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Indicadores, tendências e oportunidades para quem VIve no setor leiteiro Uma edição com 116 páginas e 40 artigos abordando um único tema: o leite produzido no Brasil e no mundo

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Page 1: Indicadores, tendências e oportunidades VIve...Indicadores, tendências e oportunidades para quemVIve• no setor leiteiro Uma edição com 116 páginas e40 artigos abordando um único

Indicadores,tendências eoportunidades

•para quem VIveno setor leiteiro

Uma edição com 116 páginas e 40 artigos abordando um único tema: o leite produzido no Brasil e no mundo

Page 2: Indicadores, tendências e oportunidades VIve...Indicadores, tendências e oportunidades para quemVIve• no setor leiteiro Uma edição com 116 páginas e40 artigos abordando um único

OPINIÃO

Leite devacas felizes

Deuns anos para cá é crescenteo movimento em favor do bem-estar e da ética no trato comos animais, o que se estende à

qualidade dos alimentos por eles produ-

zidos. Grandes empresas estão atentas aofato e começam a despertar interesse porsistemas de produção de proteína animalque estabeleçam uma relação mais "huma-na" e harmoniosa com os animais, além deoferecerem produtos isentos de antibióti-cos, conservantes e hormônios.

A criação de suínos fora de galpões dealvenaria, de galinhas de postura livres doconfinarnento das gaiolas e da produçãode leite por vacas criadas em regimes depastagens são exemplos dessa tendên-cia. 1\'0 Brasil, a onda dos confinamentos

estabulados de vacas leiteiras tipo com-

post barn está em curso, apresentando,no entanto, sinais de declínio em relação

a novos projetos, Xlovirncnlo semelhanteocorreu no século passado, a partir do fi-nal dos anos de 1990, quando o sistemade criação de vacas leiteiras estabuladasem confinamento tipo free stall era a onda.

Xão se trata de classificar a produção

desses alimentos em orgânica ou conven-cional, mas, sim, estabelecer relação dife-renciada dentro da cadeia produtiva paraoferecer um produto saudável. Não que

os produtos fabricados convencionalmen-te não sejam saudáveis, mas a intençãoé criar uma diferenciação entre eles e, é

óbvio, valorizar os produtos oriundos decriações de animais felizes. O consumidor

terá a percepção deste aspecto e pagarámais por isso? Tudo indica que sim.

X o arquipélago dos Açores, territó-rio autônomo ligado a Portugal, distante1.800 km da Península Ibérica, cujos solos

têm origem vulcânica e, portanto, apre-sentam elevada fertilidade natural, contan-do ainda com um generoso regime regularde chuvas ao longo do ano, foi lançado oPrograma Leite de Vacas felizes que, em

liberdade, consomem pastagens de for-rageiras de clima temperado o ano todo,além do uso de alimentos concentrados.

Diferentemente da região do Açores,no Brasil não é possível a produção leiteiraexclusivamente em regime de pastagensdevido à irregularidade da pluviosidadc

ao longo do ano. X o entanto. onde hou-ver a possibilidade de utilização de sis-

temas de irrigação nos pastos, a criaçãode vacas leiteiras alimentadas apenas com

pastagens como único alimento volumoso,em um sistema aqui denominado "cochozero", a mesma proposta poderá ser es-tabclccida,

Grandes empresas começamo despertar interesse porsistemas de produçãode proteína animal

que estabeleçam umarelação mais "humano" e

harmonioso com os animais

A produção de pastagens de gramí-ncas forrageiras tropicais no Brasil apre-senta característica estacional, existindouma época do ano na qual o ritmo decrescimento das plantas é reduzido e ou-

tra época do ano na qual o crescimento éacelerado devido à ocorrência concomi-lante dos seguintes fatores de produção:a - temperaturas clovadas acima de 30'C;b - intensidade luminosa, permitindo quea lotossintese seja máxima e não consiga

atingir o ponto de saturação com o au-mento da luz; c - fertilidade do solo na-

tural ou proveniente de adubações, pos-sibilitando elevadas lotações de animaispor unidade de área; d - disponibilidadede água da ordem de ;:;0 a 60 m' por hec-

tare por dia, dependendo da localidade eda evapotranspíração da planta forrageira.

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Artur Chinelatode Camargo é

engenheiro agrônomoe pesquisador da

Embrapa PecuáriaSudeste, de São

Corlos-Sl?

Para que se tenha a criação de "vacasfelizes" ou "cocho zero" no mundo tro-pical é necessário, além da irrigação de

pastagens ao longo do ano e da aduba-ção destas com fertilizantes químicos e/

ou compostos orgânicos, tomar por base acapacidade de suporte de animais na pro-priedadc na época de menor crescimentodas gramíneas forrageiras.

1\ partir desta medida, evidentemente,haverá sobra de forragens no período de

maior crescimento das pastagens, quandoparte da área poderá. I - ficar em pousio e

ser transformada em matéria orgânica parao solo, devendo-se estabelecer rodízio en-

tre as áreas a ser descansadas a cada ano;II - ser conservada na forma de cnsilagemou Ienação para fornecimento na época de

entressalra de forragens, deixando de ser,neste caso, o sistema tipo "cacho zero";

111- ser utilizada para recria ou engordade animais próprios; 1\' - ser utilizada pararecria ou engorda de animais em parceria,caso o proprietário não disponha de re-cursos financeiros para a compra dos ani-mais; V - ser alugada para terceiros para

recria ou engorda de animais.Xo sistema "cocho zero", o forneci-

mento de alimentos concentrados dar-so-á

em coches de acordo com o balancea-rncnto da dieta, tomando-se por critério aprodução de leite de cada vaca em casode arraçoamento individual, ou baseado na

média do grupo de vacas, para os casos emque os animais sejam manejados em lotes.

O conceito de criação "coche zero"ou "vacas felizes" já existe no Brasil emalgumas propriedades, destacando-sedentre elas a Fazenda Leite Verde, nomunicípio de Iaborandí-Bà, e a Fazenda

do Grupo Kiwi Pecuária, no municípiode Silvânia -GO, podendo ser aplicado

em todo c qualquer tipo de propriedadeleiteira no país, desde que haja disponibi-lidado e autorização (outorga) para o usode água para irrigação.