente por ela ter participado ativamente no processo de cuidado e

cura de minha sobrinha. Agradeço pela amizade e ensinamentos. És exemplo de

caráter e de amor à profissão.

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“Tudo o que a sua mão encontrar para fazer,

faça-o com todo o seu coração.”

"Ame a teu próximo como a ti mesmo e

não faça aos outros o que não quer que façam contigo.”

Jesus de Nazaré.

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Resumo

Este Trabalho Acadêmico tem como objetivo descrever o perfil dos neonatos infectados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um município do sul do Brasil, no período de junho de 2010 a junho de 2011. Esta pesquisa é de caráter quantitativa, descritiva e de dimensão retrospectiva. A amostra foi composta por 62 prontuários. Os resultados obtidos mostram que os RNs eram na maioria do sexo masculino (63%), 87% das mães fizeram acompanhamento Pré-natal; 26% das gestantes internaram durante a gestação, salientando que em 48% da amostra não havia essa informação nos registros; a maioria dos RNs teve bons índices de Apgar; 60% dos RNs nasceram de parto cesáreo; a maioria dos RNs eram prematuros moderados e limítrofes (45,16%); e a causa mais comum de internação dos RNs foi IRA e Prematuridade (41,93%). Os principais sítios de infecção encontrados foram: Corrente Sanguínea (75,80%); Pulmonar (8,04%); Sanguínea e Ocular (3,22%) e Sanguínea e Meninges (3,22%). Os fatores de risco identificados para infecção foram: Prematuridade; Rotura Prematura de Membranas (27,42%); sexo masculino; tempo de internação e procedimentos invasivos. Os principais microorganismos encontrados foram: Staphylococcus, klebsiella, EGB e Serratia. Salientando que em 70,97% da amostra essa informação foi ignorada.

Palavras-chave: Infecção neonatal, Perfil de neonatos infectados, UTIN.

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Abstract This Academic Paper aims to describe the profile of infected neonates in a Neonatal Intensive Care Unit of a municipality in southern Brazil, from June 2010 to June 2011.The work is a quantitative, descriptive and retrospective dimension. The sample consisted of 62 records. The results showed that the newborns were mostly male (63%), 87% of mothers had prenatal care, 26% of pregnant women hospitalized during pregnancy, noting that 48% have not had this information in the records . Most of the neonates had good Apgar scores, 60% of newborns born by cesarean section, most of the newborns were premature and borderline moderate (45.16%), and the most common cause of hospitalization of newborns was IRA and prematurity (41,93%). The main sites of infection were: Blood Stream (75.80%), pulmonary (8.04%), and Ocular Blood (3.22%) and Blood and Meninges (3.22%). The risk factors for infection were: prematurity, premature rupture of membranes (27.42%) male, duration of hospitalization and invasive procedures. The most frequent microorganisms were: Staphylococcus, Klebsiella, Serratia and GBS. Stressing that in 70.97% of the sample this information was ignored. Keywords: Neonatal infection, profile of infected neonates, UTIN.

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Lista de Figuras

Figura 1. Distribuição da amostra conforme a variável pré-natal em uma UTI neonatal de um

município do sul do Brasil. n= 62 ..................................................................................... 25

Figura 2. Distribuição da amostra conforme a variável Internação durante a gestação em uma

UTI neonatal de um município do sul do Brasil. n= 62....................................................... 26

Figura 3. Distribuição da amostra conforme a variável Idade Gestacional em uma UTI neonatal

de um município do sul do Brasil. n= 62............................................................................ 27

Figura 4. Distribuição da amostra conforme a variável Apgar no 1º minuto em uma UTI neonatal

de um município do sul do Brasil. n= 62. ........................................................................... 28

Figura 5. Distribuição da amostra conforme a variável Apgar no 5º minuto em uma UTI neonatal

de um município do sul do Brasil. n= 62............................................................................ 29

Figura 6. Distribuição da amostra conforme a variável Tipo de Parto em uma UTI neonatal de um

município no sul do Brasil. n= 62 ....................................................................................... 29

Figura 7. Distribuição da amostra conforme a variável Rotura Prematura de Membranas em uma

UTI neonatal de um município do sul do Brasil. n= 62....................................................... 30

Figura 8. Distribuição da amostra conforme a variável sexo do RN em uma UTI neonatal de um

município do sul do Brasil. n= 62........................................................................................ 31

Figura 9. Distribuição da amostra conforme a variável Motivo de Internação em uma UTI

neonatal de um município do sul do Brasil. n= 62.............................................................. 32

Figura 10. Distribuição da amostra conforme a variável Tempo de Internação em uma UTI

neonatal de um município do sul do Brasil. n= 62.............................................................. 33

Figura 11. Distribuição da amostra conforme a variável Procedimentos Invasivos em uma UTI

neonatal de um município do sul do Brasil. n= 62............................................................. 33

Figura 12. Distribuição da amostra conforme a variável Sítio de Infecção em uma UTI neonatal de

um município do sul do Brasil. n= 62.................................................................................. 34

Figura 13. Distribuição da amostra conforme a variável Microoganismos Encontrados em uma UTI

neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62............................................................ 36

Figura 14. Distribuição da amostra conforme as variáveis Rotura Prematura de Membranas e

Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município do sul do Brasil.

n= 17................................................................................................................................... 37

Figura 15. Distribuição da amostra conforme as variáveis Corrente Sanguínea e Microorganismos

encontrados em uma UTI neonatal de um município do sul do Brasil. n=47..................... 38

Figura 16. Distribuição da amostra conforme as variáveis Pulmonar e Microorganismos neonatal

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de um município do sul do Brasil. n= 5..........................................................................39

Figura 17. Distribuição da amostra conforme as variáveis Corrente Sanguínea, Região Ocular e

Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município do sul do Brasil.

n= 2....................................................................................................................... ........40

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Idade gestacional e número de RNs internados...................................................... 41

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Lista de Abreviaturas e Siglas

RNs: Recém- nascidos

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

CNS: Conselho Nacional de Saúde

UFPel: Universidade Federal de Pelotas

FAU: Fundação de Apoio Universitário

RPM: Rotura Prematura de Membranas

LA: Líquido Amniótico

Ig A: Imunoglobulina A

CDC: Centers for Disease Control and Prevention

SAME: Serviço de Arquivo Médico e Estatística

OMS: Organização Mundial de Saúde

IRA: Infecção Respiratória Aguda

EGB: Estreptococcus do Grupo B

COFEN: Conselho Federal de Enfermagem

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

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Sumário

1.Introdução...................................................................................................14

2. Objetivo......................................................................................................16

2.1. Objetivo Geral..........................................................................................16

2.2. Objetivos Específicos...............................................................................16

3. Revisão de Literatura................................................................................17

4. Metodologia...............................................................................................22

5. Apresentação e Análise dos Dados........................................................25

5.1 Análise Univariada....................................................................................25

5.2 Análise Bivariada.......................................................................................36

7. Considerações Finais...............................................................................42

8. Referências Bibliográficas.......................................................................44

Apêndices......................................................................................................50

Anexos...........................................................................................................55

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1 Introdução

A criança é um ser único, que vivencia desde a vida intra-uterina até o

momento do nascimento, uma série de mudanças que serão decisivas no seu

crescimento e desenvolvimento (REICHERT, LINS e COLLET, 2007). Muitos recém-

nascidos (RNs) enfrentam na vida extra-uterina a experiência de adoecer, esses já

nascem travando batalhas pela vida e muitos desses não sobrevivem.

Segundo Goulart et al, (2006) a mortalidade infantil é vista atualmente como

um indicador de qualidade de vida e dos serviços de saúde em geral. E ela vem

sofrendo decréscimo na faixa acima do período neonatal, como resultado de boas

campanhas de vacinação, incentivo ao aleitamento materno e divulgação de

medidas preventivas de doenças infecciosas. Em contrapartida, de acordo com

Araújo, Bozzetti e Tanaka (2000) a mortalidade neonatal resulta de uma relação

entre variáveis biológicas, sociais e de assistência à saúde, o que torna mais difícil a

redução dos casos.

Em países em desenvolvimento, a sepse neonatal atinge valores de até 15,4

casos para cada 1000 nascidos vivos, entretanto nos Estados Unidos a incidência

varia de um a cinco para cada 1000 nascidos vivos. Na literatura existem fatores de

risco documentados para a sepse neonatal, os quais são divididos em fatores

maternos, neonatais ou ambientais. Destacando-se o trabalho de parto prematuro,

ruptura de membranas há mais de 18 horas, colonização materna, febre (≥ 38 ºC)

durante ou imediatamente após o trabalho de parto, corioamnionite e filho anterior

com infecção neonatal, sendo os fatores maternos, já os fatores relacionados aos

neonatos são: sexo masculino e baixo peso ao nascimento- < 2500 g (GOULART et

al, 2006).

O termo sepse neonatal refere-se às infecções bacterianas em RNs. O sítio

primário de invasão é geralmente a corrente sanguínea, seguindo das meninges em

25 a 30% dos casos. As infecções bacterianas sistêmicas acometem de 1 a 10

casos por 1.000 RNs vivos (SIEGEL; MCCRAKEN, 1981). Já Freitas et al (2006),

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afirmam que os neonatos são afetados com maior freqüência, sendo os prematuros

e pequenos para a idade gestacional os que apresentam o maior risco de infecção.

Visto isso, a questão norteadora do trabalho é identificar o perfil de infecções

neonatais em uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) de um município do

sul do Brasil.

Além disso, este tema tem uma importância especial para a graduanda, uma

vez que a escolha do mesmo foi motivada por uma experiência pessoal, na qual um

ente querido nasceu com quadro de grave de infecção, fato que teve grande impacto

na vida da pesquisadora e de sua família.

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2 Objetivo

2.1 Objetivo Geral

Identificar o perfil dos neonatos infectados em uma Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal de um município do sul do Brasil.

2.2 Objetivos Específicos

Conhecer os possíveis sítios das infecções que acometem os neonatos

infectados na referida unidade.

Identificar os possíveis fatores de risco para infecção dos neonatos

infectados.

Identificar os principais microorganismos que acometem os neonatos na

referida unidade.

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3 Revisão de Literatura

Segundo o Ministério da Saúde, a mortalidade neonatal é um grave problema

de saúde pública (BRASIL, 2006). Do total de mortes de crianças menores de um

ano, 52% ocorrem no período neonatal, como decorrência direta da atenção

dispensada na gestação, no parto e no puerpério (BRASIL, 2006).

De acordo com Barros et al (1987), Centúrion (1994) e Aquino (1997), a

mortalidade perinatal é um acurado indicador de saúde para análise das condições

de vida de uma população, uma vez que reflete diretamente na qualidade da

assistência prestada à mulher durante o ciclo gravídico e puerperal.

Segundo Laurenti e Buchalla (1997), o período neonatal começa no

nascimento e termina após 28 dias de vida completos. As causas mais comuns de

morte neste período neonatal são as infecções, a asfixia neonatal e a prema-

turidade, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde

(VERGNANO et al, 2005). Klein e Marcy (2005) e Lemons et al, (2001) afirmam que

a sepse continua a ser uma das doenças mais frequentes no período neonatal,

permanecendo como uma importante causa de morbimortalidade.

Afroza et al (2006) referem que a sepse neonatal é um dos principais

problemas de saúde em todo o mundo. A cada ano, aproximadamente 30 milhões

de recém-nascidos são acometidos e destes cerca de 1 a 2 milhões morrem.

Vergano et al (2005), afirmam que sua incidência varia de 7,1 a 38 por 1.000

nascidos vivos na Ásia, de 6,5 a 23 por 1.000 nascidos vivos na África, de 3,5 a 8,9

por 1.000 nascidos vivos na América do Sul e Caribe e de 1,5 a 3,5 por 1.000

nascidos vivos nos Estados Unidos e Austrália.

Segundo MacCracken, Reij (1987) e Siegel, McCracken (1981) a septicemia

neonatal precoce varia de 1 a 10 casos por 1.000 nascidos vivos, porém pode

triplicar dependendo da presença de fatores predisponentes para a infecção

neonatais.

Segundo Gunn, Mishell, Morton (1970), a infecção afeta entre 2,7 e 17% das

gestações, com uma média de 10% (SILVA, 2000), e a rotura prematura de

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membranas (RPM) se faz presente especialmente na população de gestantes

atendidas nos serviços públicos do Brasil, sendo um importante problema devido à

população acometida por essa intercorrência obstétrica e as repercussões da

infecção sobre o binômio materno-fetal (ROCHA et al, 2002).

Considerando esse contexto, os Centers for Disease Control and Prevention

(CDC, 1996), definiram como infecções hospitalares neonatais aquelas adquiridas

durante o trabalho de parto ou durante a hospitalização, com exceção dos casos que

evidenciem contaminação transplacentária. No Brasil, conforme o Ministério da

Saúde, as infecções neonatais são consideradas hospitalares, exceto as

transmitidas por via transplacentária e aquelas associadas a RPM por período

superior a 24 horas (Calil, 2001).

De acordo com Gray (2007), estudos caracterizam sepse precoce como

quadros infecciosos com início entre 48 e 72 horas de vida e sepse tardia após este

período.

Ceccon (2008), refere que na sepse precoce o RN apresenta sintomas nos

primeiros três dias de vida, e estes estão relacionados com fatores de risco

maternos e os agentes bacterianos encontrados no canal do parto. Em

contrapartida, na sepse tardia esses sintomas ocorrem a partir do quarto dia de vida,

e relacionam-se basicamente com fatores neonatais e acometem em geral os RNs

que encontram-se internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal,

caracterizando-se como infecções nosocomiais.

Os microorganismos responsáveis pela infecção neonatal relacionada com

Ruptura Prematura de Membranas são aqueles encontrados na flora vaginal

normal e patogênica e a literatura estrangeira aponta entre os

microorganismos mais freqüentes os Streptococcus do grupo A e B,

Escherichia coli, Neisseria gonorrhoeae, Listeria monocytogenes,

citomegalovirus, virus Herpes simplex, vírus da Hepatite B, Candida

albicans, e a Chlamydia trachomatis (KLEIN; MARCY, 1990; SIEGEL;

McCRACKEN, 1981; GEME et al, 1984).

Guerina (1991), refere que na Europa e em algumas regiões dos Estados

Unidos a bactéria mais comum é a Escherichia coli, ultrapassando o estreptococo do

grupo B.

Os fatores de risco para a infecção são diversos, de acordo com Menezes et

al (2004); Andrade, Angerami, Padovani (2000) e Cunha, Lopez (2002) o baixo

peso, imaturidade do sistema imunológico, os procedimentos invasivos, ventilação

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mecânica, fatores relacionados ao ambiente e aos profissionais de saúde, são as

principais causas de bacteremia em RNs.

Vários fatores de risco para infecção neonatal foram identificados, e a

colonização materna no momento do parto é um dos mais sérios, aumentando o

risco de infecção em torno de 200 vezes (BENITZ; GOULD; DRUZIN, 1999).

Além disso, a rotura prolongada de membranas amnióticas, febre materna,

corioamnionite, trabalho de parto prolongado ou traumático, prematuridade,

condição sócio-econômica e geográfica desfavorável, anoxia neonatal e sexo

masculino do RN também são fatores de risco para infecção neonatal (COWLES;

GONIK, 1992; KLEIN; MARCY,1990; KLEIN; REMINGTON, 1990 e GEME et al,

1984).

A RPM torna o RN suscetível à entrada de microorganismos. Quando há

rotura prematura de membranas associada à febre materna, deve-se ter cautela,

uma vez que os dois fatores associados podem indicar uma possível infecção

neonatal (KLEIN; MARCY, 1990). No entanto, a febre isoladamente não se relaciona

com a infecção neonatal (OHLSSON; VEARNCOMBE, 1987).

A prematuridade é um importante fator de risco para sepse precoce e este

risco dobra para cada três semanas de redução na idade gestacional (SCHUCHAT,

2001). O risco relativo estimado de doença neonatal em prematuros varia de 1,5 a

4,8%, sendo os prematuros, o grupo de maior risco (CENTERS FOR DISEASE

CONTROL AND PREVENTION, 2007).

Durante o desenvolvimento intra-uterino o feto está protegido da flora

microbiana do trato genital materno. Portanto, a colonização normal do recém-

nascido e da placenta inicia-se com a ruptura das membranas, durante o trabalho de

parto e após o nascimento com o ambiente externo, até que seja estabelecida a flora

normal endógena neonatal. Os fatores que influem na maturação da flora neonatal

são a flora genital materna, o tipo de alimentação do recém-nascido (Yoshioka, Isek

e Fujitai, 1983), as pessoas em contato com o recém-nascido, o ambiente em que a

criança nasce e também a flora de objetos e de outros recém-nascidos (Wilson,

Lewis e English, 1999).

Jarvis (1996) refere que o recém-nascido que permanece em contato com a

mãe e recebe aleitamento natural é colonizado após vários dias do nascimento na

pele e superfícies mucosas, como a nasofaringe, orofaringe, conjuntivas, cordão

umbilical e genitália externa. E principais microorganismos são os Streptococcus a-

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hemolítico e Staphylococcus coagulase-negativo, por lactobacilos, outros anaeróbios

e E.Coli. Também é comum haver colonização por Candida albicans e por

Staphylococcus aureus.

Nagata et al (2002) afirmam que as infecções no período neonatal possuem

uma característica singular, uma vez que pode-se considerar o RN, a princípio, como

bacteriologicamente estéril. E também por estar mais suscetível a infecções devido à

imaturidade do sistema imunológico e às fragilidades das barreiras cutâneas e

mucosas. Fato que é agravado em RNs pretermos e de baixo peso. O que segundo,

Flaherty e Weinstein (1996) favorece a disseminação de microrganismos

hospitalares e a colonização do prematuro por uma flora patogênica, aumentando os

riscos para internação hospitalar e óbito neonatal.

Para outros autores o RN prematuro está naturalmente mais exposto à

infecção por diversos fatores como a imaturidade do sistema imunológico; pele

funcionalmente imatura, com maior permeabilidade e menor acidez; mucosa do trato

respiratório e digestivo, carência de IgA secretória, além do comprometimento de

outras barreiras naturais, como o revestimento muco ciliar, fluxo lacrimal e salivar,

secreção de ácido gástrico e biliar diminuídos. Vários estudos têm demonstrado que

o sistema imunológico do RN possui quimiotaxia lenta, déficit de fibronectina e

processamento de antígenos pelos macrófagos, aumento de linfócitos T

supressores, além da diminuição na concentração sérica de IgA, IgM, IgE, e IgG

(BELLANTI; BONER; VALETTA, 2005; CARNEIRO; GRUMACH, 1991 e WILSON,

1990).

O diagnóstico da septicemia do RN deve associar dados clínicos e

microbiológicos. Clinicamente, a doença pode manifestar-se por um ou mais sinais,

como queda do estado geral, hipotermia ou hipertermia, hiperglicemia, apnéia, além

de insuficiência respiratória, choque e hemorragia. Assim sendo, o ideal é que além

da avaliação clínica, haja o diagnóstico laboratorial que deve incluir hemograma

completo, nível de plaquetas, proteína C reativa e dados microbiológicos, que

incluem hemoculturas e cultura de líquor para auxiliar o fechamento do diagnóstico e

se determinar a melhor conduta terapêutica (ADAMS-CHAPMAN; STOLL, 2006;

ANDERSON-BERRY, BELLIG; OHNING, 2006; BRASIL, 2006).

Os sinais e sintomas clínicos da sepse neonatal, podem estar presentes na

vida intra-uterina, caracterizando-se como ausência de reatividade e movimentos

fetais (GOLDSTEIN; COPEL; HOBBINS, 1989; VINTTZILEOS; CAMPBELL; RODIS,

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1989). A escala de Apgar também é um parâmetro de avaliação, especialmente

quando no 5º minuto o escore for menor do que 7 (KLEIN; MARCY, 1990). Além

disso, os sintomas mais significativos são letargia, desconforto respiratório, hiper ou

hipotermia, apnéia, alterações na microcirculação, cianose, vômitos, abscessos,

púrpura ou petéquias, diarréia, distensão abdominal e icterícia (COWLES; GONIK,

1992; KLEIN; MARCY, 1990

Portanto, é possível concluir que as consequências das infecções neonatais

são importantes e frequentemente graves. Trazem prejuízos à saúde do RN, além

de afetar as relações sociais e psicológicas da família, uma vez que esta situação

traz sofrimento, angústia e ainda representa um risco de morte e déficit de qualidade

de vida do RN. E também constituem um problema de saúde pública, uma vez que,

elevam o tempo de hospitalização, morbidade e mortalidade dos pacientes além dos

altos custos do tratamento (MORAES et al, 2000).

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4 Metodologia

Segundo Leopardi (2006,p.37) “método é o caminho pelo qual fazemos algo,

de maneira a atingir um objetivo; é a base mental para o exercício de uma atividade

que se deseja eficaz; exige organização do conhecimento e experiências prévias”.

Ainda segundo Leopardi (2001) o método científico é o caminho pelo qual

os pesquisadores produzem o conhecimento científico, se caracteriza como um

conjunto de operações empíricas ou lógicas, através das quais se busca a

comprovação, ou de teses ou de hipóteses sobre um fato, representação ou

fenômeno.

4.1 Caracterização da Pesquisa

Este trabalho acadêmico é de caráter quantitativo, descritivo e de dimensão

retrospectiva.

A pesquisa quantitativa, é a informação numérica coletada pelo pesquisador

que, resulta de mensuração formal e que é analisada com procedimentos

estatísticos. É fundamentada na realidade objetiva e relacionada, direta ou

indiretamente, através dos sentidos, mais do que através das crenças pessoais ou

palpites (POLIT et al, 2004,p.29).

Ainda segundo Polit et al (2004), a pesquisa quantitativa está mais próxima à

tradição positivista, já a pesquisa qualitativa é baseada na investigação naturalista.

Polit et al (2004) referem que o positivismo tem suas origens no pensamento

do século XIX, orientado pelos filósofos Comte, Newton e Locke. Um dos

fundamentos do positivismo é que a natureza seja ordenada e regular, e que existe

uma realidade objetiva independente da observação humana. O pesquisador nesta

perspectiva positivista é independente dos que estão sendo pesquisados, e os

resultados não são influenciados pelo pesquisador.

As pesquisas descritivas objetivam a descrição de características de

determinada população e também identificar relações entre variáveis (Gil, 2010).

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4.2 Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com dados de uma Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal de um Município do Sul do Brasil, que possui nove leitos, sendo 6

neonatais e 3 pediátricos e atende crianças de 0 a 14 anos.

4.3 Caracterização da População Alvo

Recém-nascidos (crianças de 0 a 28 dias) com diagnóstico de infecção, que

estiveram internados na UTIN do referido hospital no período de 1º de junho de 2010

a 1º de junho de 2011.

4.4 Amostra

Os dados foram coletados no Serviço de Arquivo Médico e Estatística

(SAME), entre os dias 14/04/12 e 28/05/12. Foram analisados todos os prontuários,

do período, entre 1º de junho de 2010 a 1º de junho de 2011. Destes, foram

identificados 62 casos de recém-nascidos com infecção.

Os dados foram coletados através de um formulário previamente elaborado

e obtidos através dos prontuários.

4.5 Procedimentos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa

de Misericórdia de Pelotas, levando em consideração os princípios éticos e legais,

que estão dispostos na Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 196, de

10 de outubro de 1996, no qual há a garantia do retorno dos benefícios obtidos

através das pesquisas para as pessoas e as comunidades onde as mesmas forem

realizadas. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em

incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de

pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tal benefício

às pessoas e/ou comunidades.

Além disso, foi respeitado o Capítulo III do Código de Ética de Enfermagem,

Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) Nº311/2007, o qual traz

os princípios do ensino, da pesquisa e da produção técnico-científica de

Enfermagem.

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4.6 Variáveis

Variável é a característica de interesse que é medida em cada elemento da

amostra ou população, dentre elas estão:

Pré- natal;

Idade Gestacional;

Internação durante a gestação

Parto;

Rotura prematura de membranas;

Sexo;

Apgar;

Procedência;

Motivo de internação;

Tempo de internação;

Procedimentos invasivos;

Sítio de infecção;

Microorganismos encontrados.

4.7 Procedimento para coleta de dados

Após solicitado e concedida permissão pela instituição hospitalar para

pesquisa, o projeto foi encaminhado ao comitê de ética em pesquisa do Hospital

Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e aprovado sob o Protocolo nº185/ 2012- Ata

103. Depós do parecer favorável os dados foram coletados através de um formulário

previamente elaborado, conforme apêndice C, utilizando os dados dos prontuários.

4.8 Análise dos dados

Os dados coletados foram inseridos em um banco construído no programa

Epi Info 6.04, foram corrigidas as inconsistências, e posteriormente os dados foram

analisados no programa Epidata Analysis v2.2 e descritos. As variáveis foram

descritas de forma univariada e bivariada. Os achados foram confrontados com a

literatura. Os dados da pesquisa serão guardados pela pesquisadora pelo período

de cinco anos e após serão incinerados.

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5 Apresentação e Análise dos Dados

5.1 Análise Univariada

5.1.1 Pré- Natal

Para a variável Pré-Natal, foi verificado um alto índice de adesão ao Pré-

Natal, onde 87% das gestantes fizeram o acompanhamento, correspondendo à 54

gestantes de uma amostra de 62 sujeitos, sendo este um importante indicador de

acesso e qualidade da atenção à saúde da mulher e da criança. Em estudo

realizado por Benites e Nunes (2006), 90,2% da amostra frequentou algum tipo de

assistência Pré-Natal.

Já as gestantes que não realizaram Pré-Natal, corresponderam a 10% da

amostra (6 gestantes) como pode ser observado na Figura 1, este resultado foi

acima dos valores encontrados em um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde,

no qual a proporção de mães com nenhuma consulta pré-natal no país reduziu de

4,7% para 1,8%, entre 2000 e 2009 (BRASIL, 2011).

Figura 1. Distribuição da amostra conforme a variável pré-natal em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

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5.1.2 Internação durante a gestação

Os dados referentes à internação durante a gestação são o claro reflexo da

importante falha nos registros dos profissionais, uma vez que em 48% dos

prontuários da amostra não havia dados sobre internações anteriores, fato que

denota a defasada anamnese no momento da internação ou a falha nos registros.

De acordo com os dados contidos nos prontuários, 26% das gestantes

internaram no período gestacional, e 26% não internaram durante a gestação,

conforme observado na Figura 2.

Figura 2. Distribuição da amostra conforme a variável Internação durante a gestação em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.3 Idade Gestacional

A maior parte da amostra foi constituída por Recém-Nascidos prematuros

(69,35%), que segundo o Ministério da Saúde são os RNs com idade gestacional de

até 36 semanas. Em um estudo semelhante, realizado por Chagas et al (2009),

67,9% da amostra foi constituída por RNs com idade gestacional de até 36 semanas.

Benits e Nunes (2006) encontraram valor parecido no seu estudo, no qual 64,1% da

amostra, nasceu com menos de 36 semanas de gestação.

Leone, Ramos e Vaz (2002) classificam a idade gestacional da seguinte

forma: a prematuridade extrema corresponde a uma gestação inferior a 30 semanas;

a moderada está entre 31 a 34 semanas e a limítrofe, a uma gestação de 35 a 36

semanas. Portanto, a frequência de prematuridade extrema foi de 24,19% e

prematuridade moderada e limítrofe de 45,16%, enquanto, 30,65% dos RNs

nasceram à termo (Figura 3).

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De acordo com Salge et al (2009) o parto prematuro está associado a alguns

fatores de risco demográficos e obstétricos, tais como: idade materna menor que 21

ou maior que 36 anos, baixo nível socioeconômico, antecedente de parto pré-termo,

estatura materna inferior a 1,52 m, gestação gemelar, sangramento vaginal no 2º

trimestre, amadurecimento cervical e aumento da atividade uterina antes da 29ª

semana de gestação.

A prematuridade é um importante problema, uma vez que aumenta o risco

de adaptação à vida extrauterina, decorrente sobretudo da imaturidade

anatomofisiológica. Além disso, o RN prematuro pode apresentar uma série de

complicações após o nascimento como: com baixo peso, que aumenta ainda mais

os riscos de morbidade e mortalidade infantil. A morbidade está diretamente

relacionada aos distúrbios respiratórios e às complicações infecciosas e

neurológicas (SALGE et al 2009).

Figura 3. Distribuição da amostra conforme a variável Idade Gestacional em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.4 Apgar

A escala de Apgar é um importante instrumento de avaliação de vitalidade

do RN no momento do nascimento, o qual avalia a cor, frequência cardíaca,

irritabilidade reflexa, tônus muscular e esforço respiratório. Quanto menor o escore,

menor a vitalidade do RN (MORAES, CAMPOS e SILVESTRINI,2005).

O escore de apgar no 1º minuto tem relação com um pH do sangue no

cordão umbilical e portanto é um indicador de asfixia neonatal. Considera-se que

não há asfixia quando os valores encontram-se entre 8 e 10, quando o escore é

menor do que 7, considera-se que há asfixia, de moderada a severa, de acordo com

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o menor escore (CLOHERTY & SRTAK, 1982). Para Sagre (1995) o escore do 5º

minuto entre 0 e 3, caracteriza anóxia neontal.

Em estudo realizado em uma maternidade por Loth, Vitti e Nunes (2001),

não houve diferenças significativas nas notas de Apgar, no 1º e 5º minuto,

comparando os partos cesáreos e vaginais.

De acordo com Klein e Marcy (1990), a escala de Apgar também é um

parâmetro de avaliação de infecção, especialmente quando no 5º minuto o escore

for menor do que 7. Da amostra em questão, apenas 22,58% dos RNs tiverem um

escore menor do que 7 no 5º minuto.

Pode-se observar, inclusive, que 50% dos RNs tiveram Apgar entre 8 e 10

no 1º minuto, enquanto no 5º minuto 77,42% tiveram Apgar entre 8 e 10, que são

valores satisfatórios, como pode ser observado nas Fig. 4 e 5.

Figura 4. Distribuição da amostra conforme a variável Apgar no 1º minuto em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

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29

Figura 5. Distribuição da amostra conforme a variável Apgar no 5º minuto em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.5 Tipo de Parto

O estudo revelou que os partos cesáreos representam 60% da amostra. No

estado de São Paulo em 2003, o percentual de partos cesáreos no Sistema Único

de Saúde (SUS) e na rede privada, atingiram índices de 32,9 e 80,4%,

respectivamente (KILSZTAJN, 2007). Carniel, Zanolli e Morcillo (2007), afirmam que

o Brasil é hoje um dos países com maior ocorrência de cesarianas no mundo. No

entanto, a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) é de que os

partos cesáreos correspondam a no máximo 15% dos partos. O Ministério da Saúde

do Brasil, considera que elevadas taxas de cesáreas são fatores determinantes da

morbimortalidade materna e perinatal (BRASIL, 2001).

Figura 6. Distribuição da amostra conforme a variável Tipo de Parto em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

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5.1.6 Rotura Prematura de Membranas

A presença da rotura prematura de membranas (RPM) é um fator de risco

reconhecido para sepse neonatal. O intervalo entre a ruptura das membranas e o

início do trabalho de parto é denominado período de latência. Quanto mais longo,

maiores os riscos infecciosos maternos e fetais.

Uma parcela significativa da amostra teve RPM (27,42%) como pode ser

observado na Figura 7, resultado semelhante em estudo realizado por Nomura et al

(2009), o qual observaram que 30% da amostra teve RPM. No estudo realizado por

Santos, Oliveira e Bezerra (2006) 35,1% das gestantes tiveram RPM, o que denota

uma constância nestes índices.

Figura 7. Distribuição da amostra conforme a variável Rotura Prematura de Membranas em uma UTI

neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.7 Sexo do RN

A amostra é constituída na sua maioria pelo sexo masculino correspondendo

a 63% (Fig. 8). Ceccon, Krebs e Vaz (2012) referem que recém-nascidos do sexo

masculino, possuem probabilidade de duas a seis vezes maior de apresentar sepse

em relação ao sexo feminino. Alguns estudos sugerem a possibilidade da existência

de um fator genético ligado ao sexo, relacionado à suscetibilidade do hospedeiro à

infecção.

Além disso, segundo Araújo, Bozzetti e Tanaka (2000) em estudo realizado

em Caxias do Sul, os recém-nascidos do sexo masculino, quando comparados aos

do sexo feminino, possuem um risco maior de morte. Esta característica foi

observada em todas as faixas de peso ao nascimento e idade gestacional

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estudadas. Em pesquisa realizada por Einloft et al (2002) o gênero masculino

também predominou, 68,4% dos casos admitidos na UTIP eram do sexo masculino.

Figura 8. Distribuição da amostra conforme a variável sexo do RN em uma UTI neonatal de um

município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.8 Motivo de Internação

Com a análise dos dados, foi possível inferir que 41,93% das internações

foram ocasionadas por Prematuridade e Insuficiência respiratória aguda, estando

estes fatores associados ou não. Em concordância com estudo realizado por Benites

e Nunes (2006), que também encontraram Prematuridade e Insuficiência respiratória

como principais motivos de internação, porém com valores ainda maiores, 81,4% da

amostra.

Sepse, Prematuridade e Pneumonia também estão entre os fatores mais

comuns com 6,45%, conforme Figura 9. Houve ainda 12 RNs (19,41%), que

correspondem ao restante da amostra e enquadraram-se como sujeitos únicos nos

motivos de internação e são eles: Prematuridade e parada cardiorespiratória (PCR);

IRA e Pneumonia; Icterícia; Prematuridade e Doença da Membrana Hialina;

Hidronefrose e Sepse; Pneumonia e RPM; Crise convulsiva e Sepse; Obstrução do

Tubo Digestivo e Sepse; Aspiração de Mecônio e Sepse; PCR e aspiração de

Mecônio e IRA e Cardiopatia.

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Figura 9. Distribuição da amostra conforme a variável Motivo de Internação em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

7 - (11,29%) internaram por Prematuridade

9 - (14,52%) internaram por Infecção Respiratória Aguda (IRA)

10 - (16,12%) internaram por IRA e prematuridade

4 - (6,45%) internaram por Prematuridade e Pneumonia

4 - (6,45%) internaram por Sepse

3 - (4,83%) internaram por Prematuridade e Ruptura Prematura de Membranas

3 - (4,83%) internaram por Prematuridade e Sepse

2 - (3,22%) internaram por Sofrimento Fetal

2 - (3,22%) internaram por IRA e Sepse

2 - (3,22%) internaram por Obstrução do tubo digestivo

2 - (3,22%) internaram por Pneumonia

2 - (3,22%) internaram por Prematuridade e Pequeno para a idade gestacional

5.1.9 Tempo de Internação

O tempo de internação dos RNs está descrito na Figura 10, sendo que o

período de 16 à 30 dias, foi o que obteve-se um número maior de RNs internados,

onde 22 ficaram internados por este período. E o tempo médio de internação foi de

25 dias.

Em estudo realizado por Lopes et al (2008), o período médio de

hospitalização foi de 52,07 dias. Já em um estudo realizado do Rio de Janeiro, onde

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foi realizado uma pesquisa em todas as UTIs Neonatais e Pediátricas, a média de

permanência na UTI foi de 20 dias (BARBOSA et al, 2002).

Figura 10. Distribuição da amostra conforme a variável Tempo de Internação em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.1.10 Procedimentos Invasivos

Com relação aos procedimentos invasivos, em 100% da amostra foi

realizado algum tipo de procedimento. Sendo, os mais frequentes, a sondagem

orogástrica, punção venosa e entubação (29%); sondagem orogástrica e punção

venosa (27%) seguido de sondagem orogástrica, punção venosa, cateter venoso

central (CVC) e entubação (10%), conforme a Fig. 11.

Lopes, Rossetto, Belei, et al (2008) referem que os procedimentos invasivos

mais comuns em UTIs neonatais são: entubação orotraqueal e cateterização venosa

central, que por sua vez aumentam o risco para a sepse e óbito.

Figura 11. Distribuição da amostra conforme a variável Procedimentos Invasivos em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

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5.1.11 Sítio de Infecção

Com relação ao sítio de infecção, a maior parte da amostra foi constituída

por infecção na corrente sanguínea, ou sepse, como é mais comumente usado,

sendo 47 RNs que correspondem a 75% da população.

Esse dado corrobora com Afroza et al (2006), que observaram que a sepse

neonatal é um dos principais problemas de saúde em todo o mundo. A cada ano,

aproximadamente 30 milhões de recém-nascidos são acometidos e destes cerca de

1 a 2 milhões morrem. Vergano et al (2005), afirmam que sua incidência varia de 7,1

a 38 por 1.000 nascidos vivos na Ásia, de 6,5 a 23 por 1.000 nascidos vivos na

África, de 3,5 a 8,9 por 1.000 nascidos vivos na América do Sul e Caribe e de 1,5 a

3,5 por 1.000 nascidos vivos nos Estados Unidos e Austrália.

Figura 12. Distribuição da amostra conforme a variável Sítio de Infecção em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

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5.1.12 Microorganismos Encontrados

Em 70,97% dos casos não foi identificado o agente etiológico, e esta é uma

questão importante, porquanto as causas desta incorreção não são muito claras

(Figura 13). A literatura refere que, cerca de 98% dos exames bacteriológicos são

positivados nas primeiras 72 horas (TAMEZ e SILVA, 2002), o que certamente limita

o diagnóstico.

Salientando ainda que a combinação de hemocultura e a citologia do líquor é

vantajoso, pois em 15% das hemoculturas positivas também apresentam valores

alterados no líquor. Se o valor proteico do líquor foi maior do que 100, é sugestivo

para meningite. Logo, é possível inferir que esta parcela da amostra provavelmente

foi diagnosticada baseada nos fatores empíricos do quadro clínico.

No entanto, outros estudos também referem o baixo índice de exames

positivados, em estudo realizado no Hospital de Caridade e Beneficência de

Cachoeira do Sul, das 496 amostras cultivadas, 367 (73,99%) foram negativas, e

129 (26,01%) foram positivas (FILHO, RESCHKE e HÖRNER, 2006).

Os microorganismos mais encontrados foram Staphylococcus com 8 casos

(12,90%), sendo que, neste estudo todos os tipos de Staphylococcus foram

agrupados, devido os registros nem sempre especificarem a espécie do gênero, em

seguida Klebsiella com 3 casos (4,83%) e Estreptococcus do Grupo B (EGB) e

Serratia com 2 casos cada. Salientando que houve um caso de infecção por

Candida, que é um fungo (Figura 13). Para estudo realizado por Filho e

colaboradores (2006) os microorganismos que prevaleceram foram: Staphylococcus,

Pseudomonas e Klebsiella.

Com relação às infecções fúngicas, Pfaller et al (2000) referem que este tipo

de microorganismo está cada cada vez mais comum em unidades neonatais, devido

a exposição prolongada a antibióticos, a hiperalimentação parenteral e a entubação

traqueal. A espécie mais comum é a Candida albicans, que pode levar a meningite,

causar abscessos esplênicos ou renais, osteomielite, dermatite invasiva e possui

altas taxas de mortalidade.

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36

Figura 13. Distribuição da amostra conforme a variável Microoganismos Encontrados em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 62.

5.2 Análise Bivariada

5.2.1 Rotura Prematura de Membranas e Microorganismos encontrados

Da amostra total (n=62) do estudo realizado, foram identificados 17 casos de

RPM, que correspondem a 24,42%, e destes, 11 RNs não tiveram os agentes

etiológicos identificados (64,70%), 2 tiveram infecção por EBG (11,77%), 2 por

Staphylococcus (11,77%), 1 por Klebsiella (5,88%) e 1 por Serratia e Klebsiella

(5,88%), conforme demonstrado na Fig.14.

De acordo com Romero et al (2007; 2003), acredita-se que os agentes

etiológicos responsáveis pela infecção neonatal grave, são originados

principalmente de mães com o trato genital inferior colonizado. Porquanto, pode

haver ascensão destes patógenos pela endocérvice, atingindo a decídua,

membranas fetais, líquido amniótico e feto. Em um estudo realizado por Lajos et al

(2008), com 212 gestantes, foi realizado cultura de material endocervical das

gestantes, 14,2% desta amostra teve exames positivados, foi encontrado uma taxa

de prevalência de EBG (9,4%), Candida (2,3%), Streptococcus sp (1%), e outros

agentes etiológicos com valores menores.

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Figura 14. Distribuição da amostra conforme as variáveis Rotura Prematura de Membranas e Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 17.

5.2.2 Sítio de Infecção e Microorganismos encontrados

5.2.2.1 Corrente Sanguínea e Microorganismos encontrados

No presente estudo do total da amostra, 47 (75,80%) dos RNs tiveram

infecção na corrente sanguínea, de acordo com as informações dos prontuários.

Destes 47 RNs, 5 (10.64%) tiveram sepse por Staphylococcus e 3 (6,39%) por

Klebsiella e 39 (82,97 %) não foram identificados o agente etiológico, conforme a

Fig. 15 .

O Staphylococcus aureus é a espécie de Staphylococcus mais grave, e, é

um problema em berçários em todo mundo. Geralmente, é disseminada via contato

direto, as lesões cutâneas e procedimentos invasivos predispõem à ocorrência de

lesões focais, bacteremia, meningite ou pneumonia. Os profissionais da área da

saúde podem ser vetores da bactéria, quando não há uso adequado de EPIs

(equipamento de proteção individual), desinfecção de materiais e anti-sepsia correta

das mãos. De acordo com Hall (1991), o Staphylococcus é o principal agente gram-

positivo causador de infecções nosocomiais em recém-nascidos, principalmente os

do tipo Staphylococcus coagulase-negativo e Staphylococcus epidermidis, que

frequentemente infectam recém-nascidos de baixo peso ao nascer, com

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hospitalização prolongada, com cateterização venosa e que utilizam lipídios

parenterais.

Além disso, o principal reservatório de Klebsiela é o trato gastrointestinal do

paciente, além de estar relacionada a procedimentos invasivos e cateteres

(COTTON et al 2000).

Figura 15. Distribuição da amostra conforme as variáveis Corrente Sanguínea e Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 47.

5.2.2.2 Pulmonar e Microorganismos encontrados

Com relação à infecção pulmonar obteve-se n=5, destes, 3 casos não foram

identificados e 2 foram identificados com Estreptococcus do Grupo B, que

representam 40% da amostra em questão, conforme a Fig. 16.

O EGB é um microorganismo normal do trato gastrintestinal, podendo

colonizar o trato genital de maneira crônica ou intermitente, em cerca de um terço

das mulheres (COSTA et al, 2008). As taxas de prevalência de colonização pelo

EGB podem variar de 5 a 40%. Em estudos brasileiros essas taxas têm variado de 4

a 17% (BERALDO et al, 2004). No Brasil, o EGB também é um dos agentes mais

frequentemente isolados em infecções neonatais precoces (MIURA; MARTIN, 2001;

PESSOA et al, 2004).

Na região Nordeste do Brasil, estudo realizado demonstrou a prevalência de

colonização materna de 20,4%, em concordância com outras pesquisas que

identificaram valores entre 5 e 35% (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTION , 1996; JAURÉGUY, 2003).

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Estudos mais recentes, realizados nos estados do Paraná e Santa

Catarina, utilizando coleta de material das regiões anal e vaginal, e meios

específicos para isolamento e identificação da bactéria, conforme

recomendações internacionais, encontraram prevalências de,

respectivamente, 14,9 e 21,6% (BERALDO et al, 2004 e POGERE et a.,

2005).

A presença de taxas de prevalência de colonização materna entre 15

e 25% coloca o Brasil em um patamar preocupante, já que é possível que

taxas elevadas de infecção neonatal precoce, estejam ocorrendo sem

serem identificadas. Os programas de rastreamento universal são custo-

efetivos quando as taxas de colonização materna superam os 10%

(STRICKLAND; YEOMANS; HANKINS, 2000)

Figura 16. Distribuição da amostra conforme as variáveis Pulmonar e Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 5.

5.2.2.3 Corrente Sanguínea, Região Ocular e Microorganismos encontrados

Nos sítios Corrente Sanguínea e Região Ocular foram encontrados apenas

dois casos, que correspondem a 3,22% do total da amostra. Destes, observou-se um

caso (50%) de acomentimento por Serratia sp e outro por (50%) Serratia sp e

Klebsiella, conforme Fig. 17. Este tipo de infecção geralmente é de origem exógena,

uma vez que estes microorganismos podem ser encontrados nas mãos de

profissionais de saúde.

Em estudo realizado no Hospital Universitário de Goiânia, cujo objetivo foi

identificar a microbiota das mãos de mães e de profissionais da área da saúde. Das

mãos de 31 sujeitos (15 mães e 16 profissionais de saúde) foram isolados cocos

Gram-positivos, bastonetes Gram-negativos e leveduras, sendo que os

microrganismos frequentemente isolados foram: Staphylococcus aureus, Escherichia

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coli, Klebsiella pneumoniae, Citrobacter freundii, Enterobacter sp, Hafnia

alvei, Serratia sp. e Arizona sp., os quais têm sido apontados na literatura como

associados a surtos de infecção hospitalar em berçários (PALOS et al, 2009).

De acordo com Ikesawa e Kakehashi (1995), materiais como termômetro e

estetoscópio também podem ser considerados vetores biológicos, portanto, seu uso

deve ser individual e/ou passar por uma assepsia rigorosa. A água também pode ser

uma fonte de proliferação de bactérias, como Pseudomonas spp e Serratia sp. Logo,

recomenda-se o uso de líquidos estéreis nos nebulizadores e nos umidificadores,

devendo ser desprezado o líquido que se condensa no circuito do respirador para

evitar o seu retorno ao nebulizador.

Figura 17. Distribuição da amostra conforme as variáveis Corrente Sanguínea, Região Ocular e Microorganismos encontrados em uma UTI neonatal de um município no sul do Brasil. n= 2.

5.3 Idade Gestacional e Tempo de Internação

Nesta análise os dados que mais destacaram-se foram as idades

gestacionais 25 e 27 semanas, pois foram os casos onde o período de internação foi

maior, com 47 e 104 dias, respectivamente.

Também foi possível inferir que a idade gestacional de 37 semanas, foi o

período de maior número de internações de RNs, com 7 internações, do total da

amostra (n=62), representando 11,29%, seguido da idade gestacional de 29

semanas onde internaram 6 RNs, que representam 9,65% da totalidade e estão

representados na Tab. 1. Além disso, 52 RNs internaram no primeiro dia de vida, o

que denota 83,87% da amostra.

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Tabela 1. Idade gestacional e número de RNs internados.

Idade Gestacional RNs internados %

37 semanas 7 11,30

29 semanas 6 9,66

Outros períodos gestacionais 49 79,04

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6 Considerações Finais

Este trabalho teve uma importância muito significativa para a autora, uma

vez que ele possui diversos significados, além de ser um divisor entre vida

acadêmica e profissional, e somente por isso já seria o suficiente para ser elementar,

há a paixão pelo tema, os objetivos que foram contemplados e a satisfação pelos

resultados obtidos.

No entanto, é importante ressaltar que houveram algumas limitações para

chegar a este resultado, e uma delas que se fez muito notável e preocupante é a

fragilidade dos registros dos profissionais nos prontuários. Frequentemente

encontra-se omissão de informações fundamentais, evoluções e avaliações dos

pacientes falhas, insuficientes. Este é um fato inquietante e instigante, uma vez que

estas lacunas, além de prejudicarem possíveis pesquisas, prejudicam os pacientes,

quando o seu histórico médico é omitido e os profissionais expõem-se judicialmente.

De acordo com a pesquisa, foi possível inferir que os RNs são na maioria do

sexo masculino (63%), a maioria recebeu atenção no período intra-uterino, pois 87%

das mães fizeram acompanhamento Pré-natal; sabe-se, de acordo com as

informações dos prontuários, que 26% das gestantes internaram durante a

gestação, salientando que em 48% da amostra não havia essa informação nos

registros; a maioria dos RNs teve bons índices de Apgar, conforme discutido

anteriormente nas análises; 60% dos RNs nasceram de parto cesáreo; a maioria

dos RNs eram prematuros moderados e limítrofes (45,16%); e a causa mais comum

de internação dos RNs foi IRA e Prematuridade (41,93%).

Os principais sítios de infecção encontrados foram: Corrente Sanguínea

(75,80%); Pulmonar (8,04%); Sanguínea e Ocular (3,22%) e Sanguínea e Meninges

(3,22%).

Os fatores de risco identificados para infecção foram: Prematuridade; Rotura

Prematura de Membranas (27,42%); sexo masculino; tempo de internação e

procedimentos invasivos.

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Os principais microorganismos encontrados foram: Staphylococcus,

klebsiella, EGB e Serratia. Salientando que em 70,97% da amostra essa informação

foi ignorada.

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Apêndices

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Apêndice A – Solicitação de autorização para aplicação do instrumento de

pesquisa

Universidade Federal de Pelotas

Faculdade de Enfermagem

Professora Orientadora: Sueine Valadão da Rosa

Co-orientadora: Profª.Enfª Esp. Ana Amália Torres

Orientanda: Bruna Peligrinoti Tarouco

Consentimento para Realização do Estudo

Pelotas, _____de____________2012

Ilmo (a) Sr (a)

Chefe do Serviço de Enfermagem

Ao cumprimentá-la cordialmente, vimos por meio desta solicitar a V. Sª.

autorização para aplicação do instrumento de pesquisa no Hospital Escola/FAU da

Universidade Federal de Pelotas. Espera-se com este estudo fazer um levantamento

das infecções causadas por Estreptococos do Grupo B, no ano de 2010. Sou

acadêmica do 8º semestre do Curso e Enfermagem e Obstetrícia da UFPel,

devidamente matriculada nesta instituição. A aplicação deste instrumento é parte

integrante da construção do trabalho monográfico, como requisito final para

obtenção do título de Enfermeiro.

Assumo, desde já, o compromisso ético de resguardar todos os sujeitos

envolvidos no trabalho, assim como a Instituição, em consonância com o Código de

Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, especialmente o capítulo III, artigos

89, 90 e 91, e artigos 94 e 98, e a Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde do Ministério da Saúde, que trata de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.

Na certeza de contar com Vosso apoio, desde já agradeço pela

oportunidade, ao mesmo tempo em que me coloco ao inteiro dispor para outros

esclarecimentos através do telefone (53) 91618391.

Atenciosamente,

______________________ ______________________

Bruna Peligrinoti Tarouco Sueine Valadão da Rosa

Acadêmica Enf. FEn/UFPel Orientadora FEn/UFPel

Ciente e de acordo

Data___/___/___ ______________________

Chefia de Enfermagem

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Apêndice B- Instrumento de Pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

Orientadora: Enfª Esp. Sueine Valadão da Rosa

Co-orientadora: Enfª Esp. Ana Amália Torres

Orientanda: Bruna Peligrinoti Tarouco

Instrumento de pesquisa

1.Número do formulário __ __ __

2. Data da coleta: __ __ / __ __ / __ __ __ __

3. Pré- natal Sim ( ) Não ( )

4.Internação durante a gestação Sim ( ) Não ( )

5. Idade Gestacional semanas

6. Idade do recém- nascido dias

7. Apgar 1º min 5º min

8. Tipo de parto Cesareana ( ) Vaginal ( )

9. Rotura Prematura de Membranas Sim ( ) Não ( )

10. Sexo Fem ( ) Masc ( )

11. Motivo de internação

12.Tempo de internação dias

13. Procedimentos invasivos Sondagem vesical ( ); Sondagem

oro-gástrica ( ) Punção venosa ( );

Cateter venoso central ( );

Outros ( )

14. Sítio de infecção Corrente Sanguínea ( );

Meninges ( ); Outros ( )

15. Microorganismos encontrados EGB ( ); Escherichia coli ( );

Outros ( )

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Apêndice C - Carta de Compromisso de utilização dos dados

Termo de Confidencialidade

Através do presente termo eu, Sueine Valadão da Rosa e minha equipe

composta por Ana Amália Pereira Torres e Bruna Peligrinoti Tarouco,

comprometemo-nos a guardar sigilo sobre todos os dados de identificação

referentes aos prontuários utilizados para o desenvolvimento e após conclusão da

mesma.

Pelotas, 18 de junho de 2012 ______________________ Sueine Valadão da Rosa _____________________ Ana Amália Pereira Torres _______________________

Bruna Peligrinoti Tarouco

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Anexos

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Anexo A- Termo de Compromisso de Devolução Científica

TERMO DE COMPROMISSO DE DEVOLUÇÃO CIENTÍFICA/ ORIENTADOR

Este termo de compromisso destina-se a todo usuário que deseja utilizar serviços / setores do Hospital Escola e/ou demais unidades, para o desenvolvimento de pesquisa.

Entendendo da importância e da relevância dos resultados da pesquisa realizada no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, intitulada INFECÇÃO NEONATAL POR ESTREPTOCOCOS DO GRUPO B EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL DE UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL, para benefício científico/assistencial do mesmo, comprometo-me em: • Informar qualquer publicação científica e/ou apresentação de

trabalho (em congressos, eventos, seminários, etc.) ao

Departamento de Educação;

• Disponibilizar o texto completo da pesquisa para divulgação no site do hospital como fonte de consulta para os demais pesquisadores; Outrossim, tenho o conhecimento de que a não devolução dos

resultados obtidos, por meio da referida pesquisa, implicará na restrição

de trabalhos futuros.

__________________________ Nome completo do Orientador / SIAPE

__________________________ Assinatura Orientador

__________________________ Nome completo do Orientado (Autor) / Matrícula

__________________________

Assinatura Orientado (Autor)

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Anexo B – Parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa